Mundo Celestrin Artigos de 22-6-13.txt

Artigos de 22-6-13


** Globo- História - Uma revolta por 20 réis
Roberta Jansen

Em primeiro de janeiro de 1880, os cariocas inauguraram, por assim dizer, uma nova modalidade de protesto na cidade: a manifestação social. O motivo era bem claro,
a cobrança de uma taxa de 20 réis (ou um vintém, a menor moeda que existia na época) sobre um dos principais meios de transporte urbano de então, o bonde puxado
a burros. A despeito de reclamações nos dias anteriores, no primeiro dia da vigência do novo imposto, a maioria das empresas simplesmente o repassou para a passagem,
atingindo em cheio o bolso dos menos favorecidos.
A revolta foi generalizada e rapidamente tomou as ruas do Centro em forma de protesto espontâneo, amalgamando outras insatisfações e ganhando o apoio de diversos
setores, entre eles a classe média dos funcionários públicos e também a "tropa mais barra-pesada do Centro e da zona portuária", nas palavras do historiador José
Murilo de Carvalho, da UFRJ. Inicialmente pacífica, segundo os jornais da época, a manifestação descambou para a violência diante da ação truculenta da polícia,
munida com os longos e grossos cassetetes conhecidos como "bengalas de Petrópolis".
O povo atacou os policiais com paralelepípedos arrancados do calçamento, destruiu trilhos, espancou condutores, virou bondes, esfaqueou animais. A polícia respondeu
com mais violência, abrindo fogo contra os manifestantes, e os protestos acabaram se estendendo até o dia 4. Houve saques, roubos e depredação do patrimônio público
por várias ruas do Centro, resultando num saldo de pelo menos três mortos e vários feridos.
Tirando os burros, a semelhança com o movimento que ganhou as ruas há duas semanas é grande, segundo historiadores, e sua análise, dizem, pode colaborar para a compreensão
do fenômeno atual - um dos maiores desafios para políticos, cientistas sociais e jornalistas, que se esforçam para entender, afinal, o que está acontecendo no país
e por quê.
Para José Murilo de Carvalho, há semelhanças entre os dois movimentos, para além do valor do aumento, de 20 réis e de 20 centavos.
- Passagens, tanto em 1880 como hoje, pesam no bolso dos usuários. O ato de aumentar foi um bom gatilho então e é agora - afirma o historiador.
Segundo o historiador Marcos Breta, também da UFRJ, os transportes urbanos sempre foram um dos principais motivos de distúrbios populares no Rio de Janeiro.
- É um ponto muito sensível porque envolve praticamente todo mundo; é o sistema nervoso da cidade - diz. - E para quem tem um orçamento apertado, 20 réis ou 20 centavos
pesam no bolso. É um erro achar que não.
O distanciamento partidário dos manifestantes é apontado por Sandra Graham, no artigo "O Motim do Vintém e a cultura política no Rio de Janeiro - 1880", na Revista
Brasileira de História, como uma marca dominante daquela revolta. Segundo ela, os protestos se converteram numa "fonte de poder até então nunca utilizada", capaz
de transformar a "violência da rua" em parte integrante da "equação política" e, assim, "arrastar a política das salas do Parlamento para as praças da cidade".
Como apontam analistas hoje, se alguma certeza se pode ter é que as manifestações deixaram muito claro o distanciamento entre povo e governo.
De fato, o imposto de 1880 foi imediatamente revogado como resultado direto do movimento, bem como o aumento das passagens de ônibus na semana passada.
Os atos de vandalismo de parte dos manifestantes e a violência policial são outras semelhanças apontadas por José Murilo de Carvalho.
- Em 1880, houve quebra de bondes e destruição de trilhos. Finalmente, a violência foi agravada pelo ato insensato do comandantes da tropa do Exército destacada
para conter os manifestantes - relembra. - No Largo de São Francisco, atingido por uma pedra atirada por um manifestante, ele deu ordem de fogo, da qual resultaram
mortos e feridos.
Para Bretas, autor do livro "A guerra das ruas: povo e polícia na cidade do Rio de Janeiro", a polícia hoje é mais bem preparada do que jamais foi, embora ainda
haja um longo caminho a percorrer.
- Tradicionalmente, a polícia é muito mal preparada e também muito mal vista pela população. Ela sempre foi muito odiada - explica Bretas. - Oriunda de um mundo
escravista, ela é vista como aquela que pode bater nas pessoas, que é violenta em relação ao trabalhador e aos que não têm recurso. Por sua vez, os policiais eram
recrutados à força, eram mal preparados, mal pagos e também chicoteados por seus superiores.
José Murilo de Carvalho concorda.
- O grande inimigo das manifestações populares era já naquela época a polícia. Seguramente, nossas polícias continuam não sabendo lidar com essas manifestações -
sustenta. - Desde a Primeira República, nossas polícias foram militarizadas, fato que se exacerbou durante a ditadura. Sua mentalidade e seu treinamento têm que
ser reformados.
A ditadura militar, na análise de Bretas, capitalizou formas policiais já consagradas, mas que sempre existiram. Talvez, diz, não causassem tanto choque por seguirem
uma tradição escravocrata e serem dirigidas a classes menos favorecidas.
- A gente só começou a estranhar na época da ditadura porque começaram a bater na classe média - opina o historiador. - O grande ganho do movimento pós-ditadura
é a noção de que os direitos humanos são para todo mundo.


** Estadão- Marcelo Rubens Paiva
Fazer política não é nada fácil
- artigo de 20-6-13-

Alguns militantes de sofá agora sugerem outras bandeiras, para aproveitar a onda de protestos e a mobilização gerada pela insatisfação.
Cuidado: o próximo protesto será para protestar contra aqueles que estão sugerindo protestos e listando possíveis reivindicações.
O OCCUPY ME existe há mais de dez anos, está organizado em mais de 50 países, tem objetivos, metas, métodos, estrutura desenhada em assembleias gerais.
O MPL [Movimento Passe Livre] existe há 8 anos. Milita desde o Fórum Social de Porto Alegre, tem aliados espalhados pelo Brasil, site, recebe doações.
Se você quer defender uma bandeira, lutar por uma causa que acredita ser justa, não pegue carona. As redes sociais ajudam a mobilização, mas uma coisa não muda:
o povo na rua é quem combate.
Comece então hoje mesmo a organizar o seu movimento.
Encontre aliados, organize uma agenda, pesquise.
Muito feio aquele que se aproveita da estrutura alheia.
Eu já tive uma ONG de deficientes, o CVI, que tinha presidente, tesoureiro, até estatuto.
Dava trabalho, gastávamos dinheiro do próprio bolso, mas nos fazia bem.
Fazer política não é nada fácil.
Mas dá certo.
Muitas coisas no Brasil que se referem a direitos e acesso da pessoa deficiente nasceram dessa ONG, que teve estômago para fazer desde reuniões com secretários e
prefeitos corruptos, sentar à mesa de demagogos populistas, a marchar pela Paulista.
Como diz o slogan que marcou este mês agitado:
Um Povo Mudo Não Muda Um País.


** Globo- Cirurgia recomendada por médico deixou dois pacientes cegos
Sérgio Ramalho

A vaidade é o pecado preferido do oftalmologista William Alves Teixeira Júnior. Para realizar o desejo de pacientes que sonhavam em ter olhos azuis e, para isso,
estavam dispostos a desembolsar R$ 25 mil, o médico acompanhava clientes ao Panamá, na América Central, onde eram submetidos a uma cirurgia para a mudança de cor.
A operação não pode ser feita no Brasil, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que classifica o procedimento como experimental e
de alto risco.
O oftalmologista, porém, fez vista grossa à proibição, e pelo menos dois pacientes ficaram cegos após serem submetidos à cirurgia. Entre as vítimas, está Patrícia
Rodrigues, de 35 anos. Há três anos e oito meses, a escritora foi a primeira brasileira a ganhar olhos azuis depois de passar pelo procedimento. Resultado: por meses,
foi convidada a participar de entrevistas em canais de TV e jornais, tornando-se uma espécie de garota-propaganda da técnica experimental. Com o tempo, no entanto,
as sequelas começaram a surgir, e ela perdeu a visão:
- A vaidade me deixou cega. Hoje me arrependo de ter feito a cirurgia, mas agora quero lutar para recobrar minha visão e alertar as pessoas para que não sofram como
eu.
Em fevereiro passado, a jovem foi submetida a um transplante de córnea e voltou a enxergar com o olho direito. Patrícia ainda precisa ser submetida a outras três
cirurgias para conseguir reverter os efeitos da experiência e poder voltar a enxergar normalmente. A escritora, agora, planeja processar o médico, que continua a
atender pacientes em clínicas na Barra da Tijuca, em Nova Iguaçu, Duque de Caxias e São João de Meriti.

Procurado ontem pelo Globo, William Teixeira Júnior admitiu por telefone ter acompanhado Patrícia e outro paciente ao Panamá. O oftalmologista, entretanto, afirmou
que não orienta novos pacientes a realizarem o procedimento, devido a complicações apresentadas pelos dois clientes. A versão dada pelo médico contraria o que foi
informado por uma das atendentes da clínica na Barra. Ao ser indagada pelo repórter sobre como deveria proceder para marcar uma consulta com o oftalmologista, a
mulher perguntou pelo plano de saúde do paciente. Quando foi informada de que o assunto seria a realização do procedimento para a mudança da cor dos olhos, a atendente
de pronto deu o telefone celular do médico, acrescentando que tal assunto deveria ser tratado diretamente com o profissional.
A técnica foi desenvolvida pelo oftalmologista panamenho Delary Kahn, em 2002. Como no país o procedimento experimental não é proibido, Kahn se tornou referência
mundial para médicos que viajam ao Panamá para aprender a técnica. Foi o que aconteceu com William Teixeira Júnior. Para obter o resultado, é feito um corte nos
olhos e, por meio dele, é inserida uma lente colorida sobre a íris. O procedimento estético aumenta as chances de o paciente desenvolver glaucoma, inflamações no
olho e descompensação da córnea.
Presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, o médico Marco Rey ressalta que a cirurgia não tem autorização para ser realizada no Brasil e, além disso, não
é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. Rey acrescenta que o conselho é uma entidade de classe científica e precisa ser provocado para agir. Em síntese,
o médico quer dizer que os pacientes que tiveram sequelas após a realização do procedimento devem denunciar o oftalmologista responsável pela condução do atendimento.
Rey alerta os pacientes para que busquem atendimento de outro profissional da área, a fim de evitar que as lesões se tornem irreversíveis.
Já o vice-presidente da Comissão de Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Eduardo Biondi, é taxativo ao afirmar que o oftalmologista William
Teixeira Júnior não pode se isentar de responsabilidade em relação às sequelas apresentadas pelos pacientes após a realização da cirurgia, mesmo que o procedimento
tenha sido realizado no exterior:
- Não tenho dúvida de que o médico feriu o princípio da confiança e do dever de cuidado, além de desrespeitar o código de ética médica. Como oftalmologista, ele
tem conhecimento de que a Anvisa não permite a realização da cirurgia, devido aos riscos. Mesmo que ele apenas tenha acompanhado os pacientes, sem ter recebido por
isso, assumiu o risco e pode responder no conselho de ética e na esfera cível.


** Folha- Biografia retrata medos de Stephen King
Rodolfo Lucena

Depois de mais uma noite em que dormira sozinha, Tabitha desceu a escadaria de mogno de sua mansão vitoriana de 24 aposentos para encontrar uma cena que já não lhe
era novidade: o marido desmaiado em uma poça de vômito, caído no chão de seu escritório.
O gigante de 1,90 m tinha sido novamente derrubado por uma bebedeira monumental. Era Stephen King, um dos autores de maior sucesso na história.
Apesar de sua fortuna miliardária, dos mais de 300 milhões de livros vendidos e dos mais de 50 prêmios, King vivia assombrado por monstros e demônios muito mais
poderosos que os habitantes de sua fileira de livros de horror, suspense e fantasia.
Seus medos podem parecer triviais --de escuro, cobras, ratos, aranhas e coisas gosmentas--ou mais poderosos: de terapeutas, deformidades, lugares fechados, da morte,
de voar ou de ser incapaz de escrever. Certa vez afirmou que vivia na República Popular da Paranoia; em rara visita a uma analista, confidenciou: "O medo é a minha
vida".
Com riqueza de detalhes, os casos são contados em "Stephen King, a Biografia "" Coração Assombrado", que chega agora ao Brasil, três anos após seu lançamento nos
EUA.
Apesar de ser uma biografia não autorizada, não se trata de um amontado de fofocas, mas sim do resultado de pesquisas que procuram mostrar quem é King e de onde
saem as ideias para seus best-sellers.
O fato de não ter entrevistado King nem sua mulher não foi um grande problema para a autora, segundo ela disse à Folha, por e-mail.
"Stephen King sempre foi um livro aberto, escrevendo sobre seus vícios e pontos fracos de forma muito franca e sincera", contou Lisa Rogak, especialista em biografias
e autora de mais de 40 livros sobre temas diversos, da vida de Dan Brown (autor de "O Código Da Vinci") às aventuras dos cães que trabalham no Exército dos EUA.
Seu texto claro e sem firulas não foge de eventuais adjetivos nem de frases de efeito, como a que abre o primeiro capítulo: "Diz-se que Stephen King nunca deveria
ter nascido".
Segundo os médicos, a mãe não seria capaz de engravidar; no entanto, dois anos depois de a família ter adotado um bebê, King nasceu no dia 21 de setembro de 1947.
Passados outros dois anos, o pai saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou.
Da miséria à opulência, o livro acompanha a trajetória de King em ordem cronológica. Lembra suas primeiras histórias, ainda na infância, o primeiro texto publicado,
o encontro com Tabitha, a gênese de "Carrie, a Estranha" e sua sequência de sucessos.
Sem analisar a obra, deixa evidente o que os leitores fiéis de King há muito já descobriram: ele tira suas ideias da vida real, dos medos cotidianos e de dramas
até pueris.
Além de prolixo, é profícuo e multidisciplinar: sua obra se estende para o cinema, a música e a política, em que tem se revelado militante de causas como o controle
de armas e o aumento de impostos sobre grandes fortunas.
Em suma, resume a biógrafa, "é um cara muito simples, que apenas quer continuar a contar suas histórias".
"Coração Assombrado" traz ainda uma útil linha de tempo, índice remissivo, lista de obras de King em português e dicas de sites de referência sobre a vida e obra
do mestre do suspense.

- O livro:

Stephen King, A Biografia - Coração Assombrado
Autora - Lisa Rogak
Editora - Darkside Books
Tradução - Claudia Guimarães dos Santos
Quanto - R$ 64,90 (320 pág.)


** ** Estadão- Milton Hatoum
Crônica em louvor dos distraídos

A distração é inexplicável. Basta trocar o "t" pelo "p" da palavra "tulha" para que as mensagens sobre azeite e cereais desandem. Letras trocadas ou ausentes podem
causar desafeto. Mas um descuido ao atravessar a rua pode ser fatal, e um cochilo no volante, desastroso.
Os pobres adeptos da distração quase sempre perdem alguma coisa: um encontro, um emprego, uma aventura... Aquele livro esquecido no assento será lido por um passageiro
do metrô, do ônibus, da ponte aérea? Ler um romance é distrair-se do mundo.
Durante a Primeira Guerra Mundial , "tempo de instintos brutais", Guillaume Apollinaire escreveu em Nîmes vários poemas à sua amada. Foi ferido por estilhaços de
um obus num desses momentos líricos. Depois publicou os belíssimos Poemas a Lou, sua musa em tempo de guerra e paz.
Às vezes, a roda da fortuna é movida pelo sonho, que é a mais involuntária das distrações. No sonho aparecem seis números; o sonhador vai à casa lotérica, faz a
aposta e dois dias depois acorda milionário. Ou acorda sem fortuna e se distrai com a visão de um canarinho da terra, lembrando o sorriso enigmático de uma moça
ou rapaz que só viu uma vez.
Por distração você perde um encontro importante, e quando entra num bar para lamentar o lapso, encontra no balcão a pessoa que procurava havia anos.
Há lapsos bem-humorados. Recordo uma anedota que o escritor Damián Tabarowsky me contou em Buenos Aires. Na verdade, é uma passagem de uma carta de Macedonio Fernández,
mencionada por Damián na edição brasileira do romance Museu do Romance da Eterna:
"Caro Jorge Luís (Borges): desculpe-me por não ter ido ontem à noite. Eu estava indo, mas sou tão distraído que no caminho me lembrei que havia ficado em casa. Estas
constantes distrações são uma vergonha, e às vezes esqueço de me envergonhar também".
Distrair-se não deve ser vergonhoso. A distração é um átimo de devaneio, uma trégua no purgatório, uma reação aos malefícios do mundo.
E por falar em malefício... Outro dia, ao anoitecer, sentado no banco do carro, eu olhava, distraído, os estudantes que saíam de uma escola pública. Depois liguei
o rádio e levei um susto: policiais lançavam bombas e disparavam balas de borracha em manifestantes e jornalistas. Dezenas de feridos. Ah, nossa barbárie ancestral,
atávica. Lembranças nefastas da década de 1970 me atemorizaram. Às vezes a passagem do tempo parece uma distração. Por caminhos e desvios insuspeitos, o tempo e
a história voltam, com outras máscaras ou fantasias de horror. Para exorcizar a angústia, mudei de estação e ouvi uma voz que andava ausente dos programas musicais,
uma voz tão esquecida que quase não acreditei.
Era a voz de Silvio Caldas, interpretando Chão de estrelas.
Grande Orestes Barbosa. Você, que escreveu 'Na Prisão' e tantas histórias sobre o samba carioca, escreveu também esses versos antológicos:
"Tu pisavas os astros, distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão".

************
1 arquivo anexado:

Artigos de 22-6-13.txt

--
- Grupo - Mundo Celestrin

Parceiro do grupo:

Site - Mundo Acessível:
http://www.mundoacessivel.com
---
Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "Mundo Celestrin" dos Grupos do Google.
Para cancelar a inscrição neste grupo e parar de receber seus e-mails, envie um e-mail para mundo-celestrin+unsubscribe@googlegroups.com.
Para obter mais opções, acesse https://groups.google.com/groups/opt_out.

No Response to "Mundo Celestrin Artigos de 22-6-13.txt"

Postar um comentário

Photo Gallery