livro de gramática da lingua portuguêsa:

Dicas de Português do Professor Sérgio Nogueira

Por Fascículo > 1. Vocabulário

A - FALSOS SINÔNIMOS
B - CARGAS CONOTATIVAS
C - SIMPLICIDADE
D - NEOLOGISMOS e ESTRANGEIRISMOS
E - PALAVRAS PARÔNIMAS
F - PALAVRAS HOMÔNIMAS
G - REDUNDÂNCIAS

A - FALSOS SINÔNIMOS
São palavras que parecem sinônimas, mas verdadeiramente não são.

OS CASOS

1. MESMO e IGUAL
Deu no JB: "Este ano, o Senado tem R$ 12 milhões para assistência médica
de servidores e parlamentares. A Câmara tem a MESMA verba para seus
funcionários."
Se a verba for realmente a MESMA, significa que Câmara e Senado vão
dividir os R$ 12 milhões. Na verdade, cada casa teria sua verba de R$ 12
milhões. Portanto, não era a MESMA verba, e sim uma verba IGUAL (=de
MESMO valor).
Com muita freqüência, podemos observar este erro. MESMO e IGUAL não são
sinônimos. MESMO é "um só"; IGUAL é "outro". Se você está com o MESMO
problema do ano passado, significa que o seu problema do ano passado não
foi resolvido. Se você está com um problema IGUAL ao do ano passado,
significa que você está com outro problema com as mesmas características
do anterior.
Caso a diferença não tenha ficado clara, sugiro um teste que você poderá
fazê-lo ainda hoje quando voltar para sua casa. Primeiro, coma um pão
IGUAL ao de ontem e, depois, se possível, o MESMO pão de ontem. Aquele
que já estiver duro é o "mesmo".
Observe um exemplo perfeito: "Fittipaldi explica que pilotos muito mais
experientes do que ele viveram uma situação IGUAL na MESMA corrida e
bateram." A situação foi IGUAL, pois foram várias batidas de muitos
pilotos, mas tudo aconteceu em uma única corrida (=na MESMA corrida).
Se ainda resta alguma dúvida, a minha última esperança fica depositada
no casal de velhinhos que foi visitar uma exposição de animais. Ao ver o
touro campeão, o velhinho perguntou ao proprietário o valor do animal.
Ficou espantado com o valor altíssimo e quis saber por quê. O dono do
animal lhe respondeu: "Num mês ele é capaz de cobrir 30 vacas". Aí, quem
ficou espantada foi a velhinha, que exclamou: "Tá vendo, meu velho!?" O
velhinho, ofendido, então perguntou: "Mas...é sempre a MESMA vaca?" "É
claro que não", respondeu o proprietário do touro. Então, o velhinho,
sentindo-se vingado, devolveu: "Tá vendo, minha velha!?"

2. EVENTUAL, POSSÏVEL, PROVÁVEL e POTENCIAL

Você sabia que EVENTUAL, POSSÍVEL, PROVÁVEL e POTENCIAL não são
sinônimos?
Talvez você já tenha lido ou ouvido frases como: "Lula é o EVENTUAL
candidato do PT à presidência da república". Ou "Uma EVENTUAL derrota no
próximo domingo deixará o Corinthians em péssima situação".
Com muita freqüência encontramos o adjetivo EVENTUAL fora do seu real
significado. EVENTUAL significa "esporádico, ocasional, o que ocorre de
vez em quando".
Ora, o Lula não é um candidato eventual. Na verdade, ele é o PROVÁVEL
candidato do PT. No segundo exemplo, o autor se referia a uma POSSÍVEL
derrota do Corinthians.
Observe outro exemplo: "O eleitor é convidado a expressar sua
preocupação com o EVENTUAL retorno dos comunistas ao poder." Está errado
também. Aqui o autor se referia a um "POSSÍVEL ou PROVÁVEL retorno dos
comunistas ao poder".
Interessante observarmos também a diferença entre POSSÍVEL e PROVÁVEL.
POSSÍVEL é "o que pode acontecer" e PROVÁVEL é "o que deve acontecer".
Analisando a tabela do campeonato brasileiro de 97, há duas ou três
rodadas, poderíamos afirmar que a classificação do Grêmio entre os oito
primeiros era POSSÍVEL, mas pouco PROVÁVEL. E isso se comprovou. Desta
vez, eles estão de fora.
Vejamos um exemplo correto: "Os EVENTUAIS problemas econômicos internos
não vão impedir que aquele país se associe também ao Mercosul."
(Problemas EVENTUAIS = problemas "esporádicos, que ocorrem de vez em
quando").
Agora vejamos mais exemplos errados:
"A crise se tornará maior com a EVENTUAL perda do título." (O certo é a
"POSSÍVEL perda do título").
"O Chicago Bulls é o EVENTUAL campeão desta temporada." (O certo é o
"PROVÁVEL campeão desta temporada").
Observe agora outro tipo de erro: "O grupo Ecotex é um EVENTUAL
candidato à compra". Nesse caso, EVENTUAL está sendo usado no sentido de
POTENCIAL (=o que pode vir a ser, tem poder de vir a ser). O grupo
Ecotex é um candidato POTENCIAL (=pode vir a ser candidato), e não um
candidato EVENTUAL (=candidato esporádico, ocasional).
Se a diferença não ficou clara, vamos fazer uma comparação. O
departamento da empresa onde você trabalha apresenta problemas EVENTUAIS
ou problemas POTENCIAIS. Os problemas EVENTUAIS são "aqueles que ocorrem
de vez em quando", e os problemas POTENCIAIS são aqueles casos que ainda
não são mas podem tornar-se problemas.
Mas se você ainda não percebeu a diferença, vamos a sua última chance.
Responda rápido: "Qual é a diferença entre um amante EVENTUAL e um
amante POTENCIAL? Se você sabe a resposta, não precisa explicar.

AS DÚVIDAS

1. HINDU ou INDIANO ?
Quem nasce na Índia é indiano. Hindu é o seguidor do Hinduísmo. Não
devemos confundir nacionalidade com religião. Confusão semelhante ocorre
com JUDEU e ISRAELENSE. Quem nasce em Israel é israelense. Judeu é
relativo ao povo.

2. EM PRINCÍPIO ou A PRINCÍPIO ?
EM PRINCÍPIO significa "por princípio, em tese, teoricamente";
A PRINCÍPIO significa "no começo, inicilamente".
Em "EM PRINCÍPIO éramos contra o projeto", significa que "EM TESE éramos
contra o projeto". Se queríamos dizer que "INICIALMENTE éramos contra o
projeto", a frase está errada. O certo é: "A PRINCÍPIO éramos contra o
prejeto".

3. AO INVÉS DE ou EM VEZ DE ?
AO INVÉS DE significa "ao contrário de" e só devemos usar quando houver
idéia "contrária, oposta": "Entrou à direita AO INVÉS DA esquerda";
"Subiu
AO INVÉS DE descer".
EM VEZ DE significa "em lugar de" e podemos usar sempre que houver idéia
de "troca, substituição", mesmo quando a idéia for "oposta".
A frase "O carioca foi ao shopping AO INVÉS DE ir à praia" está errada.
O certo é: "O carioca foi ao shopping EM VEZ DE ir à praia". É
importante observar que "shopping" e "praia" não se opõem.
Se você comprar o carro "preto AO INVÉS DO branco", está certo. No
entanto, se você comprar o carro "preto AO INVÉS DO vermelho", está
errado. Nesse caso, o correto é comprar o carro "preto EM VEZ DO
vermelho, porque a cor preta se opõe ao branco mas não se opõe ao
vermelho. É interessante observar que não há restrições ao uso de EM VEZ
DE. Essa forma pode ser utilizada mesmo quando houver a idéia de
"oposição". Portanto, se você quer facilitar a sua vida, use sempre EM
VEZ DE: Você jamais correrá o risco de errar.

4. DE ENCONTRO A ou AO ENCONTRO DE ?
Nossos consultores de Qualidade, com muita freqüência, afirmam:
"Qualidade é ir DE ENCONTRO ÀS expectativas do cliente". Essa qualidade
eu não quero! O que nós temos aqui é um verdadeiro choque. Ir DE
ENCONTRO A significa "ir CONTRA as expectativas do cliente". Nesse caso,
o certo é: "Qualidade é ir AO ENCONTRO DAS expectativas do cliente", ou
seja, "ir A FAVOR, estar de acordo, atender às expectativas do cliente".
Responda rápido: um bêbado "caminhando", com uma garrafa de cachaça na
mão, vai DE ENCONTRO AO poste ou vai AO ENCONTRO DO poste?
Se você respondeu "tanto faz", acertou. Mas não esqueça a diferença: se
o bêbado vai DE ENCONTRO AO poste, temos um choque; se ele vai AO
ENCONTRO DO poste, temos um "abraço" e uma garrafa de cachaça salva - o
que é muito importante.
Resumindo:
DE ENCONTRO A = ir contra;
AO ENCONTRO DE = ir a favor.

5. TODO ou TODO O ?
O uso do artigo definido modifica o sentido do pronome TODO:
"Ele faz TODO trabalho." (=QUALQUER trabalho);
"Ele fez TODO O trabalho." (=o trabalho INTEIRO).
A frase "TODO O contribuinte poderá obter esta espécie de nada-consta"
está errada. O certo é "TODO contribuinte poderá obter esta espécie de
nada-consta". "TODO O contribuinte" seria "o contribuinte inteiro". Na
verdade, só pode ser "TODO contribuinte", que significa "qualquer
contribuinte".
Observe a diferença:
"Com o temporal de ontem à noite, TODA cidade ficou inundada." Isso
significa "qualquer cidade". O autor, na verdade, queria dizer: "Com o
temporal de ontem à noite, TODA A cidade ficou inundada" (="TODA A
cidade" significa "a cidade inteira).
Para você entender melhor, observe outro exemplo:
"Ele é capaz de realizar TODA obra" (=qualquer obra);
"Ele é capaz de realizar TODA A obra" (=a obra inteira).
Portanto, se você conhece alguém que tem o hábito de "beijar TODO colega
de trabalho", é bom alertá-lo: pode ser perigoso "beijar TODO O colega
de trabalho".

6. INÚMEROS ou NUMEROSOS ?
INÚMEROS não é sinônimo de MUITOS ou NUMEROSOS. INÚMEROS significa
"incontáveis". Ao ouvir "Romário já fez INÚMEROS gols com a camisa do
Flamengo", fico pensando: será que o Romário fez tantos gols que é
impossível contá-los? Com certeza, não. Deve ser um exagero ou
ignorância do repórter. Qualquer emissora de rádio tem seu banco de
dados, capaz de nos dar essa informação com total precisão. O certo,
portanto, é: "Romário já fez MUITOS gols com a camisa do Flamengo."
Creio que a maioria das pessoas usa a palavra INÚMEROS sem saber o seu
real significado: "Fernanda Montenegro já recebeu INÚMEROS prêmios por
seu trabalho no teatro, no cinema e na televisão." Com certeza foram
"NUMEROSOS prêmios", mas não inúmeros.
Fico preocupado quando ouço uma adolescente dizer que "já teve INÚMEROS
namorados". Meu Deus! Vá ser "galinha" assim no inferno! Será que foram
tantos que já perdeu a conta? Duvido.

7. CONFISCO ou DESAPROPRIAÇÃO ?
A frase "O governo estadual pretende começar no mês que vem o CONFISCO
de imóveis para terminar a linha verde" está errada. Na verdade, haverá
"DESAPROPRIAÇÃO de imóveis".
No caso de uma DESAPROPRIAÇÃO existe alguma forma de indenização, o que
não ocorre no CONFISCO.
Observe um uso correto da palavra CONFISCO: "Raoul Wallengerg salvou
judeus, mas seu Banco, na Suíça, guardou riquezas CONFISCADAS."

8. ANAL ou RETAL ?
"Para se examinar a próstata, é necessário fazer o toque ANAL ou RETAL
?
ANAL é relativo ao ânus; RETAL é relativo ao reto (intestino).
Alguns médicos afirmam que "toque anal" não está errado; a maioria,
entretanto, diz que o termo correto é "toque RETAL", pois o "tal toque"
é feito no reto.

9. FRONTEIRA, DIVISA ou LIMITE ?
A frase "Os carros eram levados para Foz de Iguaçu, na DIVISA com o
Paraguai" está errada. O certo é: "Os carros eram levados para Foz de
Iguaçu, na FRONTEIRA com o Paraguai."
Entre países, nós temos FRONTEIRAS; as DIVISAS ficam entre os estados.
Por exemplo: "Estamos na DIVISA de São Paulo com o Paraná." Entre o
Brasil e o Paraguai, existe uma FRONTEIRA.
Costumamos ouvir: "Estamos falando diretamente da DIVISA do Rio de
Janeiro com São João de Meriti." É impossível! Não há DIVISA entre a
cidade do Rio de Janeiro e São João de Meriti. Entre municípios, há
LIMITES. A cidade do Rio de Janeiro faz LIMITE com São João de Meriti e
o estado do Rio de janeiro faz DIVISA com Minas Gerais.

10. PENALIZADO ou PUNIDO ?
Deu no JB: "É longa a lista de atletas PENALIZADOS pelo Tribunal
Esportivo da Federação de Futebol do Rio de Janeiro."
Na verdade, "É longa a lista de atletas PUNIDOS..."
PENALIZADO não é sinônimo de PUNIDO. Embora alguns professores defendam
o verbo PENALIZAR no sentido de "punir", prefiro o sentido original:
PENALIZADO fica quem tem "pena, dó, compaixão"; PENALIZAR é "causar pena
ou desgosto". Observe o exemplo: "A deputada ficou PENALIZADA ao ver
tanta miséria." No caso de: "A lei do Colarinho Branco PENALIZA com
reclusão", prefiro "...PUNE com reclusão".

B - CARGAS CONOTATIVAS

OS CASOS

1. A corrupção ENDÊMICA
Na semana que antecedeu a visita do presidente americano ao Brasil, em
outubro de 1997, causou polêmica o uso da palavra ENDÊMICA num documento
enviado a empresários americanos pelo Departamento de Comércio dos
Estados Unidos.
A embaixada americana reconheceu que a frase era inexata, desculpou-se e
retirou o adjetivo da tal frase: "A corrupção é ENDÊMICA na cultura
brasileira". Segundo James Robin, porta-voz do Departamento de Estado
americano, a intenção era usar a palavra widespread (=difundido, comum),
sem implicar ofensa alguma.
Aqui está o problema. Não tinha a intenção, mas ofendeu. Existem
palavras que possuem cargas negativas, ofensivas ou pejorativas. Observe
como o verbo MORRER tem um peso maior que FALECER. Isso não significa
que "quem faleça morra menos". É uma questão de carga, talvez de fundo
psicológico ou social. Compare LÁBIO e BEIÇO. BEIÇO é pejorativo e
preconceituoso. É usado para ofender e discriminar. É interessante
lembrar também o episódio do "paraíba" do Edmundo (desculpe a
ambigüidade).
Devemos ter cuidado com as palavras. Elas possuem "alma".
E a nossa corrupção é ou não ENDÊMICA ?
O Brasil reagiu. O nosso presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães,
aplaudido até pelos partidos de oposição, disse que os americanos não
têm moral para falar em corrupção. Se eles têm corrupção, não podem
falar da nossa. A nossa corrupção não pode ser ofendida assim, com uma
palavra tão "baixa".
É preciso defendê-la: "a corrupção é nossa e ninguém tasca". Ninguém
pode ofender assim um "orgulho nacional". Eles estão pensando o quê? Que
a nossa corrupção é "doente"? Que um dia, talvez, ela possa ser
erradicada? Não é não! A nossa corrupção é muito "sadia".
Lamentável. Reagimos e exigimos que retirassem o adjetivo, mas o
substantivo ficou. Feliz o dia em que lutaremos contra o substantivo.
Sem ele, não haverá adjetivos e talvez sobre alguma verba para
investirmos na educação, na formação dos professores, na luta contra a
miséria cultural.
Em tempo: é interessante lembrar que as ENDEMIAS são doenças de caráter
regional, com causa local, e duradouras.

2. O verbo DETONAR
O verbo DETONAR é, sem dúvida, o campeão. Se fôssemos escolher o maior
vício da linguagem jornalística de 1997, o DETONAR já estaria eleito. Eu
não estou me referindo ao enorme número de bombas que, infelizmente,
foram detonadas durante este ano. Na verdade, estou aludindo ao mau uso
do verbo DETONAR, nos mais variados sentidos. Hoje "detonam" qualquer
coisa. Eu diria que é o modismo lingüístico do ano, tendo superado até o
"famoso" A NÍVEL DE.
Durante 1997, tivemos a oportunidade de ler e ouvir "coisas" do tipo:
"Foi a avó que DETONOU nela a verdadeira paixão pela música."
"A estratégia foi suficiente para DETONAR uma intensa propaganda boca a
boca."
"O Presidente DETONA o que pode ser um difícil processo de
confirmação."
"É o mesmo fator que DETONOU a crise do México em 94."
É interessante observar que o verbo DETONAR ganhou várias acepções:
começar, iniciar, gerar, expandir, crescer, desenvolver...
Isso tudo sem falar na mania de usar o DETONAR como sinônimo de DIZER
ou AFIRMAR.
Além da pobreza de estilo (toda metáfora exageradamente repetida perde
a expressividade e a graça), devemos observar as ambigüidades. No
exemplo "Foi a avó que DETONOU nela a verdadeira paixão pela música", o
autor queria referir-se ao fato de ter sido "a avó quem DESPERTOU nela a
verdadeira paixão pela música". Porém, um desavisado poderia imaginar
que "a avó teria DESTRUÍDO a paixão pela música". Fenômeno semelhante
ocorre em "É o mesmo fator que DETONOU a crise do México em 94". Aqui, o
autor se referia "ao fator GERADOR ou ao fator que INICIOU a crise do
México em 94". Mais uma vez, o nosso leitor desavisado poderia dar outra
interpretação: para ele, é "o fator que ACABOU com a crise do México em
94".
Sugiro, portanto, que o verbo DETONAR seja detonado, no verdadeiro
sentido da palavra. E aqui, surge um novo problema:
"Terroristas EXPLODEM bomba em hotel lotado de turistas."
É impossível que terroristas tenham "explodido" uma bomba. É a bomba
que explode. O verbo EXPLODIR é intransitivo (=ninguém explode nada, é a
coisa que explode). Na verdade, "os terroristas DETONARAM uma bomba".
Esse é o uso correto do verbo DETONAR.
Agora, uma sugestão: não devemos substituir "detonar crise" por
"explodir crise". O problema é o mesmo.
Cuidado com as metáforas!
Com o desejo de não repetir o verbo DIZER, é freqüente vê-lo
substituído não só por DETONAR e EXPLODIR como também por "disparou,
fulano", "alfinetou, beltrano", "dinamitou, sicrano"...
Essa "criatividade" excessiva pode nos levar a "coisas" ridículas,
como: "Foram tantos sucessos que CATAPULTARAM o grupo para a fila do
gargarejo da MPB." Se você não entendeu a "metáfora", a "tradução" é a
seguinte: "o tal grupo estava, na parada de sucessos, em 10º lugar;
entretanto os últimos sucessos foram tantos que o grupo foi para o 1º
lugar".
Haja criatividade!
Assim não dá!
Se DETONAR já é difícil de aturar, imagine CATAPULTAR.

C - SIMPLICIDADE

OS CASOS

1. A EMULAÇÃO
Está escrito no nosso novo Código de Trânsito:
Art. 173. Disputar corrida por espírito de EMULAÇÃO.
Infração - gravíssima.
Penalidade - multa (três vezes), suspensão do direito de dirigir e
apreensão do veículo.
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e
remoção do veículo.
Se você não conhece a palavra EMULAÇÃO, não se preocupe que eu vou
explicar: EMULAÇÃO é o "ato de emular". Pronto, agora que você já sabe o
que é EMULAÇÃO, vamos ao que interessa. Você já deve ter entendido: se
você nunca emulou, não é agora que você vai emular. Você leu com toda a
"clareza": se disputar corrida por espírito de EMULAÇÃO, você vai ficar
sem a carteira de motorista e sem o carro. Portanto, não emule. Está
escrito: emular é uma infração gravíssima.
Se você imaginava que EMULAÇÃO é "dirigir como uma mula", quase que
acertou. Há quem tenha buscado a origem da palavra: o prefixo e(x) de
emigrar, emergir, emanar, exalar, exportar, externar... significa
"movimento para fora". Por esse raciocínio, poderíamos imaginar que
emular fosse "colocar para fora o espírito de mula que existe dentro de
você".
Se você está pensando que eu estou brincando, tenho algo a lhe dizer:
você tem toda a razão. Por outro lado, quem escreveu EMULAÇÃO não estava
brincando. É lógico que a intenção do autor é a de que todos entendam o
seu texto. Para isso, selecionou palavras bem "simples, acessíveis a
qualquer leitor".
Tudo isso me fez lembrar uma história que um velho amigo advogado me
contou há muitos anos. Ele telefonou para um cliente e avisou: "Teremos
que PROCRASTINAR a assinatura do contrato". O cliente lhe respondeu:
"Tudo bem, o senhor é quem sabe." Então, o advogado lhe perguntou:
"Então adiamos para quando?" O cliente contestou imediatamente: "Por
favor, ADIAR não pode."
Para que ninguém imagine que eu seja contra o enriquecimento vocabular,
quero deixar bem clara a minha idéia: o que eu defendo como simplicidade
tem por base o conceito de adequação vocabular, ou seja, o vocabulário
de um texto deve ser adequado a quem ele se destina. Não devemos
confundir simplicidade com vulgaridade ou pobreza vocabular:
simplicidade é "se você pode ADIAR, para que PROCRASTINAR?"
Em tempo: segundo nossos dicionários, EMULAÇÃO é "sentimento que incita
a imitar ou a exceder a outrem em merecimento; estímulo; rivalidade." E
EMULAR é "ter emulação, competir, emparelhar, rivalizar, disputar...".
Portanto, que fique bem claro: o artigo 173 do novo Código de Trânsito
proíbe o que popularmente chamamos de "pegas" ou "rachas".

2. A COISA
Após a derrota para o Botafogo, um dirigente do Fluminense afirmou:
"Agora a COISA ficou preta". Como tricolor por parte de filho, lamento
que o tal dirigente só tenha percebido "agora". O mais intrigante,
porém, é o uso da palavra COISA. Que COISA maravilhosa! COISA é uma
palavra sensacional: substitui qualquer COISA e não diz COISA alguma. É
a palavra de sentido mais amplo que conheço. Faltou sinônimo, lá vai a
COISA. É como o "trem" para os mineiros. Aqui, nós pegamos as COISAS e
esperamos o trem; lá, eles pegam os "trem" e esperam a COISA. COISA é
uma palavra tão versátil que já virou até verbo: "Eles estão COISANDO".
Lá sabe Deus o que eles estão fazendo! COISA é um substantivo, mas é
capaz de ser usado no grau superlativo absoluto sintético, como se fosse
adjetivo: "Não fiz COISÍSSIMA nenhuma".
Por tudo isso, é inadequado o uso da palavra COISA em textos mais
cuidados e formais.
Essa análise me fez lembrar a história de um fiscal da carteira
hipotecária de um grande Banco no interior do Paraná. Certo fazendeiro
fez um empréstimo no Banco, hipotecou a fazenda e, um mês depois,
morreu. O Banco, preocupado, mandou o nosso fiscal à tal fazenda. Lá
chegando, ficou feliz ai ver que tudo corria bem. A viúva trabalhava
duro, o dinheiro investido já trazia lucros para a fazenda e o pagamento
da hipoteca estava garantido. Ao retornar à sua cidade, o fiscal não
teve dúvida e escreveu no relatório que enviou ao seu chefe: "O
fazendeiro morreu, mas o Banco pode ficar tranqüilo porque a viúva
mantém a COISA em pleno funcionamento". Lá sabe Deus que COISA é essa!?

D - NEOLOGISMOS e ESTRANGEIRISMOS

O CASO

Em outubro de 1997, tivemos em Brasília o Seminário AGRONEGÓCIO de
Exportação. O Itamaraty, patrocinador do evento, exigiu o uso de
AGRONEGÓCIO em vez de AGROBUSINESS, que era o termo preferido pelos
empresários do setor.
Ponto para o Itamaraty.
Sem querer ser purista, devemos defender a Língua Portuguesa. O uso
desenfreado dos chamados "estrangeirismos", aportuguesados ou não,
muitas vezes me parece modismo. Não vejo necessidade alguma de usarmos o
infeliz do startar ou mesmo estartar. Por que não INICIAR, COMEÇAR ou
PRINCIPIAR? Num seminário recente, ouvi do palestrante, após o coffee
break: "Vamos reestartar."Se não bastasse estartar, agora querem
reestartar. É demais!
Outra desgraça é o paper. Além de mal traduzido, ainda está sendo usado
num sentido muito amplo. Tudo virou paper. Quando me pedem um paper, não
sei se é um relatório, um fax, uma carta ou uma proposta. Só falta o
paper higiênico.
Também sugiro a substituição de uma péssima performance por um melhor
DESEMPENHO sexual.
É lógico que existem alguns estrangeirismos inevitáveis. SOFTWARE e
MARKETING, por exemplo, são palavras consagradas entre nós. Já tentamos
traduzi-las e depois aportuguesá-las. Luta em vào. São palavras que
todos nós usamos e até podemos, hoje, escrevê-las sem aspas (aqui, no
JB, nós costumamos usar os estrangeirismos em itálico, porém os mais
consagrados já dispensam o grifo).
Algumas palavras suscitam polêmica, como é o caso de DELETAR e ACESSAR.
São palavras facilmente aportuguesadas e que, no meu modo de ver, são
restritas à área de informática. Imagine uma manchete no JB: "Policial
deleta marginal". Seria ridículo! Você diz que o Presidente teve acesso
à tribuna de honra, mas jamais diria que ele "acessou" a tribuna de
honra (o verbo ACESSAR não tem esse sentido genérico de "ter acesso").
Há estrangeirismos cujas traduções são questionáveis ou "não pegam".
KNOW HOW e IMPEACHMENT são exemplos disso. KNOW HOW seria "conhecimento
ou tecnologia", mas eu tenho a certeza de que "quem vende KNOW HOW cobra
mais caro". No caso do IMPEACHMENT ocorre algo curioso. Na Constituição
Brasileira, a palavra é IMPEDIMENTO. Quando se começou a falar sobre o
IMPEACHMENT do Collor, nós bem que tentamos usar o IMPEDIMENTO. Mas não
deu. Na época, eu tive a sensação de que IMPEDIMENTO era pouco, o que se
queria era IMPEACHMENT. Parece brincadeira, mas não é. Há palavras
estrangeiras cujas traduções não têm o "mesmo peso". O mesmo IMPEDIMENTO
que substitui maravilhosamente bem o velho off side no futebol é "fraco"
para substituir o IMPEACHMENT. Alguns alunos detestam quando eu afirmo
que há palavras que "não pegam". Ora, pior é vivermos num país onde
existem leis que "não pegam".
Outro problema difícil é o aportuguesamento. Há casos consagrados como
FUTEBOL, ABAJUR, ESPAGUETE, GRIFE e outros mais. Entretanto, há os
problemáticos: XAMPU ou SHAMPOO? A forma XAMPU já é bastante usada
quando nos referimos aos xampus em geral. Porém, nos rótulos dos
shampoos, continua a forma estrangeira. Talvez os fabricantes temam que
os brasileiros pensem que se trate de algum xampu vagabundo. Outro
exemplo é stress. Eu prefiro ESTRESSE, por ser facilmente aportuguesado
e, principalmente, para ser coerente com a forma derivada: ESTRESSADO.
Por outro lado, creio que o aportuguesamento de SHOW é do tipo que "não
pega", porque ficou preso à Xuxa, a rainha dos baixinhos e a mãe do XOU.
LEIAUTE é outro aportuguesamento que dificilmente será usado. A forma
inglesa é mais poderosa.
FEEDBACK é um exemplo curioso. O aportuguesamento FIDEBEQUE ficou
horroroso e traduzi-la por retroalimentação é perigosíssimo na linguagem
falada: alimentação por onde? REALIMENTAÇÃO ou RETORNO são boas
soluções.
Como você pôde observar, é muito difícil criar uma regra. Cada caso
merece uma análise individual. Entretanto, uma regra podemos seguir:
para qualquer novo estrangeirismo, primeiro devemos buscar uma palavra
correspondente em português. E antes de usarmos a forma estrangeira,
ainda devemos tentar o aportuguesamento.

E - PALAVRAS PARÔNIMAS
São palavras parecidas na forma, mas com significados diferentes.

AS DÚVIDAS

1. TRÁFICO ou TRÁFEGO ?
Deu no JB: "Controlador de TRÁFICO aéreo adquire repentinamente poderes
paranormais."
Perdoe-nos, o tal controlador paranormal é de TRÁFEGO aéreo.
É bom lembrar que TRÁFICO é um comércio ilegal: de drogas, de escravos,
de crianças, de mulheres, de influência...
Em relação a trânsito, a movimento, devemos usar TRÁFEGO. Grandes
"engarrafamentos" ocorrem em cidades, como São Paulo, onde o TRÁFEGO é
intenso.
Aqui vai um teste para os cariocas que conhecem bem a Rua São Clemente
no bairro de Botafogo. Responda rápido: "São Clemente é uma rua de muito
TRÁFEGO ou de muito TRÁFICO?" Se você respondeu "depende", parabéns.

2. DISCRIMINAR ou DESCRIMINAR ?
DISCRIMINAR é "segregar, separar, listar". Uma pessoa pode ser
discriminada devido à sua cor, à sua condição social ou cultural, à sua
religião... Uma nota fiscal DISCRIMINADA é aquela em que os itens estão
"listados, separados".
DESCRIMINAR é "inocentar, tirar a culpa de um crime, deixar de ser
crime". Muitos advogados preferem usar o neologismo DESCRIMINALIZAR.
A frase "O debate pode acabar com o preconceito contra a droga e levar à
DISCRIMINAÇÃO do seu uso" está errada. Nesse caso, o correto é "...levar
à DESCRIMINAÇÃO (ou DESCRIMINALIZAÇÃO) do seu uso". O autor não se
referia à possibilidade de o usuário da droga vir a ser DISCRIMINADO, e
sim ao fato de o uso da droga ser DESCRIMINADO (=DESCRIMINALIZADO), ou
seja, "deixar de ser crime".

3. DESAPERCEBIDO ou DESPERCEBIDO ?
Ouvimos freqüentemente: "Muitos detalhes passaram DESAPERCEBIDOS". Está
errado! O correto é: "Muitos detalhes passaram DESPERCEBIDOS".
DESAPERCEBIDO não significa, como muitos imaginam, "aquilo que não foi
percebido, notado, observado". DESAPERCEBIDO significa "desprovido, quem
não se apercebeu de alguma coisa, quem não está ciente, quem não tomou
consciência".
É uma questão de lógica. Observe: "quem não é leal é desleal, quem não
está preparado está despreparado, quem não está prevenido está
desprevenido"; portanto, "aquilo que não se percebeu passou
DESPERCEBIDO".
Em "O auditor estava DESAPERCEBIDO", sugiro que não se utilize a palavra
DESAPERCEBIDO mesmo no sentido correto (=desprovido, que não tomou
ciência). O leitor dificilmente vai entender, é capaz de imaginar que
"ninguém percebeu a presença do auditor, que ele não foi notado". Não
esqueça, portanto, a diferença:
DESPERCEBIDOS (=não percebidos) é derivado do verbo PERCEBER (=notar,
observar);
DESAPERCEBIDOS (=não apercebidos) é derivado do verbo APERCEBER-SE
(=tomar ciência, prover-se)
O mais importante é você não esquecer que, para aquilo que não se
percebeu, o correto é DESPERCEBIDO.

4. DESTRATAR ou DISTRATAR ?
DESTRATAR significa "tratar mal";
DISTRATAR significa "romper um trato".
Quando um contrato é rompido, o documento que se assina chama-se
DISTRATO.
Portanto, a frase "Ela foi DISTRATADA pelo marido na frente dos
vizinhos" está errada. O certo é: "Ela foi DESTRATADA pelo marido na
frente dos vizinhos".

5. ACIDENTE ou INCIDENTE ?
ACIDENTE é "um desastre, um acontecimento com conseqüências graves";
"INCIDENTE" é "um acontecimento com conseqüências menores, um episódio".
Observe a diferença:
"Cinco pessoas morreram no ACIDENTE. A Via Dutra ficou interrompida
durante quatro horas."
"Perdoe-nos pelo INCIDENTE de ontem. Esse tipo de discussão não mais se
repetirá."

F - PALAVRAS HOMÔNIMAS
As palavras homônimas homófonas (=iguais na pronúncia, com diferença na
grafia e sentidos diferentes) merecem atenção.

AS DÚVIDAS

1. SERRAR ou CERRAR ?
SERRAR é "cortar"; CERRAR é "fechar".
A frase "Ele SERROU os olhos e adormeceu" é um absurdo. Na verdade, "Ele
CERROU os olhos e adormeceu".
Este caso me faz lembrar o dia em que certo comerciante ordenou a seus
empregados: "Hoje, eu quero todas as portas da loja SERRADAS às 18:00h".
Foi prontamente atendido. No fim da tarde, todas as portas estavam pela
metade.

2. CASSAR ou CAÇAR ?
CASSAR significa "anular", portanto ninguém pode ser CASSADO.
A frase "O prefeito pode ser CASSADO a qualquer momento" é inadequada.
Deveríamos dizer: "O MANDATO do prefeito pode ser CASSADO a qualquer
momento". Na verdade, o poder de mando do prefeito é CASSADO (=anulado,
perde seu valor, fica sem o poder). Recentemente, li que uma certa
companhia de ônibus de Niterói foi CASSADA. Impossível! CASSADA foi a
licença ou o alvará da tal companhia de ônibus.
Portanto, deputados, vereadores, prefeitos não podem ser CASSADOS,
embora alguns mereçam ser CAÇADOS.

G - REDUNDÂNCIAS

O CASO

Com muita freqüência, ouvimos na televisão: "O filme é baseado em FATOS
REAIS." Eu acredito piamente pois, se não fossem REAIS, não seriam
FATOS. Para quem não sabe, todo FATO é REAL. Não existe "fato irreal".
Uma história pode ser real ou não; mas FATO é o "o que aconteceu".
Portanto, FATO REAL, FATO CONCRETO, FATO VERÍDICO e FATO ACONTECIDO são
redundâncias. É um tipo de pleonasmo. Não são tão grosseiros como os
tradicionais SUBIR PARA CIMA, DESCER PARA BAIXO, SAIR PARA FORA e ENTRAR
PARA DENTRO.
Outro pleonasmo que ouvimos muito é: "Zagallo vai pôr o Juninho para ser
o ELO de LIGAÇÃO entre a defesa e o ataque." Ora, todo ELO é de LIGAÇÃO.
Bastaria dizer: "Zagallo vai pôr o Juninho para ser o ELO entre a defesa
e o ataque." Ou "Zagallo vai pôr o Juninho para fazer a LIGAÇÃO entre a
defesa e o ataque."
Um leitor de Língua Viva enviou um documento da área médica em que se
lia: "Pode haver HEMORRAGIA de SANGUE." Não entendi o temor. Será que
pode haver HEMORRAGIA de urina ou de esperma.!?
Pior é o professor de matemática que pede ao aluno que divida a figura
em DUAS METADES IGUAIS. É a "redundância da redundância"! Metades são
sempre duas e, se não fossem iguais, não seriam metades. Criança é que
tem o hábito de pedir: "A metade maior é minha". Na verdade, ela quer o
pedaço maior.
Em 1996, fui convidado para um seminário em São Paulo. Eram duas
empresas organizadoras: uma de eventos e outra da área de Qualidade.
Para ser o palestrante, após muita discussão, recebi a seguinte
proposta: "Tiramos toda a despesa e dividimos o lucro em TRÊS METADES."
Imediatamente eu respondi: "Em TRÊS METADES eu não aceito." O
representante da empresa de Qualidade, amigo meu, ficou surpreso com a
minha recusa: "Se você aceitar, vai ganhar mais dinheiro." Mas eu fiquei
firme na minha posição: "Em TRÊS METADES eu não aceito, pois a minha
religião não permite."
É interessante lembrar que a ênfase, para alguns, justifica tantas
redundâncias que ouvimos por aí: CONSENSO GERAL, PLANEJAMENTO
ANTECIPADO, EVIDÊNCIA CONCRETA, PROTAGONISTA PRINCIPAL, EMPRÉSTIMO
TEMPORÁRIO, SURPRESAS INESPERADAS e outros mais.
Por Fascículo > 2. Concordância Verbal

1. A MAIORIA DE / A MAIOR PARTE / GRANDE PARTE DE / BOA PARTE
2. COLETIVOS
3. FRAÇÃO
4. INFINITIVO
5. METADE
6. MIL / MILHÃO / NUMERAIS
7. NÃO SÓ...MAS TAMBÉM / NÃO SÓ...COMO TAMBÉM
8. NEM ... NEM
9. OU
10. PERCENTAGEM
11. SE - PARTÍCULA APASSIVADORA
12. SE - PARTÍCULA INDETERMINADORA DO SUJEITO
13. NOMES PRÓPRIOS no PLURAL
14. TUDO / NADA / NINGUÉM
15. UM DOS QUE
16. VOSSA SENHORIA / SUA SENHORIA
17. Verbo CUSTAR
18. Verbos DAR / BATER / SOAR (aplicado a horas)
19. Verbos HAVER e EXISTIR
20. Verbo FAZER
21. Verbo SER

Regra básica: O verbo deve concordar com o sujeito em pessoa e número.

A) SUJEITO COMPOSTO - rigidamente o verbo deve concordar no PLURAL;
"As casas de veraneio e os pescadores COMPÕEM o cenário da região."
"SERIAM NECESSÁRIOS ainda mais de 100 médicos e muitos auxiliares de
enfermagem."
"Aos poucos a escatologia e a quantidade de mortos VÃO se
multiplicando."

OBSERVAÇÃO 1:
Quando o sujeito composto estiver posposto (=depois do verbo), é
aceitável a concordância atrativa (= no singular, concordando com o
núcleo do sujeito que estiver mais próximo):
"PASSARÁ o céu e a terra, mas minhas palavras ficarão."
"CHEGA hoje ao Rio o presidente e sua comitiva."

A nossa preferência, no JB, é a concordância do verbo no PLURAL:
"ACABAM o acúmulo de aposentadorias e a aposentadoria especial."
"VIAJARAM para Brasília o gerente e o diretor."

OBSERVAÇÃO 2:
Quando o sujeito é composto por duas ou mais orações (=infinitivos), o
verbo deve concordar no SINGULAR:
"Andar e correr FAZ bem."
"Trabalhar durante o dia e estudar à noite ainda não MATOU ninguém."

OBSERVAÇÃO 3:
Quando o sujeito composto tiver núcleos de pessoas diferentes, a 1a.
pessoa é predominante (Eu e tu = nós; eu e você = nós; ela e eu = nós ):
"Eu, tu e ele RESOLVEMOS o caso."
"O diretor e eu FOMOS à reunião."
A 2a. pessoa predomina sobre a 3a.pessoa (Tu e ele = vós):
"Tu e ele DEVEIS comparecer à reunião."
Na linguagem corrente, é freqüente o uso do verbo na 3ª pessoa":
"Em que língua tu e ele FALAVAM?"
Para evitarmos discussão, preferimos substituir TU por VOCÊ (Você e ele
= vocês):
"Você e ele DEVEM comparecer à reunião."

B) SUJEITO SIMPLES - o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito:
"O preço dos aluguéis, que deram um salto de 208%, já ESTÁ praticamente
no mesmo nível."
"A remuneração das cadernetas BAIXOU..."
"As empresas de São Paulo EXPÕEM e VENDEM diretamente seus produtos."
"O índice de óbitos ESTÁ acima dos padrões normais."
"O cumprimento das metas dos programas de reestruturação também TEM
SIDO ANALISADO."
"Os preços dos pratos SÃO bem ACESSÍVEIS."
"Apesar de o preço das entradas TER SIDO BARATO ..."
"Fios expostos PÕEM em risco a segurança dos alunos."
"BASTAM não mais do que alguns quilômetros para decifrá-lo."
"Esta lei já existe na Suécia e no Canadá onde DIMINUÍRAM os acidentes
nas estradas."

Casos especiais:

1. A MAIORIA DE / A MAIOR PARTE / GRANDE PARTE DE / BOA PARTE
(Sujeito simples - núcleo = PARTITIVOS)

"A maioria dos candidatos já DESISTIU ou DESISTIRAM ?"

O verbo pode ficar no SINGULAR (concordando com o núcleo do sujeito =
MAIORIA) ou no PLURAL (concordando com o nome plural posposto ao
partitivo = CANDIDATOS):
"A MAIORIA dos candidatos já DESISTIU."
OU "A maioria dos CANDIDATOS já DESISTIRAM."

A nossa preferência, no JB, é o verbo no SINGULAR:
"A MAIORIA dos entrevistados REPROVA a administração municipal."
"A MAIORIA dos feridos FOI PISOTEADA."
"A MAIORIA das comunidades isoladas do Norte PODE se aproveitar da
biomassa de espécies..."
"Boa PARTE dos problemas TEM sua origem nos 'freemen' (homens livres)
chegados dos Estados Unidos."
"Grande PARTE das infecções PODE SER EVITADA ou CURADA."
"A MAIORIA das fraudes É COMETIDA durante longo tempo por empregados."
"A maior PARTE dos recursos VIRÁ da Brahma e da Embratel."
"PARTE das instalações FOI DEMOLIDA."

2. COLETIVOS

Um bando de ...
Um grupo de ...
Uma manada de ...

Embora alguns gramáticos aceitem o verbo no plural quando acompanha um
adjunto plural, nós devemos usar o verbo no SINGULAR:
"Um CASAL de turistas alemães não RESISTIU e CAIU no samba."
"Um GRUPO de artistas ainda iniciantes ALUGOU uma sala."
"Um GRUPO de crianças também É CONVIDADO."
"Um GRUPO de pessoas SAIU mais cedo"
"Um BANDO de marginais FUGIU ontem à noite."
"Uma MANADA de bois FOI VENDIDA para pagar a dívida."

OBSERVAÇÃO 1:
"Um GRUPO de mais de trinta mulheres TRABALHAM como voluntárias."
Nesse caso, devido ao predicativo plural (=voluntárias), preferimos o
verbo no plural.

OBSERVAÇÃO 2:
A concordância do verbo com o núcleo do sujeito é indiscutível.
Se você tem dificuldade para identificar o núcleo do sujeito, aqui vai
uma dica: "é o substantivo ou o pronome que antecede a preposição de":
"Boa parte dos candidatos já DESISTIU." (o sujeito simples é "boa parte
dos candidatos"; o núcleo é parte)
"Um bando de marginais FUGIU." (o sujeito simples é "um bando de
marginais"; o núcleo é bando)
"Metade dos alunos FOI APROVADA." (sujeito ="metade dos alunos"; núcleo
= metade)
"Alguém dentre nós FARÁ o trabalho." (sujeito ="alguém dentre nós";
núcleo = alguém)
"Muitos de nós LERAM o livro." (sujeito ="muitos de nós"; núcleo =
muitos)
"O presidente destas empresas VIAJOU para Brasília." (sujeito ="o
presidente destas empresas"; núcleo = presidente)
"Os diretores desta empresa VIAJARAM para Brasília." (sujeito ="os
diretores desta empresa"; núcleo = diretores)

3. FRAÇÃO

O verbo deve concordar com o numerador:
"UM terço COMPARECEU."
"DOIS terços COMPARECERAM."
"UM QUARTO das empresas pesquisadas PERDEU mais de US$ 1 milhão."
"UM TERÇO da população não TEM acesso a consultas médicas."
"TRÊS QUARTOS das fraudes FORAM COMETIDOS pelos empregados,"
"DOIS TERÇOS da frota CIRCULARAM."

4. INFINITIVO
...para RESOLVER ou RESOLVEREM
...de SAIR ou SAÍREM
...a FAZER ou FAZEREM

É um caso muito controvertido que merece várias observações:

A) "Os técnicos estão aqui PARA RESOLVER ou RESOLVEREM o problema?"
É facultativo. A nossa preferência é pelo SINGULAR:
"Os técnicos estão aqui PARA RESOLVER o problema."
"Duas novas ruas estão sendo abertas para FACILITAR o acesso."
"O projeto contempla o direito de pessoas com doenças incuráveis
interromperem um tratamento doloroso para MORRER dignamente."
"O curso tem reunido economistas do IBGE para CRIAR uma pesquisa mais
abrangente."
"Usineiros e representantes estarão em Brasília para PRESSIONAR o
governo federal."
"O técnico orientou seus jogadores para PRESSIONAR o Palmeiras."
"Os pais trintões voltam ao Teatro do Leblon para LEVAR seus filhos e
CANTAR juntos a trilha de Chico Buarque."

B) "Eles foram proibidos DE SAIR ou DE SAÍREM?"
"Eles foram obrigados A FAZER ou A FAZEREM o teste?"

Não se flexiona o infinitivo com preposição que funcione como
complemento de substantivo, adjetivo ou do próprio verbo principal.
No JB, não discutimos se é facultativo ou não. Preferimos o SINGULAR:
"Eles foram proibidos DE SAIR."
"Eles foram obrigados A FAZER o teste."
"Um em cada cinco enfermeiros está ajudando seus pacientes a MORRER..."
"Os paulistanos foram obrigados a PASSAR quatro horas no saguão do
aeroporto."
"O decreto obriga os trens a TRAFEGAR de portas fechadas."
"A falta de informação leva outros meninos a FAZER a mesma coisa todos
os dias."
"Um psiquiatra faz sucesso convencendo pacientes a AGIR como crianças."
"A lei proíbe os brasileiros de FUMAR na ponte-aérea."
"Ele proibiu seus músicos de PARTICIPAR de qualquer tipo de trabalho
com discos."

OBSERVAÇÃO 1:
Na voz passiva e com os verbos de ligação, devemos usar o infinitivo no
PLURAL:
"O TSE liberou duas das quatro parcelas do Fundo Partidário para SEREM
DIVIDIDAS por 26 partidos."
"O porta-voz francês informou que as medidas concretas a SEREM TOMADAS
contra o terror são iguais às da Inglaterra."
"As reservas técnicas dos museus reúnem peças quase nunca expostas, mas
que dão muito trabalho para SEREM CONSERVADAS."
"Elas tiveram que suar muito para SE TORNAREM as campeãs."
"Elas têm que malhar bastante para FICAREM magrinhas."
"As células-mãe são preparadas para SE TORNAREM resistentes."

OBSERVAÇÃO 2:
O verbo no plural enfatiza o agente em vez do fato. Em caso de
ambigüidade, sugerimos o plural para evitar dúvidas:
"Fernando Henrique Cardoso libera os seus ministros para SUBIREM em
palanque."

OBSERVAÇÃO 3:
Quando o sujeito está claramente expresso, a concordância é obrigatória:
"Houve uma ordem para os alunos FAZEREM todos os testes."
"O gerente mandou seus subordinados RESOLVEREM o problema."
"O aumento dos zíperes não fez o preço das roupas DISPARAR."
"Só tem espaço para PASSAREM no máximo duas pessoas ao mesmo tempo."
"Qual é a melhor maneira de se CONSEGUIREM bons resultados."

5. METADE

"METADE dos candidatos DESISTIU ou DESISTIRAM ?"

É a mesma regra dos PARTITIVOS (= uso facultativo). Preferimos o verbo
no SINGULAR, para concordar com o núcleo do sujeito:
"METADE dos candidatos DESISTIU." (ou DESISTIRAM)
"METADE dos fumantes do mundo VAI MORRER por causa do tabaco."
"Quase METADE dos executivos não TEM conhecimento..."
"METADE das ruas não TEM coleta de lixo."
"METADE do time não TEM visto."

Observação:
Com a forma MAIS DA METADE (=seguido de um substantivo no plural), o
mais usual é o verbo no plural:
"MAIS DA METADE dos médicos britânicos SÃO a favor..."
"MAIS DA METADE de todos entrevistados ESTÃO no mercado."
"MAIS DA METADE dos eleitores da capital catarinense ainda ESTÃO sem o
documento."
"MAIS DA METADE dos dependentes se CONTAMINARAM."
"MAIS DA METADE dos cheques consultados pelos comerciantes em julho,
através do telecheque, SÃO PRÉ-DATADOS."

6. MIL / MILHÃO / NUMERAIS

MIL

O numeral que antecede a MIL deve concordar com o substantivo a que se
refere:
"Ela é capaz de fazer VINTE E UMA MIL embaixadinhas."
"Ela é capaz de fazer quarenta e UMA mil, SETECENTAS e oitenta e DUAS
embaixadinhas."
"DUAS mil pessoas compareceram à reunião."
"Recebeu DOIS mil dólares."

OBSERVAÇÃO 1:
Não use "um mil" ou "uma mil", mas apenas:
"Recebeu MIL REAIS."
"MIL PESSOAS compareceram à reunião."

MILHÃO / BILHÃO / TRILHÃO

O numeral que antecede a MILHÃO fica sempre no masculino.
"Seria capaz de fazer UM MILHÃO e MEIO de embaixadinhas."
"Mais de DOIS MILHÕES de pessoas assistiram ao espetáculo."

OBSERVAÇÃO 2: Sujeito simples - núcleo = MILHÃO ou BILHÃO ou TRILHÃO
Um milhão de ...
Meio milhão de ...

"Um MILHÃO de pessoas VIVE ou VIVEM na China?"

É um caso facultativo.
"Um BILHÃO de dólares FOI GASTO nesta obra." (ou FORAM GASTOS)
"Um MILHÃO de pessoas VIVE na China." (ou VIVEM)
A nossa preferência é pelo PLURAL:
"Um milhão de doses de vacina FORAM RETIRADAS do mercado."
"Meio milhão de pessoas ESTÃO DESABRIGADAS."
"Mais de um milhão de dólares ESTÃO SENDO USADOS no projeto."
Se o verbo estiver antes, porém, o verbo concordará com MILHÃO ou
MILHÕES:
"FOI CONSTRUÍDO um milhão de casas populares só neste bairro."
"FORAM PREJUDICADOS 5 milhões de pessoas."
"EXISTE mais de 1,5 milhão de desempregados."

OBSERVAÇÃO 3:
Cerca de...
Perto de...
Por volta de ...
Em torno de ...
Mais de ...
Menos de ...
O verbo deve concordar com o substantivo (= núcleo do sujeito):
"Cerca de três mil pessoas ENTRARAM em confronto com a polícia."
"Perto de cinqüenta mil torcedores ASSISTIRAM ao jogo."
"Mais de duzentos inscritos FALTARAM à prova."

7. NÃO SÓ...MAS TAMBÉM / NÃO SÓ...COMO TAMBÉM

O verbo vai normalmente para o PLURAL, concordando com o sujeito
composto:
"Não só o aluno mas também o professor ERRARAM a questão."
"Não só o público como também os organizadores FICARAM insatisfeitos."

8. NEM ... NEM

Quando o sujeito é SIMPLES, o verbo fica no SINGULAR:
"Nem um nem outro diretor COMPARECEU à reunião."
"Ainda não CHEGOU nem uma nem outra candidata."

Quando o sujeito é COMPOSTO, a concordância é facultativa (singular ou
plural):
"Nem o gerente nem o diretor COMPARECEU ou COMPARECERAM à reunião."
"Nem eu nem você PODE ou PODEMOS viajar neste mês."

OBSERVAÇÃO:
Se houver idéia de alternativa (=o fato expresso pelo verbo só pode ser
atribuído a um dos sujeitos), devemos usar o verbo no SINGULAR:
"Nem o Pedro nem o José SERÁ ELEITO o presidente do grêmio estudantil."
(=só um pode ser eleito)

9. OU

a) Se houver idéia de "exclusão", o verbo concorda com o núcleo mais
próximo:
"Ou você ou eu TEREI de resolver o problema." (=apenas um resolverá o
problema)
"Ou eu ou o diretor TERÁ de viajar para São Paulo." (=apenas um
viajará)
"O Brasil ou Chile SERÁ a sede do próximo campeonato."

b) Se não houver idéia de "exclusão" (=e/ou), a concordância é
facultativa:
"O gerente ou o diretor PODE ou PODEM assinar o contrato." (=um ou os
dois podem assinar)
"Dinheiro ou cheque RESOLVE ou RESOLVEM o meu problema."

c) Se houver idéia "aditiva" (=e), o verbo deve concordar no plural:
"O pintor ou o escultor MERECEM igualmente o prêmio." (=o pintor e o
escultor merecem igualmente o prêmio)
"Futebol ou carnaval FAZEM a alegria do brasileiro."

d) Se houver idéia de "dúvida" (=retificação de número), o verbo deve
concordar com o mais próximo:
"Ladrão ou ladrões INVADIRAM o palacete do Morumbi."
"O assassino ou assassinos já DEVEM estar no exterior."

10. PERCENTAGEM

Sem especificador, o verbo deve concordar com a percentagem:
"1% VOTOU." (até 1,9% = verbo no singular);
"2% VOTARAM." (acima de 2% = verbo no plural).

OBSERVAÇÃO 1:
COM ESPECIFICADOR singular, o verbo pode concordar com o especificador
no singular:
"2% da população VOTOU."
"5% do ICMS VAI para os municípios."
"Noventa por cento da produção musical hoje É FEITA em CD."
"Dez por cento da população brasileira É SUBNUTRIDA."
"Trinta por cento da fazenda SERÁ OCUPADA."
"Vinte por cento da água ESTÁ CONTAMINADA."
"Oitenta por cento dessa quantia ERA ENTREGUE a clínicas conveniadas."
"Quase 90% do faturamento da Coleman do Brasil É PROVENIENTE de
produtos fabricados aqui."
"80% da área em torno do parque ESTÁ DESMATADA."
"Segundo a Secretaria dos Transportes, às cinco horas da manhã apenas
dois por cento da frota CIRCULOU."

OBSERVAÇÃO 2:
COM ESPECIFICADOR plural, o verbo deve concordar com o número:
"Em torno de 1% dos viciados MORRE a cada ano."
"40% dos eleitores entrevistados RESPONDERAM que não ESTAVAM
INTERESSADOS."
"Quase 90% dos empresários ACHAM que o risco de fraude é maior..."

OBSERVAÇÃO 3:
Quando o percentual é antecedido por um DETERMINANTE, a concordância é
feita com esse determinante:
"Esses trinta por cento da fazenda SERÃO OCUPADOS."
"Os restantes quinze por cento da produção VÃO SER ARMAZENADOS.

11. SE - PARTÍCULA APASSIVADORA

"ALUGA-SE ou ALUGAM-SE apartamentos ?"

Quando a partícula SE é apassivadora, significa que a frase está na voz
passiva (=sujeito "sofre" a ação verbal). Apartamentos é o sujeito e
está no plural. Portanto, o certo é: "ALUGAM-SE apartamentos".
É um caso de voz passiva sintética ou pronominal. Corresponde a
"Apartamentos SÃO ALUGADOS".
Quando vejo escrito numa placa "CONCERTA-SE bicicletas", primeiro fico
imaginando uma "sinfonia" de bicicletas e, depois, a necessidade de
CONSERTAR a plaquinha. O certo é: "CONSERTAM-SE bicicletas"(="Bicicletas
SÃO CONSERTADAS").
Para que a partícula SE seja apassivadora, é preciso que haja um "objeto
direto" para se transformar em sujeito passivo. O verbo deve concordar
com o sujeito passivo:
"VENDE-SE este automóvel." ( = Este automóvel é vendido);
"VENDEM-SE automóveis." ( = Automóveis são vendidos).
Vejamos mais exemplos:
"A idéia de SE CONVOCAREM mulheres e seminaristas para um serviço
obrigatório alternativo ..." (="A idéia de mulheres e seminaristas serem
convocados...")
"...para que SE USEM os veículos com moderação durante o inverno."
(=...para que os veículos sejam usados com moderação durante o inverno).
"Cada vez mais SE FAZEM diagnósticos do vírus."
"Quando SE EXCLUEM as importações de automóveis ..."
"Não faz busca por proximidade onde SE OBTÊM respostas."
"Já SE VÊEM alguns traços do futuro."
"Os sons da África vão revelando histórias que não se VÊEM." (=que não
são vistas)
"Não estamos contra que SE TAXEM as propriedades improdutivas."
"MULTIPLICAM-SE os casos de armas em mãos erradas."
"Não SE PERCEBERAM ainda todos os erros."
"Não SE PODEM PROIBIR as pessoas de fazer o que gostam."
"PODEM-SE FAZER passeios de charrete..."
"DEVEM-SE EVITAR as formas repolhudas."
"Estes são os livros que SE PODEM ler." (=...os livros que PODEM ser
lidos)
"Estas são as metas que SE DEVEM atingir." (=...as metas que DEVEM ser
atingidas)

12. SE - PARTÍCULA INDETERMINADORA DO SUJEITO

Se não houver "objeto direto" para virar "sujeito passivo", a partícula
SE é indeterminanadora do sujeito. O sujeito é indeterminado e o verbo
concorda no SINGULAR:
"PRECISA-SE de operários." (de operários = objeto indireto)
"Não SE NECESSITA mais de todos esses dados." (=objeto indireto)
"É necessário que SE RECORRA a soluções de impacto." (=obj.ind.)
"Não SE ACREDITA mais em marcas nacionais." (obj.ind.)
"DEVE-SE aspirar a melhores resultados." (=obj.ind.)
"MORRE-SE de frio e de fome nesta terra." (de frio e de fome = adjuntos
adverbiais de causa; nesta terra = adjunto adverbial de lugar)
"Não SE VIVE mais como naqueles tempos." (VIVER = verbo intransitivo)
"HÁ de SE viver com mais dignidade desta terra." (sem objeto direto)

13. NOMES PRÓPRIOS no PLURAL

Se o nome próprio vier antecedido de artigo plural, o verbo deve
concordar no plural:
"Os ESTADOS UNIDOS CONVIDARAM, mas a seleção brasileira corre o risco
de não participar da Copa Ouro, na Califórnia."
"Os ALPES SUÍÇOS CAUSARAM um grande deslumbramento."
"Os ANDES FICAM na América do Sul."
"Os ESTADOS UNIDOS não ACEITARAM as condições impostas..."
"As MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS CONSAGRARAM Machado de Assis."

OBSERVAÇÃO 1:
Se não houver artigo no plural, o verbo fica no SINGULAR:
"Memórias Póstumas de Brás Cubas CONSAGROU Machado de Assis."
"Santos FICA em São Paulo."
"O Amazonas DESÁGUA no Oceano Atlântico."

OBSERVAÇÃO 2:
Com nomes de obras artísticas, mesmo antecedidas de determinante no
plural, preferimos o verbo no SINGULAR:
"OS LUSÍADAS IMORTALIZOU Camões."
"OS SERTÕES NARRA a luta de Canudos."

OBSERVAÇÃO 3:
Com o verbo SER e o predicativo a seguir no singular, preferimos o verbo
no SINGULAR:
"Os Lusíadas É A OBRA MAIOR da literatura portuguesa."
"Os Três Mosqueteiros É UM LIVRO GENIAL."
"Os Estados Unidos É O MAIOR EXPORTADOR do mundo."
"Os Estados Unidos já FOI o primeiro mercado consumidor."

14. TUDO / NADA / NINGUÉM

Antes ou depois de vários substantivos. Verbo no SINGULAR:
"TUDO, jornais, revistas, televisão, só TRAZIA más notícias."
"Livros, canetas, cadernos, TUDO ESTAVA sobre a mesa."
"NINGUÉM, pais, irmãos, primos, VEIO ajudá-lo."
"Bacalhau, vinho, azeite, NADA ESTEVE em sua mesa no último Natal."

15. UM DOS QUE

"Ele é um dos que VIAJOU ou VIAJARAM ?"

Embora alguns gramáticos considerem a concordância facultativa, nós
devemos usar o verbo no PLURAL, para concordar com a palavra que
antecede o pronome relativo QUE:
"Ele é um DOS que VIAJARAM."
O raciocínio é o seguinte: "dentre aqueles que viajaram, ele é um".
Um outro motivo que nos leva a preferir o verbo no PLURAL é a
concordância nominal. Todos diriam que "ele é um dos artistas mais
BRILHANTES" (="que mais BRILHAM). Ninguém usaria o adjetivo BRILHANTE no
singular.
Portanto, depois de UM DOS...QUE, faça a concordância com o verbo no
PLURAL:
"Ela foi uma DAS MULHERES que SOCORRERAM as vítimas da enchente."
"É aniversário de um DOS MAIORES HOSPITAIS do país que TRATAM o câncer
infantil."
"Uma DAS LINHAS que TRAZEM energia de Itaipu foi desligada ontem."
"Um DOS que a CONVOCARAM foi o senador Rafael Michelini."
"Ela é uma DAS EMPRESAS CREDORAS que COMPÕEM o comitê de negociação."
"Eu fui um DOS que ACHAVAM que o Plano não daria certo."
"Um DOS FATOS que mais CHOCARAM os pesquisadores foi a excessiva
quantidade de prescrições."
"Ele foi um DOS INTELECTUAIS que mais SE DESTACARAM na luta contra o
regime ditatorial."

OBSERVAÇÃO 1:
É interessante lembrar que, caso haja idéia de "exclusividade", o verbo
ficará no SINGULAR:
"Senhora é um dos romances de José de Alencar que CAIU no último
vestibular." (Nesse caso, devemos entender que Senhora é o único romance
de José de Alencar que CAIU na prova do vestibular)

OBSERVAÇÃO 2:
Quando o sujeito for o pronome relativo QUE, o verbo deve concordar com
o antecedente:
"Fui eu que RESOLVI o problema."
"Fomos nós que RESOLVEMOS o problema."
"Eu fui o primeiro que RESOLVEU o problema." (ou "que RESOLVI ...")
"Nós fomos os últimos que SAÍRAM da sala." (ou "que SAÍMOS ...")

OBSERVAÇÃO 3:
Quando o sujeito for o pronome relativo QUEM, a concordância se faz
normalmente na 3ª pessoa do singular:
"Fui eu QUEM RESOLVEU o caso."
"Na verdade, são vocês QUEM DECIDIRÁ a data."
Observe que, se invertermos a ordem, não haverá dúvida alguma:
"QUEM RESOLVEU o caso fui eu."
"QUEM DECIDIRÁ a data são vocês."
Entretanto, embora pouco usual, não é considerado erro o fato de o verbo
concordar com o pronome que antecede o QUEM:
"Fomos nós quem RESOLVEMOS o caso."
"Não sou eu quem DESCREVO."

OBSERVAÇÃO 4:
Quando não houver o pronome QUE, o verbo deve obrigatoriamente concordar
com o núcleo do sujeito (=pronome que está antes da preposição DE):
"UM dos casais já TINHA mais de vinte anos de vida em comum."
"NENHUM de nós dois PÔDE comparecer ao encontro."
"ALGUÉM da equipe RESOLVEU o problema."
"QUAL de vocês CHEGOU em primeiro?"
"QUEM dentre nós ESTÁ DISPOSTO a sair?"
"MUITOS de nós LERAM o livro." (Nesse caso poderíamos usar "Muitos de
nós LEMOS o livro", se quiséssemos subentender a idéia de "eu também" =
ênfase no todo).

16. VOSSA SENHORIA / SUA SENHORIA

"Vossa Excelência DEVE ou DEVEIS viajar ?"

Os pronomes de tratamento (= VOSSA EXCELÊNCIA, VOSSA SENHORIA, VOSSA
SANTIDADE, VOSSA MAJESTADE, VOSSA ALTEZA...) são de 3a. pessoa (=VOCÊ).
"Vossa Excelência DEVE viajar."
"Vossa Senhoria PODE trazer seus convidados."
"Sua Excelência DEVERÁ comparecer à reunião."

OBSERVAÇÃO 1:
São formas rigorosamente femininas. Quando se tratar de homem, é
aceitável a concordância no masculino:
"Vossa Senhoria estava muito CANSADA ou CANSADO."
"Sua Excelência parece PREOCUPADA ou PREOCUPADO."
Se houver aposto, a concordância é obrigatória:
"Sua Excelência, o presidente, parece PREOCUPADO."

OBSERVAÇÃO 2:
VOSSA EXCELÊNCIA deve ser usado quando nos dirigimos à pessoa.
SUA EXCELÊNCIA deve ser usado quando falamos a respeito da pessoa.

17. Verbo CUSTAR

É unipessoal. Só deve ser usado na 3a. pessoa do singular.
"Francamente, CUSTEI a me acostumar e até achei o conjunto um pouco
feio."
Embora usual, essa forma não segue rigorosamente a gramática. O correto
seria "custou-me", mas isso é inadequado à fala de qualquer brasileiro.
Podemos substituir por outras formas:
"Francamente, FOI DIFÍCIL eu me acostumar ..."

OBSERVAÇÃO:
Sempre que o sujeito for "oracional", o verbo deve concordar no
singular:
"CUSTOU-me perceber a verdade."
"CUSTA a nós aceitar essas condições."
"FALTA chegarem dez convidados."
"No Vestibular, BASTA conseguir três mil pontos."
"É NECESSÁRIO convocar onze craques para poder sonhar com a Copa."

18. Verbos DAR / BATER / SOAR (aplicado a horas)

Quando houver sujeito (=relógio, sino...), o verbo deve concordar:
"O relógio DEU dez horas."
"O sino BATEU doze horas."

Se não houver o sujeito, o verbo concorda com as horas:
"DERAM dez horas."
"BATERAM doze horas."
"BATEU meia-noite."

19. Verbos HAVER e EXISTIR

O verbo HAVER, no sentido de "existir", "ocorrer" ou "tempo decorrido",
é IMPESSOAL (=sem sujeito); por isso só deve ser usado no SINGULAR.
Observe os exemplos:
"Nesta competição não HÁ titulares ou reservas." (=existem)
"Já HOUVE vários acidentes nesta curva." (=ocorreram, aconteceram)
"HAVIA meses que não nos víamos." (=tempo decorrido)
"Mas se não HOUVESSE projetos de lei para a Imprensa."
"Desfez o mito da época em que não HAVIA condições técnicas."
No presente do indicativo, ninguém erra. Ninguém diria: "Hão muitas
pessoas na reunião". A dúvida só existe quando o verbo está no pretérito
ou no futuro: "No próximo concurso HAVERÁ ou HAVERÃO muitos candidatos".
O certo é "HAVERÁ muitos candidatos". A regra não muda. É a mesma regra:
esteja o verbo no presente, pretérito ou futuro.
O erro mais grosseiro é o "famoso" houveram. É o caso da manchete de
jornal: "Houveram vários crimes na Baixada". Com certeza o primeiro
crime foi contra a língua portuguesa.

OBSERVAÇÃO 1:
Esta regra se aplica também às locuções verbais:
"DEVE HAVER muitas pessoas na reunião." (=devem existir)
"PODERIA TER HAVIDO alguns incidentes." (=poderiam ter ocorrido)
"O país tem centenas de microclimas em que PODE HAVER várias espécies."
"PODE HAVER várias especulações."
"DEVIA HAVER cinco anos que ele foi demitido."
Nas locuções verbais, o verbo principal é sempre o último; os demais são
verbos auxiliares. Se o verbo principal for impessoal (=sujeito
inexistente), o verbo auxiliar fica no SINGULAR.

OBSERVAÇÃO 2:
O verbo EXISTIR é pessoal (=com sujeito) e deve concordar com o seu
sujeito:
"EXISTEM no Brasil dois tipos de caipiras." (=sujeito plural)
"Na Polícia Federal não EXISTEM fotos dos traficantes."
"Nesta competição não EXISTEM titulares ou reservas."
"Praticamente não EXISTEM mais homens capazes de derrotá-lo."
"Ainda PODEM EXISTIR dúvidas para serem resolvidas."
Os verbos OCORRER e ACONTECER também são pessoais:
"Nesta rua, já ACONTECERAM muitos acidentes." (=sujeito plural)
"Neste julgamento, PODEM OCORRER algumas injustiças."
O verbo HAVER fica no singular porque não tem sujeito (=sujeito
inexistente), mas os seus sinônimos têm sujeito e devem concordar.

OBSERVAÇÃO 3:
O verbo HAVER pode ser usado no plural, desde que não tenha o sentido
"existir", "ocorrer" ou "tempo decorrido".
Observe os exemplos:
"Os professores HOUVERAM por bem adiar as provas." (=decidiram)
"Os alunos se HOUVERAM bem na defesa de tese." (=apresentaram, "se
deram", "se saíram")

20. Verbo FAZER

O verbo FAZER, referindo-se a "tempo decorrido", é IMPESSOAL (=sem
sujeito); por isso só deve ser usado no SINGULAR.
"FAZ dez anos que não nos vemos."
"FAZ sete ou oito minutos que ele não toca na bola."
É interessante lembrar que esta regra se aplica também às locuções
verbais. Quando o verbo principal for o FAZER (="tempo decorrido"), o
auxiliar deve ficar no SINGULAR:
"Já DEVE FAZER duas horas que ela saiu."
"VAI FAZER cinco anos que não nos vemos."

21. Verbo SER

a) Quando não tem sujeito (=referindo-se a tempo ou espaço), deve
concordar com a palavra seguinte:
"É uma hora da tarde."
"SÃO duas horas da tarde."
"SÃO treze horas."
"DEVE SER meio-dia e meia."
"PODERIAM SER doze horas e trinta minutos."
"ERAM dez para as três."
"SÃO treze quilômetros até o centro da cidade."

OBSERVAÇÃO:
Quanto aos dias do mês, para evitar a velha polêmica "hoje é ou são
treze de maio", sugerimos:
"Hoje É dia treze de maio.
"Amanhã SERÁ dia vinte,"

b) Se o sujeito estiver no singular e o predicativo no plural (ou
vice-versa) , a concordância se faz de preferência no PLURAL:
"Tudo SÃO hipóteses."
"O problema ERAM as chuvas."
"Muitos foram presos. A maioria SÃO menores."
"O resultado da pesquisa FORAM números assustadores."
"Esses dados SÃO parte de um relatório elaborado pela comissão especial
do Senado."
"As cadernetas de poupança ERAM a melhor garantia para o futuro."
"Estas providências FORAM a salvação da empresa."

c) Se o sujeito for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo deve
concordar com o SUJEITO:
"Beto ERA as esperanças do time."
"Fernando Pessoa É muitos poetas ao mesmo tempo."
"Eu SOU o responsável."
"Ele é forte, mas não É dois."

d) Se o predicativo for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo
concorda com o PREDICATIVO:
"As esperanças do time ERA o Beto."
"O responsável SOU eu."
"Os escolhidos FOMOS nós."

e) Se houver dois pronomes pessoais, o verbo SER concorda com o
primeiro:
"Eu não SOU você."
"Ele não É eu."
"Nós não SOMOS vocês."

f) Nas frases interrogativas, o verbo SER concorda com o predicativo:
"Quem SÃO os convocados?"
"Quem FORAM os responsáveis?"
"Que SÃO seis meses?"

g) Quando o sujeito for o pronome relativo que, o verbo fica no
SINGULAR:
"Eu moro neste edifício, que em breve SERÁ só escombros."
"Esta empresa, que hoje É só demissões, já foi líder de mercado."

h) Se o predicativo for o pronome demonstrativo o, o verbo SER fica no
SINGULAR:
"Inimigos É o que não lhe falta."
"Eleições diretas É o que o povo queria."

h) Antes de muito, pouco, bastante, demais...(=indicação de preço,
quantidade, medida, porção ou equivalente), o verbo SER fica no
SINGULAR:
"Mil dólares É MUITO por este trabalho."
"Dez quilômetros É DEMAIS para mim."
"Duas lutas SERÁ POUCO para ele ganhar experiência."

Por Fascículo > 3. Concordância Nominal e Plural

Regra básica: Os artigos, os adjetivos, os pronomes e os numerais devem
concordar com o substantivo em gênero e número.
"Mas não é só nos chamados mercados EMERGENTES."
"Muitos contêm bactérias CAUSADORAS de desidratação por diarréia."
"As empresas sentiram o quanto são IMPORTANTES estes encontros."
"Recebeu R$12.419 bilhões LÍQUIDOS."
"Vicentinho pediu EMPRESTADOS um paletó e uma gravata."
"Alguns índios já declaram guerra à espécie de jacaré mais AGRESSIVA
que vive no Brasil."
"Os fiscais apreenderam trinta quilos de peixe ESTRAGADO."
"Ele disse ter achado ESTRANHA a demora dos policiais em comunicar a
operação aos superiores."
"As bolsas brasileiras acompanharam a tendência americana e fecharam
praticamente ESTÁVEIS."
"Pediu EMPRESTADA a quantia de dez mil dólares."
"Ele tachou de ABSURDAS as declarações do deputado."
"O juiz considerou ILEGAIS os dois gols."
"Uma pequena parte do lixo é REAPROVEITADA."
"Devido a este acidente, ele ficou com parte do corpo PARALISADA."
"As praias estavam lotadas. A maioria, PAULISTANA."
ou "Na maioria, PAULISTANOS."

OBSERVAÇÃO 1:
"São cem metros LIVRES." e "São duzentos metros RASOS."
Porém: "São cem metros PEITO ou BORBOLETA."
"Vamos conferir os recordes dos cem metros nado BORBOLETA FEMININO."
"Cleber Machado narra os cem metros PEITO FEMININO."
Sugestão: Se usarmos a palavra NADO expressa na frase, jamais haverá
dúvida. Todos os adjetivos ficarão no MASCULINO SINGULAR:
"200 metros nado LIVRE MASCULINO"
"200 metros nado BORBOLETA FEMININO"
"200 metros nado PEITO MASCULINO"
"200 metros nado COSTAS FEMININO".

OBSERVAÇÃO 2:
O certo é "Seleção MASCULINA de vôlei", e não "Seleção de vôlei
masculino";
"Circuito mundial FEMININO de vôlei de praia, e não "Circuito mundial
de vôlei de praia feminino".

OBSERVAÇÃO 3:
Caso o adjetivo se refira a vários substantivos de gêneros diferentes, a
concordância deve ser feita no MASCULINO PLURAL:
"Pêlos, dentes e barbatanas foram ANALISADOS ..."
"Compraram motores e peças ESTRANGEIROS."
"Todo dia, o paulistano enfrenta trânsito e ruas CAÓTICOS."

Se os substantivos forem do mesmo gênero, o adjetivo mantém o gênero e
concorda no PLURAL:
"Os garis da Comlurb passaram o dia retirando a lama e as pedras que
ficaram ATRAVESSADAS na pista."
"A língua e a literatura INGLESAS foram as escolhidas."
"Estavam NERVOSOS o gerente e o diretor."

OBSERVAÇÃO 4:
Quando o adjetivo vier antes de vários substantivos, ele deve concordar
com o substantivo mais próximo:
"Escolheu MÁ hora e lugar."
"Escrevia LONGAS histórias e relatórios."

OBSERVAÇÃO 5:
Quando o substantivo é qualificado por mais de um adjetivo, tratando-se
de seres diferentes, o substantivo fica no PLURAL (ou no singular, se
repetir o artigo):
"Completou OS CURSOS básico e intermediário."
"Completou o CURSO básico e o intermediário."
"Precisam aprender AS LÍNGUAS inglesa, espanhola e alemã."
"Precisam aprender a LÍNGUA inglesa, a espanhola e a alemã."
"Esta é a última semana para inscrição no concurso de Metrô, para AS
ÁREAS administrativa e operacional."

Casos especiais:

1. O AGRAVANTE ou A AGRAVANTE ?
AGRAVANTE é palavra feminina.
"Havia UMA AGRAVANTE: o motorista estava alcoolizado."

OBSERVAÇÃO:
ATENUANTE também é palavra feminina:
"O advogado alegou a existência de ALGUMAS ATENUANTES."

2. ALERTA ou ALERTAS ?
É invariável.
"Nós ficamos ALERTA para isso."
"Os guardas estavam ALERTA."
ALERTA geralmente é um advérbio. Como adjetivo, alguns autores aceitam
a forma plural: "Nós ficamos ALERTAS e os guardas estavam ALERTAS".

OBSERVAÇÃO 1:
Os advérbios são invariáveis:
"A bola rola MACIO na Supercopa."
"Milhares de brasileiros vivem ILEGAL nos Estados Unidos." (Melhor:
"ilegalmente")

OBSERVAÇÃO 2:
TODO (=totalmente) é o único advérbio que se flexiona:
"A Ilha do Governador está TODA reformada."
"A porta está TODA fechada."

3. ANEXO ou EM ANEXO ?
É um adjetivo. Deve concordar.
EM ANEXO é invariável.
"O formulário segue ANEXO (ou EM ANEXO)."
"ANEXOS (=ou EM ANEXO) seguem os formulários."
"A nota e o troco vão ANEXOS."
"Encontramos o registro ANEXO à certidão."

4. Plural das palavras terminadas em "ÃO"
a) A maioria muda a terminação "ão" em "ÕES":
anfitriões, balões, botões, espiões, feijões, gaviões, limões, mamões,
melões, zangões...
OBSERVAÇÃO 1:
Neste grupo incluem-se todos os aumentativos:
casarões, chapelões, dramalhões, facões, narigões, paredões, pobretões,
vozeirões...

b) Um pequeno número de palavras muda "ão" em "ÃES":
afegães, alemães, cães, capelães, capitães, catalães, escrivães, pães,
sacristães, tabeliães...

c) Um pequeno número de palavras acrescenta um "s" (=ÃOS):
cidadãos, cortesãos, cristãos, grãos, irmãos, mãos, pagãos, vãos...
OBSERVAÇÃO 2:
Neste grupo incluem-se todas as palavras paroxítonas:
acórdãos, bênçãos, órfãos, órgãos, sótãos...

d) Muitas palavras admitem duas ou até três formas de plural:
alazães ou alazões;
aldeãos, aldeães ou aldeões;
anãos ou anões;
anciãos, anciães ou anciões;
artesãos (=artífice) ou artesões (=adorno arquitetônico);
castelãos ou castelões;
charlatães ou charlatões;
cirurgiães ou cirurgiões;
corrimãos ou corrimões;
ermitãos, ermitães ou ermitões;
faisães ou faisões;
guardiães ou guardiões;
hortelãos ou hortelões;
refrãos ou refrães;
sacristãos ou sacristães;
sultãos, sultães ou sultões;
verãos ou verões;
vilãos, vilães ou vilões;
vulcãos, vulcães ou vulcões.

5. BASTANTE ou BASTANTES ?
Como advérbio de intensidade (=muito) é invariável:
"Eles trabalharam BASTANTE para chegar até aqui."
"Eles ficaram BASTANTE cansados." (Neste caso, é preferível usar "MUITO
cansados")

OBSERVAÇÃO 1:
Como pronome indefinido (=antes de um substantivo), deverá concordar com
o substantivo:
"Está com BASTANTES problemas para resolver." (É melhor: "MUITOS
problemas)
"O dia fica aberto, com BASTANTE sol em todas as regiões."
(Simplesmente "com sol" seria melhor)
Devemos evitar o uso de BASTANTE como pronome indefinido.

OBSERVAÇÃO 2:
Como adjetivo (após um substantivo = suficiente), deve concordar com o
substantivo:
"Ele já tem provas BASTANTES para incriminar o réu." (É melhor: "provas
SUFICIENTES")
"As provas já são BASTANTES para incriminar o réu." (É melhor: "As
provas já são O BASTANTE para incriminar o réu." / É preferível: "As
provas já são SUFICIENTES para incriminar o réu.")

6. O CAIXA ELETRÔNICO ou A CAIXA ELETRÔNICA ?
O certo é: O CAIXA ELETRÔNICO.
O objeto é substantivo feminino: A CAIXA:
"A CAIXA registradora estava quebrada."
O funcionário pode ser masculino ou feminino, conforme o sexo da pessoa:
O CAIXA ou A CAIXA.
Em expressões como "passe NO CAIXA" ou "vou AO CAIXA", usamos o artigo
masculino, pois nos referimos ao funcionário genericamente, não
importando o seu sexo. Em razão disso, devemos usar O CAIXA ELETRÔNICO.

7. CHAPÉUS ou CHAPÉIS ?
O certo é: CHAPÉUS.
As palavras terminadas em "éu" fazem plural em "éus" (=com a desinência
"s"): réu / réus; troféu / troféus; fogaréu / fogaréus...

OBSERVAÇÃO:
As palavras terminadas em "el" fazem plural em "éis": papel / papéis;
pastel / pastéis; anel / anéis...

8. O COMA ou A COMA ?
COMA é uma palavra masculina:
"Ela entrou em COMA ALCOÓLICO."

9. Plural das palavras COMPOSTAS
a) Quando o substantivo composto é constituído de palavras que se
escrevem ligadamente, sem hífen, somente o último elemento vai para o
plural:
aguardentes, pontapés, vaivéns...

b) Quando a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de substantivos,
os dois vão para o plural:
abelhas-mestras, amigos-ursos, capitães-tenentes, capitães-aviadores,
cartas-bilhetes, cirurgiões-dentistas, couves-flores, decretos-leis,
micos-leões, pesos-galos, porcos-espinhos, sacis-pererês,
tamanduás-bandeiras, tenentes-coronéis...

c) Quando a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de substantivos e
segundo faz papel de adjetivo, só o primeiro vai para o plural:
bombas-relógio, canetas-tinteiro, carros-bomba, decretos-lei,
elementos-chave, homens-macaco, homens-rã, licenças-prêmio,
livros-caixa, mangas-rosa, navios-escola, operários-padrão,
papéis-moeda, peixes-boi, pombos-correio, salários-família,
tatus-bola...

OBSERVAÇÃO 1:
A diferença é a seguinte:
Em TENENTE-CORONEL, o segundo substantivo NÃO faz papel de adjetivo (=
tenente-coronel NÃO é um tipo de tenente). O plural é:
TENENTES-CORONÉIS;
Em OPERÁRIO-PADRÃO, o segundo substantivo faz o papel de adjetivo (=
operário-padrão é um tipo de operário). O plural é: OPERÁRIOS-PADRÃO.
Observe que algumas palavras aceitam as duas formas de plural:
DECRETOS-LEIS ou DECRETOS-LEI.
Observe também que muitas palavras NÃO seguem esta regra:
CIDADES-SATÉLITES, MICOS-LEÕES, TAMANDUÁS-BANDEIRAS...

d) Se a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de um substantivo e
um adjetivo (ou adjetivo + substantivo), os dois elementos vão para o
plural:
altas-rodas, altos-fornos, amores-perfeitos, batatas-doces, boas-novas,
bóias-frias, bons-dias, cabeças-chatas, cachorros-quentes, dedos-duros,
ervas-doces, guardas-civis, lugares-comuns, mamões-machos, mãos-bobas,
marias-moles, matérias-primas, meias-luas, meios-fios, obras-primas,
ovelhas-negras, peles-vermelhas, puros-sangues...

OBSERVAÇÃO 2:
Observe a diferença:
Em LIVRO-CAIXA, LIVRO e CAIXA são dois substantivos. O segundo
substantivo (=CAIXA) faz o papel de adjetivo (livro-caixa é um tipo de
livro) = só o primeiro vai para o plural: LIVROS-CAIXA.
Em CAIXA-PRETA, CAIXA é substantivo e PRETA é adjetivo. Os dois
elementos devem ir para o plural: CAIXAS-PRETAS.

e) Se a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de um numeral e um
substantivo, os dois elementos vão para o plural:
primeiros-ministros, segundos-sargentos, terças-feiras, quartas-feiras,
quintas-feiras, sextas-feiras...

f) Se a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de um verbo e um
substantivo, somente o substantivo vai para o plural:
Arranha-céus, bate-papos, guarda-chuvas, lança-perfumes, lava-pés,
mata-borrões, pára-brisas, pára-choques, pára-lamas, porta-bandeiras,
porta-vozes, quebra-cabeças, quebra-molas, salva-vidas, vira-latas...

OBSERVAÇÃO 3:
Observe a diferença:
Em GUARDA-CIVIL, GUARDA é substantivo e CIVIL é adjetivo. Os dois vão
para o plural: GUARDAS-CIVIS, guardas-noturnos, guardas-florestais...
Em GUARDA-CHUVA, GUARDA é verbo e CHUVA é substantivo. Só o substantivo
vai para o plural: GUARDA-CHUVAS, guarda-louças, guarda-roupas,
guarda-costas...

g) Se a palavra composta, com HÍFEN, é constituída de dois ou mais
adjetivos, somente o último adjetivo vai para o plural:
Consultórios MÉDICO-CIRÚRGICOS
Candidatos SOCIAL-DEMOCRATAS
Atividades TÉCNICO-CIENTÍFICAS
Problemas POLÍTICO-ECONÔMICOS
Cabelos CASTANHO-ESCUROS
Olhos VERDE-CLAROS

OBSERVAÇÃO 4:
Os adjetivos compostos referentes a cores são INVARIÁVEIS quando o
segundo elemento é um substantivo: verde-garrafa, verde-mar,
verde-musgo, verde-oliva, azul-céu, azul-piscina, amarelo-ouro,
rosa-choque, vermelho-sangue...
Observe a diferença:
1. Olhos VERDE-CLAROS = cor + adjetivo (claro ou escuro);
2. Calças VERDE-GARRAFA = cor + substantivo.
Também são invariáveis: AZUL-CELESTE e AZUL-MARINHO.

h) Se houver uma preposição entre os dois substantivos, só o primeiro
elemento vai para o plural:
amigos-da-onça, bicos-de-papagaio, dores-de-cotovelo, estrelas-do-mar,
generais-de-divisão, grãos-de-bico, joões-de-barro, mulas-sem-cabeça,
pais-de-santo, pães-de-ló, pés-de-cabra, pés-de-moleque, pores-do-sol...

OBSERVAÇÃO 5:
Os FORA-DA-LEI, os FORA-DE-SÉRIE...são INVARIÁVEIS.

i) Se o primeiro elemento for advérbio, preposição ou prefixo, somente o
segundo elemento vai para o plural:
abaixo-assinados, alto-falantes, ante-salas, anti-semitas,
auto-retratos, bel-prazeres, contra-ataques, grão-duques,
recém-nascidos, sem-vergonhas, super-homens, todo-poderosos,
vice-campeões...

OBSERVAÇÃO 6:
Os SEM-TERRA, os SEM-TETO...são INVARIÁVEIS.

OBSERVAÇÃO 7:
Se a palavra composta é constituída por advérbio + pronome + verbo,
somente o último elemento varia: bem-me-queres, bem-te-vis,
não-me-toques...

j) Se a palavra composta é constituída pela repetição das palavras
(onomatopéias = reprodução dos sons), o segundo elemento vai para o
plural:
bangue-bangues, pingue-pongues, reco-recos, tique-taques...

k) Casos especiais:
Os arco-íris, as ave-marias, os banhos-maria, os joões-ninguém, os
louva-a-deus, os lugar-tenentes, os mapas-múndi, os padre-nossos, as
salve-rainhas, os surdos-mudos...

l) São INVARIÁVEIS:
· compostos de verbo + palavra invariável:
os bota-fora, os cola-tudo, os topa-tudo...
· compostos de verbos de sentido oposto:
os entre-e-sai, os leva-e-traz, os perde-ganha, os sobe-e-desce, os
vai-volta...
· expressões substantivadas:
os bumba-meu-boi, os chove-não-molha, os disse-me-disse...

10. CONFORME ou CONFORMES ?
Como conjunção conformativa (=segundo, como) é invariável:
"Fez tudo CONFORME os procedimentos estabelecidos."
"CONFORME as leis vigentes, esta é a única solução."
Como adjetivo, deve concordar com o substantivo a que se refere:
"Durante a auditoria, só encontraram produtos CONFORMES."
"Ficaram CONFORMES (=CONFORMADOS) com a atual situação."

11. DEGRAUS ou DEGRAIS ?
O certo é: DEGRAUS.
As palavras terminadas em "au" fazem plural com o acréscimo de "s":
degrau / degraus; grau / graus...

OBSERVAÇÃO:
As palavras terminadas em "al" fazem plural em "ais": animal / animais,
canal / canais; igual / iguais...

12. Plural dos DIMINUTIVOS (=em ZINHO ou ZITO)
Nos diminutivos formados com os sufixos -ZINHO e -ZITO, a regra é a
seguinte:
1º) Ponha a palavra primitiva no plural:
PAPEL > PAPÉIS
BALÃO > BALÕES
FLOR > FLORES
2º) Acrescente o sufixo do diminutivo (=zinho, zinha, zito), passando a
desinência do plural (="s") para depois do sufixo:
PAPÉI (s) + ZINHO + S = PAPEIZINHOS
BALÕE (s)+ ZINHO + S = BALÕEZINHOS
FLORE (s)+ ZINHA + S = FLOREZINHAS

OBSERVAÇÃO 1:
Os acentos gráficos (=agudo e circunflexo) não são necessários no
diminutivo porque a sílaba tônica é a penúltima (="zi"): papeiZInhos.
O til permanece pois não é acento (=é sinal de nasalização):
balõezinhos.
Observa mais alguns exemplos:
ANEIZINHOS, ANIMAIZINHOS, AZUIZINHOS, BAREZINHOS, CÃEZITOS, CASAIZINHOS,
CORAÇÕEZINHOS, FAROIZINHOS, IGUAIZINHOS, MULHEREZINHAS, PÃEZINHOS...

OBSERVAÇÃO 2:
Quando o diminutivo é formado com o sufixo -INHO, basta acrescentar a
desinência do plural (="s"):
CRUZ + INHA = CRUZINHAS;
LUZ + INHA = LUZINHAS;
LÁPIS + INHO = LAPISINHOS;
PAÍS + INHO = PAISINHOS.

OBSERVAÇÃO 3:
Quando a palavra primitiva forma plural apenas com a desinência "s",
basta colocá-la depois do sufixo diminutivo:
CHAPÉU (s) + ZINHO = CHAPEUZINHOS;
DEGRAU (s) + ZINHO = DEGRAUZINHOS;
PAI (s) + ZINHO = PAIZINHOS;
MÃO (s) + ZINHA = MÃOZINHAS.
Observe a diferença:
ALEMÃ (s) + ZINHA = ALEMÃZINHAS;
ALEMÃO > ALEMÃE (s) + ZINHO = ALEMÃEZINHOS.

13. UM DÓ ou UMA DÓ ?
Os dicionários e as gramáticas afirmam que DÓ é palavra masculina:
"Senti UM grande DÓ de você."
"Fiquei com MUITO DÓ das crianças."

14. É PROIBIDO ou É PROIBIDA ?
Só concorda com o substantivo se estiver determinado:
"É PROIBIDA a entrada de estranhos."
"É PROIBIDO entrada de estranhos."
"A bebida alcoólica não é PERMITIDA."
"Bebida alcoólica não é PERMITIDO."
"Demissão em massa não é BOM para o governo."
"Sua demissão não foi BOA para o governo."

15. EXTRA ou EXTRAS ?
EXTRA, como adjetivo, deve concordar com o substantivo a que se refere:
"Trabalhou muitas horas EXTRAS."
"Fez vários serviços EXTRAS."

16. FAX ou FAXES ?
As palavras terminadas em "x" são invariáveis: os clímax, os tórax, os
ônix, os telex...
A princípio, devemos dizer:
"Ele recebeu dois FAX."
OBSERVAÇÃO:
Devido a BOXES (=plural de BOX), há quem defenda FAXES (=palavras
monossílabas terminadas em "x" fazem plural com o acréscimo de "es")

17. GRAVIDEZ ou GRAVIDEZES ?
As palavras terminadas em "z" fazem plural com o acréscimo de "es":
Luz / luzes; cruz / cruzes; rapaz / rapazes; juiz / juízes; gravidez /
GRAVIDEZES...

18. O GRAMA ou A GRAMA ?
GRAMA (=peso) é masculino:
"Comprou DUZENTOS GRAMAS de mortadela."
"Ela pediu UM QUILOGRAMA de carne."

19. UM GUARANÁ ou UMA GUARANÁ ?
GUARANÁ é substantivo masculino:
"Tome UM GUARANÁ."

20. HAJA VISTA ou HAJA VISTO ?
É invariável.
"Ele foi demitido HAJA VISTA o problema surgido."
"Ele foi dispensado HAJA VISTA os pontos atingidos."
"Ele foi reprovado HAJA VISTA as notas tiradas."

21. ÍDOLO ou ÍDALA ?
ÍDALA não existe. Devemos usar O ÍDOLO, independentemente do sexo:
"Ela é O maior ÍDOLO da nossa música."

22. JUNIORS ou JÚNIORES ou JUNIORES ?
O certo é: JUNIORES
As palavras terminadas em "r" fazem plural com o acréscimo de "es":
repórteres, revólveres, açúcares, mares, hambúrgueres, contêineres...
A novidade é a sílaba tônica, que se desloca da vogal "u" para a vogal
"o" (=pronuncia-se "juniôres").
Se você não gosta do plural de JÚNIOR, porque acha feio ou estranho, a
minha sugestão é construir a frase evitando o plural: em vez de "seleção
de juniores", diga "seleção de futebol júnior"; em vez de "campeonato de
juniores", diga "campeonato da categoria júnior".

OBSERVAÇÃO:
O mesmo se aplica a SÊNIOR. O plural é SENIORES. SÊNIOR vem do latim e
tem a mesma origem de SENHOR, SENIL e SENADOR.
Agora uma curiosidade. Todo senador romano devia ser "velho, de idade
avançada", o que significava conhecimento e experiência. Já a túnica
branca representava a pureza, daí a palavra candidato, derivada de
cândido. Graças a Deus, o ideal romano está vivo entre nós até hoje!

23. JUNTO ou JUNTOS ?
É um adjetivo e deve concordar com o substantivo a que se refere.
"Os fortes sentimentos vêm JUNTOS."
"Em campo, Romário e Ronaldinho JUNTOS."
"Uma vitória que a dupla de atacantes quer comemorar jogando JUNTA por
muito tempo ainda."

OBSERVAÇÃO 1:
JUNTO A / JUNTO DE (=perto de)
São sinônimos e invariáveis.
"Os dois chutes passaram JUNTO À trave."
"Os reservas estão JUNTO DA comissão técnica."
"Os hotéis ficam JUNTO AO viaduto."
"As casas estão JUNTO DA farmácia."
OBSERVAÇÃO 2:
Devemos evitar o uso de JUNTO A com outro sentido que não seja de "perto
de":
"Ele está preocupado com seu prestígio JUNTO À torcida."
É preferível: "...COM a torcida."
"O governo solicitou um empréstimo JUNTO AO Banco Mundial."
É preferível: "...NO Banco Mundial."

24. O LOTAÇÃO ou A LOTAÇÃO ?
O LOTAÇÃO é o "veículo de transporte" (=microônibus);
A LOTAÇÃO é o "ato de lotar".
"Entrou NO LOTAÇÃO e sumiu".
"Estamos com A LOTAÇÃO esgotada."

25. MEIO ou MEIA ?
Como numeral (=metade), deve concordar:
"Tomou MEIO litro de vodca."
"Tomou MEIA garrafa de vodca."
"Tomou uma garrafa e MEIA."
"Leu um capítulo e MEIO."
"São duas e MEIA da tarde."
"É meio-dia e MEIA."

OBSERVAÇÃO:
Como advérbio (=mais ou menos), é invariável:
"A aluna ficou MEIO nervosa."
"A diretoria está MEIO insatisfeita."
"Os clientes andam MEIO aborrecidos."

26. MELHOR ou MELHORES ?
A palavra MELHOR só pluraliza quando for adjetivo (= mais bom):
"Eles foram os MELHORES em campo."
A palavra MELHOR torna-se invariável quando for advérbio (= mais bem):
"Eles analisaram MELHOR os fatos."
"Eles se colocaram MELHOR."

OBSERVAÇÃO 1:
Devemos usar a forma MAIS BEM antes de particípios verbais:
"Os fatos foram MAIS BEM analisados."
"Eles estão MAIS BEM colocados."
"Até os ministros MAIS BEM colocados obtiveram índices baixos."
"Estes são os esqueletos de macaco MAIS BEM preservados(...) será
possível estudar MELHOR seus hábitos..."
"O Corinthians tem vinte e oito pontos e completa o grupo dois oito
MAIS BEM colocados."
"Aquele projeto é o melhor, o MAIS BEM-FEITO."
"O melhor jogador do mundo não é o MAIS BEM pago."
"Quem será o brasileiro MAIS BEM colocado?"
"Ele provou que estava MAIS BEM preparado."
OBSERVAÇÃO 2:
A mesma regra se aplica a MAIS MAL, MENOS BEM e MENOS MAL.
"Ele é o jogador MAIS MAL pago do futebol brasileiro."
"Nunca vi termo MAIS MAL utilizado que esse."

27. MENOS ou MENAS ?
MENAS não existe. Use sempre MENOS.
"Vieram MENOS pessoas que o esperado."
"Isso é de MENOS importância."

28. MESMO ou MESMA ?
MESMO (=próprio) é pronome e deve concordar.
"Andréia prefere a salgada e o brigadeiro é ela MESMA que faz."
"Nós MESMOS resolvemos o caso."
"As meninas feriram a si MESMAS."

OBSERVAÇÃO:
MESMO (=até, inclusive) é invariável:
"MESMO a diretoria não resolveu o problema."
"MESMO os professores erraram aquela questão."

29. O MILHAR ou A MILHAR ?
MILHAR e MILHÃO são substantivos masculinos.
"NOS MILHARES de linhas que li, não encontrei nada que me
interessasse."
"UM MILHÃO de pessoas e DOIS BILHÕES de dúvidas..."
"OS DOIS MILHÕES de mulheres...

OBSERVAÇÃO:
MIL é numeral, por isso, o artigo ou numeral que o acompanhe concordará
com o substantivo:
"AS MIL e UMA noites..."
"DOIS MIL candidatos compareceram à prova."
"DUAS MIL pessoas estavam na festa."

30. O MODELO ou A MODELO ?
MODELO é palavra masculina (gênero sobrecomum = O MODELO, seja homem ou
mulher). A tendência, hoje, é aceitar a sua transformação em palavra
COMUM DE DOIS GÊNEROS (=O MODELO e A MODELO).
"Ela é A MODELO mais famosa do Brasil."

31. MONSTRO ou MONSTRA ?
Todo substantivo, no papel de adjetivo, é INVARIÁVEL.
"Foram realizados diversos comícios MONSTRO."
"O juiz recebeu uma vaia MONSTRO."

OBSERVAÇÃO:
O nome de coisa (=substantivo), usado como cor (=adjetivo), é
INVARIÁVEL:
"Comprou uma blusa VINHO."
"Comprou duas camisas LARANJA."

32. OBRIGADO ou OBRIGADA ?
As mulheres devem dizer OBRIGADA.
"Muito OBRIGADA, disse ela."

33. O ÓCULOS ou OS ÓCULOS ?
ÓCULOS é um substantivo PLURAL.
"Onde ESTÃO OS MEUS ÓCULOS?"

34. UM OMELETE ou UMA OMELETE ?
OMELETE é um substantivo FEMININO.
"Ela vai comer UMA OMELETE."

35. O PERSONAGEM ou A PERSONAGEM.
Toda palavra terminada em "gem" é feminina. Deveria ser A PERSONAGEM,
não importando o sexo. Hoje, a tendência é usá-la como substantivo COMUM
DE DOIS GÊNEROS: O PERSONAGEM MASCULINO e A PERSONAGEM FEMININA.

36. A POETA ou A POETISA ?
O feminino de POETA é POETISA.
Há quem atribua juízo de valor à palavra: POETISA (=mulher que faz
versos) e A POETA (=uma autora de méritos).

37. A PRESIDENTA ou A PRESIDENTE ?
As duas formas são aceitáveis. Prefiro:
"Nélida Piñon foi a primeira PRESIDENTE da Academia Brasileira de
Letras."

38. QUALQUER ou QUAISQUER ?
O plural de QUALQUER é um caso especial. É uma palavra composta: QUAL
(plural = QUAIS) + QUER (verbo = sem plural). Portanto, o plural de
QUALQUER é QUAISQUER:
"Não pode estar, QUAISQUER que sejam os pretextos."

39. QUITE ou QUITES ?
Concorda normalmente com o substantivo a que se refere.
"Eu estou QUITE com meus credores."
"Nós estamos QUITES."

40. SÓ ou SÓS ?
SÓ (=somente, apenas) é invariável:
"Nesta sala, SÓ os dirigentes podem entrar."
SÓ (=sozinho) deve concordar:
"Os dirigentes ficaram SÓS."

41. O SÓSIA ou A SÓSIA ?
SÓSIA é uma palavra masculina:
"Precisamos de UM SÓSIA para aquela atriz."

42. UM TELEFONEMA ou UMA TELEFONEMA ?
TELEFONEMA é substantivo masculino.
"Saiu para dar UM TELEFONEMA."

43. TODO (=totalmente)
É advérbio de intensidade. Rigorosamente é invariável. É o único
advérbio que podemos flexionar:
"A empresa está com a sua estrutura TODA montada." ("TODO montada" ou
"TOTALMENTE montada")
"A camisa é TODA branca."
"A janela deve ser TODA pintada."

OBSERVAÇÃO:
Como pronome (=antes de substantivo), deve concordar:
"TODA janela deve ser pintada." (=qualquer janela)
"TODA a janela deve ser pintada." (=a janela inteira)
"TODO livro deve ser guardado."
"TODOS os livros devem ser guardados."

44. VOSSA EXCELÊNCIA ficou SATISFEITO ou SATISFEITA ?
VOSSA EXCELÊNCIA é um pronome de tratamento do gênero feminino, seja
homem ou mulher. Seguindo as regras gramaticais, diríamos: "VOSSA
EXCELÊNCIA ficou SATISFEITA".
Entretanto, quando se trata de homem, podemos concordar com a idéia
subentendida: "VOSSA EXCELÊNCIA ficou SATISFEITO". É que chamamos
Silepse de Gênero. É uma forma muito usual e totalmente aceitável.
Ao se dirigir a um juiz, você poderia perfeitamente dizer: "Vossa
Excelência foi muito JUSTA". Se ele se ofender, de duas uma: ou ele não
conhece a nossa gramática ou "não tem lá muita segurança". Que a
concordância no feminino está correta, não há dúvida. Dizem que é
perigoso. Imagine você perguntando a um ministro: "Vossa Excelência esta
CANSADA?" E ele responde: "É verdade, estou MORTA." (???)

45. ZERO GRAU ou ZERO GRAUS ?
O numeral ZERO deixa a palavra seguinte no SINGULAR.
"Estava ZERO GRAU."
"É ZERO HORA."

Por Fascículo > 4. Verbos

Uso dos verbos irregulares
Uso do IMPERATIVO
Uso do INFINITIVO
Uso do PARTICÍPIO

Flexões Verbais
Uso dos verbos irregulares

1. Eu ABULO ou ABOLO ?
Nenhum dos dois.
O verbo ABOLIR é defectivo (=não possui a 1ª pessoa do singular do
presente do indicativo e nenhuma do presente do subjuntivo):
[FieldElemFormat=gif]
A solução é "eu estou abolindo".

2. Eu ADÉQUO ou ADEQUO ?
Nenhum dos dois. O verbo ADEQUAR é defectivo: no presente do indicativo
só apresenta a 1ª e a 2ª pessoa do plural; nada no presente do
subjuntivo; pretérito e futuro são normais.
[FieldElemFormat=gif]
Portanto, dizer que "isto não se adéqua ou adequa ..." está errado.
A solução é: "isto não está adequado ou não é adequado..."

3. Eu ADIRO ou ADERO ?
O certo é ADIRO.
[FieldElemFormat=gif]

OBSERVAÇÃO 1:
Quando um verbo é irregular na 1ª pessoa do singular do presente do
indicativo (ADERIR > eu adiro), todo o presente do subjuntivo é
irregular (que eu adira, que tu adiras...)

OBSERVAÇÃO 2:
A irregularidade de mudar a vogal "e" em "i" (=na 1a pess. do sing. do
presente do indicativo e em todo o presente do subjuntivo) ocorre em
outros verbos: FERIR (firo), AFERIR (afiro), INGERIR (ingiro), INSERIR
(insiro), PRETERIR (pretiro), COMPETIR (compito), REPETIR (repito),
DESPIR (dispo), DISCERNIR (discirno), DIVERGIR (divirjo), ADVERTIR
(advirto), REFLETIR (reflito), SEGUIR (sigo), SENTIR (sinto), MENTIR
(minto), SERVIR (sirvo), VESTIR (visto), INVESTIR (invisto), IMPELIR
(impilo)...

4. Eu APAZÍGUO ou APAZIGUO ?
O certo é APAZIGUO (=sílaba tônica é a penúltima: "gu").
Os verbos APAZIGUAR, AVERIGUAR, OBLIQUAR, ARGÜIR... apresentam a
vogal "u" tônica, nas formas rizotônicas (=1a, 2ª, 3ª pessoa do singular
e 3ª do plural dos tempos do presente):
PRESENTE DO INDICATIVO
[FieldElemFormat=gif]

PRESENTE DO SUBJUNTIVO (=que...)
[FieldElemFormat=gif]

OBSERVAÇÕES:
a) Quando a vogal "u" é tônica e seguida de "e" ou "i", devemos usar o
acento agudo: que eu apazigúe, tu apazigúes, ele averigúe, eles
averigúem, tu argúis, ele argúi, eles argúem...
b) Quando a vogal "u" não é tônica, é pronunciada e seguida de "e" ou
"i", devemos usar o trema: nós argüimos, vós argüis, que nós
apazigüemos, averigüemos, averigüeis...
c) Quando a vogal "u", tônica ou átona, é seguida de "o" ou "a", não
devemos usar nem trema nem acento agudo: apaziguo, averiguo, arguo,
apazigua, averigua, argua, apaziguamos, averiguamos, arguamos...

5. Eu ARREIO ou ARRIO ?
Os dois estão certos.
Eu ARREIO é do verbo ARREAR (=pôr os arreios);
Eu ARRIO é do verbo ARRIAR (=abaixar, descer).

OBSERVAÇÃO 1:
Todos os verbos terminados em "-EAR" (ARREAR, CEAR, FREAR, PASSEAR,
PENTEAR, RECEAR, RECREAR, SABOREAR...) são irregulares: fazem um ditongo
"EI" nas formas rizotônicas (1ª, 2ª, 3ª do sing. e 3ª do plural, nos
tempos do presente):
[FieldElemFormat=gif]

OBSERVAÇÃO 2:
Os verbos terminados em "-IAR" (ARRIAR, ANUNCIAR,COPIAR, MIAR, PREMIAR,
VARIAR...) são regulares, exceto: ANSIAR, INCENDIAR, ODIAR, MEDIAR,
INTERMEDIAR e REMEDIAR, que são irregulares (= ditongo "EI" nas formas
rizotônicas):
Observe a diferença:
PRESENTE DO INDICATIVO
[FieldElemFormat=gif]

PRESENTE DO SUBJUNTIVO
[FieldElemFormat=gif]

Portanto, o certo é:
Ele anseia, incendeia, odeia, medeia, intermedeia e remedeia
(=irregulares); mas...
Ele arria, anuncia, copia, mia, premia, varia...
O verbo MAQUIAR (=maquilar) também é regular: maquio, maquias, maquia...

6. Eu CAIBO ou CABO ?
O certo é CAIBO.
No presente do indicativo, a irregularidade está só na 1ª pessoa do
singular: eu CAIBO, tu cabes, ele cabe...
Portanto, todo o presente do subjuntivo será irregular: que eu CAIBA, tu
CAIBAS, ele CAIBA, nós CAIBAMOS, vós CAIBAIS, eles CAIBAM.
Nos tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo, ocorre outra
irregularidade:
Pretérito Perfeito do Indicativo: eu COUBE, tu COUBESTE, ele COUBE...
Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: COUBERA
Futuro do Subjuntivo: quando eu COUBER

7. Eu COLORO ("ô") ou COLORO ("ó") ?
Nenhum dos dois.
O verbo COLORIR é defectivo. Não possui a 1ª pessoa do singular do
presente
do indicativo e nada no presente do subjuntivo.
A solução é "eu estou colorindo".

8. Eu COMPUTO, tu COMPUTAS, ele COMPUTA ?
Nenhum dos três.
O verbo COMPUTAR é defectivo. No presente do indicativo, só apresenta
plural:
nós COMPUTAMOS
vós COMPUTAIS
eles COMPUTAM.
O pretérito e o futuro são regulares.
Se a forma ele computa é inaceitável, podemos usar "ele está computando"
ou substituir por um sinônimo (="ele calcula").

9. Eles CRÊM ou CRÊEM ?
O certo é CRÊEM.
Os verbos CRER, DAR, LER e VER (=grupo CRÊ-DÊ-LÊ-VÊ) são os únicos que
fazem o hiato "-ÊEM" na 3ª pessoa do plural:
Ele crê - eles CRÊEM
Que ele dê - eles DÊEM
Ele lê - eles LÊEM
Ele vê - eles VÊEM

OBSERVAÇÃO 1:
Os verbos derivados do grupo CRÊ-DÊ-LÊ-VÊ seguem esta regra: eles
descrêem, relêem, prevêem...
OBSERVAÇÃO 2:
Cuidado com o pretérito perfeito do indicativo do verbo CRER: eu CRI,
ele CREU, eles CRERAM.

10. Eu DEMULO ou DEMOLO ?
Nenhum dos dois.
O verbo DEMOLIR é defectivo (=ABOLIR): não possui a 1ª pessoa do
singular
do presente do indicativo e nada no presente do subjuntivo.
A solução é: "eu estou demolindo" ou "eu destruo".

11. Eles DETERAM ou DETIVERAM ?
O certo é DETIVERAM.
O verbo DETER, como todos os derivados do verbo TER (=ABSTER, ATER,
CONTER, MANTER, OBTER, RETER...), deve seguir o modelo do verbo
primitivo:
Ele teve - ele DETEVE (=absteve, manteve...)
Eles tiveram - eles DETIVERAM (=mantiveram, retiveram...)
Se ele tivesse - ele DETIVESSE (=contivesse, mantivesse...)
Quando eu tiver - eu DETIVER (=obtiver, retiver...)

O VERBO é, provavelmente, um "ser traumatizado". É mal falado desde a
infância. As crianças o detestam e os adultos o maltratam, mas todos
precisam dele. Sem o VERBO, nossa comunicação seria muito deficiente.
Os verbos irregulares são os que mais sofrem em nossas mãos. Li
recentemente no JB: "Se eles conterem o emocional chegam à final". Além
da rima (emocional e final), podemos observar o mau uso do verbo CONTER.
O certo é: "Se eles CONTIVEREM o emocional..."
O verbo CONTER é derivado do verbo TER. Deve, por isso, seguir a
conjugação do verbo primitivo (=TER):
"Se eles TIVEREM..." > "Se eles CONTIVEREM..."
Esta regra vale para todos os verbos derivados de TER: CONTER, MANTER,
DETER, RETER, OBTER, ABSTER...
Há muito tempo, encontrei esta manchete num bom jornal:
"Policiais não deteram os suspeitos."
Deve ser por isso que eles fogem! Deteram é impossível! O certo é:
"Policiais não DETIVERAM os suspeitos."
A 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo do verbo TER é
TIVERAM. Assim sendo, temos: eles DETIVERAM, RETIVERAM, OBTIVERAM,
MANTIVERAM...

12. Se eu DIZER ou DISSER ?
O certo é "se eu DISSER".
O futuro do subjuntivo do verbo DIZER é:
Se eu DISSER
tu DISSERES
ele DISSER
nós DISSERMOS
vós DISSERDES
eles DISSEREM

OBSERVAÇÃO:
Os verbos regulares não fazem diferença entre o infinitivo e o futuro do
subjuntivo:
"Ao ENTRAR em campo, o Flamengo foi aplaudido." (=infinitivo)
"O Flamengo exigiu segurança para ENTRAR em campo." (=infinitivo)
"Quando o Flamengo ENTRAR em campo, será aplaudido." (=futuro do
subjuntivo)
"Se o Flamengo ENTRAR em campo, será aplaudido." (=futuro do
subjuntivo)
Os verbos irregulares fazem diferença:
"Ao SABER a verdade, começou a chorar." (=infinitivo)
"Se SOUBER a verdade, começará a chorar." (=futuro do subjuntivo)
"Ele veio até aqui para DIZER a verdade." (=infinitivo)
"Quando ele DISSER a verdade, ninguém acreditará." (=futuro do
subjuntivo)

13. Ele ENTUPE ou ENTOPE ?
As duas formas são aceitáveis.
Os verbos ENTUPIR e DESENTUPIR, hoje, são abundantes (=possuem duas
formas corretas):
Tu entupes ou entopes; desentupes ou desentopes;
Ele entupe ou entope; desentupe ou desentope;
Eles entupem ou entopem; desentupem ou desentopem.

14. Que ele ESTEJA ou ESTEJE ?
O certo é ESTEJA.
A desinência do presente do subjuntivo do verbo ESTAR é "a "(=ter, ser):
Que eu ESTEJA, TENHA, SEJA...
Portanto, quem diz "teje preso" talvez "esteje passando mal" ou "seje
inguinorante".

15. Eles EXPORAM ou EXPUSERAM ?
O certo é EXPUSERAM.
O verbo EXPOR, como todos os derivados do verbo PÔR (=APOR, COMPOR,
DEPOR, DISPOR, IMPOR, PROPOR, SUPOR...), deve seguir o verbo primitivo:
[FieldElemFormat=gif]

16. Eu EXTORCO ou ESTOU EXTORQUINDO ?
Devemos usar ESTOU EXTORQUINDO, porque o verbo EXTORQUIR é defectivo:
não possui 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e nada no
presente do subjuntivo.

17. Eu FALO ou ESTOU FALINDO ?
Eu FALO, se for do verbo FALAR.
O verbo FALIR é defectivo - só possui nós FALIMOS e vós FALIS no
presente do indicativo; nada no presente do subjuntivo; pretérito e
futuro são regulares.
A solução para o verbo FALIR é "eu ESTOU FALINDO" ou "eu ESTOU INDO À
FALÊNCIA".

18. FAZEREM ou FIZEREM ?
FAZEREM é infinitivo: "Houve uma ordem para eles FAZEREM o teste."
FIZEREM é futuro do subjuntivo: "Só poderão sair se FIZEREM o teste."

19. HAVEMOS ou HEMOS ?
As duas estão corretas.
O verbo HAVER é abundante:
PRESENTE DO INDICATIVO
Eu HEI
Tu HÁS
Ele HÁ
Nós HEMOS ou HAVEMOS
Vós HEIS ou HAVEIS
Eles HÃO

20. Ele INTERVIU ou INTERVEIO ?
O certo é INTERVEIO.
O verbo INTERVIR, como todos os derivados do verbo VIR (=ADVIR, CONVIR,
PROVIR, SOBREVIR...), deve seguir o verbo primitivo:
[FieldElemFormat=gif]

OBSERVAÇÃO:
a) Ele VEM (singular = sem acento); eles VÊM (plural = com acento);
b) Para os verbos derivados:
Ele INTERVÉM, PROVÉM, CONVÉM ... (singular = acento agudo);
Eles INTERVÊM, PROVÊM, CONVÊM ... (plural = acento circunflexo).

21. Que nós LEAMOS ou LEIAMOS ?
O certo é LEIAMOS.
A 1ª pessoa do singular do presente do indicativo é: "Eu LEIO".
Conseqüentemente, todo o presente subjuntivo será irregular também:
Que... Eu LEIA
Tu LEIAS
Ele LEIA
Nós LEIAMOS
Vós LEIAIS
Eles LEIAM

22. Se eu MANTESSE ou MANTIVESSE ?
O certo é MANTIVESSE.
MANTER é derivado do verbo TER, por isso deve seguir o modelo do verbo
primitivo:
Se eu tivesse - MANTIVESSE
Ontem eles tiveram - MANTIVERAM
Quando nós tivermos - MANTIVERMOS

Na triste derrota do Brasil para a Itália (2 x 3) na Copa da Espanha em
1982, ouvi, com mais tristeza ainda, um de nossos comentaristas
esportivos afirmar: "Era necessário que o Brasil mantesse o empate."
Mas...é por isso que perdemos. Não sabemos nem falar! O certo é : "Era
necessário que o Brasil MANTIVESSE o empate."
O verbo TER, no pretérito imperfeito do subjuntivo, fica: "se ele
TIVESSE". Logo, devemos usar: MANTIVESSE, RETIVESSE, CONTIVESSE,
OBTIVESSE...

23. Eu MEÇO ou MESSO ?
O certo é MEÇO.
MEDIR apresenta a mesma irregularidade do verbo PEDIR:
Eu peço - eu meço
Ele pede - ele mede
Que ele peça - que ele meça

24. Eu MOBÍLIO ou MOBILIO
O certo é MOBÍLIO (=com sílaba tônica no "bí").
O verbo MOBILIAR só é irregular quanto à sílaba tônica. Nas formas
rizotônicas, "bí" é a sílaba tônica (=com acento agudo):
[FieldElemFormat=gif]

25. Eu OPTO ou ÓPITO ou OPITO ?
O certo é OPTO.
O verbo OPTAR não possui "i":
Eu opto, tu optas, ele opta, nós optamos, vós optais, eles optam.

26. PERCA ou PERDA ?
PERDA é o substantivo: "Houve uma PERDA irreparável."
PERCA é verbo (=presente do subjuntivo): "É preciso que você PERCA três
quilos."

27. PODE ou PÔDE ou POUDE ?
Poude não existe.
Ele PODE (=presente do indicativo);
Ele PÔDE (=pretérito perfeito do indicativo).
[FieldElemFormat=gif]

28. Se eu POR, PUZER ou PUSER ?
O certo é PUSER.
POR (=sem acento) é preposição: "Eu vou POR este caminho".
PÔR é o infinitivo do verbo: "Eu vou PÔR o livro sobre a mesa."
PUSER é o futuro do subjuntivo: "Se você PUSER o casaco, sairemos."
OBSERVAÇÃO:
Nas formas verbais de PÔR, o som "zê" é escrito sempre com "s":
Eu pus, tu puseste, ele pôs, pusemos, puseram, pusesse, pusera,
pusermos, puserem...

29. Eu me PRECAVENHO ou PRECAVEJO ?
Nenhum dos dois.
O verbo PRECAVER-SE é defectivo:
no presente do indicativo, só possui PRECAVEMOS e PRECAVEIS;
no presente do subjuntivo, nada;
o pretérito e o futuro são regulares (ele se PRECAVEU, ele se
PRECAVERÁ).
A solução é "estou me precavendo" ou substituir por sinônimo (="eu me
previno", "eu tomo cuidado"...)

30. PROVEJO ou PROVENHO ?
PROVEJO é do verbo PROVER (=abastecer);
PROVENHO é do ver PROVIR (=originar, vir de).

OBSERVAÇÃO 1:
O verbo PROVIR segue o verbo VIR:
Eu venho - eu provenho
Ele vem - ele provém
Eles vêm - eles provêm
Nós vimos - nós provimos (=presente do indicativo)
Nós viemos - nós proviemos (=pretérito perfeito do indicativo)
Eu vim - eu provim
Ele veio - ele proveio
Eles vieram - eles provieram
Se eu viesse - se eu proviesse
Quando eu vier - quando eu provier

OBSERVAÇÃO 2:
O verbo PROVER só segue o verbo VER nos tempos do presente:
Eu vejo - eu provejo
Ele vê - ele provê
Eles vêem - eles provêem
Que eu veja - que eu proveja
No pretérito e no futuro, é REGULAR:
Ele proveu, eles proveram (=pretérito perfeito do indicativo);
Se eu provesse (=pretérito imperfeito do subjuntivo);
Quando eu prover (=futuro do subjuntivo);
Eu proverei (=futuro do presente do indicativo);
Eu proveria (=futuro do pretérito do indicativo).

31. QUIZ ou QUIS ?
O certo é QUIS.
Nas formas do verbo QUERER, o som "zê" é sempre escrito com "s":
tu quiseste, ele quis, eles quiseram, se eu quisesse, quando eu
quiser...

OBSERVAÇÃO:
QUISER é futuro do subjuntivo: quando eu quiser, se eu quiser...
QUERER é infinitivo: "Fez isso para eu querer sair."

32. Eu REAVEJO ou REAVENHO ?
Nenhum dos dois.
O verbo REAVER é defectivo:
no presente do indicativo, só há nós REAVEMOS e vós REAVEIS;
no presente do subjuntivo, nada;
no pretérito e no futuro, segue o verbo HAVER.
A solução é "eu estou reavendo" ou substituir por um sinônimo: "eu
recupero".

33. REAVERAM ou REAVIRAM ?
É a "famosa" dúvida do nada com coisa alguma. Nenhum dos dois.
O certo é REOUVERAM, porque REAVER é derivado do verbo HAVER:
Ele houve - ele REOUVE
Nós houvemos - nós REOUVEMOS
Eles houveram - eles REOUVERAM
Se eu houvesse - se eu REOUVESSE
Quando ele houver - quando ele REOUVER

REAVER não é "ver de novo". REAVER é "haver de novo", por isso deve
seguir o verbo HAVER

34. Ele REQUEREU ou REQUIS ?
O certo é REQUEREU.
REQUERER não é derivado do verbo QUERER. REQUERER não é "querer de
novo":
Eu requeiro (=presente indicativo), que eu requeira (=presente do
subjuntivo);
no pretérito e no futuro, REQUERER é regular: eu requeri, tu requereste,
ele REQUEREU, eles requereram (pret.perf.ind.); se eu requeresse
(pret.imp.subj.); quando ele requerer (fut.subj.)...
Nos tempos do passado e do futuro, o verbo REQUERER deve ser usado
segundo o padrão dos verbos regulares da 2ª conjugação:
[FieldElemFormat=gif]

35. Que eu ROBE ou ROUBE ?
O certo é ROUBE.
O verbo é ROUBAR (=sempre com a vogal "u").

36. SABER ou SOUBER ?
SABER é infinitivo: "Estude para você SABER mais."
SOUBER é futuro do subjuntivo: "Se eu SOUBER...", "Quando você
SOUBER..."

37. SAIA ou SAÍA ?
SAIA (=sem acento agudo) é presente do subjuntivo: que eu SAIA;
SAÍA (=com acento agudo) é pretérito imperfeito do indicativo:
antigamente eu SAÍA...

OBSERVAÇÃO:
O mesmo se aplica ao verbo CAIR:
CAIA (=presente do subjuntivo);
CAÍA (=pretérito perfeito do indicativo).

38. TEM ou TÊM ou TÊEM ?
TÊEM não existe.
Ele TEM (=3ª pessoa do singular do presente do indicativo);
Eles TÊM (=3ª pessoa do plural do presente do indicativo).

OBSERVAÇÃO 1:
Os verbos TER e VIR seguem o mesmo esquema:
3ª p. sing. = ele tem - ele vem (=sem acento gráfico);
3ª p. plur. = eles têm - eles vêm (=com acento circunflexo).

OBSERVAÇÃO 2:
Os verbos derivados de TER (conter, manter...) e VIR (intervir,
provir...) seguem o seguinte esquema:
3ª p. sing. = ele contém, mantém, intervém, provém (=com acento agudo);
3ª p. plur. = eles contêm, mantêm, intervêm, provêm (=com acento
circunflexo).

39. TRUXE ou TROUXE ou TROUCE ?
O certo é TROUXE.
Truxe e trouce não existem.
O pretérito perfeito do indicativo do verbo TRAZER é:
Eu trouxe, tu trouxeste, ele trouxe, nós trouxemos, vós trouxestes, eles
trouxeram.
OBSERVAÇÃO:
TRAZER é infinitivo: "Calou-se para não nos TRAZER problemas."
TROUXER é futuro do subjuntivo: "Se eu TROUXER, quando ele TROUXER..."

40. Eu VALHO ou VALO ?
O certo é VALHO.
A irregularidade do verbo VALER é apresentar "lh" na 1ª pessoa do
singular do presente do indicativo e, conseqüentemente, em todo o
presente do subjuntivo:
[FieldElemFormat=gif]

OBSERVAÇÃO:
O verbo EQUIVALER segue o verbo VALER:
Que ele VALHA - "É necessário que isto se EQUIVALHA..."

41. Quando você VER ou VIR ?
O certo é "quando você VIR o filme".
O futuro do subjuntivo do verbo VER é VIR:
Quando eu VIR, tu VIRES, ele VIR, nós VIRMOS, vós VIRDES, eles VIREM.
O futuro do subjuntivo do verbo VIR é VIER:
Quando eu VIER, tu VIERES, ele VIER, nós VIERMOS, vós VIERDES, eles
VIEREM.
OBSERVAÇÃO:
O derivados do verbo VER (=antever, prever, rever...) seguem o verbo
primitivo:
Eu vejo - eu prevejo (=pres. ind.)
Ele vê - ele prevê
Eles vêem - eles prevêem
Eu vi - eu previ (=pret. perf. ind.)
Ele viu - ele previu
Eles viram - eles previram
Se eu visse - se eu previsse (=pret. imp. subj.)
Quando eu vir - quando eu previr (=fut. subj.)
Na linguagem coloquial, é freqüente ouvirmos a frase: "Quando a gente se
ver de novo..." O correto é: "Quando nós nos VIRMOS novamente..."

42. VIAGEM ou VIAJEM ?
VIAGEM é substantivo: "A VIAGEM foi ótima".
VIAJEM é verbo (=pres. subj.): "Quero que vocês VIAJEM amanhã."

43. VIGENDO ou VIGINDO ?
O gerúndio do verbo VIGER (=vigorar) é VIGENDO: "Este contrato ainda
está
VIGENDO (=vigorando, valendo, dentro do prazo VIGENTE).

44. VIMOS ou VIEMOS ?
"Ontem nós VIMOS o filme." (=pretérito perfeito do indicativo do verbo
VER);
"Ontem nós VIEMOS à reunião." (=pret. perfeito do indicativo do verbo
VIR);
"VIMOS, por meio desta, solicitar..." (=presente do indicativo do verbo
VIR).

45. VEM ou VÊM ou VÊEM ?
Ele VEM (=3ª pessoa do singular do verbo VIR);
Eles VÊM (=3ª pessoa do plural do verbo VIR);
Eles VÊEM (=3ª pessoa do plural do verbo VER).
Observe a diferença:
[FieldElemFormat=gif]

Se você costuma ter essa dúvida ou já perdeu seu tempo com esse
problema, observe o esquema abaixo:
1. Grupo do CRÊ-DÊ-LÊ-VÊ
Os verbos CRER, DAR, LER e VER são os únicos que na 3ª pessoa do plural
terminam em "-ÊEM":
Ele crê - eles crêem;
Ele dê - eles dêem (=presente do subjuntivo);
Ele lê - eles lêem;
Ele vê - eles vêem.
Esta regra também se aplica aos verbos derivados:
Ele relê - eles relêem;
Ele prevê - eles prevêem.

2. Dupla TER e VIR
Na 3ª pessoa do singular, não têm acento gráfico; na 3ª pessoa do
plural, terminam em "-ÊM":
Ele tem - eles têm;
Ele vem - eles vêm.

3. Verbos derivados de TER e VIR: DETER, RETER, MANTER, CONVIR, PROVIR,
INTERVIR...
Na 3ª pessoa do singular, têm acento agudo; na 3ª pessoa do plural, têm
acento circunflexo:
Ele detém - eles detêm;
Ele intervém - eles intervêm.
Cuidado!
"É preciso que vocês CONTEM tudo." (=verbo CONTAR);
"A garrafa CONTÉM gasolina." (=verbo CONTER, 3ª pessoa do singular);
"As garrafas CONTÊM gasolina." (=verbo CONTER, 3ª pessoa do plural).

Outro perigo:
"...que eles PROVEM..." (=verbo PROVAR, no presente do subjuntivo);
"...ele PROVÉM..." (=verbo PROVIR, na 3ª pessoa do singular);
"...eles PROVÊM..." (=verbo PROVIR, na 3ª pessoa do plural);
"...eles PROVÊEM..." (=verbo PROVER, na 3ª pessoa do plural).

Para você não esquecer:
"Eles VÊM." (=verbo VIR)
"Eles VÊEM." (=verbo VER)
Se você vê com "dois olhos", eles VÊEM com "êe".

46. Tinha VIDO ou VINDO ?
O particípio do verbo VIR é VINDO (igual ao gerúndio):
"Ele tinha VINDO de outra empresa." (=particípio);
"Ele está VINDO para cá." (=gerúndio).

Uso do IMPERATIVO

"VEM ou VENHA para Caixa você também." ? ? ?
O certo é VENHA.
A 3ª pessoa (=você) deriva-se do presente do subjuntivo (=que você venha
- VENHA você);
A 2ª pessoa (=tu) deriva-se do presente do indicativo com a supressão do
"s" (=tu vens - VEM tu).
Embora freqüente na linguagem falada brasileira, devemos evitar a
mistura de tratamentos (2ª e 3ª = tu e você).
Ou usamos a 3ª pessoa: "VENHA para Caixa você também"; Ou usamos a 2ª
pessoa: "Mas...bá guri, VEM pra Caixa TU também, tchê".

Há dois imperativos.
1. Imperativo Afirmativo:
a) A 2ª pessoa do singular e a 2ª pessoa do plural são derivadas do
presente do indicativo com a supressão do "s" (exceto o verbo SER):
[FieldElemFormat=gif]

[FieldElemFormat=gif]
EXCEÇÃO:
Tu és - SÊ tu
Vós sois - SEDE vós

b) A 3ª pessoa (=você), a 1ª e 3ª do plural são derivadas do presente do
subjuntivo:
[FieldElemFormat=gif]
2. Imperativo Negativo:
Todas as pessoas se derivam do presente do subjuntivo:
[FieldElemFormat=gif]

Observe a frase:
"JOGA fora no lixo. MANTENHA a cidade limpa."
Está errada. Há mistura de tratamento: JOGA (tu) e MANTENHA (você).
Há duas opções corretas:
"JOGUE fora no lixo. MANTENHA a cidade limpa." (=você)
ou "JOGA fora no lixo. MANTÉM a cidade limpa." (=tu).
Observe a derivação:
2ª pessoa (=tu) do imperativo afirmativo vem do presente do indicativo
(=sem "s"):
Tu jogas - JOGA (tu)
Tu manténs - MANTÉM (tu)
3ª pessoa (=você) do imperativo afirmativo vem do presente do
subjuntivo:
Que você jogue - JOGUE (você)
Que você mantenha - MANTENHA (você)

Uso do INFINITIVO

1. "Vocês devem, sempre que possível, FAZER ou FAZEREM o trabalho" ? ? ?
O certo é: "Vocês DEVEM FAZER o trabalho."
Em locuções verbais, devemos usar o INFINITIVO IMPESSOAL (=não se
flexiona):
"Os deputados DEVERIAM ANALISAR o caso com urgência."
"Os contribuintes PODERÃO, a partir da próxima semana, PAGAR
antecipadamente o IPTU."

2. "Os técnicos estão aqui PARA RESOLVER ou RESOLVEREM o problema" ? ? ?

Alguns autores afirmam que é um caso facultativo, outros dizem
que devemos usar o infinitivo não flexionado. No JB, nós não discutimos
se é facultativo ou não. A nossa preferência é o SINGULAR:
"Os técnicos estão aqui PARA RESOLVER o problema."
"Os torcedores vieram ao estádio só PARA VAIAR o time."
"Nós saímos PARA ALMOÇAR."

OBSERVAÇÃO 1:
Quando o sujeito do infinitivo estiver claramente expresso, devemos usar
o infinitivo flexionado:
"Houve uma ordem PARA os técnicos RESOLVEREM o problema."
"Houve uma ordem PARA nós RESOLVERMOS o problema."

OBSERVAÇÃO 2:
Em caso de ambigüidade, preferimos o PLURAL (=o verbo no plural enfatiza
o agente em vez do fato):
"O professor liberou seus alunos para IREM ao jogo."

OBSERVAÇÃO 3:
Na voz passiva e com os verbos de ligação (=SER, ESTAR, FICAR,
TORNAR-SE...) também podemos usar o infinitivo no PLURAL:
"Ela trouxe os presentes PARA SEREM ENTREGUES às crianças."
"Eles correram muito PARA SEREM os campeões."

3. "Eles foram proibidos DE SAIR ou SAÍREM" ? ? ?
O certo é: "Eles foram proibidos DE SAIR".
Não se flexiona o infinitivo com preposição que funcione como
complemento de substantivo, adjetivo ou do próprio verbo principal:
"Os manifestantes foram impedidos DE INVADIR o congresso."
"Eles foram obrigados A FICAR em pé durante duas horas."
"A desinformação leva milhares de pessoas A FAZER a mesma coisa."

4. "O diretor mandou seus funcionários SAIR ou SAÍREM" ? ? ?
É outro caso discutível.
Quando o infinitivo vem antecedido de um verbo causativo ou sensitivo
(=MANDAR, DEIXAR, FAZER, VER, OUVIR...), temos um grande problema:
alguns autores consideram um caso facultativo, outros afirmam que o
infinitivo não se flexiona e há, ainda, aqueles que dizem ser
obrigatória a flexão do infinitivo.
A minha sugestão é a seguinte:
a) Se o sujeito vier claramente expresso antes do infinitivo, a
concordância é obrigatória:
"O diretor mandou seus funcionários SAÍREM."
"O plano fez preços DESPENCAREM."
b) Se o sujeito não vier claramente expresso antes do infinitivo, é
facultativo. A preferência é o SINGULAR:
"Deixai VIR a mim as criancinhas."
"Mandei ENTRAR todos os convidados."
c) Se o sujeito do infinitivo for expresso por um pronome oblíquo (=os,
as, nos...), devemos usar o verbo no SINGULAR:
"Mandei-os ENTRAR."
"Ele não as deixou FALAR."

Uso do PARTICÍPIO

"Ele tinha ENTREGUE ou ENTREGADO os documentos."
O certo é "TINHA ENTREGADO".
Quando o verbo possui dois particípios (=verbos abundantes), a regra é a
seguinte:
a) Com o verbo auxiliar TER (ou HAVER), devemos usar a forma regular
(=com terminação "-ado" ou "-ido").
b) Com o verbo auxiliar SER (ou ESTAR), devemos usar a forma irregular.
"Ele TINHA ENTREGADO os documentos."
"Os documentos FORAM ENTREGUES por ele."
Observe outros exemplos:
[FieldElemFormat=gif]
OBSERVAÇÃO 1:
A princípio, esta regra se aplica aos verbos GANHAR (ganho e ganhado);
GASTAR (gasto e gastado); PAGAR (pago e pagado) e PEGAR (pego e pegado):
"Ele tinha ganhado, gastado, pagado e pegado";
"Isso foi ganho, gasto, pago e pego".
As formas regulares estão em desuso. Muitos autores aceitam as formas
irregulares até com os verbos TER e HAVER:
"Ele TINHA GANHO, TINHA GASTO, TINHA PAGO e TINHA PEGO".

OBSERVAÇÃO 2:
Os verbos TRAZER e CHEGAR não são abundantes. Possuem apenas um
particípio: TRAZIDO e CHEGADO. Na linguagem culta, não aceitamos trago
nem chego: "Isso foi trago por mim", "Ele tinha chego atrasado" .
Por Fascículo > 5. Regência

I) Introdução - Que é Regência ?
II) Regência Nominal
III) Regência Verbal
IV) Uso das Preposições - Casos especiais:

I) - Introdução - Que é Regência?

A regência dos verbos e dos nomes determina se os seus complementos
devem ou não ser preposicionados.
Os nomes (=substantivos, adjetivos e advérbios) pedem os complementos
nominais (=sempre com preposição). A Regência Nominal determina que
preposição devemos usar:
"Ele fez referência (=substantivo) a este caso (=compl.nominal)."
Quem faz referência sempre faz referência "a" alguma coisa.
"Ele tem necessidade (=substantivo) de dinheiro (=compl.nom.)."
Quem tem necessidade tem necessidade "de" alguma coisa.
Observe que não há regras. A regência de uma palavra é um caso
particular. Cada palavra pede o seu complemento e "rege" a sua
preposição. Ninguém precisa "decorar" que "quem faz referência faz
referência "a" alguma coisa" ou "que tem necessidade "de" alguma coisa".
Na verdade, nós aprendemos regência "de ouvido". O fato de falar, ouvir,
ler e escrever em língua portuguesa é o que nos leva a saber qual
preposição devemos usar.
E aqui está o "perigo".
Nosso ouvido nem sempre está "bem-educado". Existe uma regência na
linguagem popular que deve ser evitada em textos formais, em situações
que exijam uma linguagem mais cuidada, mais clássica. O uso do verbo
PREFERIR é um "belo" exemplo disso. É freqüente ouvirmos:
"Prefiro muito mais ir na praia do que trabalhar."
Temos aqui um festival de asneiras. A primeira é a mania de "preferir
mais". Você já viu alguém "preferir menos"? Isso significa que "preferir
mais" é uma redundância. E "preferir muito mais" é "uma asneira muito
maior".
O segundo erro é a regência do verbo IR: quem vai sempre vai "a" algum
lugar. Devemos ir "à praia". "IR em algum lugar" é vício de linguagem:
"vou no cinema", "fui no Banco", "vai no banheiro"... Devemos "IR ao
cinema, ao Banco, ao banheiro..." É verdade que muitas vezes, quando
queremos ou precisamos ir ao banheiro, não "dá tempo pra pensar qual é a
preposição certa". É recomendável ir logo.
É interessante lembrar também a diferença entre "IR a" e "IR para".
Devemos "IR a algum lugar" se houver a idéia de "volta imediata" e "IR
para algum lugar" se houver idéia de "permanência, ida em definitivo ou
sem data para voltar". Se "o diretor vai a Brasília", entende-se uma
viagem rápida, a serviço por exemplo, com retorno no mesmo dia ou no dia
seguinte. Entretanto, se "o diretor vai para Brasília", entende-se que
ou "vai morar em Brasília" ou "permanecer um bom tempo, sem data de
volta". Agora você já sabe qual é a diferença entre mandar alguém "a" ou
"para" aquele lugar. Se você "mandá-lo para" e ele voltar, é porque não
sabe regência.
Finalmente o terceiro erro: a regência do verbo PREFERIR. Quem prefere
sempre prefere alguma coisa "a" outra coisa. É um verbo transitivo
direto e indireto. Devemos observar que o objeto indireto deve vir com a
preposição "a". O uso de "do que" é característico da regência popular,
e devemos evitar em texto formais que exijam uma regência clássica.
Em textos nos quais se exija uma linguagem mais cuidada, devemos usar:
"Prefiro ir à praia a trabalhar".
Portanto, devemos estudar Regência para tirar algumas dúvidas, por
exemplo: "Isto está próximo "a" ou "de" alguma coisa"? A resposta é
"tanto faz". Com o adjetivo próximo, você pode usar a preposição "a" ou
a preposição "de".
Velamos alguns casos especiais:

II) - Regência Nominal

Listamos a seguir alguns substantivos e adjetivos cuja regência merecem
atenção:

Acessível a
Acostumado a ou com
Adequado a
Alheio a
Alusão a
Análogo a
Ansioso por
Apologia de
Apto a ou para
Atenção a ou para
Atento a ou em
Ávido de ou por
Benéfico a
Compatível com
Consulta a
Curioso de
Desacostumado a ou com
Desatento a
Desejoso de
Desfavorável a
Desrespeito a
Equivalente a
Falta a
Favorável a
Fiel a
Grato a
Grudado a
Guerra a
Hábil em
Habituado a
Hostil a
Ida a
Impotente para ou contra
Impróprio para
Inábil para
Inacessível a
Incapaz de ou para
Incompatível com
Ingrato com
Intolerante com
Invasão de
Junto a ou de
Leal a
Maior de
Morador em
Natural de
Necessário a
Necessidade de
Nocivo a
Obediente a
Oblíquo a
Ódio a ou contra
Odioso a ou para
Oposto a
Parecido a ou com
Paralelo a
Passível de
Preferência a ou por
Preferível a
Prestes a ou para
Pronto para ou em
Propensão para
Próprio de ou para
Próximo a ou de
Querido de ou por
Residente em
Respeito a ou por
Semelhante a
Simpatia por
Simpático a
Sito em
Situado em
Superior a
União com ou entre
Útil a ou para

III) - Regência Verbal

Quanto à regência verbal, os verbos estão divididos em:

a) TRANSITIVOS DIRETOS: pedem OBJETOS DIRETOS (=complementos verbais sem
preposição).
"Eu vejo (TD) o jogo (OD)."
(quem vê sempre vê alguma coisa)

b) TRANSITIVOS INDIRETOS: pedem OBJETOS INDIRETOS (=complementos verbais
com preposição).
"Eu me referi (TI) ao jogo (OI)."
"Eu gostei (TI) do jogo (OI)."

OBSERVAÇÃO 1:
Em caso de dúvida, sugiro um consulta aos nossos dicionários. Muitos não
sabem que podemos descobrir a regência das palavras nos bons
dicionários.
Se você ficar em dúvida se "deve ajudar o colega ou ao colega", se "deve
obedecer o chefe ou ao chefe", vá ao dicionário. Lá você descobrirá que
AJUDAR é transitivo direto e que OBEDECER é transitivo indireto. Assim
não haverá mais dúvida: devemos "ajudar (TD) o colega (OD)" e "obedecer
(TI) ao chefe (OI)".
Caso o seu objetivo seja um concurso no qual a consulta aos dicionários
seja proibida, sugiro "muitos exercícios" e uma "boa decoreba". Se isso
não for feito, você corre o risco de ser enganado por nossas placas de
trânsito. Você provavelmente já viu em alguma esquina: "OBEDEÇA O
SINAL". Deve ser por isso que muitos não obedecem! Está errado. O certo
é: "OBEDEÇA AO SINAL".

OBSERVAÇÃO 2:
Alguns verbos podem ser transitivos diretos ou indiretos. A regência
muda segundo o seu significado:
ASPIRAR (=transitivo direto): "respirar, cheirar, absorver".
ASPIRAR a (=transitivo indireto): "almejar, desejar".
"Ele aspira (TD) o perfume (OD)."
"O aparelho aspira (TD) o pó (OD)."
"Ele aspira (TI) a este cargo de governador(OI)."
É muito triste encontrarmos "cartas de apresentação" nas quais o
candidato diz "aspirar muito este emprego". O "coitado" ainda não foi
contratado e já está "cheirando o emprego".

c) TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS: pedem um OBJETO DIRETO e um OBJETO
INDIRETO.
"Eu entreguei (TDI) o documento (OD) ao diretor (OI)."

OBSERVAÇÃO 3:
Devemos tomar cuidado com alguns verbos transitivos diretos e indiretos.
O verbo AVISAR, por exemplo, pode ser usado de duas formas:
"O professor avisou (TDI) a alteração do horário (OD) aos alunos (OI)."
Ou "O professor avisou (TDI) os alunos (OD) da alteração do horário
(OI)."
Quem avisa pode avisar alguma coisa (OD) a alguém (OI) ou avisar alguém
(OD) de alguma coisa (OI).
Devemos, portanto, evitar frases em o verbo transitivo direto e indireto
apresente dois objetos diretos ou dois objetos indiretos:
"O professor avisou aos alunos (OI) da alteração do horário (OI)."

OBSERVAÇÃO 4:
O verbo QUEIXAR-SE é uma exceção pois "pede" dois objetos indiretos:
"O aluno queixou-se do professor (OI) ao diretor (OI)."
Quem se queixa sempre se queixa de alguma coisa a alguém."

d) INTRANSITIVOS: não pedem OBJETO.
"E o trema não MORREU."

OBSERVAÇÃO 5:
Com verbos intransitivos não há objetos, mas pode haver outros
"complementos" (=adjuntos adverbiais):
"Ele morreu ontem à noite (=adj. adv. de tempo), em Los Angeles (=adj.
adv. de lugar), de insuficiência respiratória (=adj. adv. de causa)."
"O gerente vai a Brasília (=adj. adv. de lugar)."

Regência de Alguns Verbos

1. AGRADAR
TD = "fazer agrado, fazer carinho, acariciar, contentar":
"O pai agradava os filhos."
"A loja agrada seus fregueses com muitas promoções."
TI (agradar a) = "satisfazer":
"O espetáculo não agradou ao público."
"O jogo está agradando ao torcedor."
OBSERVAÇÃO:
Responda rapidamente: "A boa secretária é aquela que agrada o chefe ou
ao chefe" ? Se você respondeu "depende", é porque já percebeu a
diferença: 1a) se nos referimos a sua capacidade profissional, a boa
secretária "agrada ao chefe"; 2a) se a boa secretária "agrada o chefe",
deve ser uma secretária "muito boa" e provavelmente usa "outros"
atributos"...

2. AGRADECER
TDI (= o objeto direto é coisa, e o indireto é pessoa):
"O dono do restaurante agradeceu a preferência (OD) aos fregueses
(OI)."
(Devemos evitar em textos formais: "agradecer os fregueses pela
preferência")

3. ALMEJAR
TD - "Ele almejava uma carreira melhor."

4. AMAR
TD - "Ele amava o pai."

5. ANSIAR
TI (ansiar por) - "Ele anseia por uma carreira melhor."

6. APERCEBER-SE
TI (aperceber-se de) - "Ele não se apercebeu das mudanças."

7. ASPIRAR
TD = "respirar, cheirar, absorver, inalar, sorver, haurir":
"Ela adora aspirar o ar do campo."
"O aparelho aspirava o pó do tapete."
TI (aspirar a ou por) = "almejar, desejar muito":
"Sempre aspirei a esse emprego."
"Ele não aspirava a nenhum cargo público."

8. ASSISTIR
TD = "prestar assistência, socorrer, ajudar":
"O médico assiste os doentes."
"Um economista está assistindo o presidente."
OBSERVAÇÃO: Alguns gramáticos consideram esse caso facultativo (TD ou
TI).
TI (assistir a) = "ver, presenciar, ser espectador":
"Cem mil pessoas assistiram ao jogo."
"Ontem assistimos a um belo espetáculo."
TI (assistir a) = "caber":
"Assiste ao prefeito o dever de resolver esse problema."

9. ATENDER
TD = "acolher, receber, recepcionar" (para pessoas):
"O governo atenderá os prefeitos."
"As meninas estão atendendo os visitantes."
"A secretária atendeu o telefone." (=quem telefonou)
"Ela foi atender a campainha." (=quem tocou a campainha)

TI (atender a) = para coisas (pedidos, solicitações, intimações...):
"O diretor não atendeu ao pedido do pais de alunos."
"Eles atenderam aos nossos conselhos."

10. ATINGIR
TD - "A empresa atingiu as metas desejadas."
"A novela ainda não atingiu o clímax."

11. AVISAR
TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa):
"Avisamos a data aos participantes."
ou "Avisamos os participantes da data."
OBSERVAÇÃO: Devemos evitar dois objetos indiretos:
"Avisamos aos participantes da data."

12 CERTIFICAR
TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa):
"Ele certificou o incidente ao diretor."
ou "Ele certificou o diretor do incidente."

13. CERTIFICAR-SE
TI (certificar-se de) - "Ele se certificou do horário estabelecido."

14. CHAMAR
TD = "fazer vir, convocar":
"O diretor chamou o aluno à sua sala."
"Estão chamando o diretor ao telefone."
TI (chamar por) = "invocar":
"Ela chamava por Santa Bárbara."
TD ou TI (=caso facultativo) = "considerar, dar nome, rotular...":
"O gerente chamou o empregado / ao empregado (de) incompetente."
"Chamei o médico / ao médico (de) um grande charlatão."

15 CHEGAR
I (chegar a algum lugar) - "Ele chegou a Londres."
OBSERVAÇÃO: Em textos formais, devemos evitar a preposição "em":
"Ele chegou em Londres."

16. CIENTIFICAR
TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa):
"Ele cientificou as mudanças aos empregados."
ou "Ele cientificou os empregados das mudanças."

17. COMPARTILHAR
TD - "Queremos compartilhar a sua alegria."
"Não compartilhamos essa opinião."
OBSERVAÇÃO: Devemos evitar, em textos formais, o uso da preposição "de":
"Compartilhar da sua alegria, dessa opinião..."

18. COMUNICAR
TDI - o objeto direto é sempre coisa, e o indireto é pessoa:
"A polícia comunicou o acidente (OD) à família (OI)."
"Nós vamos comunicar a nossa decisão ao diretor."
OBSERVAÇÃO: Devemos evitar, em texto formais:
a) "Os vizinhos comunicaram a polícia sobre o roubo." (=comunicar alguém
sobre alguma coisa);
b) "Nós não fomos comunicados do acidente." (=somente a coisa pode ser
comunicada; pessoas não podem ser comunicadas).

19. CONFIAR
TI (confiar em) = "ter confiança":
"Ele sempre confiou em seus amigos."
TDI (alguma coisa a alguém) = "entregar com confiança":
"Confiou os documentos a você."

20. CONHECER
TD - "Ele não conhecia todos os convidados."

21. CONVIDAR
TD = "pedir o simples comparecimento":
"Convidei muitos amigos."
TI (convidar a) = "atrair, provocar":
"O calor não convida ao trabalho."
TDI = "convocar, solicitar presença a ou para alguma coisa":
"Convidei o engenheiro para palestra."
"Convidou o presidente a tomar a palavra."

22. DECLINAR
TD = "citar nomes, declarar":
"Ele não declinou os nomes dos marginais."
TI (declinar de) = "afastar-se, desviar-se":
"Ele declinou do caminho do bem."
TDI = "eximir-se, fugir":
"Declino de mim essa tarefa."
I = "entrar em decadência":
"A paixão declinava."

23. DESAGRADAR
TI (desagradar a) - "O resultado da pesquisa desagradou ao candidato."

24. DESOBEDECER
TI (desobedecer a) - "Eles estão desobedecendo ao regulamento."

25. ENCARREGAR
TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa):
"Encarregamos o serviço ao pedreiro."
"Encarregamos o pedreiro do serviço."

26. ENSINAR
TDI (alguma coisa a alguém ou alguém a fazer alguma coisa):
"Ensinava computação a seus funcionários."
"Ensinava seus funcionários a usar o computador."

27. ESQUECER
TD - "Eu esqueci os documentos".
"Eles esqueceram a data do seu aniversário."
TI (esquecer-se de = forma pronominal):
"Eu me esqueci dos documentos."
"Eles se esqueceram da data do seu aniversário."

28. ESTIMAR
TD - "Ele estima todos os amigos."
OBSERVAÇÃO: Aceita-se o uso da preposição "a" com verbos transitivos
diretos que denotem sentimento:
"Ele estima a todos os amigos."

29. FAVORECER
TD - "Os juízes estão favorecendo o Palmeiras."

30. IMPEDIR
TDI - "O professor impediu o aluno de sair mais cedo."

31. IMPLICAR
TD = "acarretar"
"A sua decisão implica demissões."
"Toda ação implica uma reação igual e contrária."
OBSERVAÇÃO: Devemos evitar, em textos formais, "implicar em":
"...implica em demissões" e "...implica numa reação igual..."
TI (implicar-se em = forma pronominal) = "envolver-se":
"Ele se implicou em tráfico de drogas."
TI (implicar com) = "ter implicância":
"O professor implicava com todos."

32. INCUMBIR
TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa):
"Incumbimos o serviço ao pintor."
ou "Incumbimos o pintor do serviço."

33. INFORMAR
TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa):
"Informei aos gerentes as últimas decisões."
ou "Informei os gerentes das últimas decisões."
OBSERVAÇÃO:
A frase "Venho informar aos senhores de que, a partir de hoje, todo
pagamento só poderá ser feito até as 15h" está errada. Há dois objetos
indiretos.
Quando um verbo é transitivo direto e indireto, é necessário que haja
um objeto direto (=sem preposição) e outro indireto (=com preposição):
"Venho informar os senhores (OD) de que, a partir de hoje, todo
pagamento só poderá ser feito até as 15h (OI)."
ou "Venho informar aos senhores (OI) que, a partir de hoje, todo
pagamento só poderá ser feito até as 15h (OD)."

34. INVESTIR
TI (investir contra) = "atacar":
"Ele investiu contra os criminosos."
TDI = "dar posse" ou "aplicar":
"O presidente investiu o irmão no cargo de diretor."
"Investi meu dinheiro em ações."

35. IR
I (ir a ou para) - "Vou à praia." (=idéia de transitoriedade);
"Vou para casa." (=idéia de permanência)
OBSERVAÇÃO: Em textos formais, devemos evitar a preposição "em":
"Vou na praia."

36. LEMBRAR
TD - "Não lembro o seu nome."
"Eles lembraram a data do seu aniversário."
TI (lembrar-se de = forma pronominal):
"Não me lembro do seu nome."
"Eles se lembraram da data do seu aniversário."
TDI (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa):
"Ele lembrou a data do meu aniversário aos meus amigos."
ou "Ele lembrou os meus amigos da data do meu aniversário."
"Lembrei ao pessoal que estava na hora do almoço."
ou "Lembrei o pessoal de que estava na hora do almoço."
TD = "fazer recordar, trazer à memória":
"Seu rosto lembra meu pai."
"Esse empregado lembra o Paulo em tudo."

37. MORAR
I (morar em):
"Ela mora em bairro pobre de São Paulo."
"Moramos numa rua arborizada."

38. NAMORAR
TD - "Ela namorava aquele rapaz."
"Ele está namorando a vizinha."
OBSERVAÇÃO: Não devemos usar a preposição "com":
"Ela namorava com aquele rapaz."
"Ele está namorando com a vizinha."

39. NOTIFICAR
TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa):
"O diretor notificou a decisão aos funcionários."
ou "O diretor notificou os funcionários da decisão."

40. OBRIGAR
TDI - "O governo obrigou os contribuintes a pagar mais impostos."

41. OBEDECER
TI (obedecer a) - "Devemos obedecer aos pais."
"Obedeça ao sinal."
OBSERVAÇÃO: Embora seja transitivo indireto, o verbo OBEDECER pode ser
usado na voz passiva:
"O regulamento deve ser obedecido por todos"
"A fila não foi obedecida."

42. PAGAR
TDI (o objeto direto é sempre coisa, e o indireto é pessoa):
"Ele pagou a dívida aos credores."
"Ele pagou o imposto."
"Ele pagou ao governo."
OBSERVAÇÃO: A voz passiva é aceitável:
"A dívida foi paga."
"Os credores foram pagos."
"O imposto foi pago."

43. PEDIR
TDI (alguma coisa a alguém):
"Ela pediu um presente ao pai."
"Eu pedi a todos que não faltassem."
OBSERVAÇÃO: Devemos evitar o uso da preposição "para":
"Eu pedi a todos para que não faltassem."
A norma culta só admite PEDIR PARA quando há idéia subentendida de
"licença" ou "permissão":
"O aluno pediu para sair da sala." (=pediu licença para sair)
"Eu pedi para falar." (=pedi permissão para falar)

44. PERDOAR
TDI (o objeto direto é sempre coisa, e o indireto é pessoa):
"Ele perdoou as dívidas aos seus devedores."
"Eu perdoei os seus erros."
"Eu perdoei aos meus inimigos."
OBSERVAÇÃO: A voz passiva é aceitável:
"As dívidas foram perdoadas."
"Os inimigos foram perdoados."
OBSERVAÇÃO: Alguns autores aceitam "pessoa" como objeto direto:
"Ele havia perdoado os inimigos."

45. PERGUNTAR
TDI - "Perguntei a idade ao garoto."
OBSERVAÇÃO: É aceitável o uso da preposição "por":
"Ele perguntou pelo garoto."
"Perguntaram por ela a mim."

46. PISAR
TD - "Foi a primeira vez que ele pisou um palco."
"Não pise a grama."
OBSERVAÇÃO: Na linguagem cotidiana é usual:
"...ele pisou num palco" e "não pise na grama".

47. PRECISAR
TD = "ser preciso, indicar com exatidão, determinar":
"Ele precisou a hora e o local do encontro."
TI (precisar de) = "necessitar":
"Ele não precisava de dinheiro."
OBSERVAÇÃO: A preposição de pode ser omitida quando o objeto é
oracional:
"Preciso que todos me ajudem."

48. PREFERIR
TDI (alguma coisa a outra) - "Prefiro cinema a teatro."
"O carioca prefere ir à praia a trabalhar."
OBSERVAÇÃO: É inaceitável o uso de "do que":
"Prefiro ir à praia do que trabalhar."

49. PROCEDER
TI (proceder a) = "processar, realizar, concretizar":
"Mandou proceder ao recolhimento dos títulos."
"O juiz procederá ao julgamento."
I (proceder de) = "originar-se, derivar":
"Os produtos procedem da Alemanha."
I = "ter validade, ser verdadeiro, ser legítimo":
"Este argumento não procede."

50. PROIBIR
TDI (alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa):
"Proibiu aos empregados que fumassem no local de trabalho."
ou "Proibiu os funcionários de fumar no local de trabalho."

51. PUXAR
TD - "O pai puxou a sua orelha."
TI (puxar a) = "ter semelhança":
"O filho puxou ao pai."
TI (puxar de) = "mancar":
"A criança puxava de uma perna."

52. QUEIXAR-SE
(...de alguma coisa a alguém):
"Queixava-se do chefe ao diretor."

53. QUERER
TD = "desejar":
"A criança quer bolinhas de gude."
"Queremos todos os gerentes aqui."
TI (querer a) = "amar, estimar, querer bem":
"Queremos bem aos nossos gerentes."
"A criança queria muito ao pai."

54. REPARAR
TD = "consertar":
"Ele precisa reparar os erros cometidos."
TI (reparar em) = "observar":
"Todos repararam no vestido que ela usava."

55. RESPEITAR
TD - "Devemos respeitar as leis."

56. RESPONDER
TD = "dar respostas grosseiras":
"Filho educado não responde os pais."
TD (objeto direto para exprimir a resposta):
"Ele não responderia isso."
"Ele respondeu qualquer coisa."
TI (responder a) = "dar resposta":
"Ele respondeu aos participantes do curso."
"Você deve responder ao questionário em trinta minutos."
OBSERVAÇÃO: A voz passiva é aceitável:
"O questionário foi respondido rapidamente."

57. SERVIR
TD = "prestar serviço, oferecer":
"Ela ainda não serviu o almoço."
TI (servir a) = "ser útil, convir":
"Esse contrato não serve à nossa empresa."
"Esse homem não serve a uma mulher como você."

58. SIMPATIZAR
TI (simpatizar com):
"Não simpatizei com eles."

59. USAR
TD - "Não devemos usar essas máquinas."
OBSERVAÇÃO: É aceitável o uso da preposição "de":
"Sempre usou de nossas máquinas."

60. USUFRUIR
TD - "Ele já pode usufruir a herança que recebeu."
OBSERVAÇÃO: Em textos formais, devemos evitar a preposição "de":
"...usufruir da herança..."

61. VENCER
TD - "O Vasco acabou vencendo o Flamengo."

62, VER
TD - "Ele viu o jogo."

63. VISAR
TD = "assinar, rubricar, pôr o visto" ou "apontar, mirar":
"Já visei o cheque."
"O diretor já visou todos os cheques."
"O atleta visou o alvo e atirou."
TI (visar a) = "almejar, desejar muito, aspirar a":
"Muitos políticos visavam ao cargo."
"Suas idéias visavam ao bem-estar dos empregados."
OBSERVAÇÃO: Seguido de infinitivo, podemos omitir a preposição:
"Muitos políticos visam chegar ao poder."

IV) Uso das Preposições - Casos especiais:

Dúvidas ? ? ?

1. A nível ou EM nível ?
O certo é EM NÍVEL.
"O problema só será resolvido em nível federal."
Tudo deve ser resolvido em alto nível. Você já viu alguma coisa ser
resolvida "a alto nível".
OBSERVAÇÃO: A expressão A NÍVEL DE é um modismo a ser evitado.
"A nível de relatório, suas idéias são excelentes." As idéias podem ser
excelentes, mas a sua linguagem...
"Levou um chute a nível da barriga." Deve ter sido "na altura da
barriga".

2. DELE ou DE ELE ?
a) DELE corresponde a um pronome possessivo:
"O problema dele é não ouvir os outros."
b) DELE também pode ser a combinação da preposição de com o pronome
pessoal oblíquo tônico ele, na função de objeto indireto:
"Eu gosto muito dele."
c) DE ELE é a preposição de e o pronome pessoal reto ele. Só pode ser
usado quando ele for sujeito de uma oração reduzida de infinitivo:
"Cheguei antes de ele sair." (=de que ele saísse)
"Apesar de ele ter confirmado, prefiro aguardar um pouco mais."
O segredo é o verbo no INFINITIVO. Só podemos usar DE ELE quando houver
o verbo no infinitivo:
"Está na hora de ele chegar."
OBSERVAÇÃO: Essa regra não é rígida. Muitos autores aceitam a contração
da preposição com o pronome como uma variante lingüística:
"Cheguei antes dele sair."
"Está na hora dele chegar."
Sem dúvida, é assim que a maioria dos brasileiros fala. No JB, porém,
nós preferimos usar a preposição separada do pronome.
Essa regra também se aplica em outros casos:
a) preposição + artigo:
"Ocorreu horas depois de o candidato ter comemorado a vitória."
"Isso acontecerá na hipótese de os Bancos reduzirem os juros."
b) preposição + pronome demonstrativo:
"Assinou contrato, apesar de esses padrões não garantirem uma margem de
segurança."

3. Dormir AO ou NO volante?
"Dormir AO volante" é perigoso, mas com a preposição correta. Pior é
"dormir
no volante." É tragédia na certa.

4. Ficar AO ou NO sol?
"Ficar no sol" é um pouco difícil e ninguém agüentaria o calor!
Na verdade, "nós ficamos AO sol", assim como "ficamos AO vento, AO
relento,
À chuva..."

5. Entrar DE ou EM férias ?
Tanto faz. É um caso facultativo.
Você pode "entrar de férias ou em férias", "ficar de férias ou em
férias", "sair de
férias ou em férias".

6. Ficar DE ou EM pé ?
Tanto faz. É outro caso facultativo.

7. Ganhar e perder DE ou POR ?
Empatar EM ou POR ?
O correto é ganhar, perder ou empatar POR. Na verdade, um time vence o
outro PELO placar de...
No caso de empatar, é aceitável a preposição EM: "Flamengo e Vasco
empataram POR ou EM ..."

8 . JUNTO A ou JUNTO DE ?
Tanto faz. JUNTO A significa "perto de":
"O depósito fica junto à estrada." (ou "junto da estrada")
"A mesa está junto à estante." (ou "junto da estante")
OBSERVAÇÃO: É freqüente o uso de JUNTO A substituindo as preposições com
ou em: "O problema só será resolvido junto à gerência."
"Conseguimos um empréstimo junto ao Banco Mundial."
No JB, nós desaconselhamos esse uso. Preferimos:
"O problema só será resolvido com a gerência."
"Conseguimos um empréstimo no Banco Mundial."

9. PARA COM ou POR ?
Devemos evitar: "Devemos ter respeito para com o adversário."
É preferível: "Devemos ter respeito pelo adversário."

10. POR ENTRE e POR SOBRE ?
Devemos evitar: "Passou a bola por entre as pernas do zagueiro"
"Há muitas nuvens por sobre o autódromo."
Devemos usar: "Passou a bola entre as pernas do zagueiro."
"Há muitas nuvens sobre o autódromo."
Devemos evitar: "Chutou a bola por sobre a trave."
Podemos usar: "Chutou a bola sobre a trave ou por cima da trave."

11. Omissão da preposição.

"NA semana passada ou Semana passada, houve manifestações no Paraná."
a) O melhor é não omitir a preposição:
"NA semana passada, houve manifestações no Paraná."
Mais exemplos:
Em vez de "Vote PZZ", use "Vote no PZZ".
Em vez de "O jogador ficará suspenso quatro jogos", prefira "...por
quatro
jogos".

b) Caso facultativo - antes da conjunção integrante QUE:
"Certifique-se QUE ou DE QUE não existe uma causa psicossomática para o
seu fracasso."
"Não há suspeitas QUE ou DE QUE ele tenha cometido o crime."

c) Preposição desnecessária:
"Nós éramos em seis." Basta: "Nós éramos seis."
"Estavam em quatro à mesa." Basta; "Estavam quatro à mesa."
"Ficamos em cinco na sala." Basta: "Ficamos cinco na sala."
"As vendas caíram em 50%." Basta: "As vendas caíram 50%."

Outra situação em que a preposição é desnecessária:
"A previsão é DE QUE haverá chuvas fortes em todo o estado."
Basta: "A previsão é QUE haverá chuvas fortes em todo o estado."
Com o verbo SER, desaparece a necessidade da preposição DE:
Em vez de "A tendência é DE QUE...", use "A tendência é QUE..."
Em vez de "A possibilidade é DE QUE...", use "A possibilidade é QUE..."

OBSERVAÇÃO: Não devemos confundir esse caso com aquele em que não se usa
o verbo SER:
"Existe a previsão DE QUE haverá chuvas fortes em todo o estado."
"Houve a tendência DE QUE..."
"Comenta-se a possibilidade DE QUE..."

12. Repetição da preposição.
"Agradeço PELO carinho e atenção." ou "Agradeço PELO carinho e PELA
atenção."
O melhor é repetir a preposição:
"Agradeço PELO carinho e PELA atenção."
"Houve uma reunião com candidatos do PT e do PDT."

13. TEM DE ou TEM QUE ?
Por ser um caso de preposição, deveríamos usar TEM DE. Hoje em dia,
porém, o uso de TEM QUE está consagrado.
Podemos dizer que "Ele tem de resolver o problema" ou "Ele tem que
resolver o problema".
Se quisermos optar por uma delas, prefiro TEM DE.

14. Torcer PARA ou POR ?
O certo é "torcer POR".
"Eu torço PELO Internacional."

15. TV A cores ou EM cores ?
O certo é "TV EM cores". Você já viu "TV a preto e branco"? Se a TV é
"EM preto e branco", também deve ser "EM cores".

Por Fascículo > 6. Crase

I) Introdução
II) Casos Especiais
III) Casos Impossíveis
IV) Dúvidas Finais

I) Introdução

Você sabia que CRASE não é acento?
Crase é a fusão de duas vogais iguais, é a contração de dois aa.
Acento grave (`) é o sinal que indica a crase (a + a = à).
Para haver crase, é necessário que existam dois aa. O primeiro a é
preposição; o segundo pode ser:
a) artigo definido (a/as)
"Ele se referiu a (preposição) + a (artigo) carta." =
"Ele se referiu à carta."
"Ele entregou o documento a (preposição) + as (artigo) professoras." =
"Ele entregou o documento às professoras."
b) pronome demonstrativo (a/as):
"Sua camisa é igual a (preposição) + a (pronome = a camisa) do meu
pai." =
"Sua camisa é igual à do meu pai."
"Ele fez referência a (preposição) + as (pronome = aquelas) que
saíram." =
"Ele fez referência às que saíram."
c) vogal a inicial dos pronomes aquele, aqueles, aquela, aquelas e
aquilo:
"Ele se referiu a (preposição) + aquele livro." =
"Ele se referiu àquele livro."
"Ele fez alusão a (preposição) + aquelas obras." =
"Ele fez alusão àquelas obras."
"Prefiro isso a (preposição) + aquilo." =
"Prefiro isso àquilo."

OBSERVAÇÃO 1:
Se o verbo for transitivo direto, não há preposição, por isso não ocorre
crase:
"A secretária escreveu (TD) a carta (OD)." (a = artigo definido)
"Ele não encontrou (TD) as professoras (OD)." (as = artigo definido)
"A testemunha acusou (TD) a da direita." (a = pronome = aquela da
direita)
"Não reconheci (TD) as que saíram." (as = pronome = aquelas que saíram)
"Nós já lemos (TD) aquele livro (OD)."
"Ainda não vi (TD) aquilo (OD)."

OBSERVAÇÃO 2:
Para comprovarmos a crase, o melhor "macete" é substituir o substantivo
feminino por um masculino. Comprovamos a crase se o A se transformar em
AO:
"Ele se referiu à carta." (=ao documento)
"Ele entregou o documento às professoras." (=aos professores)
"Sua camisa é igual à do meu pai." (=seu casaco é igual ao do meu pai)
"Ele fez referência às que saíram." (=aos que saíram)
Observe a diferença:
"A secretária escreveu a carta." (=o documento)
"Ele não encontrou as professoras." (=os professores)
"A testemunha acusou a da direita." (=o da direita)
"Não reconheci as que saíram." (=os que saíram)
"Ele se referiu a esta carta." (=a este documento)
"Tráfego proibido a motocicletas." (=a caminhões)
Este "macete" não se aplica no caso dos pronomes aquele(s), aquela(s) e
aquilo.

II) Casos Especiais

1. Vou a ou à Brasília ?
Vou a ou à Bahia ?

O certo é: "Vou a Brasília" e "Vou à Bahia".
Por que só ocorre crase no segundo caso?
Quando vamos sempre vamos a algum lugar. O verbo IR pede a preposição a.
O problema é que o nome do lugar aonde vamos às vezes vem antecedido de
artigo definido a, às vezes não.
Enquanto Brasília não admite artigo definido, a Bahia é antecedida do
artigo definido a. Isso significa que você "VAI À BAHIA" (=preposição a
do verbo IR + artigo definido a que antecede a Bahia) e que você "VAI A
BRASÍLIA" (=sem crase, porque só há a preposição a do verbo IR).
Se você quer saber com mais rapidez se deve IR À ou A algum lugar (com
ou sem o acento da crase), use o seguinte "macete":
Antes de IR, VOLTE.
Se você volta DA, significa que há artigo: você vai À;
Se você volta DE, significa que não há artigo: você vai A.
Exemplos:
"Você volta DA Bahia" > "Você vai à Bahia."
"Você volta DE Brasília" > "Você vai a Brasília."

Vamos testar o "macete" em outros exemplos:
"Vou à China." (=volto DA China)
"Vou a Israel." (=volto DE Israel)
"Vou à Paraíba." (=volto DA Paraíba)
"Vou a Goiás." (=volto DE Goiás)
"Vou a Curitiba." (=volto DE Curitiba)
"Vou à progressista Curitiba." (=volto DA progressista Curitiba)
"Vou à Barra da Tijuca." (=volto DA Barra da Tijuca)
"Vou a Copacabana." (=volto DE Copacabana)

No Rio de Janeiro, o nosso metrô é bem interessante: só ocorre crase num
caso:
"Vou à Tijuca." (=volto DA Tijuca);
"Vou a Botafogo." (=volto DE Botafogo).

É importante lembrar que este "macete" não se aplica a todos os casos de
crase. Na verdade, ele resolve o problema das "viagens": IR à ou a,
DIRIGIR-SE à ou a, VIAJAR à ou a, CHEGAR à ou a ...

Vamos testar o "macete".
"Uma estrada liga a Suíça a Itália; outra liga a Espanha a Portugal."
Em que "estrada" ocorre crase?
Você acertou se respondeu a primeira. Por quê?
Porque só há artigo definido antes da Itália.
Observe o "macete": "volto DA Itália" e "volto DE Portugal".
Portanto: "Uma estrada liga a Suíça à Itália; outra liga a Espanha a
Portugal."

2. Vou à ou a Roma ?
Vou à ou a antiga Roma ?

O certo é: "Vou a Roma" e "Vou à antiga Roma".
Podemos usar o "macete" do verbo VOLTAR:
"Volto DE Roma" e "Volto DA antiga Roma".

Observe que não há artigo antes de Roma. O artigo aparece se houver um
adjetivo ou termo equivalente:
"Vou a Paris." (=volto DE Paris)
"Vou à Paris dos meus sonhos." (=volto DA Paris dos meus sonhos)
"Vou a Porto Alegre." (=volto DE Porto Alegre)
"Vou à bela Porto Alegre." (=volto DA bela Porto Alegre)
"Vou a Londres." (=volto DE Londres)
"Vou à Londres do Big Ben." (=volto DA Londres do Big Ben)

3. Vou à ou a terra?

O certo é: "Vou a terra."
A palavra TERRA, no sentido de "terra firme, chão" (= oposto de bordo),
não recebe artigo definido, logo não haverá crase.
Observe o macete: "volto DE terra".
Ao viajar de avião, podemos observar a ausência do artigo definido antes
da palavra TERRA (=terra firme). Quando o avião aterrissa, uma das
comissárias de bordo vai ao microfone e diz: "Para vôos de conexão e
mais informações, procure o nosso pessoal em terra." Por que não na
terra? Porque é em terra firme, e não no planeta Terra. Em outras
palavras, o que ela quer dizer é o seguinte: "Não me encha o saco a
bordo do avião, vá ao balcão da companhia no aeroporto."

OBSERVAÇÃO:
Qualquer outra TERRA, inclusive o planeta Terra, recebe o artigo
definido. Portanto, haverá crase:
"Vou à terra dos meus avós." (=volto DA terra dos meus avós)
"Cheguei à terra natal." (=volto DA terra natal)
"Ele se referiu à Terra." (=volto DA Terra / do planeta Terra)
Observe a diferença:
"Depois de tantos dias no mar, chegamos a terra." (=terra firme)
"Depois de tantos dias no mar, chegamos à terra procurada."

4. Vou à ou a casa ?

O certo é: "Vou a casa."
A sua própria casa não "merece" artigo definido.
Observe: Se "você vem DE casa" ou se "você ficou EM casa", só pode ser a
sua própria casa.

OBSERVAÇÃO 1:
Qualquer outra casa vem antecedida de artigo definido. Isso significa
que haverá crase:
"Vou à casa dos meus pais." (=volto DA casa dos meus pais)
"Vou à casa de Angra." (=volto DA casa de Angra)
"Vou à casa José Silva." (=volto DA casa José Silva)
"Vou à casa do vizinho." (=volto DA casa do vizinho)
"Vou à casa dela." (=volto DA casa dela)

OBSERVAÇÃO 2:
Não haverá crase somente quando a palavra CASA estiver sem nenhum
adjunto:
"Ele ainda não retornou a casa desde aquele dia."

5. Vou à ou a minha casa ?

Tanto faz. É um caso facultativo. Pode haver crase ou não.
A diferença é a presença do pronome possessivo minha antes da casa.
Antes de pronomes possessivos é facultativo o uso do artigo; sendo
assim, facultativo também será o uso do acento da crase:
"Vou a ou à minha casa."
"Fez referência a ou à tua empresa."
"Estamos a ou à sua disposição."

OBSERVAÇÃO 1:
O uso do acento da crase só é facultativo antes de pronomes possessivos
femininos no singular (=minha, tua, sua, nossa, vossa).
Se for masculino, não há crase:
"Ele veio a ou ao meu apartamento"
"Estamos a ou ao seu dispor."

OBSERVAÇÃO 2:
Se estiver no plural,
a) haverá crase (preposição a + artigo plural as):
"Fez referência às minhas idéias."
"Fez alusão às suas poesias."
b) não haverá crase (preposição a, sem artigo definido):
"Fez referências a minhas idéias."
"Fez alusão a suas idéias."

6. Ele se referiu à ou a Cláudia ?

Tanto faz. É outro caso facultativo.
Antes de nomes de pessoas, o uso do artigo definido é facultativo.
Portanto, em se tratando de nome de mulher, pode ou não ocorrer a crase.

OBSERVAÇÃO 1:
Quando se trata de pessoas que façam parte do nosso círculo de amizades,
com as quais temos uma certa intimidade, usamos artigo definido. Isso
significa que devemos usar o acento da crase:
"Refiro-me à Cláudia." (=pessoa amiga)
Quando se trata de pessoas com as quais não temos nenhuma intimidade,
não há o acento da crase porque não usamos artigo definido antes de
nomes de pessoas desconhecidas ou não amigas:
"Refiro-me a Cláudia." (=pessoa desconhecida ou não amiga)

OBSERVAÇÃO 2:
Antes de nomes próprios de pessoas célebres não se usa artigo definido.
Isso significa que não haverá acento da crase:
"Ele fez referência a Joana d'Arc."
"Fizeram alusão a Cleópatra."

7. Ele escreve a ou à Jorge Amado ?

Depende. Se ele está escrevendo "para Jorge Amado", não há o acento da
crase:
"Ele escreve a Jorge Amado." (=para Jorge Amado)
Se ele escreve "à moda ", "ao estilo" de Jorge Amado, o uso do acento
grave é obrigatório:
"Ele escreve à Jorge Amado." (=ao estilo de Jorge Amado)

Usaremos o acento grave sempre que houver uma destas locuções
subentendidas: "à moda de", "à maneira de" ou "ao estilo de":
"Sapato à Luís XV."
"Poesia à Manuel Bandeira."
"Revolução à 1930."
"Vestir-se à 1800."
"Filé à francesa."
"Bife à milanesa."

OBSERVAÇÃO 1:
Em "Moramos em São Paulo de 1958 a 1960", não há crase porque não há
artigo definido antes de 1960.
Em "Elas se vestem à 1960", há acento grave porque subentendemos "à moda
de 1960".

OBSERVAÇÃO 2:
Se os nossos cardápios fossem bem escritos, em português é claro,
teríamos um "festival de crase":
"Viradinho à paulista." (=à moda de São Paulo)
"Tutu à mineira." (=à moda de Minas)
"Camarão à baiana." (=à moda da Bahia)
"Churrasco à gaúcha." (=à moda gaúcha)
Observe que neste caso o acento grave deve ser usado mesmo antes de
palavras masculinas:
"Churrasco à Osvaldo Aranha." (=à moda de Osvaldo Aranha)
O simples fato de estar no cardápio não garante a crase:
"Filé a cavalo"
"Frango a passarinho."
Não usamos o acento grave nesses dois exemplos. A locução "à moda de"
não está subentendida. Um "filé a cavalo" não é um "filé à moda do
cavalo". Graças a Deus!

8. Vendeu a ou à vista ?

Se alguém "vendeu a vista", deve ter vendido "o olho" (a vista = objeto
direto). O desespero era tanto, que um vendeu o carro, o outro vendeu o
rim e esse vendeu a vista.
Se não era nada disso que você queria dizer, então a resposta é outra:
"vendeu à vista", e não a prazo (à vista = adjunto adverbial de modo).
Observe que nesse caso não se aplica o "macete" da substituição do
feminino pelo masculino (à vista > a prazo).
Por causa disso, há muita polêmica e algumas divergências entre
escritores, jornalistas, gramáticos e professores.
Após muita pesquisa, mudei meu ponto de vista e assumo a seguinte
posição: acentua-se o a que inicia locuções (adverbiais, prepositivas,
conjuntivas) com palavra FEMININA:
À beça
À beira de
À cata de
À custa de
À deriva
À direita
À distância
À espreita
À esquerda
À exceção de
À feição de
À força
À francesa
À frente (de)
À luz ("dar à luz um filho")
À mão
À maneira de
À medida que
À mercê de
À míngua
À minuta
À moda (de)
À noite
À paisana
À parte
À pressa
À primeira vista
À procura de
À proporção que
À queima-roupa
À revelia
À risca
À semelhança de
À tarde
À toa
À toda
À última hora
À uma (=conjuntamente)
À unha
À vista
À vontade
Às avessas
Às cegas
Às claras
Às escondidas
Às moscas
Às ocultas
Às ordens
Às vezes (=algumas vezes, de vez em quando)

OBSERVAÇÃO 1:
As locuções adverbiais indicam lugar, tempo, modo, instrumento:
"Entrou à direita."
"Está à distância de um metro." (=adjuntos adverbiais de lugar)
"Só voltará à tarde."
"À última hora, desistiu." (=adjuntos adverbiais de tempo)
"Saiu andando à toa."
"Falou tudo às claras." (=adjuntos adverbiais de modo)
"Fez o trabalho à mão."
"O marginal foi morto à faca." (=adjuntos adverbiais de instrumento)

OBSERVAÇÃO 2:
Nas locuções prepositivas, só haverá o acento grave com palavras
femininas: à custa de, à procura de, à mercê de, à moda de...
Não há acento grave em locuções com palavras masculinas:
"Falávamos a respeito do jogo de ontem."

OBSERVAÇÃO 3:
As duas locuções conjuntivas (=ligam orações) dão idéia de "proporção":
"A sala fica cheia à proporção que os convidados vão chegando."
"À medida que o tempo passa, ele fica mais irresponsável."

9. A procura ou à procura ?

Depende.
Em "A procura dos criminosos durou dez dias", não há o acento da crase
porque não há preposição (A procura dos criminosos = sujeito).
Em "A polícia está à procura dos criminosos", devemos usar o acento
grave porque à procura de é uma locução prepositiva.
Observe outros exemplos:
"A base do triângulo mede 10cm." (=sujeito)
"Ele vive à base de remédios." (=locução prepositiva)
"A moda de 1970 está voltando." (=sujeito)
"Ela se veste à moda de 1970." (=locução prepositiva)

10. Carro a ou à álcool ?

O certo é "carro a álcool".
Álcool é uma palavra masculina. A regra das locuções só se aplica a
palavras femininas:
"Carro à gasolina"
"Fez o trabalho à máquina"
"Resolveu tudo à bala."
"Pintou o quadro à tinta."

11. Bateu a ou à porta ?

Depende. Se você "bateu a porta", significa que você "fechou a porta" (a
porta = objeto direto); se você "bateu à porta", quer dizer que "bateu
na porta" (à porta = adjunto adverbial de lugar).

12. Sentou na ou à mesa ?

Todos podem sentar "na mesa", mas é falta de educação e a mesa pode não
agüentar. Na verdade, nós sentamos à mesa.
Devemos usar o acento da crase porque "à mesa" é um adjunto adverbial de
lugar.

13. As vezes ou às vezes?

Usaremos o acento grave somente quando às vezes for uma locução
adverbial de tempo (=de vez em quando, em algumas vezes):
"Às vezes os alunos acertam esta questão."
"O Flamengo às vezes ganha do Fluminense."
Quando não houver a idéia de "de vez em quando", não devemos usar o
acento grave:
"Foram raras as vezes em que ele veio aqui." (as vezes = sujeito)
"Em todas as vezes, ele criou problemas." (= não há a preposição a, por
isso não ocorre a crase; temos somente o artigo definido as).

14. Saiu a noite ou à noite ?

Depende.
Se "a noite saiu", eu vou entender que quem saiu foi a noite (=sentido
figurado): "a noite surgiu, apareceu..." ou simplesmente "anoiteceu".
Entretanto, se você "saiu à noite", significa que você não saiu "à tarde
ou pela manhã", ou seja, "à noite" é um adjunto adverbial de tempo.

15. Saiu as 10h ou às 10h ?

Só pode ter sido "às 10h".
"Hora" indica tempo e é uma palavra feminina, logo deveremos usar o
acento grave:
"A aula começa sempre às 7h."
"A reunião será às 8h."
"A sessão só começará às 16h."
"Ele vai sair às 20h."

16. A reunião será ... das 2h às 4h da tarde ou de 2h às 4h da tarde ou
de duas a quatro horas ?

A reunião pode ser "das 2h às h da tarde" ou "de duas a horas".
A reunião que vai "das 2h às 4h" começa exatamente às 2h e termina
precisamente às 4h. Para haver a idéia de "exatidão, precisão", é
necessário que usemos o artigo definido. Isso justifica o uso da
preposição de + o artigo definido as (="das 2h") e a crase (= "às 4h").
Não devemos usar "de 2h às 4h".
A outra reunião que vai "de duas a quatro horas" não definiu a hora para
começar ou terminar. Temos apenas uma idéia aproximada da duração da tal
reunião. Não há artigo definido, logo existem apenas as preposições:
"de...a".

OBSERVAÇÃO:
Podemos usar essa "dica" em outras situações:
"Trabalhamos de segunda a sexta." (= de ... a ...)
"O torneio vai da próxima segunda à sexta-feira." (= da ... à ...)
"Leia de cinco a dez páginas por dia." (= de ... a ...)
"Leia da página 5 à 10." (= da ... à ...)
"Ficou conosco de janeiro a dezembro." (= de ... a ...)
"Ficou conosco do meio-dia à meia-noite." (= do ... à ...)
"O congresso vai de cinco a quinze de janeiro." (= de ... a ...)
"O aumento será de 2% a 5%." (= de ... a ...)

17. A reunião será a ou à partir das 14h ?

O certo é: "A reunião será a partir das 14h."
Não há crase, porque é impossível haver artigo antes de verbo (=partir).

18. Ele está aqui desde as ou às 14h ?

O certo é: "Ele está aqui desde as 14h."
A presença da preposição desde significa que não há a preposição a, logo
não há crase. Temos apenas o artigo definido as:
Vejamos outros casos semelhantes:
"Após as 18h, as nossas portas estão fechadas."
"Ele fez o gol com a mão."
"A reunião ficou para as 16h."
"Ele teve de comparecer perante a justiça."

OBSERVAÇÃO:
Veja a diferença:
"Ela vai à praia."
"Ela vai para a praia."
No primeiro caso, "ela vai a", ou seja, "vai e volta, tem hora pra
voltar"; no segundo, "ela vai para". Isso quer dizer que "ela não tem
hora pra voltar, lá sabe Deus se volta".

19. Ele ficará aqui até as ou às 18h ?

Para muitos gramáticos e professores, é um caso facultativo.
Devido à presença da preposição até, prefiro a forma sem o acento grave:
"Ele ficará aqui até as 18h."

OBSERVAÇÃO:
O mesmo se aplica no adjunto adverbial de lugar:
"Ele foi até a/à praia." (="Ele foi até o/ao supermercado")
Mais uma vez, prefiro a forma sem o acento grave:
"Ele foi até a praia." (="Ele foi até o supermercado.")

20. A próxima reunião será a ou à uma hora da madrugada ?

O certo é: "A próxima reunião será à uma hora da tarde."
"À uma hora da tarde" é adjunto adverbial de tempo formado por palavra
feminina. O acento grave é obrigatório.

OBSERVAÇÃO 1:
Não devemos confundir "à uma hora da tarde ou da madrugada" com "a uma
hora qualquer". No primeiro caso, a palavra uma é numeral (= 1h); no
segundo, é artigo indefinido.
"Ele chegou à uma hora da tarde." (="às 13h")
"Ele chegou a uma certa hora." (="a uma hora qualquer")
Antes de artigo indefinido é impossível haver crase, pois não teremos o
artigo a que é definido:
"Ele disse que chegaria a uma hora qualquer."
"Referia-se a uma velha história."
"Entregou os documentos a uma secretária."

OBSERVAÇÃO 2:
Em "Todos responderam à uma", devemos usar o acento grave.
"À uma" (="a uma só voz") é uma locução adverbial de modo.

21. Eu fui aquela ou àquela farmácia ?

O certo é: "Eu fui àquela farmácia."
Os pronomes AQUELE(S), AQUELA(S) e AQUILO deverão receber o acento grave
sempre que forem complementos de verbos e nomes cuja regência exija a
preposição a:
"Eu fui a (=preposição) aquela farmácia." (=Eu fui àquela farmácia)
"Ele não fez referência a (=preposição) aquilo." (=...referência
àquilo)
Se o verbo for transitivo direto, não haverá crase:
"Ele viu (TD) aquela farmácia (OD)."
"Ele não leu (TD) aquilo."
Uma certa pessoa (é bom não lembrar o nome), certa vez, ao ser vaiado
durante um discurso, disse: "Pode vaiar. Eu não tenho medo. Eu tenho
aquilo roxo." Se você quer saber se o "aquilo" dele tem ou não o acento
da crase, não perca seu tempo querendo ver o "aquilo dele". Se é roxo,
amarelo ou rosa, é problema dele. Eu sei que não tem o acento grave por
uma razão muito simples: "quem tem sempre tem alguma coisa", ou seja, o
verbo ter é transitivo direto. Portanto, "ele tem ou tinha (TD) aquilo
roxo (OD)."

OBSERVAÇÃO:
Algumas locuções adverbiais de tempo iniciadas pela preposição em podem
ser iniciadas pela preposição a. Nesse caso se usa o acento da crase:
"Àquela hora tudo estava calmo." (=Naquela hora)

22. A nossa disciplina é semelhante a ou à dos militares ?

O certo é: "A nossa disciplina é semelhante à dos militares."
Nesse caso temos a fusão da preposição a (=exigida pelo adjetivo
semelhante) + o pronome demonstrativo a (aquela = a disciplina):
"A nossa disciplina é semelhante a (=preposição) + a (=aquela
disciplina) dos militares."
Os pronomes demonstrativos a e as (=aquela e aquelas) geralmente vêm
antes da preposição de ou do pronome relativo que:
"Sua reivindicação é igual à dos metalúrgicos." (=igual a aquela dos
metalúrgicos)
"Faça uma linha paralela à do centro." (=paralela a aquela do centro)
"Ele se referiu às que reclamaram." (=ele se referiu a aquelas que
reclamaram)
"Essa piada é semelhante à que me contaram ontem." (=semelhante a
aquela que me contaram ontem)

OBSERVAÇÃO:
Se o verbo for transitivo direto, é impossível haver crase:
"Ele chamou a da esquerda." (=chamou aquela da esquerda)
"Não conheço a que saiu." (=não conheço aquela que saiu)

23. Aqui está a obra a ou à que ele se referiu ?

O certo é: "Aqui está a obra a que ele se referiu."
Nesse caso não há crase. Temos apenas a preposição a exigida pela
regência do verbo referir-se (=quem se refere sempre se refere a alguma
coisa). Não há artigo definido nem pronome demonstrativo:
"Aqui está a obra a que ele se referiu" NÃO significa "a obra a aquela
que ele se referiu".

24. Aqui está a obra a ou à qual ele se referiu ?

O certo é: "Aqui está a obra à qual ele se referiu."
Observe a diferença:
"Aqui está a obra a que ele se referiu."
"Aqui está a obra à qual ele se referiu."
Qual é a diferença? Por que só ocorre a crase no segundo caso?
No primeiro caso, temos apenas a preposição a exigida pelo verbo
referir-se.
No segundo, ocorre crase porque, além da preposição a do verbo
referir-se, temos o artigo a que antecede o pronome relativo qual (=a a
qual ele se referiu).
Isso significa que deveremos usar o acento grave no artigo a / as que
antecede o pronome relativo qual / quais (=à qual / às quais), sempre
que houver também a preposição a:
"Esta é aluna à qual o professor entregou as provas."
"Estas são as funcionárias às quais fizemos referência."
"Não lembro o nome da cidade à qual eles chegaram ontem."

OBSERVAÇÃO:
Se o verbo for transitivo direto, não há a necessidade da preposição e
conseqüentemente não ocorre crase:
"Esta é a aluna a qual vimos (TD) na praia."
"Estas são as funcionárias as quais estamos ajudando (TD)."
Podemos usar o "macete" da substituição da palavra feminina por uma
masculina:
"Esta é a aluna à qual o professor entregou as provas."
(= Este é o aluno ao qual o professor entregou as provas)
"Esta é a aluna a qual vimos na praia."
(= Este é o aluno o qual vimos na praia)
"Estas são as funcionárias às quais fizemos referência."
(= Estes são os funcionários aos quais fizemos referência)
"Estas são as funcionárias as quais estamos ajudando."
(= Estes são os funcionários os quais estamos ajudando)

25. Esta é a aluna à ou a quem o professor entregou as provas ?

O certo é: "Esta é a aluna a quem o professor entregou as provas."
Antes do pronome quem jamais haverá artigo. Isso significa que jamais
haverá crase antes do pronome quem.

III) Casos Impossíveis

A seguir, temos alguns casos nos quais, por não haver artigo definido
feminino a / as, é impossível ocorrer crase:

1) antes de palavras masculinas:
"Gostava de andar a cavalo."
"Viajou a serviço."
"Vendeu tudo a prazo."
"Não chegou a tempo de assistir ao início do filme."
"Comprou um fogão a gás."

2) antes de verbos:
"Começou a redigir."
"Prefiro isso a aceitá-lo na empresa."
"Entra em vigor a partir de hoje."
"Estamos dispostos a colaborar."

3) antes de artigos indefinidos:
"Referia-se a uma antiga lei."
"Ofereceu o prêmio a uma velha funcionária."
"Fez alusão a uma poesia romântica."
"Isso ocorreu devido a uma situação excepcional."

4) antes de pronomes indefinidos:
"Entregou o livro a alguém."
"Sempre se refere a qualquer funcionário."
"Começou a toda força."
"Ofendeu a todos."
"A certa altura, todos saíram."
"Não entregue o documento a ninguém."

5) antes de pronomes demonstrativos (=esta, essa, isso):
"Estamos atentos a essa tendência."
"Ofereceu o prêmio a esta aluna aqui."
"Prefiro aquilo a isso aqui."
"Entregou a essa secretária tudo que ela pediu."

6) antes de pronomes pessoais:
"Ofereceu o prêmio a mim."
"Entregou a ela tudo que pediu."
"Ele se referiu a ti."
"Fizeram referência a nós."
"Elas feriram a si mesmas."
"Tudo foi entregue a elas."

7) antes de pronomes de tratamento:
"Entreguei o documento a S.Exa."
"Ele disse a V.Sa que não viria."
"Eu me referia a você."
"Fez alusão a Sua Santidade."

OBSERVAÇÃO 1:
Quando a expressão de tratamento só se refere à mulher, pode ocorrer a
crase:
"Falou à senhora." (=Falou ao senhor)
à senhorita."
à doutora."
à madame."

OBSERVAÇÃO 2:
Antes da palavra Dona (que se abrevia D.), não há artigo. Isso significa
que nunca ocorrerá crase:
"Entreguei a chave da casa a Dona Maria."
"Contei tudo a D. Francisca."

8) Antes de palavras no plural (quando o a estiver no singular):
"Não obedecia a leis pouco conhecidas."
"O desentendimento levou-o a situações constrangedoras."
"Referia-se a cidades do interior."
"Não me refiro a mulheres, e sim a crianças."
"Não dê ouvidos a reclamações idiotas."
"A reunião será a portas fechadas."
"Tráfego proibido a motocicletas."
"Foi recebido a tiros."

9) Antes de substantivos repetidos, nas locuções adverbiais:
"Ficou cara a cara."
"Está frente a frente."
"Venceu de ponta a ponta."
"Caía gota a gota."

10) Antes de qualquer nome feminino tomado em sentido genérico ou
indeterminado, isto é, sem artigo definido:
"Não fui a reunião nenhuma." (=Não fui a encontro nenhum)
"Ela é candidata a rainha do carnaval." (=...candidato a rei...)

IV) Dúvidas Finais

1ª) Entrega a domicílio ou à domicílio ?

Essa é a famosa dúvida do nada com coisa alguma.
Na verdade, deveríamos fazer "entregas em domicílio", assim como
faríamos qualquer entrega "em casa", "no escritório", "no quarto"...
Pior que usar a preposição a é a crase. Domicílio é um substantivo
masculino. Seria um caso de crase impossível.

2ª) Comida a kilo ou à kilo ?

Outra dúvida de nada com coisa alguma.
Primeiro, a letra K, em português, só deve ser usada em abreviaturas: k,
km, kg...
Quilômetro e quilograma, por extenso, se escreve com "qu". Portanto,
devemos grafar quilo (=com "qu").
Segundo, quilograma é uma palavra masculina. Isso significa que não há
artigo feminino, logo a crase é impossível.
O certo é: "Comida a quilo".
O que eu não sei é se os donos de restaurantes vão mudar seus cartazes.
O brasileiro está tão acostumado com "comida à kilo", que é capaz de
desconfiar da qualidade do restaurante que anuncie corretamente: "comida
a quilo".

Por Fascículo > 7. Pronomes

Parte 1 - Uso dos PRONOMES PESSOAIS
Parte 2 - Uso dos PRONOMES DE TRATAMENTO
Parte 3 - Uso dos PRONOMES POSSESSIVOS
Parte 4 - Colocação dos PRONOMES ÁTONOS
Parte 5 - Uso dos PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Parte 6 - Uso dos PRONOMES RELATIVOS

Parte 1 - Uso dos PRONOMES PESSOAIS

Introdução: PRONOMES PESSOAIS RETOS
[FieldElemFormat=gif]
Observação:
Os pronomes pessoais retos sempre exercem a função de sujeito.
Os pronomes pessoais oblíquos exercem as funções de complemento (=objeto
direto, objeto indireto, complemento nominal...)
Em razão disso, as frases "eu encontrei ele" e "isso é para mim fazer"
estão erradas.
No primeiro caso, não podemos usar um pronome pessoal reto (=ele) na
função de objeto:
"Eu (=sujeito) encontrei (=verbo transitivo direto) ele (=objeto
direto)."
Devemos usar um pronome pessoal oblíquo. Para substituir os objetos
diretos, usamos os pronomes o, a, os, as. (Para substituir os objetos
indiretos, usaremos lhe, lhes). A solução é:
"Eu o encontrei" ou "Eu encontrei-o"
No segundo exemplo, ocorre o oposto. Usamos um pronome pessoal oblíquo
(=mim) na função de sujeito:
"...para mim (=sujeito) fazer (=verbo no infinitivo)"
Sempre que o pronome pessoal anteceder um verbo no infinitivo e exercer
a função de sujeito, devemos usar o pronome do caso reto (=EU).
O certo é: "...para eu fazer".

OS CASOS

1. O Cacófato

Em "eu vi ela", além do erro gramatical (=pronome pessoal reto ela na
função de objeto direto), ocorre também um caso de cacofonia (=palavra
de origem grega que significa "mau som", resultante da aproximação de
sílabas de duas ou mais palavras): "vi ela" parece uma pequena via, uma
ruazinha.
Muitos me perguntam se o nome da novela da Globo POR AMOR não forma um
cacófato. Dependendo do modo como pronunciamos o "r" final da preposição
por, formaremos um cacófato com a sílaba inicial "a" do substantivo
amor. Isso também acontece em "por razões", "por racismo", "por
radar"...
A cacofonia, por ser um fenômeno sonoro, passa despercebida aos olhos de
muitos leitores. Isso não justifica os nossos descuidos. É importante
alertar os nossos profissionais, principalmente os de rádio e de
televisão.
Durante a Olimpíada de Atlanta, um repórter afirmou com muita ênfase:
"Até hoje, o Atletismo era o esporte que havia dado mais medalhas para o
Brasil."
Outro dia, na transmissão do jogo Brasil x Coréia, ouvimos: "Flávio
Conceição pediu a bola e Cafu deu." Assim não dá!
Existem cacófatos famosos que a maioria das pessoas já conhece, mas vale
a pena recordar alguns: "Ela tinha...", "Uma minha...", "Na boca
dela...", "Na vez passada..." e outros.
No meio empresarial corre uma história muito curiosa. Dizem que uma
engenheira química, durante uma visita a uma fábrica em São Paulo,
recebeu a seguinte pergunta: "Que a senhora faria se este problema
ocorresse na sua fábrica no Rio de Janeiro?" Ela respondeu secamente:
"Eu mandaria um químico meu." A resposta causou constrangimento. Todos
disfarçaram e continuaram a reunião. Lá pelas tantas, nova pergunta: "E
neste caso?" Nova resposta: "Eu mandaria um outro químico meu." Foram
tantos "químico meu", que um diretor "mais preocupado" perguntou:
"Mas...foi a fábrica toda?" Ela deve ter voltado para casa sem saber o
porquê de tanto sucesso.
Para terminar, uma historinha verídica. Eu estava ensinando aos meus
alunos de Comunicação da Faculdade Carioca que deveriam evitar manchetes
do tipo: "América ganha..." Um aluno, querendo fazer graça, retrucou:
"Fique tranqüilo, professor, porque o América nunca ganha." Ele não
entendeu "o espírito da coisa"!

CASO 2 - A Dra. Jorgina

Em 1997, no programa Globo Repórter, tivemos a oportunidade de assistir
a uma lamentável entrevista. A doutora Jorgina, advogada, apresentou
para todos nós um grande show: foram argumentos incompreensíveis,
justificativas inaceitáveis e um festival de erros gramaticais. Com
certeza, ela nos julga uns verdadeiros idiotas.
Foram tantos "pra mim fazer", "pra mim viver", "pra mim falar" que eu
quero, antes de tudo, parabenizar o entrevistador. Não sei como o
Roberto Cabrini resistiu. É o dever da profissão.
No meio da entrevista, a doutora exclamou: "Cara, eu sou advogada!" Em
seguida se desculpou: "Não fica bem uma advogada dizer cara". Ela tentou
"livrar a cara", mas se deu mal. Os "pra mim" ficaram.
Ela agora poderá aproveitar o tempo de reclusão para um "cursinho" de
revisão gramatical. Como todos são merecedores da nossa caridade, aqui
vai uma pequena contribuição:
MIM é pronome pessoal oblíquo. Jamais exercerá a função de sujeito.
Antes de verbo no infinitivo, o pronome exerce o papel de sujeito. É
obrigatório o uso do pronome pessoal reto (=EU).
Observe a diferença:
"Ela trouxe o livro para MIM", mas "Ela trouxe o livro para EU ler".
Vejamos mais exemplos:
"Isto é difícil para EU entender."
"Para EU fazer esta entrevista, exigi até dinheiro."
"É duro para EU viver longe dos meus filhos."

Caso 3 - Mistura de Tratamento

Sempre me perguntam onde se fala o melhor português. Só pode ser em
Portugal! Já viajei muito pelo Brasil e já estive em todas as regiões.
Sinceramente, não sei onde se fala melhor. Cada região tem suas
qualidades e seus vícios de linguagem. Confesso que até hoje não tenho
opinião sobre o assunto.
No Maranhão, podemos observar o bom uso do pronome TU. No Rio Grande do
Sul, também observamos a presença do pronome TU, porém a concordância é
feita geralmente com o verbo na 3ª pessoa (="tu vai", "tu fez"...).
Dizem que nós, gaúchos, comemos o "s" do plural com picanha e sal grosso
(="os pé", "as mão"...).
Aqui no Rio de Janeiro, graças ao nosso "chiado", pronunciamos bem o "s"
final. Isso faz com que a concordância no plural seja respeitada. Por
outro lado, temos um velho vício: a mistura de tratamento. Tratamos as
pessoas, geralmente, por VOCÊ (=3ª pessoa), mas gostamos de "te
encontrar", "ter saudade de ti", "pedir a tua caneta" e queremos "falar
contigo".
Assim não dá!
Para usarmos corretamente os pronomes te, ti, contigo, teu, tua...,
seria necessário TE tratarmos por TU (=2ª pessoa).
Se preferimos VOCÊ (=3ª pessoa), devemos: "encontrá-lo", "dizer-lhe",
"pedir a sua caneta" e "falar com você".
Quanto ao famoso "falar CONSIGO", temos um problema. Embora nossos
irmãos portugueses usem com freqüência, sugiro que evitemos usar CONSIGO
para substituir COM VOCÊ. Pode haver mal-entendidos.
CONSIGO significa "com si mesmo". É uma forma reflexiva: "Ele carregava
todos os documentos CONSIGO (=com ele próprio)."
Quando ouço: "O diretor já vai falar consigo." Sinto vontade de ir
embora. Será que ele quer falar comigo ou com si próprio? Será que ele
enlouqueceu e quer falar sozinho?
O melhor é "falar COM VOCÊ" ou "COM O SENHOR" ou "COM VOSSA SENHORIA".
Você decide.

AS DÚVIDAS

1. PARA MIM ou PARA EU ?

EU é pronome pessoal reto.
MIM é pronome pessoal oblíquo tônico.

Pronome pessoal reto (=EU) sempre exerce a função de sujeito.
Pronome pessoal oblíquo tônico (=MIM) nunca exerce a função de sujeito e
obrigatoriamente deve ser usado com preposição: a mim, de mim, entre
mim, para mim, por mim...
Exemplos:
"EU li o jornal." (=sujeito)
"Ela trouxe o jornal para MIM." (=não é sujeito)

Entretanto, observe o exemplo abaixo:
"Ela trouxe o jornal para EU ler."
Nesse caso são duas orações. "Ela trouxe o jornal" é a oração principal
e "para EU ler" é oração reduzida de infinitivo (=para que eu lesse).
Devemos usar o pronome pessoal reto (=EU), porque exerce a função de
sujeito do verbo infinitivo (=ler).

Conclusão:
A diferença entre PARA MIM e PARA EU está na presença ou não de um verbo
(=sempre no infinitivo) após o pronome:
"Este documento é PARA MIM."
"Este documento é PARA EU escrever."
Portanto, sempre que houver um verbo no infinitivo, devemos usar os
pronomes pessoais retos. Isso ocorrerá com qualquer preposição:
"Ela chegou antes DE MIM."
"Ela chegou antes DE EU sair."
"Ela fez isso POR MIM."
"Ela fez isso POR EU estar cansado."

Observe a sutileza:
1. "PARA EU viver nesta cidade, foi preciso que os amigos ajudassem."
2. "PARA MIM, viver nesta cidade é um tormento."
Na primeira frase, o pronome pessoal reto (=EU) é o sujeito do
infinitivo (=viver); na segunda frase, a vírgula indica que o PARA MIM
está deslocado. Devemos usar o pronome oblíquo (=MIM), pois não é o
sujeito do verbo viver.
Vejamos mais exemplos:
"PARA EU fazer o trabalho, foi a ordem dele."
"PARA MIM, fazer o trabalho foi uma ordem dele."

2. "Não há nada ENTRE EU E VOCÊ ou ENTRE MIM E VOCÊ" ?
O certo é: "Não há nada ENTRE MIM E VOCÊ."
Como já foi explicado, EU é pronome pessoal reto e só pode ser usado na
função de sujeito. Para isso, é necessário um verbo no infinitivo: "Não
há nada ENTRE EU sair e você ficar em casa..."
Não havendo o verbo, devemos usar sempre ENTRE MIM e VOCÊ. E não adianta
você inverter. O certo é: "Não há nada ENTRE VOCÊ e MIM".

Observe mais exemplos:
1. "A escolha será entre MIM e o meu irmão."
2. "O meu irmão e EU fomos os escolhidos."
No primeiro exemplo, devemos usar MIM porque não é sujeito. O sujeito é
"a escolha". No segundo caso, devemos usar EU porque é núcleo do sujeito
composto "o meu irmão e eu".

Portanto, "entre eu e você" está sempre errado. Se você não gostou da
forma correta (="entre MIM e você" ou "entre você e MIM"), porque achou
"estranho", "feio" ou "porque parece coisa de índio", só me resta uma
solução: "A partir de hoje não haverá mais nada ENTRE NÓS."

3. CONOSCO ou COM NÓS ou COM A GENTE ?

"Os diretores se reuniram ontem CONOSCO ou COM NÓS ou COM A GENTE." ?
Devemos usar CONOSCO.
COM A GENTE é característico de linguagem tipicamente coloquial. Não
devemos usar em texto formais.
COM NÓS deve ser usado antes de: MESMOS, PRÓPRIOS, AMBOS, TODOS,
NUMERAIS e pronome relativo QUE.
Exemplos:
"Ele deixou a decisão CONOSCO."
"Ele deixou a decisão COM NÓS MESMOS."
"Ele deixou a decisão COM NÓS TODOS."
"Ele deixou a decisão COM NÓS DOIS."
"Ele deixou a decisão COM NÓS QUE reclamamos da sua proposta."

4. CONTIGO ou CONSIGO ou COM VOCÊ ?

"Espere que o diretor já vem falar CONTIGO ou CONSIGO ou COM VOCÊ" ?
O certo é COM VOCÊ.
A frase está na 3ª pessoa (="Espere você..."). Devemos usar a forma
VOCÊ, que é de 3ª pessoa.

O pronome CONTIGO só deve ser utilizado quando tratamos as pessoas em 2ª
pessoa (=TU, te, ti, teu, tua...)
Exemplos:
"Ele te disse isso, porque deseja viajar CONTIGO."
"Espera que ele já vem falar CONTIGO."
"Cala a tua boca. Ele vai sair CONTIGO."

O pronome CONSIGO é reflexivo - significa COM SI MESMO.
Exemplo:
"Ele trouxe as mercadorias CONSIGO (=com si mesmo)."

Quando tratamos as pessoas em 3ª pessoa (=você, vossa senhoria, vossa
excelência, senhor, doutor...) não devemos usar CONTIGO nem CONSIGO.
Exemplos:
"Ele lhe disse isso, porque deseja viajar COM VOCÊ."
"Cale a sua. Ele vai sair COM VOCÊ."
"Venho informar-lhe que minha reunião com VOSSA SENHORIA está
confirmada no seu escritório."

5. O ou LHE ?

"Eu devo ajudá-LO ou ajudar-LHE" ?
"Eu devo obedecê-LO ou obedecer-LHE" ?
O certo é:
"Eu devo AJUDÁ-LO" e
"Eu devo OBEDECER-LHE".

O pronome pessoal oblíquo "o" (O, A, OS, AS, LO, LA, LOS, LAS) deve ser
usado para substituir objetos diretos:
"Eu o encontrei."
"Eu devo ajudá-lo."
"Eu não a vi."

O pronome "lhe", como complemento verbal, substitui os objetos
indiretos:
"Eu não lhe obedeço."
"Eu devo dizer-lhe a verdade."
"Eu lhe entreguei os documentos."

Quem decide se o objeto é direto ou indireto é o verbo. Em caso de
dúvida, vá ao dicionário. Lá você vai encontrar a regência do verbo (=se
pede preposição ou não).
Quem ajuda ajuda alguém. AJUDAR é transitivo direto, por isso "devo
ajudá-lo".
Quem obedece obedece a alguém. OBEDECER é transitivo indireto, por isso
"devo obedecer-lhe".

As formas "eu te amo", "eu te vi" e "eu te quero bem" são corretas,
desde que o tratamento seja feito em 2ª pessoa (=tu).
Se o tratamento for em 3ª pessoa (=você), devemos dizer "eu o amo", "eu
a vi" e "eu lhe quero bem".
Em "eu lhe quero bem", o verbo QUERER (=estimar, querer bem) é
transitivo indireto, por isso devemos usar o pronome lhe (=objeto
indireto)
"Eu lhe amo" está errado, porque o verbo AMAR é transitivo direto. Se
você acha "eu o amo" ou "eu a amo" formas esquisitas, diga simplesmente
"eu amo você", e eu ficarei duplamente feliz.

6. "Devemos INFORMÁ-LO ou INFORMAR-LHE dos incidentes de ontem." ?

O certo é: "Devemos INFORMÁ-LO dos incidentes de ontem."
O verbo INFORMAR é transitivo direto e indireto (= INFORMAR alguma coisa
a alguém ou alguém de alguma coisa).

Devemos evitar dois objetos diretos ou dois objetos indiretos:
"Devemos informá-lo (=objeto direto) os incidentes de ontem (=outro
objeto direto)." OU
"Devemos informar-lhe (=objeto indireto) dos incidentes de ontem
(=outro objeto indireto)."

O certo é:
"Devemos informá-lo (=objeto direto) dos incidentes de ontem (=objeto
indireto)." OU
"Devemos informar-lhe (=objeto indireto) os incidentes de ontem
(=objeto direto)."

Parte 2 - Uso dos PRONOMES DE TRATAMENTO

1. "Vossa Excelência DEVE ou DEVEIS viajar" ?

VOSSA EXCELÊNCIA, como qualquer pronome de tratamento (=VOSSA SENHORIA,
VOSSA ALTEZA, VOSSA MAJESTADE, VOSSA SANTIDADE...), é de 3ª pessoa. É
igual a VOCÊ.
Portanto, o certo é:
"Vossa Excelência DEVE viajar."

2. "VOSSA EXCELÊNCIA ou SUA EXCELÊNCIA" ?

"Eu preciso falar com VOSSA ou SUA EXCELÊNCIA" ?
Se você está falando diretamente com a pessoa, deve dizer:
"Eu preciso falar com VOSSA EXCELÊNCIA."
Se você está falando a respeito da pessoa, deve usar:
"Eu preciso falar com SUA EXCELÊNCIA."

VOSSA EXCELÊNCIA, VOSSA SENHORIA, VOSSA MAJESTADE - devem ser usados
quando nos dirigimos diretamente à pessoa.
SUA EXCELÊNCIA, SUA SENHORIA, SUA MAJESTADE - devem ser usados quando
nos referimos à pessoa:
"Falamos sobre SUA EXCELÊNCIA ontem na reunião."
"SUA SANTIDADE esteve no Brasil em 1997."

3. "VOSSA EXCELÊNCIA ou VOSSA SENHORIA"?

"Preciso falar com VOSSA EXCELÊNCIA ou VOSSA SENHORIA" ?
Depende da pessoa com quem você quer falar.
Vossa Senhoria = para pessoas graduadas;
Vossa Excelência = para altas autoridades;
Vossa Alteza = para príncipes e princesas;
Vossa Majestade = para reis e imperadores;
Vossa Reverendíssima = para sacerdotes em geral;
Vossa Eminência = para cardeais e bispos;
Vossa Santidade = para o papa;
Vossa Magnificência = para reitores de universidades.

Parte 3 - Uso dos PRONOMES POSSESSIVOS

1. SEU ou VOSSO ?

"VOSSA EXCELÊNCIA deve comparecer com SEUS ou VOSSOS convidados à
reunião do dia 20. Estamos a SEU ou VOSSO dispor para mais
esclarecimentos" ?
VOSSA EXCELÊNCIA é um pronome de tratamento. Os pronomes de tratamento
são de 3ª pessoa.
A concordância deve ser feita em 3ª pessoa:
"VOSSA EXCELÊNCIA (=você / 3ª pessoa) deve comparecer com SEUS
convidados à reunião do dia 20. Estamos a SEU dispor para mais
esclarecimentos."

2. O CASO - Ambigüidade

Este caso aconteceu com um velho amigo. Ele, gerente de vendas de uma
multinacional, ao voltar do almoço, encontrou sobre sua mesa um
memorando interno no qual estava escrito:
"Encontrei o seu diretor e resolvemos fazer uma reunião em seu
escritório às 15h."
Imediatamente ligou para sua secretária e pediu que ela preparasse tudo
para a tal reunião, principalmente a limpeza da mesa e mais algumas
cadeiras.
Às 15h em ponto, lá estava ele à espera do seu diretor.
Às 15h10min, nada. Achou estranho, pois o diretor sempre exigiu muita
pontualidade de todos.
Às 15h15min, um telefonema. Era o diretor: "Que é que você está fazendo
aí que ainda não veio para a reunião?"
Só então ele entendeu que o "seu escritório" não era o dele próprio, mas
sim o do diretor.
Não foi demitido, mas foi obrigado a ouvir algumas "belas" palavras, por
não ter percebido a ambigüidade da mensagem.
É óbvio que quem escreveu a frase também não tinha notado a ambigüidade.
E o que era pior: sabia onde era a reunião. Para o autor a frase estava
"claríssima": "Encontrei o seu diretor e resolvemos fazer uma reunião em
seu escritório às 15h" (=no escritório dele, do diretor).
O meu amigo, ao ler a frase, também não percebeu o duplo sentido. E o
que é pior ainda: entendeu "o outro". Para ele, também estava claro:
"Encontrei o seu diretor e resolvemos fazer uma reunião em seu
escritório às 15h"(=no seu próprio escritório, de quem recebe a
mensagem, do meu amigo).
Tudo isso comprova o "perigo" das ambigüidades na comunicação interna e
externa das organizações.
Frases ambíguas podem ser interessantes e curiosas, e muito úteis na
publicidade. Para fazer piadas então, são excelentes. O pessoal do
Casseta e Planeta que o diga.
É interessante observar que na frase analisada não há erro gramatical. O
pronome possessivo seu é de 3ª pessoa e permite perfeitamente a dupla
interpretação:
SEU = dele (de quem se está falando = o diretor) ou
SEU = de você (com quem se está falando = o receptor da mensagem = o meu
amigo).
Portanto, cuidado com o "seu" !

Parte 4 - Colocação dos PRONOMES ÁTONOS

Introdução:
Os pronomes átonos (=ME, TE, SE, O, A, LHE, NOS, VOS, OS, AS, LHES)
podem ocupar três posições:
1. antes do verbo = PRÓCLISE;
2. depois do verbo = ÊNCLISE;
3. meio do verbo = MESÓCLISE.

Os pronomes átonos são "fracos" na pronúncia. Por serem átonos, unem-se
ao verbo. Não há hífen na próclise, porque a "união" é maior na ênclise.
Em razão disso, na sintaxe lusitana, a preferência é a ênclise.

DÚVIDAS:

1. "NOS REUNIMOS ou REUNIMO-NOS ontem com o diretor" ?

O certo é REUNIMO-NOS.
Segundo a sintaxe portuguesa, não devemos usar o pronome átono no início
da frase, embora seja muito comum no Brasil.
Vejamos outros exemplos:
"Dá-me um cigarro."
"Encontramo-nos com os alemães."
"Tratando-se de dinheiro, não há discussão."

Se você considera a forma REUNIMO-NOS pedante ou artificial, sugiro que
você ponha o sujeito antes do verbo e use a próclise: "Nós NOS
REUNIMOS..."
Devemos, portanto, evitar frases típicas da linguagem coloquial
brasileira: "ME considero candidato", "SE sente deprimida"...
Podemos usar: "Considero-ME candidato" ou "Eu ME considero candidato";
"Sente-SE deprimida" ou "Ela SE sente deprimida".

2. "Eu O ENCONTREI ou ENCONTREI-O na praia" ?

Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.
Podemos aceitar a próclise sempre que o sujeito aparece antes do verbo:
"O diretor RETIROU-SE ou SE RETIROU mais cedo."
"Ela ENTREGOU-LHE ou LHE ENTREGOU os documentos."
"O proprietário OFERECEU-ME ou ME OFERECEU um cargo em sua
empresa."

3. "Eu não LHE DISSE ou DISSE-LHE a verdade" ?

O certo é: "Eu não LHE DISSE a verdade."
Quando há uma palavra de sentido negativo (=não) antes do verbo, a
próclise
é obrigatória.

A próclise (=pronome átono antes do verbo) é recomendável nos seguintes
casos:
a) com palavra negativa: não, nunca, jamais, nada, ninguém:
"Nada ME preocupa mais do que isso."
"Ninguém NOS perturba tanto quanto os governantes."
b) com alguns conectivos: que, se, quando, embora, porque:
"Ele lhe disse que OS dispensaria logo."
"Quando SE trata de política, devemos ter cautela."
"Caso TE ofendam, tem paciência."
c) com alguns advérbios (sem pausa): sempre, já, ainda, agora, talvez:
"Sempre NOS encontramos aqui."
"Ele já LHE disse tudo."
"Isto talvez ME seja útil."
d) com pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos:
"Foi ele quem O avisou."
"Aqui está o livro que TE emprestaram."
"Isto NOS é desfavorável."
"Todos A criticaram muito."
"Alguém NOS viu quando chegamos."
e) em frases interrogativas:
"Quem LHES enviou os documentos?"
"Quando NOS encontraremos novamente?"
"Como TE sentes?"
f) em frases exclamativas ou optativas:
"Como VOS respeitam!"
"Quanto TE odeiam!"
"Deus O abençoe!"
"Macacos ME mordam."
g) com verbo no gerúndio antecedido da preposição EM:
"Em SE plantando, tudo dá."
"Em SE fazendo dia, partirei."
h) com formas verbais proparoxítonas:
"Nós O censurávamos."
"Nós A encontráramos antes de ele chegar."

4. "ME TORNAREI ou TORNAREI-ME ou TORNAR-ME-EI o líder do grupo" ?

O certo é: "TORNAR-ME-EI o líder do grupo."
"ME TORNAREI" é inaceitável (=pronome átono no início da frase);
"TORNAREI-ME" é inaceitável (=ênclise de verbo no FUTURO está sempre
errada).
Quando o verbo está no FUTURO do Presente ou do Pretérito do
Indicativo, devemos usar o pronome átono em MESÓCLISE:
"Encontrar-NOS-emos na próxima semana."
"Realizar-SE-ia hoje a reunião."

5. "Eu ME TORNAREI ou TORNAR-ME-EI o líder do grupo" ?

Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.
A mesóclise (=Eu TORNAR-ME-EI) está correta porque o verbo está no
Futuro do Presente do Indicativo;
A próclise (=Eu ME TORNAREI) é aceitável porque o sujeito (=eu) aparece
antes do verbo.
Vejamos outros exemplos:
"Nós ENCONTRAR-NOS-EMOS ou NOS ENCONTRAREMOS aqui."
"A reunião REALIZAR-SE-IA ou SE REALIZARIA hoje."

6. "Eu não TORNAR-ME-EI ou ME TORNAREI o líder do grupo" ?

O certo é: "Eu não ME TORNAREI o líder do grupo."
A palavra negativa (=não) é a causadora da próclise, mesmo com o verbo
no FUTURO. Entre a próclise e a mesóclise, devemos usar a próclise.

7. "O fato VAI-SE REPETIR ou VAI SE REPETIR" ?

Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.
Segundo a sintaxe portuguesa, um pronome átono não poderia ficar solto
(=sem hífen) entre dois verbos. O certo seria: "O fato VAI-SE REPETIR".
Entretanto, no Brasil, o uso consagrou e muitos autores consideram
aceitável pôr o pronome átono "solto" entre dois verbos: "O fato VAI SE
REPETIR" (=próclise do verbo principal).

8. "A secretária não LHE DEVE ENTREGAR ou DEVE ENTREGAR-LHE os
documentos." ?

Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.
A próclise (=não LHE DEVE ENTREGAR) está correta, devido à palavra
negativa (=não);
A ênclise de verbo no INFINITIVO (=não DEVE ENTREGAR-LHE) está sempre
correta.
Observe outro exemplo:
"Não posso RECEBÊ-LO."

9. "TINHA-NOS ENTREGADO ou TINHA ENTREGADO-NOS a carta" ?

O certo é: "TINHA-NOS ENTREGADO a carta."
A ênclise de verbo no PARTICÍPIO (=ENTREGADO-NOS) está sempre errada.

Parte 5 - Uso dos PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Introdução:
Os pronomes demonstrativos são:
ESTE (S) - ESTA (S) - ISTO
ESSE (S) - ESSA (S) - ISSO
AQUELE (S) - AQUELA (S) - AQUILO

Usamos os pronomes demonstrativos:
a) para indicar LUGAR:
"ESTE aqui." (=perto do emissor);
"ESSE aí." (=perto do receptor);
"AQUELE lá."(=distante);
b) para indicar TEMPO:
"ESTE dia." (=hoje - tempo presente);
c) em referência a algo já citado:
"Não estudava. Por ESSE motivo foi reprovado."

DÚVIDAS:

1. "ESTE ou ESSE relatório que está aqui na minha mesa." ?

O certo é: "ESTE relatório que está aqui na minha mesa" (=o relatório
está aqui, perto do emissor).
Os pronomes ESTE (S), ESTA (S) e ISTO indicam o que está próximo do EU
(= emissor, remetente, quem fala ou escreve);
Os pronomes ESSE (S), ESSA (S) e ISSO indicam o que está próximo do TU
ou VOCÊ (= receptor, destinatário, quem ouve ou lê).
Vejamos mais exemplos:
"ESTE departamento é o meu." / "ESSE departamento é o seu."
"ESTA empresa é a nossa." / "ESSA empresa é a do cliente."
"Eu vivo NESTA cidade." / "Você vive NESSA cidade aí."
"Não repita mais ISTO (=que eu disse)." /
"Não repita mais ISSO (=que você disse)."

OBSERVAÇÃO 1:
Os pronomes AQUELE (S), AQUELA (S) e AQUILO indicam o que está distante:
"AQUELE departamento está nos prejudicando."
"AQUILO lá é indesejável."
"Não voltaremos mais ÀQUELA cidade."

2. "Chegou NESTE ou NESSE exato momento" ?

O certo é: "Chegou NESTE exato momento." (=agora)
Os pronomes ESTE (S) e ESTA (S) indicam tempo PRESENTE.
Observe outros exemplos:
"Em 1996 houve perdas, em 1997 já houve lucros e para ESTE ano as
esperanças são maiores." ( ESTE ano = 1998)
"Entregará o projeto ainda ESTE mês." (ESTE mês = mês em que estamos)
"Resolverá tudo até o fim DESTA semana." (ESTA semana = semana em que
estamos)
"O congresso está se realizando por ESTES dias." (ESTES dias = inclui o
dia de hoje)
"Haverá Fla X Flu NESTE domingo." (NESTE domingo = domingo mais
próximo)
"Chove NESTA sexta-feira em todo o país." (NESTA sexta-feira =
sexta-feira mais próxima)
"NESTA madrugada explodiu uma bomba em Chicago." (NESTA madrugada = de
ontem para hoje)

OBSERVAÇÃO 2:
Os pronomes ESSE (S), ESSA (S) e ISSO se referem a alguma coisa já
citada na frase anterior:
"Rubinho liderava a prova até a quinta volta. NESSE momento a chuva
aumentou. ISSO causou um grave acidente, e a corrida foi interrompida."
(NESSE momento não é agora, é a quinta volta; ISSO se refere ao fato de
a chuva ter aumentado)
"Nossa empresa precisa de Qualidade Total. ESSE projeto já está sendo
implantado." (ESSE projeto = Qualidade Total)
"Os atacantes estavam muito nervosos, mas foram ESSES jogadores que nos
deram a vitória." (ESSES jogadores = os atacantes)

Observe a diferença:
Anúncio publicado no JB, em maio de 1997.
"A partir de novembro haverá mais linhas telefônicas na Barra. A
promessa faz parte do projeto que será lançado NESTE ou NESSE mês."
Se for NESTE mês, o projeto será lançado em maio (=mês em que estamos);
Se for NESSE mês, o projeto será lançado em novembro (=mês que foi
citado na frase anterior).

OBSERVAÇÃO 3:
Nas frases em que não ocorre ambigüidade, alguns autores admitem o uso
indiscriminado de ESTE ou ESSE:
"Ônibus e bonde são meios de transporte, porém ESSE (ou ESTE) se
mostrou mais econômico que AQUELE." (ESSE ou ESTE indicam proximidade =
só pode ser o bonde; AQUELE indica afastamento = só pode ser o ônibus)
"A inflação e o desemprego preocupam o brasileiro. ESSES (ou ESTES)
problemas precisam ser resolvidos imediatamente." (ESSES ou ESTES
problemas = só podem ser a inflação e o desemprego)

OBSERVAÇÃO 4:
Os pronomes AQUELE (S), AQUELA (S) e AQUILO sempre indicam distância (no
espaço, no tempo ou citação no texto):
"Não se estuda mais como NAQUELES tempos." (=passado distante)
"Não entendi AQUELA idéia que você expôs no primeiro capítulo."
(=citação distante)

Parte 6 - Uso dos PRONOMES RELATIVOS

Introdução:
Podem ser pronomes relativos: QUE, QUEM, QUAL, CUJO, ONDE, COMO, QUANDO
e QUANTO.
Os pronomes relativos são conectivos (=ligam orações) e substituem a
palavra que vem antes:
"Não gostei do livro QUE você me emprestou."
1ª oração: "Não gostei do livro";
2ª oração: "QUE você me emprestou" (QUE = o livro)

O CASO
Coitada da preposição! Como é maltratada! Quando não é mal usada, é
esquecida.
Em nossas rádios, é freqüente ouvirmos:
"Esta é a música que o povo gosta."
Quem não gosta sou eu. Ora, se quem gosta gosta de alguma coisa, o certo
é: "Esta é a música de que o povo gosta."
Se você achou estranho ou feio, há outra opção:
"Esta é a música da qual o povo gosta."
Você decide qual pronome relativo vai usar, mas não esqueça a
preposição.
Erro semelhante ocorre num anúncio da Texaco:
"Esta é a marca que o mundo confia."
Eu perdi a confiança! A regência do verbo CONFIAR exige a preposição em.
O certo é: "Esta é a marca em que o mundo confia."
Outro exemplo errado ocorre em cartas comerciais:
"Segue anexo o documento que você se refere em sua última carta."
O verbo REFERIR-SE pede a preposição a. O certo é: Segue anexo o
documento a que você se refere em sua última carta."
Mais um: "E o Flamengo acabou chegando ao gol que precisava." Pelo
visto, não precisava tanto. O gol deve ter sido ilegal. Se quem precisa
(=necessita) precisa de alguma coisa, o certo é: "E o Flamengo acabou
chegando ao gol de que precisava."

A DICA
Se você quer saber se deve usar preposição antes dos pronomes relativos,
aplique o seguinte "macete":
"Esta é a quantia ___ que dispomos para o investimento."
1. Todo pronome relativo (=que) possui um antecedente (=quantia);
2. Ponha o antecedente no fim da oração seguinte (=que dispomos para o
investimento) > "...que dispomos DA QUANTIA para o investimento" (=você
descobriu a preposição de);
3. Ponha a preposição (=de) antes do pronome relativo (=de que):
"Esta é a quantia de que dispomos para o investimento."

Vamos testar o "macete" em outros exemplos:
"Isto só ocorre nesta sociedade ___ que vivemos."
1. Pronome relativo = que; antecedente = sociedade;
2. "...vivemos NA SOCIEDADE." (preposição = em);
3. "Isto só ocorre nesta sociedade em que vivemos."

"O fato ___ que fizemos alusão não é recente."
1. Pronome relativo = que; antecedente = o fato;
2. "...fizemos alusão AO FATO." (preposição = a);
3. "O fato a que fizemos alusão não é recente."

"Os dados ___ que contamos são insuficientes."
1. Pronome relativo = que; antecedente = os dados;
2. "...contamos COM OS DADOS." (preposição = com);
3. "Os dados com que contamos são insuficientes."

"Aqui está o livro ___ que compramos ontem."
1. Pronome relativo = que; antecedente = o livro;
2. "...compramos O LIVRO ontem." (=sem preposição)
3. "Aqui está o livro que compramos ontem."

DÚVIDAS

1. QUE ou DE QUE
"Qual é a comida QUE ou DE QUE você mais gosta" ?
O certo é: "Qual é a comida DE QUE você mais gosta?"
A regência do verbo GOSTAR exige a preposição de (=quem gosta gosta de
alguma coisa).

2. DE QUE ou DA QUAL
"Qual é a comida DE QUE ou DA QUAL você mais gosta" ?
As duas formas são aceitáveis.
OBSERVAÇÃO:
Os pronomes relativos são substituíveis por QUAL:
"Este é o livro QUE você me emprestou." (="...O QUAL você me
emprestou");
"Este é o livro A QUE ele se referiu." (="...AO QUAL ele se referiu");
"Este é o livro DE QUE necessitamos." (="...DO QUAL necessitamos");
"Esta é a cidade EM QUE vivemos." (="...NA QUAL vivemos").

3. QUEM ou A QUEM
"Este é o gerente QUEM ou A QUEM encontrei no congresso." ?
O certo é: "Este é o gerente A QUEM encontrei no congresso."
Quando o substantivo antecedente é pessoa (=gerente), podemos usar o
pronome QUEM, porém sempre com preposição.

Observe outros exemplos:
"Este é o gerente A QUEM (ou QUE ou O QUAL) sempre respeitei."
(=respeitei O GERENTE);
"Este é o gerente A QUEM (ou AO QUAL) fiz referência." (=fiz referência
AO GERENTE);
"Este é o gerente DE QUEM (ou DO QUAL) ninguém gosta." (=ninguém gosta
DO GERENTE);
"Este é o gerente POR QUEM (ou PELO QUAL) fomos enganados."

Por Fascículo > 8. Ortografia

Parte 1 - Letras
Parte 2 - Hífen
Parte 3 - Acentuação Gráfica
Parte 4 - Trema

Parte 1 - Letras

O CASO

O concurso vestibular de 1998 da UFRJ começou mal.
Na prova de História, por duas vezes, a palavra ASCENSÃO aparece grafada
com "ç":
"...nesse processo nota-se a ascenção de valores consagrados pelas
revoluções burguesas..." (Questão 1)
"Entre a ascenção ao trono da Rainha Vitória, em 1837, e o reinado da
Rainha Elizabeth, a partir de 1953, a monarquia inglesa percorreu uma
longa trajetória política." (Questão 5)
Numa prova de apenas cinco questões, é triste constatarmos o desleixo de
alguns educadores em relação ao bom uso da língua portuguesa.
A repetição do erro nos leva a crer que o autor não tem "dúvida" quanto
à grafia da palavra ASCENSÃO.
Nada justifica a falta de uma revisão mais cuidadosa num instrumento
cujo objetivo é avaliar o conhecimento de candidatos a vagas em uma das
nossas maiores universidades. O uso de qualquer "corretor ortográfico"
teria evitado esse deslize.
Todos nós sabemos dos perigos que existem quanto à ortografia. Todo
cuidado é pouco. A língua portuguesa não é puramente fonética e, muitas
vezes, só a etimologia (=estudo da origem das palavras) é capaz de
explicar o emprego das letras.
Isso significa, portanto, que não há regras para você saber que EXCEÇÃO
se escreve com "ç" e que EXCESSO é com "ss".
Na prática, o que nos leva a saber ortografia é o bom hábito de ler e o
de escrever. É a nossa memória visual que nos impede de escrever
"caxorro, caza e oje(sem H)". Não hesitamos diante de uma palavra que
estamos acostumados a ver e usar. Corretamente, é claro!
Ler é a melhor solução. E, ao escrever, se houver dúvida, não tenha
vergonha de abrir um bom dicionário. Pesquise. Não faz mal a ninguém.

AS DICAS
Não há regras para resolver todos os casos de ortografia, porém algumas
dúvidas podem ser tiradas com as dicas a seguir.

1. -SÃO ou -SSÃO ou -ÇÃO ?

a) Em todos os substantivos derivados de verbos terminados em GREDIR,
MITIR e CEDER, devemos usar "ss" :
AGREDIR > AGRESSÃO
REGREDIR > REGRESSÃO
PROGREDIR > PROGRESSÃO
TRANSGREDIR > TRANSGRESSÃO
OMITIR > OMISSÃO
DEMITIR > DEMISSÃO
ADMITIR > ADMISSÃO
PERMITIR > PERMISSÃO
TRANSMITIR > TRANSMISSÃO
CEDER > CESSÃO
SUCEDER > SUCESSÃO
CONCEDER > CONCESSÃO

b) Em todos os substantivos derivados de verbos terminados em ENDER,
VERTER e PELIR, devemos usar "s":
TENDER > TENSÃO
COMPREENDER > COMPREENSÃO
APREENDER > APREENSÃO
PRETENDER > PRETENSÃO
ASCENDER > ASCENSÃO
VERTER > VERSÃO
REVERTER > REVERSÃO
CONVERTER > CONVERSÃO
SUBVERTER > SUBVERSÃO
EXPELIR > EXPULSÃO
REPELIR > REPULSÃO

c) Em todos os substantivos derivados dos verbos TER e TORCER e seus
derivados, devemos usar "ç":
RETER > RETENÇÃO
DETER > DETENÇÃO
ATER > ATENÇÃO
ABSTER > ABSTENÇÃO
OBTER > OBTENÇÃO
TORCER > TORÇÃO
DISTORCER > DISTORÇÃO
CONTORCER > CONTORÇÃO

2. -ISAR ou -IZAR ?

a) Escrevem-se com "s" (=ISAR) os verbos derivados de palavras que já
possuem o "s":
análise > analisar
aviso > avisar
paralisia > paralisar
pesquisa > pesquisar

b) Escrevem-se com "z" (=IZAR) os verbos derivados de palavras que não
possuem a letra "s":
ameno > amenizar
civil > civilizar
fértil > fertilizar
legal > legalizar
normal > normalizar
real > realizar
suave > suavizar

3. -SINHO ou -ZINHO ?

a) Escrevem-se com "s" (=SINHO) os diminutivos derivados de palavras que
já possuem a letra "s":
casa > casinha
lápis > lapisinho
mesa > mesinha
país > paisinho
pires > piresinho
tênis > tenisinho

b) Escrevem-se com "z" (=ZINHO) os diminutivos derivados de palavras que
não possuem a letra "s":
animal > animalzinho
balão > balãozinho
café > cafezinho
chapéu > chapeuzinho
flor > florzinha
pai > paizinho
papel > papelzinho

CURIOSIDADES ORTOGRÁFICAS

Você sabia que o certo é...

Abóbada
Adivinhar
Advogado
Aleijado
Arteriosclerose
Asterisco
Astigmatismo
Aterrissar (o dicionário Aurélio também registra "aterrizar")
Bandeja
Beneficente
Cabeleireiro
Calvície
Caranguejo
Chimpanzé
Cinqüenta
Companhia
Criminologista
Depredar
Descarrilar
De repente
Dignitário
Dilapidar
Disenteria
Empecilho
Enfarte (ou infarto)
Engajamento
Espontaneidade
Estrambótico
Estupro
Freada
Hidrelétrica
Jus
Lagartixa
Macérrima (magérrima é uma forma popular)
Manteigueira
Mendigo
Meritíssimo
Nhoque
Octogésimo
Ovos estrelados
Prazerosamente
Privilégio
Propositadamente
Propriedade
Quatorze (ou catorze)
Receoso
Reivindicar
Seriíssimo
Subumano
Terraplenagem
Trecentésimo
Verossimilhança

DÚVIDAS

1. A ou HÁ ?
"Espero que não haja obstáculos à realização das provas, daqui A ou HÁ
uma semana" ?

HÁ (=de verbo HAVER) só poderia ser usado caso se referisse a um tempo
já transcorrido:
"Não nos vemos há dez dias." (=FAZ dez dias que não nos vemos)
"Há muito tempo, ocorreu aqui uma grande tragédia." (=FAZ muito tempo)

Quando a idéia for de "tempo futuro", devemos usar a preposição "A":
"Espero que não haja obstáculos à realização das provas, daqui a uma
semana."
"Só nos veremos daqui a um mês."
Decore a "dica":
Tempo passado = HÁ (=FAZ);
Tempo futuro = A
OBSERVAÇÃO:
Quando a idéia for de "distância", também devemos usar a preposição
"A":
"Estamos a dez quilômetros do estádio."
"O estacionamento fica a poucos metros do aeroporto."

2. A CERCA DE ou HÁ CERCA DE ou ACERCA DE ?

a) A CERCA DE = A (preposição) + CERCA DE (perto de, aproximadamente):
"Estamos a cerca de dez quilômetros do estádio." (=Estamos
aproximadamente a dez quilômetros do estádio - idéia de distância);
ou A CERCA DE = A (artigo) + CERCA (substantivo) + DE (preposição):
"A cerca de arame farpado foi cortada."

b) HÁ CERCA DE = HÁ (verbo) + CERCA DE (perto de, aproximadamente):
"Não nos vemos há cerca de dez anos." (=FAZ aproximadamente dez anos que
não nos vemos);
ou "Há cerca de dez pessoas na sala de espera." (=EXISTEM perto de dez
pessoas na sala de espera);

c) ACERCA DE = a respeito de, sobre:
"Falávamos acerca do jogo de ontem."

3. ABAIXO ou A BAIXO ?

a) ABAIXO = embaixo, sob:
"Sua classificação foi abaixo da minha."
b) A BAIXO = para baixo, até embaixo:
"Eles puseram o apartamento a baixo."
"Ela me olhava de alto a baixo."

4. ABAIXO-ASSINADO ou ABAIXO ASSINADO ?

a) O documento que se assina é um ABAIXO-ASSINADO:
"Entregamos o abaixo-assinado ao diretor."
b) Quem assina o documento é um ABAIXO ASSINADO:
"O abaixo assinado, Dr. Fulano de Tal, vem respeitosamente..."

5. AFIM ou A FIM ?

a) Quem tem afinidades são pessoas AFINS:
"As duas têm pensamentos afins.
b) A FIM DE= para, com o propósito de:
"Estuda a fim de vencer a barreira do vestibular."
"Veio a fim de trabalhar."

6. A PAR ou AO PAR ?

a) A PAR = estar ciente:
"Ele está a par de tudo."
b) AO PAR = título ou moeda de valor idêntico:
"O câmbio está ao par."

7. AO ENCONTRO DE ou DE ENCONTRO A ?

a) AO ENCONTRO DE = a favor, em conformidade:
"Qualidade é ir ao encontro das necessidades e das expectativas do
cliente."
"Estamos satisfeitos porque sua decisão vai ao encontro das nossas
reivindicações."
b) DE ENCONTRO A = ir contra, idéia de oposição:
"Ficamos insatisfeitos porque a sua proposta vai de encontro aos nossos
desejos."
"Discutimos pois suas idéias vão de encontro às minhas."

8. À TOA ou À-TOA ?

a) À TOA = "sem fazer nada" (locução adverbial de modo):
"Andava à toa na vida."
"Sempre viveu à toa."
b) À-TOA = "desocupado" (adjetivo - deve acompanhar um substantivo):
"Ela, sem dúvida, é uma mulher à-toa."
"Não passava de um sujeitinho à-toa."

9. BEM-VINDO ou BENVINDO ?

a) A saudação é BEM-VINDO (=bem recebido):
"Seja bem-vindo."
"Ele será bem-vindo a esta cidade."
b) BENVINDO é nome próprio de pessoa:
"Ele se chama Benvindo."

10. BUJÃO ou BOTIJÃO ?

BUJÃO (do francês bouchon) é uma bucha com que se tampam buracos ou
tampa de atarraxar. No sentido de recipiente metálico, usado para
armazenar produtos voláteis, prefiro a forma BOTIJÃO. O dicionário
Aurélio considera bujão sinônimo de BOTIJÃO, entretanto é importante
lembrar que bujão, no sentido de BOTIJÃO, é uma corruptela (=palavra que
se corrompe foneticamente). As corruptelas, em geral, são formas
características da linguagem popular: milico (de militar), Maraca (de
Maracanã), boteco (de botequim), Fusca (de Volkswagen)...

11. EM NÍVEL ou A NÍVEL DE ?

a) A NÍVEL DE não existe. Foi um modismo criado nos últimos anos.
Devemos evitá-lo:
"A nível de relatório, o trabalho está muito bom."
O certo é: "Quanto ao relatório... ou Com referência ao relatório..."
"Levou um pontapé ao nível do joelho."
O certo é: "Levou um pontapé na altura do joelho."
b) EM NÍVEL só pode ser usado em situações em que existam "níveis":
"Este problema só pode ser resolvido em nível de diretoria."
"Isso será analisado em nível federal."

12. EM PRINCÍPIO ou A PRINCÍPIO ?

a) A PRINCÍPIO = inicialmente, no começo, num primeiro momento:
"A princípio éramos contra a venda da fábrica, porém mudamos de idéia
devido aos seus argumentos."
b) EM PRINCÍPIO = em tese, teoricamente:
"Em princípio, todas as religiões são boas."
OBSERVAÇÃO:
Devido às ambigüidades, sugiro que se evite o uso de em princípio. Se
você quer dizer "em tese ou em teoria", é mais claro dizer:
"Em tese (ou Teoricamente), todas as religiões são boas."

13 EM VEZ DE ou AO INVÉS DE ?

a) AO INVÉS DE = ao contrário de:
"Ele entrou à direita ao invés da esquerda.'
"Subiu ao invés de descer."
b) EM VEZ DE = em lugar de:
"Foi ao clube em vez de ir à praia."
"Apertou o botão vermelho em vez do azul."
ONSERVAÇÃO:
Como AO INVÉS DE só pode ser usado quando há a idéia de "oposição",
sugiro que se use sempre EM VEZ DE.
EM VEZ DE pode ser usado sempre que existe a idéia de "substituição,
troca", mesmo se for de "oposição".

14. MAIS ou MAS ou MÁS ?

a) MAIS = opõe-se a MENOS:
"Hoje estou mais satisfeito." (=poderia estar menos satisfeito)
"Compareceram mais pessoas que o esperado." (=poderiam ser menos
pessoas)
b) MAS = porém, contudo, todavia, entretanto:
"Estudou mas foi reprovado." (=porém)
"Não foram convidados, mas vieram à festa." (=entretanto)
c) MÁS = plural do adjetivo MÁ; opõe-se a BOAS:
"Não eram más idéias." (=eram boas idéias)
"Estavam com más intenções." (=não tinham boas intenções)

15. MAL ou MAU ?

a) MAU é um adjetivo e se opõe a BOM:
"Ele é um mau profissional." (x bom profissional);
"Ele está de mau humor." (x bom humor);
"Ele é um mau caráter." (x bom caráter);
"Tem medo do lobo mau." (x lobo bom);
b) MAL pode ser:
1. advérbio (=opõe-se a BEM):
"Ele está trabalhando mal." (x trabalhando bem);
"Ele foi mal treinado." (x bem treinado);
"Ele está sempre mal-humorado." (x bem-humorado);
"A criança se comportou muito mal." (x se comportou muito bem);
2. conjunção (=logo que, assim que, quando):
"Mal você chegou, todos se levantaram." (=Assim que você chegou);
"Mal saiu de casa, foi assaltado." (=Logo que saiu de casa);
3. substantivo (=doença, defeito, problema):
"Ele está com um mal incurável." (=doença);
"O seu mal é não ouvir os mais velhos." (=defeito).
OBSERVAÇÃO:
A frase "Setores da velha guarda aferraram-se aos privilégios e
defenderam o estado podre, do mau-estar social e que foi produzido por
regimes ditatoriais" está errada.
O certo é: MAL-ESTAR (=opõe-se a BEM-ESTAR).
Na dúvida, use o velho "macete":
MAL x BEM;
MAU x BOM.

16. PORISSO ou POR ISSO ?

PORISSO não existe.
Use sempre POR ISSO:
"Ele trabalha muito, por isso merece uns dias de folga."

17. PORQUE, POR QUE, PORQUÊ ou POR QUÊ ?

a) PORQUE é conjunção causal ou explicativa:
"Ele viajou porque foi chamado para assinar contrato."
"Ele não foi porque estava doente."
"Abra a janela porque o calor está insuportável."
"Ele deve estar em casa porque a luz está acesa."
b) PORQUÊ é a forma substantivada (=antecedida de artigo "o" ou "um"):
"Quero saber o porquê da sua decisão."
"A professora quer um porquê para tudo isso."
c) POR QUÊ = só no fim de frase:
"Parou por quê?"
"Ele não viajou por quê?"
"Se ele mentiu, eu queria saber por quê."
"Eu não sei por quê, mas a verdade é que eles se separaram."
d) POR QUE
1. em frases interrogativas diretas ou indiretas:
"Por que você não foi?" (=pergunta direta)
"Gostaria de saber por que você não foi." (=pergunta indireta)
2. quando for substituível por POR QUAL, PELO QUAL, PELA QUAL, PELOS
QUAIS, PELAS QUAIS:
"Só eu sei as esquinas por que passei." (=pelas quais)
"É um drama por que muitos estão passado." (=pelo qual)
"Desconheço as razões por que ela não veio." (=pelas quais)
3. quando houver a palavra MOTIVO antes, depois ou subentendida:
"Desconheço os motivos por que a viagem foi adiada." (=pelos quais)
"Não sei por que motivo ele não veio." (=por qual)
"Não sei por que ele não veio." (=por que motivo - por qual motivo).

18. SENÃO ou SE NÃO ?

a) SE NÃO = se (conjunção condicional = caso) + não (advérbio de
negação):
"Se não chover, haverá jogo." (=Caso não chova)
"O presidente nada assinará, se não houver consenso." (=caso não haja
consenso)
b) Usaremos SENÃO em quatro situações:
1. SENÃO = de outro modo, do contrário:
"Resolva agora, senão estamos perdidos." (=do contrário estamos
perdidos);
2. SENÃO = mas sim, porém:
"Não era caso de expulsão, senão de repreensão." (=mas sim de
repreensão);
3. SENÃO = apenas, somente:
"Não se viam senão os pássaros." (=somente os pássaros eram vistos);
4. SENÃO = defeito, falha:
"Não houve um senão em sua apresentação." (=não houve nenhuma falha,
nenhum defeito).

19. SOB ou SOBRE ?

a) SOB = embaixo:
"Estamos sob uma velha marquise."
"Ficou tudo sob controle."
b) SOBRE = em cima de:
"A lágrima corria sobre a face."
"Deixou os livros sobre a mesa." (=em cima da mesa)

20. TAMPOUCO ou TÃO POUCO ?

a) TAMPOUCO = nem:
"Não trabalha tampouco estuda. (=nem estuda)
OBSERVAÇÃO:
"Não trabalha nem tampouco estuda." (=nem tampouco é redundante)
Basta: "Não trabalha nem (ou tampouco) estuda."
b) TÃO POUCO = muito pouco:
"Estudou tão pouco, que foi reprovado."

21. TODO ou TODO O ?

a) TODO = qualquer:
"Ele realiza todo trabalho que se solicita." (=qualquer trabalho)
"Toda mulher merece carinho." (=todas as mulheres)
"Todo país tem seus problemas." (=qualquer país, todos os países)
b) TODO O = inteiro:
"Ele realizou todo o trabalho." (=o trabalho inteiro)
"Acariciava toda a mulher." (=a mulher inteira)
"Haverá vacinação em todo o país." (=no país inteiro)
OBSERVAÇÃO:
Agora, você não poderá mais reclamar e dizer que não sabia. Se você tem
o hábito de beijar todo colega de trabalho, não esqueça: "beijar todo o
colega" é bem diferente.

Parte 2 - Hífen

O CASO
O uso do hífen é, sem dúvida, uma das maiores "desgraças" da língua
portuguesa. É dúvida após dúvida. Nessas horas, sinto uma inveja imensa
da língua espanhola. Para quem não sabe, o espanhol aboliu o hífen e,
pelo visto, não sente a mínima saudade.
No caso dos prefixos, é "coisa pra maluco"! Confira comigo.
Se você quer saber se o certo é INFRAESTRUTURA ou INFRA-ESTRUTURA,
deverá conhecer a regra que diz o seguinte: com o prefixo INFRA, só há
hífen se a palavra seguinte começar por "h", "r", "s" ou vogais.
Portanto, o certo é INFRA-ESTRUTURA. Assim sendo, INFRAVERMELHO se
escreve sem hífen, "tudo junto" como se diz freqüentemente (=VERMELHO
começa com "v").
Para o prefixo EXTRA, a regra é a mesma. Portanto, devemos escrever
EXTRA-OFICIAL (=com hífen porque a palavra seguinte começa por vogal).
Infelizmente, a dificuldade não está apenas nas regras. Temos ainda as
exceções: é bom lembrar que EXTRAORDINÁRIO se escreve "tudo junto", sem
hífen, embora "ordinário" comece por vogal.
Outro caso que merece atenção é o uso do prefixo SUB. Segundo a regra,
só há hífen quando a palavra seguinte começa por "b" ou "r": SUB-BASE,
SUB-REINO... Isso significa que, se a palavra seguinte começar por
qualquer outra letra, deveremos escrever "tudo junto": subchefe,
subdelegado, subgerente, subsolo, subterrâneo... O grande problema
ocorre quando a palavra seguinte começa por "h" ou vogais. Fica
horroroso, mas o certo é escrever junto: subemprego, subestimar,
suboficial... Com "h", fica pior ainda pois, além de ficar junto, temos
que tirar o "h": sub+humano = SUBUMANO, sub+hepático = SUBEPÁTICO...

A DICA
Devido a isso tudo, vejamos algumas regras:
1. Com os prefixos AUTO, CONTRA, EXTRA, INFRA, INTRA, NEO, PROTO,
PSEUDO, SEMI, SUPRA e ULTRA, devemos usar hífen se a palavra seguinte
começar com "h", "r", "s" ou vogais.
Exemplos:
auto-escola, auto-retrato; porém: autobiografia, autocontrole;
contra-ataque, contra-reforma; porém: contracheque, contrafilé;
extra-oficial, extra-regulamentar; porém: extrajudicial,
extracurricular;
infra-estrutura, infra-hepático; porém: infravermelho, infracitado;
intra-ocular, intra-uterino; porém: intramuscular, intravenoso;
neo-republicano, neo-realismo; porém: neoliberal, neoclássico;
proto-história, proto-revolucionário; porém: protofonia, protozoário;
pseudo-artista, pseudo-representação; porém: pseudopoeta,
pseudocientista;
semi-selvagem, semi-interno; porém: semifinal, semideus, seminu;
supra-renal, supra-axilar; porém: supracitado, suprapartidário;
ultra-romântico, ultra-sensível; porém: ultramarino, ultrapassagem.

2. Com os prefixos ANTE, ANTI, ARQUI e SOBRE, devemos usar hífen se a
palavra seguinte começar com "h", "r" ou "s".
Exemplos:
ante-sala, ante-histórico; porém: anteontem, antepenúltimo;
anti-semita; anti-herói; porém: anticristo, antiinflacionário;
arqui-rabino, arqui-rival; porém: arquiinimigo, arquiduque;
sobre-saia, sobre-humano; porém: sobreloja, sobretaxa, sobrevôo.

3. Com os prefixos HIPER, INTER e SUPER, só haverá hífen se a palavra
seguinte começar por "h" ou "r".
Exemplos:
hiper-humano, hiper-raivoso; porém: hipermercado, hipersensível;
inter-regional, inter-humano; porém: interplanetário, interestadual;
super-homem, super-requintado; porém: supermercado, superatleta.

4. Com o prefixo SUB, só haverá hífen se a palavra seguinte começar por
"b" ou "r".
Exemplos:
Sub-bibliotecário, sub-ramo; porém: subsecretário, subeditoria.

OBSERVAÇÃO:
Vejamos alguns casos em que não se usa hífen. Devemos escrever "tudo
junto":
AERO - aeroespacial
ANFI - anfiteatro
AUDIO - audiovisual
BI(S) - bicampeão
BIO - biofísica
CARDIO - cardiovascular
CENTRO - centroavante
DE(S) - desarmonia
ELETRO - eletrocardiograma
ESTEREO - estereofônico
FOTO - fotossíntese
HEMI - hemiplegia
HEPTA - heptassílabo
HETERO - heterossexual
HEXA - hexacampeão
HIDRO - hidroavião
HOMO - homossexualidade
MACRO - macroeconomia
MEGA - megafone
MICRO - microcomputador
MONO - monobloco
MORFO - morfossintaxe
MOTO - motociclismo
MULTI - multicolorido
NEURO - neurocirurgião
ONI - onipresente
ORTO - ortopedia
PARA - paramilitares
PENTA - pentacampeão
PNEUMO - pneumotórax
POLI - policromatismo
PSICO - psicossocial
QUADRI - quadrigêmeos
RADIO - radioamador
RE - reaver
RETRO - retroagir
SACRO - sacrossanto
SOCIO - sociolingüístico
TELE - telecomunicações
TERMO - termodinâmica
TETRA - tetracampeão
TRI - tridimensional
UNI - unicelular
ZOO - zootecnia

Parte 3 - Acentuação Gráfica

1. DA ou DÁ ?
DA = preposição DE + artigo A:
"Ela vem da praia."
DÁ = 3ª pessoa do singular do verbo DAR (presente do indicativo):
"Ele dá tudo de si."
REGRA: Acentuam-se as palavras monossílabas tônicas terminadas em "a",
"e" e "o", seguidas ou não de "s":
A(S): lá, já, gás, má, más (adjetivo)...
E(S): fé, vê, mês, três, vês (verbo)...
O(s): pó, dó, pôs, nó, nós (pronome reto)...
OBSERVAÇÃO 1: Não se acentuam os monossílabos terminados em:
I(S): ti, si, bis, quis...
U(S): tu, cru, nus, pus...
AZ, EZ, OZ: paz, fez, vez, noz, voz...
OBSERVAÇÃO 2: Acentuam-se as formas verbais terminadas em "a", "e" e "o"
seguidas dos pronomes LA(S) ou LO(S): dá-lo, vê-la, pô-los, vê-lo-á...
OBSERVAÇÃO 3: Não se acentuam os monossílabos átonos:
Artigos definidos: o, a, os, as;
Conjunções: e, mas, se, que...
Preposições: a, de, por...
Pronomes oblíquos: o, se, nos, vos...
Contrações: da(s), do(s), na, nos...
Pronome relativo: que.

2. POR ou PÔR ?
POR é preposição: "Vou por este caminho."
PÔR é verbo: "Vou pôr o livro sobre a mesa."
OBSERVAÇÃO 1: Este caso é uma das exceções que ficaram após a mudança
ortográfica de 1971, que aboliu a regra do acento diferencial.
OBSERVAÇÃO 2: Somente o verbo PÔR tem acento circunflexo. Os verbos
derivados não têm acento: expor, compor, dispor, contrapor, impor...
OBSERVAÇÃO 3: Somente o verbo PÔR tem acento circunflexo. As demais
palavras terminadas em "or" não tem acento gráfico: cor, for, dor...

3. QUE ou QUÊ ?
A palavra QUÊ só tem acento circunflexo quando está substantivada ou no
fim
da frase:
"Ela possuía um quê todo especial." (=substantivo)
"Procurava não sabia bem o quê."
"Ele viajou por quê?"

4. TEM ou TÊM ou TÊEM ?
"Ele TEM" = 3ª pessoa do singular do verbo TER (presente do indicativo);
"Eles TÊM"= 3ª pessoa do plural;
"TÊEM" não existe.

5. VEM ou VÊM ou VÊEM ?
"Ele VEM" = 3ª pessoa do singular do verbo VIR (presente do indicativo);
"Eles VÊM" = 3ª pessoa do plural do verbo VIR (presente do indicativo);
"Eles VÊEM" = 3ª pessoa do plural do verbo VER (presente do indicativo).
OBSERVAÇÃO 1: Só os verbos do grupo "crê-dê-lê-vê" (CRER, DAR, LER e
VER) terminam em "-ÊEM":
Ele crê - eles crêem (presente do indicativo);
Que ele dê - que eles dêem (presente do subjuntivo);
Ele lê - eles lêem (presente do indicativo);
Ele vê - eles vêem (presente do indicativo).
OBSERVAÇÃO 2: Esta regra também se aplica aos verbos derivados: descrer,
reler, prever, rever...
Ele relê - eles relêem;
Ele prevê - eles prevêem.
OBSERVAÇÃO 3: Todas as palavras terminadas em "ÔO(S)" devem receber
acento circunflexo: vôo (verbo = "eu vôo" ou substantivo = "o vôo foi
ótimo"), enjôo(s), perdôo, magôo, abençôo...
OBSERVAÇÃO 4: "Tu côas" e "ele côa" são as únicas palavras em que o
hiato "OA" recebe acento circunflexo: boa, voa, canoa, coroa, pessoa,
lagoa...

6. REFEM ou REFÉM ?
O certo é REFÉM.
Todas as palavras oxítonas (=sílaba tônica na última sílaba) terminadas
em
"ÉM (ÉNS)" recebem acento agudo se tiverem mais de uma sílaba: recém,
porém, alguém, ninguém, armazéns, parabéns, tu intervéns, tu deténs...
OBSERVAÇÃO: As palavras monossílabas terminadas em "ÉM (ÉNS)" não têm
acento agudo: bem, trem, ele tem, ele vem (3ª pessoa do singular)...

7. CONTEM ou CONTÉM ou CONTÊM ou CONTÊEM ?
CONTEM = do verbo CONTAR: "É preciso que vocês contem tudo."
CONTÉM = 3ªp.sing. do verbo CONTER: "A garrafa contém gasolina."
CONTÊM = 3ªp.plur. do verbo CONTER: "As garrafas contêm gasolina."
CONTÊEM não existe.
OBSERVAÇÃO: Todos os verbos derivados de TER (=deter, reter, manter,
obter...) terminam em "ÉM" na 3ª pessoa do singular e em "ÊM" na 3ª
pessoa do plural do presente do indicativo: ele detém - eles detêm;
ele mantém - eles mantêm;
ele contém - eles contêm.

8. PROVEM ou PROVÉM ou PROVÊM ou PROVÊEM ?
PROVEM = do verbo PROVAR: "É preciso que vocês provem o que disseram."
PROVÉM = 3ªp.sing. do verbo PROVIR: "O produto provém da Argentina."
PROVÊM = 3ªp.plur. do verbo PROVIR: "Os produtos provêm da Argentina."
PROVÊEM = 3ªp.plur. do verbo PROVER (=abastecer): "Os armazéns se
provêem do necessário."
OBSERVAÇÃO: Todos os derivados de VIR (=advir, convir, intervir,
provir...) terminam em "ÉM" na 3ª pessoa do singular e em "ÊM" na 3ª
pessoa do plural do presente do indicativo: "ele intervém, provém..." e
"eles intervêm, provêm..."

9. CAJU ou CAJÚ ?
O certo é CAJU.
REGRA: Só acentuamos as palavras oxítonas terminadas em "a", "e" e "o",
seguidas ou não de "s":
A(S): sofá, sabiá, atrás, aliás...
E(S): café, você, invés, chinês...
O(S): cipó, avô, avós, propôs...
OBSERVAÇÃO 1: As formas verbais terminadas em "a", "e" e "o", seguidas
dos pronomes LA(S) ou LO(S) devem ser acentuadas: encontrá-lo,
recebê-la, dispô-los, amá-lo-ia, vendê-la-ia...
OBSERVAÇÃO 2: Acentuamos a palavra PORQUÊ quando está substantivada ou
no fim da frase: "Não sei o porquê de tudo isso."
OBSERVAÇÃO 3: Não se acentuam as oxítonas terminadas em:
I(S): aqui, Parati, anis, barris, dividi-lo, adquiri-la...
U(S): caju, bauru, Bangu, urubus, compus, Nova Iguaçu...
AZ, EZ, OZ: capaz, talvez, feroz...
OR: condor, impor, compor...
IM: ruim, assim, folhetim...

10. GRAJAU ou GRAJAÚ ?
O certo é GRAJAÚ.
REGRA: Acentuam-se as vogais "i" e "u" tônicas, formando hiato com a
vogal anterior e formando sílaba sozinhas ou com "s":
Gra-ja-ú, ba-ú, sa-ú-de, vi-ú-va, con-te-ú-do, ga-ú-cho, eu re-ú-no, ele
re-ú-ne, eu sa-ú-do, eles sa-ú-dam;
I-ca-ra-í, eu ca-í, eu sa-í, eu tra-í, o pa-ís, tu ca-ís-te, nós
ca-í-mos, eles ca-í-ram, eu ca-í-a, ba-í-a, ra-í-zes, ju-í-za, ju-í-zes,
pre-ju-í-zo, fa-ís-ca, pro-í-bo, je-su-í-ta, dis-tri-bu-í-do,
con-tri-bu-í-do, a-tra-í-do...
OBSERVAÇÃO 1: A vogal "i" tônica, antes de "NH" não recebe acento agudo:
rainha, bainha, tainha, ladainha, moinho...
OBSERVAÇÃO 2: Não há acento agudo quando formam ditongo e não hiato:
gra-tui-to, for-tui-to, in-tui-to, cir-cui-to, mui-to, sai-a, bai-a, que
eles cai-am, ele cai, ele sai, ele trai, os pais...
OBSERVAÇÃO 3: Não há acento agudo quando as vogais "i" e "u" não estão
isoladas na sílaba: ca-iu, ca-ir-mos, sa-in-do, ra-iz, ju-iz, ru-im,
pa-ul...

11. CÔCO ou COCO ?
O certo é COCO.
REGRA: Só acentuamos as palavras paroxítonas (=sílaba tônica na
penúltima sílaba) terminadas em:
I(S): táxi, júri, cáqui, lápis, tênis...
EI(S): jóquei, vôlei, ágeis, fósseis, usaríeis...
US: vírus, ânus, bônus, Vênus...
Ã(S): ímã, órfã, órfãs...
ÃO(S): órfão, sótão, órgãos, bênçãos...
R: caráter, repórter, éter, mártir...
X: tórax, clímax, ônix, látex...
N: hífen, pólen, próton, nêutron...
L: túnel, têxtil, ágil, difícil...
UM (UNS): álbum, álbuns...
ONS: prótons, elétrons, íons...
PS: bíceps, tríceps, fórceps...
OBSERVAÇÃO 1: Não se acentuam as paroxítonas terminadas em:
A(S): fora, seca, sala, balas...
E(S): este, esses, ele, eles...
O(s): coco, bolos, palito...
EM (ENS): item, itens, ordem, nuvens, hifens, polens, abdomens...
OBSERVAÇÃO 2: Não se acentuam os prefixos terminados em "i" ou "r":
hiper, inter, super, semi, mini, maxi...
OBSERVAÇÃO 3: Podemos usar XÉROX ou XEROX.

12. PARA ou PÁRA ?
PARA é preposição: "Eu vou para São Paulo."
PÁRA é verbo (3ª pessoa do singular) : "Ele sempre pára aqui."
REGRA: A regra do acento diferencial de timbre (som fechado x aberto)
foi abolida em 1971. Restaram algumas exceções. Vejamos alguns exemplos
de palavras que ainda têm acento diferencial de tonicidade:
Tu côas, ele côa (do verbo COAR);
Ele pára (do verbo PARAR - só a 3ªp.sing. do presente do indicativo);
Pôr (só o infinitivo do verbo);
Eu pélo, tu pélas e ele péla (do verbo PELAR);
O pêlo, os pêlos (substantivo = cabelo, penugem);
A pêra (substantivo = fruta - só no singular)
O pólo, os pólos (substantivos = jogo ou extremidade)
OBSERVAÇÃO: Não se acentuam as palavras átonas (preposições,
conjunções...): para (preposição), por (preposição), pela (s) e pelo(s)
(contração)...

13. PÔDE ou PODE ?
PÔDE é a 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo:
"Ontem ele
não pôde resolver o problema."
PODE é a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo: "Agora ele não
pode
sair."

14. SECRETÁRIA ou SECRETARIA
SECRETÁRIA é a pessoa; SECRETARIA é o lugar.
REGRA: Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em ditongo:
SE-CRE-TÁ-RIA, a-é-reo, núp-cias, sé-rie, cá-ries, ób-vio, re-ló-gio,
nó-doa, má-goas, á-gua, tá-buas, tê-nue, o-blí-quo, ár-duos, au-tóp-sia,
fa-mí-lia, prê-mio, am-bí-guo, lon-gín-quo, en-xá-guas, de-sá-guam,
mín-güem, bi-lín-güe...
OBSERVAÇÃO: Não haverá acento se a palavra terminar em hiato:
SE-CRE-TA-RI-A, ele ma-go-a, ele a-ve-ri-gu-a, a-pa-zi-gu-a, ar-gu-o,
que eu ar-gu-a, ne-crop-si-a, ele in-flu-en-ci-a, ele no-ti-ci-a, eu
pre-mi-o, ma-qui-na-ri-a ...

15. RÚBRICA ou RUBRICA ?
O certo é RUBRICA.
É uma palavra paroxítona terminada em "a". Se fosse proparoxítona teria
acento.
REGRA: Todas as palavras proparoxítonas (=sílaba tônica na antepenúltima
sílaba) devem receber acento gráfico: álcool, álibi, amássemos,
amávamos, biótipo, cágado, científico, crisântemo, depósito, devíamos,
devidi-lo-íamos, êxodo, fôssemos, hábito, ímprobo, ínterim, ômega,
pântano, plêiade, protótipo, repórteres, vermífugo...
OBSERVAÇÃO 1: Embora a forma acentuada seja usual em nossos meios de
comunicação, oficialmente as palavras deficit e habitat não têm acento
gráfico porque são latinismos (palavras latinas que não foram
aportuguesadas)
OBSERVAÇÃO 2: Cuidado com algumas palavras que não têm acento gráfico
porque verdadeiramente são paroxítonas: avaro, aziago, ciclope, decano,
erudito, filantropo, ibero, inaudito, pudico, refrega, rubrica ...

16. APÔIO ou APOIO ou APÓIO ?
APÔIO não existe;
APOIO é substantivo: "Preciso do seu apoio."
APÓIO é verbo: "Eu apóio este candidato."
REGRA: Acentuam-se as palavras que apresentam ditongos abertos:
ÉU: céu, réu, chapéu, troféus...
ÉI: papéis, pastéis, anéis, idéia, assembléia...
ÓI: dói, herói, eu apóio, esferóide...
OBSERVAÇÃO 1: Não se acentuam os ditongos fechados:
EU: seu, ateu, judeu, europeu...
EI: lei, alheio, feia...
OI: boi, coisa, o apoio...
OBSERVAÇÃO 2: No Brasil, colméia e centopéia são pronunciados com o
timbre aberto.

Parte 4 - Trema

O CASO

E o trema não morreu!
É verdade. Embora muitos já o tenham abolido de suas vidas, o trema
continua vivo e forte.
Há quem tenha decretado a morte do trema por total desprezo ao seu uso:
"É um sinal inútil", dizem alguns. "Este sinal não existe no meu
teclado", afirmam outros.
Na verdade, o coitado do trema foi expulso de muitos lugares. Não
conheço supermercado algum que venda lingüiças. A maioria prefere
linguiças. E os nossos jornais! Com muita "frequência" leio sobre
"sequestros" de "delinquentes" feitos com a maior "tranquilidade". Isso
eu não "aguento"!
Desde 1971, ano da última mudança ortográfica ocorrida na língua
portuguesa, tentam acabar com o trema. Houve várias propostas. A última
"reforma", que não entrou em vigor até hoje, também propunha o fim do
trema.
O professor Arnaldo Niskier, presidente da Academia Brasileira de
Letras, ao ser consultado a respeito da "reforma", esclarece: "Ainda não
foi assinado pelos sete países da comunidade lusófona o Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa. Na verdade, Brasil e Portugal já se
acertaram, mas há algumas nações africanas que resistem à idéia. O
Acordo talvez seja assinado este ano."
Isso significa, portanto, que o trema continua valendo. Quem deseja
seguir oficialmente nossas normas ortográficas devem continuar
utilizando o trema.
Existem os moderados que afirmam: "o trema não foi abolido, mas seu uso
agora é facultativo". Mentira! O trema só é facultativo se a pronúncia
da vogal "u" for opcional, ou seja, podemos falar: líquido ou líqüido,
antiquíssimo ou antiqüíssimo, sanguinário ou sangüinário...
Pior que abandonar o trema é usá-lo onde ele nunca existiu. Há quem
fale "adqüirir", "distigüir" e "por consegüinte". Devemos usar adquirir,
distinguir e por conseguinte. Alguns fazem "qüestão" de falar errado. O
certo é questão, questionar, questionário...
Por fim, não esqueça que O TREMA (=palavra do gênero masculino) não é
um acento (=não indica sílaba tônica). O trema é um sinal gráfico cuja
função é indicar a pronúncia da vogal "u".

A DICA

Devemos usar o trema na vogal "u" (pronunciada e átona), antecedida de Q
ou G e seguida de E ou I:

Q E
> Ü <
G I

O objetivo do trema é distinguir a vogal "u" muda (=não pronunciada) da
vogal "u" pronunciada:

QUE = quente, questão, quesito; QÜE = freqüente, seqüestro, delinqüente;
QUI = quilo, adquirir, química; QÜI = tranqüilo, eqüino, iniqüidade;
GUE = guerra, sangue, larguemos; GÜE = agüentar, bilíngüe, enxagüemos;
GUI = guitarra, distinguir, seguinte; GÜI = lingüiça, pingüim, argüir.

OBSERVAÇÃO 1:
Não esqueça que jamais haverá trema quando a vogal "u" estiver seguida
de "o" ou "a": ambíguo, longínquo, averiguar, adequado...
OBSERVAÇÃO 2:
Se a vogal "u" for pronunciada e tônica, devemos usar acento agudo em
vez do trema: que ele averigúe, que eles apazigúem, ele argúi, eles
argúem...
MODERNA GRAMÁTICA Portuguesa


COMPANhIA EDITORA NACIONAl
#
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
Que é uma líNgua, ?
A língua. é um fenómeno cultural .
Modalidades de uma língua: língua falada e língua escrita ...........
Língua geral e língua regional
Objeto da Gramática
DivisÃo da Gramática
Partes da Gramática
Objeto da Estilística
FONÉTICA E FONÉMICA
A) ProduçÃo dos fonemas e sua classificaçÃo
1 - Fonética descritiva
Fonemas........................................................
Fonemas não são letras
Fonética e fonémica. ...
Aparelho fonador ..............................................
Como se produzem os fonemas ..........................
Fonemas surdos e sonoros ...............................
Vogais e consoantes
Classificação das vogais
Elevação da língua: quinto critério para a classificação das vogais 35
~à-is Encontros vocálicos: ditongos, tritongos, hiatos 36
Classificação das consoantes
En~ontro consonantal
Diiràfo
Letra diacrítica
Apêndice:
Encontros de fonemas que produzem efeito desagradável ao
ouvido: colisão, eco, hiato, cacofonia ........................

B) Ortoepia .................I
Vogais ...............................................................
Consoantes ...........................................................
Ligação dos vocábulos........................................................... ...

C) Prosódia

Prosódia ...
Sílaba .....
Quantidade
Acentuação
Acento de intensidade ...
Posição do acento tÔnico
Acento de intensidade e sentido do vocábulo ..........................
Acento principal e acento secundário .................................
Acento de insistência e emocional 1
Acento de intensidade na frase ......................................
Vocábulos tônitoà'~e átonos: os clíticos ................................
Conseqüências da próclise ............................................
Vocábulos que oferecem dúvidas quanto à posição da sílaba tônica . . .
Vocábulos que admitem dupla prosódia ..............................

D) Ortografia

o alfabeto ..........................................................
K, w, Y ............................................................
H ...................................................................
Consoantes mudas

se ...........
Letras dobradas ......................................................
Vogais nasais ...............
Ditongos ......
Hiatos ........
Parónimos e vocábulos de grafia. dupla ..............................
Nomes próprios
Apóstrofo .....
Hífen ..........
Divisão silábica
Emprego das iniciais maiúsculas ......................................
Sinais de pontuação
Regras de acentuação
Acento diferencial .. -
11 - MORFOLOGIA
A) Classes de vocábulos
1 - Substantivo
Concretos e abstratos
Próp)rios e comuns ..
2 - Adjetivo
Adjetivo .............................88
Adjetivo explicativo e restritivo ....88
Substantivação do adjetivo ...........88
Flexões do........................adjetivo ........... em de nomes próprios a comuns 74
Substantivo coletivo . , .............
Formação do plural do substantivo
Género do substantivo ................
Grau.............................................................. . .............
3 - Artigo
Artigo ...............................94
Espécies de artigo

4 - Pronome

Classificação dos pronomes
Pronomes pessoais
Pronomes possessivos
Pronomes demonstrativos
Pronomes indefinidos
Pronomes interrogativos
Pronomes relativos

5 - Numeral

Numeral
Espécies de numeral

6 - Verbo

Verbo ......
Pessoas do verbo
Tempos do verbo
Modos do verbo
Vozes do verbo
Voz passiva e passividade
Formas nominais do verbo
Conjugar um verbo
Verbos regulares, irregulares e anómalos
Verbos defectivos e abundantes ..
Locução verbal: verbos auxiliares
Auxiliares causativos e sensitivos
Elementos estruturais do verbo: os sufixos e desinências verbais
Tempos primitivos e derivados ..
A sílaba tMica dos verbos: formas rizotânicas e arrizotônicas ....
Alterriância vocálica ou metafonia.
Verbos notáveis quanto à pronúncia ou flexão ..................
Variações gráficas na conjugação ...............................
Erros freqüentes na conjugação de alguns verbos ................
Paradigma dos verbos regulares .................................
Conjugação de verbos auxiliares comuns ........................
Conjugação composta ...............134
Conjugação do verbo pôr ....................................... 136
Conjugação de um verbo composto na voz passiva: ser amado 138
Conjugação de um verbo na voz reflexiva: apiedar-se 139
Conjugação de um verbo com pronome oblíquo átono: tipo pô-lo 142
Conjugação dos verbos irregulares .144
1a conjugação .................................................
2.a conjugação .................................................
3.a conjugação .................................................

7 - Advérbio e os denotativos

Advérbio ..........................
Locução adverbial ................
Circunstáncias adverbiais ..........
Os vocábulos denotativos .........
Advérbios de base nominal e pronominal ..................
Gradação dos advérbios

8 - Preposição
Preposição ......................................................
Locução prepositiva ......
Acúmulo de preposições ..................
Combinação e contração de preposição com outras palavras .....
A preposição e sua posição ....................................
Principais preposições e locuções prepositivas ..................

9 - Conjunção
Conjunção .....................
Tipos de conjunção ............................................
Locução conjuntiva ............
Conjunções coordenativas .......................................
Conjunções subordinativas ......................................
Que excessivo ..................................................
Conjunções e expressões enfáticas ...............................
#
10 - Interjeição
Interjeição
Locução interjetiva .

B) 1 - Estrutura dos vocábulos
Vocábulo e morfema. ....................................
os elementos mórficos
Radical ....
Desinéncias nominais e verbais ......................................
Tema e vogal temática ..............................................
Afixos: prefixos e sufixos ....
Vogais e consoantes de ligação
justaposição ................
Aglutinação ...
Conceito de raiz ou radical primário .................................
Palavras cognatas ......
Constituintes imediatos .
Variantes dos elementos mórficos .....
Neutralização nos elementos mórficos
Subtração nos elementos mórficos ....
Acumulação nos elementos mórficos; ...
Fusão nos elementos mórficos .........
Suplementação nos elementos mórficos
A intensidade, a quantidade e o timbre e os elementos mórficos ......
2 - Formação de palavras
Palavras indivisíveis e divisíveis ......................................
Palavras divisíveis simples e compostas .
Processos principais de formação de palavras: composição e derivação
Derivação .....................................................
sufixos ............................ ..
Prefixos ...............................................................
Correspondência entre prefixos e elementos latinos e gregos
Derivação parassintética ..............................................
Outros processos de formação de palavras: formação regressiva, abreviaOo,
reduplicação e conversão ....
Hibridismo ............................................................
Radicais gregos mais usados em português ...........................
Famílias etimológicas de radical latino ...............................

III - SINTAXE

A) Noções gerais
Que é oração .........................194
Entoação oracional ...................194
A importância da situação e do contexto 196

Constituição das orações .
Estruturação sintática: objeto da sintaxe .............
A oração na língua falada e na língua escrita ........
Sintaxe e estilo: necessidade sintática e possibilidade estilística ........
Tipos de oração .....................................................
B) O período simples ...............................................

C) Núcleo

1 - Termos essenciais da oração
Sujeito .........................................................
Predicado .......................................................
Omissão do sujeito ou do predicado ............................
Sujeito indeterminado .........
Orações sem sujeito .........
Os principais verbos impessoais .................................

- Tipos de predicado: verbal, nominal e verbo-nominal
Predicativo .....................................................
Verbos de ligação ...............................................

3 - Constituição do predicado verbal
Verbo intransitivo ..............................................
Verbo transitivo ................................................
Espécie de complementos verbais ................................
Sentidos do objeto direto ......................................
Sentidos do objeto indireto .....................................
A preposição como posvérbio ..................................
Objeto direto preposicionado ....................................
Objeto direto interno ..........................................
Concorrência de complementis diferentes ........................

4 - Complementos nominais
a) Substantivos ..................................................
b) Adjetivos ....................................................

5 - Adjunto: seus tipos .....................
Adjunto adnominal .....................
Adjunto adverbial , .....................
Advérbios de base nominal ou pronominal 212

6 - Agente da passiva *

7 - Aposto: seus tipos
Aposto ..........................................................
Aposto em referência a uma oração inteira ......................
Aposto circunstancial ............................................

8 - Vocativo .......................................................

D) O período composto

1 - Orações independentes e dependentes

Oração independente ............................................
Oração dependente ..............................................

2 - Oração principal ...............................................

Mais de uma oração principal ....
Oração principal não é a 1.a oração .............................
Oração principal nem sempre é a do sentido principal .............
Tipos de orações independentes: coordenadas e intercaladas
As orações dependentes são subordinadas ........
Coordenação ....................................................
Subordinação ...................................................
Classificação das orações quanto à ligação entre si ...............

3 - Interrogação direta e indireta ....

orações coordenadas conectivas ......

5 ~ Orações intercaladas ............................................

6 - Orações subordinadas

Substantivas: Funções sintáticas exercidas pelas substantivas .......
Características das orações substantivas .....
Adjetivas: Função sintática exercida pelas adjetivas .............
Adjetivas restritivas e explicativas ...............................
Outros sentidos das orações adjetivas ............................
Adverbiais: Função sintática exercida pelas adverbiais .............

7 - Orações reduzidas

Que é oração reduzida ..........................................
Orações reduzidas independentes .................................

Orações reduzidas dependenter
a) Substantivas ..............
b) Adjetivas ., ..............
c) Adverbiais ................
Orações reduzidas fixas ...........
Orações reduzidas do tipo: Deixei-o entrar ....................
Quando o infinitivo não constitui oração reduzida ............
Quando o gerúndio e o particípio não constituem oração reduzida

APÉNDICE:

Particularidades de estruturação sintática oracional ...........



E) Sintaxe de classes de ~as

1 - Emprego do artigo
Emprego do artigo definido
Emprego do artigo indefinido
Artigo partitivo, .................................................

2 - Emprego do pronome
Pronome pessoal: empregos e particularidades ..........
Ele como objeto direto .................................
Fun" e empregos do pronome se .....................
Combinação de pronomes átonos ........................
Função do pronome átono em Dou-me ao trabalho ......
Pronome possessivo: seu e dele para evitar confusão ...............
Posição do pronome possessivo ......
Possessivo para indicar aproximação ..
Valores afetivos do possessivo ........
Emprego do pessoal pelo possessivo
Possessivo expresso por uma locução
Possessivo em referência a um possuidor de sentido indefinido ......
Repetição do possessivo ...
Substituição do possessivo pelo artigo definido ..................
Possessivo e as expressões de tratamento do tipo: Vossa Excelência . .
Pronome demonstrativo .........................................
Demonstrativos referidos à noção de espaço ......................
Demonstrativos referidos à noção de tempo ......................
Demonstrativos referidos a nossas próprias palavras ...............
Reforços de demonstrativos ......................................
Outros demonstrativos e seus empregos ...................
Posição dos demonstrativos ..............................
Pronome indefinido: empregos e particularidades ....
Pronome relativo: empregos e particularidades ........

3 - Emprego.do, verbo
Emprego de tempos e modos:
Indicativo, .......................................
Subjuntivo ......................................................
Imperativo .: -.* --- * *
Emprego das formas nominais ....
Emprego do infinitivo (flexionado e sem flexão) .................
APÊNDICE:
Passagem da voz ativa para passiva e vice-versa

4 - Emprego de preposições
1) . A ...........................................................
Emprego do à acentuado (crase)
2) Até
3) Com
4) Contra
5) De ...
6) Em ...
7) Entre ........
8) Para ........
9) Por (e per) .

9 - r-ordincia

Concordância: considerações rais 295

Concordância nominal:

A - Concordância de vocábulo para vocábulo 296
B - Concordância de vocábulo para sentido 298
C - Outros casos de concordância:

1) um e outro, nem um nem outro
2) mesmo, próprio, só
3) leso . .
4) anexo
5) meio
6) possível .......................................
7) a olhos vistos
8) é necessdrio paciência
9) alguma coisa boa ou alguma coisa de bom
10) um pouco de luz e uma pouca de luz
11) Concordância do pronome
12) Nós por eu, vós por tu
131 Alternância entre adietivo e advérbio

14) Particípios que passaram a preposição e advérbio
15) Concordância com numeral ......................

Concordincia. verbal:

A - Concordância de vocábulo para vocábulo
B ~ Concordância de vocábulo para sentido
C - Outros casos de concordância:
#
1) com pronomes pessoais .............................
2) sujeito ligado por série aditiva enfática
3) sujeito ligado por com
4) sujeito ligado por nem
5) sujeito ligado por ou
6) a maioria dos homens

11) pronomes relativos .................................
12) verbos impessoais ..................
13) dar aplicado a horas .............
14) alugam-se casas ....................
15) concordância na locução verbal .....................
16) não... senéio ......................
17) concordância com títulos no plural .................
18) concordância no aposto .............................

6 - Regência .................................

1 ) Isto é para eu fazer ...........................................
2) pedir Para ...................................................
3) Está na hora da onça beber água ..............................
4) Migrações de preposições ......................................
5) Complementos de termos de regências diferentes ..............
6) Emprego de relativos precedidos de preposição ................
7) Relação de regências de alguns verbos e nomes ...............

7 - Colocação: ordem direta e inversa ............................

Colocação dos termos na oração e das orações no período ........
Colocação de pronomes átonos ....................................
Explicação da colocação dos pronomes átonos no Brasil ...........

APêNDICE:

I -

Figuras de sintaxe
1) Elipse
2) Pleonasmo, ...................................................
3) Anacoluto ....................................................
4) Antecipação ..................................................
5) Braquilogia ...................................................
6) Haplologia sintática ...........................................
7) Contaminação sintática ........................................
8) Expressão expletiva ou de realce ..............................

Vícios e anomalias de linguagem ................................

1) Solecismo ....................................................
2) Barbarismo ..................................................
Idiotismo ........................................................

IV - PONTUAçãO

Ponto de exclamação .......*
Reticências ..........................................................
Aspas ......................
Travessão ...................
Vírgula .....................
Ponto e vírgula ............
Ponto .................................
Ponto parágrafo .....................................................
Asterisco ...........................................
Alínea .............................................

V - SEMANTICA

Semântica ...................................................
Espécies de alteração semântica ..............................
Pequena nomenclatura de outros aspectos semânticos ........

VI - NOÇõES ELEMENTARES DE ESTILíSTICA

A nova Estilística ..........................
Estilística e Retórica .....................
Análise literária e análise estilística .......
Traços estilísticos .......
Traço estilístico e erro gramatical ..................................
Campo da Estilística .

VII - NOÇõES ELEMENTARES DE VERSIFICAÇÃO

Poesia e prosa
Enjambement
Versificação regular eÁrregular
Ritmo poético
1) Número fixo de sílabas:
Como se contam as sílabas de um verso 353
Versos agudos, graves e esdrúxulos ...353
Fenômenos correntes na leitura dos versos: sinérese, diérese, elisão,
crase e ectlipse
o ritmo e a pontuação do verso
Expedientes mais raros na contagem (Ias sílabas
2) Número fixo de sílabas e pausas

Versos de uma a doze sílabas ..........................

3) Rima: perfeita e imperfeita ...........................
Rimas consoantes e toantes ............................
Disposição das rimas ..............................................

4) Aliteração ...
5) Encadeamento
6) Paralelismo
7) Estrofação
8) Verso livre
9) Recitação .............................

Exemplos de análise estilística ............
1) Um soneto de Antônio Nobre ...........
2) Um soneto de Machado de Assis .........

APêNDICE

Prefácio

AO ESCREVER ESTA Moderna Gramática Portuguesa foi nosso intuito
i . levar ao magistério brasileiro num compêndio escolar escrito em estilo
simples, o resultado dos progressos que os modernos estudos de linguagem
alcançaram,no estrangeiro e em nosso país. Não se rompe de vez com
uma tradição secular: isto explica por que esta Moderna Gramática traz
uma disposição da matéria mais ou menos conforme o modelo clássico
A nossa preocupação não residiu aí mas na doutrina. Encontrarão os
colegas de magistério, os alunos e quantos se interessam pelo ensino e
aprendizado do idioma um tratamento novo para muitos assuntos im r-
tantes que não poderiam continuar a ser encarados pelos prismas por que
a tradição os apresentava. Com a humildade necessária a tais empresas,
sabemos que as pessoas competentes poderão facilmente verificar que
fizemos uma revisão em quase todos os assuntos de que se compõe este
livro, e muitos dos quais encontraram aqui um desenvolvimento ainda
não conhecido em trabalho congênere. Por outro lado, a esta altura do
progresso que a matéria tem tido, não poderíamos escrever esta Moderna
Gramática sem umas noções, ainda que breves, sobre fonêmica e estilística.
Isto nos permitiu, na última, tratar da análise literária, que entre nós
passa às vezes confundida com análise estilística ressaltamos os objetivos
desta e convidamos os nossos colegas de disciplina a que dela se sirvam
num dos escopos supremos de sua missão: educar o sentimento estético
do,aluno Na arte relativa à estruturação dos vocábulos e sua formação,
pretendemos trazer para a gramática portuguesa os excelentes estudos
que a lingüística americana tem feito sobre tão im. rtante ca ítulo
Seguimos a Nomenclatura Gramatical Brasileira. Os termos que aqui se
encontrarem e lá faltam não se explicarão por discordância ou desres
peito; é que a NGB não tratou de todos os assuntos aqui ventilados.
#





A orientação científica por que se norteia esta nossa Moderna Gra-
mática não seria possível sem a lição dos mestres (seria ocioso citá-los)
que, dentro e fora do Brasil, tanto têm feito pelo desenvolvimento da
disciplina. Devemos-lhes o que de melhor os leitores encontrarem neste
livro, e a eles, em cada citação, prestamos sincera homenagem. Elegemos,
entre eles, um dos mais ilustres para dedicar-lhe o nosso trabalho de hoje,
aquele que para nós nos é tão caro pelo muito que contribuiu para nossa
formação lingüística: M. Said Ali. No ano em que seus discípulos e
admiradores comemoram o 1.o centenário de seu nascimento, não pode-
ríamos deixar de levar ao mestre e amigo o testemunho de nossa profunda
amizade e gratidão.

INTRODUÇÃO

Que é uma língua

Entende-se por língua ou idioma o sistema de símbolos vocais arbi-
trários com que um grupo social se entende.
Uma língua pode ser instrumento particular de um povo único, como
acontece com o chinês, o romeno, ou comum a mais de uma nação. Este
é o caso do português, que serve a Portugal, ao Brasil e colônias ultrama-
rinas lusas.
Este fato se explica historicamente pelos capítulos de expansão e
colonização dos povos. Falamos o português como língua oficial porque,
ao lado de outras instituições culturais, os portugueses no-la deixaram
como traço da civilização que aqui fundaram depois de 1500.

A língua é um jen&n~ cultural

A língua não existe em si mesma: fora do homem é uma abstração,
e no homem é o resultado de um património cultural que a sociedade a
que pertence lhe transmite. "É evidente - ensina-nos Sapir - que, até
certo ponto, o indivíduo humapO está predestinado a falar, mas em vir-
tude da circunstância de não ter nascido meramente na natureza, e sim
no regaço de uma sociedade, cujo escopo racional é chamá-lo para as
suas tradições" (1).

Modalidades de uma língua

Uma língua de civilização apresenta as seguintes modalidades:

a) língua falada: instrumento de comunicação cotidiana, que, sem
preocupação artística, tem a seu dispor os múltiplos recursos lingüísticos

(1) E. SAPiR, A Linguagem (trad. brasileira de J. MATOSO CAMARA jr.). 17-18.

23
#





da entoação e extralingüísticos da mímica, englobados na "situação" em
que se acham falante e ouvinte;

b) língua escrita: instrumento de comunicação menos freqüente em
que o escritor tem de suprir os recursos que estão à disposição da língua
falada. Foge, por isso, muitas vezes às expressões comuns da linguagem
ordinária para fins estéticos e expressivos. Na língua escrita a "situação"
tem de ser criada através da ordenação especial das idéias. "Isto é o que,
segundo Bally, dá à língua escrita sua fisionomia particular: e assim se
explica por que não é e por que não será jamais idêntica à língua falada.
Pode-se dela aproximar, pode copiá-la, porém essa cópia é sempre uma
transposição ou uma deformação. Sentidos particulares dados a vocábulos
vagos, criação de vocábulos novos, conservação de outros que estão a ponto
de morrer, ressurreição de vocábulos já há muito tempo fora de circulação,
fenômenos semelhantes no tratamento da sintaxe e da construção das ora-
ções, etc., etc... Exagerando um pouco, poder-se-ia dizer que a língua es-
crita é "acrônica": longe de dar uma idéia do estado contemporâneo de um
idioma, combina, num amálgama, um pouco heteródito, os diversos está-
gios por que passou o idioma"(').
Os escritores modernos - uns com certo exagero - têm procurado
diminuir a distância entre a língua falada e a escrita.
O ponto culminante deste afastamento é a língua literária, que é
um aspecto da língua escrita, mas que com esta não se confunde. É o
instrumento de que se utilizam os escritores nas suas obras; exige um
cultivo especial e um ideal superior de expressão, além de estar sujeita
aos preceitos das modas dominantes.
Falar com termos da língua escrita, mormente do seu aspecto lite-
rário, no trato normal de todos os dias, provoca um defeito de adequação
lingüística a que se- dá o nome de preciosismo.

Língua geral e língua regional

A língua espalhada por grande extensão de terra pode apresentar par-
ticularidades cujo conjunto caracteriza a língua regional, e os traços lin-
güísticos que aí ocorrem recebem o nome de regionalismos.

Objeto da Gramática

Mas dentro da diversidade das línguas ou falares regionais se sobrepõe
um uso comum a toda a área geográfica, fixada pela escola e utilizada
pelas pessoas cultas: é isto o que constitui a língua geral, língua padrão
ou oficial do país.

(1) Ch. BALLY, Le Langage et la Vie, 112.

24
#





r-

a
o

Cabe à Gramática registrar os fatos da língua geral ou padrão, esta-
belecendo os preceitos de como se fala e escreve bem ou de como se pode
falar e escrever bem uma língua.
Daí ser a Gramática, ao mesmo tempo, uma ciência e uma arte.
Assim sendo, o gramático não é um legislador do idioma nem tam-
pouco o tirano que defende uma imutabilidade- do sistema expressivo.
Cabe-lhe ordenar os fatos lingüísticos da língua padrão na sua época, para
servirem às pessoas que começam a aprender o idioma também na sua
época.

Divisão da Gramatica

A Gramática pode estudar: a) uma época determinada, b) uma
seqüência de fases evolutivas de um idioma ou c) de vários idiomas.
A que interessa mais de perto à comunidade social, pela sua utili-
zação imediata de código de bem falar, é a que estuda apenas a fase con-
temporánea do idioma, por isso chamada gramática expositiva, normativa
ou tão-somente grámatica.
A Gramática que se preocupa com os aspectos b) e c) formam o
que chamamos, respectivamente, Gramática Histórica e Gramática Com-
parada, e divergem da Gramática anterior porque são apenas obra de
ciência.

Partes da Gramatica

A Gramática estuda:

a) os sons da fala: Fonética e Fonêmica
b) as formas: Morfologia
c) as construções: Sintaxe
d) os sentidos e suas alterações: Semdntica(l).

Objeto da Estilística

Estilística é um campo novo dos estudos de linguagem que procura
investigar o sistema expressivo que o idioma põe a serviço do falante e
sua eficiência estética.
Todos estes ramos do estudo e da pesquisa dos fatos da linguagem
fazem parte de uma disciplina maior conhecida pelo nome de Ciência
da Linguagem ou Lingüística.

(1) A Nomenclatura oficial põe de lado a Fonémica, a SemMica e a.Esfilística.

25
#





#





1 - Fonetica e fonêmica

, A) Produção dos fonemas e sua classificação

I -

F ÊTICA DESCRI IVA

Fonemas. - Chamam-se fonemas os sons elementares e distintivos
que o homem produz quando, pela voz, exprime seus pensamentos e

emoções.

Fonemas não são letras. - Desde logo uma distinção se impõe: não
se há de confundir fonema com letra. Fonema é uma realidade acústica,
realidade que nosso ouvido registra; enquanto letra é o sinal empregado
para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua. Não há
identidade perfeita, muitas vezes, entre os fonemas e a maneira de repre-
sentá-los na escrita, o que nos leva facilmente a perceber a impossibilidade
de uma ortografia ideal. Temos, como veremos mais adiante, sete vogais
orais tônicas, mas apenas cinco símbolos gráficos (letras): a, e i, o, u.
Quando queremos distinguir um e tônico aberto de um e tônico fechado
- pois são dois fonemas distintos - geralmente utilizamos sinais subsidiá-
rios: o acento agudo (fé) ou o circunflexo (vê). Há letras que se escre-
vem, por várias razões, mas que não se pronunciam, e portanto não repre-
sentam a vestimenta gráfica do fonema; é o caso do h em homem ou oh !
Por outro lado, há fonemas que se ouvem e que não se acham registrados
na escrita; assim, no final de cantavam, ouvimos um ditongo em -am cuja
semivogal não vem assinalada /cantávãw/. A escrita, graças ao seu conven-
cionalismo tradicional, nem sempre espelha a evolução fonética. Neste
livro, diferençamos a letra do fonema, pondo este entre barras; dessarte

indicaremos o e aberto e e fechado da seguinte maneira: /é/, /é/.

Fonética e Fonèmica. - Na atividade lingüística, o importante para
os falantes é o som, e não a série de movimentos articulatórios que o
determina. Assim sendo, enquanto a análise fonética se preocupa tão-
#





somente com a articulação, a fonêmica atenta apenas para o SOM que,
reunindo um feixe de traços que o distingue de outro som, permite a
comunicação lingüística. A fonética pode reconhecer, e realmente o faz,
diversas realizações para o 1t1 da série ta-te-ti-to-tu; a fonêmica não leva
em conta as variações (que se chamam alofones), porque delas não tomam
conhecimento os falantes de língua portuguesa. Um fonema admite uma
gama variada de realizações fonéticas que vai até a conservação da inte-
gridade do vocábulo: quando isto não ocorre, diz-se que houve mudança
de fonema. O /1/ admite várias realizações no Brasil, de norte a sul
(e estas variantes não interessam à analise fonêmica, que deveria ter
primazia em nosso estudo de língua); mas haverá mudança de fonernas
quando se não puder fazer a oposição mal/mau. Como bem ensina Matoso
Câmara, "o fonema, entendido como um feixe de traços distintivos, indi-
vidualiza-se e ganha realidade gramatical pelo seu contraste com outros
feixe~ em idênticos ambientes fonéticos. Não é, pois, a diferença articula-
tória e acústica que distingue primariamente dois fonemas, senão a possi-
bilidade de determinarem significações distintas numa mesma situação
fonética. Compreende-se assim que um mesmo fonema possa~variar ampla-
mente na sua realização, conforme o ambiente fonético ou as peculiari-
dades do sujeito falante" (1).

Fonêmica não se opõe a fonética: a primeira estuda o número de
oposições utilizadas e suas relações mútuas, enquanto a fonética experi-
mental determina a natureza física e fisiológica das distinções observadas(2).

Aparelho fonador. - Nós não temos um aparelho especial para a
fala; produzimos os fonemas servindo-nos de órgãos do aparelho respira-
tório e da parte superior do aparelho digestivo. A esses órgãos da fala,
constitutivos do aparelho fonador, pertencem, além de músculos e nervos:
os brônquios, a traquéia, a laringe (com as cordas vocais), a faringe, as
fossas nasais e a boca com a língua (dividida em ápice, dorso e raiz), as
bochechas o palato duro (ou céu da boca), o palato mole (ou véu
palatino) com a úvula ou campainha, os dentes (mormente os anteriores)
com os alvéolos, e os lábios.

Em português, como na maioria dos idiomas, os fonemas são produzi-
dos graças à modificação que esses órgãos da fala impõem à corrente de
ar que sai dos pulmões. Línguas há, entretanto, que se servem da corrente
inspiratória (entrando o ar nos pulmões) para produzir fonemas, que
são conhecidos pelo nome de cliques. Produzimos cliques quando fazemos
os movimentos bucais, acompanhados da sucção de ar na boca para o
beijo, o muxoxo e certos estalidos como o que serve para animar a cami-
nhada dos cavalos, mas não os utilizamos como sons da fala em português.

(1) Para o Estudo da Fonémica Portuguesa, 44-45.
(2) B. MALMBERG, La Phonétique, 116.

28

P-1
#





APARELHO FONADOR

DENTES Irl

CARNE DA
LARINGE

CORDAS

VOCAIS

_M_
AD

---FOSSAS NASAIS

POSIÇÃO NORMAL
POSIÇÃO PARA 1,9
NASAIS e

--- EPIGLOTE

Como se produzem os fonemas. - A corrente de ar que vem dos
pulmões passa pela traquéia e chega à sua parte superior que se chama
laringe, conhecida vulgarmente como pomo-de-adão. Na laringe se acham,
horizontalmente, duas membranas mucosas elásticas, à maneira de lábios:
as cordas vocais, por cujo estreito intervalo, denominado glote, a corrente
de ar tem de passar para ganhar a faringe, e daí ou totalmente pela boca
(fonemas orais), ou parte pela boca e parte pelas fossas nasais (fonemas
nasais), chegar à atmosfera. É esta corrente expiratória que, modificada
pelos órgãos da fala, é responsável pela produção dos fonemas.

Fonemas surdos e sonoros. - Quando a corrente de ar se dirige
à glote, esta pode encontrar-se aberta, fechada ou quase fechada. No pri-
meiro caso, a corrente de ar passa livremente, sem provocar a vibração
das cordas vocais. O fonema que, nestas circunstâncias, se produz é cha-
mado surdo: /s/, /f/, /x/, /t/ /k/, etc. Se a glote está fechada ou quase
fechada, a corrente de ar, ao forçar a passagem, provoca a vibração das
cordas vocais, produzindo os fonemas sonoros. São sonoras todas as vogais
e certas consoantes como IzI, /v/, /j/, /d/, /g/, etc.
Em muitos casos podemos perceber a vibração das cordas vocais,
pondo de leve a ponta do dedo no porno-de-adão e proferindo um fonema
sonoro, como /z/, /v/, /j/, tendo o cuidado de não acompanhá-lo de

29
#





vogal. Sentimos nitidamente um tremular que denota a vibração das
C(
cordas vocais. Se proferimos um fonema surdo, como /s/, /f/, /x/, om o
cuidado apontado acima, não sentimos o tremular. Podemos ainda repetir
a experiência tapando os ouvidos. Só com os fonemas sonoros ouvimos
um zumbido característico da vibração das cordas vocais.

Vogais e consoantes. - A voz humana se compõe de tons (sons
musicais) e ruídos, que o nosso ouvido distingue com perfeição. Caracte-
rizam-se os tons, quanto às condições acústicas, por suas vibrações perió-
dicas. Esta divisão corresponde, em suas linhas gerais, às vogais (= tons)
e às consoantes (= ruídos). As consoantes podem ser ruídos puros, isto
é, sem vibrações regulares (correspondem. às consoantes surdas), ou ruídos
combinados com um tom laringeo (consoantes sonoras)(').
Quanto às condições fisiológicas de produção, as vogais são fonemas
durante cuja articulação a cavidade bucal se acha completamente livre
para a passagem do ar. As consoantes são fonemas durante cuja produção
a cavidade bucal está total ou parcialmente fechada, constituindo, assim,
num ponto qualquer, um obstáculo à salda da corrente expiratória.

OBSERVAÇÃO: Só por suas condições acústicas e fisiológicas de produção é que se
distinguem as vogais das consoantes. Por imitação dos gregos, os antigos gramáticos de-
finiam a vogal pela sua função na sílaba: elemento necessário e suficiente para formar
uma sílaba. E daí chegavam à conceituaçáo deficiente de consoante: fonema sem exis-
tência independente, que só se profere com uma vogal. Sabemos de idiomas em que há
sílabas constituídas apenas de consoantes e em que uma consoante pode fazer as vezes
de vogal(2).
Na língua portuguesa a base da silaba ou o elemento siliibico é a vogal; os elementos
assiliibicos aio a consoante e a semivogal, que estudaremos mais adiante.

Classificação das vogais. - Classificam-se as vogais, segundo a Nomen-
clatura Gramatical Brasileira, de acordo com quatro critérios:

a) quanto à zona de articulação;
b) quanto à intensidade;
c) quanto ao timbre;
d) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal.

a) Quanto à ZONA DE ARTICULAÇÃo as vogais podem ser média, ante-
riores e posteriores.

Com a boca ligeiramente aberta e a língua na posição quase ol
repouso, proferimos o fonema /a/, que é o que exige menor esforço e cons.
titui a vogal média. Se daí passarmos à série /é/ - /é/ - /i/, notarem

(1) B. MALMBERG, La Phonétique, 20.
(2) L. ROUDET, Éléments de Phonétique GMérale, 75-76.

30
#





1 como em vi

VOGAIS ANTERIORES

POSIÇÃO DOS LÁBIOS

E (aberto) como em é

E (fechado) como em dê

POSIÇÃO DA ÚNGUA

(*) Extraído dos Elementos de Língua Pdiría de J. MAT050 CÂMARA JR.

31
#





VOGAIS POSTERIORES(*)

POSIÇÃO DOS LÁBIOS

O (aberto) como em pá

O (fechado) como em avô

- U como em tu

(0) J- MAT060 CAMARA JR., ibid.

32

POSIÇÃO DA LíNGUA
#





1

que o dorso da língua se eleva, recuando em direção ao véu do paladar,

ANTERIORES

que a ponta da língua se eleva, avançando em direção ao palato duro, o
que determina uma diminuição da abertura bucal e um aumento da aber-
tura da faringe. A série /é/ - /é/ - /i/ constitui as vogais anteriores.
Se passarmos da vogal média /a/ para a série /6/ - /ô/ - /u/, notaremos

o que provoca uma diminuição da abertura bucal e um arredondamento
progressivo dos lábios. A série /6/ - /ô/ - /u/ forma as vogais posteriores.

P/ lu/

/a/
MÉDIA

- POSTERIORES

b) Quanto à INTENSIDADE as. vogais podem ser tônicas ou átonas,
Vogal tônica é aquela em que recai o acento tônico da palavra: avó, paga,
tímido.

Vogal átona é a inacentuada: avó, paga, tímido. As vogais átonas
podem estar antes da tônica (pretônicas): avó, pagar, ou depois (postô-

nicas): tímido.

Nos vocábulos de maior extensão fonética, mormente nos derivados
e nos verbos seguidos de pronome átono, pode aparecer, além da tônica,
à de ande intensidade a u recebe o nome de vogal subtônica:

~. ' ~r, b, ~ -1
polidamente, cegamente, louvar-te-tei.

c) quanto ao TIMBRE as vogais podem ser abertas, fechadas e reduzidas.
Timbre é o efeito acústico resultante da distância entre o dorso da língua
e o véu do paladar, funcionando a cavidade bucal como caixa de resso-

A gravura mostra a posiçlo das vogais /a/, /u/ e 11/. Note-se o fecha
mento do canal bucal na articulaçlo do /u/ e do /i/ com movimento da
cpiglote e elevaçAo da língua em direção ao palato (E. ~iL, Wie
wir h 1

sprec en, 5).
#





nância. O timbre é o traço distintivo das vogais. Na vogal de timbre
aberto a língua se acha baixa: /a/ tônico, /é/, /6/. Na vogal de timbre
fechado a língua se eleva: /é/, /6/, /i/, /u/- A vogal de timbre reduzido
é proferida debilitada, anulando-se a oposição entre aberta e fechada. A
distinção entre abertas e fechadas só se dá nas vogais tônicas e subtônicas;
nas átonas desaparece a diferença entre /6/ e /Ô/, /é/ e /é/, e o /a/
reduzido é proferido com menos nitidez, como se pode depreender com-
parando-se os dois tipos em casa, onde o primeiro é aberto e o segundo,
reduzido. Quase sempre no fim das palavras, as vogais átonas e e o se
enfraquecem e soam, respectivamente, /i/ e /u/('). Assim temos sete
vogais tônicas orais (/a/, /é/, /é/, /i/, /6/, /6/, /u/), cinco vogais átonas
orais (/a/, /e/, /i/, /o/, /u/) e três vogais reduzidas orais (/a/, /i/,
/u/). Também são reduzidas as vogais átonas nasais: antigo, sentar, lim-
peza, combate, fundar(2).

OBSERVA~ftl:

1.a)Não temos no Brasil o a fechado oral tônico dos portugueses como em cada,
para, mas.

2.a)Na pronúncia normal brasileira, as vogais nasais são fechadas ou reduzidas
(estas quando átonas).

d) quanto ao papel das CAVIDADES BUCAL e NASAL as vogais podem
ser orais e nasais. São orais aquelas cuja ressonância se produz na boca.
Há sete vogais tônicas orais (/à/, /é/, /é/, /i/, /6/, /ô/, /u/), cinco orais
átonas, por não haver aqui distinção entre /é/ e /é/, jó/ e /Ô/ (/a/, /e/,
/i/, /o/, /u/) e três reduzidas (/a/, /i/, /0). São nasais as vogais que,
em sua produção, ressoam nas fossas nasais. Há cinco vogais nasais (/à/,
/é/, /!/, /õ/, /ú/): lã, canto, campina, vento, ventania, límpido, vizinhan-
ça, conde, condessa, tunda, pronunciamos.
Quanto ao timbre, as nasais tônicas e subtônicas são fechadas e as
átonas reduzidas.

OBSERVAÇÃO: Na pronúncia normal brasileira soam quase sempre como nasais as
vogais seguidas de m, n e principalmente nh: cama, cana, banha, cena, fina, homem,
Antônio, úmido, unha. Assim não distinguimos as formas verbais terminadas em -amos
e -emos do presente e do pretérito do indicativo: agora cantamos, ontem cantamos;
agora lemos, ontem lemos.

(1) Daí ser possível uma mudança ortográfica do tipo quasi -+ quase; tribu -+ tribo. Mu.
dou-se a letra, mas não o fonema.

(2) Na realidade as reduzidas não estâo cientificamente formuladas pela NGB, e o me-
lhor seria bani-las. Em muitos casos das chamadas reduzidas o que temos na realidade é mu.
dança ou troca de fonema.

34
#





ABERTAS FECHADAS RED

orais orais nasais ora

11) A: pá, caveira, cúlido, pia- -
cidamente ............
2) E:fé,tela,pérola,cafezal

vê, negro,
péssego
avó, povo,
lóbrego, glo-
binho
4) 1: .........li, vida, lí-
rico
5) U: ........luz, tudo,
lúgubre

3) O: pó, voto, glóbulo, for-
tezinho .............

roma, can-
to, lâmpada
lembro,
vento
ponto, tõm-
bola

fim, tinta,
límpido
fundo, cum-
pro

casa

verde

globinho

lápis, júri

vírus

nasais

ímã, canti-
nho
engolir

comprida,
continua

tinteiro

álbum

Elevação da língua: quinto critério para classificação das vogais. -
A Nomenclatura Gramatical Brasileira não levou em conta a elevação
gradual da língua, o que distingue as vogais em: 1 - vogal baixa: /a/;
2 - vogais médias com dois graus de elevação: /é/, /61 e /é/, /6/; 3 -
vogais altas: JiI, /u/. Entre as nasais desaparecem os dois graus de
elevação das vogais médias.

OR A IS(')

u /
#





6/
6
a

Altas

Médias

Baixa

NASAIS

/ a /

1 1 1 11 Altas
é 6 Médias
Baixa

Se não estabelecermos este quinto critério para a classificação das
vogais teremos de por num mesmo plano fonemas diferentes, como 151
e li!/, /E/ e /!/, o que não é correto.
~5, - -
l~i (1) Cf. J. MAT~ CAmAxA, Curso da Língua Pátria, 11, 121.

35
#





QUADRO DA CLASSIFICAÇAO DAS VOGAIS

VOGAIS

anteriores: /é/, /é/, /i/
1) quanto à zona de articulação média: /a/
posteriores: /6/, /6/, /u/
abertas: /a/, /é/, /61
2) quanto ao timbre fechadas: /é/, /ôl, /i/, lu/
reduzidas: /a/, /i/, lu/

orais: /a/, /é/, /é/, /i/, /61, /6/,

4) quanto à intensidade .

5) quanto à elevação da lingua .. {

3) quanto ao papel das cavidades
bucal e nasal .........

/u/
nasais: /âl, /é/, /!/, /õ/, Iral
tônicas
átonas
baixa /a/
médias: /é/, /6/, /é/, /ôl
altas /i/, /u/

Semivoga,is. Encontros vocálicos: ditongos, tritongos e hiatos. -
Chamam-se semivogais as vogais i e u (orais ou nasais)(') quando assi-
lábicas, as quais acompanham a vogal numa mesma sílaba. Os encontros
vocálicos dão origem aos ditongos, tritongos e hiatos. Representamos as
semivogais i (e) por /y/ e u (o) por /w/.
DITONGO é o encontro de uma vogal e de uma semivogal ou vice-versa,
na mesma sílaba: pai., mãe, água, cárie, mágoa, rei.
Sendo a vogal a base da sílaba ou o elemento silábico, é ela o som
vocálico que, no ditongo, se ouve mais distintamente. Nos exemplos dados
são vogais: pAi, mÃe, ágUA, cáriE, MágOA, rEi.
Os ditongos podem ser:
a) crescentes e decrescentes
b) orais e nasais

Crescente é o ditongo em que a semivogal vem antes da vogal: agua
cárie, mágoa.
Decrescente é o ditongo em que a vogal vem antes da semivogal: pai,
mae, rei.

Como as vogais, os ditongos são orais (pai, água, cárie, mágoa, rei
ou nasais (mãe).
Os ditongos nasais são sempre fechados, enquanto os orais podem ser
abertos (pai, céu, rói, idéia) ou fechados (meu, doido, veia).
Nos ditongos nasais são nasais a vogal e a semivogal, mas só se coloca
o til sobre a vogal: mãe.

(1) Em lugar de i ou u, em certos casos, se pode grafar a semivogal e ou o, respectiva.
mente, em observância às convenções do nosso sistema ortográfico vigente.

36
#





L-
~s
LS

21,

in
35
ía,
ai
ci)
ser
:)ca

tiva-

Principais ditongos crescentes:

Orais

Nasais

1) Jya/: glória, pátria, diabo, área, nívea
2) /ye/ (=yi): cárie, calvície
3) /yéJ: dieta
4) Jyo/: vário, médio, áureo, níveo
5) 1 yól: mandioca
6) /y6/: piolho
7) /wa/: água, quase, dual, mágoa, nódoa
8) lwil: lingüiça, tênue
9) Jwó/: qüiproquó
10) /wô/: aquoso
11) /wo/ (= uu): oblíquo
12) /wé/: coelho
13) /wé/: eqüestre. goela
14) /yu/: miúdo (4)

1) /yâJ: criança
2) /wâ/: quando
3) /wê/: freqüente, qüinqüénio, depoente
4) /w11: argüindo, qüinqüênio, moinho

Os principais ditongos decrescentes são:
1) Jay1: pa4 baixo, traidor
2) Jay/ (a fechado e, às vezes, nasalado): faina, paina, andaime
3) /aw/: pau, cacaus, ao
4) JéyJ: réis, coronéis
5) /éy/: lei, jeito, fiquei
6) /éw/: céu, chapéu
7) /éw/: leu, cometeu
8) /iwJ: viu, partiu
9) /óyJ: herói, anzóis
10) JôyJ! boi, foice
11) low/: vou, roubo, estouro
12) JUY1: fui, azuis

Nasais

1) /ãy/: alemães, cãibra
2) 11w/: pão, amaram (= amárâo)
3) 1"1: bem (= bêi), ontem (= ontêi)

(9) Em muitos destes casos pode ser discutivel a existência de ditongos crescentes "por
mer indecisa e variável a sonoridade que se dá ao primeiro fonema. Certo é que tais ditongos
me observam mais facilmente na hodierna pronúncia lusitana do que na brasileira, em que
#





a vogal (= semivogal), embora fraca, costuma entretanto conservar sonoridade bastante sensível"
(5. ALI, Gr4M. SOC., 17).

37
#





4) /õyj: põe, sen6es
5) lúy/: mui (= míli), muito (= milito)
NOTA: Nos ditongos nasais decrescentes Ey, dy (Cf. SOUSA, Trechos, 320, 18, onde
vãs rima com mães) e Jw, a semivogal pode não vir representada na escrita. Escrevemos
a interjeição hem! ou hein t, sendo que, a rigor, a primeira grafia é mais recomendável.

TRITONGO é o encontro de uma vogal entre duas semivogais numa
mesma sílaba. Os tritongos podem ser orais e nasais.

ORAIS

1) /wayj: quais, paraguaio
2) /wey1: enxagüei, averigüeis
3) /wiwl: delinqüiu
4) lwowl. apaziguou
OBsnvAçXo: Nos tritongos nasais l~I e lwélyl a última semivogal pode não vir
,representada graficamente: minguam, enxágüem.

NASAIS

1) /wâwl: minguam, saguão, quão
2) /wéy/: delinqüem, enxágüem
3) jwóyj: saguões

HiATo é o encontro de duas vogais em sílabas diferentes por guar-
darem sua individualidade fonética: salda, caatinga, moinho.
Em português, como em muitas outras Unguas, nota-se uma tendência
para evitar o hiato, através da ditongação ou da crase.

OBSERVAÇõES:
1.a)Desenvolvem-se um jy/ semivogal (chamado em gramática iode) ou jw/ semi.
vogal (chamado vau) nos encontros formados por ditongo decrescente Seguido
de vogal final ou ditongo átono: praia = prai-ia; cheia = chei-ia; tuxaua
tuxau-ua; goiaba = goi-iaba.
2.a)"NOS hiatos cuja primeira vogal for u e cuja segunda vogal for final de vo-
cábulo (seguida ou não de s gráfico), o desenvolvimento do vau variará de
acordo com as necessidades expressionais ou as peculiaridades individuais"('):
nua = nu-a ou nu-ua; recue = re-cu-e ou re-cu-ue; amuo = amu-o ou amu-uo.
3.a)"Os encontros ia, ie, io, ua, ue, uo finais, átonos, ~idos, ou não, de s, classifi-
cam-se quer como ditongos, quer como hiatos, uma vez que ambas as emissões
existem no domínio da Língua Portuguesa: histó-ri-a e histó-ria; sé-ri-e e sé-rie;
pá-ti-o e pá-tio; ár-du-a e ár-dua; tê-nu-e e tê-nue; vá-cu-o e vá-cuo" (2).
4.a) Autores há que também consideram hiato quando se trata de uma vogal e uma
. semivogal, como no caso de goiaba, jóia, etc. Outros consideram dois ditongos.
goi-ia-ba, jói-ia.

Nos encontros vocálicos costumam ocorrer dois fenômenos: a diérese
e a sinérese.
Chama-se DIÉRESE à passagem de semivogal a vogal, transformando,
assim, o ditongo num hiato: trai-çéío = tra-i-çéío; vai-da-de = va-i-da-de;
cai = ca-i.
Chama-se SINÉRESE à passagem de duas vogais de um hiato a - um
ditongo crescente: su-a-ve = sua-ve; pi-e-do-so = pie-do-so; lu-ar = luar.

(1) Normas Para a Língua Falada no Teatro, 485-63.
(2) Nomenclatura Gramatical Brasileira, 16.

38
#zzz





A sinérese é fenÔmeno bem mais freqüente que a diérese. A poesia
antiga dava preferência ao hiatismo, enquanto, a partir do século xvi, se
nota acentuada predomináncia: do ditonguismo (sinérese). É claro que os
poetas modernos continuaram a usar a diérese, mormente como efeito
estilístico-fônico para a ênfase, a idéia de grandeza, etc. No seguinte verso
de Machado de Assis auréola com quatro sílabas acentua o tamanho des-
comunal indicado pela leitura lenta: "Pesa-me esta brilhante auréola de

Classificação das consoantes. - De acordo com a Nomenclatura
Gramatical Brasileira classificam-se as consoantes de acordo com quatro

a) quanto ao modo de articulação;
b) quanto à zona de articulação;
c) quanto ao papel das cordas vocais;

d) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal

a) quanto ao MODO DE ARTICULAçÃo as consoantes podem ser oclusivas
e constritivas, e estas se subdividem em fricativas, laterais, vibrantes e
nasais. O obstáculo que, na cavidade bucal, os órgãos impõem à corrente
expiratória pode ser de dois tipos, ou os órgãos da boca estão dispostos
de tal modo que impedem completamente a saída do ar, ou permitem
parcialmente que a corrente expiratória chegue à atmosfera. No primeiro
caso, dizemos que as consoantes são oclusivas; no segundo, constritivas. As
constritivas são fricativas quando a corrente expiratória, passando por
entre os órgãos que formam o obstáculo parcial, produz um atrito à ma-
neira de fricção: /f/, /v/, IsI, IzI, lx/, /j/. São constritivas laterais
quando a passagem da corrente expiratóría, obstruída pela aproximação
do ápice ou dorso da língua aos alvéolos da arcada dentária superior ou
ao palato, escapa pelos lados da cavidade bucal: 11/, /lh/. São constritivas
vibrantes quando o ápice da língua contra os alvéolos ou a raiz da língua
contra o véu do paladar executa movimento vibratório rápido, abrindo e
fechando a passagem à corrente expíratóría: /r/ (simples) e /rrj (múl-
tipla). São constritivas nasais quando, pelo abaixamento do véu palatino
e um abrimento do nasal, as consoantes ressoam nas fossas nasais. Temos
três consoantes nasais: a bilabial /m/, a línguodental /n/ e a palatal Inh/.

b) quanto à ZONA DE ARTicuLAçÃo as consoantes podem ser

1) bilabiais (lábio contra lábio): /p/, /b/, /m/.
2) labiodentais (lábio inferior e arcada dentária superior): /fl, /v/.
3) linguodentais (língua contra arcada dentária superior): /t/, /d/, /n/
4) alveolares (língua em direção ou contra os alvéolos): /s/, /z/, /1/

5) palatais (dorso da língua contra o céu da boca): /x/, /j/. 11h1, jnh/

6) velares (raiz da língua contra o véu do paladar): 1k1, /g
#





OBSERVAÇõES:
1.a)0 /11 inicial da sílaba é nitidamente alveolar, enquanto o final é proferido
relaxado, quase velar, mas tendo-se o cuidado de não fazê-lo igual a u. Nas
ligações com a vogal inicial de outro vocábulo, soa como alveolar.
2.a) O Irrj alveolar pode ser proferido como velar, graças ao maior recuo da língua.
3.a)As linguodentais /tj e /d/ seguidas de i podem palatalizar-se: tinta e digw
podem soar jtxintaj e /djigno/. Evite-se o exagero destas palatalizações.

c) quanto ao papel das CORDAS VOCAIS as consoantes podem ser surdas
e sonoras.

Surdas: /p/, ffi, /ti, /s/, /xl, /k/.
Sonoras: /b/, /v/, jdj, Izi, /j/, /gj, /m/, /n/, jnh/, /I/, /lh/, /r/, jrr/.
São sonoras as consoantes vibrantes, nasais e o ]li lateral.

d) quanto ao papel das CAVIDADES BUCAL e NASAL as consoantes podem
ser orais e nasais. São nasais /m/, /n/, inh/.
As outras são orais.

QUADRO DE CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES

surda: /p/
sonora: 1b1

OCLUSIVAS d t surda: /t/
ingito en ais-sonora: /d/
surda: 1k1
sonora: 1g1

bilabiais

velares

CONSOANTES -

fricativas

CONSTRITIVAS

vibrantes (alveolares)

labiodent4is

alveolares

palatais

alveolar: /I/
palatal: /lh/

bilabial: /m/
linguodental: /n/
palatal: /nh/(l)

surda: jf/
sonora: /v1
surda: /s/
sonora, jz1
surda: /x/
sonora: J1
simples: /r/
múltipla: Irrj

(1) Para fugir a uma oposiçâo errónea surdalsonoralnasal, preferimos, ainda com a
aquiescência da NGB, colocar as nasais entre as constritivas. i-lá autores que fazem das nasais
uma classe à parte, ou as põem entre as oclusivas, critérios também defensáveis.
#






40
#





Encontro consonantal. - Assim se chama o seguimento imediato de
duas ou mais consoantes de um mesmo vocábulo. Há encontros conso-
ninticos pertencentes a uma sílaba ou a sílabas diferentes. Os primeiros
terminam por 1 ou r: li-vro, blu-sa, pro-sa, cla-mor; rit-mo, pac-to, af-ta,
ad-mi-tir.
O encontro consonantal /cs/ é representado graficamente pela letra
x: anexo, fixo.
1
São mais raros em nossa língua os seguintes encontros consonânticos
1
4,
existentes em vocábulos eruditos. Estes encontros são separáveis, salvo
os que aparecem no início de vocábulos:

bd: lamb-da
bs: ab-so-lu-to
q: sec-ção
dm: ad-mi-tir
gn: dig-no
mn: mne-mô-ni-co

ft. af-ta
pn: pneu. pneu-mA-ti-co
Ps: psiu
Pt: ap-to
tm: ist-mo
tn: 6t-ni-co

Tais encontros merecem especial cuidado porque, na pronúncia des-
t,
preocupada, tendem a constituir duas sílabas pela intercalação de uma
vogal:

advogado e não adivogado ou adevogado
absoluto e não abissoluto
admirar e não adimirar
alta e não dfita
ritmo e não rítinto
pneu e não Peneu
indigno e não indíguino

O desejo de corrigir o engano leva muitas vezes à omissão de vogal
de certos vocábulos:

adivinhar e não advinha r '
subentender e não subtender

Dígrafo. - Não se há de confundir dígrafo com encontro consonantal.
Dígrafo é o emprego de duas letras para a representação gráfica de uni só
fonema: passo (cf. paço), CHá (cf. xá), maNHã, paLHa, ENviar, MANdar.
Há dígrafos para representar consoantes e vogais nasais('). Os
dígrafos para consoantes são os seguintes, todos inseparáveis, com exceção
de rr e ss, sc, sç, xc:

ch: chá
lh: malha
nh: banha
sc: nascer
sç: nasça

(1) Destas últimas não cogita a NGB.

xc: exceto
rr: carro
ss: passo
qu: quero
#





gu: guerra

41
#





Para as vogais nasais :

am ou an.- campo, canto
em ou en: tempo, vento
im ou in: limbo, lindo
om ou on: ombro, onda
um ou un: tumba, tunda

Letra diacrítica. - É aquela que se junta a outra para lhe dar um
valor fonético especial e constituir um dígrafo. Em português as letras
diacríticas são h, r, s, c, ç, u para os dígrafos consonantais e m, e n para
os dígrafos vocálicos: cHá, carRol Passo, quero, campo, ONda.

OBsERvAçXo: Daí se tiram as seguintes conclusões aplicáveis à análise fonética:
1.a) Não há ditongo em qUero;
2.a) M e n não são fonemas consonánticos nasais em caMpo, oNda, etc.;
3.2) Qu e gu se classificam como 1k1 e /gl, respectivamente.

2 - FONÉTICA EXPRESSIVA

Os fonemas com objetivos simbólicos

Muitas vezes utilizamos os fonemas para melhor evocar certas repre-
sentações.
É deste emprego que surgem as aliterações, as onomatopéias e os
vocábulos expressivos.

Aliteração é a repetição de fonema igual ou parecido para descrever
ou sugerir acusticamente o que temos em mente expressar.
O sossego do vento ou o barulho ensurdecedor do mar ganham maior
vivacidade através da aliteração dos seguintes versos:

"As asas ao sereno e sossegado vento" (utilização do fonema fricativo alveolar sonoro
e surdo).
"Bramindo o negro mar de longe brada" (utilização principal dos fonemas b, r
e d).

Onomatopéia é o emprego de fonema em vocábulo para descrever
acusticamente um objeto pela ação que exprime.
São freqüentes as onomatopéias que traduzem as vozes dos animais e
os sons das coisas:

O tique-taque do relógio, o marulho das ondas, o zunzuna-r da abelha, o arrulhar
dos pombos.

Vocábulo expressivo é o que não imita um ruído, mas sugere a idéia
do ser que se quer designar: romper, Jagarelar, tremeluzir, jururu.

42
#





O TO

AP DICE

Encontros de fonemas que produzem efeito desagradável ao Ouvido. -
Muitas vezes certos encontros de fonemas produzem efeito desagradável
que repugna o ouvido e, por isso, cumpre evitar, sempre que possível.
Esses defeitos são mais perceptíveis nos textos escritos porque a pessoa
que os lé nem sempre faz as pausas e as entonações que o autor utilizou,
com as quais diminui ou até anula os encontros de fonemas que geram
sons desagradáveis.
Entre os efeitos acústicos condenados estão: a colisão, o eco, o hiato,
e a cacofonia.

i , R
-i

Colisão é o encontro de consoantes que produz desagradável efeito
acústico:

"Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já" (CASIMIRO DE ABREU, Obras, 73).

Eco é a repetição, com pequeno intervalo, de palavras que terminam
de modo ídéntico:

"Estas palavras subordinam frases em que se exprime condição necessária à real!-
zaoo ou não realização da açáo principal".

Hiato. - O hiato de vogais tônicas toma-se desagradável principal-
mente quando formado pela sucessão de palavras:
Hoje há aula.

?1 Cacofonia ou cacófato é o encontro de sílabas de duas ou mais pa-
k
lavras que forma um novo termo de sentido inconveniente ou ridículo
tin relação ao contexto:

1
*Ora veja como ela está estendendo as mãozinhas inexperientes para a chama das
(CAMILO CASTELO BRANCO, A Queda de um Anjo, 102).

È oportuna a lição de Said Ali:

Ç"Repara-se, hoje, com certo exagero, na cacofónia, resultante da junção da sílaba
li Ç de um vocábulo com a palavra ou parte da palavra imediata. Não se liga,
nor importância à cacofonia quando esta se acha dentro de um mesmo
formada por algumas das suas sílabas componentes. O mal aqui é
ia que expressões não se dispensam, nem se substituem. Muitas vezes,
ia menos ridícula do que a vontade de percebê-la... O estudante evite,
semelhantes combina~ de palavras, assim como quaisquer outras
nascer uns longes de cacofonia, e não se preocupe com descobri-los nos
na
tanto, a me
Meibulo, sendo
~ediável, po
~ a cacofon
e que puder,
e
!~:a=e possam
jutt08% (Gramática Secundária, 306-7.)

4) Ortoepia

Ortoepia é a parte da gramática que trata da correta pronúncia dos
V,
#





Nnemas.

43
#





Preocupa-se não apenas com o conhecimento exato dos valores foné-
ticos dos fonemas que entram na estrutura dos vocábulos, considerados
isoladamente ou ligados na enunciação da frase, mas ainda com o ritmo,
a entoação e expressão convenientes à boa elocução.

Vogais. - Quanto à emissão das vogais, na pronúncia normal brasi-
leira, observemos que:

a) São fechadas as vogais nasais; por isso não distinguimos as formas
verbais terminadas em -amos e -emos do pres. e pret. perf. do indicativo
da 1.a e 2.a conjugações.
b) Soam muitas vezes como nasais as vogais seguidas de m, n e prin-
cipalmente nh: cama, cana, banha, cena, fina, Antônio, unha

OBsERvAçÃo: Sem nasalidade proferem-se as vogais desses e de vários out,os
cábulos: emitir, emisÁrio, eminente, energia, enaltecer, Enaldo, etc.

c) Soam quase sempre como orais as vogais precedidas de m, n ou nh:
mata, nata, companhia, milho. Assim não tem cabimento a pronúncia
nasalada do mas /más/. Entretanto, mui e muito se proferem Jmúi/,
/múito/.

d) Soam igualmente o a artigo, a preposição, a pronome e o a resul-
tante de crase. Não se alonga o à, salvo, muito excepcionalmente, se
houver necessidade imperativa, para a inteligência da frase, caso em que
o resultante da crase poderá ser pronunciado com certa tonícidade e
ênfase" (Normas, 481).

e) São reduzidas as vogais e e o átonas finais, que soam lil e
respectivamente: frente, carro.

f) São oscilantes /e/, /i/, /é/, /1/, /o/, /iu/, /ó/, /ú/ reduzidos pre-
tônicos em numerosos vocábulos, oscilação que corresponde "a uma gra-
duação de freqüência de meio cultural, de nível social ou de tensão
psíquica do indivíduo falante" (Normas, 482): pedir: /pedir/ ou /pidir/;
-estudo: /estudu/ ou /istudu/; sentir: /sentir/ ou /sintir/; costura: /costura/
ou /custura/; compadre: /compadre/ ou /cumpadre/. Neste caso estão
as preposições com e por, que, salvo nas situações enfáticas, devem ser pro.
nunciadas /kú/ e lpur/. Fazem exceção muitos vocábulos eruditos e os
compostos de entre: embriogenia, hendíade, hexágono, entremei . O(1).

g) Em linguagem cuidada, evita-se a oscilação de que anteriormente
se falou, quando tem valor opositivo, isto é, serve para distinguir dois
vocábulos de sentido diferente: eminente / iminente; emigrar / 'migrar;
descrição / discrição.

(1) ANTzNoa NASCENTES, Idioma Nacional, 14.

44
#





h) O u depois de g ou q ora é vogal ou semivogal (e aí se profere),
ora é componente de dígrafo (e aí não se pronuncia). Entre outras deve
ser proferido nas seguintes palavras depois do g: agüentar, ambigüidade,
apaziguar, argüição, argüir, bilíngüe, consangüíneo, contigüidade, ensan-
güentado, exigüidade, lingüeta, lingüista, redargüir, sagüi ou sagüim

ungüento, ungÜiforme

Não se deve proferir o u depois do g em: distinguir, exangue, extin-
guir, langue, pingue (= gordo, fértil, rendoso).
É facultativo pronunciá-lo em: antigüidade ou antiguidade; sangüíneo
ou sanguíneo; sangüinário ou sanguinário; sangüinoso ou sanguinoso.
Profere-se o u depois do q em: aqui ' cola, conseqüência, delinqüência
delinqüir, eqüestre, eqüevo, eqüidistante, eqüino (= cavalar), eqüitativo
eqüipolente (também equipolente), freqüência, iniqüidade, loqüela, obli

qüidade, qüercina, qui . ngentésimo,
Tarqüínio, tranqüilo, ubiqüidade.
Não se profere o u, depois do

qüinqüênio, qüiproquó, seqüência

equilíbrio, equinócio, equipar, equiparar, equitação., equ oco, extorquir,
inquérito, inquirir, liquidificador, sequioso, quérulo, questão, quibebe.
É facultativo pronunciá-lo em: antiqüíssimo ou antiquíssimo; equi-
dade ou equidade; eqüivalente ou equivalente; eqüivaler ou equivaler;
liquidação ou liqüidação; liqüidar ou liquidar; líqüido ou líquido; retor-
qüir ou retorquir.
Diz-se quatorze ou catorze, sendo a primeira mais generalizada entre

i) Em muitos vocábulos há dúvidas quanto ao timbre das vogais. Re-
comendamos timbre aberto para o e em: acerbo, Aulete, anelo, badejo,
caterva, cetro, cerne, cervo, coeso, coevo, coleta, cogumelo, confesso, duelo,

destra, espectro, eqüevo, flagelo, ileso, indefesso, medievo,
paredro, prelo, primevo, relho, septo, servo, Tejo, terso.

elmo, obsoleto,

É fechado em: acervo, adrede, alameda, amuleto, anacoreta, bofete,
caminhoneta, cerebelo, cateto, cerda, corbelha, devesa, defeso, escaravelho,
efebo, fechar (e suas formas fecho, fechas, feche, etc.), ginete, grumete,
indefeso, interesse (s.), ledo, lerdo, lampejo, labareda, magneto, pa-
limpsesto, panfleto, pez, quibebe, reses, retreta, Roquete, sobejo, veneta
vereda, vinheta, versalete, vespa, vedeta, verbete, xerez, xepa. As autori-
dades recomendam o timbre fechado em pese (na expressão em que pese
a) e colmeia (mas a pronúncia com timbre aberto é generalizada entre

Tem timbre aberto o o tônico de: canoro, coldre, (de) envolta, dolo
'. forum, hissope, imoto, inodoro, manopla, molho, piloro, probo, suor
1

Tem timbre fechado o o tônico de: aboio, alforje, algoz, boda, bodas
cochicholo, chope, cachopa, choldra, corça, desporto, filantropo, loa, lorpa

Mausolo, misantropo, odre, serôdio, teor, torpe.
#





i) Quanto aos ditongos, cumpre notar: ai, ei e ou devem guardar,
na pronúncia cultivada, sua integridade, não se exagerando o valor do
ou u, nem os eliminando, como o faz o povo: caixa, queijo, ouro.
Soa como ditongo nasal ão a sílaba átona final -am: amam.
Soam como ditongo nasal 6 as sílabas -em, -ém, -en, -ens de muitos
vocábulos: bem, vem; vintém, ninguém; vens, homens; armazéns, parabéns.
Normalmente ditongamos, pelo acréscimo de um i, as vogais tônicas
finais seguidas de -z ou -s. Assim não fazemos a diferença entre pás., paz
e país; más e mais; rapaz e jamais; vãs e mães. Os poetas brasileiros nos
dão bons exemplos destas ditongações,
Só por imitação dos poetas lusitanos (porque dizem téíy), entre os bra-
sileiros, a rima tem e mãe aparece às vezes, como em Casimiro de Abreu:

"O país estrangeiro mais belezas
Do que a pátria, não tem;
E este mundo não val um só dos beijos
Tão doces duma mãe." (Obras, ed. S. DA SILVEiRA, 73)

1) Quanto aos hiatos observemos que se desenvolve um i ou u semi-
vogais nos encontros formados por ditongo decrescente seguido de vogal
final ou ditongo átono: praia prai-ia; tuxaua tuxau-ua; goiaba goi-iaba;
bóiem bói-icm (cf. Normas, 486).
O mesmo desenvolvimento das referidas semivogais nos hiatos cuja
primeira vogal seja i ou u tônicos e cuja segunda vogal seja final de vocá-
bulo, "variará de acordo com as necessidades expressionais ou as peculia-
ridades individuais" (Normas, 485-6): via: vi-a ou vi-ia; lu-a: lu-a ou lu-ua.

Consoantes. - Soam levemente as consoantes b, c, d, g, s, t quando
finais de vocábulos- sob, Moab, Isaac, Cid, Uf, Gog, fórceps, Garrett.
Nos vocábulos eruditos as terminações átonas -ar, -er, -en, -ex e -on
devem guardar sua integridade em pronúncia: atj6far, esfíncter, índex,
cólon,
O 1 final de sílaba é proferido relaxado, quase velar, mas tendo-se o
cuidado de não fazè-lo igual a u: nacional.
Na palavra sublinhar e derivados o 1 deve ser pronunciado separa
mente do b.
O -r múltiplo alveolar pode ser proferido como velar, graças ao mai
recuo da língua, e até com articulação dorso-uvular (portanto mais carre.
gado ainda), embora as Normas não a recomendem na pronúncia cui.
dada: mar, avermelhar. Nas palavras ab-rupto, ab-rogar, ad-rogar, su
rogar, e derivados, o r deve ser pronunciado múltiplo -e separado, isto
sem fazer grupo com a consoante anterior.
O m final pode guardar sua integridade de pronúncia, não nas
zando o e anterior, no vocábulo totem, admitindo a grafia tóteme.

46
#





bem-amado e bem-aventurado, nasaliza o e anterior, e não se liga ao a
seguinte.
As linguodentais d e t, seguidas de i, podem palatizar-se, evitando-se,
entretanto, o exagero (articulação africada linguopalatal): dia, tia.
O s soa aproximadamente como se fora i, inas sem exagero, antes de
b, d, g, i, 1, m, r e v: desjejum, deslizar, esmo, asno, esbarrar, esdrúxulo,
engastar, desregrar, desvão. Como bem acentua o Prof. Antenor Nascen-
tes('), em outros pontos do país o s, nestes casos, soa aproximadamente
como /Z/.
Antes de c, f, p, q, t, x e ainda no fim de vocábulo que não se ligue
ao seguinte, o s tem som próximo de /x/: descampado, esfregar, respeito,
esquivo, deste, desxadrezar. Em outros pontos do país, segundo o mestre
anteriormente citado, o s nestas circunstáncias é sibilante, como na
palavra selva.
Tem o som de /z/ entre vogais nos compostos do prefixo trans
(transatlântico, transação, transitivo, etc.) e na palavra obséquio e deri-
vados. Em transe (que se grafa também trance), subsídio, subsidiar,
subsistir, subsistência e outros da mesma família, o s pode soar como
sibilante (como em selva) ou como jzj. Se o elemento a que se prefixa
trans- começa por s, não se up ica esta consoante, que será proferi a
como sibilante: Transilvânia e derivados, transiberiano. No final -simo
(de vigésimo, trigésimo, etc.) soa como jzj.
Escrevendo-se aritmética (com t), é mais usual proferir esta consoante.
Pode-se ainda grafar arimética.
X tem quatro valores: 1) fricativo palatal como em xarope; 2) frica-
tivo alveolar sonoro como em exame; 3) fricativo alveolar surdo (= ss)
como em auxílio; 4) vale por /ks/ e /kz/ como em anexo e hexámetro.
X soa /z/ nas palavras: exação, exagero, exalar, exaltar, exame,
exangue, exarar, exasperar, exato, exautorar, executar, exegese, exegeta,
exemplo, exéquias, exeqüível, exercer, exercício, exército, exaurir, exibir,
exigir, exilar, exílio, exímio, existir, êxito, éxodo, exógeno, exonerar, exo-
w, exorbitar, exorcismo, exórdio, exornar, exótico, exuberar, exuberante,
exultar, exumar, inexordvel.
Soa como /s/ em: auxílio, máxima, Maximiliano, Maximino, máximo,
Ípróximo, sintaxe, trouxe, trouxeram, trouxer.
Soa como jks/ ou /kz/, conforme o caso, em: afluxo, anexo, axila,
Áxis, axiômetro, complexo, convexo, crucifixo, doxologia, fixo, flexão,
fluxo, hexãmetro (também soa como /z/), hexaedro, hexágono (também
wa como ffi), hexassílabo, índex, intoxicar, léxico, maxilar, nexo, máxime,
~Mix, ortodoxo, óxido, prolixo, oxigênio, paradoxo, reflexo, sexagendrio,
1 , sexagésimo, sexo, silex, tórax, tóxico.

Nr (1) Idioma Nacional, 27.
Í

47
#





É proferido indiferentemente como /ks/ ou /s/ em: apoplexia, axioma
e defluxo.
Vale por /s/ no final de: cálix, Félix, fênix e na locução adverbial
a flux.
O z em fim de palavra que não se ligue à seguinte, soa levemente
chiado: luz, conduz.
Entre os casos particulares, são de notar:

· ch em Anchieta e derivados soa chiado;
· cz de czar (que também pode se escrever tzar) deve ser proferido como
/ts/; o lh de Alhambra não constitui dígrafo como em malha; deve-se
proferir o vocábulo como se não houvesse o h;
o w do nome Darwin e dos derivados (darwinismo, darwinista, etc.) soa
como /ul.

Sc e xc soam como /s/ em palavras como nascer, descer, crescer, exce-
lência, exceto, excelso.
Os encontros consonânticos devem ser pronunciados com valores foné-
ticos próprios, sem intercalação de e ou i: pseudônimo, pneumático,
mnemônico apto, elipse, absoluto, admissão, adjetivo, ritmo, afta, indigno,
recepção, advogado, accessível (ao lado de acessível), secção (ao lado
de seção).

Ligação dos vocábulos. - Cuidado especial merece a boa articulação
dos fonemas, mormente finais e iniciais, na seqüência dos vocábulos com
que nos comunicamos com os nossos semelhantes, desde que uma pausa
não os separe.
a) VOGAIS OU DITONGOS FINAIS DE VOCÁBULO COM VOCAIS OU DITONGOS
INICIAIS DE VOCÁBULO.

Quando a palavra termina por vogal tônica e o vocábulo Seguinte
começa com vogal ou ditongo tônicos, nbrInalmente se respeita o hiato
interverbal: ali há, lá houve, li ontem.
Se a vogal final é tônica e o vocábulo seguinte começa por vogal ou
ditongo átonos, proferimos normalmente o hiato; mas pode ocorrer, muitas
vezes, a ditongação se a vogal átona for i ou e ou u ou o:

segui aquela; já ouvi; lá ironizei; vê umedecer.

OBSERVAÇÃO: Evita-se a ditongaçáo quando daí resultar uma seqüência de sílabas
tônicas: boné usado, 1d iremos.

Se a vogal final é átona e o vocábulo seguinte começa por vogal tônica,
normalmente se respeita o hiato: essa hora, terreno árido.
Neste caso pode ainda ocorrer a fusão (crase) das duas vogais
forem idênticas (essa fusão produz certo alongamento da vogal indic

48
#





aqui pelo mácronou a ditongação, se a vogal átona final for i, e
ou U, o:
terra árida: ter/ra/á/rida ou ter/rã/ri/da
esse ano: es/se/a/no ou es/sea/no.

OBSERVAÇXO: Chama-se crase a fusão de dois ou mais sons iguais num só.

Se a vogal final e a inicial do vocábulo seguinte são átonas, pode
ocorrer hiato, ditongo, crase ou elisão.

OBSERVAÇÃO: Elisão é o desaparecimento de uma vogal final átona em virtude do
contacto com a vogal inicial do vocábulo seguinte.

1)haverá hiato, fusão ou elisão se a vogal átona final for a e a inicial
for a ou à:

hiato. ca/sa/a/ma/rella
casa amarela { clrlase:' ca/sã/ma/re/la
elisào: ca/sa/ma/re/la

hiato: calsa/ari/te/rijor
casa anterior { crase: ca/sãn/te/ri/or
elisão: calsanIte/ri/or

2)haverá hiato ou elisão se a vogal átona final for a e a vogal inicial
e, 2, O, 6:

roda esportiva hiato: ro/dales/porIti/va
{ eliséio: roldes/por/tilva
porta entreaberta hiato: por/ ta/en/ trea/ber/ ta
{ elisào: por/tenltrea/ber/ta

haverá hiato, ditongo ou elisão se a vogal átona final for a e a inicial
i (e), í (é), v (o), u (õ):
hiato: cer/ta/ilda/de
certa idade ditongo: cer/tai/dalde
{ elisão: cer/ti/da/de
hiato: cerlta/in/di/fe/ren/ça
certa indiferença ditongo: cer/tain/di/fe/ren/ça
elisdo: cerltin/di/fe/renlça

4)haverá hiato ou ditongo se a vogal átona final for i (e) e a inicial
qualquer uma, exceto i (e):

júri arnik-;v hiato: Ju/rija/milgo
ditongo: ju/ria/milgo

livre arbítrio hiato: li/vre/arlbí/ trio
{ ditongo: li/vriar/bí/ trio

49
#





5) haverá hiato, crase ou elisão se a vogal átona final for
inicial i (e) ou i (é):

hiato- lilvre/imfpren/sa
livre imprensa cr se: li/vrln/pren/sa
{ cissão': lilvrinlprenlsa

i (e) e a

6) haverá hiato, ditongo ou elisão se a vogal átona final for u (o u):

hiato: sari/to/Aríltó/nio
Santo Antônio ditongo: sanltoanltôlnio
elisdo: san/tan/tólnio
medo horrível hiato: meldolhorIrílvel
{ ditongo: me/duorIrílvel

7) haverá hiato, crase ou elisão se a vogal final for u (o) e a inicial u:

OBSERVA96ES:

umano {hiato: ve/lholhulma/no
velho h crase: ve/lhú/ma/no
elisão: ve/lhulma/no
hiato: a/vilso/urlgenlte
1
aviso urgente { crase: alvilsúr/gen/te
elisão: alvi/surIgen/te

1.a)Ocorrem os fenômenos acima apontados com os vocábulos iniciados por di-
tongos decrescentes, por iniciar por vogal. Em vez de ditongo, teremos tritongo.

hiato., jei/to/ai/ro/so
jeito airoso (cf. 6) tritongo: jei/tuailrolso
{ elisgo: jei/tai/ro/so

2.a)A preposição para pode reduzir-se a pra (e não p'ra), hoje usada até entre
literatos. Esta forma quando seguida do artigo ou pronome o, a, os, as e com
ele combinada, é grafada respectivamente pro, pra (para a), Pros, pras.
3.11) Pelo se reduz a pio (mais comum em Portugal), forma que, combina a com o
artigo ou pronome o, a, os, as, é grafada pio, pia, pios, pias. Entre portu- 1
gueses ouve-se ainda pro e pros com o aberto.
4.a)A preposição com pode ter a nasalidade enfraquecida e combinar-se com o, a,
os, as, dando origem às formas co, ca, cos, cas, empregadas mais com freqüência
na linguagem familiar e vulgar, de Portugal. É o que se chama ectlipse.

b) CONSOANTE FINAL DE VOCÁBULO COM FONEMA INICIAL DE VOCÁBULO.

A consoante final de uma palavra seguida de vogal inicial (ou semi-
vogal), sem pausa intermediária, deve ser Proferida como se fosse inter-
vocdlica, isto é, liga-se a uma vogal obedecendo às normas id estabelecidas:

"De um sentir aventurado"

"É talvez a voz mimosa"
1---,
"Gentil infante, engraçado"

"Que dás honra e valor"
1_~

50
#





A consoante final b (em sob, por exemplo) seguida de outra consoante
inicial deve ser proferida sem aparecimento de um i ou e intermédio:
Sob luzes d'esperança
Sob fúria.

Se o vocábulo seguinte começa por vogal (ou senEvogal), pode o b
final ligar-se silabicamente a ela ou direta ou com apoio de i ou e (redu-
zido), o que é mais comum entre nós:

Sob os céus (ao-bos-céw ou ao-bios-céus).

Quando a consoante que termina o vocábulo é igual à que inicia o
vocábulo seguinte (o que ocorre com 1 ou r), ouvem-se os dois fonemas:

Incrível ldbia (in-cri-vel-lá-bia)
Temor repentino (te-mor-re-pen-ti-no).

O s final soa aproximadamente como se fora J/, mas sem exagero,
era ligação com vocábulo iniciado por b, d, g, i, 1, m, n, r, v e z, ouvindo-se
os dois fonemas:

os braços, os dedos, as gengivas, dois jeitos, as luzes, os meninos, as nuvens, os
ventos, os zumbidos.

O s final soa aproximadamente como se fora /x/, mas sem exagero,
em ligação com vocábulo iniciado por c., p, q, s, t, x e ch, ouvindo-se os
dois fonemas:

três cadernos, os felizes, as pessoas, as queixas,
as secas, os tempos, os xaropes, os chás.

As consoantes x e z finais são tratadas como /s/ final, nas ligações:

faz medo (z = j), faz calor (z = x).

O n final de vocábulo, como cánon, íon, cíclotron, deve ser proferido
sem nasalizar fortemente a vogal anterior, conforme vimos; nas ligações
com outro vocábulo, guarda este valor quando é seguido de consoante:
cdnon bíblico.
Seguido de vogal (ou setnivogal) liga-se silabicamente a esta, como
se fosse inicial de sílaba: cânon antigo.
't O m final de bem-aventurado, bem-amado e semelhantes nasaliza a
~, vogal anterior, não se ligando à seguinte, como se fosse inicial de sílaba.
Quando o artigo indefinido ou numeral uma é seguido de vocábulo
começando por m não se deve proferir o m, soando, portanto, úa, forma
com que, às vezes, aparece grafado (evite-se a forma u'a):

uma mensagem, uma mão.
#





C) Prosódia

Prosódia é a parte da fonética que trata da correta acentuação e
entoação dos fonemas.
A preocupaçãj maior da prosódia é o conhecimento da sílaba predo-
minante, chamada tônica.

Sílaba. - Sílaba é um fonema ou grupo de fonemas emitido num só
impulso expiratório.
Em português, o elemento essencial da sílaba é a vogal.
Quanto à sua constituição, a sílaba pode ser simples ou composta, e
esta última aberta (ou livre) ou fechada (ou travada).
Diz-se que a sílaba é simples quando é constituída apenas por uma
vogal: e, há.
Sílaba composta é a que encerra mais de um fonema: ar (vogal +
consoante), lei (consoante + vogal + semivogal), vi (consoante + vogal),
ou (vogal + semivogal), mas (consoante + vogal + consoante).
A sílaba composta é aberta (ou livre) se termina em vogal: vi; é
fechada (ou travada) em caso contrário, incluindo-se a vogal nasal, porque
nasalidade vale por um travamento de sílaba: ar, lei, ou, mas, um.
Quanto ao número de sílabas dividem-se os vocábulos em:

a) monossílabos (se têm uma sílaba): é, há, mar, de, dê;
b) dissílabos (se têm duas sílabas): casa, amor, darás, voce;
c) trissílabos (se têm três sílabas): cadeira, átomo, rápido, cômodo;
d)polissílabos (se têm mais de três sílabas): fonética, satisfeito, cama-
radagem, inconvenientemente.

Quanto à posição, a sílaba pode ser inicial, medial e final, conforme
apareça no início, no interior ou no, final do vocábulo:

10 né ti ca
inicial niedial niedial final

Quantidade. - Quantidade é a duração da vogal e da'consoante.
Dátinguem-se as vogais e consoantes breves (se a pronúncia é rápida) das
vogais e consoantes longas (se a pronúncia é demorada). Assinalamos a
vogal breve com o sinal ---que se denomina braquia ou brdquia, e a longa
com o sinal - chamado mácron: à (a breve), à (a longo).
Há línguas onde a quantidade desempenha importante papel, para
distinguir vocábulos e formas gramaticais, como em latim, em inglês ou
alemão. Em latim, rosã (com a breve) não tem o mesmo sentido e ap i-
cação gramatical de rosã (com a longo), distinguindo-se, pela quantidade,

52
#





1,

1 i:

à

i t

o nominativo do ablativo, por exemplo. "Em inglês xíp e xíp (que se
escrevem ship e sheep) significam, respectivamente, navio e carneiro"(').
Em português, a quantidade é pouco sentida e não exerce notável
papel na caracterização e distinção dos vocábulos e formas gramaticais.
Só excepcionalmente alongamos vogais e consoantes, como recursos estilís-
ticos para imprimir ênfase, e constitui um dos grandes auxiliares da
oratória:

"Se pudéssemos, nós que temos experiência da vida, abrir os olhos dessas maripo-
sinhas tontas... Mas é inútil. Encasqueta-se-lhes na cabeça que o amor, o amoor, o
1 amooor é tudo na vida, e adeus" (MONTEnto LOBATO, Cidades Mortas, 147).
BARbaridade!

Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons com
mais relevo do que outros.
Este relevo se denomina acento. Diz-se que o acento é de intensidade
(acento de força, acento dinâmico, acento expiratório ou icto), quando o
relevo consiste no maior esforço expiratório. Diz-se que o acento é musical
(acento de altura ou tom), quando o relevo consiste na elevação ou maior
altura da voz.
O português e as demais línguas românicas, o inglês, o alemão, são
línguas de_ acento de intensidade; o latim e o grego, por outro lado, pos-
suem acento musical.
O acento de intensidade se manifesta no vocábulo conside,~ado isola-
damente (acento vocabular) ou ligado na enunciação da frase (acento
frásico).

Acento de intensidade. - Numa palavra nem todas as sílabas são
proferidas com a mesma intensidade. Em sólida, barro, poderoso, material,
há uma sílaba que se sobressai às demais e, por isso, se chama tônica:
sólida, barro, poderoso, material. As outras sílabas se dizem átonas e
podem estar antes (pretônicas) ou depois (postônicas) da tônica:

Po -
átona
pretônica

de - ro so
átona tônica átona
pretônica postônica

Dizemos que nas sílabas fortes repousa o acento tônico do vocábulo
(acento da palavra ou acento vocabular).
Existem ainda as sílabas semifortes chamadas subtônicas que, por
questões rítmicas, compensam o seu afastamento da sílaba tônica, fazendo
que se desenvolva um novo acento de menor intensidade - acento secun-
dário -. Delas nos ocuparemos mais adiante.

Posição do acento tônico. - Em português, quanto à posição do
acento tônico, os vocábulos de duas ou mais sílabas podem ser:

(1) SAID ALI, Gram. Sec., 15.

53
#





a)oxítonos: o acento tônico recai na última sílaba: material,
princ~
b)paroxítonos: o acento recai na penúltima sílaba: barro, Poderoso,
Pedro;
C) proparoxítonos: o acento tônico recai na antepenúltima sílaba:
sólida, felicíssimo.

OBURVAÇõES: Em estu~amo-lo o acento tônico aparece na pré-antepenúltima
sílaba, porque os monossílabos átonos formam um todo com o vocábulo a que se ligam
foneticamente. É por isso que fd-lo é paroxítono e admiras-te, proparoxftono (cf.
pág. 55).

Em português, geralmente a sílaba tônica coincide com a sílaba tônica
da palavra latina de que se origina.
Há vocábulos, como os que vimos até agora, que têm individualidade
fonética e, portanto, acento próprio, ao lado de outros sem essa individua-
lidade. Ao serem proferidos acostam-se ou ao vocábulo que vem antes ou
ao que os seguei Por isso, são chamados cliticos (que se inclinam), e serão
proclíticos se se inclinam para o vocábulo seguinte (o homem, eu sei, vai
ver, mar alto, não viu) ou enclíticos, se para o vocábulo anterior (vejo-me,
dou-a, fiz-lhe).
Os cliticos são geralmente monossilábicos que, por não terem acento
próprio, também se dizem átonos. Os monossilábicos de individuali a e
fonética se chamam t6nicos.
Alguns dissílabos podem ser também clíficos ou átonos: para (redu-
zido a pra) ver, quero Crer, quero porque quero.
A tonicidade ou atonicidade de monossilabos e de alguns dissílabos
depende sempre do acento da frase (cf. pág. 55).

Acento de intensidade e sentido do vocábulo. - O acento de inten-
sidade desempenha importante papel lingüístico, decisivo para a signifi-
cação do vocábulo. Assim, sábia é adjetivo sinônimo de erudita; sabia é
forma do pret. imperfeito do indicativo do verbo saber; sabiá é substan-
tivo designativo de conhecido pássaro.

Acento principal e acento secundário. - Em rapidamente a sílaba
ra possui um acento de intensidade menos forte que o da sílaba men, e se
ouve mais distintamente do que as átonas existentes na palavra. Dizemos
que a sílaba men contém o acento principal e ra o acento secundário da
palavra. A sílaba em que recai o acento secundário chama-se, como vimos,
subt6nica.
Geralmente ocorre o acento secundário na sílaba radical dos vocábulos
polissilábicos derivados, cujos primitivos possuam acento principal: RÁpido
- rapidamente.

54
#





Acento de insãténcia e emocional. - O português também faz em-
prego do acento de intensidade para obter, com o chamado acento de
insistência, notáveis efeitos. Entra em jogo ainda a quantidade da vogal
e da consoante, pois, quando se quer enfatizar uma palavra, insiste-se
mais demoradamente na sílaba tônica. Os escritores costumam indicar na
grafia este alongamento enfático repetindo a vogal da sílaba tônica:

"Os dois garotos, porém, esperneiam com a mudança de mie: - Mentira 1...
Mentiiiiira!... Mentiiiiiiiiiira! - bem cada um para seu lado" (HUMBERTO DE CAMPOS,
Sombras que Sofrem, 32).
"encasqueta-se-lhes na cabeça que o amor, o amoor, o amooor é tudo na vida e
adeus" (MoNmuRo LoBATo, Cidades Mortas, 147).

O acento de insistência pode cair noutra sílaba, diferente da tônica:

maravilhosa, formidável, inteligente, miserável.

Como bem acentua Roudet, a causa essencial do fenômeno dó recuo
do acento "parece ser a falta de sincronismo entre a emoção e sua expres-
são através da linguagem. A emoção se adianta à palavra e reforça a voz
desde que as condições fonéticas o permitem" (1).
Este acento de insistência não tem apenas caráter emocional; adquire
valor intelectual e ocorre ainda para ressaltar uma distinção, principal-
mente com palavras derivadas por prefixação ou expressões com prepo-
sições de sentidos opostos.

São fatos subjetivos e não objetivos.
Os problemas de importação e de exportação.
Com dinheiro ou sem dinheiro.

Acento de intensidade na frase. - Isoladas, as palavras regulam sua
sílaba tônica pela etimologia; mas na sucessão de vocábulos, deixa de
prevalecer o acento da palavra para entrar em cena o acento da frase ou
frásico, pertencente a cada grupo de força.
Chama-se grupo de força à sucessão de dois ou mais vocábulos que
constituem um conjunto fonético subordinado a um acento tônico predo-
minante: A casa de Pedrol é muito grande. Notamos aqui, naturalmente,
dois grupos de força que se acham indicados por barra. No primeiro, as
palavras a e de se incorporam a casa e Pedro, ficando o conjunto subor-
dinado a um acento principal na sílaba inicial de Pedro, e um acento
secundário na sílaba inicial de casa. No segundo grupo de força, as pala-
vras é e muito se incorporam foneticamente a grande, ficando o conjunto
subordinado a um acento principal na sílaba inicial de grande e outro
secundário, mais fraco, na sílaba inicial de muito.

(1) AMments de Phondtique Gdnirale~ 252.

55
#





É quase sempre fácil determinar a sílaba tônica de cada grupo de
força; o difícil é precisar, em certos casos, o ponto de divisão entre dois
grupos sucessivos(').
A distribuição dos grupos de força e a alternância de sílabas profe-
ridas mais rápidas ou mais demoradas, mais fracas ou mais fortes, conforme
o que temos em mente expressar, determinam certa cadência do contexto
à qual chamamos ritmo. Prosa e verso possuem ritmo. No verso o ritmo
é essencial e específico; na prosa apresenta-se livre, variando pela iniciativa
de quem fala ou escreve (2).

Vocábulos tônicos e átonos: os clíticos. - Nestes grupos de força
certos vocábulos perdem seu acento próprio para unir-se a outro que os
segue ou que os precede. Dizemos que tais vocábulos são clíticos (que se
inclinam) ou átonos (porque se acham destituídos de seu acento voca-
bulgr). Aquele vocábulo que, no grupo de força, mantém sua individua-
lidade fonética é chamado tônico. Ao conjunto se dá o nome de vocábulo
fonético: o rei lurrey/; deve estar Idevistarj.
Os clíticos se dizem proclíticos se precedem o vocábulo tônico a que
se incorporam para constituir o grupo de força:

o reill ele dissell bom livro11 deve estar

Dizem-se enclíticos se vêm depois do vocábulo tônico:

disse-me // ei-lo // falar-lhe

Em português são geralmente átonas e proclíticas as seguintes classes
de vocábulos:

1) artigos (definidos ou indefinidos, combinados ou não com preposição):
o homem // um homem do livro
2) certos numerais: um livro três vezes // cem homens // etc.
3) pronomes adjuntos antepostos (demonstrativos, possessivos, indefinidos, interroga-
tivos): este livro 11 meu livro 11 cada dia // que fazer?
4) pronomes pessoais antepostos: ele vem 111 eu disse
5) pronomes relativos
6) verbos auxiliares
7) certos advérbios (já vi, não posso, etc.)
8) certas preposições (a, de, em, com, por, sem, sob, para)
9) certas conjunções: e, nem, ou, mas, que, se, como, etc.

São enclíticas as formas pronominais me, te, se, nos, vos, o, a, os, as,
lhe, lhes, quando pospostas ao vocábulo tônico.

(1) NAvARiRo TomÁs, Manual de Pronunciacidn EspatIola, 29, n. 1.
(2) Na língua portuguesa moderna predomina a seqüência progressiva, que consiste em
apresentar, de preferéncia, a OeclaraçAo no fim (o predicado), o determinado antes do deer.
minante, o que se torna cÔmodo aos interesses de compreensão do interlocutor.

56
#





Muitas vezes, uma palavra pode ser átona ou tônica, conforme sua
posição no grupo de força a que pertence. Em o arco desaparece, o subi-
tantivo arco é tônico; em o arco-íris('), passou a átono proclítico.
Em grande homem, alto mar, os adjetivos são átonos; em homem
grande, mar alto, já são os substantivos que se atonizam. Em eu lhe disse,
os dois pronomes pessoais são átonos proclíticos; em disse-lhe eu, o pro-
nome eu conserva seu acento próprio. Todo este conjunto de fatos são
devidos a fenômenos de fonética sintática.

Conseqüências da próclise. - Os vocábulos átonos proclíticos, per-
dendo o seu acento próprio para se subordinarem ao do tônico, seguinte,
resistem menos à pressa com que são proferidos. e acabam por sofrer
reduções no seu volume fonético. Dentre os numerosos exemplos de pró-
clise lembraremos aqui:

a)a passagem de hiato a ditongo, em virtude de uma vogal passar a
semivogal (sinérese):

Tuas, normalmente dissilábico, tem de ser proferido com uma sílaba
nos seguintes versos de Gonçalves Dias, graças à próclise:
"E à noite, quando o céu é puro e limpo,
Teu chão tinges de azul, - tuas ondas correm."

Boa (ou boas), em próclise, transforma a vogal o em semivogal, que
chega, na língua popular, a desaparecer:
"Outros suas terras em boa paz regeram
Armando-as com boas leis, e bons Preceitos." (ANTÔNio ~UtA, Poemas);
"bas noite nhozinho" (CARDOSO, Maleita, 281) (2).

b) desaparecimento da vogal da primeira sílaba de um dissílado;
para > pra: Isto é pra mim.

C) desaparecimento da sílaba final de um dissílabo:
1) santo > são (diante dos nomes começados por consoante), São Paulo, São Pedro;
2) cento > cem: cem páginas;
3) grande > grã, grão: Grã-Bretanha, grão-vizir;
4) tanto > tão: tio grande;
5) quanto > quão: quão belo.

d) outras reduções como senhor > seu: seu João.

Vocábulos que oferecem dúvidas quanto à posição da sílaba tônica.
- Silabada é o erro na acentuação tônica de um vocábulo.

(1) Por isso, nos compostos, para determinaçâo da posição do acento tônico, leva-se em
consideração a última palavra. Dessarte, é oxitono couve-flor e paroxItono arco-íris.
(2) Exemplos extraidos de SOUSA DA SILVEIRA, Fonética Sintática, 97-98.

57
#





Numerosos vocábulos existem que oferecem dúvida quanto à posição
da sílaba tônica.

São oxítonos:

São paroxítonos:

alanos
alcácer, alcáçar
algaravia
âmbar
Andronico
arcediago
arrátel
avaro
avito
aziago
azimute
barbaria
batavo
cânon
caracteres
cenobita
clímax
croniossomo
decano
edito (lei, decreto)

alo6s
Cister
harkm
Gibraltar
masseter
faz-se mister ( =necessário)
Monroe

erudito
esquilo
estalido
exegese
filantropo
flébil
fluido (ui ditongo)
fórceps
fortuito (ui ditongo)
gólflo
gratuito (ui ditongo)
gúmex
hissope
hosana
Hungria
ibero
impío (cruel)
inaudito
índex
látex

Nobel
novel
recém
refém
ruim
sutil
ureter

Madagáscar (também
#





oxítono)
maquinaria
matula (súcia; famel)
misantropo
necropsia
néctar
nenúfar
Normandia
onagro
opimo
pegada
policromo
pudico
quiromancia
refrega
sótIO
subida honra
tulipa

São proparoxítonos (incluindo-se os vocábulos terminados por ditongo
crescente):

acônito Androcies barbárie
ádvena andrógino bátega
acródromo anélito bávaro
aerólito anémona bígamo
ágape anódino bímano
álacre antídoto boémia
álcali antifona bólido
álcool antífrase bràmane
alclone ápode cáfila
alcoólatra areópago cérbero
alibi (latinismo) aríeteCleópatra.
alvíssaras arquétipo condómino
âmago autóctone cotilêdone
amálgama ávido crástino
ambrósia azáfama crisântemo
anátema azêrnola Dámocles

58
#





escâncaras (às
estratégia
etfope
éxodo
fac-símile
fagócito
faràndula
férula
fíbula.
gárrulo
grandíloquo

acróbata
alópata
anídrido
hieróglifo
nefelíbata.
Oceánia
ortoépia
projétil
réptil
reseda (é)
sóror
Dário
Gándavo
homília
geodésia
zángáo

acrobata
alopata
anidrido
hieroglifo,
nefelibata
Oceania
ortoepia
projetil
reptil
resedi
soror
Dario
Gandavo
homilia
geodesia
zanglo

pântano
páramo,
Pégaso
périplo
pléiade (-a)
prístino
prófugo
pródromo
protótipo
quadrúmano
réquiem
resffilego (s.)
revérbero,

1) O alfabeto português consta fundamentalmente de vinte e três letras:

2) Além dessas letras há três que só se podem usar em casos especiais: k, w, y.

3) O h é substituído por qu antes de e e i e por e antes de outra qualquer
#





4) Emprega-se em abreviaturas e símbolos, bem como em palavras estrangeiras
de uso internacional: K. = potássio; Kr. = criptônio; kg = quilograma; km = qui-
lômetro; Àw = quilowatt; kwh = quilowatt-hora, etc.
5) Os derivados portugueses de nomes próprios estrangeiros devem escrever-se
de acordo com as formas primitivas: frankliniano, kantismo, kleperiano, perkinismo, etc.
6) O w substitui-se, em palavras portuguesas ou aportuguesadas, por u ou v,
conforme o seu valor fonético: sanduíche, talvegue, visigodo, etc.
7) Como símbolo e abreviatura, usa-se em kw = quilowatt; W = oeste ou
tungstênio; w = watt; ws = watt-segundo, etc.
8) Nos derivados vernáculos de nomes próprios estrangeiros, cumpre adotar as
formas que estão em harmonia com a primitiva: darwinismo, wagneriano, zwin-
glianista, etc.
9) o y, que é substituído pelo i, ainda se emprega em abreviaturas e como
símbolo de alguns termos técnicos e científicos: Y. = ítrio; yd = jarda, etc.

10) Nos derivados de nomes próprios estrangeiros, devem usar-se as formas que
se acham de conformidade com a primitiva: byroniano, maynardina, taylorista, etc.

III - H

11) Esta letra não é propriamente consoante, mas um símbolo que, em razão
da etimologia e da tradição escrita do nosso idioma, se conserva no princípio de
várias palavras e no fim de algumas interjeições: haver, hélice, hidrogênio, hóstia,
humildade; hão, hem ? puh !; etc.
12) No interior do vocábulo, só se emprega em dois casos: quando faz parte do
ch, do lh e do nh, que representam fonemas palatais, e nos compostos em que o
segundo elemento, com h inicial etimológico, se une ao primeiro por meio do hífen:
chave, malho, rebanho; anti-higiênico, contra-haste, pré-histórico, sobre-humano, etc.
OBSERVAÇÃO: Nos compostos sem hífen, elimina-se o h do segundo elemento: anarmônico,
biebdomaddrio, coonestar, desarmonia, exausto, inabilitar, lobisomem, reaver, etc.

13) No futuro do indicativo e no condicional, não se usa o h no último elemento,
quando há pronome intercalado: amá-lo-ei, dir-se-ia, etc.

14) Quando a etimologia o não justifica, não se emprega: arpeio (substantivo),
ombro, ontem, etc. E mesmo que o justifique, não se escreve no fim de substantivos
e nem no começo de alguns vocábulos que o uso consagrou sem este símbolo, ando-
rinha, erva, feld, inverno, etc.
15) Não se escreve h depois de c (salvo o disposto em o n.O 12) nem depois
de P, r e t: o ph é substituído por f, o ch (gutural) por qu antes de e ou i e
por c antes de outra qualquer letra: corografia, cristão; querubim, química; farmácia,
fósforo; retórica, ruibarbo; teatro, turíbulo; etc.

IV - Consoantes mudas

16) Não se escrevem as consoantes que se não proferem: asma, assinatura, ciência,
diretor, gindsio, inibir, inovação, ofício, ótimo, salmo, e não asthma, assignatura,
sciencia, directorÁ gymnasio, inhibir, innovação, officio, optimo, psalmo.
OBsERvAÇKO: Escreve-se, porém, o s em palavras como descer, florescer, nascer, etc., e o x
em vocábulos como exceto, excerto, etc., apesar de nem sempre se pronunciarem essas consoantes.

17) Em sendo mudo o P no grupo mpc ou mpt, escreve-se nc ou nt: assuncionis
assuntà, presunção, prontificar, etc.

60
#





18) Devem-se registrar os vocábulos cujas consoantes facultativamente se pronun-
ciam, pondo-se em primeiro lugar o de uso mais generalizado, e em seguida o outro.
Assim, serão consignados, além de outros, estes: aspecto e aspeto, característico e
caraterístico, circunspecto e circunspeto, conectivo e conetivo, contacto e contato, cor-
rupção e corrução, corruptela e corrutela, dactilografia e datilografia, espectro e
espetro, excepcional e excecional, expectativa e expetativa, infecção e infeção, opti-
mismo e otimismo, respectivo e respetivo, secção e seção, sinóptico e sinótico, sucção
e stição, sumptuoso e suntuoso, tacto e tato, tecto e teto.

V - S C

19) Elimina-se o s do grupo inicial sc: celerado, cena, cenografia, ciência, cientista,
cindir, cintilar, ciografia, cisão, etc.
20) Os compostos dessa classe de vocábulos, quando são formados em nossa língua,
são escritos sem o s antes do e: anticientífico, contracenar, encenação, etc.; mas,
quando vieram já formados para o vernáculo, conservam o s: consciência, cônscio,
imprescindível, insciente, ínscio, multisciente, néscio, presciência, prescindir, proscénio,
rescindir, rescisão, etc.

VI - Letras dobradas

21) Escrevem-se rr e ss quando, entre vogais, representam os sons simples do r
e s iniciais; e cc ou cç quando o primeiro soa distintamente do segundo: carro, farra,
massa, passo; convicção, occipital, etc.
22) Duplicam-se o r e o s todas as vezes que a um elemento de composição ter-
minado em vogal se segue, sem interposição do hífen, palavra começada por uma
daquelas letras: albirrosado, arritmia, altíssono, derrogar, prerrogativa, pressentir, res-
sentimento, sacrossanto, etc.

VII - Vogais nasais

23) As vogais nasais são representadas no fim dos vocábulos por ti (às), im (ins),
om (ons), um (uns): ali, cás, flautim, folhetins, semitom, tons, tutum, zunzuns, etc.
24) O ê1 pode figurar na sílaba tônica, pretónica ou átona: gaM, cristãmente, maçá,
drfã, romanzeira, etc.
25) Quando aquelas vogais são iniciais ou mediais, a nasalidade é expressa por
m antes do b e p, e por n antes de outra qualquer consoante: ambos, campo; contudo,
enfim, enquanto, homenzinho, nuvenzinha, vintenzinho, etc.

VIII - Ditongos

26) Os ditongos orais escrevem-se com a subjuntiva i ou u: aipo, cai, cauto,
degraus, dei, fazeis, idéia, mausoléu, neurose, retorqüiu, rói, sois, sou, 50u10, uivo,
usufrui, etc.
OBSERVAÇKO: Escrevem-se com i, e não com e, a forma verbal fui, a 2.a e 3.a pessoa do
singular do presente do indicativo e a 2.a do singular do imperativo dos verbos terminados
em uir: aflui, fruis, retribuis, etc.

27) O ditongo ou alterna, em numerosos vocábulos, com oi: balouçar e baloiçar,
calouro e caloiro, dourar e doirar, etc. Cumpre registrar em primeiro lugar a forma
que mais se usa, e em seguida a variante.

61
#





28) Escrevem-se assim os ditongos nasais: de, ai, tio, am, em, en (8), 6e, Ui (Pro.
ferido ili): mie, pêles, cílibra, acórtíflo, irmdo, ledozinho, amam, bem; bens, devem,
põe, repões, muito, etc.

CIBURVAÇõES:
l.a) Dispensa-se o til do ditongo nasal ui em mui e muito.
2.a) Com o ditongo nasal do se escrevem os monossílabos, tónicos ou não, e os polissílabos
oxítonos: cão, dão, grdo, ndo, quão, são, tdo; alcordo, capitão, cristdo, então, irmão,
sendo, sentirão, servirão, viverão, etc.
3.a) Também se escrevem com o ditongo do os substantivos e adjetivos paroxítonos, acen-
tuando-se, porém, a sílaba tónica: órfão, órgão, sótáo, etc.
4.a) Nas formas verbais anoxítonas se escreve qm: amaram, deveram, partiram, puseram, etc.
5.a) Com o ditongo nasal de se escrevem os vocábulos oxítonos e os seus derivados; e os
anoxítonos primitivos grafam-se com o ditongo di: capitães, mdes, pdezinhos; clibo,
zdibo, etc.
6.a) O ditongo nasal éi(s) escreve-se em ou en(s), assim nos monossílabos como nos polis.
sílabos de qualquer categoria gramatical: bem, cem, convém, convéns, mantém, manténs,
nem, sem, virgem, virgens, voragem, voragens, etc.

29) Os encontros vocálicos átonos e finais que podem ser pronunciados como
ditongos crescentes escrevem-se da seguinte forma; ea (áurea), co (cetáceo), ia (colônia),
ie (espécie), io (exímio), oa (nódoa), ua (contínua), ue (tênue), uo (tríduo), etc.

IX - Hiatos

30) A La, 2.a, 3.a pessoa do singular do presente do conjuntivo e a 3.a pessoa do
singular do imperativo dos verbos em oar escrevem-se com oe e não oi: abençoe,
amaldiçoes, perdoe, etc.
31) As trés pessoas do singular do presente do conjuntivo e a &a do singular
do imperativo dos verbos em uar escrevem-se com ue, e não ui: cultue, habitues,
preceitue, etc.

X - Parênimos e vocábulos de grafla dupla

32) Deve-se fazer a mais rigorosa distinção entre os vocábulos parõnimos e os de
grafia dupla que se escrevem com e ou com i, com o ou com u, com c ou q, com ch
ou x, com g ou i, com s, ss ou c, ç, com s ou x, com s ou z e com os diveisos
valores do x.

33) Deve-se registrar a grafia que seja mais conforme à etimologia do vocábulo
e à sua história, mas que esteja em harmonia com a prosódia geral dos brasileiros,
nem sempre idêntica à lusitana. E quando há dois vocábulos diferentes, v. g., ura
escrito com e e outro escrito com i, é necessário que ambos sejam acompanhados da
sua definição ou do seu significado mais vulgar, salvo se forem de categorias grama.
ticais diferentes, porque, neste caso, serão acompanhados da indicação dessas categorias.
Ex.: censório, adj. Cf. Sensório, adj. e s.m.
Assim, pois, devem w inscritos vocábulos como: antecipar, criador, criança, criar,
diminuir, discriciondrio, dividir, filintiano, filipino, idade, igreja, igual, imiscuir-se,
invés, militar, ministro, pior, quase, quepe, tigela, tijolo, vizinho, etc.
34) Palavras como cardeal e cardial, desfear e desfiar, descrição e discrição, destinto
e distinto, meado e miado, recrear e recriar, se e si serão consignadas com o necessário
esclarecimento e a devida remissão. Por exemplo: descrição, 9.f.: ação de descrever.
Cf. discrição. Discrição, s.f.: qualidade do que é discreto. Cf. descrição.
35) Os verbos mais usados -em ear e iar serão seguidos das formas do presente
do indicativo, no todo ou em parte.

62
#





36) De acordo com o critério exposto, far-se-á rigorosa distinção entre os vocábulos
que se escrevem:

a)com o ou com u: frdgua, lugar, mágoa, manuelino, polir, tribo, urdir, veio
(v. ou substantivo), etc.
b)com c ou q: quatorze (seguido de catorze), cinqüenta, quociente (seguido de
cociente), etc.
C)com ch ou x: anexim, bucha, cambaxirra, charque, chimarrão, coxia, estrebuchar,
faxina, flecha, tachar (notar; censurar), taxar (determinar a taxa; regular),
xícara, etc.
d)com g ou i: estrangeiro, jenipapo, genitivo, gíria, jeira, jeito, jibóia, firau, laran-
jeira, lojista, majestade, viagem (subst.), viajem (do verbo viajar), etc.
C)com s, is ou c, ç: dnsía, anticéptico, boça (cabo de navio), bossa (protuberância;
aptidão), bolçar (vomitar), bolsar (fazer bolsos), caçula, censual (relativo a
censo), sensual (lascivo), etc.

OtazavAçÃo: Não se emprega ç em início de palavras.

com s ou x: espectador (testemunha), expectador (pessoa que tem esperança),
experto (perito; experimentado), esperto (ativo; acordado), esplêndido, esplen-
dor, extremoso, flux (na locução a flux), justafluvial, justapor, misto, etc.
g)com s ou z: alazdo, alcaçuz (planta), alisar (tornar liso), alizar (s.m.), anestesiar,
autorizar, bazar, blusa, brasileiro, buzina, colíseu, comezinho, cortês, dissensão,
empresa, esfuziar, esvaziamento, frenesi (seguido de frenesim), garcês, guizo
(9.m.), improvisar, irisar (dar as cores do íris a), irizar (atacar [o iriz] o cafe-
zeiro), lambuzar, luzidio, mazorca, narcísar-se, obséquio, pezunho, prioresa, rizo-
tônico, sacerdotisa, sazão, tapiz, trdnsito, xadrez, etc.

OISILAVAÇUS:

La)E sonoro o s de obséquio e seus derivados, bem como o do prefixo trans, em se lhe
"Indo vogal, pelo que se deverá indicar a sua pronúncia entre parénteses; quando,
porém, a esse prefixo se segue palavra iniciada por s, só se escreve um, que se
profere como se fora dobrado: obsequiar (ze), transocednico (zo), transecular (se),
transubstanciação (su); etc.
2.a)No final de sílaba átona, seja no interior, seja no fim do vocábulo, emprega-se o s
em lugar do z: asteca, endes, mesquita, etc.

37) O x continua a escrever-se com os seus cinco valores, bem como nos casos em
que pode ser mudo, qual em exceto, excerto, etc. Tem, pois, o som de:
IP) ch, no princípio e no interior de muitas palavras: xàirel, xerife, xícara, ameixa;
enxoval, peixe, etc.
OssiavAçÁo: Quando tem esse valor, não será indicada a sua pronúncia entre parénteses.

Í 2.0) cs, no meio e no fim de várias palavras: anexo, complexidade, convexo, bórax,
Utex, sílex, etc.
~I V) z, quando ocorre no prefixo exo ou ex seguido de vogal: exame, êxito, êxodo,
1 exosmose, exotérmico, etc.
~ V) ss: aproximar, auxiliar, máximo, proximidade, sintaxe, etc.
5,0) s final de sílaba: contexto, fénix, pretextar, sexto, textual, etc.
~i

38) No final de sílabas iniciais e interiores se deve empregar o s em vez do x,
1
'. quando não o precede a vogal e: justafluvial, justaposiç&o, misto, sistino, etc.

63
#





XI - Nomes próprios

39) Os nomes próprios personativos, locativos e de qualquer natureza, sendo
portugueses ou aportuguesados, estão sujeitos às mesmas regras estabelecidas para os
nomes comuns.
40) Para salvaguardar direitos individuais, quem o quiser manterá em sua assina-
tura a forma consuetudinária. Poderá também ser mantida a grafia original de quais-
quer firmas, sociedades, títulos e marcas que se achem inscritos em registro público.
41) Os topônimos de origem estrangeira devem ser usados com as formas vernáculas
de uso vulgar; e quando não têm formas vernáculas, transcrevem-se consoante as
normas estatuídas pela Conferência de Geografia de 1926 que não contrariarem os
princípios estabelecidos nestas Instruções.
42) Os topônimos de tradição histórica secular não sofrem alteração alguma na sua
grafia, quando já esteja consagrada pelo consenso dititurno dos brasileiros. Sirva de
exemplo o topônimo Bahia, que conservará esta forma quando se aplicar em referência
ao Estado e à cidade que têm esse nome.
OBSERVAÇÃO: Os compostos e derivados desses topônimos obedecerão às normas gerais do
vocabulário comum.

XIII - Apóstrofo

44) Limita-se o emprego do apóstrofo aos seguintes casos:
1.0)Indicar a supressão de uma letra ou letras no verso, por exigência da metrificação:
c'roa, esp'rança, ofrecer, 'star, etc.
2.0) Reproduzir certas pronúncias populares: 'td, 'teve, etc.
3.0) Indicar a supressão da vogal, já consagrada pelo uso, em certas palavras compostas
ligadas pela preposição de: copo-d'água (planta, lanclic), galinha-d'água, méie-
d'água, olho-d'água, pau-d'água (árvore, ébrio), pau-d'alho, pau-d'arco, etc.
OBsEitvAçÃo: Restringindo-se o emprego do apóstrofo a esses casos, cumpre não se.use dele
em nenhuma outra hipótese. Assim, não será empregado:
a)nas contrações das preposições de e em com artigos, adjetivos ou pronomes demonstrativos,
indefinidos, pessoais e com alguns advérbios: dei (em aqui-dei-rei); dum, duma (a par
de de um, de uma), num, numa (a par de em um, em uma); dalgum, dalguma (a par de
de algum, de alguma), nalgum, nalguma (a par de em algum, em alguma); dalguém, nal-
guém (a par de de alguém, em alguém); doutrem, noutrem (a par de de outrem, etn
outrem); dalgo, dalgures (a par de de algo, de algures); daquém, dalém, dacolá (a par de
de aquém, de além, de acolá); doutro, noutro (a, par de de outro, em outro); dele, dela,
nele, nela; deste, desta, neste, nesta, daquele, daquela, naquele, naquela; disto, nisto, da.
quilo, naquilo; daqui, daí, dacolá, donde, dantes, dentre; doutrora (a par de de outrora),
noutrora; doravante (a par de de ora avante); etc.
b)nas combinações dos pronomes pessoais; mo, ma, mos, mas, to, ta, tos, tas, lho, lha,
lhos, lhas, no-lo, no-los, no-las, vo-lo, vo-la, vo-los, vo-las.
C)nas expressões vocabulares que se tornaram unidades fonéticas e sernáriticas: dessarte,
destarte, homessa, tarrenego, tesconjuro, vivalma, etc.
d)nas expressões de uso constante e geral na linguagem vulgar: co, coa, ca, cos, cas, com
(= com o, com a, com os, com as), pio, pia, pios, pias (= pelo, pela, pelos, pelas),
Pra (= para), pro, pra, pros, pras (= para o, para a, para os, para as), etc.

XIV - Hífen

45) Só se ligam por hífen os elementos das palavras compostas em que
mantém a noção da composição, isto é, os elementos das palavras compostas %W
mantêm a sua independência fonética, conservando cada um a sua própria
porém formando o conjunto perfeita unidade de sentido.

64
#





) Dentro desse princípio, deve-se empr ar o hífen nos se intes casos

1,0)Nas palavras compostas em que os elementos, com a sua acentuação própria, não
conservam, considerados isoladamente, a sua significação, mas o conjunto constitui
uma unidade semántica: água-marinha, arco-íris, galinha-d'água, couve-flor,

pára-choque, porta-chapéus, etc.

1.a) Incluem-se nesta norma os compostos em que figuram elementos foneticamente redu
1 1 L -ado su-sue

zidos: be -Prazer, i-sues e, ma pe ste, etc.

2.a)0 antigo artigo el, sem embargo de haver perdido o seu primitivo sentido e não ter
vida à parte na língua, une-se por hífen ao substantivo rei, por ter este elemento

evidéncia semântica

3.a)Quando se perde a noção do composto, quase sempre em razão de um dos elementos
não ter vida própria na língua, não se escreve com hífen, mas aglutinadamente:
abrolhos, bancarrota, fidalgo, vinagre, etc.
4.a) Como as locuções não têm unidade de sentido, os seus elementos não devem ser unidos
por hífen, seja qual for a categoria gramatical a que elas pertençam. Assim, escre , ve-sc,
v.g., vós outros (locução pronominal), a desoras (locução adverbial), a fim de (lo-
cuçáo prepositiva), contanto que (locução conjuntiva), porque essas combinações voca-
bulares não são verdadeiros compostos, não formam perfeitas unidades semânticas.
Quando, porém, as locuções se tornam unidades fonéticas, devem ser escritas numa só
palavra: acerca (adv.), afinal, apesar, debaixo, decerto, defronte, depressa, devagar,

5-a

As formas verbais com pronomes enclíticos ou mesoclíticos e os vocábulos compostos
cujos elementos são ligados por hífen conservam seus acentos gráficos: amá-lo-d, amá-
reis-me amásseis-vos, devê-lo-ia, fd-la-emos, pó-las-íamos,

2,0)Nas formas verbais com pronomes encliticos ou mesocliticos: ama-lo (amas e lo),
amá-lo (amar e lo), dê-se-lhe, fá-lo-d, oferecê-la-ia, repô-lo-eis, serenou-se-te, traz-me

3.0)Nos vocábulos formados pelos prefixos que representam formas adjetivas, com
anglo, greco, histórico, ínfero, latino, lusitano, luso, póstero, súpero, etc.: anglO
brasileiro, greco-romano, histórico-geogrófico, ínfero-anterior, latino-americano
lusitano-castelhano, luso- brasileiro, póstero-palatal, stipero-posterior, etc.
OBSERVAÇÃO: Ainda que esses elementos prefixais sejam reduções de adjetivos, não perden
sua individualidade morfológica, e r Isso devem unir-se por hífen, como sucede com

austro (= austríaco), dólico (= dolicocéfalo), euro (= europeu), telégrafo (= telegráfico), etc-
austro-húngaro, dólico-louro, euro-africano, telégrafo-postal, etc.(1)

V)Nos vocábulos formados por sufixos que representam formas adjetivas, como açtc,
guaçu e mirim, quando o exige a pronúncia e quando o primeiro elemento acaba
em vogal t da aficamente: andd-açu amoré-guaçu anaid-mirim, capim-açu,
etc.

a)auto, contra, extra, infra, intra, neo, proto, pseudo, semi e ultra, quando se
lhes seguem palavras começadas por vogal, h, r oualmirante, extra-oficial, infra-hepático, intra-ocular, neo-republicarto, proto-revo-
.~ 7

(1) Mas, no próprio texto do PVOLP, encontramos contradições a êste principio, como:
#





OBSERVAÇÃO: A única exceçào a esta regra é a palavra extraordindrio, que já está consagrada
pelo uso.

b)ante, anti, arqui e sobre, quando seguidos de palavras iniciadas por h, r ou
s: ante-histórico, anti-higiênico, arqui-rabino, sobre-saia, etc.
C) supra, quando se lhe segue palavra encetada por vogal, r ou s: supra-axilar,
supra-renal, supra-seráível, etc.
d) super, quando seguido de palavra principiada por h ou r: super-homem, super-
requintado, etc.
C) ab, ad, ob, sob e sub, quando seguidos de elementos iniciados por r: ab-rogar,
ad-renal, ob-reptício, sob-roda, sub-reino, etc.
f)pan e mal, quando se lhes segue palavra começada por vogal ou h: pan-asidtico,
pan-helenismo, mal-educado, mal-humorado, etc.
g)bem, quando a palavra que lhe segue tem vida autônoma na língua ou quando
a pronúncia o requer: bem-ditoso, bem-aventurança, etc.
h) sem, sota, soto, vice, vizo, ex (com o sentido de cessamento ou estado anterior),
etc.: sem-cerimônia, sota-piloto, soto-ministro, vice-reitor, vizo-rei, ex-diretor, etc.
i)pós, pré e pró, que têm acento próprio, por causa da evidência dos seus signi-
ficados e da sua pronunciaçáo, ao contrário dos seus homógrafos inacentuados,
que, por diversificados foneticamente, se aglutinam com o segundo elemento:
pós-meridiano, pré-escolar, pró-britdnica; mas pospor, preanunciar, procônsul,
etc.

XV - Divisão silábica

47) A divisão de qualquer vocábulo, assinalada pelo hífen, em regra se faz pela
soletração, e não pelos seus elementos constitutivos segundo a etimologia.
48) Fundadas neste princípio `geral, cumpre respeitar as seguintes normas:
La) A consoante inicial não seguida de vogal permanece na sílaba que a segue:
cni-do-se, dze-ta, gno-ma, mne-mô-ni-ca, pneu-mii-ti-co, etc.
2.a) No interior do vocábulo, sempre se conserva na sílaba que a precede a con-
soante não seguida de vogal: ab-di-car, ac-ne, bet-sa-mi-ta, daf-ne, drac-ma, ét-ni-co,
nup-ci-al, ob-fir-mar, op-ção, sig-ma-tis-mo, sub-por, sub-ju-gar, etc.
3.a) Não se separam os elementos dos grupos consortânticos iniciais de sílabas nem
os dos digramas ch, ffi, nh: a-blu-çdo, a-bra-sar, a-che-gar, fi-lho, ma-nhLI, etc.
OBSERVAÇÃO: Nem sempre formam grupos articulados as consonAncias bi e br: nalguns casos
o 1 e o r se pronunciam separadamente, e a Isso se atenderá na partição do vocábulo; e as
consoantes di, a não ser no tempo onomatopéico dlim, que exprime toque de campainha,
proferem-se desligadamente, e na divislo silábica ficará o hífen entre essas duas letras. Ex.:
,sub-lin-gual, jub-rogi~r, ad-le-gaçdo, etc.

4.a) O sc no interior do vocábulo biparte-se, ficando o s numa sílaba, e o e na
silaba, imediata: a-do-les-cen-te, con-va-les-cer, des-cer, ins-ci-ente, pres-cin-dir, res-ci-são,
etc.

OBSERVAÇÃO: Forma sílaba com o prefixo antecedente o s que precede consoantes: abs-tra-ir,
ads-cre-ver, ins-cri-çáo, ins-pe-tor, inç-tru-ir, in-ters-d-cio, pers-pi-car, subi-cre-ver, subi-ta-be-Le-cer,
etc.

5.a) O s dos prefixos bis, cis, des, dis, trans e o x do prefixo ex não se separam
quando a sílaba seguinte começa por consoante; mas, se principia por vogal, formam
sílaba com esta e separam-se do elemento prefixal: bis-ne-to, cis-pla-ti-no, des-li-gar, dis-
tra-çtlo, trans-por-tar, ex-tra-ir; bi-sa-vô, ci-san-di-no, de-ses-pe-rar, di-sen-té-ri-co, tran-
sa-tlân-ti-co, e-xér-ci-to, etc.

66
#





6.a) As vogais idênticas e as letras cc, cç, rY e ss separam-se ficando uma na sílaba
seguinte: ca-a-tin-ga, co-or-de-nar, du-ún-vi-ro, fri-ís-simo, ge-e-na, in-te-lec-ção, oc-ci-
pi-tal, pror-ro-gar, res-sur-gir, etc. .
OMERVAÇÃO: As vogais de hiatos, ainda que diferentes uma da outra, também se separam:
a-ta-ti-de, cai-ais, ca-t-eis, ca-ir, do-er, du-e-lo, fi-el, flu-iu, flu-ir, gra-ti-na, je-su-í-ta, te-ai,
mi-ú-do, po-ei-ra, ra-i-nha, ia-ú-de, vi-ví-eis, vo-ar, etc.

7.a) Não se separam as vogais dos ditongos - crescentes e decrescentes - nem as
dos tritongos: ai-ro-so, a-ni-mais, ati-ro-ra, a-ve-ri-güeis, ca-iti, cru-éis, en-iei-tar, fo-ga-réu,
lu-giu, gló-ria, guai-ar, i-guais, ia-mais, jói-as, ó-dio, quais, sd-bio, sa-guêlo, £a-gu6es,
sti-bor-nou, ta-fuis, vd-rio, etc.
OBSERVAÇAO: Não se separa do u precedido de g ou q a vogal que o segue, acompanhada,
ou não, de consoante: am-bí-guo, e-qui-va-ler, guer-ra, u-bí-quo, etc.

XVI - Emprego das iniciais maiúsculas

49) Emprega-se letra inicial maiúscula:

1.0) No começo do período, verso ou citação direta. Disse o Padre Antônio Vieira:
"Estar com Cristo em qualquer lugar, ainda que seja no Inferno, é estar no Paraíso".

"Auriverde pendão de minha terra
que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que à luz do sol encerra
As promessas divinas da Esperança..." (CAsTRo ALvEs)
OnaravAçÁo: Alguns poetas usam, à espanhola, a minúscula
quando a pontuação o permite, como se vê em CAsTiLHo:
"Aqui, sim, no meu cantinho,
vendo rir-me o candeeiro,
gozo o bem de estar sozinho
o esquecer o mundo inteird'.

no princípio de cada verso,

2.0) Nos substantivos próprios de qualquer espécie - antropôrtimos, topôninos,
patronímicos, cognomes, alcunhas, tribos e castas, designações de comunidades religiosas
e políticas, nomes sagrados e relativos a religiões, entidades mitológicas e astronômicas,
etc.: José, Maria, Macedo, Freitas, Brasil, América, Guanabara, Tieté, AtIdrítico, Anto-
ninos, Afonsinhos, Conquistador, Magndnimo, Coração de Leão, Sem Pavor, Deus, Jeovd,
Alá Assunção, Ressurreição, júpiter, Baco, Cérbero, Via Ldctea, Canopo, Vênus, etc.

OBSERVAÇóES:
1.a)As formas onomásticas que entram na composição de palavras do vocabulário comum
escrevem-se com Inicial minúscula quando constituem, com os elementos a que se
ligam por hífen, uma unidade semAntica: quando não constituem unidade semántica
devem ser escritas sem hífen e com Inicial maiúscula: dgua-de-coldnia, jogo-de-barro,
maria-rosa (palmeira), etc.; além Andes, aquém Atidntico, etc.
2.a)Os nomes de povos escrevem-se com Inicial minúscula, não só quando designam habi-
tantes ou naturais de um estado, província, cidade, vila ou distrito, mas ainda quando
representam coletivamente uma nação*. amazonenses, baianos, estremenhos, fluminenses,
guarapuavamos, jequicenses, Paulistas, pontalenses, romenos, russos, suíços, uruguaios,
venezucianos, etc.

3.0) Nos nomes próprios de eras históricas e épocas notáveis: Héjira, Idade Média,
Quinhentos (o século xvi), Seiscentos (o século xvii), etc.
OBSERVAÇAO: os nomes dos meses devem escrever-se com inicial minúscula: janeiro, fevereiro,
março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro.

67
#





4.0) Nos nomes de vias e lugares públicos: Avenida de Rio Branco, Beco do Carmo,
Largo da Carioca, Praia do Flamengo, Praça da Bandeira, Rua Larga, Rua do Ouvidor,
Terreiro de São Francisco, Travessa do Comércio, etc.

5.0) Nos nomes que designam altos conceitos religiosos, políticos ou nacionalistas:
Igreja (Católica, Apostólica, Romana), Nação, Estado, Pátria, Raça, etc.
OBSFRVAÇÃO: Esses nomes se escrevem com inicial minúscula quando são emprega-
dos em sentido geral ou indeterminado.

6.0) Nos nomes que designam artes, ciências, ou disciplinas, bem como nos que
sintetizam, em sentido elevado, as manifestações do engenho e do saber: Agricultura,
Arquitetura, Educação Física, Filologia Portuguesa, Direito, Medicina, Engenharia,
História do Brasil, Geografia, Matemática, Pintura, Arte, Ciência, Cultura, etc.
OBsERvAçÃo: Os nomes idioma, idioma pUrio, língua, língua portuguesa, vernáculo e outros
análogos escrevem-se com inicial maiúscula quando empregados com especial relevo.

7.0) Nos nomes que designam altos cargos, dignidades ou postos: Papa, Cardeal,
Arcebispo, Bispo, Patriarca, Vigário, Vigário-Geral, Presidente da República, Ministro
da Educação, Governador do Estado, Embaixador, Almirantado, Secretário de Estado, etc.

8.0) Nos nomes de repartições, corporações ou agremiações, edifícios e estabeleci-
mentos públicos ou particulares: Diretoria Geral do Ensino, Inspetoria do Ensino Su-
perior, Ministério das Relações Exteriores, Academia Paranaense de Letras, Círculo de
Estudos "Bandeirantes", Presidência da República, Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, Tesouro do Estado, Departamento Administrativo do Serviço Público, Banco
do Brasil, Imprensa Nacional, Teatro de Silo José, Tipografia Rolandiana, etc.

9.0) Nos títulos de livros, jornais, revistas, produções artísticas, literárias e científicas:
Imitação de Cristo, Horas Marianas, Correio da Manhã, Revista Filológica, Transfigu-
ração (de Rafael), Norma (de Bellini), Guarani (de Carlos Gomes), O Espírito das Leis
(de Montesquieu), etc.

OBSERVAÇÃO: Não se escrevem com maiúscula inicial as partículas monossilábicas que se acham
no interior de vocábulos ou de locuções ou expressões que têm iniciais maiúsculas: Queda do
Império, O Crepúsculo dos Deuses, Histórias sem Data, A Mão e a Luva, Festas e Tradições
Populares do Brasil, etc.

1OP) Nos nomes de fatos históricos e importantes, de atos solenes e de grandes
empreendimentos públicos: Centenário da Independência do Brasil, Descobrimento da
América, Questão Religiosa, Reforma Ortográfica, Acordo Luso-Brasileiro, Exposição
Nacional, Festa das Mies, Dia do Município, Glorificação da Língua Portuguesa, etc.
OBSERVAÇAO: os nomes de festas pagãs ou populares escrevem-se com inicial minúscula:
carnaval, entrudo, saturnais, etc.

11.0) Nos nomes de escolas de qualquer espécie ou grau de ensino: Faculdade de
Filosofia, Escola Superior de Comércio, Ginásio do Estado, Colégio de Pedro II, Insti-
tituto de Educação, Grupo Escolar de Machado de Assis, etc.
12.0) Nos nomes comuns, quando personificad" ou individuados, e de seres morais
ou fictícios: A Capital da República, a Transbrasiliana, moro na Capital, o Natal de
Jesus, o Poeta (Caniões), a ciência da Antiguidade, os habitantes da Península, a Bon-
dade, a Virtude, o Amor, a Ira, o Medo, o Lobo, o Cordeiro, a Cigarra, a Formiga, etc,

OBSERVAÇÃO: Incluem-se nesta norma os nomes que designam atos das autoridades da Repú-
blica, quando empregados em correspondência ou documentos oficiais: A Lei de 13 de maio, o
Decreto n.O 20.108, a Portaria de 15 de junho, o Regulamento n.* 737, o Acórdão de 3 de
agosto, etc.

13.0) Nos nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os povos do Oriente;
o falar do Norte é diferente do falar do Sul; a guerra do Ocidente, etc.

68
#





OBSERVAÇÃO! Os nomes dos pontos cardeais escrevem-se com iniciais minúsculas quando
disignam direções ou limites geográficos: Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste.

14.0) Nos nomes, adjetivos, pronomes e expressões de tratamento ou reverência: D.
(Dom ou Dona), Sr. (Senhor), Sr.a (Senhora), DD. ou Dig.mo (Digníssimo), MM. ou
M.--- (Meritíssimo), Rev.", (Reverendíssimo), V. Rev.a (Vossa Reverência), S.E. (Sua
Eminência), V. M. (Vossa Majestade), V. A. (Vossa Alteza), V. S." (Vossa Senhoria), V.
Ex1. (Vossa Excelência), V. Ex.a Rev.--- (Vossa Excelência Reverendíssima), V. Ex.---
(Vossas Excelências), etc.
OBSERVAÇÃO: As formas que se acham ligadas a essas expressões de tratamento devem ser
também escritas com iniciais maiúsculas: D. Abade, Ex.--- Sr.a Diretora, Sr. Almirante, Sr.
Capitão -de-Mar-e-Guerra, MM. juiz de Direito, Ex.--- e Rev.--- Sr. Arcebispo Primaz, Magnífico
Reitor, Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Eminentíssimo Senhor Cardeal, Sua Majes-
tade Imperial, Sua Alteza Real, etc.

15.0) Nas palavras que, no estilo epistolar, se dirigem a um amigo, a um colega, a
uma pessoa respeitável, as quais, por deferência, consideração ou respeito, se queira
realçar por esta maneira: meu bom Amigo, caro Colega, meu prezado Mestre, estimado
Professor, meu querido Pai, minha amordvel Mie, meu bom Padre, minha distinta Di-
retora, caro Dr., prezado Capitão, etc.

XVJI - Sinais de pontuação

50) ASPAS. - Quando a pausa coincide com o final da expressão ou sentença
que se acha entre aspas, coloca-se o competente sinal de pontuação depois delas, se
encerram apenas uma parte da proposição; quando, porém, as aspas abrangem todo
o período, sentença, frase ou expressão, a respectiva notação fica abrangida por elas:
"Aí temos a lei", dizia o Florentino. "Mas quem as há de segurar?
Ninguém." (Rui BARBOSA.)
"Mísera, tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume 1"
"Por que não nasci eu um simples vaga-lume?" (MACHADO DE Assis.)

51) PARÊNMES. - Quando uma pausa coincide com o início da construção paren-
tética, o respectivo sinal de pontuação deve ficar depois dos parênteses, mas, estando
a proposição ou a frase inteira encerrada pelos parênteses, dentro deles se põe a com-
petente notação:

"Não, filhos meus (deixai-me experimentar, uma vez que seja, convosco,
este suavíssimo nome); não: o coração não é tão frívolo, tão exterior, tão
carnal, quanto se cuida." (Rui BARBOSA.)
"A imprensa (quem o contesta?) é o mais poderoso meio que se tem
inventado para a divulgação do pensamento." (Carta inserta nos Anais da
Biblioteca Nacional, vol. 1)". (CARLOS DE LAET.)

52) TRAVESSÃO. - Emprega-se o travessão, e não o hífen, para ligar palavras ou
grupos de palavras que formam, pelo assim dizer, uma cadeia na frase: O trajeto
Maud-Cascadura; a estrada de ferro Rio-Petrópolis; a linha aérea Brasil-A rgen tina;
o percurso Barcas-Tijuca, etc.

53) PONTO FINAL. - Quando o período, oração ou frase'termina por abreviatura,
não se coloca o ponto final adiante do ponto abreviativo, pois este, quando coincide
com aquele, tem dupla serventia. Ex.: "O ponto abreviativo põe-se depois das palavras

69
#





indicadas abreviadamente por suas iniciais ou por algumas das letras com que se
representam, v.g.: V.Sa; II.---;Ex.a, etc." (Dr. Ernesto Carneiro Ribeiro.)
Aprovadas unanimemente na sessão de 12 de agosto de 1943.

JOSk CARLOS DE MACIDO SOARES
Presidente da Academia Brasileira de Letras

(Das Instruç5es para a Organizaçáo do
Vocabulário Ortográfico da Língua Nacional)

Regras de acentuação

A - Monossilabos

Levam acento agudo ou circunflexo os monossílabos terminados em,
a) - a, - as: já, lá, vás
b) - e, - es: fé, lê, pés
c) - o, - os: pó, dá, pós, sós

B - Vocábulos de mais de uma sílaba

OXíTONOS (ou agudos)

Levam acento agudo ou circunflexo os oxítonos terminados em:
a) - a, - as: caid, vatapd, ananás, caraids
b) - e, - es: você, café, pontapés
c) - o, - os: cipó, jiló, avó, carijós
d) - em, - ens: também, ninguém, vinténs, armazéns
Daí, sem acento: aquí, caqui, poti, caiu, urubus.

2 - PAROXíTONOS (OU graves)

Levam acento agudo ou circunflexo os paraxíltonos terminados em:
a) - i, - is: júri, cáqui, beribéri, lápis, tênis
b) - us: vênus, vírus, bônus

OBSERVAÇÃO: Não há nome paroxítono terminado em -tt: o único existente até
há pouco era tribu, que hoje se escreve com o: tribo, tribos.

c) - r: caeáter, revólver, éter
d) - 1: útil, amável, nível, têxtil (não téxtil)
e) - x: tórax, Iênix, ônix
1) - n: éden, hífen (mas: edens, hifens, sem acento)

70
#





g) - um, uns: médium, álbuns
h) - ão, ãos: órgão, órfão, órgãos, órfãos
i) - à, - às: órfa, ímã, órfãs, ímãs
j) - ps: bíceps, fórceps

3 - PROPAROXíTONOS (ou esdrúxulos)

Lev-am acento agudo ou circunflexo todos os proparoxítonos: cálido,
tépido, cátedra, sólido, límpido, cômodo.

4 - CASOS ESPECIAISa) São sempre acentuados os ditongos abertos éi, éu, ói
idéia, Galiléia, hebréia, Coréia
céu, véu
dói, herói, constrói, apóio
Não se acentuam os encontros vocálicos fechados, com exceção de ôo:
pessoa, patroa, coroa, boa, canoa
teu, judeu, camafeu
vôo, enjôo, perdôo, corôo

b)Levam acento agudo o i e u, quando representam a segunda
vogal tônica de um hiato, desde que não formem sílaba com
r, 1, m, n, z ou não estejam seguidos de nh
saúde., viúva, saída, caído, faísca, aí, Grajaú
raíz (mas, raízes), paul, ruim, ruins, rainha, moinho

c) Não leva acento a vogal tônica dos ditongos iu e ui

caeu, retribuiu, tafuis, pauis

d) A 3.a pessoa de alguns verbos se grafa da seguinte manei

3.a Pess. sing.
1) termina em - em (monossílabos):
ele tem - eles têm; ele vem - eles vêm
2) termina em - ém

3.a pess. plural
- IM %

- éM
ele contém - eles contém; ele convém - eles convê

3)termina em - é (crê, lê,
dê, vê e derivados):
ele crê - eles crêem;

71

- éeM
ele revê - eles revêem
#





e)Levam acento agudo ou circunflexo os vocábulos terminados por
ditongo oral átono, quer descrescente ou crescente:
ágeis, devêreis, jóquei, túneis, área, espontâneo,
ignorância, imundície, lírio, mágoa, régua, tênue

Leva acento agudo ou circunflexo a forma verbal terminada em
a, e, o tônicos, seguida de lo, Ia, los, Ias :

fá-lo, fá-los, movê-lo-ia, sabê-lo-emos, trá-lo-ds.

OBSERVAÇÃO: Pelo último exemplo, vemos que se o verbo estiver no futuro poderá
haver dois acentos: arná-lo-leis, pô-lo-ás, fá-lo-famos.

g)Não levam acento os prefixos paroxítonos terminados em -r e -i:
inter-helênico, super-homem, semi-histórico.

h)Leva trema o u dos grupos gue, gui, que, qui quando for pronun-
ciado e átono: agüentar, argüição, eloqüência, tranqüilo, fre-
qüência.

OBSERVA~&S:

1.~) Se o u for pronunciado e tônico leva, nestes grupos, acento agudo:
argúi, argúis, averigúe, averigúes, obliqúe, obliqúes.

2.a) Se o u átono já levar trema, dispensar-se-á nos verbos, o acento agudo:

a) na vogal tônica seguinte:
Pres. ind.: arguo, argúis, argúi, argüimos, argüis, argúem
Pret. perf.: argüi, argüiste, argüiu, etc.
b)na vogal tônica dos verbos terminados em -qüe, -qües, -qüem: apropinqüe,
apropinqües, delinqüem.

Sem razão, nosso sistema ortográfico manda-nos acentuar a sílaba tônica dos verbos
terminados em -güe, -gües, -güem, como se houvesse outro modo de proferir tais
palavras:

enxágüe, enxágües, enxágüem

i) Leva acento circunflexo diferencial a sílaba tônica da 3.a pess. s.
do pretérito perfeito pôde, para distinguir-se de pode, forma da mesma
pessoa do presente do indicativo.

72
#





Il - Morfologia

A) Classes de vocábulos

1 - SUBSTANTIVO

Substantivo é o nome com que designamos seres em geral - pessoas,
animais e coisas.

Concretos e abstratos. - Os substantivos se dividem em concretos e
abstratos. Os concretos são próprios e comuns.
Substantivo CONCRETO é o que designa ser de existência independente:
casa, mar, sol, automóvel, filho, mãe.
Substantivo ABSTRATO é o que designa ser de existência dependente:
prazer, beijo, trabalho, saída, beleza, cansaço.
Os substantivos concretos nomeiam pessoas, lugares, animais, vegetais,
minerais e coisas.
Os substantivos abstratos designam ações (beijo, trabalho, saída, can-
saço), estado e qualidade (prazer, beleza), considerados fora dos seres,
como se tivessem existência individual.

Próprios e comuns. - Substantivo PRóPRIO é o que designa indivi-
dualmente os seres, sem referência a suas qualidades:

Pedro, Brasil, Rui Barbosa.

Substantivo comum é o que designa o ser como pertencente a uma
classe com o mesmo conjunto de qualidades:
casa, mas, sol, automóvel.

Não é qualquer coisa que pode receber o nome de casa, mar, sol ou
automóvel. É necessário que observemos nesses seres certas características

73
#





para que sejam assim designados. já nos substantivos próprios não se dá
atenção a essas qualidades. O nome Pedro, ou Brasil, ou Rui Barbosa,
nada nos dizem a respeito dos seres designados; são apenas distintivos
individuais que, só por coincidência, se podem aplicar a outras pessoas
ou lugares.

Passagem de nomes próprios a comuns. - Não nos prendemos apenas
à pessoa ou coisa nomeada; observamos-lhe qualidades e defeitos que se
podem transferir a um grupo mais numeroso de seres. Os personagens
históricos, artísticos e literários pagam o tributo de sua fama com o des-
gaste do valor individualizante do seu nome próprio, que por isso, passa a
comum. Por esta maneira é que aprendemos a ver no judas não só o
nome de um dos doze apóstolos, aquele que traiu Jesus; é também a
encarnação mesma do traidor, do amigo falso, em expressões do tipo:
Fulano é um judas.
Desta aplicação geral de um nome próprio temos vários outros exem-
plos: dom-joão (homem formoso; galanteador; irresistível às mulheres),
tartufo (homem hipócrita; devoto falso), cicerone (guia de estrangeiros,
dando-lhes informações que lhes interessam), benjamim (filho predileto,
geralmente o mais moço; o mais jovem membro de uma agremiação; pren-
de-se ao personagem bíblico que foi o último e predileto filho de Jacó),
áfrica (façanha; proeza; revive as façanhas dos antigos portugueses nessas
terras).
Passam a substantivos comuns os nomes próprios de fabricantes, e
de lugares onde se fazem ou se fabricam certos produtos: estradivários
(= violino de Stradivárius), guilhotina (de J. Inácio Guillotin), maca-
dame (do engenheiro Mac Adam), sanduíche (do conde de Sandwich),
havana (charuto; em Portugal havano), champanha (da região francesa
Champagne), cambraia (da cidade francesa de Cambray).

Substantivo coletivo. - É o que se aplica aos seres considerados em
conjunto: congregação, turma, exército, multidão, povo, rebanho, lataria.
São coletivos usuais:

a) CONJUNTO DE PESSOAS:

Alcatéia, bando, caterva, corja, horda, fardndula, malta, quadrilha, récova, súcia,
turba de ladrões, desordeiros, de assassinos, malfeitores e vadios.
Associação, clube, comício, comissão, congresso, conselho, convenção, corporação,
grêmio, sociedade de pessoas, reunidas para fim comum.
Assistência, auditório, concorrência, aglomeração, roda de assistentes, ouvintes ou
espectadores.
Cabido de cônegos de uma catedral.
Caravana de viajantes.
Claque, torcida de espectadores para aplaudir ou patear.
Clientela de clientes, de advogados, de médicos, etc.

74
#





Comitiva, cortejo, séquito ou séqüito, acompanhamento de pessoas que acom-
panham outra por dever ou cortesia.
Comunidade, confraria, congregação, irmandade, ordem de religiosos.
Concílio, conclave, consistório, sínodo, assembléia de párocos ou de outros padres.
Coro, conjunto, bando de pessoas que cantam juntas.
Elenco de artistas de uma companhia, peça ou filme.
Equipagem, marinhagem, companha, maruja, tripulação de marinheiros.
Falange de heróis, guerreiros, espíritos.
Junta de credores, de médicos.
Pessoal de uma fábrica, repartição pública ou escola, loja.
Plêiade ou plêiada de poetas, artistas, talentos.
Ronda de policiais que percorrem as ruas velando pela ordem pública.
Turma de estudantes, trabalhadores, médicos.

. b) GRUPO DE ANIMAIS:

Alcatéia de lobos, panteras ou outros animais ferozes.
Bando, revoada de aves, pardais.
Ufila de camelos.
Cardume, boana, corso (6), manta de peixes.
Colmeia, enxame, cortiço de abelhas.
Correição, cordão de formigas.
Fato, rebanho de cabras.
Fauna, conjunto de animais próprios de uma região.
Gado, conjunto de animais criados nas fazendas.
junta, abesana, cingel, jugo, jugada de bois.
Lote de burros, grupos de bestas de carga.
Malhada, avidrio, rebanho de ovelhas.
Manada de cavalos, porcos, éguas.
Matilha de cães.
Ninhada, rodada de pintos.
Nuvem, miríade, onda, praga de gafanhotos, maribondos, percevejos.
Piara, vara de porcos.
Récova, récua de cavalgaduras.
Rebanho, armento, armentio, grei, maromba de bois, ovelhas.

. c) GRUPO DE COISAS:

Acervo, chorrilho, enfiada de asneiras, de tolices. Acervo também se aplica aos bens
materiais: É grande o acervo da Biblioteca Nacional.
literários
Antologia, analecto, crestomatia, coletdnea, florilégio, seleta de trechos
ou científicos.
Aparelho, baixela, serviço de chá, café, jantar.
Arquipélago, grupo de ilhas.
Armada, esquadra, frota de navios de guerra.
Bateria, fileira de peças de artilharia.

75
#





Braçada, braçado, buquê, ramo, ramalhete (é), festão de flores.
Cacho de uvas, de bananas.
Cancioneiro de canções. É erro empregar o vocábulo como sinônimo de cantor em
enfessões como cancioneiros rom nticos.
Carrada de razões.
Chuva, chuveiro, granizo, saraiva, saraivada de balas, de pedras, de setas.
Coleção de selos, de quadros, de medalhas, de moedas, de livros.
Constelação de estrelas.
Cordilheira, cadeia, série de montes, de montanhas.
Cordoalha, cordame, enxárcia de cabos de um navio.
Feixe, lia, molho (6) de lenha, de capim.
Fila, fileira, linha de cadeiras.
Flora, conjunto de plantas de uma determinada região.
Galeria de quadros, de estátuas.
Gavela ou gabela, paveia, feixe de espigas.
Herbdrio, coleção de plantas para exposição ou estudo.
Hinário de hinos.
Instrumental de instrumentos de orquestra, de qualquer ofício mecânico, de
cirurgia.
Mobília, mobiliário de móveis.
Monte, montão de pedras, de palha, de lixo.
Penca de bananas, de laranjas, de chaves.
Pilha, ruma de livros, de malas, de tábuas.
Réstia de cebolas, de alhos.
Seqüência, série de cartas do mesmo naipe.
Troféu de bandeiras.

OBs. Para outros coletivos consulte-se o dicionário.

Formação do plural dos substantivos

Em português há dois números gramaticais: singular e plural. O sin-
gular indica o objeto ou coleção em si; o plural denota-os indicando mais
de um.

a) Formação do plural com acréscimo de s.

Forma-se o plural acrescentando-se s aos nomes terminados por-
1 - vogal ou ditongo oral: livro, livros; lei, leis,, caid, cajás;
2 - ditongos nasais ãe e ão (átono): mãe, mães; bênção, bênçãos;
3 - vogal nasal i: ímã, ímãs, irmã, irmãs;
4 - m (grafando-se ns): dom, dons.
OBSERVAÇÃO: Totem, também grafado tóteme, tem os plurais totens e tótemes
(cf. pág. 46).

76
#





b) Formação do plural com acréscimo de es.

Acrescenta-se es para formar o plural dos nomes terminados por:

1 - s (em sílaba tônica): ás, ases; freguês, fregueses.
Cós serve para os dois números e ainda possui o plural coses.
2 - z (em sílaba tônica): luz, luzes; giz, gizes.
3 - r: cor, cores; elixir, elixires; revólver, revólveres.

c) Plural dos nomes terminados em n.

Acrescenta-se e ou es. Melhor fora dar-lhes uma feição mais de acordo
com a nossa língua. Damos uma pequena lista, pondo entre parênteses
a forma que deve substituir a irregular terminada em -n :

abdômen (abdome): abdomens ou abdômenes.
certâmen (certame): certamens ou certâmenes.
dólmen (dolmem): dolmens ou dálmenes.
espécimen (espécime): espécimens ou especímenes.
germen (germe): germens ou gérmenes.
hífen (hifem): hífens ou hífenes.
pólen (polem): polens ou pólenes.
regimen (regime): regimens ou regímenes.
Cdnon, melhor grafado, cdnone, faz c~nes.
éden (melhor seria, edem, mas não registrada no PVOLP) passa a edens.

NoTA.Recorde-se que apenas são acentuados os paroxítonos terminados em -n e
não os em -ns. Daí: hífen mas hífens (sem acento agudo).

d) Plural dos nomes terminados em ão.

Repartem-se estes nomes por três formas de plurais:

1) ões (a maioria deles):

coração, corações; questão, questões; melão, melões; razão, razões.

2) ães:
cio, cães; capelão, capelães; alemão, alemães; capitão, capitães; escrivão, escrivães; tabelião,
tabeliães; pão, pães; maçapão, maçapães; mata-cão, mata-cães; catalão, catalães.

3) ãos:

chão, chãos; cidadão, cidadãos; cristão, cristãos; desvão, desváos; grão, grãos; irmão,
irmãos; mão, mãos; pagão, pagãos e os paroxítonos apontados em a) 2.

77
#





Muitos nomes apresentam dois e até três plurais:
aldeão aldeãos aldeões aldeâes
ancião anciâos auciões . anciães
charlatão charlatÁles charlatães
corrimão corrimãos corrimões
cortesão cortesãos cortesões
deão deâos deões deâes
ermitáo ermitâos ermitões ermitães
furo fulos fuões
guardilo guardiões guardiães
refrão refrãos refrães
sacristão sacristãos sacristães
truão truões truács
vilão vilãos vilões viláes
vulcão vulcãos vulcões

e) Plural dos nomes terminados em ai, ol, ul.

Trocam o 1 por is :

carnaval, carnavais; lençol, lençóis; álcool, álcoois; paul, pauis (a-ú).

Notem-se os casos particulares:
1 - cônsul e mal fazem cônsules e males.
2 - cal e aval fazem cales (=cano) e cais, avales (mais comum em Portugal), avais.
3 - real ( = moeda) faz réis.

Plural dos nomes terminados em il.

Os terminados em 41 átono fazem o plural trocando iI por -eis:
Fóssil, fósseis.

Se o 41 for tônico, trocam o 1 por s:
funil, funis.
Réptil e projétil, como paroxítonos, fazem répteis e projéteis; como oxítonos, reptil e
projetil fazem reptis e projetis.

g) Plural dos nomes terminados em el.

tônico:

Fazem o plural em -eis se o final do singular for átono e -éis se for ~

nível, níveis, móvel, móveis.
papel, papéis; coronel, coronéis.
Mel faz meles ou méis; fel faz feles ou féis.

h) Plural dos nomes terminados em x (= ce)

Os terminados em -x com o valor do ce (final com que podem tam.
Um ser grafados) fazem o plural em -ces:

cdlix (ou cólice), Álices; apêndix (ou apêndice), apêndices.

78
#





Palavras que não variam no plural., - Não variam no plural os nomes
terminados em: a) s (em sílaba átona; palavras sigmáticas): o pires, os
pires; o lápis, os lápis.
Simples faz símpleces ou, o que é mais comum, não varia. Cais e xis
são invariáveis, o cais, os cais; o xis, os xis;

b) x (com o valor de cs): o tórax, os tórax; o ônix, os ônix.

OBUIRVAÇõEs: Alguns vocábulos com x = c$ possuem a variante em -ce: índex ou
índice; ápex ou ápice; códex ou códice. Seus plurais elo respectivamente índices, códices,
dpices. Aliás, elo preferíveis as grafias índice, dpice e códice, no singular.

Plurais com alteração de o fechado para o aberto (metafonia). -
Muitas palavras com o fechado tônico, quando passam ao plural, mudam
esta vogal para o aberto:

miolo - miolos.

Dentre as que apresentam

esta mudança (chamada
vogal tônica lembraremos aqui as mais usuais:

abrolho
antolho
caroço
choco
corcovo
coro
corpo
corvo
despojo
destroço
escolho
esforço

fogo
forno
foro
fosso
imposto
jogo
Miolo
mirolho
olho
osso
ovo
POÇO

Continuam com o fechado no plural

porco
porto
posto
povo
reforço
rogo
sobrolho
socorro
tijolo
torto
troco
troço

acordo esboço logro
adorno esposo morro
#





almoço estorvo repolho
alvoroço ferrolho rolo
arroto fofo sogro
bota forro soldo
bojo gafanhoto sopro
bolo globo soro
bolso gorro toco
cachorro gosto toldo
caolho gOzo topo
coco horto torno
contorno jorro transtorno

metafonia) na

Não sofrem alteração os nomes próprios e os de família: os Diogos,
os Mimosos, os Raposos, os Portos.

79
#





Plurais com deslocação do acento tônico. - Há palavras que, no
plural, mudam de sílaba tônica:

caráter
espécimen
júnior
júpiter
Lúcifer
sênior

caracteres
especímenes
juniores
jupíteres
Lucíferes
seniores

O plural sorores é de soror, oxítono, que se estende a sóror.

Alterações de sentido entre o singular e o plural. - Normalmente,
o plural guarda o mesmo sentido do singular. Isto não acontece, porém,
em algumas palavras:

bem (o que é bom) bens (propriedades)
féria (produto do trabalho diário) férias (dias de descanso)

"Onde não se preza a honra se desprezam as honras" (MARQUÊS DE MARICÁ).

Estão nestes casos os nomes que no plural indicam o casal: os pais
(pai e mãe), os irmãos (irmão e irmã), os reis (rei e rainha).

Palavras só usadas no plural. - Eis as principais:

afazeres
alvísSaras
anais
arredores
avós (antepassados)
belas-artes, belas-letras
confins

endoenças
exéquias
férias
núpcias
trevas
víveres
nomes de naipes: copas,
ouros, espadas, paus

Plural dos nomes de letras. - Os nomes de letras vão normalmente
ao plural, de acordo com as normas gerais.

Escreve com todos os efes e erres
Coloquemos os pingos nos is

N.B. Xis serve para singular e plural. Podemos ainda indicar o plural das letras
com a sua duplicação: ff, rr, ii.

Este processo ocorre em muitas abreviaturas:

E.E.U.U. (Estados Unidos, também representado por EUA, Estados Unidos da
América, ainda U.S.A.).

Plural dos nomes terminados em -zinho. - Põem-se no plural os
dois elementos e suPrime-se o s do substantivo:
#






80
#





animalzinho = animal + zinho
animaizinhos
coraçUzinho = coraçjo + zinho
coraçoezinhos
florzinha = flor + zinha
florezinhas

Plural das palavras substantivadas. - Qualquer palavra pode subs-
tantivar-se, isto é, passar a substantivo:
o sim, o não, o quê, o pró, o contra

Tais palavras vão normalmente ao plural:
os sins, os nios, os quês, os prós, os contras.

Enqua ram-se neste caso os nomes que exprimem número:
Na sua caderneta há três setes e dois oitos.

Fazem exceção os terminados em -s (dois, três, seis), -z (dez) e mil,
que são invariáveis.

Quatro seis e cinco dez.

Plural dos nomes compostos. - Merece especial atenção o plural dos
nomes compostos, uma vez que as dúvidas e vacilações são freqüentes.
Sem pretendermos esgotar o assunto, apresentamos os seguintes critérios:

A - SOMENTE O úLTIMO ELEMENTO VARIA:
a) nos compostos grafados ligadamente:

fidalgo - fidalgos
girassol -girassóis
madressilva - madressilvas
pontapé - pontapés

b) nos compostos com as formas adjetivas grão, grã e bel:
grão-prior - grào-priores
gra-cruz - grá-cruzes
bel-prazer - bel-prazeres,

c)nos compostos formados de verbo ou palavra invariável seguida
de substantivo ou adjetivo:
furta-cor -furta-cores
beija-flor -beija-flores
abaixo-assinado - abaixo-assinados
alto-falante - alto-falantes
vice-rei - vice-reis
ex-diretor -ex-diretores
ave-maria - ave-marias

81
#





d)nos compostos de três ou mais elementos, não sendo o 2.0 elemento
uma preposição:

bem-te-vi - bem-te-vis

e) nos compostos cujos elementos denotam sons de coisas:

reco-reco - reco-recos
tique-taque -tique-taques

B - SOMENTE O PRIMEIRO ELEMENTO VARIA:

a) nos compostos onde haja preposição, clara ou oculta:
pé-de-moIeque - pés-de-moleque
ferro-de-abrir-lata - ferros-de-abrir-lata
mula-sem-cabeça - muIas-sem-cabeça
cavalos-vapor (=de, a vapor) - cavalos-vapor

b)nos compostos de dois substantivos, onde o segundo exprime a
idéia de fim, semelhança:
navio-escola - navios-escola (= para escola)
salário-família - salários-familia
manga-rosa - mangas-rosa (= semelhante a rosa)
peixe-boi - peíxes-boi

C - AMBOS OS ELEMENTOS VARIAM:

Nos compostos de dois substantivos, de um substantivo e um adjetivo
ou de um adjetivo e um substantivo:
carta-bilhete
guarda-civil
guarda-mor
amor-perfeito
cabra-cega
gentil-homem
segunda-feira

D - FicAm INVARIAVEIS:

a) as frases substantivas:

cartas-bilhetes
guardas-civis
guardas-mores
amores-perfeitos
cabras-cegas
gentio-homens
segundas-feiras

* estou-fraca (ave) - as estou-fraca
* náo-sei-que-diga - os nâo-sei-que-diga
* disse-me-disse - os disse-me-disse
* bumba-meu-boi - os bumba-meu-boi

b) nos compostos de verboe palavra invariável:

os ganha-pouco
os pisa-mansinho
os cola-tudo

· paha-pouco
· pisa-mansinho
· cola-tudo

82
#





c) nos compostos de verbos de sentido oposto:

· leva-e-traz - os leva-e-traz
· vai-volta - os vai-volta

E - ADMITEM MAIS DE UM PLURAL:

fruta-pjo: frutas-plo, fruta-pies
guarda-marinha: guardas-marinha ou guardas-marinhas(l)
padre-nosso: padres-nossos ou padre-nossos
ruge-ruge: ruges-ruges ou ruge-ruges
salvo-conduto: salvos-condutos ou salvo-condutos

Gênero do substantivo. - A nossa língua conhece dois géneros: o
masculino e o feminino.
São masculinos os nomes a que se pode antepor a palavra o:
o linho, o sol, o raio, o prazer, o filho, o beijo

São femininos os nomes a que se pode antepor a palavra a:
a flor, a casa, a mosca, a nuvem, a mãe

Formação do feminino

Podemos distinguir, na indicação do sexo feminino, os seguintes
processos:
a) com a mudança ou acréscimo na terminação:
1 - os terminados em -o mudam o -o em -a:

filho filha
aluno aluna

menino -menina
gato - gata

2 - os em -ão mudam a terminação, uns em 4, outros em -oa e outros
em -ona (se denotam seres aumentados):

anão - anã
cidadão - cidadã
irmão - irmã

ermitio - ermitoa
hortelão - horteloa
leão - leoa

chorão - chorona
pedinchão - pedinchona
valentão - valentona

3 - os em -or formam geralmente o feminino com acréscimo de a

doutor - doutora
professor - professora
OBSERVAÇÃO: Outros, terminados em -eira: arrumadeira, lavadeira, faladeira (a par
de faladora).

(1) Rejeita-ac, sem razão, o plural guarda-marinhas.

83
#





variam:

Variam:

4 - os em -e uns ficam invariáveis, outros mudam o -e em -a, Não

amante, cliente, constituinte, doente, habitante,
inocente, ouvinte, servente, etc.*

alfaiate - alfaiata
infante - infanta (também aparece invariável)
governante - gover
i
presidente - presid, =a também aparece invariável
parente - parenta
monge - monja

5 - os em -és., -1, -z acrescentam a :

freguês - freguesa
português - portuguesa
juiz - juiza

6 - indicam o sexo feminino
-essa, -isa :

abade - abadessa
alcaide - alcaidessa (ou alcaidina)
barão - baronesa
bispo - episcopisa
conde - condessa
cônego canonisa
cônsul consulesa
diácuno - diaconisa
doge - dogesa, dogaresa, dogaressa
druida - druidesa, druidisa (em
O. Bilac)

zagal - zagala
oficial - oficiala

vocábulos derivados por meio de -esa,

duque - duquesa
etíope - etiopisa
jogral - jogralesa
papa papisa.
píton. pitonisa
poeta - poetisa
príncipe - princesa
prior - priora, prioresa
profeta - profetisa
sacerdote - sacerdotisa
visconde - viscondessa

7 - não se enquadram nos casos precedentes:

ateu - atéia
ator - atriz
avô - avó
capiau - capioa
condestável. - condestabeleza
confrade - confreira
czar /pron. tçar/ - czarina(l)
dom - dona
egeu - egéia
#





embaixador - embaixatriz
europeu - européia
felá - felaína
filisteu - filistéia-
frade - freira
galo - galinha

(1) Também grafado: txar - uarina.

giganteu - gigantéia
grou. - grua
guri - guria
ilhéu - ilhoa
imperador - imperatriz
judeu - judia
landgrave - landgravina
marajá - marani
mandarini - mandarina
maestro - maestrina
peru - perua
pierr6 - pierrete
pigmeu - pigméia
raja ou rajá - râni ou rani
rapaz - rapariga

84
#





I

rei rainha
réu ré
sandeu - sandia
silfo - sílfide

sultão - sultana
tabaréu, - tabaroa,
herói - heroína

b) com palavras diferentes para um e outro sexo (heterônimos):

1 - Nomes de pessoas:

cavaleiro - amazona
cavalheiro - dama
compadre - comadre
frei - sóror, soror, sor
genro - nora
homem - mulher
marido - mulher

2 - Nomes de animais:

bode -cabra
boi - vaca
burro - besta
cão - cadela

c) feminino com auxílio de outra palavra

padrasto - madrasta
padre - madre
padrinho - madrinha
pai - mãe
patriarca - matriarca
rico-homem - rica-dona

carneiro - ovelha
cavalo égua
veado veada, cerva (é)
zangão, zárigão - abelha

Há substantivos que têm uma só forma para os dois sexos:

estudante, consorte, mártir

São por isso chamados comuns de (ou a) dois. Tais substantivos
distinguem o sexo pela anteposição de o (para o masculino) e a (para o
feminino):
· estudante - a estudante
· camarada - a camarada
· mártir - a mártir

de dois:

Os nomes terminados em -ista e muitos terminados em -e são comuns

o capitalista - a capitalista; o doente - a doente.

Também nomes próprios terminados em -i (antigamente ainda -Y) são
comuns tanto a homens como a mulheres:

Darci, Juraci

#





Enquadram-se neste grupo os nomes de animais para cuja (fi-tinção
de sexo empregamos as palavras macho e fêmea:

cobra macho; jacaré fêmea

85
#





Podemos ainda servir-nos de outro torneio:

o macho da cobra; a fêmea do jacaré.

Estes nomes de animais se chamam epicenos.

d) sobrecomuns

São nomes de um só gênero gramatical que se aplicam, indistinta-
mente, a homens e mulheres:
o algoz, o carrasco, o cônjuge, a criatura, o ente, a pessoa,
o ser, a testemunha, o verdugo, a vítima.

Gênero estabelecido por palavra oculta. - São masculinos os nomes
de rios, mares, montes, ventos, lagos, pontos cardeais, meses, por suben-
tendermos estas denominações:
O (rio) Amazonas, o (oceano) Atidntico, o (vento) bóreas, o (lago) Lddoga, o
(mês) abril.

Por isso são normalmente femininos os nomes de cidades, ilhas:
A bela (cidade) Petrópolis. A movimentada (ilha) Governador.
Nas denomina" de navios depende do termo subentendido: o (transafláritico)
Argentina, a (corveta) Belmonte, etc.

Notem-se os seguintes géneros:
o (vinho) champanha (e não a champanha!), o (vinho) madeira, o (charuto)
havana, o (café) moca, o (gato) angord, o (cão) terra-nova.

Mudança de sentido na mudança de gênero. - Há substantivos que
são masculinos ou femininos, conforme o sentido com que se achem
empregados:
· cabeça (parte do corpo) o cabeça (o chefe)
· capital (cidade principal) o capital (dinheiro, bens)
· língua (órgão muscular; idioma) - o língua · lotaçdo (capacidade de um carro, navio, sala, etc.) - o lotação (forma abreviada
de aut· moral (parte da filosofia; moral de um fato; conclusão) - O Moral (conjunto de
nossas faculdades morais; ánimo)
· rádio (a estação) - o rádio (o aparelho)
· voga (moda; popularidade) - o voga (o remador)

Gêneros que podem oferecer dúvida:
a) São masculinos:
Os nomes de letra de alfabeto, clã, champanha, dó, eclipse, formicida, grama (uni-
dade de peso), jãngal, jângala, lança-perfume, milhar, pijama, proclama, saca-rolhas,
sanduíche, sósia, telefonema, soma (o organismo tomado como expressão material--- em
oposição às funçôes psíquicas).

86
#





11 b) São femininos:

Aguardente, análise, fama, cal, cataplasma, cólera, cólera-morbo, coma (cabeleira
e vírgula), dinamite, elipse, faringe, fruta-pâo, gesta (= façanha), libido, polé, preá,
síndrome, tíbia, variante e os nomes terminados em -gem (exceção e personagem que
pode ser masc. ou feminino).

c) São indiferentemente masculinos ou femininos:

Ágape, avestruz, caudal, crisma, diabete, gambá, hélice, íris, juriti, igarité, lama ou
lhama, laringe, ordenança, personagem, renque, sabiá, sentinela, soprano, suástica, tapa,
trama (intriga), víspora.

Masculinos com mais de um feminino. - Além dos já apontados no
decorrer da lição, lembraremos ainda os mais usuais:

1 aldeão - aldeã, aldeoa
deus deusa, déia (poét.)
diabo diaba, diabra, diáboa
elefante - elefanta, elefoa, aliá
javali javalina, gíronda
ladrão ladra, ladrona, ladroa
melro méiroa, melra

motor motora, motriz (adj.)
pardal pardoca, pardaloca. pardaleja
parvo párvoa, parva
polonês - polonesa, polaca
varão - varoa, virago, matrona
vilão - vilã, viloa

OBSERVAÇÃO: As oraçôes e os vocábulos tomados materialmente são considerados
como do número singular e do género masculino-. É bom que estudes; o sim; o não.

Grau do substantivo. - Os substantivos apresentam-se com a sua
significação aumentada ou diminuída:

homem - homenzarrão - homenzinho

A M3 estabelece dois graus de significação do substantivo:
a) aumentatívo: homenzarrão
b) diminutivo(l): homenzinho

A indicação gradual do substantivo se realiza por dois processos:

a)sintético - consiste no acréscimo de um final especial chamado sufixo
aumentativo ou diminutivo: homenzarrão, homenzinho;
b)analítico - consiste no emprego de uma palavra de aumento ou dimi-
nuição (grande, enorme, pequeno, etc.) junto ao substantivo: homem
grande, homem pequeno.

Aumentativos e diminutivos afetivos. - Fora da idéia de tamanho,
as formas aumentatívas e diminutivas podem traduzir o nosso desprezo,
a nossa critica, o nosso pouco caso para certos objetos e pessoas:

poetastro,-p.oliticalho, livreco, padreco, coisinha

) Evite-se cuidadosamente o erro diminuitivo (com i).

87
#





Dizemos então que os substantivos estão em sentido pejorativo.
A idéia de pequenez se associa facilmente à de carinho que trans-
parece nas formas diminutivas:

paizinho, mãezinha, queridinha.

2 - ADJETIVO

Adjetivo é a expressão modificadora que denota qualidade, condição
ou estado de um ser:

"Oceano terrível, mar imenso
De vagas procelosas que se enrolam
Floridas rebentando em branca espuma
Num pólo e noutro pólo" (G. DIAS).

Locução adjetiva - é a expressão formada de preposição + substan-
tivo com valor de um adjetivo:

Homem de coragem = homem corajoso
Livro sem capa = livro desencapado
"Era uma noite medonha,
Sem estrelas, sem luar" (G. DIAS).
Homem de cor

Note-se que nem sempre encontramos um adjetivo de sentido per-
feitamente idêntico ao de locução adjetiva:

Colega de turma.

Adjetivo explicativo e restritivo (1). - O adjetivo pode ser explica-
tivo ou restritivo.

EXPLICATIVO é o que designa uma qualidade, condição ou estado essencial
ao ser:

Homem mortal - Água mole - Gelo frio

RESTRITIVO o que designa qualidade, condição ou estado acidental ao ser:
Homem bom - Água morna - Gelo pequeno

Substantivação do adjetivo. - Certos adjetivos são empregados sem
qualquer referência a nomes expressos como verdadeiros adjetivos. A esta
passagem de adjetivos a substantivos chama-se substantivação:
"A vida é combate
que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos,
Só pode exaltar" (G. DIAS).

(1) A NGB não divide os adjetivos em explicativos e restritivos, fizemo-lo aqui porque
esta distinção é necessária para casos de pontuação, de sintaxe e de estilística (cf. págo. 228-229).

88
#





Flexões do adjetivo. - Como o substantivo, o adjetivo pode variar
em número, gênero e grau.

Número do adjetivo. - O adjetivo acompanha o número do subs-
tantivo a que se refere:

aluno estudioso, alunos estudiosos.

O adjetivo portanto, conhece os dois números que vimos no substan-
tivo: o singular e o plural.

, Formação do plural dos adjetivos

Aos adjetivos se aplicam as mesmas regras de plural dos substantivos.

Quanto aos adjetivos compostos, lembraremos que normalmente só o
último varia:

amizades luso- b rasileiras, reuniões lítero-musicais.

Variam ambos os elementos, entre outros exemplos, surdo-mudo,
verde-claro, verde-escuro, verde-gaio: surdos-mudos, verdes-claros, verdes-
escuros, verdes-gaios.

Gênero do adjetivo. - O adjetivo concorda também em gênero com
o substantivo a que se refere. Conhece, assim, os gêneros comuns, ao subs-
tantivo: masculino e feminino.

Formação do feminino dos adjetivos. - Os adjetivos uniformes são
s que apresentam uma só forma para acompanhar substantivos masculinos
femininos. Geralmente
e -z:

povo lusíada
breve exame
trabalho útil
objeto ruim
estabelecimento
homem audaz
conto simples

estes uniformes terminam em -a, -e, -1, -m, -r,

- nação lusiada
- breve prova
- ação útil
- coisa ruim
modelar - escola modelar
- mulher audaz
- história simples

Exceções principais: andaluz, andaluza; bom, boa; chim, china; espanhol, espanhola.

Quanto aos biformes, isto é, que têm uma forma para o masculino e
tra para o feminino, os adjetivos seguem de perto as mesmas regras que
ntamos para os substantivos. Lembraremos aqui apenas os casos
ncipais:

89
#





a) Os terminados em -és -or, e -u acrescentam no feminino um a, na
maioria das vezes.
chinês, chinesa; lutador, lutadora; cru, crua.
Exceções: 1) cortês, descortês, montés e pedrês são invariáveis; 2) incolor, multicor,
sensabor, melhor, menor, pior e outros são invariáveis. Outros em -dor ou -tor apresen-
tam-se em -triz: motor, motriz (a par de motora, conforme vimos nos substantivos);
outros terminam em -eira: trabalhador, trabalhadeira (a par de trabalhadora). Supe-
riora (de convento) usa-se como substantivo. 3) hindu é invariável; mau fab) Os terminados em -eu passam, no feminino, a -dia:
europeu, européia; ateu, atéia.
Exceções: judeu, judia; sandeu, sandia
tabaréu faz tabaroa; réu faz ré.

c) Alguns adjetivos também, no feminino, mudam a vogal tônica fechada
o para aberta:

laborioso, laboriosa; disposto, disposta.

Grau do a efivo. - Há três graus na qualidade expressa pelo
adjetivo: positivo, comparativo e superlativo* PosiTivo enuncia simplesmente a qualidade:
O rapaz é cuidadoso.

* comPARATivo compara qualidade entre dois ou mais seres esta-
belecendo:
a) uma igualdade:

b) uma superioridade:

c) uma inferioridade:

o rapaz é tão cuidadoso quanto (ou como) os outros.

à rapaz é mais cuidadoso que (ou do que) os outros.

o rapaz é menos cuidoso que (ou do que) os outros.

O SUPERLATIvO pode:

a) ressaltar, com vantagem ou desvantagem, a qualidade do ser em rela.
ção a outros seres:
Q rapaz d o mais cuidadoso dos (ou dentre os) pretendentes ao emprego.
o rapaz d o menos cuidadoso dos pretendentes.

b) indicar que a qualidade do ser ultrapassa a noção comum que temos
dessa mesma qualidade:
O rapaz é muito cuidadoso.
O rapaz é cuidadosíssimo.

90
#





No primeiro caso, a qualidade é ressaltada em relação ou comparação
com os outros pretendentes. Diz-se que o superlativo é relativo.
Forma-se o superlativo relativo com a intercalação do adjetivo nas
fórmulas o mais ... de (ou dentre), o menos ... de (ou dentre).
No segundo caso, a superioridade é ressaltada sem nenhuma relacão

com outros seres. Diz-se que o superlativo é absoluto ou intensivo
O superlativo absoluto pode ser analitico ou sintético.

Forma-se o analítico com a anteposição de palavra intensiva (muito,
extremamente, extraordinariamente, etc.) ao adjetivo: muito cuidadoso.
O sintético é obtido por meio do sufixo -issimo (ou outro de valor

intensivo) acrescido ao adjetivo no grau positivo: cuidadosíssimo.
Quanto ao sentido, cuidadosíssimo diz mais, é mais enfdtico do que

muito cuidadoso. Na linguagem coloquial, se desejamos que o superlativo
absoluto analítico seja mais enfático, costumamos repetir a palavra inten-

O meio termo entre estes dois superlativos (muito cuidadoso - cuida-

dosíssimo) é obtido com a fórmula mais do que cuidadoso:

"Estas e outras argüições, complicadas com os procedimentos mais do que dspero
da expulsão do coleitor Castracani em 1639, não concorreram pouco para alienar de

todo o ânimo das populações_" (R. DA SiLvA, Hist. Port, IV, 75-6).

Alterações gráficas no superlativo absoluto. - Ao receber o sufixo

intensivo, o adjetivo no grau positivo pode sofrer certas modificações

cuidadosacuidadosissima
elegante - elegantíssimo
cuidadoso - cuidadosissim

b) os terminados em -vel mudam este final para -bil:

c) os terminados em -m e -jo passam respectivamente a -n e a?

A ra estes casos, outros há onde os superlativos se prendem às form
#





acre - acérrimo
amargo amaríssimo
amigo amicíssimo
antigo antiqüíssimo
áspero aspérrimo
benéfico - beneficentíssimo
benévolo - benevolentíssimo
célebre - celebérrimo
célere - celérrimo
cristão - cristianíssimo
cruel - crudelíssimo
difícil dificílimo
doce dulcíssimo
fiel fidelíssimo
frio frigidíssimo
geral generalíssimo
honorífico - honorificentíssimo
humilde humílimo
incrível incredibilíssimo
inimigo inimicíssimo
íntegro integérrimo
livre - libérrimo
magnífico - magnificentíssimo,

magro - macérrimo
malédico - maledicentíssimo
maléfico maleficentissimo,
malévolo malevolentíssimo
mísero - misérrimo
miúdo minutíssimo
negro nigérrimo
nobre - nobilíssimo
parco - parcíssimo,
pessoal - personalíssimo
pobre - paupérrimo
pródigo prodigalíssimo
provável probabilíssimo
público publicíssimo
sábio - sapientíssimo
sagrado sacratíssimo
salubre salubérrimo
são - saníssimo
simples - simplicíssimo
soberbo - superbíssimo
tenaz tenacíssimo
tétrico tetérrimo

Ao lado do superlativo à base do termo latino, pode circular o que
procede do adjetivo no grau positivo acrescido da terminação -íssimo:

agílimo - agilíssimo
antiqüíssimo antiguíssimo
crudelíssimo cruelíssimo
dulcissimo - docissimo
facílimo - facilíssimo

humílimohumildíssimo
Inacérrimo magríssimo
nigérrimonegríssimo
paupérrimo - pobríssimo

OBs.: Chamamos a atenção para as palavras terminadas em -io não precedido de
e que, na forma sintética, apresentam dois is

sério - seriíssimo
precdrio - precariíssimo
#






frio - friíssimo
necessário - necessariÍssimo

Tendem a fixar-se as formas populares seríssinio (coisa seríssinza),
necessaríssimo e semelhantes, com Um i apenas

Comparativos e superlativos irregulares. - Afastam-se dos demais na ~
sua formação de comparativo e superlativo os adjetivos seguintes:

Positivo Comparativo de Superlativo
superioridade absoluto relativo

bom melhorótimo o melhor
mau piorpéssimo o pior
grande maiormáximo o maior
pequeno menormínimo o menor

(*) "A falsa noticia do falecimento de Gonçalves Dias teve a boa conseqüència de mover
o Governo a aliviar-lhe à situaçáo material, que era prerarissima- (M. BANDEIRA, Poesia e
Prosa, ed. Aguilar, 11, 778).

92

a

c

V:
Q

tig

a(
#





Não se diz mais bom nem mais grande em vez de melhor e maior
mas podem ocorrer mais pequeno, o mais pequeno, mais mau, por meno1~.
o menor, pior.
Ao lado dos superlativos o maior, o menor, figuram ainda o máximo
e o mínimo que se aplicam a idéias abstratas e aparecem ainda em expres-
sões científicas, como a temperatura máxima, a temperatura mínima, má-
ximo divisor comum, mínimo múltiplo comum, nota máxima, nota
mi níma.
Em lugar de mais alto e mais baixo usam-se os comparativos superior
e inferior; por o mais alto e o mais baixo, podemos empregar os super-
lativos o supremo ou o sumo, e o ínfimo.
Comparando-se duas qualidades, ou ações, empregam-se mais bom,
inais mau, mais grande e mais pequeno em vez de melhor, pior, maior,
menor:

É mais bom do que mau (e não: é melhor do que mau)
A escola é mais grande do que pequena
Escreveu mais bem do que mal
Ele é mais bom do que inteligente.

Por fim, assinalemos que depois dos comparativos em -or (superior,
inferior, anterior, posterior, ulterior) se usa a preposição a
Superior A ti, inferior AO livro, anterior A nós

Repetição de adjetivo com valor superlativo. - Na linguagem colo-
quial pode-se empregar, em vez do superlativo, a repetição do mesmo
adjetivo:

O dia está belo belo (= belíssimo)
Ela era linda linda (= lindíssima).

Proferindo-se estas orações, dá-se-lhes um tom de voz especial para
melhor traduzir a idéia superlativa expressa pela repetição do adjetivo.
Geralmente consiste na pausa demorada na vogal da sílaba tônica.

Comparações em lugar do superlativo. - Para expressarmos mais
vivamente o elevado grau de uma qualidade do ser, empregamos ainda
comparações que melhor traduzem a idéia superlativa:
Pobre como já (= paupérrimo), feio como a necessidade (feiíssimo), claro como
água, escuro como breu, esperto como ele só, malandro como ninguém.

Usam-se ainda certas expressões não comparativas: podre de rico,
feio a mais não poder, grande a valer.

Adjetivos diminutivos. - As formas diminutivas de adjetivos podem
adquirir valor de superlativo:
Blusa amarelinha, garoto bonitinho; "É bem feiozinho, benza-o Deus, o tal teu
amigo 1" (A. DF. AzFwDo).

93

I
#





3 - ARTIGO

Artigo é a palavra que se antepõe aos substantivos que designam
seres determinados (o, a, os,, as) ou indeterminados (um, uma, uns, umas).
Daí a divisão dos artigos em definidos (que são o, a, os, as) e inde-
finidos (um, uma, uns, umas):
quero o livro.
Quero um livro.

No primeiro caso, o substantivo designa um livro determinado e
conhecido, inconfundível para a pessoa que fala ou escreve.
No segundo, o substantivo designa um livro qualquer dentre outros,
Precedido, de artigo definido pode também o substantivo exprimir a
espécie inteira:

o homem é mortal.

Não se trata aqui de um homem determinado, mas, sim, uma refe-
rência ao ser humano em geral.
Nem sempre se evidencia a oposição entre o, a, os, as e um, uma, uns,
umas, porque os artigos aparecem em construções dos mais variados
valores.

4 - PRONOME

Pronome é a expressão que designa os seres sem dar-lhes nome nem
qualidade, indicando-os apenas como pessoa do discurso.

Pessoas do Ocurso. - Três são as pessoas do discurso: a que fala
(1.a pessoa), a ~~m que se fala (2.a pessoa) e a pessoa ou coisa de que se
fala (3.a pessoa).

Classificação dos pronomes. - Os pronomes podem ser: pessoais, ',
i
possessivos, demonstrativos (abarcando o artigo definido), indefinidos
(abarcando o artigo indefinido), interrogativos e relativos.

PRONOME SUBSTANTIVO, e PRONOME, ADJETIVO. - O pronome pode apa-
recer em referência a substantivo claro ou oculto:
Meu livro é melhor que o teu.

Meu e teu são pronomes porque dão idéia de posse em relação à pessoa
do discurso: meu (1.a pessoa, a que fala), teu (2.a pessoa, a com que se
fala). Ambos os pronomes estão em referência ao substantivo livro que
vem expresso no início, mas se cala no fim por estar perfeitamente claro
ao falante e ouvinte. Esta referência a substantivo caracteriza a função,,,

94
#





adjetiva de certos pronomes. Muitas vezes, sem que tenha vindo expresso
anteriormente, dispensa-se o substantivo, como em: Dar o seu a seu dono
(onde ambos os pronomes possessivos são adjetivos).
já em: Isto é melhor que aquilo, os pronomes isto e aquilo não se
referem a nenhum substantivo, mas fazem as vezes dele. São, por isso,
, pronomes substantivos.
1
Há pronomes que são apenas substantivos ou adjetivos, enquanto
i~ outros podem aparecer nas duas funções.

Pronomes pessoais. - Os pronomes pessoais designam as três pessoas
~ do discurso:

1.a pessoa: eu (singular), nós (plural),
2.a pessoa: tu (singular), vós (plural) e
3.a pessoa: ele, ela (singular), eles, elas (plural).

O plural nós indica eu mais outra ou outras pessoas, e não eu + eu.
As formas eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas, que funcionam como
,; sujeito, se dizem retas. A cada um destes pronomes pessoais retos, corres-
,, ponde um pronome pessoal oblíquo que funciona como complemento e
11 pode apresentar-se em forma átona ou forma tônica. Ao contrário das
, formas átonas, as tõnicas vêm sempre presas a preposição:

PRONOMES PESSOAIS ~3 PRONOMES PESSOAIS OBLfQUOS
átonos (sem prepos.)tônicos (c/prep.)
Singular: 1.a pessoa: eu me mim
2.a pessoa : tu te ti
k 3.a pessoa: ele, ela lhe, o, a, se ele, ela, si
Plural : 1.a pessoa: nós nos nós
2.a pessoa: vós vos vós
eles, OW, si
3.a pessoa: eles, elas lhes, os, as, se

Exemplos de pronomes oblíquos átonos:

~*Queixamo-nos da fortuna (destino) para desculpar a nossa preguiça?' (Marquês de-
MAJUCÁ).
`A melhor companhia acha-se em uma escolhida livraria" (IDEM).

!Ixemplos de pronomes oblíquos tônicos:

_*Os nossos maiores inimigos existem dentro de nós mesmos: são os nonos , vícios
paixbu" (IDEM).
.ÀA& virtudes se harmonizam, os vícios discordam entre si" (wEm).

Se a preposição é com, dizemos comigo, contigo, consigo, conosco,
e não: com mi, com ti, etc. Empregam-se, entretanto, com nós
com vós quando estes pronomes tônicos vêm seguidos de mesmos, pró-
~,rios, todos, outros ou oraçao adjetiva.

95
#





PRONOME -OBLíQUO REFLEXIVO. - É o pronome oblíquo da mesma pes-

soa do pronome reto, significando a i esmo a ti mesmo etc.:

PRONOME OBLíQUO RECíPROCO. - É representado pelos pronomes nos

vos, se quando traduzem a idéia de u ao outro recibrocamente

PRONOME DE TRATAMENTO - Existem ainda formas de tratamento
indireto de 2.a pessoa que levam o verbo para a 3.a pessoa. São os cha

A estes I)ronomes de tratamento r)ertencem as formas de reverência

que consistem em nos dirigirmos às pessoas pelos seus atributos ou quali-

Vossa Alteza (V. A., para príncipes, duques
Vossa Eminência (V. Em.a, para cardeais)

Vossa Excelência (V. Ex.a, para altas patentes militares, ministros, Presidente da Repú-

blica, pessoas de alta categoria, bispos e arcebispos)
Vossa Magnificência (para reitores de universidade)
Vossa Majestade (V. M., para reis, imperadores)

Vossa Onipotência (para Deus - não se usa abreviadamente)'
Vossa Reverendíssima (V. Rev.ma, Dara os sace otes)

Vossa Senhoria (V. s.a, para oficiais até coronel, funcionários graduados, pessoas de

1.a) Emprega-se vossa Alteza (e demais) quando 2.a pessoa, isto é, em relação
a quem falamos, emprega-se Sua Alteza (e demais) quando 3.a pessoa, isto é, em
A A- 4r_ 1

2.a) Você, hoje usado familiarmente, é a redução da forma de reverência.Foss
Mercê. Caindo o pronome vós em desuso, só usado nas orações e estilo solene, em

3.a) O substantivo gente, precedido do artigo a e em referência a um grupo d
pessoas em que se inclui a que fala, ou a esta sozinha, passa a pronome e se emprev
fora da linguagem cerimoniosa. Em ambos os casos o verbo fica na 3.a pessoa d(

"È verdade que a gente, às vezes, tem cí as suas birras" (ALEXANDRE HERCULANO
#





Pronomes possessivos. - São os que indicam a posse em referência
às três pessoas do discurso:

SINGULAR: 1.a pessoa: meti minha meus minhas
2.a pessoa : teu tua teus tuas
3.a pessoa: seu sua seus suas

PLURAL: 1.a pessoa: nosso nossa ?IOSSOS nossas
2.a pessoa: vosso vossa vossos vossas
3.2 pessoa: seu sua SeUs suas

Pronomes demonstrativos. - São os que indicam a posição dos seres
em relação às três pessoas do discurso.
Esta localização pode ser no tempo, no espaço ou no discurso:
1.a pessoa este, esta, isto
2.a pessoa esse, essa, isso
3.a pessoa: aquele, aquela, aquilo

Este livro é o livro que está perto da pessoa que fala; esse livro é o
que está longe da pessoa que fala ou perto da pessoa com quem se fala;
aquele livro é o que se acha distante da 1.a e da 2.a pessoa.
Nem sempre se usam com este rigor gramatical os pronomes demons-
. trativos; muitas vezes interferem situações especiais que escapam à disci-
plina da gramática.
São ainda pronomes demonstrativos o, mesmo, próprio, semelhante
e tal.
O (com as variações a, os, as) equivale a isto, isso, aquilo, aquele,
aquela, aqueles, aquelas.

Não sei o que dizes.
o que me pedes é impossível.
"Sigam-me os que forem brasileiros".
Não o consentirei jamais.

O pronome o, perdido o seu valor essencialmente demonstrativo e
posto antes de substantivo, como adjunto, recebe o nome de artigo defi-
nido. Assim é que a gramática, no exemplo seguinte, considera o primeiro
os artigo definido e o segundo pronome demonstrativo:
"Os homens de extraordinários talentos são ordinariamente os de menor juízo" (Marquês
de MARICÁ).

Mesmo, próprio, semelhante e tal têm valor demonstrativo quando
denotam identidades ou se referem a seres e idéias já expressas anterior-
,mente, e valem por esse, essa, aquele, aquela, isso, aquilo:
"Depois, como Pádua falasse ao sacristão baixinho, aproximou-se deles; eu fiz a mesma
coisa" (M. DE Assis, D. Casmurro, 87).
*Não paguei uns nem outros, mas saindo de almas cândidas e verdadeiras tais promessas
são como a moeda fiduciária..." (IDEM, ibid, 202).
É proibido dizeres semelhantes coisas.

97
#





Mesmo e próprio aparecem ainda reforçando pronomes pessoais:

Ela mesma quis ver o problema.
Nós próprios o dissemos.
"Tal faço eu, à medida que me vai lembrando, convindo à construção ou reconstrução
de mim mesmo" (M. DE Assis, ibid., 203).

Pronomes indefinidos. - São os que se aplicam à 3.a pessoa quando
tem sentido vago ou exprimem quantidade indeterminada.
. Funcionam como pronomes indefinidos substantivos, todos invariá-
veis: alguém, ninguém, tudo, nada, algo, outrem.
"Ninguém mais a voz sentida
Do Trovador escutoul" (G. Dus).

São pronomes indefinidos adjetivos, todos variáveis, com exceção de
cada: nenhum, outro (também isolado), um (também isolado), certo,
qualquer (só variável em número: quaisquer), algum, cada:
"As tiras saem-lhe das mãos, animadas e polidas. Algumas trazem poucas emendas
ou nenhumas" (M. DE Assis, Vdrias Histórias, 274).
"A vida a uns, a morte confere celebridades a outros (Marquês de M~CA).

Aplicam-se a quantidades indeterminadas os indefinidos, todos variá-
veis com exceção de mais e menos: muito, mais, menos, pouco, todo,
algum, tanto, quanto, vdrios, diversos:

Mais amores e menos confiança (nunca menas!).
Com pouco dinheiro compraram diversos presentes.
Isto é o menos que se pode exigir.
Muito lhe devo.
Erraste por pouco.
Quantos não en ram neste caso 1

IOBsERY,kçXo: O pronome indefinido um pode ser usado como substantivo, prin-
èipalmente nas locuç5es do tipo cada um, qualquer um. Como adjetivo recebe o nome
de artigo indefinido.

As duplas quem... quem, qual... qual, este... este, um... outro
com sentido distributivo também são pronomes indefinidos:
"Qual se abisma nas 16bregas tristezas,
Qual em suaves júbilos discorre,
com esperanças mil nas idéias acesas" (BOCAGE).

Isto é: um se abisma. . . outro discorre.

Muitas vezes a posição da palavra altera seu sentido e sua classificação:

Certas pessoas (pron. indef.) não chegam na hora certa (adjetivo), mas em certas
horas (pron. indefinido).
Algum livro (= certo livro). Livro algum (= nenhum livro).

98
#





Em outras épocas algum podia ter sentido afirmativo ou negativo
independente de sua posição:
"Desta gente refresco algum tomamos" (CAMUs, Lustadas, V, 69).
Refresco algum = algum refresco.
"Vós a quem somente algum perigo
Estorva conquistar o povo imundo" (imm, ibid., VII, 2).
Algum perigo = nenhum perigo.

LocuçÃo PRONOMINAL INDEFINIDA. - É o grupo de palavras que vale
por um pronome indefinido. Eis as principais locuções: cada um, cada
qual, qualquer um, quem quer, quem quer que, o que quer que, seja
quem for, seja qual for, quanto quer que, o mais, alguma coisa.
"As verdades não parecem as mesmas a todos, cada um as vê em ponto diverso
de perspectiva" (Marquês de MARICÁ).

Pronomes interrogativos. - São os pronomes indefinidos quem, que,
qual e quanto, que se empregam nas perguntas:
Quem veio aqui?
"Que cabeça, senhora?"
Que compraste?
Qual autor desconhece?
Qual consideras melhor?
Quantos vieram?
Quantos anos tens?

Em lugar de que pode-se usar a forma enfática o que:
"Agora por isso, o que será feito de frei Timóteo?1 Era naquele tempo um frade
guapo e alentado 1 O que será feito dele?" (A. HERcuLANo, Lendas e Narrativas, II, 135)_

Quem refere-se a pessoas, e é pronome substantivo. Que refere-se a
"' pessoas ou coisas, e é pronome substantivo (com o valor de que coisa?)
, , ou pronome adjetivo (com o valor de que espécie?) Qual e também que,
indicadores de seleção, normalmente são pronomes adjetivos:

Em qual livraria compraremos o presente?
Em que livraria compraremos o presente?

Ressalta-se ainda a seleção antepondo ao substantivo no plural a
expressão qual dos, qual das:
Em qual dos livros encontraste o exemplo ?
OBSERVAÇÃO: Estes interrogativos saem normalmente dos pronomes indefinidos e
1 por isso costumam ser chamados indefinidos interrogativos. Aparecem ainda nas excia-
llmçõc, e neste caso o que adquire sentido francamente intensivo: Que susto levei 1
~(Compare-se com: "Que cabeça, senhora?").

Diz-se interrogação direta a pergunta que termina por ponto de inter-
Jogação e se caracteriza pela entoação ascendente: Quem veio aqui?

99
#





Interrogação indireta é a pergunta que: a) se faz indiretamente e
para a qual não se pede resposta imediata; b) é proferida com entoação
normal descendente; c) não termina por ponto de interrogação; d) vem
,depois de verbo que exprime interrogação ou incerteza (perguntar, inda-
gar, não saber, ignorar, etc.):

Quero saber quem veio aqui.

Eis outros exemplos de interrogação indireta começados pelos prono-
mes interrogativos já citados:

Ignoro que cabeça, senhora.
Indagaram-me que compraste.
Perguntei-te por que vieste aqui.
Não sei qual autor desconhece.
Desconheço qual consideras melhor.
Indagaram quantos vieram.

Pronomes relativos. - São os que normalmente se referem a um
termo anterior chamado antecedente:

Eu sou o freguês que por último compra o jornal.
(0 que se refere à palavra freguês.)

Os pronomes relativos são: qual, o qual (a qual, os quais, as quais),
cujo (cuja, cujos, cujas), que, quanto (quanta, quantos, quantas), onde.
Quem se refere a pessoas ou coisas personificadas e sempre aparece
precedido de preposição. Que e o qual se referem a pessoas ou coisas.
Que e quem funcionam como pronomes substantivos. O qual aparece
como substantivo ou adjetivo:

As pessoas de quem falas não vieram.
O ônibus que esperamos está atrasado.
Não são poucas as alunas que faltaram.
Este é o assunto sobre o qual falará o professor.
Não vi o menino, o qual menino os colegas procuram.
A casa onde moro é espaçosa.

Cujo, sempre com função adjetiva, exprime que o antecedente é pos-
suidor do ser indicado pelo substantivo a que se refere:

Ali vai o homem cuja casa comprei
(a casa do homem).

Quanto tem por antecedente um pronome indefinido (tudo, todo,
todos, todas, tanto):

Esqueça-se de tudo quanto lhe disse.

100
#





PRONOMES RELATIVOS SEM ANTECEDENTE. - Os pronomes relativos quem
e onde podem aparecer com emprego absoluto, sem referência a ante-
cedentes:

Quem tudo quer tudo perde.
Dize-me com quem andas e eu te direi quem és.
Moro onde mais me agrada.

Quem, assim empregado, é considerado como do gênero masculino
do número singular:
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

OBSERVAÇÃO: Os relativos sem antecedentes também se dizem relativos indefinidos.
Muitos autores preferem, neste caso, subentender um antecedente adaptável ao contexto.
Interpretando quem como a pessoa que, onde como o lugar em que, assim substituem:
Quem tudo quer tudo perde = a pessoa que tudo quer tudo perde.
Este duplo modo de encarar o problema tem repercussões diferentes na classificação
das orações subordinadas, conforme veremos na pág. 221.

5 - NUMERAL

Numeral é a palavra que denota nome de número.

"A vida tem uma só entrada: a saída é por cem portas"
(Marquês de MARICÁ).

Tipos de numeral. - Dividem-se os numerais em cardinais, ordinais,
multiplicativos e fracionórios.
Cardinais são osque exprimem a quantidade em si mesma ou a
quantidade certa dos seres. Respondem à pergunta quantos? quantas?.-
um, dois, três, quatro, cinco, etc.

OBSERVAÇÃO: Em vez de dois, duas, podemos empregar o numeral dual ambos,
ambas, se os seres são nossos conhecidos ou já foram expressos anteriormente:

Ambas as casas já foram alugadas.

Ordinais são os que denotam o número de ordem dos seres numa série:

primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, etc.

OBSERVAÇÃO: Oltimo, penúltimo, antepenúltimo, anterior, posterior, derradeiro, an-
tero-posterior e outros que tais, ainda que exprimam posição do ser, não têm corres-
pondência entre os numerais e por isso devem ser considerados meros adjetivos.

Multiplicativos são os que exprimem a multiplicidade dos seres. Os,
mais usados são:

duplo ou dobro, triplo ou tríplice, quádruplo, quintuplo, sêxtuplo,
séptuplo, óctuplo, nônuplo, décuplo, cêntuplo.

101
#





Fraciondrios são os que indicam frações dos seres:

avos.

OBURVAÇõFJ:
1.a) Emprega-se ainda conto, em lugar de milhílo, na expressão conto de réis.
2.a) Podem ser grafados com li ou [h os seguintes cardinais: bililo (ou bilháo),
trililo, quatrilião, quintililo, sextililo, setililo, octililo. As formas com lh alo mais
_freqüentes.

meio, terço, quarto, quinto, sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo, vigésimo, centésimo,
milésimo, milionésimo, empregados como equivalentes de metade, terça parte, quarta
parte, etc.

Para muitos fracionários empregamos o cardinal seguido da palavra

onze avos, treze avos,

Lista dos principais ordinais com o

primeiro
segundo
terceiro
quarto
quinto
sexto
aétimo
I
oitavo
nono
décimo
undécimo ou décimo primeiro -
duodécimo ou décimo segundo -
décimo terceiro
décimo quarto
Vigésimo
vigésimo primeiro
trigésimo
quadragésimo
qüinquag ' ésimo
sexagésimo
septuagésimo, setuagésimo
octogésimo
nonagésimo
centésimo
ducentésimo
trecentésimo
quadringentésimo
qüingent4simo
seiscentésimo, sexcentésimo
septingentésimo, setingentésimo
octingentésimo
nongentésimo, noningentésimo
milésimo
dez milésimos
cem milésimos
milionésimo
bilionésimo

quinze avos, etc.

cardinal correspondente:

um
dois
trés
#





quatro
cinco
seis
sete
oito
nove
dez
onze
doze (e não douze 1)
treze
quatorze, catorze
vinte
vinte e um
trinta
quarenta
cinqüenta
sessenta
setenta
oitenta
noventa
cem
duzentos
trezentos
quatrocentos
quinhentos
seiscentos
setecentos
oitocentos
novecentos
mil
dez mil
cem mil
um milhão
um bilhâo

102
#





. 3.a) A tradição da língua estabelece que, se o ordinal é de 2.000 em diante, o
primeiro numeral usado é cardinal: 2345.2 - a duas milésima trecentésima quadragé-
sima quinta. A língua moderna, entretanto, parece preferir o primeiro numeral como
ordinal, se o número é redondo: décimo milésimo aniverário.

6 - VERBO

Verbo é a palavra que, exprimindo ação ou apresentando estado ou
mudança de um estado a outro, pode fazer indicação de pessoa, número,
tempo, modo e voz.
Caetaremos é uma forma verbal, porque exprime uma ação (a de
cantar), exercida (referência à voz) pela 1.a pessoa (referência à pessoa)
do plural (referência ao número), do presente (referência ao tempo) do
indicativo (referência ao modo).

As pessoas do verbo. - Geralmente as formas verbais indicam as três
pessoas do discurso, Para o singular e o pluxal-

1.a pessoa do singular:
" pessoa do singular:
3.a pessoa do singular:

eu canto
tu cantas
ele canta

La pessoa do plural: nós cantamos
2.a pessoa do plural: vós cantais
3.a pessoa do plural: eles cantam

Os tempos do verbo. - São:

a)PREsENTE - em referência a fatos que se passam ou se estendem
ao momento em que falamos:

eu canto;

I

b) PRETÉRrro - em referência a fatos anteriores ao momento em que
falamos e subdividido em imperfeito, perfeito e mais-que-perfeito:
cantava (imperfeito), cantei (perfeito) e
cantara (mais-que-perfeito);

C) FUTURO - em referência a fatos ainda não realizados e subdividido
em futuro do presente e futuro do pretérito4
cantarei (futuro do presente),
cantaria (futuro do pretérito).

Os modos do verbo. - São:

a) INDICATIVO - em referência a fatos reais:
canto, cantei, cantarei

103
#





b) SUBJUNTIVO - em referência a fatos duvidosos, prováveis, possi-
veis, etc.

talvez cante, se cantasse

C) IMPERATIVO -
etc.:

exprime ordem, pedido, convite, conselho, súplica,

cantai.

As vozes do verbo. - São:

a) ATIVA : forma em que o verbo se apresenta para normalmente
indicar que a pessoa a que se refere pratica a ação. A pessoa diz-se neste
caso, agente da ação verbal:
eu escrevo a carta, tu visitaste o
primo, nós plantaremos a árvore.

b) PASSIVA: forma verbal que indica que a pessoa recebe a ação
verbal. A pessoa, neste caso, diz-se paciente da ação verbal:
A carta é escrita por mim, o primo foi visitado por ti, a árvore será plantada por nós.

A passiva pode ser analítica (formada com um dos verbos ser, estar,
ficar seguido de particípio) ou pronominal (formada com verbo acom-
panhado do pronome oblíquo se, que se chama, no caso, pronome
apassivador):

A casa foi alugada (passiva analítica).
Aluga-se a casa (passiva pronominal).

A passiva analítica difere da passiva pronominal em dois pontos:

1) pode apresentar o verbo em qualquer pessoa, enquanto a prono-
minal só se constrói na 3.a pessoa:
Eu fui visitado pelos meus parentes.
Nós foinos visitados pelos parentes.

2) pode seguir-se de uma expressão que denota o agente da
passiva, enquanto a pronominal, no português moderno, a dispensa obri-
gatoriamente:
Eu fui visitado pelos parentes.
Aluga-se a casa (não se diz aluga-se a casa pelo proprietário).
OBSERVAÇÃO: Em construções do tipo batizei-me, chamas-te José, há professores
que vêem passiva pronominal com pronomes oblíquos de 1.a e 2.a pessoa. Outros, porém,
não pensam assim, e interpretam o fato como um emprego da voz reflexiva, indicando
11 uma atitude de aceitação consciente do nome dado ou do batismo recebido- (j. MATOSO
CÂMARA, Diciondrio, 36).

c) REFLEXIVA: forma verbal que indica que a pessoa é, ao mesmo
tempo, agente e paciente da ação verbal, formada de verbo seguido de
pronome oblíquo de pessoa igual à que o verbo se refere:
eu me visto, tu te feriste, ele se enfeita,

104
#





O verbo empregado na forma reflexiva diz-se pronominal.
OBSERVAÇõES:
1.a) Com verbos como atrever-se, indignar-se, queixar-se, ufanar-se, admirar-se, não
se percebe mais a ação rigorosamente reflexa, mas a indicação de que a pessoa a que
o verbo se refere está vivamente afetada. Com os verbos de movimento ou atitudes
da pessoa "em relação ao seu próprio corpo" como ir-se, partir-se, e outros como
servir-se, onde o pronome oblíquo empresta maior expressividade à frase, também não
se expressa a ação reflexa. Alguns gramáticos chamam ao pronome oblíquo, nestas
últimas circunstâncias, pronome de realce.
2.a) A voz reflexiva, no plural, pode assumir sentido de reciprocidade:
Eles se odeiam (isto é, um odeia o outro).

Voz passiva e passividade. - É preciso não confundir voz passiva
e passividade. Voz é a forma especial em que se apresenta o verbo para
indicar que a pessoa recebe a ação:

Ele foi visitado pelos amigos.
Alugam-se bicicletas.

Passividade é o fato de a pessoa receber a ação verbal. A passividade
pode traduzir-se, além da voz passiva, pela ativa, se o verbo tiver sentido
passivo:

Os criminosos recebem o merecido castigo.

Portanto nem sempre a passividade corresponde a voz passiva(').

Formas nominais do verbo. - Assim se chamam o infinitivo, o parti-
cípio e o gerúndio, porque, ao lado do seu valor verbal, podem desem-
penhar função de nomes. O infinitivo pode ter função de substantivo
(recordar é viver = a recordação é vida); o particípio pode valer por
um adjetivo (homem sabido) e o gerúndio por um advérbio ou adjetivo
(amanhecendo, sairemos = logo pela manhã sairemos; água fervendo =
água fervente). Nesta função adjetiva o gerúndio tem sido apontado
como galicismo; porém, é antigo na língua este emprego.
As formas nominais do verbo, Lom exceção do infinitivo, não definem
as pessoas do discurso e, por isso, são ainda conhecidas por formas infinitas.
Possuem desinências nominais idênticas às que caracterizam a flexão dos
nomes.
O infinitivo português, ao lado da forma infinita, isto é, sem indica-
ção da pessoa do discurso, possui outra flexionada:
Infinito sem flexão
Cantar

Infinito flexionado
Cantar eu
Cantares tu
Cantar ele
Cantarmos nós
Cantardes vós
Cantarem eles

(1) Assim sendo, não se pode falar em voz passiva diante de linguagens do tipo osso duro
de roer. Houve aqui, se interpretarmos roer = de ser roído, apenas passividade, com verbo na
voz ativa. Sobre o sentido ativo ou passivo do infinitivo, veja-se página 244.

105
#





As formas nominais do verbo se derivam do tema (radical + vogal
temática) acrescido das desinências:
a) -r: para o infinitivo: canta-r, vende-r, parti-r.
b) -do: para o particípio: canta-do, vendi-do (cf. pág. 113), parti-do-
c) -ndo: para o gerúndio: canta-ntio, vende-ndo, parti-ndo.
OBsERvAçXo: O verbo vir (e derivados) forma também o seu particípio com a
desinéncia -do; mas, pelo desaparecimento da vogal temática i, apresenta-se igual ao
gerúndio: vindo (por vin-i-do) e vindo (vi-ndo).

Conjugar um verbo. - É dizê-lo, de acordo com um sistema deter-
minado, em todas as suas formas nas diversas pessoas, números, tempos,
modos e vozes.
Em português temos três conjugações caracterizadas pela vogal
temática:

1.a conjugação - vogal temática a: amar, falar, tirar.
2.a conjugação - vogal temática e: temer, vender, varrer.
3.a conjugação - vogal temática i: partir, ferir, servir.
O~AÇÃo: Não existe a 4.a conjugação; por é um verbo da 2.a conjugação cuja
vogal temática desapareceu no infinitivo.

Verbos regulares, irregulares e anômalos. - Díz-se que um verbo é
regular quando se apresenta de acordo com o modelo de sua conjugação:
cantar, vender, partir. No verbo regular também o radical não varia.
Tem-se o radical de um verbo privando-o, no infinito sem flexão, das ter-
minações -ar, -er, -ir:
am-ar, fal-ar, tir-ar, tem-er, vend-er, varr-er, part-ir, fer-ir, serv-ir.
Irregular é o verbo que, em algumas formas, apresenta variação no
radical ou na flexão, afastando-se do modelo da conjugação a que pertence:
a) variação no radical em comparação com o infinitivo:
ouvir - ouço; dizer - digo; perder - perco;
b)variação na flexão, em relação ao modelo: estou (veja-se canto),
estás (veja-se cantas, um tônico e outro átono).
Os irregulares se dividem em fracos e fortes. Fracos são aqueles cujo
radical do infinitivo não se modifica no pretérito: sentir - senti; perder -
perdi.
Fortes são aqueles cujo radical do infinitivo se modifica no pretérito
perfeito: caber - coube; fazer - fiz.
Os irregulares fracos apresentam formas iguais no infinitivo flexio-
nado e futuro do subjuntivo:
Infinitivo
Sentir
Sentires
Sentir
Sentirmos
Sentirdes
Sentirem

106

Futuro do Subjuntivo
Sentir
Sentires
Sentir
Sentirmos
Sentirdes
Sentirem
#





Os irregulares fortes não apresentam identidade de formas entre o
infinitivo flexionado e o futuro do subjuntivo:

Infinito flexionado
Caber
Caberes
Caber, etc.

Futuro. do Subjuntivo

Couber
Couberes
Couber, etc.

OBsnvAçÃo: Não entram no rol dos verbos irregulares aqueles que, para conservar
o som, têm de sofrer variação de grafia:
carregar - carrego - carreguei - carregues
ficar - fico - fiquei - fique

Não há portanto os irregulares gráficos.
Anômalo é o verbo irregular que apresenta, na sua conjugação, radi-
cais primários diferentes: ser (reúne o concurso de dois radicais, os verbos
latinos sedère e êsse) e ir (reúne o concurso de três radicais, os verbos
latinos ire, vadère e ésse).
Outros autores consideram anômalo o verbo cujo radical sofre alte-
raçoes que o não podem enquadrar em classificação alguma: dar, estar, ter,
haver, ser, poder, ir, vir, ver, caber, dizer, saber, por, etc.

Verbos defectivos e abundantes. - DEFEc:rivo é o verbo que, na
sua conjugação, não apresenta todas as formas: colorir, precaver-se,
reaver, etc.
A defectividade verbal é devida a várias razões, entre as quais a
eufonia e a significação. Entretanto, a defectividade de certos verbos não
1 se assenta em bases lógicas. Se a tradição da língua dispensa, por disso-
nante, a 1.a pessoa do singular do verbo colorir (coloro), não se mostra
igualmente exigente com a 1.a pess. do singular do verbo colorar. Por
outro lado, o critério de eufonia pode variar com o tempo e com o gosto
dos escritores; daí aparecer de vez em quando uma forma verbal que a
'1
amática diz não ser usada.
~ Quase sempre faltam as formas rizotônicas dos verbos defectivos.
.Suprimos, quando necessário, as lacunas de um defectivo empregando um
sinônimo (derivado ou não do defectivo): Eu recupero (para reaver);
eu redimo (para remir).
x~
Há os seguintes grupos de verbos defectivos, em português:
a)os que não se conjugam nas pessoas em que depois do radical
aparecem a ou o :
i
banir, brandir, carpir, colorir, delir, explodir, fremer (ou fremir), haurir, ruir,
exaurir, abolir, demolir, puir, delinqüir, fulgir, feder, aturdir, bramir, jungir, esculpir,
extorquir, impingir, pruir, retorquir, soer, espargir.

Tais verbos também não se empregam no pres. do subjuntivo, impe-
rativo negat., e no imperat. afirmat. só apresentam as segundas pessoas do
sing. e pl.

107

f

I
#





b)os que se usam unicamente nas formas em que depois do radical
vem i :

adir, aguerrir, emolir, empedernir, esbaforir, espavorir, exinanir, falir, fornir, remir,
ressequir, revelir, vagir, florir, renhir, garrir, inanir, ressarcir, transir, combalir.

c) oferecem particularidades especiais:

precaver (-se) e reaver. No pres. ind. só. têm as primeiras pessoas
do plural : precavemos, precaveis; reavemos, reaveis.
Imperativo: precavei, reavei.
Faltam-lhes o imperat. neg. e pres. do subj. No restante conjugam-se
normalmente.

2 - adequar, antiquar : cabem-lhes as mesmas observações feitas ao
grupo anterior.

3 - grassar e rever (=destilar): só se usam nas terceiras pessoas.

derno são:

OBSERVAÇõES:
1.a) Muitos verbos apontados outrora como defectivos são hoje conjugados inte-
gralmente: agir, advir, compelir, desmedir-se, discernir, embair, emergir, imergir, fruir,
polir, prazer, submergir. Ressarcir (cf. b) e refulgir (que alguns gramáticos só mandam
conjugar nas formas em que o radical é seguido de e ou i) tendem a ser empregados
como verbos completos.
2.a) Os verbos que designam vozes de animais geralmente só aparecem lias terceiras
pess. do sing. e plural, em virtude de sua significação, e são arrolados como defectivos.
3.a) Também são considerados defectivos os verbos impessoais (pois não se referem
a sujeito), que só são empregados na terceira pess. sing.: Chove muito, Relampeja.
Quando em sentido figurado, os verbos desta observação, como os da anterior, conju-
gam-se em quaisquer pessoas: Chovam as bênçaos do céu.

ABUNDANTE é o verbo que apresenta duas ou três formas de igual
valor e função: havemos e hemos; constrói e construi; pagado e pago;
nascido, nato, nado (pouco usado).
Normalmente esta abundância de forma ocorre no particípio.

Os principais verbos que gozam deste privilégio, no português mo-

a) comprazer e descomprazer:

Pret. perf. ind. : comprazi, comprazeste, comprazeu, etc. ou comprouve, comprouveste,
comprouve, etc.
M.-q-perf. ind. : comprazera, comprazeras, comprazera, etc. ou comprouvera, comprou-
veras, comprouvera, etc.

Imperf. subj. - comprazesse, comprazesses, comprazesse, etc. ou comprouvesse, comprou-
vesses, comprouvesse, etc.
Fut. subj. : comprazer, comprazeres, comprazer, etc. ou comprouver, comprouvews,
comprouver, etc.

108
#





b) construir e seu grupo:

Pres. ind. : construo, construis (ou constróis), construi (ou constrói), construímos,
construis, construem (ou constroem).
Imper. afirm. : construi tu (ou constrói).
Assim se conjugam desconstruir, destruir, estruir, reconstruir.

c) entupir e desentupir:
Pres. ind. : entupo, entupes (ou entopes), entupe (ou entope), entupimos, entupis,
entupera (ou entopem).
Imper. afirm. : entupe (ou entope), entupi.
OBSERVAÇÃO: O o das formas abundantes é de timbre aberto.

d) haver:
Pres. ind. : hei, hás, há, havemos (ou hemos), haveis (ou heis), hão.
Imper. afirm. : há, havei.

e) ir:
Pres. ind. : vou, vais, vai, vamos (ou imos), ides (is é forma antiga), vão.

f) querer e requerer:
Pres. ind.: quero, queres, quer (ou quere), queremos, quereis, querem, requeiro,
requeres, requer (ou requere), requeremos, requereis, requerem.
Quere e requere são formas que só têm curso em Portugal; quere é criação recente
(séc. xix-xx, sem adoção geral) e requere é forma já antiga na língua, sendo requer
de data recente.

g) valer:
Pres. ind. : valho, vales, vale (ou val), valemos, valeis, valem.
Val é forma antiga e ainda hoje corrente, maxime em Portugal.

h) imperativo dos verbos em -zer, -zir.
Podem perder o -e na 2.a pessoa sing.: faze tu (ou faz); traduze tu (ou traduz).
São freqüentíssimos os exemplos literários com os verbos dizer, fazer, trazer e traduzir.

i) particípio de numerosos verbos.

Existe grande número de verbos que admitem dois (e uns poucos até
três) particípios: um regular, terminado em -ado (1.a conjugação) ou -ido
(2.a e 3.a conjugação, cf. pág. 113), e outro irregular, proveniente do
latim ou de nome que passou a ter aplicação como verbo. Eis uma relação
dessas formas duplas de particípio, indicando-se entre parênteses se ocorrem
com a voz ativa ou passiva, ou com ambas:

Infinitivo Particípio regularParticípio irregular
aceitar aceitado (a., p.)aceito (p.), aceite (p.)
assentar assentado (a., p)assento (p.), assente (p.)
entregar entregado (a., p.)entregue (p.)
enxugar enxugado (a., p.) enxuto (p.)

109
#





expressar expressado (a., p.)expresso (p.)
expulsar expulsado (a., p.)-pulso (P.)
fartar fartado (a., p.)farto (P.)
findar findado (a., p.)findo (P.)
ganhar ganhado (a., p.)ganho (a., p.)
gastar gastado (a.) gasto (a., p.)
isentar isentado (a.) isento (p.)
juntar juntado (a., P.)junto (a., P.)
limpar limpado (a., P.)limpo (a., p.)
matar matado (a.) morto (a., P.)
pagar pagado (a.) pago (a., p.)
salvar salvado (a., P.)salvo (a., P.)
acender acendido (a., p.)aceso (P.)
desenvolver desenvolvido (a., P.)desenvolto (a., p.)
eleger elegido (a.) eleito (a., P.)
envolver envolvido (a., p.)envolto (a., p.)
prender prendido (a., p.)preso (p.)
suspender suspendido (a., p.)suspenso (p.)
desabrir desabrido desaberto
erigir erigido (a., p.)erecto (p.)
exprimir exprimido (a., P.)expresso (a., p.)
extinguir extinguido (a., p.)extinto (p.)
frigir frigido (a.) frito (a., p.)
imprimir imprimido (a., P.)impresso (a., p.)
inserir inserido (a., p.)inserto (a., p.)
tingir tingido (a., p.)tinto (p.)

OBSERVAC16ES :

1.a) Em geral emprega-se a forma regular, que fica invariável com os auxiliares
ter e haver, na voz ativa, e a forma irregular, que se flexiona em gênero e número,
com os auxiliares ser, estar e ficar, na voz passiva.
Nós temos aceitado os documentos.
Os documentos têm sido aceitos por nós.
Há outros particípios, regulares ou irregulares, que se usam indiferentemente na
voz ativa (auxiliares ter ou haver) ou passiva (auxiliares ser, estar, ficar), conforme
se assinalou entre parénteses.

2.a) Há una poucos particípios irregulares terminados em -e, era geral de intro-
duçáo recente no idioma: entregue (o mais antigo), aceite, assente, empregue (em
Portugal).

Locução verbal. Verbos auxiliares. - Chama-se locuçjo verbal a
combinação das diversas formas de um verbo auxiliar com o infinitivo,
gerúndio ou particípio de outro verbo que se chama principal: hei de
estudar, estou estudando, tenho estudado. Muitas vezes o auxiliar em.
presta um matiz semántico ao verbo principal, dando origem aos chamados
aspectos do verbo.
Entre o auxiliar e o verbo principal no infinito pode aparecer ou
não uma preposição (de, em, por, a, para). Na locução verbal é somente
o auxiliar que recebe as flexões de pessoa, número, tempo e modo: have-
remos de fazer, estavam por sair, iam trabalhando, tinham visto.

110







palavras são compostas. Estes radicais podem ser livres, isto é, usados
independentemente na língua (como guarda-chuva) Ou Presos, isto é, não
são usados isoladamente (como agrícola ~ agr + i +cola, lanigero
lan + i + gero).
Nas palavras compostas com radicais livres, do tipo guarda-chuva,
persiste, como é fácil de observar, a individualidade de seus componentes.
Esta individualidade se traduz: a) na escrita, pela mera justaposição de
um radical a outro, normalmente separados por hífen; b) na pronúncia,
pelo fato de ter cada radical seu acento tônico, sendo o último o mais
forte e o que nos orienta na classificação da posição do acento nas palavras
compostas (por isso que couve-flor é oxítono e guarda-chuva é paroxí-
tono)('). Em tais casos dizemos que as palavras são compostas por jus-
taposição.
Chamamos aglutinação o processo de formar palavras compostas pela
fusão ou maior integração dos dois radicais subordinados a um só acento
tônico: planalto, fidalgo, lanigero, agrícola.
"A adaptação da primeira palavra pode ser de quatro espécies: 1)
mudança da parte final em relação à mesma palavra quando isolada; ex.:
lobis - (comparar - lobo, em lobisomem); 2) redução da palavra ao seu
elemento radical; ex.: Planalto, onde plan- é o radical de plano (o com-
posto indica um solo plano e alto numa montanha); 3) elemento radical
alterado em relação à palavra quando isolada; ex.: vinicultura (vip-, mas
vinh- em vinha "árvore da uva")- 4) elemento radical que não aparece
em português em palavra isolada; ex.: agricultura (a agr corresponde, em
palavra isolada, campo) (2).
* A segunda palavra pode ocorrer com as seguintes alterações: "1) com
mudança na parte final; ex.: monocórdio (instrumento de uma só corda);
2) com o elemento radical alterado; ex.: vinagre (um vinho que é acre);
3) com um elemento radical diverso do que a correspondente palavra
isolada; ex.: agrícola (ao elemento de composição cola corresponde a idéia
de habitar ou cultivar)"(8).

Conceito de raiz ou radical primário. - Chama-se raiz, em gramá.
tica descritiva, ao radical primário ou irredutivel a que se chega dentro
da língua portuguesa e comum a todas as palavras de uma mesma família.
Se tomarmos um vocábulo como desregularizar(4), facilmente pode-
mos surpreender diversos graus de radical; o primeiro, destacando-se-lhe
a vogal temática e a desinència de infinito, é desregulariz- (que aparece
em desregularização); este radical pode ser reduzido, por destaques suces-

(1) Cf. pág. 57 n. 1.
(2) J. MAToso CA~A Jr., Teoria da ~liso Léxica, 95.
(3) Cf. J. MAToso CAmAxA Jr., Teoria da Andlise Léxica, 95.
(4) U J. MAToso CUARA Jr., Diciondrio de Fatos Gramaticais , 177. Para estudos mais
adia~tados veja-se SAussuRz, Cours de Linguistique Générale, 253 e E. NmA, Morphology (cap.
de introduçáo).

170
#





sivos, a: regulariz (sem o prefixo) > regular (sem a desinéncia) > regul
(cf. o latim regúla) > reg (que aparece em reger, régua). Este último
radical que constitui o elemento irredutível e comum a todas as palavras
do grupo chama-se primário e coincide, em relação à língua atual, com
a raiz. Regul- é um radical secundário (ou do 2.0 grau), como regular-
um radical terciário (ou do 3.0 grau), e assim por diante.
OBSERVAÇÃO: Não interessa à gramática descritiva o conceito de raiz' do ponto
de vista histórico, que só é válido para a gramática histórica. Há freqüentes divergências
entre o estabelecimento de uma raiz dentro dos dois tipos de gramática; assim é que
enquanto para a histórica não há raiz ed- em comer (do latim comedere, de edere
comer), a descritiva a estabelece em com- (cf. com-ida, com-flão, com-flança).
A raiz ou radical primário pode apresentar variação ou variações;
assim, a raiz reg- se altera em regr- (em regra, regrar, desregrar).

Palavras cognatas. - Chamam-se cognatas as palavras que pertencem
a uma família de raiz e significação comuns: corpo, corporal, incorporar,
corporação, corpúsculo, corpanzil; fugir (em foges, temos a raiz alterada),
fugaz, refúgio, subterfúgio, trânsfuga.

Constituintes imediatos. - Em análise mórfica é importante ter em
conta o princípio dos constituintes imediatos para que não se façam con-
fusões no plano descritivo da classificação morfológica e se estabeleçam
as possíveis gradações de estrutura. Assim é que diante de uma forma
como descobrimento não iremos enquadrá-la no grupo das palavras cha-
madas parassintéticas (considerando des + cobri + mento); trata-se de um
derivado secundário cujos constituintes imediatos são o radical secundário
descobri- e o sufixo ment (o). Em arduamente desprezaremos a desinência
de feminino -a- (válida no vocábulo árdua) e analisaremos os constituintes
imediatos: ardua+mente, sendo ardua- o radical secundário. Também
em desrespeitosamente os constituintes imediatos são desrespeitosa (por
destaques sucessivos > respeitosa > respeit > speit, este último radical
primário ou raiz). Em cantorezinhos temos os constituintes imediatos
cantor (es) e zinho (s), depois cantor e finalmente cant-or. Nessa grada-
ção de elementos componentes de uma estrutura morfológica, nota-se que
há certa ordem em sua distribuição; destacam-se primeiro, como nos
constituintes imediatos, os elementos externos característicos da flexão, se-
guidos de elementos internos característicos do processo de transformação
dos vocábulos. Em nosso último exemplo, os externos de natureza fle-
xional são r?,resentados pelas desinências de plural: cantor (es) e zinho(s),
enquai elementos internos são indicados pelos sufixos diminutivos
de cantor-zinho (derivação sufixal) e pela desinència de nome de agente
em cant-or (derivação sufixal).
Variantes dos elementos mórficos. - É comum a variante de deter-
minado elemento mórfico. Assim, altera-se a raiz em reger (reg-) e regra
(regr-) ou fazer (faz-) e fiz; a desinência modo-temporal do pretérito im-
perfeito -va- (na 1.a conjugação) ou -a- (na 2.a e 3.a conj.) passa a -ve-

171
#





ou -e-, respectivamente, na 2.a pessoa do plural, pelo contato do i de is da
desinência pessoal (amavas, amáveis, vendias, vendíeis; partias, partíeis)'.
A forma livre caber (em descaber) apresenta, por exemplo, uma
variante mórfica presa -ceber (em receber; perceber, etc).
Tais variantes se chamam alomorfes.

Neutralização nos elementos mórficos. - já vimos que os elementos
mórficos são dotados de significação externa (como o radical) ou interna
puramente de noção gramatical (como o sufixo ou a desinência). Cha-
ma-se neutralização ao desaparecimento, na palavra, de uma indicação que
anula a oposição entre ela e dada palavra de outra classe ou a aproximação
entre dada palavra e o seu paradigma. A neutralização pode ocorrer, prin-
cipalmente, por homonímia ou por desaparecimento do elemento mórfico.
Exemplo de homonímia: a) a vogal temática da 2.a conj. é, como vimos
na página 113, e; esta vogal, entretanto, passa a i no pret. imperfeito e no
particípio, o que anula a oposição com a 3.a conj., porque ficam iguais
nestas formas: vendia, partia; vendido, partido; b) por outro lado a vogal
temática da 3.a conj. (i) passa a e quando átona, isto é, 2.a e 3.a pessoa
singular e 3.a pessoa do plural do pres. ind. e 2.a pessoa sing. imperativo,
anulando a oposição entre a 2.a e 3.a conjugações: partes, vendes; parte,
vende; pai-tem, vendem; parte tu, vende tu. Também em falaram a análise
mórfica auxiliada pelo contexto dirá existir a 3.a pessoa pl. do pret. perf.
ind. (fal-a-ram), ou do pret. m-q.-perf. (fal-a-ra-m).
Exemplos de desaparecimento: a) pelo queda da vogal temática do
verbo vir (i), anula-se a oposição entre o gerúndio e o particípio (cf. pag.
185): vindo (gen), vindo (part.); b) pela queda da vogal temática no
infinitivo por, este verbo ficou aparentemente afastado da 2.a conj., che-
gando, durante muito tempo, a constituir pretexto para falsa 4.a conj. em
português. Cf. pág. 106.
Em pires, como nos paroxítonos com s no final, há neutralização do
número, cuja depreensão só é permitida pelo contexto.

Subtração nos elementos mórficos. - Até aqui temos visto a indi-
cação de uma noção gramatical através de uma adição de determinado
elemento mórfico: livros (onde s é desinência de plural), amas (onde s é
desinência de 2.a pess. sing.).
Mas a indicação pode nascer da subtração de determinado elemento
mórfico. Assim dizemos que livro é singular (uma noção gramatical) em-
bora não haja desinência especial; é a oposição com o plural livros que
nos leva a classificar livro como singular. Também a forma verbal ama
pertence à 1.a ou 3.a pess. sing., pela comparação com amas ou qualquer
outra pessoa do plural.
Dizemos então que o elemento mórfico é subtrativo ou zero(').

(1) Cf. E. NIDA, Morphology, e J. MATOSO CÂMARA JR., Princípios de Lingüística Geral,
75 e 90.

I

172
#





Acumulação nos elementos mórficos. - Muitas vezes um elemento
mórfico utilizado para certa noção pode, por acumulação, servir também
para determinar outra noção desprovida de elemento característico (ele-
mento mórfico subtrativo). As desinências de pessoas especiais para o
pret. perfeito (-i, -ste, -u, -stes, -ram) - cf. pág. 114, acumulam as funções
de desinência modo-temporal por não existir nestas formas verbais. Assim
é que, embora haja elemento mórfico subtrativo, sabemos que cantei,
vendi e parti, por exemplo, estão na 1.a pess. sing. (função essencial da
desinência i) do pret. perf. ind. (função acumulativa da referida
desinência).

Fusão nos elementos mórficos. - Os elementos mórficos podem
combinar-se por justaposição ou por fusão. Em livros juntou-se ao radical
primário a desinência de número -s-, justaposta. No plural canais (ca-
nal + es) ou funis (funil + es) a integração do radical e desinència é mais
íntima, não permitindo a análise dos dois elementos fundidos. No pri-
meiro exemplo (cana-i-s) a fusão deu origem a um ditongo, enquanto no
segundo (funis) favoreceu uma crase (funil + es = funi (l)es > funiis
> funis). Na 1.a pess. sing. e 2.a pess. pl. do pret. perf. da 3.a conjug.
há crase resultante da fusão da vogal temática com a desinência pessoal:
parti ( < partii), partis ( < partiis).
A aglutinação é um caso de fusão e, às vezes, pode ser tão íntima que
o sentimento de linguagem moderno não perceba os dois elementos justa-
postos que a análise histórica patenteia. Dessarte, a gramática descritiva
vê em relógio uma palavra simples, cujo radical é relog-; a histórica
remonta aos dois radicais hora lógio (isto é, máquina que "diz a hora") (1).
O sufixo adverbial -mente foi primitivamente um substantivo de for-
ma livre que se juntava aos femininos de adjetivos: boa mente, clara
mente; depois houve maior integração dos dois elementos porque a forma
livre passou a ser usada como afixo (forma presa) formador de advérbios.
Foi desta aplicação de um vocábulo como forma presa (afixo) que se
originaram, para o português, o futuro do presente (trabalharei) e do
pretérito (trabalharia), pois se uniram ao infinito (trabalhar) o pre-
sente e o pret. imperfeito do verbo haver (dar hei, dar hia, por havia).
Passando as formas do verbo haver a constituir parte da desinência
modo-temporal (trabalharei desdobra-se em trabalh-a-re-i, trabalharia em
trabalh-a-ria, cf. pág. 114), a gramática descritiva considera as nossas duas
formas de futuro como tempo simples.

Suplementação nos elementos mórficos. - O ponto alto de uma
irregularidade em relação ao paradigma da forma regular de determinado
elemento mórfico é o processo chamado suplementação (ou alternância
supletiva), que consiste em suprir uma forma com outra oriunda de

(1) J. MATOSO CAMARA Jr., Teoria da Análise Léxica, 95.

I

173
#





radical diferente. O nosso verbo ser é anômalo (cf. Pág. 107) porque, nas
suas flexões, pede o concurso de dois verbos: esse e sedére; também ir está
neste caso, pois, além de suas formas próprias, possui as dos verbos vadére
e esse.

A intensidade, a quantidade e o timbre e os elementos mórficos. -
Muitas vezes, em lugar de uma forma lingüística, a intensidade, a quanti-
dade e o timbre servem para ressaltar uma noção gramatical. já vimos,
na pág. 54, como o acento intensivo se mostra decisivo para distinguir o
adjetivo, o verbo e o substantivo em sábia, sabia e sabiá.
A maior demora numa sílaba em regra traduz uma ênfase no signi-
ficado da palavra (cf. pág. 55):
"Idiota 1 Trezentos e sessenta contos não se entregam nem à mão de Deus Padre 1
Idiota 1 Idioota 1... Idi~ota...- (M. LOBATO, Cidades Mortas, 219).

A desinència do mais-que-perfeito do indicativo -ra- (variante -re, cf.
pág- 113) difere da semelhante que ocorre no futuro do presente, Porque
aquela é átona e esta é tônica: cantara (cant-a-ra) e cantará (cant-a-rá),
cantaras (cant-a-ra-s) e cantarás (cant-a-rá-s).
A mudança de timbre concorre com a desinéncia da palavra para
caracterizar o gênero, o número ou a pessoa do verbo: caroço (singular
com o tônico fechado) --> caroços (plural com o tônico aberto).
ovo -> ovos; firo --> feres. Em avdlavó a mudança de timbre foi o único ele-
mento empregado para distinguir o gènero. Em Portugal, em geral, é o timbre aberto
ou fechado da vogal tônica que distingue a 1.a pess. plur. do presente do ind. e do
pret. perfeito dos verbos da 1.a e 2.a conjugações: levamos (à) (presente) , levamos (à)
(pretérito), devemos (é) (presente), devemos (é) (pretérito). No Brasil não fazemos
em regra esta distinção, que fica, em geral, a cargo de advérbio adequado.

B) 2 - Formação de palavras

Palavras indivisíveis e divisíveis. - INDIVISNEL é a palavra que só
possui como elemento mórfico o radical: mar, sol, ar, é, hoje, lápis, livro.

DIVISíVEL é a palavra que, ao lado do radical, pode desmembrar-se em
outro ou outros elementos mórficos:

mares (mar-e-s), alunas (alun-a-s), trabalUvamos (trabalh-d-va-mos).

Palavras divisíveis simples e compostas. - Diz-se SIMPLEs a palavra,
divisível que só possui um radical. Os outros elementos mórficos que a
compõem ou são de significação puramente gramatical ou acrescentam
ao radical a idéia subsidiária que denotam os afixos (prefixos ou sufixos).
Por causa desta nova aplicação de sentido que os afixos comunicam
ao radical, as palavras simples se dividem em primitivas e derivadas.

174
#





Primitiva é a palavra simples que não resulta de outra dentro da
língua portuguesa:

livro, belo, barcDerivada é a palavra simples que resulta de outra fundamental:
livraria, embelezar, barquinho.
ComposTA é a palavra que possui mais de um radical:
guarda-chuva, lanigero, planalto, fidalgo.

Tanto as palavras simples (primitivas ou derivadas) como as com.
postas podem ser acrescidas de desinéncias, que servem para exprimir uma
categoria gramatical (flexão) que, nos nomes e pronomes, traduz as noções
de género e número e, nos verbos, número, pessoa, tempo e modo:

a) primitivas flexionadas: livros, meninas
b) derivadas flexionadas: livrarias, meninadas
c) compostas flexionadas: couves-flores, guarda-livros, fidalgas

Quando a palavra é constituída de vários elementos mórficos, cabe,
antes de mais nada, estabelecer o princípio dos constituintes imediatos (cf.
pág. 171). Analisando, por exemplo, fidalgotes, estabeleceremos que a
palavra é primeiramente formada de fidalgote + desinéncia do plural s,
através de fidalg(o) + sufixo diminutivo -ote e finalmente da locução
filho de algo.

Proceam de formação de palavras. - Dois são os principais processos
de formação de palavras em português:

a) composição
b) derivação

A COMPOSIÇÃO consiste na criação de uma palavra nova composta por
meio de duas ou mais outras cujas significação depende das qIje encerram
as suas componentes.

1) Substantivo + substantivo:
a) C~ENAÇÃO: 1 - (quando o determinante precede): mãe-pdtria, papel-moeda;
2 - (quando o determinante vem depois): peixe-espada, carro-dormitório, couve-flor,
b) SUBORDINAÇÃO: arco-íris, estrada de ferro, pdo-de-ló.

2) Substantivo + adjetivo (ou vice-versa):
aguardente, obra-prima, fogo-fátuo, belas-artes, baixa-mar, boquiaberto.

3) Adjetivo + adjetivo:
surdo-mudo, luso-brasileiro, auriverde.

175
#





4) Pronome + substantivo:
Nosso Senhor, Sua Excelència.

5) Numeral + substantivo (inclusive numeral latino):
onze-letras (alcoviteira), segunda-feira, bisneto, trigêmeo, sesquícentenário
(sesqui = um e meio).

6) Advérbio (bem, mal, sempre) + substantivo, adjetivo ou verbo:
benquerença, benquisto, bem.querer, malcriação (inutilmente corrigido para má-criação),
malcriado, sempre-viva.

7) Verbo + substantivo.
lança-perfume, porta-voz, busca-pé, passa-tempo.

8) Verbo + verbo ou verbo + conjunção + verbo:
vaivém, leva-e-traz, corre-corre.

9) Verbo + advérbio:

pisa-mansinho, ganha-pouco.

10) Um grupo de palavras ou uma frase inteira pode condensar-se numa
classe de palavra:
um Deus-nos-acuda, mais vale um toma que dois te darei, os disse-me-disse.

Como já vimos na pág. 170, a associação dos componentes das pala-
vras compostas se pode dar por:

a) justaposição: guarda-roupa, mãe-pátria, vaivém.
b) aglutinação: planalto, auriverde, fidalgo.

"Na análise mórfica de um composto por justaposição, separam-se
primeiramente as duas palavras, e, depois, procede-se à separação de cada
uma delas, se são divisíveis"(').

Derivação. - Derivação consiste em~ formar palavras de outra primi-
tiva por meio de afixos.
Os afixos; se dividem, em português, em prefixos (se vêm antes do
radical) ou sufixos (se vêm depois). Daí a divisão em derivação prefixal
e sufixal.
DERivAçÃo SUFIXAL: livraria, livrinho, livresco.
DERIVAÇÁO PREFIXAL: reter, deter, conter.

OBsERvAçÃo: Como vimos na pág. 169, os prefixos assumem um valor significativo
que empresta ao radical um novo sentido, patenteando, assim, a sua natureza de ele.
mento mórfico de significação externa subsidiária.
Baseados nisto, a gramática antiga e vários autores modernos fazem da prefixação
um processo de composição de palavras.

(1) J. MATOSO CÂmARA Jr., Teoria da Andlise Léxica, 94.

176
#





Sufixos. - Os sufixos dificilmente aparecem com uma só aplicação;
em regra, revestem-se de múltiplas acepções e empregá-los com exatidão,
adequando-os às situações variadas, requer e revela completo conhecimento
do idioma. A noção de aumento corre muitas vezes paralela à de coisa
grotesca e se aplica às idéias pejorativas: poetastro, mulheraça. Os sufixos
que formam nomes diminutivos traduzem ainda carinho: mãezinha, pai-
zinho, maninho. Por fim, cabe assinalar que temos sufixos de várias
procedências, sendo os latinos e gregos os mais comuns.

I - Principais sufixos formadores de substantivos.

1) Para a formação de nomes de agente:

-dor, -tor, -sor, -or: narrador, genitor, ascensor, cantor
-nte estudante, requerente, ouvinte
-ista dentista, jornalista
-eira, -eiro : lavadeira, padeiro
-dria, -drio : bibliotecária, secretário

2) Para a formação de nomes de ação ou resultado de ação; estado;
qualidade:
a) Derivados de verbo:
-ção, -são : coroação, perdição, compreensão
-mento : casamento, descobrimento
-ura, -dura, -tura : feitura, mordedura, formatura
-ança (-dncia), -ença (-ência): mudança, esperança. parecença, abundância
b) Derivados de substantivo:
-ada laçada, braçada
-ura cintura

c) Derivados de adjetivos :
-ismo : charlatanismo, civismo
-tude, -dão: amplitude, amplidão, solidão
-ura : doçura, brancura
-e.-a, -ez: beleza, viuvez

3) Para significar lugar, meio, instrumento:

-douro, -doura: bebedouro, manjedoura _or corredor
-tério : necrotério 41 covil
-tório : dormitório 1
4) Para significar abundància, aglomeração, coleção:

-aria, -ario, -cria : cavalaria, infantaria (ou infanteria), casario
-al: laranjal, cipoal
-edo : arvoredo
-io: mulherio
-ame, -ume, -um: velame, ers-um, mulherum, hornum, negrume
-agem : folhagem
-ada boiada
-aço chumaço

177
#





5) Para significar causa produtora, lugar onde se encontra ou se faz
a coisa denotada pela palavra primitiva:

-drio : relicário, herbanário
-eiro, -eira : açucareiro, chocolateira
-aria : livraria, mercearia

6) Para formar nomes de naturalidade:

-ano, -Jo, -eu: pernambucano, coimbrâo, liebreu, caldeu.
-ense, -és: cearense, (português -enho: estremenho)
-ista : paulista
-ol: espanhol
-oto: minhoto (6)
-ato: maiato (natural de Maia)
-ino: platino, bragantino
-eiro : brasileiro
-eta : lisboeta

7) Para formar nomes que indicam maneira de pensar; doutrina que
alguém segue; seitas; ocupação relacionada com a coisa expressa pela pala-
vra primitiva:

-ismo: cristianismo, classicismo
-ista : socialista, espiritista
-ano: maometano, anglicano

8) Para formar outros nomes técnicos usados nas ciências:

-ite: emprega-se para as inflamações. pleurite, rinite, bronquite.
-ema: é utilizado nos modernos estudos de linguagem com o sentido de "mínima
unidade distintiva": fonema (menor unidade de som); morfema (menor unidade
significativa de forma).
-oso e -ico: distinguem óxidos, anídridos, ácidos e sais, reservando-se o último para
os compostos que encerrem maior proporção do metalóide empregado; ex.: cloreto
mercuroso, cloreto mercúrico. Ato, -eto, -ito formam nomes de s.-.is: cIorato, cloreto,
clorito. Ex.: clorato de potássio, cloreto de sódio. Para os sais de enxofre usa-se o
radical sulf: sulfeto, sulfito, e não sulfur, que é forma latina. Ex.: sulfato de quinino,
hipossulfito de sódio. Para os de fósforo usa-se o radical fosf, para os de flúor flu: fos-
fato, fluato. Para os de carbônio, o uso vulgar aceitou as formas carbonato, bem
derivada, e carbureto (em vez de carboneto), que denota influência francesa. Ex.: bi-
carbonato de sódio, carbureto de cálcio. Énio caracteriza carbonetos de hidrogénio, ex : :
acetilênio, etilênio, metilênio, etc. Ilio aparece em certos compostos chamados radicais
químicos, como amílio, metílio, etc. Ina se encontra em alcaIóides e álcalis artificiais,
ex.: atropina, alcalóide da beIadona; cafeína, do café; cocaína, da coca; codeína, da
papoula; conicina, da cicuta; estricnina, da noz-vômica; morfina, da papoula; nicotina,
do fumo; quinina, da quina; teína, da árvore do chá, etc.: anilina, alizarina, etc. Io
aparece em corpos simples, ex.: silício, telúrio, selénio, sódio, potássio, etc. O1 se
encontra em derivados de hidrocarbonetos, ex.: fenoI, naftol, etc. A mineralogia e a
geologia têm também sufixos tomados em sentidos particulares: -ita para espécies
minerais, ex.: pirita; -ito para as rochas, ex.: granito e -ite para fósseis, ex.: amonite(l).
-oma designa tumor: epitelioma

(1) ANTzNoR NASCZNTZS, O Idioma Nacional, 3.a ed., 123-124.

178
#





II - Principais sufixos de nomes aumentativos e diminutivos:

1) Aumentativos:

-do, -zão : cadeiráo, homenzão
-arro, -arrão, -zarrão : naviarra, bebarro, santarrão, coparráo, homenzarrão
-eirílo : vozeirão
-aço, -aça : ricaço, barcaça, copaço
-astro : poetastro, politicastro
-alho, -alha, -alhão: politicalho, muralha, grandalháo
-anzil : corpanzil
-dzio : copázio
-uça: dentuça
-eima: guleima, guloseima, boleima
-anca: bicanca
-asco : penhasco
-az: fatacaz
-ola : beiçola
-orra : cabeçorra
-eirílo: chapeirlo, toleirão

2) Diminutivos:

-inho, -zinho, -im, -zim : livrinho, florzinha, espadim, valzim (1)
-ito, xito : copito, amorzito
-ico: namorico, veranico
-isco : chuvisco, petisco
-eta, -ete, -eto : saleta, diabrete, livreto
-eco : livreco, padreco
-ota, -ote, -oto : ilhota, caixote, perdigoto
.ejo: lugarejo, animalejo
-acho : riacho, fogacho
-ela : magricela
-iola : arteríola
-ola : camisola (também tem sentido aumentativo quando designa a camisa
longa de dormir), rapazola (cf. -íola)
-ucho: gorducho, papelucho
-ebre : casebre
-ula, -ulo, -cula, -culo: nótula, glóbulo, radícula, corpúsculo
-alho, -elho, -ilho, -olho, -ulha : ramalho, rapazelho, pesadilho, ferrolho, bagulho
-aça, -aço, -iça, -iço : fumaça, caniço, nabiça
-el: cordel

(1) Se o vocábulo é masculino e termina em -a, este a reaparece quando se lhe acres-
centa o sufixo -inho. O mesmo acontece se é feminino em -o ou singular em -3: Jarbas -.> Jar-
binhas; Carmo (Jolo do) --> Carminho; o Maia -+ o Mainha. (Nota que me foi fornecida por
Martinz de Aguiar.)

179
#





III - Principais sufixos para forinar adjetivos:

-(d)io, -(d)iço: fugidio, movediço (todos tirados do tema do particípio
-vel, -bil: notável, crível, solúvel, flébil, ignóbil
-ento, -(1)ento: cruento, corpulento
-oso: bondoso, primoroso
-onho: medonho, risonho
-az: mordaz, voraz
-udo: barrigudo, cabeçudo
4cio : acomodatícío
-drio, -eiro : diário, ordinário, verdadeiro, costumeiro
-ano: humano
-esco, -isco: dantesco, principesco, mourisco
-ático: problemático, aromático
-eno terreno
-ico público
-engo : mulherengo, avoengo
-al, -ar: anual, escolar
-aico : prosaico
-estre : campestre
-este : celeste
-douro: vindouro, imorredouro
-tório : expiatório, satisfatório
-ivo : afirmativo, lucrativo
-eícea,, -úceo (em família de plantas) : liliáceas, papilonáceos

IV - Principais sufixos para foi-mar verbos:

1) Para indicar ação que deve ser praticada ou dar certa qualidade
a uma coisa (verbo causativo):

-ant (ar): quebrantar
-it (ar): periclitar, debilitar
-iz (ar): civilizar, humanizar, realizar

2) Para indicar ação repetida (verbos freqüentativos):

-aç (ar): espicaçar, adelgaçar
ej (ar): mercadejar, voejar

3) Para indicar ação pouco intensa (verbos diminutivos):

it(ar): saltitar, dormitar

OBSERVAÇÃO: Muitos verbos exprimem esta idéia por se formarem de nomes dimi-
nutivos: petisco + ar = petiscar; chuvisco + ar = chuviscar; cuspinho + ar =
cuspinhar.

4) Para indicar início de ação ou passagem para um novo estado ou
qualidade (verbos incoativos):

ec(er): alvorecer, anoitecer, apodrecer, endurecer, enfurecer
esc (er): florescer

180
#





V - Sufixo para formar advérbio:

-mente (junta-se a adjetivo na forma feminina, quando houver):
claramente, sinceramente, sossegadamente, simplesmente, horrivelmente, enormemente,
primeiramente.

OBSERVAÇÃO: Os nomes terminados em -és e alguns terminados em -or, porque
110 português antigo só tinham uma forma para os dois gêneros, não se apresentam
110 feminino: portuguesmente, superiormente.
Os advérbios em -mente podem ser distribuídos em três classes, conforme o sentido
(10 adjetivo de que se forma(l):
1) exprimem uma idéia de qualidade: claramente, sinceramente, simplesmente,
horrivelmente;
2) exprimem uma idéia de quantidade ou medida: copiosamente, imensamente,
enormemente;
3) exprimem uma idéia de relação de dois seres independente um do outro; entre
as idéias de relação citamos as de tempo e lugar: primeiramente, anteriormente,
atualmente.

Prefixos. - Os principais prefixos que ocorrem em português são de
procedência latina ou grega, sendo que muitos dos primeiros correspondem
a preposições portuguesas. Ainda que os prefixos latinos tenham o mesmo
sentido de seus correspondentes gregos, formando assim palavras sinôni-
mas, estas em regra não se podem substituir mutuamente, porque têm
esferas semânticas diferentes.
Assim é que transformação e metamorfose, circunferência e periferia,
composição e síntese são sinônimos, a rigor, mas não se aplicam indistin-
tamente: transformação, por exemplo, é de emprego mais amplo que me-
tamorfose.

PREFIXOS E ELEMENTOS LATINOS

abs, ab (afastamento, separação): abstrair, abuso
ad, a (movimento para aproximação; adicionamento; passagem para outro estado; às
vezes não tem significação própria): adjunto, apor

OBSERVAÇÃO: Não confundir com o a sem significação de certas palavras como
alevantar, assentar, atambor
ante (anteriormente, procedência - no tempo ou no espaço): ante-sala, antelóquio,
antegozar, antevéspera
ambi (duplicidade): ambigüidade, auibidestro
bem, ben (bem, excelência de um fato ou ação): bendizer, benfazejo
circum, circu (em roda de): circunferência, circulação
áç (posição aquém): cisalpino, cisatlântico, cisandino

OBSERVAÇÃO: Ocorre como antônirao de trans: transatlântico - cisatlântico.
com, con-, co- (companhia, sociedade, concomitincia): compadre, companheiro, con-
dutor, colaborar

(1) H. NILSSON-EHLF, Les Adverbes en -tnepit compliments Wun verbe, 17-18.

181
#





contra (oposição, situação fronteira; o a final pode passar a o diante de certas deri-
vações do verbo): contramarchar, contrapor, contramuro, controverter. Em contra-
dança não ocorre o prefixo contra; o vocábulo nos veio do francês contredanse,
do inglês country-dance (dança rústica), por etimologia popular, talvez devida ao
fato de os pares se defrontarem uns com os outros (daí o francês contre).
de- (movimento para baixo, separação, intensidade, negação): depenar, decompor. Às
vezes alterna com des-: decair - descair
de(s)-, di(s)- (negação, ação contrária, cessação de um ato ou estado, separação, abla O,
intensidade): desventura, discordância, difícil (dis + fácil), desinfeliz, desfear
(= fazer muito feio), demudar (= mudar muito)
es-, e-, ex- (movimento para fora, mudança de estado, esforço): esvaziar, evadir, ex-
patriar, expectorar, emigrar, esforçar
OBSERVAÇÃO: Às vezes alterna-se com des-: escampado - descampado; esguedelhar
- desguedelhar; esmaiar - desmaiar; estripar e destripar

em-, en-; e-, in- (movimento para dentro, passagem para um estado ou forma, guar-
necimento, revestimento): embeber, enterrar, enevoar, ingerir
extra- (fora de, além de; superioridade; o a final passa, às vezes, a o): extradição,
extralegal, extrafino, extroverter
im-, in-, i- (sentido contrário, negação, privação): impenitente, incorrigível, ilegal,
ignorância, imigrar
intra- (posição interior, movimento para dentro; o a final passa, às vezes, a o):
intramuscular, introverter, introduzir
inter-, entre (posição no meio, reciprocidade): entreter, interpor, intercâmbio
ob-, o- (posição em frente): obstar, opor
per- (através de, coisa ou ação completa, intensidade): percorrer, perfazer, perdurar,
persentir (sentir profundamente)
pos- (posição posterior, no tempo e no espaço): postónico, pós-escrito
pre- (anteriormente, antecedência, superioridade): prefácio, prever, predomínio
pro- (movimento para frente, em lugar de, em proveito de): progredir, projeção
re- (movimento para trás, repetição, reciprocidade, intensidade): regredir, refazer, res-
saudar (saudar mutuamente), ressaltar, rescaldar (escaldar muito)
retro- (para trás): retroceder, retroagir
semi- (metade de, quase, que faz as vezes de): semicírculo, semiliárbaro, semivogal
so., sob-, sub-, sus-, su- (em baixo de, imediatamente abaixo num cargo ou função;
inferioridade, ação pouco intensa): soterrar, sobestar, submarino, sustentar, supor
sobre-, super-, supra- (posição superior, saliência, parte final de um ato ou fenômeno;
em seguida; excesso): sobrestar, superfície, supracitado, superlotado
soto-, sota- (posição inferior, inferioridade; logo após): sotopor, sotomestre, sota-voga,
trans-, tras-, tres-, tra-, tre- (além de, através de, intensidade): transportar, traduzir,
transladar, trespassar, tresler, tresgastar
OBSMVAÇõES:
1.a) Não se há de confundir três (numeral) com tres (de trans): tresdobrar
(triplicar);
2.a) Às vezes trans é empregado como antónimo de cis: transalpino e transandino,
por exemplo, opõem-se a cisalpino e cisandino;
3.a) Também em certas palavras se podem alternar as variantes deste prefixo:
transpassar, traspassar, trespassar.
ultra- (além de, excesso, passar além de): ultrapassar, ultrafino
vice-, vis- (em lugar de, imediatamente abaixo num cargo ou função): vice-presidente,
visconde

182

i

I

I

f

I
#





PREFIXOS E ELEMENTOS GREGOS

a, an, este último antes de vogal (privação, negação, insuficiência, carência, contradição):
afônico, anemia, anônimo, anóxia, amoral
ana (inversão, mudança, reduplicaçâo): anabatista, anacrônico, analogia, anatomia
anfi (duplicidade, ao redor, dos dois lados): anfíbio, anfibologia, anfiteatro
anti (oposição, ação contrária): antídoto, antártico, antípodas, anti-aéreo
apo (afastamento): apologia, apocalipse
arqui, arce (superioridade hierárquica, primazia, excesso): arquiduque, arquimilionário,
arcediago
cata (movimento para baixo): catacumba, catarata, católico
di (duplicidade): dilema, dissílabo, ditongo
did (através de): diálogo, diagrama

OBsERvAçÃo: Pensando-se que didIogo é conversa de dois, tem-se empregado erra-
damente triálogo para conversa de três.

dis (dificuldade): dispepsia, disenteria
ec-, ex-, exo-, ecto (exterioridade, movimento para fora): eczema, exegese, êxodo, exó-
geno, ectoderma
en-, em-, e- (interioridade): encômio, encíclica, enciclopédia, emblema, elipse
endo (movimento em direção para dentro): endocarpo, endovenosa
epi (sobre, em cima de): epiderme, epitáfio
eu (excelência, perfeição, bondade): eufonia, euforia, eufemismo
hemi (metade, divisão em duas partes): hemiciclo, hemisfério
hiper (excesso): hipérbole, hipérbato
hipo (posição inferior): hipocrisia, hipótese, hipoteca
meta (mudança, sucessão): metamorfose, metáfora, metonímia
para (proximidade, semelhança, defeito, vício, intensidade): parábola, paradigma, para-
lela, paramnésia
peri (em torno de): perímetro, período, periscópio
pro (anterioridade): prólogo, prognóstico, profeta
pros (adjunção, em adição a): prosélito, prosódia
proto- (início, começo, anterioridade): protótipo, proto-história, proto-mártir
poli- (multiplicidade): polissílabo, politeísmo
sin-, sim-, (conjunto, simultaneidade): sinagoga, sinopse, simpatia, silogeu
tele- (distância, afastamento, controle feito a distância): telégrafo, telepatia, teleguiado.

Correspondência entre prefixos e elementos latinos e gregos.

LATINOS

des, in : desleal, infeliz
contra: contrapor
ambi: ambigüidade
a b : abuso
bi (s): bilabial
trans: transparente, transformação

183

GREGOS

a, an: amoral, anemia
anti : antipatia
anfi: anfibologia
apo : apogeu
di: dissilabo
did, meta: diáfano, metamorfose
#





in . ingressar
intra : intramuscular

ex : exportar
super, supra : superfície, supralingual,
superlotar
bene benefício
semi semicírculo
sub: subterrâneo
*ad : adjetivo
circum : círcunfêrencia
de: depenar
CUM : composição

en : enc6falo
endo. endovenoso
ec, ex : ~xoto
epi, hiper: cpiderme, hipertrofia

eu : eufonía
hemi hemisfério
hipo hipótese
para paralelo
peri periferia
cata catarata
sin : síntese

Derivação parassintética. - Chama-se derivação parassintética aquela
que consiste em formar vocábulos com o auxílio simultâneo de prefixo e
sufixo: anoitecer, endurecer, empobrecer, enriquecer.
Este processo é normalmente formador de verbos que saem de substan-
tivos (anoitecer) ou de adjetivos (endurecer).
Os prefixos que em geral entram nos parassintéticos são es-, em- e a-.
Com em- predomina a idéia de "Passar de um estado a outro": enriquecer
(passar a rico).
O princípio dos constituintes imediatos (cf. pág. 171) facilmente
estabelece a inexistência de parassintéticos em formas como deslealdade,
descobrimento ou injustiça. A NGB não agasalhou os parassintéticos.

Outros processos de formação de palavras. - Além dos processos
gerais típicos de formação de palavras, possui o português mais os se-
guintes: formação regressiva, abreviação, reduplicação e conversão.
Intimamente relacionada com a derivação temos a formação regressiva,
que consiste em criar palavras por analogia, através de subtração de algum
sufixo' dando a falsa impressão de serem vocábulos derivantes; de atrasar
tiramos atraso, de embarcar, embarque; de pescar, pesca; de gritar, grito.
Assim também os vocábulos rosmaninho e sarampão foram tomados, res-
pectivamente, como-diminutívo e aumentativo, e daí se tiraram as formas
regressivas rosmano e sarampo, como falsos primitivos.
O Prof. Saíd Ali distribui os vocábulos de formação regressiva em
quatro grupos:
"1.0)Masculino em -o: atraso, assento, emprego, vôo, esforço, choro, degelo, remo,
mergulho, suspiro, mando, confronto, rodeio, galanteio, festejo, gargarejo, etc.
2~0) Masculino em -e: embarque, desembarque, combate, corte, toque, etc.
3.0)Feminino em -a: amarra, pesca, sobra, súplica, leva, engorda, desova, renúncia,
rega, esfrega, entrega, escolha, etc.
4.0)Masculinos e femininos: pago, paga, custo, custa, troco, troca, achego, achega,
grito, grita, ameaço, ameaça"(1).

(1) Gram. Ser., 163.

184
#





Várias são as aplicações dos verbos auxiliares da língua portuguesa:

1 - ter, haver (raramente) e ser (mais raramente) se combinam
com o particípio do verbo principal para constituírem novos tempos, cha-
mados compostos, que, unidos aos simples, formam o quadro completo
da conjugação da voz ativa. Estas combinações exprimem que a ação
verbal está concluída.

Indicativo

Temos nove formas compostas:

a) pretérito perfeito composto: tenho ou hei cantado, vendido, partido;
b) pretérito maís-que-perfeito: tinha ou havia cantado, vendido, partido;
c) futuro do presente composto: terei ou haverei cantado, vendido, partido;
d) futuro do pretérito composto: teria ou haveria cantado, vendido, partido;

Subjuntivo
e) Pretérito Perfeito: tenha ou haja cantado, vendido, partido;
f) Pretérito mais-que-perfeito : tivesse ou houvesse cantado, vendido, partido;
g) futuro composto: tiver ou houver cantado, vendido, partido;

Formas nominais

h) infinitivo composto: ter ou haver cantado, vendido, partido;
i) gerúndio composto: tendo ou havendo cantado, vendido, partido.

O verbo ser só aparece em combinações que lembram os depoentes
latinos, sobretudo com verbos que denotam movimento: "Os cavaleiros
eram partidos caminho de Zamora" (A. F. de Castilho, Quadros Históricos,
1, 101). Era chegada a ocasião da fuga. Sio passados três meses.

2 - ser, estar, ficar se combinam com o particípio (variável em
gênero e número) do verbo principal para constituir a voz passiva (de
ação, de estado e mudança de estado): é amado, está prejudicada, ficaram
rodeados.

3 - os auxiliares acurativos se combinam com o infinitivo ou gerún-
dio do verbo principal para determinar com mais rigor os aspectos do
momento da ação verbal que não se acham bem definidos na divisão geral
-de tempo presente, passado e futuro:

a) início de açjo: começar a escrever, por-se a escrever, etc.;
b) iminéncia de açjo: estar para (por) escrever, etc.;
c)desenvolvimento gradual da ação; duraçjo: estar a escrever, andar
escrevendo, vir escrevendo, ir escrevendo, etc.

OBSERVAÇÃO: No Brasil prefere-se a construção com gerúndio (estar escrevendo),
-enquanto em Portugal é mais comum o infinitivo (estar a escrever).

III
#





d)repetição de ação: tornar a escrever, costumar escrever (repetição
habitual), etc.;
e)término de ação: acabar de escrever, cessar de escrever, deixar de
escrever, parar de escrever, vir de escrever, etc.

Vir de + infinitivo é construção antiga no idioma e valia por voltar de (ou
chegar) + infinitivo: "De amor dos lusitanos encendidas/ Que vêm de descobrir o
novo mundo" (CAmõEs, Lusíadas, lX, 40). Depois passou a significar acabar de + in-
finítivo e, porque em francês ocorre emprego semelhante, passou a ser, neste sentido,
condenado como galicismo pelos gramáticos: "eu, aos doze anos, vinha de perder meu
pai" (CAmiLo apud H. GRAÇA, Factos da Linguagem, 462).

4 - os auxiliares modais se combinam com o infinitivo ou gerúndio
do verbo principal para determinar com mais rigor o modo como se
realiza ou se deixa de realizar a ação verbal:

a)necessidade, obrigação, dever: haver de escrever, ter de escrever,
dever escrever, precisar (de) escrever, etc.

OBSERVAÇÃO: Em vez de ter ou haver de + infinitivo, usa-se ainda, mais moder-
namente, ter ou haver que + infinitivo: Tenho que estudar. Neste caso, que, como
introdutor de complemento de natureza nominal, funciona como verdadeira preposição.
Não se confunda este que preposição com o que pron. relativo em construçóes do
tipo. nada tinha que dizer, tenho muito que fazer, etc. Para esta última linguagem,
ver o que se disse na pág. 245.

b) Possibilidade ou capacidade: poder escrever, etc.
c)vontade ou desejo: querer escrever, desejar escrever, odiar escrever,
abominar escrever, etc.

d)tentativa ou esforço: buscar escrever, pretender escrever, tentar
escrever, ousar escrever, atrever-se a escrever, etc.

e) consecução: conseguir escrever, lograr escrever, etc.
f) aparência, dúvida: parecer escrever, etc.

g)movimento para realizar um intento futuro (próximo ou remoto):
ir escrever, etc.

h) resultado: vir a escrever, chegar a escrever, etc.

Vir a + infini , tivo de certos verbos tem quase o mesmo sentido do verbo principal
empregado sozinho: Isto vem a traduzir a mesma idéia (= isto por fim traduz a mesma
idéia). Vir a ser pode ainda ser sinônimo de tornar-se: Ele veio a ser famoso.

NorrA FINAL - Nem sempre a aproximação de dois ou mais verbos constitui uma
locução verbal; a intenção da pessoa que fala ou escreve é que determinará a exis-
tência da locução. "Por exemplo, na frase: queríamos colher rosas, os verbos queríamos
colher constituirão expressão verbal se pretendo dizer que queríamos colher rosas e
não outra flor, sendo rosas o objeto da declaração. Se, porém, pretendo dizer que o
que nós queríamos era colher rosas e não fazer outra cousa, o objeto da declaração é
colher rosas e a declaração principal se contém incompletamente em queríamos" (JosÉ
OITICICA, Manual de Análise, 202-203).

112
#





Auxiliares causativos e sensitivos. - Assim se chamam os verbos
deixar, mandar, fazer e sinônimos (causativos) e ver, ouvir, olhar, sentir
e sinônimos (sensitivos) que, juntando-se a infinitivo ou gerúndio, não
formam locução verbal, mas, muitas vezes, se comportam sinteticamente
como tal.

Elementos estruturais do verbo: desinências e sufixos verbais. - Ao
radical do verbo, que é o elemento que encerra a sua significação, se jun-
tam as formas mínimas chamadas desinências para constituir as flexões do
verbo, indicadoras da pessoa e número, do tempo e modo.
Chama-se vogal temática aquela indicadora da conjugação:
1.a a : cant-a-r
2.a . : vend-e-r
3.a i: part-iA vogal temática presa ao radical constitui o tema:
canta-r, vende-r, parti-r.

Nem todas as formas verbais possuem a vogal temática, como, por
exemplo, a 1.a pessoa singular do presente do indicativo e do subjuntivo.
As vogais e e a em cant-e, vend-a, paft-a são desinências temporais (veja
abaixo). Outras vezes a vogal temática sofre variação: o a passa a e no
pret. perf. do ind. da 1.a conj. em contato com i, e passa a o em contato
com u; cant-ar, cant-e-i, cant-o-u; o e passa a i no pret. imperfeito do ind.
e particípio da 2.a conjugação: vend-e-r, vend-i-a, vend-i-do. A vogal temá-
tica i da 3.a conjugação passa a e quando átono, no pres. ind. (2.a e 3.a
sing. e 3.a plural) e imperativo (2.a p.): part-e-s, part-e, part-e-m, part-e.,
se é tônico, nos mesmos casos, funde-se com o i da desinência is da 2.a
pessoa do plural: partis por part-i-is.
O tema é a parte da palavra pronta para receber o sufixo ou a
desinência.
Sufixo verbal é o que entra na formação dos verbos derivados:
salt-it-ar, real-iz-ar, etc. (Cf. pág. 180).
As desinências modo-temporais são:

a)va(ve) caracteriza o imperfeito do indicativo da 1.a conjugação:
canta-va (1);
b)-a- (e), variação do anterior, caracteriza o imperfeito do indicativo
da 2.a e 3.a
conjugação: devi-a, parti-a;
C)-ra- (re) átono caracteriza o mais-que-perfeito do indicativo:
canta-ra, vende-ra, parti-ra; cantá-reis;
d) -sse caracteriza o imperfeito do subjuntivo: canta-sse, vende-sse,
parti-sse;

(1) Pomos entre parènteses a variante do morferna ou alomorfe. (V. pág. 210).

113
#





e)-ra- (re) tônico caracteriza o futuro do presente: canta-re-i,
canta-rá-s, canta-rã-o, deve-re-i; parti-re-i;
f)-ria- (rie) caracteriza o futuro do pretérito: canta-ria, deve-ria,
parti-ria;
9) -e- caracteriza o presente do subjuntivo da 1.a conjugação: cant-e;
h) -a- caracteriza o presente do subjuntivo da 2.a e 3.a conjug.: vend-a,
part-a;
i) -r- caracteriza o futuro do subjuntivo: canta-r, vende-r, parti-r.
OBSERVAÇõES:
1.a) Nem todas as formas verbais se apresentam com desinéncias e vogal temática.
2.a) As características temporais terminadas em -a (imperf., m.-q.-Perf. do ind.
e futuro apresentam esta vogal alterada em e na 2.a pessoa do plural, graças ao contato
com a desinéncia pessoal -is que provoca a ditongação eis: eu cantava, vós cantílveis;
eu devia, vós devíeis; eu partia, vós pardeis; eu cantara, vós cantáreis; eu cantaria, vós
cantaríeis). O mesmo ocorre com a 1.a pess. do fut. do presente: cant-a-re-i.
3.a) As desinências pessoais (d. abaixo) do pretérito perfeito servem, por acumu-
lação, para caracterizar o tempo do verbo.

As desinências número-pessoais são:

PLURAL

1.a Pessoa: -, -o (só no pres. ind.), -i (96 no pret. perf. do ind. e
futuro do presente) (1)
SINGULAR 2.a pessoa: -5, -es (96 no fut. do subj. e inf. flex.), -ste (só no pret.
perf. do ind.)
3.a pessoa: -, -u (só no pret. perf. do ind.)
1.8 pessoa: -mos
2.a pessoa: -is -des (só no fut. do subj., ínf. flex. e pres. do ind.
de alguns verbos irregulares), -stes (só no pret. perfeito do
ind.), -i (no imperativo)
3.a pessoa: -m (indica que a vogal precedente é natal), -em (só no
futuro do subj. e inf. flex.), -ram (só no pret. perfeito
do indicativo)

Observaçjes sobre as desinIncias número-pessoais.

1.a pessoa do singular: geralmente falta a desinéncia de 1.a pessoa
do singular, exceto no presente do indicativo, onde aparece a desinéncia -o:
cant-o, vend-o, part-o
No pretério perfeito do indicativo e futuro do presente aparece a
desinéncia -i :

cante-i, vend-i, part-i
canta-re-i, vende-re-i, parti-re-i

2.a pessoa do singular: a desinéncia é -s; no futuro do subjuntivo e
infinitivo aparece -es e no pretérito perfeito do indicativo -ste :
cant-a-s, cant-a-r-es, cant-a-ste.
vend-e-s, vend-e-r-es, vend-e-ste.
part-e-s, part-i-r-es, part-i-ste.

(1) O travessia Indica ausência de desinéncia.

114
#





3.a pessoa do singular: geralmente falta a desinência de 3.a pess. do
singular; só o pretérito perfeito do indicativo é que apresenta -u :
cant-o-u, vend-e-u, part-i-u

1.2 pessoa do plural: a desinéncia é sempre -mos:

cant-a-mos, vend-e-mos, part-i-mos

2.a pessoa do plural: a desinéncia é -is; aparece -des no futuro do
subjuntivo, infinitivo flex. e no presente do indicativo de alguns verbos
irregulares (ter, vir, por, ver, rir, ir); o pret. perfeito do indicativo apre-
senta -stes e o imperativo -i (na 3.a conj. há crase com a vogal temática):

cant-a-is, vend-e-is, part-is
cant-a-r-des, vend-e-r-des, part-i-r-des
cant-a-stes, vend-e-stes, part-i-stes
cant-a-i, vend-e-i, part-i.

3.a pessoa do plural: a desinéncia é -m, que nasaliza a vogal prece-
dente; no futuro do subjuntivo e infinitivo aparece em; o pret. perfeito
do indicativo apresenta -ram :

cant-a-m, vend-e-m, part-e-m
cant-a-r-em, vend-e-r-em, part-i-r-em
cant-a-ram, vend-e-ram, part-i-ram

OBsERvAçXo: No futuro do presente dá-se uma ditongação; a nasalidade é indicada
por til e se sobrepóe à característica temporal:
cant-a-rão, vend-e-rIto, part-i-Mo

Tempos primitivos e derivados. - No estudo dos verbos, principal-
mente dos irregulares, torna-se vantajoso o conhecimento das formas
verbais que se derivam de outras chamadas primitivas.

1 - Praticamente do radical da 1.a pessoa do presente do indicativo
sai todo o presente do subjuntivo, bastando que se substitua a vogal final
por e, nos verbos da 1.a conjugação, e por a nos verbos da 2.a e 3.a
conjugações:

Presente do indicativo Presente do subjuntivo

Exceções :

cantar canto cante
vender vendo venda
partir parto parta

ser sou seja ir vou vá
dar dou dê querer quero queira
estar estou esteja saber sei saiba
haver hei haja

115
#





2 - Praticamente da 2.a pessoa do singular e plural do presente do
índicativo saem a 2.a pessoa do singular e plural do imperativo, bastando

OBSERVAÇÃO: Os verbos em -zer ou -zir podem perder, tia 2.-a

pessoa do singula

ainda o e final, quando o z não é precedido de consoante: faze (ou faz) tu, traduz

O imperativo em português só tem formas apenas para as segundas
pessoas; as pessoas que faltam são supridas pelos correspondentes do pre-
sente subjuntivo. Não se usa o imperativo de 1.a pessoa do singular. As
terceiras pessoas do imperativo se referem a você, vocês e não a eles. Tam-
bém não se usa o imperativo nas orações negativas; neste caso empregam-se

as formas correspondentes do presente do subjuntivo:

3 - Do tema do pretérito perfeito do indicativo (que praticamen
acha suprimindo a desinência pessoal da 1.a pessoa do plural ou 2.a

se
p. do singular) saem

a) o mais-que-perfeito do indicativo, com o acréscimo de -ra (re): ra

ra-s, ra, ra-mos; re-is; ra-m;
b) o imperfeito do subjuntivo, com o acréscimo de -sse: sse, sse-s, sse,
sse-mos, sse-is, sse-m;
c) o futuro do subjuntivo, com o
r-des, r-em.

acréscimo de -r: r, r-es, r, i--mos,

Tepna do Pret. Perf. M.-q.-Perf. ind. Imperf, subi, Fut. subi.
vi (-mos) % ira visse vir
N ie (-mos) N iera N iesse vier
coube (-mos) coubera coubesse couber
puse (-mos) pusera pusesse puser
fo (-mos) fora fosse for

4 - Do infinitivo não flexionado se formam:

a) o f uturo do presente, com o acréscimo ao tenia de ra (re) tônico:
re-i, rá-s, rã, re-mos, re-is, rã-o

116
#





b)o futuro do pretérito, com o acréscimo de -ria (rie): ria, ria-s, -ria,
ria-mos, ríe-is, ria-m.

Infinitivo

cantar

Futuro do presente

cantarei
cantarás
cantará
cantaremos
cantareis
cantarão

Futuro do pretério

cantaria
cantarias
cantaria
cantaríamos
cantaríeis
cantariam
Exceções: dizer, fazer, trazer, que fazem direi, farei, trarei, diria, faria, traria.

c) O imperfeito do indicativo, com o acréscimo de -va (ve), na 1.a
conj., e -a(e), na 2.a e 3.a: cant-a-va, cant-a-va-s, cant-a-va, cant-á-va-mos,
cant-á-ve-is, cant-a-va-m
vend-i-a, vend-i-a-s, vend-i-a, vend-f-a-mos, vend-í-e-is, vend-i-a-m
part-i-a, part-i-a-s, part-i-a, part-í-a-mos, part-í-e-is, part-i-a-m.

A parte, temos:

a) ser (era, eras, etc.)
b) ter (tinha, tinhas, etc.)
c) vir (vinha, vinhas, etc.)
d) por (punha, punhas, etc.)

A sílaba tônica nos verbos: formas rizotônicas e arrizotónicas. - Ri-
ZOTÔNICA é a forma verbal cuja sílaba tônica se acha numa das sílabas do
radical:

quero, canto, canta, vendem, feito.

radical:

ARRIZOTÔNICA é a forma verbal cuja sílaba tônica se acha fora do

queremos, cantais, direi, vendido.

A língua portuguesa é mais rica de formas rizotônícas.
São normalmente rizotônicas: a) as três pessoas do singular e a 3.a
do plural do presente do indicativo a do subjuntivo, e as correspondentes
do imperativo; b) os particípios irregulares; c) a 1.a pessoa e 3.a singular
do pretérito perfeito dos verbos irregulares fortes: coube, fiz, fez.
Nos verbos defectivos em geral faltam as formas rizotônicas.
Em vista do exposto, as três pessoas do singular e a 3.2 do plural do
pres. do indic. e subjuntivo têm sempre acentuada a penúltima sílaba:
frutifico, vociferas, sentencia, trafegam.
Exceções:

a)resfolegar e tresfolegar fazem ~esffilego, resfólegas, resfólega, res-
fólegam, etc. Existem ainda as formas reduzidas resfolgar e tres-
folgar, de acentuação regular: resfolgo, tresfolgo, etc.

#





117
#





b)mobiliar faz mobilio, mobílias, mobília, mobiliamos, mibiliais,
mobiliam; mobilie, mobilies, mobilie, etc. Existem ainda as formas
mobilar (1) e mobilhar que se conjugam de acordo com a regra
geral: mobilo, mobilas; mobilho, mobilhas, etc.

Mobilar é forma de pouca aceitação entre brasileiros: "Eu vivia
encantonada na sala da frente, que ia de oitão a outro, com várias sacadas
para o largo, mobiliada (atenção revisor: não ponha 'Inobilada', que é
palavra que eu detesto) com uma cama-de-vento, uma cadeira e um lava-
tório de ferro" (MANUEL BANDEIRA) (2).

Alternincia vocálica ou metafonia. - Assim se chama a mudança
de timbre que sofre a vogal do radical de um vocábulo na forma rizotô-
nica. Muitos verbos da língua portuguesa apresentam este fenômeno:

ferver: fervo, ferves, ferve, fervemos, fervem (o e tónico é fechado na La pess.
do sing. e na 1.a e 2.a pess. do plural; nas outras, é de timbre aberto).

Na 1.a conjugaçao:

aberta:

a) a vogal a, não seguida de m, n ou nh, vassa a ser proferida bem

falar: falo, falas, fala, falamos, falais, falam
chamar: chamo, chamas, chama, chamamos, chamais, ch am

b) ao e fechado corresponde e aberto, exceto quando não vem se-
guido de m, n, nh, i, x, ch, Ih

levar. levo, levas, leva, levamos, levais, levam
remar: remo, remas, rema, remamos, remais, r am
alvejar: alvejo, alvejas, alveja, alvejamos, alvejais, alvejam
Pretextar: pretexto, pretextas, pretexta, pretextamos, pretextais, pretextam
fechar: fecho, fechas, fecha, fechamos, fechais, fecham
aparelhar: aparelho, aparelhas, aparelha, aparelhamos, aparelhais, aparelham
Exceções: invejar (tem e aberto); chegar, ensebar não sofrem metafonia.

Pesar, no sentido de causar tristeza, desprezar, é arrolado também
como exceção; porém, no Brasil, o uso mais corrente é conjugá-lo como
levar. Os gramáticos recomendam-no com e fechado: pesa, pesam; pese,
pesem, etc. (é verbo defectivo, só usado nas terceiras pessoas).

(1) No Brasil só por imitação literária aparece este verbo. Dele nos diz Manuel Bandeira:
"Este lusitanismo está sendo Introduzido por certos revisores à revelia doe autora; ;já me enxer
taram a antipática palavra numa traduç&o minha, mas eu juro que não a escrevi, nem jamais
a escreverei: escreverei sempre 'mobiliada- (Poesia e Prosa, ed, Aguilar, li, 441),
(2) Poesia e Prosa, 11, 459-460, ed. Aguilar.

118
#





c) a vogal o passa a o aberto quando não seguida de m, n, nh ou o
verbo não termina por -oar:

tocar: toco, tocas, toca, tocamos, tocais, tocam
sonhar: sonho, sonhas, sonha, sonhamos, sonhais, sonham
Perdoar: perdôo, perdoas, perdoa, perdoamos, perdoais, perdoam.

Na 2.a conjugação:

a) as vogais tônicas e e o soam com timbre aberto na 2.a e 3.a pessoa
do singular e na 3.a do plural do pres. do ind. e na 2.a pess. sing. do
imperativo afirmativo, salvo se vierem seguidas de m, n ou nh:

dever: devo (é), deves (é), deve (é), devemos, deveis, devem (é)
roer: rói, roei (6)
volver: volvo (6), volves (6), volve (6), volvemos, volveis, volvem (6)
temer: temo (é), temes (é), teme (é), tememos, temeis, temem.
comer: como (6), comes (6), come (6), etc.

Exceções: querer e poder têm a vogal tônica aberta na 1.a pess. do sing.

Na 3.a conjugação:

a) a vogal e, última do radical, sofre alternáricias diversas quando
nela recai o acento tônico:

1 - passa a i na 1.a pess. do sing. do indic., e em todo o presente do
subj. e e aberto na 2.a e 3.a pess. sing. e 3.a do plural do pres. do indic.
e 2.a pess. sing. do imperativo nos verbos:

aderir, advertir, aferir, assentir, auferir, compelir, competir, concernir, conferir, con-
~ir, consentir, convergir, deferir, desferir, desmentir, despir, desservir, diferir, digerir,
discernir, dissentir, divergir, divertir, expelir, ferir, impelir, ingerir, mentir, preferir,
pressentir, preterir, proferir, prosseguir, referir, refletir, repelir, repetir, seguir, servir,
sugerir, transferir, vestir:
vestir: visto, vestes, veste, etc.

OBszRvAçÃo: Se o e for nasal mantém-se inalterável, exceto na 1.a pess. singular
do pres. do ind. e em todo o pres. do subj., onde passa a i: sentir: sinto, sentes,
sente, etc.

2 - passa a i nas três pessoas do singular e terceira do plural do
pres. ind., em todo o pres. do subj. e imperativo, salvo, neste, a 2.a
pess. pl.:

agredir, cerzir, denegrir, prevenir, progredir, regredir, transgredir, e remir (este defec-
tivo; cf. 108).

Pres. ind.: agrido, agrides, agride, agredimos, agredis, agridem
Pres. subi.: agrida, agridas, agrida, etc.
1-P. afirmat.: agride, agrida, agridamos, agredi, agridam

119
#





3 - os verbos medir, pedir, despedir, impedir e derivados têm e i
aberto nas formas rizotônicas, isto é, nas três pessoas do singular e 3.a
do plural do presente do indicativo e subjuntivo, e no imperativo afir-
mativo, exceto, neste, na 2.a pessoa do plural:
Medir - pres. ind.: meço, medes, mede, medimos, medis, medem
pres. subj.: meça, meças, meça, etc.
imper. afirm.: mede, meça, meçamos, medi, meçam.

4 - Os verbos aspergir, emergir, imergir e submergir têm e tônico
fechado na 1.a pessoa do singular do presente do indicativo (e formas que
daí se derivam); têm e aberto na 2.a e 3.a do singular e 3.a do plural do
presente do indicativo (e formas que daí se derivam):

aspergir: asperjo (é), asperges (é), asperge (é), aspergimos, aspergis, aspergem (é).

b) a vogal o sofre também alternâncias diferentes, quando nela recai
o acento tônico:

1 - Passa a u na 1.8 pessoa sing. do pres. ind., em todo o pres.
subj. e no imperativo, salvo, neste, a 2.a pess. do singular e plural; e pa
a o aberto na 2.a e 3.a sing. e 3.a do plural do, pres. ind. e 2.a do singu
do imperativo:
dormir: pres. ind.: durmo, dormes, dorme, dormimos, dormis, dormem
pres. subj.: durma, durmas, durma, etc.
imper. afirm.: dorme, durma, durmamos, dormi, durmam

Assim se conjugam cobrir, descobrir, encobrir, recobrir, tossir. Dormir
e tossir são regulares no particípio: dormido, tossido.
Para a conjugação de engolir e desengolir que, a rigor, deveriam
seguir este modelo, veja-se o que se diz mais adiante.

2 - Passa a u nas três pessoas do sing. e 3.11 do plural do presente
do indicativo, em todo o pres. do subjuntivo e no imperativo afirmativo,
exceto, neste, a 2.a pessoa do plural: 1
1
sortir: pres. ind.: surto, surtes, surte, sortimos, sortis, surtem
pres. subj.: surta, surtas, surta, etc.
imperat. afirm.: surte, surta, surtamos, sorti, surtam

Por este modelo se conjugam despolir e polir (cf. pág. 108). Antiga-
mente seguiam este paradigma cortir e ordir, hoje grafados curtir e urdir
e de conjugação regular.

c) a vogal u da penúltima sílaba do radical passa a o aberto na VL
e 3.a pess. do singular e 3.a do plural do presente do indicativo e na 2.a
pessoa do singular do imperativo afirmativo:
acudir: pres. ind.: acudol acodes (6), acode (6), acudimos, acudis, acodem (6) pres. subj.: acuda, acudas, acuda, etc.
imper. afirm.: acode (6), acuda, acudamos, acudi, acudam

120
#





Assim se conjugam bulir, cuspir, escapulir, fugir, sacudir. Consumir
e sumir têm o o fechado por estar seguido de m.

OBSERVAq6ES:

1.a) Assumir, presumir, reassumir, resumir, são regulares: Pres. ind.: assumo, as-
sumes, assume, assumimos, assumis, assumem.
2.a) os verbos em -uir não apresentam alternAncias vocálicas no radical; a 2.a e
3.a pessoa do singular do presente do indicativo têm is e i em lugar de es e e, por
haver ditongo oral:
constituir: pres. ind.: constituo, constituis, constitui, constituímos, constituís, constituem.
Assim se conjugam anuir, argüir, atribuir, constituir, destituir, diluir, diminuir,
estatuir, imbuir, influir, instituir, instruir, puir (defectivo), restituir, redargüir, ruir.
3.a) Construir, desentupir, destruir, entupir (e cognatos) seguem este modelo ou
ainda admitem alterriância. do u em o aberto na 2.a e 3.a pessoa do sing. e 3.a do
plural do presente do indicativo e na 2.a pessoa do sing. do imperativo afirmativo.
Entupir e desentupir só se afastam do grupo porque apresentam es e e na 2.a e 3.a
pessoa do sing. do pres. ind.: entupo, entupes (ou entopes), entupe (ou entope),
entupimos, entupis, entupern (ou entopem).
construo, construis (ou constróis), construi (ou constrói), construímos, construis, cons-
truem (ou constroem).
Estes verbos são portanto abundantes. Obstruir é, entretanto, conjugado apenas
como constituir. Cf. obs. 2.a

4.a) Engolir, ainda que se escreva com o, segue o paradigma de acudir; para o
Vocabulário de nossa Academia: engulo, engoles, engole, engulimos, engulis, engolem.
Melhor fora, porém, conjugá-lo com o nas duas primeiras pessoas do plural do pres.
do indicativo, desfazendo-se a incoerência.

d) a vogal i do radical do verbo frigir passa a e aberto na 2.a e 3.a
pess. sing. e na 3.a do plural do pres. do indicativo e na 2.a pess. sing. do
imperativo afirra.:
Pres. ind.: frijo, freges, frege, frigimos, frigis, fregem.
Imper. afirm.: frege, frija, frijamos, frigi, frijam.

Verbos notáveis quanto à pronúncia ou flexão.

a) aguar, desaguar, enxaguar, minguar, apropinqua~, conjugam-se
com o seguinte modelo:
pres. ind.: águo, águas, água, aguamos, aguais, águam.
pres. subi.: ágüe, ágües, ágüe, agüemos, agüeis, ágüem.
OBSERVAÇÃO: Para o emprego do trema em apropinquar recorde-se o que se
disse na pág. 72.

b) apaziguar, averiguar, obliquar, santiguar, conjugam-se pelo se-
guinte modelopres. ind.: apaziguo (ú), apaziguas (ú), apazigua (ú), apaziguamos, apaziguais, apa-
ziguam, (ú).
pres. subi.: apazigúe, apazigúes, apazigúe, apazigüemos, apazigüeis, apazigúem.

121
#





c) Magoar, conjuga-se:

pres. ind.: magôo, magoas, magoa, magoamos, magoais, magoam.
pres. subi.: magoe, magoes, magoe, magoemos, magoeis, magoezn.

d) Mobiliar, conjuga-se:

pres. ind.: mobilio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobilia!&, mobiliam.
pres. subj.: mobilie, mobilies, mobilie, mobiliemos, mobilieis, mobiliem.
OBSERVAÇÃO: A variante mobilar apresenta-se regularmente: mobilo,
mobila, etc.

e) Resfolegar, conjuga-se:

pres. ind.: resfôlego, resfélegas, resfôlega, resfolegamos, resfolegais, resfélegam.
pres. subi.: resfélegue, resfélegues, resfélegue, resfoleguemos, resfolegueís, resfôleguem.

OBSERVAÇõES:
La) A forma contrata de resfolegar é resfolgar, que se apresenta regularmente:
resfolgO, resfolgas, resfolga, etc.
2.a) o substantivo é resfôlego, proparmítono.

f) Dignar-se, indignar-se, obstar, optar, pugnar, impugnar, ritmar,
-raptar, conjugam-se:

Presente do indicativo
indigno-me (dí) obsto (6) opto (6) impugno (ú) ritmo (1)
indignas-te (dí) obstas (6) optas (6) impugnas (ú) ritmas (i)
indigna-se (dí) obsta (6) opta (6) impugna (ú) ritma (i)
indignamo-nos obstamos optamos impugnamos ritmamos
indignais-vos obstais . optais impugnais ritmais
indignam-se (dí) obstam (6) optam (6) impugnam(d) ritmam (i)
rapto (rã), raptas (rã), rapta (rã). raptamos, raptais, raptam (rã)

g) Obviar, conjuga-se:
pres. ind.. obvio (f), obvias (i), obvia (f), obviamos, obvials, obviam(f).

h) apiedar e moscar, conjugam-se:
apiedar - pres. ind.: apiedo, apiedas, apieda, apiedamos, apiedais, apiedam.

O Vocabulário Oficial confunde o antigo apiadar e apiedar numa
conjugação que não aconselhamos:
pres. ind.: apiado, apiadas, apiada, apiedamos, apiedais, apíadam. (isto é, a nas formas
rizotônicas e e nas arrizotónicas).

A mesma confusão existe, no Vocabt,lário Oficial, com moscar e
muscar (sumir-se).
pres. ind.: musco, muscas. musca, mostamos, moscais, muscam (isto é, u nas formas
rizotónicas e o nas arrízotónícaá).

122
#





Mais certo seria conjugarmos regularmente moscar:

pres. ind.: mosco, moscas, mosca, 1n09camos, moscais, moscam; e muscar:
pres. ind.: musco, muscas, musca, muscamos, muscais, muscam. .

A correção, porém, talvez seja mais difícil, por serem muito pouco
usados moscar e muscar.

i) Verbos com os ditongos fechados ou e ei : roubar e inteirar.

Conjugam-se não se reduzindo a vogais abertas o e e, respectivamente:

Roubar

roubo (e não róbo, etc.)
roubas
rouba
roubamos
roubais
roubam

Inteirar

inteiro (e não intéro, etc.)
inteiras
inteira
inteiramos
inteirais
inteiram

i) Verbos com os ditongos fechados eu e oi : tipos endeusar e noivar.
Conjugam-se mantendo o ditongo sem que o e ou o o passem a timbre
aberto: endeuso, endeusas, endeusa, etc.; noivo, noivas, noiva, etc.

OBSERVAÇÃO: O verbo apoiar tinha primitivamente fechado o ditongo; hoje é
mais corrente proferi-lo aberto, o que justifica as formas apóio, apóias, etc.

k) Verbos com o hiato au.. ai e iu: tipos saudar, embainhar e amiu-
dar. Conjugam-se mantendo o hiato:

saudar embainhar amiudar
saúdo embaínho amiúdo
saúdas embaínhas amiúdas
saúda embaínha amiúda
saudamos embainhamos amiudamos
saudais embainhaís amiudais
saúdam embainham amiúdam

OBsERvAçXo: Arraigar (com hiato) passou desde cedo a arraigar (com ditongo,
ar-rai-gar) e daí a arreigar. As formas com ditongo alo mais freqüentes, embora
modernamente se tenha restabelecido arraigar com hiato. Saudar proferido com ditongo
(saudo, saudas, etc.) ocorre aqui e ali nos poetas e se fixa no falar coloquial e popular.

Verbos terminados em -zer, -zir: tipos fazer e traduzir. - Perdem o
e final na 3.a pessoa sing. do presente do indicativo e 2.a pess. sing. do
imperativo afirmativo (este caso não é obrigatório e até, com exagero,
vem condenado pelos gramáticos), quando o z não é precedido de
consoante:

fazer: faço, fazes, faz, etc. Imp. afirm.: faze (ou faz) tu
traduzir: traduzo, traduzes, traduz, etc. Imp. afirm.: traduze (ou traduz) tu
Mas, cerzir: cirzo, cirzes, cirze, etc.

123
#





Variações gráficas na conjugação. - Muitas vezes altera-se a maneira
de representar na escrita a última consoante do radical para conservar o
mesmo som:

1 - os verbos terminados em -car e -gar mudam o c ou g em qu ou
gu, quando tais consoantes são seguidas de e :
pecar: peco, peques; cegar: cego, cegues.

2 - os verbos terminados em -cer ou -cir têm c cedilhado antes de
a ou o:
conhecer: conheço, conheces, conhece; ressarcir: ressarço, ressarces.

a ou o:

de a ou o:

3 - os verbos terminados em -çar perdem a cedilha antes do e
começar: Começo, comeces.

4 - os verbos terminados em -ger ou -gir mudam o g em i antes de

eleger: elejo, eleges; fugir: fujo, foges.

5 - os verbos terminados em -guer ou -guir perdem o u antes

erguer: ergo, ergues, erga.
conseguir: consigo, consegues, consiga.

A vogal e passa a ser grafada i quando entra num ditongo oral (verbos
em -uir): atribuo, atribuis, atribui.

VERBos iEm -ear E -iar. - Os verbos em -ear trocam o e por ei nas

Estas variaçjes gráficas não constituem irregularidades de conjugação,
não havendo, por isso, verbos irregulares gráficos.

formas rizotônicas:
Nomear: pres. ind.: nomeio, nomeias, nomeia, nomeamos, nomeais, nomeiam.
pres. subj,: nomeie, nomeies, nomeie, nomeemos, nomeeis, nomeiem.
imper. afirm.: nomeia, nomeie, nomeemos, nomeai, nomeiem.

Os verbos em -iar são conjugados regularmente:
Premiar: pres. ind.: premio, premias, premia, premiamos, premiais, premiam
pres. subj., premie, premies, premie, etc.
imper. afirm.: premia, premie, premiemos, premiai, premiem.

Cinco verbos em iar se conjugam, nas formas rizotônicas, como se
terminassem em -ear (mARio é o anagrama que deles se pode formar):
mediar: medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais, medeiam
ansiar: anseio, anseias, anseia, ansiamos, ansiais, anseiam
remediar: remedeio, remedeias, remedeia, remediamos, remediais, remedeiam
incendiar: incendeio, incendeias, incendeia, incendiamos, incendiais, incendeiam
odiar: odeio, odeias, odeia, odiamos, odiais, odeiam

124
#





OBSERVAÇõES:
La) Enquanto no Brasil já vamos conjugando os verbos em -ear e -iar pelo que
acabamos de expor, entre os portugueses ainda se notam vacilações em muitos que,
grafados com -iar, deveriam seguir o modelo de premiar, mas se acostam ao de
nomear: além do próprio premiar, agenciar, comerciar, licenciar, negociar, penitenciar,
obsequiar, presenciar, providenciar, reverenciar, sentenciar, vangloriar, vitoriar, evi-
denciar, gloriar, diligenciar, e outros.
2.a) Hoje não fazemos distinção entre crear (tirar do nada, dar existência) e
criar (educar, cultivar, promover o desenvolvimento), usando apenas criar para ambos
os casos, que se conjuga como Premiar. Entre escritores modernos, porém, podem
ocorrer exemplos de crear, conjugado como nomear.
3.a) A diferença de conjugação torna-se imperiosa nos parônimos: afear e afiar,
arrear e arriar, estrear e estriar; vadear e vadiar, etc.

Quando grafar -ear ou -iar. - Grafam-se com -ear os verbos que
possuem formas substantivas ou adjetivas cognatas terminadas em:

a) -é, -eio, -eia, -éia :

pé - apear
passeio - passear
Exceção: fé - fiar

ceia cear
idéia idear

b) consoante ou pelas vogais átonas -a, -e -o precedidas de consoante:

mar - marear
casa - casear

Exceções: amplo - ampliar
breve - abreviar
finança - financiar
graça - agraciar

pente - pentear
branco - branquear
lume - alumiar
sede - sediar
êxtase - extasiar

1ncluem-se entre os verbos em -ear: atear, bambolear, bruxulear,
cecear, derrear, favonear, pavonear, semear, vadear.
Grafam-se com -ar os verbos que possuem formas substantivas cogna-
tas terminadas em:

a) -io, -ia:

alívio - aliviar
sócio associar
óbvio obviar

b) -tincia, -ênci&., -ença:
distância distanciar
diligência diligenciar

saciar.

delícia - deliciar
polícia - policiar
assovio - assoviar

presença - presenciar
sentença - sentenciar

#





Incluem-se no rol dos verbos em -iar: anuviar, apreciar, depreciar,

OBSMVAÇÃO: Muitas vezes~ o final -car ou -iar se pode alternar com o simples
-ar: azular ou azulear; bajar ou bagear (produzir vagens); diferenciar ou diferençar;
balançar ou balancear, etc.

125
#





Erros freqüentes na conjugação de alguns verbos

a) Vir e seus derivados
No presente do indicativo temos: venho, vens, vem, vimos (e não
viemos), vindes, vêm.
No pretérito perfeito do indicativo: vim, vieste, veio, viemos, viestes,
vieram.
O gerúndio é igual ao particípio, porque neste desapareceu a vogal
temática: vindo (vi-rido) e vindo (vin-i-do).
Notem-se estes erros comuns nos derivados de vir, no pret. perf. ind.:
Os guardas interviram na discussão (por intervieram).
A professora interviu no caso (por interveio).
O futuro do subjuntivo é vier: Quando eu vier... (e não vir).
b) Ver e seus derivados

Prover não se conjuga como ver no:
pret. perf. ind.: provi, proveste, proveul PrO~051 provestes, proveram.
m.-q.-Perf. ind.: provera, prover^ provera, provéramos, provêrcis, proveram.
imperj. subj.: provesse, provesses, provesse, provéssemos, provêsseis, provessem.
fut. subi.: prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem.
particípio: provido.

Rever é conjugado por ver; por isso está errada a flexão em:
A aluna reveu (em vez de reviu) a prova.

Antever é conjugado como ver e, por isso, enganou-se o nosso Casi-

miro de Abreu ao escrever:
"Quem antevera (com e) que dum povo a ruína
Pelo seu próprio rei cavada fosse?" (Obras, 34, ed. S. DA SILVEIRA).

O futuro do subjuntivo é vir:
Quando eu vier à cidade e vir oportunidade de comprá-lo, então o farei (e não ver!).
c) Precaver-se. 1

É verbo defectivo que nada tem com ver ou vir; por isso evite-se dizer
Eu me precavejo ou Eu me precavenho.
Precavefam-se ou Precavenham-se.
Para sua conjugação, veja-se pág. 108.
d) Reaver.
É verbo defectivo, derivado de haver, que à se conjuga nas formas
em que este possui -v-. Não se deve dizer:
Eu reavejo ou Eu reavenho.
Cuidado especial merece também o pret. perf.: reouve, reouveste,
reouveram.

126
#





Por isso evitem-se empregos. como: eu reavi, ele reaveu, etc. Cf.
Pág. 1 OS.

e) Ter e seus derivados

Deter, derivado de ter, conjuga-se como este. Logo está errada a frase:
O policial deteu (por deteve!) o criminoso.

f) Por e seus derivados.

Opor é derivado de por e por ele se modela na conjugação. Assim
enganou-se o poeta Porto-Alegre nestes versos, usando opor em vez de
opuser :
"Se aos paternos errores de contraste,
E à minha influição opor virtudes" (Colombo, 11, 154 apud S. SiLvEraA, Obras de
Casimiro de Abreu, 34).

g) Estar e seus derivados.

Sobrestar é derivado de estar e por ele se conjuga; porém, costuma-se
ver modelado pelo verbo ter, como se fosse sobrester. Assim n~O está certo
o seguinte exemplo de Alberto de Oliveira:
"Deixando a enferma, sobrestenho o passo- (Poesias, 4.a série, apud S. SILVEIRA, ibid.).
h) Haver-se e avir-se.

Estes verbos têm empregos diferentes. Haver-se significa:
1) proceder, portar-se :
"Ele, porém, houve-se com a maior delicadeza" (M. DE Assis, Brds Cubas, 364).

2) ser chamado a ordem, entrar em disputa com alguém, conciliar, (ha
ver-se com alguém), e aparece nas ameaças:
Ele tem de se haver comigo.
"Aquele que sobre ti lançar vistas de amor ou de cobiça, comigo se haverd" (MARTINS
PENA, Comédias, 139 apud S. SiLvEmA, Liç6es, 361).

Avir-se é sinÔnimo de haver-se, no sentido 2), isto é, significa entrar-
em acordo com, conciliar:
"Lá se avenham os sorveteiros com Boileau" (FILINTo EUSIO, Obras, V, 46 apud
R. BAR~, Réplica, 391 nota).

Desavir-se é o contrário de avir-se:
Os amigos 9e destivieram (e não se desouveram!) por muito pouco.

Erra-se freqüentes vezes empregando-se, nas ameaças, avir-se por
haver-se :
Ele tem de se avir comigo (em lugar de se haver).

127
#





Paradigma dos verbos regulares

Com destaque dos elementos estruturais

1 - Conjugação simples

I -a - Canta, 2-a - Vend-e-r 3.a - Part-ir

MODO INDICATIVO

Presente

Cant-o Vend-o Part-o
Cant-a-s Vend-e-s Part-e-s
Cant-a Vend-e Part-e
Cant-a-mos Vend-e-mos Part-i-mos
Cant-a-is Vend-e-is Part-is
Cant-a-m Vend-e-m Part-e-m

Pretérito imperfeito

Cant-a-va Vend-i-a
Cant-a-va-s Vend-i-a-s Part-i-a-s
Cant-a-va Vend-i-a Part-i-a
Cant-A-va-mos Vend-f-a-mos Part-i-a-mos
Cant-A-ve-is Vend-i-e-is Part-f-e-is
Cant-a-va-m Vend-i-a-m Part-i-a-m

Cant-e-i
Cant-a-ste
Cant-o-u
Cant-a-mos
Cant-a-stes
Cant-a-ram

Cant-a-ra
Cant-a-ra-s
Cant-a-ra
Cant-i-ra-mos Cant-i-re-is
Cant-a-ra-m

Cant-a-re-i
Cant-a-rd-s
Cant-a-rA
Cant-a-re-mos
Cant-a-re-is
Cant-a-rA-o

Pretérito perfeito

Vend-i
Vend-e-ste
Vend-e-u
Vend-e-mos
Vend-e-stes
Vend-e-ram

Pretérito mais-que-perfeito

Vend-e-ra
Vend-e-ra-s
VVend-e-ra
end-6-ra-mos
Vend-&re-is
Vend-e-ra-m
#






Futuro do presente

Vend-e-re-i
Vend-e-rA-s
Vend-e-ri
Vend-e-re-mos
Vend-e-re-is
Vend-e-ra-o

128,

Part-i
Part-i-ste
Part-i-u
Part-i-mos
Part-i-stes
Part-i-ram

Part-i-ra
Part-i-ra-s
Part-i-ra
Part-i-ra-mos
Part-i-re-is
Part-i-ra-m

Part-i-re-i
Part-i-rA-s
Part-i-rA
Part-i-re-mos
Part-i-re-is
Part-i-ri-o
#





Futuro do pretérito

Cant-a-ria
Cant-a-ria-s
Cant-a-ria
Cant-a-ria-mos
Cant-a-rie-is
Cant-a-ria-m

Cant-e
Cant-e-s
Cant-e
Cant-e-mos
Cant-e-is
Cant-e-m

Cant-a-sse
Cant-a-sse-s
Cant-a-sse
Cant-A-sse-mos
Cant-;i-sse-is
Cant-a-sse-m

Cant-a-r
Cant-a-r-es
Cant-a-r
Cant-a-r-mos
Cant-a-r-des
Cant-a-r-em

Cant-a tu
Cant-e você
Cant-e-mos nós
Cant-a-i vós
Cant-e-m vocés

Vend-e-ria
Vend-e-ria-s
Vend-e-ria
Vend-e-ria-mos
Vend-e-rie-is
Vend-e-ria-m

MODO SUBJUNTIVO

Premente

Vend-a
Vend-a-s
Vend-a
Vend-a-mos
Vend-a-is
Vend-a-m

Pretérito imperfeito

Vend-e-sse
Vend-e-sse-s
Vend-e-sse
Vend4-sse-mos
Vend-ê-sse-is
Vend-e-sse-m

Futuro

Vend-e-r
#





Vend-e-r-es
Vend-e-r
Vend-e-r-mos
Vend-e-r-des
Vend-e-r-em

MODO IMPERATIVO

Afirmativo

Vend-e tu
Vend-a você
Vend-a-mos nós
Vend-e-i vós
Vend-a-m vocês;

Negativo

Não cant-e-s tu Não vend-a-s tu
Não cant-e você Não vend-a você
Não cant-e-mos nós Não vend-a-mos nós
Não cant-e-is vós Não vend-a-is vós
Não cant.e.m vocês Não vend-a-m vocês

129

Part-i-ria
Plart-i-ria-s
Part-i-ria
Part-i-ria-mos
Part-i-rie-is
Part-i-ria-m

Part-a
Part-a-s
Part-a Part-a-mos
Part-a-is
Part-a-m

Part-i-ssc
Part-i-sse-s
Plart-i-sse
Part-f-sse-mos
Part-i-sse-is
Part-i-sse-m

Part-i-r
Part-i-r-es
Part-i-r
Part-i-r-mos
Part-i-r-des
Part-i-r-em

Part-e tu
Part-a você
Part-a-mos nós
Part-i vós
Part-a-m vocês

Não part-a-s tu
Não part-a você
Não part-a-mos nós
Não part-a-is vós
Não part-am vocês,
#





FoRMAS NOMINAIS

I Infinitivo

Ndo flex
Cant-a-r Vend-e-r

Flexionado

Part-i-r

Cant-a-r Vend-e.r Part-i-r
Cant-a-r-es Vend-e-r-es Part-i-r-es
Cant-a-r Vend-e-r Part-i-r
Cant-a-r-mos Vend-e-r-mos Part-i-r-mos
Cant-a-r-des Vend-e-r-des Part-i-r-des
Cant-a-r-em Vend-e-r-em Part-i-r-em

Gerfindio

Cant-a-ndo Vend-e-ndo

Particípio

Part-i-ndo

Cant-a-do Vend-i-do Part-i-do

2 - Conjugação composta(')

MODO INDICATIVO

Pretérito perfeito composto
Tenho cantado Tenho vendido Tenho partido
Tens cantado Tens vendido Tens partido
Tem cantado Tem vendido Tem partido
Temos cantado Temos vendido Temos partido
Tendes cantado Tendes vendido Tendes partido
Têm cantado Tém vendido Tém partido

Pretério mais-que-perfeito c
Tinha cantado Tinha partido
Tinhas cantado Tinhas partido
Tinha cantado Tinha partido
Tínhamos cantado Tínhamos partido
Tínheis cantado Tínheis partido
Tinham cantado Tinham partido

Terei cantado
Terás cantado
Terá cantado
Teremos cantado
TereU cantado
Terão cantado

Tinha vendido
Tinhas vendido
Tinha vendido
Tínhamos vendido
Tínheís vendido
Tinham vendido

Futuro do presezáte composto
Terei veudido
Terás vendido
Terá vendido
#





Teremos vendido
Tereis vendido
Terão vendido

Terei partido
Terás partido
Terá partido
Teremos partido
Terei& partido
Terão partido

(1) Sobre o emprego dos auxiliares ter e haver na conjugaçáo composta, veja-se a pág. 111.

1.30
#





Teria cantado
Terias cantado
Teria cantado
Teríamos cantado
Terícis cantado
Teriam cantado

Tenha cantado
Tenhas cantado
Tenha cantado
Tenhamos cantado
Tenhais cantado
Tenham cantado

Tivesse cantado
Tivesses cantado
Tivesse cantado
Tivéssemos cantado
Tivésseis cantado
Tivessem cantado

Tiver cantado
Tiveres cantado
Tiver cantado
Tivermos cantado
Tiverdes cantado
Tiverem cantado

Ter cantado

Ter cantado
Teres cantado
Ter cantado
Termos cantado
Terdes cantado
Terem cantado

Tendo cantado

Futuro do pretérito composto
Teria vendido
Terias vendido
Teria vendido
Teríamos vendido
Terleis vendido
Teriam vendido

MODO SUBJUNTIVO

Pretérito perfeito
Tenha vendido
Tenhas vendido
Tenha vendido
Tenhamos vendido
Tenhais; vendido
Tenham vendido

Pretérito mais-que-perfeito,
Tivesse vendido
Tivesses vendido
Tivesse vendido
Tivéssemos vendido
Tivésseis vendido
Tivessem vendido

Futuro composto
#





Tiver vendido
Tiveres vendido
Tiver vendido
Tivermos vendido
Tiverdes vendido
Tiverem vendido

F~AS NOMINAIS

Inflnitivo

Não flexionado composto
Ter vendido

Flexionado composto
Ter vendido
Teres vendido
Ter vendido
Termos vendido
Terdes vendido
Terem vendido

Gerúndio composto
Tendo vendido

131

Teria partido
Terias partido
Teria partido
Teríamos partido
Terfeis, partido
Teriam partido

Tenha partido
Tenhas partido
Tenha partido
Tenhamos partido
Tenhais partido
Tenham partido

Tivesse partido
Tivesses partido
Tivesse partido
Tivéssemos partido
Tivésseis partido
Tivessem partido

Tiver partido
Tiveres partido
Tiver partido
Tivermos partido
Tiverdes partido
Tiverem partido

Ter partido

Ter partido
Teres partido
Ter partido
Termos partido
Terdes partido
Terem partido

Tendo partido
#





Conjugação de verbos auxiliares mais comuns

1 - Conjugação simples

Ser Estar Ter Haver

MODO INDICATIVO

Presente

Sou Estou Tenho Hei
És Estás Tens Hás
É Está Tem Há
Somos Estamos Temos Havemos
Sois Estais Tendes Haveis
São Estão Têm (1) Hão

Pretérito imperfeito

Era Estava Tinha Havia
Eras Estavas Tinhas Havias
Era Estava Tinha Havia
Éramos Estávamos Tínhamos Havíamos
Êreis Estáveis Tínheis Havíeis
Eram Estavam Tinham Haviam

Pretérito perfeito

Fui Estive Tive Houve
Foste Estiveste Tiveste Houveste
Foi Esteve Teve Houve
Fomos Estivemos Tivemos Houvemos
Fostes Estivestes Tivestes Houvestes
Foram Estiveram Tiveram Houveram

Pretérito mais-que-perfeito

Fora Estivera Tivera Houvera
Foras Estiveras Tiveras Houveras
Fora Estivera Tivera Houvera
Fôramos Estivéramos Tivéramos Houvéramos
Fôreis Estivéreis Tivéreis Houvéreis
Foram Estiveram Tiveram Houveram

Futuro do presente

Serei Estarei Terei Haverei
Serás Estarás Terás Haverás
Será Estará Terá Haverá
Seremos Estaremos Teremos Haveremos
Sereis Estareis Tereis Havereis
Serão Estarão Terão Haverão

(1) O Vocabulário Oficial só adota esta forma; porém, nos poetas pode ocorrer a pronún-
cia como dissílabo - te-em -, como dizem crêem, lêem, vêem. Ocorre o mesmo com vê-
(de vir). Note-se, de passagem, que os dissílabos crêem, dêem, lêem são pronúncias relativamente
modernas. As formas antigas eram; crem, dem, lem, vem.

132
#





Futuro do'pretérito

Seria Estaria Teria Haveria
Serias Estarias Terias Haverias
Seria Estaria Teria Haveria
Seríamos Estaríamos Teríamos Haveríamos
Serfeis Estarícis Terícis Haveríeis
Seriam Estariam Teriam Haveriam

MODO SUBJUNTIVO

Presente

Seja Esteja Tenha Haja
Sejas Estejas Tenhas Hajas
Seja Esteja Tenha Haja
Sejamos Estejamos Tenhamos Hajamos
Sejais Estejais Tenhais Hajais
Sejam Estejam Tenham Hajam

Pretérito imperfeito

Fosse Estivesse Tivesse Houvesse
Fosses Estivesses Tivesses Houvesses
Fosse Estivesse Tivesse Houvesse
Fôssemos Estivéssemos Tivéssemos Houvéssemos
Fósseis Estivésseis Tivésseis Houvésseis
Fossem Estivessem Tivessem Houvessem

Futuro

For Estiver Tiver Houver
Fores Estiveres Tiveres Houveres
For Estiver Tiver Houver
Formos Estivermos Tivermos Houvermos
Fordes Estiverdes Tiverdes Houverdes
Forem Estiverem Tiverem Houverem

MODO IMPERATIVO

Afirmativo

Sê tu Está tu , Tem tu (1) Há tu
Seja você Esteja você Tenha você Haja você
Sejamos nós Estejamos nós Tenhamos nós Hajamos nós
Sede vós Estai vós Tende vós Havei vós
Sejam vocês Estejam vocês Tenham vocês Hajam vocês

Negativo
Não sejas tu Não estejas tu Não tenhas tu Não hajas tu
Não seja você Não esteja você Não tenha você Não haja você
Não sejamos nós Não estejamos nós Não tenhamos nós Não hajamos nós
Não sejais vós Não estejais vós Não tenhais vós Não hajais vós
Não sejam vocês Não estejam vocés Não tenham vocês Não hajam vocês

(1) Com m final, e não com n.

133
#





FoRmAs NomINAIS

Infinitivo nlio flexionado

Ser Estar Ter Haver

Infinitivo flexionado

ser Estar Ter Haver
Seres Estares Teres Haveres
Ser Estar Ter Haver
Sermos Estarmos Termos Havermos
Serdes Estardes Terdes; Haverdes
Serem Estarem Terem Haverem

Gerfindio

Sendo Tendo Estando Havendo

Participio

Sido Estado Tido Havido

2 - Conjugação composta

MODO INDICATIVO

Pretérito perfeito composto

Tenho (ou hei)
Tens (ou hás)
Tem (ou há) sido, estado, tido, havido
femos (ou havemos)
Tendes (ou haveis)
Têm (ou hão)

Pretérito mais-que-perfeito composto

Tinha (ou havia)
Tinhas (ou havias)
Tinha (ou havia)
Tínhamos (ou havia tos) sido, estado, tido, havido
m
Tínheis (ou havíels)
Tinham (ou haviam)

Terei
Terás
Terá
Teremos
Tereis
Terão

Futuro do presente composto

(ou haverei)
(ou haverás)

(ou haverá) sido, estado, tido, havido
(ou hav os
(ou haver=
(ou haverão)

134
#





Teria
Terias
Teria
Teríamos
Terícis
Teriam

Futuro do pretérito composto

(ou haveria)
(ou haverias)
(ou haveria) sido, estado, tido, havido
(ou haveríamos)
(ou haverfeis)
(ou haveriam)

MODO SUBJUNTIVO

Pretérito perfeito

Tenha (ou haja)
Tenhas (ou hajas)
Tenha (ou haja) sido, estado, tido, havido
Tenhamos (ou hajamos)
Tenhais (ou hajais)
Tenham (ou hajam)

Pretérito mais-que-perfeito

Tivesse (ou houvesse)
Tivesses (ou houvesses)
Tívesse (ou houvesse)sido, estado, tido, havido
Tivéssemos (ou houvéssemos)~
Tivêsseis (ou houvésseis)
Tivessem (ou houvessem)

Tiver
Tiveres
Tiver
Tivermos
Tiverdes
Tiverem

Ter (ou haver)

Ter
Teres
Ter
Termos
Terdes;
Terem

Tendo

Futuro composto
(ou houver)
(ou houveres)
(ou houver) sido, estado, tido, havido
(ou houvermos)
(ou houverdes)
(ou houverem)

FoitMAS NOMINAIS

Infinitivo alo flexionado composto

#





sido, estado, tido, havido

Infinitivo flexionado composto
(ou haver)
(ou haveres)
(ou haver) sido, estado, tido, havido
(ou havermos)
(ou haverdes)
(ou haverem)

Gcrdndio

(ou havendo) sido, estado, tido, havido

135
#





1 - Conjugação simples

Presente

Ponho
Pões
Põe
Pomos
Pondes,
Põem

Pretérito mais-que-perf.

Pusera
Puseras
Pusera
Puséramos
Puséreis
Puseram

Presente

Ponha
Ponhas
Ponha
Ponhamos
Ponhais
Ponham

Afirmativo

Põe tu
Ponha você
Ponhamos nós
Ponde vós
Ponham vocês

Infinitivo, não flexionado

Por

Gerfindio

Pondo

Conjugação do verbo por

MODO INDICATIVO

Pretérito imperfeito
Punha
Punhas
Punha
Púnhamos
Púnheis
Punham

Futuro do pretérito

Poria
Porias
Poria
Poríamos
Poríeis
Poriam

#





MODO SUBJUNTIVO

Pretérito imperfeito

Pusesse
Pusesses
Pusesse
Puséssemos
Pusésseis
Pusessem

MODO IMPERATIVO

Negativo
Não ponhas tu
Não ponha você
Não ponhamos nós
Não ponhais vós
Não ponham vocês

FoRmAs NomINALS

Infinitivo, flexionado,

Por
Pores
Por
Pormos
Pordes
Porem

Particípio
Posto

136

Pretérito perfeito

Pus
Puseste
Pôs
Pusemos
Pusestes
Puseram

Porei
Porás
Porá
Poremos
Poreis
Porão

Futuro

Puser
Puseres
Puser
Pusermos
Puserdes
Puserem

Futuro do presente
#





2 - Conjugação composta

Pretérito nerfeito compost

Tenho
Tens
Tem
Temos
Tendes
Têm

posto
posto
posto
posto
posto
nnsto

Futuro do Presente composto

Terei
Terás
Terá
Teremos
Tereis
Terão

Pretérito perfei

Tenha
Tenhas
Tenha
Tenhamos
Tenhais
Tenham

Ter

posto

posto
posto
post
posto
post
nnst

finitivo não flexionado

MODO INDICATIV(:

Pretérito mais-que-perfeito composto

Tinha
Tinhas
Tinha
Tínhamos
Tínheis
Tinham

Futuro do pretérito composto

posto
posto
posto
posto
#





posto
nosto

Teria
Terias
Teria
Teríamos
Terleis
Teriam

MODO SUBJUNTIVO

Pretérito maiç-nue-nerf

Tivesse
Tivesses
Tivesse
Tivéssemos
Tivésseis
Tivessem

posto
posto
posto
posto
posto
nosto

FoRMAs NomINAIS

Tiver
Tiveres
Tiver
Tivermos
Tiverdes
Tiverem

Infinitivo flexionad

Ter
Teres
Ter
Termos
Terdes
Terem

Gerfindio comnost

Tendo

13

nost(

posto
posto
posto
posto
posto
nosto

posto
posto
posto
posto
posto
#





sto

posto
posto
posto
posto
posto
posto

Futur

posto
posto
posto
posto
posto
Dosto
#





Conjugação de um verbo composto na voz passiva: ser amado

MODO INDICATIVO

Presente Pretérito Imperfeito Pretérito perf. simples

Sou amado Era amado Fui amado
És amado Eras amado Foste amado
É amado Erá amado Foi amado
somos amados Éramos amados Fomos amados
Sois amados Êreis amados Fostes amados
São amados Eram amados Foram amados

pretérito perfeito composto

Tenho sido amado
Tens sido amado
Tem sido amado
Temos sido amados
Tendes sido amados
Têm sido amados

Pret. mais-que-perfeito composto

Pretérito mais-que-perfeito, simples

Fora amado
Foras amado
Fora amado
Fôramos amados
Fóreis amados
Foram amados

Futuro do presente simples

Tinha sido amado Serei amado
Tinhas sido amado Serás amado
Tinha sido amado Será amado
Tínhamos sido amados Seremos amados
Tínheis sido amados Sereis amados
Tinham sido amados Serão amados

Futuro do presente composto

Futuro do pretérito simples

Terei sido amado Seria amado
Terás sido amado Serias amado
Terá sido amado Seria amado
Teremos sido amados Seríamos amados
Tereis sido amados Serf eis amados
Terão sido amados Seriam amados

Futuro do pretérito composto

Teria sido amado
Terias sido amado
Teria sido amado
Teríamos sido amados
Teríeis sido amados
Teriam sido amados

138
#





MODO SUBJUNTIVO

Presente

Seja amado
Sejas amado
Seja amado
Sejamos amados
Sejais amados
Sejam amados

Pretérito mais-que-perfeito,,
Tivesse sido amado
Tivesses sido amado
Tivesse sido amado
Tivéssemos sido amados
Tivésseis sido amados
Tivessem sido amados

Infinitivo n1o flexionado

Ser amado

Infinitivo flexionado

Ser amado
Seres amado
Ser amado
Sermos amados
Serdes amados
Serem amados

Gerfindio,

Sendo amado

Fosse
Fossa
Fosse
Fôssemos
Fósseis
Fosam

OBs£RvAçõFs sobre a voz passiva:

Pretérito imperfeito

amado
amado
amado
amados
amados
amados

Futuro

For amado
Fores amado
For amado
Formos amados
Fordes amados
Forem amados

FORMAs NomINAIS

Pretérito perf
#





Tenha sido
Tenhas sido
Tenha sido
Tenhamos sido
Tenhais sido
Tenham sido

amado
amado
amado
amados
amados
amados

Futuro composto

Tiver sido
Tiveres sido
Tiver sido
Tiv os sido
Tiverdes sido
Tiverem sido

amado
amado
amado
amados
amados
amados

Infinitivo não flexionado, composto

Ter sido amado

Infinitivo flexionado composto

Ter sido
Teres sido
Ter sido
Termos sido
Terdes sido
Terem sido

amado
amado
amado
amados
amados
amados

Gerúndio composto

Tendo sido amado

La) O particípio neste caso aparece na forma feminina se a referéncia é feita a
ser do gênero feminino:

Ele é amado. Ela é amada.

2.a) Também nas trés pessoas do plural o particípio vai ao plural:
Voz ativa - Ela tem estudado. Elai têm estudado.
Voz passiva - Ela é amada. Elas são amadas.

3.a) Na voz passiva não, se usa o imperativo.

Conjugação de um verbo na voz reflexiva: 1 dar-se. - já vimos
#





apie
que o verbo está na voz reflexiva quando o pronome oblíquo se refere
ao pronome reto:
Eu me visto. Nós nos arrependemos. Eles se foram.

139
#





O pronome átono pode vir antes, no meio ou depois do verbo ou
verbos (se for uma conjugação composta), de acordo com certos princí-
pios que serão futuramente estudados:

a) prócUse: se o vocábulo átono vem antes: Ele se feriu (pronome
átono proclítico);
b) mesócUse: se o vocábulo átono vem no meio (dos futuros, do pre-
sente e do pretérito): Vestir-se-á se puder. Vestir-nos-íamos se pudéssemos
(pronome átono mesoclítico);
c) ênclise: se o vocábulo átono vem depois: queixamo-nos ao diretor
(pronome átono enclítico).

NOTA IMPORTANTE. - Se o pronome for enclítico na voz reflexiva só haverá uma
alteração no verbo a que pertencer o pronome: perderá o s final da 1.a pessoa do plural:

queixo-me
queixas-te
quelXa-se
queixamo-nos
queixais-vos
queixam-se.

Nas outras posições, o verbo ficará

intacto:

Nós nos queixamos.Queixar-nos-emos.

Atente-se para o seguinte modelo e para as observações feitas sobre
a impossibilidade da posposição em algumas formas:

Apiedar-se

MODO INDICATIVO

Presente Pretérito imperfeitoPretérito perfeito
apiedo-me apiedava-me apiedei-me
apiedas-te apiedavas-te apiedaste-te
apieda-se apiedava-se apiedou-se
apiedamo-nos apiedávamo-nos apiedamo-nos
apiedais-vos apiedáveis-vos apiedastes-vos
apiedam-se apiedavam-se apiedaram-se

Pretérito perfeito composto

tenho-me apiedado (1)
tens-te apiedado
tem-se apiedado
temo-nos apiedado
tendes-vos apiedado
têm-se apiedado

(1) Nunca se use pronome átono posposto a

140

Pretérito mais-que-perfeito

apiedara-me
apiedaras-te
apiedara-se
apieddramo-nos
apiedAreis-vos
apiedaram-se

particípio.
#





#





Pretérito mais-que-perfeito composto

tinha-me apiedado
tinhas-te apiedado
tinha-se apiedado
tínhamo-nos apiedado
tínheis-vos apiedado
tinham-se apiedado

Futuro do presente composto

ter-me-ei apiedado
ter-te-ás apiedado
ter-se-á apiedado
ter-nos-emos apiedado
ter-vos-eis apiedado
ter-se-âo apiedado

Futuro do presente

apiedar-me-ei (2)
apiedar-te-ds
apiedar-se-d
apiedar-nos-emos
apiedar-vos-eis
apiedar-se-do

Futuro do pretérito

apiedar-me-ia
apiedar-te-ias
apiedar-se-ia
apiedar-nos-famos
apiedar-vos-ieis
apiedar-se-iam

Futuro do pretérito composto

ter-me-ia apiedado
ter-te-ias apiedado
ter-se-ia apiedado
ter-nos-íamos apiedado
ter-vos-feis apiedado
ter-se-iam apiedado

MODO SUBJUNTIVO

NOTA: Raramente aparece pronome posposto a verbo neste modo.

Presente Pretérito imperfeitoPretérito perfeito
apiede-me apiedasse-me Não se usa pronome
apiedes-te apiedasses-te posposto a verbo
apiede-se apiedasse-se nesta formal
apiedemo-nos apiedássemo-nos
apiedeis-vos apiedásseis-vos
apiedem-se apiedassem-se

Pretérito mais-que-perfeito

tivesse-me apiedado
tivesses-te apiedado
tivesse-se apiedado
tivésserno-nos apiedado
tivésseis-vos apiedado
tivessem-se apiedado

#





Futuro composto

Não se usa pronome posposto a
verbo nestas formas 1

(1) Nunca se use pronome átono posposto a particípio.
(2) Nunca se use pronome átono posposto aos futuros do presente e do pretérito: usar-se-á
a anteposiçáo ou a interposiçào, como veremos depois.

141
#





MODO IMPERATIVO

Afirmativo

apieda-te tu
apiede-se você
apiedemo-nos nós
apiedai-vos vós
apiedem-se vocês

Infinitivo não flexionado simples

apiedar-me',
apiedar-te
apiedar-se
apiedar-nos
apiedar-vos
apiedar-se

Infinito flexionado simples

apiedar-me
apiedares-te
apiedar-se
apiedarmo-nos
apiedardes-vos
apiedarem-se

Gerikidio simples

. Negativo

Não se usa pronome posposto
a verbo nesta forma 1

FoRmAs NoMINAIS

Infinitívo não flexionado composto

apiedado
apiedado
apiedado
apiedado
apiedado
apiedado

Infinito flexionado composto

ter-me apiedado
teres-te apiedado
ter-se apiedado
termo-nos apiedado
terdes-vos apiedado
terem-se apiedado

Gerúndio composto

apiedando-me tendo-meapiedado
apiedando-te tendo-teapiedado
apiedando-se tendo-seapiedado
apiedando-nos tendo-nosapiedado
apiedando-vos tendo-vosapiedado
apiedando-se tendo-seapiedado

Particípio

#





Não se usa pronome posposto a verbo nesta formal

Conjugação de um verbo com pronome oblíquo átono (sem ser voz
reflexiva): tipo pô-lo. - O verbo pode acompanhar-se de um pronome
oblíquo átono que não se refira ao pronome reto:
Eu o vi. Nós te admiramos. Ela o chama.

Quando os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as estiverem depois do
verbo ou no meio modificam-se de acordo com o final a que se acham
pospostos:

142
#





a) se o verbo terminar por vogal ou semivogal, oral, os pronomes
aparecem inalterados: ponho-o, ponha-a, ponho-os, ponho-as;

b) se o verbo terminar por r, s ou z, desaparecem estas consoantes e
os pronomes assumem as formas 10.. Ia, Ios, Ias:

por o = pd-lo; póes o = p6e-lo; diz o = di-lo; deixar~o ia = deixd-lo-ia.

OBSERVAq6ES:

La) Recorde-se a acentuação dos oxItonos estudada na pág. 170.
1.a) Se o verbo termina por ns, o n passará a m: tens o = tem-lo.

c) se o verbo terminar por som nasal (m ou silaba com til), os
pronomes assumem as formas no, na, nos, nas:
p6e + o = PU-no, viram + a = viram-na.

NoTA: Se os pronomes vêm antes do verbo, não há nenhuma alteração nos pro-
nomes e no verbo: Ele o p6e ali. Eu o fiz.

OBoavAçÃo: Alguns autores chamam pronominais reflexos aos verbos na voz
reflexiva e pronominais irreflexivos (ou não reflexos) aos verbos deste parágrafo.

Atente-se para o seguinte modelo e para as observações feitas sobre
a impossibilidade da posposição em algumas formas:

pd_10
(só a conjugação simples)

MODO INDICATIVO

Presente Pretérito imperfeitoPretérito perfeito
ponho-o punha-o pu-lo,
pôe-lo punha-lo puseste-o
poe-no punha-o pô-10
PC)MO-10 púnhamo-lo pusemo-lo
ponde-lo púnhei-lo puseste-lo
põem-no punham-no puseram-no

Pret. ma"ue-perf.

pusera-o
pusera-lo
puserz-o
pus6ramo-lo
pusérei-10
puseram-no

Futuro do presente

p6-lo-ei (1)
P6-10-"
P6.10-A
p6-lo-emos
p6-lo-eis
P6-1040

(1) Note-se que nos futuros do presente e do pretérito há

143

Futuro do pretérito

p6-lo-ia
P6-10-ias
p6-lo-ia
#





p6-lo-famos
pb-lo-feis
p6-lo-iam.

formas verbais com dois acentos.
#





MODO SUBJUNTIVO
NoTA: raramente aparece pronome posposto a verbo neste modo.

Presente Pretérito imperfeito Futuro
ponha-o pusesse-o Não se usa pronome
ponha-lo pusesse-lo posposto a verbo
ponha-o pusesse-o nesta forma 1
ponhamo-lo puséssemo-lo
ponhai-lo puséssei-lo
ponham-no pusessem-no

MODO IMPERATIVO

Afirmativo

põe-no tu (1)
ponha-o você
ponhamo-lo nós
ponde-o vós (1)
ponham-no vocês

Infinitivo Gerfindio

Negativo
Não se usa pronome
posposto a verbo
nesta formal

FORMAs NomINATS

Particípio

pô-10 pondo-o Não se usa com pro-
nome posposto.

Conjugação dos verbos irregulares. - Na seguinte relação de verbos
apresentamos, além das formas irregulares, algumas regulares em que fre-
qüentemente se erra. As formas que aqui faltam e se empregam são todas
regulares.

].a CONJUGAqXO:

Dar

Pres. ind.: dou, dás, dá, damos, dais, dão.
Pret. perf. ind.: dei, deste, deu, demos, destes, deram.
M.-que-Perf. ind.: dera, deras, dera, déramos, déreis, deram.
Pres. subi.: dê, dês, dê, demos, deis, dêem.
Pret. imperf. subi.: desse, desses, desse, déssemos, désseis, dessem.
Fut. subi.: der, deres, der, dermos, derdes, derem.
Por este modelo conjuga-se desclar; circundar é, porém, regular.

Estar

Ver a lista dos verbos auxiliares.
Por este conjugam-se: sobestar. e sobrestar. São regulares os seus derivados
constar, prestar, obstar.

(1) Recorde-se que o s final do presente do indicativo desaparece no imperativo afirmatívo.

144
#





2.a CONJUGA~AO:

Caber

Pres. ind. : caibo, cabes, cabe, cabemos, cabeis, cabem.
Pret. perf. ind. : coube, coubeste, coube, coubemos, coubestes, couberam.
M.-q.-perf. ind.: coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis, couberam.
Pret. imp. subi. : coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, coubessem.
Fut. subi.: couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem.

Comprazer

Ver prazer.

Crer

Pres. ind.: creio, crês, crê, cremos, credes, crêem (cf. nota da pág. 132).
Pret. perf. ind. : cri, creste, creu, cremos, crestes, creram.
Pres. subi. : creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam.
Pret. imp, subi. : cresse, cresses, cresse, crêssemos, crêsseis, cressem.
Fut. subi. crer, creres, CrCr, crermos, crerdes, crerem.
Imperativo Crê, crede.
Part.: crido.

Por este conjuga-se descrer.

Dizer

Pres. ind.: digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem.
Pret. perf. ind.: disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram.
M.-q.-perf. ind.: dissera, disseras, dissera, disséramos, disséreis, disseram.
Fut. pres.: direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão.
Fut. pret.: diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam.
Pres. subi.: diga, digas, diga, digamos, digais, digam.
Pret. imperf. subi.: dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis, dissessem.
Fut. subi.: disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem,
Imperativo: dize, dizei.
Part. : dito.

Por este se conjugam bendizer, condizer, contradizer, desdizer, maldizer, predizer.

Fazer

Pres. ind. : faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem.
Pret. perf. ind. : fiz, fizeste, fez, fizemos, fizestes, fizeram.
M.-q.-perf. ind. : fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram.
Fut. pres. : farei, farás, fará, faremos, fareis, farão.
Fut. pret. : faria, farias, faria, faríamos, farfeis, fariam.
Pres. subi.: faça, faças, faça, façamos, façais, façam.
Pret. imp. subi.: fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, fizessem.

145

I






Fut. subi.: fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem.
Imperativo: faze, fazei (cf. 116, obs.).
Part. : feito.

Por este se conjugam afazer, contrafazer, desfazer, liquefazer, perfazer, rarefazer,
refazer, satisfazer.

Haver
Ver a conjugação dos verbos auxiliares.

Jazer
Pret. ind. : jazo, jazes, jaz, jazemos, jazeis, jazem.
Pret. Perf. ind. : jazi, jazeste, jazeu, jazemos, jazestes, jazeram.
As outras formas - pois é totalmente conjugado - são regulares. Por este
se modela adiazer.

Ler
Pres. ind.: leio, lês, lê, lemos, ledes, lêem (cf. nota da pág. 132).
Pret. perf. ind. : E, leste, leu, lemos, lestes, leram.
M.-q.-Perf. ind. : lera, leras, lera, lêramos, lêrcis, leram.
Pres. subi. : leia, leias, leia, leiamos, leiais, leiam.
Pret. imp. subi. : lesse, lesses, lesse, lêssemos, lêsseis, lessem.
Fut. subi. : ler, leres, ler, lermos, lerdes, lerem.
Por este se conjugam reler e tresler.

Perder
Pres. ind. : perco (é), perdes, perde, perdemos, perdeis, perdem.
Pres. subi. : perca (é), percas (é), perca (é), percamos (é), percais (é), percam (é).

Poder
Pres. ind.: posso, podes, pode, podemos, podeis, podem.
Pret. perf. ind. : pude, pudeste, pôde, pudemos, pudestes, puderam.
M.-q.-perf. ind.: pudera, puderas, pudera, pudéramos, pudéreis, puderam.
Pres. subi. : possa, possas, possa, possamos, possais, possam.
Pret. imp.: pudesse, pudesses, pudesse, pudéssemos, pudésseis, pudessem.
Fut. subi. : puder, puderes, puder, pudermos, puderdes, puderem.

Prazer
(Pouco usado na 1.a e 2.a pessoa)
Pres. ind. : praz, prazem.
Pret. perf. ind.: prouve, prouveram.
M.-q.-Perf. ind.: prouvera, prouveram.
Pret. imp. subi.: prouVCSSe, prouvessem.
Fut. subi.: prouver, prouverem.
Por este se conjugam aPrazer, desprazer, desaprazer, verbos que se apresentam em
todas as pessoas. Comprazer e descomprazer são verbos completos e se modelam por
prazer, no pret. perfeito e m.-q.-perfeito do indicativo, pret. imperfeito e futuro do
subjuntivo podem ainda ser conjugados regularmente. Veja-se a pág. 108.

146
#





Querer

Pres. ind. : quero, queres, quer, queremos, quereis, querem.
Pret- Perf. ind.: quis, quiseste, quis, quisemos, quisestes, quiseram.
M.-q.-Perf. ind.: quisera, quiseras, quisera, quiséramos, quiséreis, quiseram.
Pres. subi.: queira, queiras, queira, queiramos, queirais, queiram.
Pret. imp. subi.: quisesse, quisesses, quisesse, quiséssemos, quisésseis, quisessem.
Fut. subi.: quiser, quiseres, quiser, quisei os, quiserdes, quiserem.
Part.: querido (a forma quisto só se usa em benquisto e malquisto).

A moderna forma quere, 3.a pessoa do singular, em lugar de quer, só é usada
pelos portugueses. Normalmente não se usa o verbo querer no imperativo; há exemplos
de querei nos Sermões do Pe. Antônio Vieira. Quando se usa pronome átono (o, a,
os, as) posposto à 3.a pessoa do singular do presente do indicativo, emprega-se qué-lo
ou quere-o: "Qué-lo o teu povo" (A. HERCULANO, Lendas e Narr., 1, 79).

Requerer

Pres. ind.: requeiro, requeres, requer (ou requere), requeremos, requereis, requerem.
Pret. perf. ind.: requeri, requereste, requereu, requeremos, requerestes, requereram.
M.-q.-Perf. ind.: requerera, requereras, requerera, requerêramos, requerêreis,
requereram.
Pres. subi.: requeira, requeiras, requeira, requeiramos, requeirais, requeiram.
Pret. imp. subi.: requeresse, requeresses, requeresse, requerêssemos, requerêsseis,
requeressem.
Fut. subi.: requerer, requereres, requerer, requerermos, requererdes, requererem.
Imperativo: requere, requerei.
Part. : requerido.

A 3.a pessoa do singular do presente do indicativo requer é modernamente mais
usada que requere.

Saber

Pres. ind.: sei, sabes, sabe, sabemos, sabeis, sabem.
Pret. Perf. ind.: soube, soubeste, soube, soubemos, soubestes, souberam.
M.-q.-Perf. ind.: soubera, souberas, soubera, soubéramos, soubéreis, souberam.
Pres. subi.: saiba, saibas, saiba, saibamos, saibais, saibam.
Pret. imp. subi.: soubesse, soubesses, soubesse, soubéssemos, soubésseis, soubessem.
Fut. subi.: souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem.

ser

Veja a conjugação dos verbos auxiliares.

Ter

Veja a conjugação dos verbos auxiliares.

Trazer

Pres. ind.: trago, trazes, traz, trazemos, trazeis, trazem.
Pret. perf. ind.: trouxe, trouxeste, trouxe,, trouxemos, trouxestes, trouxeram.

147

I
#





M.-q.-Perf. ind. : trouxera, trouxeras, trouxera, trouxéramos, trouxéreis, trouxeran
Futuro do pres. : trarei, trarás, trará, traremos, trareis, trarão.
Fut. do pret. : traria, trarias, traria, traríamos, trarícis, trariam.
Pres. subi. : traga, tragas, traga, tragamos, tragais, tragam.
Pret. imp. sub ' i.: trouxesse, trouxesses, trouxesse, trouxéssemos, trouxésseis, trouxessem.
Imperativo : traze, trazei (cf. 116, Obs.).

Valer

Pres. ind. : valho, vales, vale (ou val), valemos, valeis, valem.
Pres. subi. : valha, valhas, valha, valhamos, valhais, valham.
Val, por vale, é forma corrente entre os portugueses.
Como valer conjugam-se desvaler e equiivaler.

Ver

Pres. ind. vejo, vês, vê, vemos, vedes, vêem (cf. nota da pág. 161).
Pret. imp. ind. : via, vias, via, víamos, vícis, viam.
Pret. perf. ind. : vi, viste, viu, vimos, vistes, viram.
M.-q.-Perf. ind. : vira, viras, vira, víramos, víreis, viram.
Pres. subi. veja, vejas, veja, vejamos, vejais, vejam.
Pret. imp. subi. : visse, visses, visse, víssemos, vísseis, vissem.
Fut. subi. vir, viros, vir, virmos, virdes, virem.
Part. : visto.
Assim se conjugam antever, entrever, prever e rever. Prover e desprover mode-
Iam-se por ver, exceto no pretérito perfeito do indicativo e derivados, e particípio,
quando se conjugam regularmente.
Pret. perf. ind, : provi, provCSte, proveu, provemos, provestes, proveram.
M.-q.-perf. ind,: provera, provetas, provera, provêramos, provêreis, proveram.
Fut. subi. : prover, proveres, prover, provermos, proverdes, proverem.
Part. : provido.

3.a CONJUGA~AO :

Acudir

Pres. ind. : acudo, acodes, acode, acudimos, acudis, acodem.
Pret. perf. ind. : acudi, acudiste, acudiu, acudimos, acudistes, acudiram.
Pres. subi.: acuda, acudas, acuda, acudamos, acudais, acudam.
Pret. imp. subi. : acudisse, acudisses, acudisse, acudíssemos, acudísseis, acudissem.
Imperativo : acode, acudi.

Assim se conjugam bulir, construir, cuspir, destruir, engolir(l), entupir, escapulir,

lugir(2), sacudir, subir, sumir(3).

(1) Para seguir este modelo, melhor seria escrever engulir (com u)' A forma engolir
o\ nos leva naturalmente à se uinte conjugação que o Vocabulário Oficial não registra:

cpigulo, engoles, engole, engolimos (com o), engolis (com o), engolem.

(2) Leve-se em consideraçâo a mudança de g para j antes de o e a: fujo, foges, foge, etc

(3) Conjugam-se, porém, regularmente assumir, presumir, reassumir, resumir.

148
#





Construir, destruir e entupir, como verbos abundantes (cf. 109), apresentam como
formas menos usadas, construis, construi, destrui, entupes, entupe.
Os demais verbos em udir (aludir, cludir, iludir) são regulares.

Cobrir

Pres. ind. : cubro, cobres, cobre, cobrimos, cobris, cobrem.
Pret. perf. ind.: cobri, cobriste, cobriu, cobrimos, cobristes, cobriram.
Pres. subi.: cubra, cubras, cubra, cubramos, cubrais, cubram.
Imperativo: cobre tu, cubra você, cubramos nós, cobri vós, cubram vocés.

Por este se conjugam descobrir, dormir (regular no part.: dormido), encobrir,
recobrir e tossir (regular no part.: tossido).

Cair

Pres. ind. : caio, cais, cai, caímos, cais, caem.
P,et. imp. ind.: caía, caías, caia, caíamos, caíeis, caíam.
Pret. Perf. ind.: caiu, caíste, caiu, caímos, caístes, caíram,
M.-q--perf. ind. : caíra, caíras, caíra, caíramos, caíreis, caíram.
Fut. pres.: cairei, cairás, cairá, cairemos, caireis, cairão.
Fut. pret. : cairia, cairias, cairia, cairíamos, cairleis, cairiam.
Pres. subi. : caia, caias, caia, caiamos, caiais, caiam.
Pret. imp. subi. : caísse, caísses, caísse, caíssemos, caísseis, caíssem.
Fut. subi. : cair, caíres, cair, cairmos, cairdes, caírem.

Por este se conjugam atrair, contrair, distrair, esvair, retrair, sair, subtrair, trair,
embair (para este último cf. pág. 108, Obs. 1.a).
Para a boa acentuaçâo deste tipo de verbos, recorde-se o que se disse na pág. 71.

Frigir

Pres. ind.: frijo, freges, frege, frigimos, frigis, fregem.
Pres. subi.: frija, frijas, frija, frijamos, frijais, frijam.
Imperativo: frege, frija, frijamos, frigi, frijam.
Part. : frigido e frito.

Atente-se para a troca de g por i antes de a e o.

Ir

Pres. ind.: vou, vais, vai, vamos (ou imos), ides, vão.
Pret. imp. ind. ia, ias, ia, íamos, ícis, iam.
Pret. perf. ind. fui, foste, foi, fomos, fostes, foram.
M.-q.-perf. ind. fora, foras, fora, fôramos, fôreis, foram.
Fu t. pres. irei, irás, irá, iremos, ireis, irão.
Fut. pret. iria, irias, iria, iríamos, irícis, iriam.
Pres. subi.: vá, vás, .,à, vamos, vades, vão.
Pret. imp. subi. : fosse, fosses, fosse, fôssemos, fôsseis, fossem.
Fut. subi. : for, fores, for, formos, fordes, forem.

149

I

I

i
'K
#





Pres. ind.: meço, medes, mede, medimos, medis, medem.
Pres. subi.: meça, meças, Meça, meçamos, meçais, meçam

Pedir serve hoje de modelo para desimpedir, despedir, expedir e impedir (que

Pres. ind.: minto, mentes, mente, mentimos, Mentis, mentem.
Pres. subi.: minta, mintas, minta, mintamos, mintais, mintam.

Por este verbo se conjugam consentir, desmentir, persentir (sentir profundamente),

pressentir (prever), ressentir, senti

Pres. ind.: OUÇO, ouves, ouve, ouvimos, ouvis, ouvem.
Pres. subi.: ouça, ouças, ouça, ouçamos, ouçais, ouçam

Pret. Perf. : poli, poliste, poliu, polimos, polistes, poliram
Pres. subi.: pula, pulas, pula, pulamos, pulais, pulam.

Por este verbo se conjugam despolir e sortir (= abastecer, prover, misturcombinar). Surtir (com u) é regular. surto, surtes, surte, surtimos, surtis, surtem(l).
enquanto o progresso das ciências e das artes pule e melhora exteriormente
o gênero humano, destruiria o intolerável egoísmo que destrói ou afeia o formoso edifício

Pres. ind.: progrido, progrides, progride, progredimos, progredis, progridem

(1) Significa originar, produzir efeito. Como surtir são também regulares curtir (pouc
a

usado na 1. pessoa do singular e em todo o presente do subjuntivo) e urdir.
#





Pret. Perf. ind. : progredi, progrediste, progrediu, progredimos, progredistes,
progrediram.
Pres. subi.: progrida, progridas, progrida, progridamos, progridais, progridam.

Por este verbo se conjugam agredir, cerzir, denegrir, prevenir, regredir, transgredir.
Remir, hoje mais usado como defectivo (cf. pág. 108), seguia outrora o modelo de
progredir: rimo, rimes, rime, remimos, remis, rimem.
"Por 20 libras anuais a aldeia de Favaios rime todos os tributos e obtém o
privilégio de nomear o seu juiz" (A. HERCULANo, Fragmentos, 149).

Rir

Pres. ind.: rio, ris, ri, rimos, rides, riem.
Pret. imperf. ind.: ria, rias, ria, ríamos, ríeis, riam.
Pret. Perf. ind.: ri, riste, riu, rimos, ristes, riram.
Part. : rido.

Segue este modelo o verbo sorrir.

Servir

Pres. ind. : sirvo, serves, serve, servimos, servis, servem.
Pres. subi.: sirva, sirvas, sirva, sirvamos, sirvais, sirvam.
Imperativo: serve, sirva, sirvamos, servi, sirvam.

Por este verbo se conjugam aderir, advertir, aferir, compelir, competir, concernir,
conferir, conseguir, convergir, deferir, despir, digerir, divertir, expelir, impelir, inserir,
perseguir, preferir, preterir, repelir, seguir, sugerir, vestir.

Submergir

Pres. ind.: submerjo (é), submerges (é), submerge (é), submergimos, submergis,
submergem (é).
Pres. subi. :
submerjam. (é).
Imperativo :

Seguem este

submerja (ê), submerjas (e), submerja (6), submerjamos, submerjais,

submerge (é), submerja (é), submerjamos, submergi, submerjam(ê
modelo aspergir, emergir, imergir.

Vir

Pres. ind.: venho, vens, vem, vimos, vindes, vêm.
Pret. imperf. ind.: vinha, vinhas, vinha, vínhamos, vínheis, vinham.
Pret. perf. ind.: vim, vieste, veio, viemos, viestes, vieram.
Fut. pres.: virei, virás, virá, viremos, vireis, virão.
Fut. pret.: viria, virias, viria, viríamos, viríeis, viriam.
Pres. subi.: venha, venhas, venha, venhamos, venhais, venham.
Fut. subi.: vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem.
Imperativo: vem, venha, venhamos, vinde, venham.
Gerúndio: vindo.
Part.: vindo (cf. pág, 172).

Por este modelo se conjugam advir, avir-se, convir, desavir, intervir, provir, sobrevir.

151
#





Advérbio. - Advérbio é a expressão modificadora que denota
circunstância (de lugar, de tempo, modo, intensidade, condição, etc.

Aqui tudo vai bem (lugar e modo).
Hoje não irei lá (tempo, negação e lugar)
O aluno talvez não tenha redigido muito

O advérbio é constituído por palavra de natureza nominal ou prono

minal e se refere geralmente ao verbo
advérbio ou a uma declaração inteira:
Tosé escreve bem (advérbio em referência ao v--¥,^

ou ainda a um adjetivo, a um

José é muito bom escritor (advérbio em referência ao adjetivo bom)
José escreve muito bem (advérbio em referência ao advérbio bem).

Felizmente José chegou (advérbio em referência a toda a declaração: José chegou;
advérbio deste tipo geralmente exprime um juizo pessoal de quem fala).

O advérbio estabelece a transição dos vocábulos variáveis para os
invariáveis; a rigor não tem flexão propriamente dita, mas há uns tantos

advérbios que admitem graus de qualidade como os nomes(')

Locução adverbial. - É o grupo geralmente constituído de
sição + substantivo que tem o valor e o emprego de advérbio:
com efeito, de graça, às vezes, em silêncio, por prazer, sem dúvida, ete.

Outras vezes o substantivo vem com acompanhante e pode ocorrer até

na verdade, de nenhum modo, em breve (subentende-se tempo), à direita (ao lado

Freqüentemente se cala a preposição nas locuções adverbiais de tempo

Espingarda ao ombro (por de espingarda ao ombro), juntou-se ao grupo de pessoas

Circunstâncias adverbiais. - As principais circunstâncias expressas

por advérbio ou locurão adverbial sã-
#





1~

6) conformidade : Fez a casa conforme
7) dúvida : Talvez melhore o tempo.
8) fim. Preparou-se para o baile.
9) instrumento: Escrever com lápis.
10) intensidade: Andou mais depressa.
11) lugar: Estuda aqui. Foi lá. Passou pela cidade. Veio dali.
12) modo: Falou assim. Anda mal. Saiu às pressas.
13)referência: "O que nos sobra em glória de ousados e venturosos naveganteN,
míngua-nos em fama de enérgicos e previdentes colonizadores" (LATINO COE.LHO,
Ant. Nac., 218).
14)tempo: Visitaram-nos hoje. Então não havia recursos. Sempre nos cumpri-
mentaram. jamais mentiu.
15) afirmação: Sim, eles virão. Realmente -,-irão.
16) negação: Não lerá sem óculos.

a planta.
Acaso encontrou o livro.

OBSERVAÇÃO: A Nomenclatura Gramatical põe os denotadores; de inclusão, exclusão,
situação, retificação, designação, realce, etc. à parte, sem nome especial:

1 -inclusio: também, até, mesmo, etc.: .&té o professor riu-se. Ninguém veio,
mesmo o irmão.
2 -exclusão : só, somente, -salvo, senão, apenas, etc.: Só Deus é imortal. Apenas
o livro foi vendido.
3 - situação: Mas que felicidade. Então duvida que se falasse latim;è Pois não
é que ele veio?
4 - retificação: aliás, melhor, isto é, ou antes, etc.: Comprei cinco, aliás, seis
livros. Correu, isto é, voou até nossa casa.
5 - designação: Eis o homem.
6 - realce: Nós é que somos brasileiros.
7 -expletivo: lá, só, ora, que: Eu sei lá! Vejam só que coisa 1 Oh 1 que
saudade que tenho. Ora decidamos logo o negócio.
8 -explicação : a saber, por exemplo, isto é, etc.: Eram três irmãos, a saber:
Pedro, Antônio e Gilberto.

Advérbios de base nominal e pronominal. - O advérbio, pela sua
origem e significação, se prende a nomes ou pronomes, havendo, por isso,
advérbios nominais e pronorninais.

Entre os nominais se acham aqueles formados de adjetivos acrescidos
do sufixo mente: rapidamente (= de modo rápido).

OBSERVAÇÃO 1.a: Se o nome tem forma para masculino e feminino, junta-se o
sufixo ao feminino. Fazem exceção alguns adjetivos terminados em és e or, que no
português antigo só apresentavam uma forma para ambos os gêneros. Daí dizer-se
portuguesmente (e não portuguesamente); superiormente (e não superioramente).

OBSERVAçÃo 2.a: Numa série de advérbios, em geral só se usa a forma em -
mente no fim: Estuda atenta e resolutamente. Havendo ênfase, pode-se repetir o
advérbio na forma plena:
"Depois, ainda falou gravemente e longamente sobre a promessa que fizera" (M. DF
Assis apud S. SILVEIRA, Liç6es, õ480).

153
#





2) relativos: onde (em que), quando (em que), como (por que)
li. ---

Os advérbios relativos, como os pronomes relativos, servem de ligar
a oração a que pertencem com a outra oração. Nas idéias de lugar em-

pregamos onde, em vez de em que, no qual (e flexões

Precedido das preposições a ou de, grafa-se aonde e dond

O sítio aonde vais é pequeno.
É bom o colégio donde saímos.

Ainda como os pronomes relativos, os advérbios relativos podem em-
pregar-se de modo absoluto, isto é, sem referência a antecedente (cf. pág.

Os advérbios interrogativos de base pronominal se empregam nas per-
guntas diretas e indiretas (cf. pág. 222) em referência ao lugar, tempo,

Onde está estudando o primo? Ignoro onde estuda.
Quando irão os rapazes? Não sei quando irão os ravazes

Como fizeram o trabalho?(1). Perguntei-lhes como fizeram o trabalh

OBsERvAçXo: O Vocabulário Oficial preceitua que se escreva em duas palavras o
advérbio interrogativo por que, por estar preocupado em indicar a origem pronominal
do advérbio, distinguindo-o de porque conjunção. Melhor seria, seguindo a tradição
do idioma, grafar todo porque numa só palavra. Quanto à origçm, por que e porque
se identificam: porque (e o mesmo vale para quando e como) não se enquadra
apenas como conjunção; porque, quando e como são, em verdade "expressões adverbiais
conjuntivas, isto é, expressões que, sem perderem a sua função adverbial, têm conco-

Gradação dos advérbios. - Há certos advérbios, principalmente os
de modo, que podem sofrer flexão gradual, empregando-se no comparativo
e superlativo de acordo com as regras que se aplicam aos adjetivos:

a) inferioridade: Falou menos alto que (ou do que) o irmão
b) igualdade: Falou tão alto quanto (ou como) o irmão.

1) analítico: Falou mais alto que
(ou do que) o irmão.
2) sintético: Falou melhor (ou Pior)

que (ou do que) o irmão.

Como chovel Vela como chove.
(2) MmaiNz Dz AGUIAR, Notas e Estudos, 197.
#





a) sintético: Falou Pessimamente, altissimo, baixíssimo,
2 - SuPERLATivo dificílimo.
ABSOLUTO h) analítico: Falou muito ruim, muito alto, extremamente
baixo, consideravelmente difícil, o mais depressa possível
(indica o limite da possibilidade).
3 - DiMINUTIVO COM VALOR DE SUP~TIVO. - Em linguagem familiar pode-se expressar
o valor superlativo do advérbio através de sua forma diminutiva.
Andar devagarzinho (muito devagar, um tanto devagar).
Acordava cedinho e só voltava à noitinha.
Saiu agorinha.

O diminutivo das fórmulas de recomendação não indica mais lentidão
ou ligeireza da realização do fato, mas serve de expressar ou acentuar a
recomendação:

Vá depressinha apanhar o meu chapéu.
Ê bom que estudes devagarinho.

O~AçÃo: Em lugar de mais bem e mais mal empregam-se melhor, pior:
"Ninguém conhece melhor os interesses do que o homem virtuoso; promovendo
a felicidade dos outros assegura também a própria" (Marquês de MARicÁ).

Usa-se, entretanto, de mais bem e mais mal junto a adjetivos:

"Os esquadrões mais bem encavalgados foram despedidos logo em seguimento dos
fugítivoV (A. HERcuLANo, Eurico, 224).
"Com a maça jogada às mãos ambas abalava e rompia as armas mais bem tem-
peradas..." (id, ibid, 108).

8 - PREPOSI(;A0

Preposiçjo é a expressão que, posta entre duas outras, estabelece uma
subordinação da segunda à primeira:

Casa de Pedro (marca uma relação de posse).
Mesa de mármore (marca uma relação de matéria de que uma coisa é feita).
Passou por aqui (marca uma relação de lugar por onde).

Casa, mesa e passou são subordinantes ou antecedentes; Pedro, mdr-
more e aqui são subordinados ou conseqüentes. O subordinante é repre-
sentado por substantivo, adjetivo, pronome, verbo, advérbio ou interjeição:

Livro de histórias
17til a todos
Alguns de vós
Necessito de ajuda
Referentemente ao assunto
Ai de mim 1

155
#





O subordinado é constituído por substantivo, adjetivo, verbo (no infi-
nitivo) ou advérbio:

Casa de Pedro
Pulou de contente
Gosta de estudar
Ficou por aqui
'rem que fazer isso.

Locução preposítiva é o grupo de palavras com valor e e-"prego de
uma preposição. Er~ geral a locução prepositiva é constituída de advérbio
ou locução adverbial seguida da preposição de, a ou com
O garoto escondeu-se atrás do móvel
Não saímos por causa da chuva
· colégio ficava em frente a casa
· ofício foi redigido de acordo con? o modelo.

Às vezes a locução prepositiva se forma de duas preposições, como
de per (na locução de per si), até a e para com:
Foi até ao colégio
Mostrava-se bom para com todos.

Preposições essenciais e acidentais. - Há palavras que só aparecem
na língua como preposições e, por isso, se dizem treposições essenciais:
a, de, com, por, para, sem, sob, entre, etc.
SãO ACIDENTAIS as palavras que, perdendo aí seu valor e emprego pri-
mitivos, passaram a funcionar como preposições:

durante, como, conforme, feito, exceto, salvo, visto, segundo, mediante,
tirante, fora, afora, etc.

Só as preposições ESSENCIAIS se acompanham de formas tônicas dos
pronomes oblíquos:

Sem mim não fariam isso
Exceto eu, todos foram contemplados.

Acúmulo de preposições. - Não raro duas preposições se juntam para
dar maior efeito expressivo às idéias1 guardando cada uma seu sentido
primitivo:

Andou por sobre o mar

Estes acúmulos de preposições não constituem uma locução prepo-
sitiva porque valem por duas preposições distintas. Combinam-se com
mais freqüência as preposições: de, para e por com entre, sob e sobre.
"De uma vez olhou por entre duas portadas mal fechadas para o interior de
outra sala..." (CAmmo, A Queda dum Anjo, 175).
"Os deputados oposicionistas conjuravam-no a não levantar mão de sobre os projetos
dcpredadores" (ID., ibid,),

156
#





Combinação e contração com outras palavras. - Diz-se que há
combinação quando a preposição, ligando-se a outra palavra, não sofre
redução. A preposição a combina-se com o artigo definido masculino:
a + o = ao; a + os = aos.
Diz-se que há contração quando, lia ligação com outra palavra, a pre-
posição sofre redução. As preposições que se contraem são: (1).

A

De

1) com o artigo definido ou pronome demonstrativo feminino:
a + a = à; a + as = às (esta fusão recebe o nome de crase)

2) com o pronome demonstrativo:
a + aquela = aquela; a + aquelas = àquelas (crase)
a + aquele = àquele; a + aqueles = àqueles (crase)
a + aquilo = àquilo (crase)

1) com o artigo definido masculino e feminino:
de+o=do;de +a = da;de+os = dos; de+ as =das

2) com o artigo indefinido:
de + um dum; de + uns = duns
de + uma duma; de + umas = dumas

3) com o pronome demonstrativo:
de + aquele = daquele; de + aqueles = daqueles
de + aquela = daquela; de + aquelas = daquelas
de + aquilo = daquilo
(te + esse = desse; de + esses = desses; de + este = deste; de + estes = destes
de + essa = dessa; de + essas = dessas; de + esta = desta; de + estas = destas
de + isso = disso; de + isto = disto

4) com o pronome pessoal:
de + ele = dele; de + eles = deles
de + ela = dela; de + elas = delas

5) com o pronome indefinido:
de + outro doutro; de + outros doutros
de + outra doutra; de + outras doutras, etc.

(1) Pode-se também considerar contração apenas o caso de crase; nos outros diremos que
houve combinação. A NGB não tomou posição neste ponto. Na realidade o termo combinação
é muito amplo para ficar assim restringido.

157
#





aquele = naquele; em + aquelanaquela; em + aqueles = naqu
-em + aquelas = naquelas; em + aquilo naquilo

per + lo = pelo; per + los = pelos; per + Ia = pela; per + Ias = ela

Para (pra) - com o artigo definido:

para (pra) + o = pro; para (pra) + os = pros; para (pra) + a = pra; ara

Co(m) - com artigo definido:

co (m) + o = co; co, (m) + os = cos; co (m) + a = coa; co, (m) + as = coas

A preposição e sua posição. - Em vez de vir entre o termo subor-

dinante e o subordinado, a preposição, graças à possibilidade de outra dis-
posição das palavras, pode vir aparentemente sem o primeiro:

(subordinado) (subordina
Os primos estudaram com José
(subordinante)(subordinado)
Com Fosé os ibrimos estudaram
#





Principais preposições e locuções prepositivas;

a dentro para com
abaixo de dentro de como
debaixo de por dentro de conforme
em baixo de dentro em de conformidade com
por baixo de durante consoante
acerca de, cerca de emna conta de
acima de em favor de contra
de cima de em lugar de de
em cima de em prol de de acordo com
por cima de em troco de dentre
a fim de em vez de desde, dês
ante entre por
antes de exceto por meio de
através de fora de per
ao lado de a frente de quanto a, enquanto a
ao longo de em frente de em razão de
a par com junto a segundo
após junto de sem
após de para sem embargo de
à roda de mediante sob
ao redor de até a sobre
a respeito de atrás de trás
até detrás de diante de
defronte de por detrás depor diante de
por defronte de com

9 - CONJUN4~XO

Conjunção é a expressão que liga orações ou, dentro da mesm2D
oração, palavras que tenham o mesmo valor ou funçãoa) "O velho teme o futuro e se abriga no passado" (Marquês de MAIucÁ).
(liga orações)
b) "O nascimento desiguala, mas a morte iguala a todo0 (ID.).
(liga orações)
C) "O arrependimento é ineficaz quando as reincidências são consecutivas" (ID.)
(liga orações)
d) "Muitos homens são louvados porque são mal conhecido0 (ID.).
(liga orações)
e)"Uma velhice alegre e vigorosa é de ordindrio a recompensa da mocidadír
virtuosa" (ID.).

(liga palavras)
As sociedades humanas deixam de existir ou se dissolvem ~ os vício$
(liga orações) (liga orações)
e crimes sobrepujam as virtudes" (ID.).
(liga palavras)

Tipos de conjunção. - Dividem-se as conjunções em coordenativas
e subordinativas.

159
#





I

CÁ)ORDENATIVAS são as conjunções que ligam palavras ou orações do
mesmo valor ou função. Nos exemplos acima são conjunções coordena-
tivas: e, mas, ou. Em a), b) e f) as conjunções coordenativas e, mas e ou
ligam duas orações independentes (cf. pág. 216); em e) e f) as conjunções
coordenativas ligam duas palavras do mesmo valor e função (os adjetivos
alegre e vigorosa e os substantivos vícios e crimes).

SUBORDINATIVAS são as conjunções que ligam uma oração a outra dita
principal, estabelecendo entre elas uma relação de dependência (cf. pág.
216). Nos exemplos acima, as conjunções subordinativas quando e porque
iniciam oração que se aclia subordinada à principal para indicar, a res-
peito desta, uma circunstância de tempo (quando) ou de causa (porque).

OBamvAçÃo: Duas ou mais orações subordinadas podem estar coordenadas entre
si desde que tenham o mesmo valor e função: Estudou porque queria e porque os
pais lhe pediam (cf. pág. 219).

Locução conjuntiva - é um grupo de palavras com valor e emprego
de uma conjunção: para que, a fim de que, tanto que, por isso, por isso
que, etc.

Conjunções coordenativas. - As conjunções coordenativas podem ser:

a)ADiTivAs: quando estabelecem a ligação de palavras ou orações
sem outra idéia subsidiária: e e nem (e não):

"Um concerto de notas graves saudava o por do sol e confundia-se com o rumor
(Ia cascata (Josá im ALENCAR).
"Não empresteis o vosso nem o alheio, não tereis cuidados nem receio" (Marquês
de MARICÁ).

b) ADVERSATIVAS: quando ligam palavras ou orações que estabelecem
oposição, contraste, compensação, ressalva:

mas, porém, contudo, todavia, entretanto, senão, etc.

"Acabou-se o tempo das ressurreições, mas continua o das insurreições" (ID.)
"E agora as entregais desta maneira não a pastores, senão a lobos" (VIEIRA apud
A. NAscENTEs, Dificuldades de Andlise SinUtica, 7).

c)ALTERNATIVAS: quando ligam expressões e orações que ou estabele-
cem uma separação ou exclusão da palavra ou oração a que se
ligam: ou, ou.. . ou, já ... id, ora. .. ora, etc.

"Quando a cólera ou o amor nos visita, a razão se despede- (ID.).

d)CONCLUSIVAS: quando ligam orações que encerram uma conclusão:
logo, pois (no meio ou no fim da oração), portanto, por isso, etc.:

Estudou, logo será recompensado.

160
#





e)EXPLICATIVAS: quando começam oração que explica a razão de
ser do que se diz na oração a que se ligam: pois (no início da
oração), que (porque), porque, porquanto:

Venha, porque desejo conversar com você.
Fazia tudo para ser agradável, pois não deixava uma pergunta sem resposta.

As explicatívas que e porque aparecem normalmente depois de ora-
ções optativas e imperativas.

OBSERVAÇõES:

1.a) As explicativas não passam de causais coordenativas, que nem sempre se se-
param claramente das causais subordinativas que veremos adiante. "Em certas línguas
distingue-se a causal subordinativa da causal coordenativa pela diversidade de partícula
(em francês parce que, car; em inglês because, for; em alemão weil, denn); em português,
empregando-se porque ou que para um e outro caso, conhece-se a diferença pela pausa.
A causal subordinativa separa-se da oração principal por uma pausa muito fraca (que
se representa, quando muito, por uma vírgula). A causal coordenativa separa-se da
proposição anterior por uma pausa mais forte (que se figura por vírgula, ponto e
vírgula, e até por ponto final)". (SAIo ALI, Gramática Secundária, 203).
2.a) Cumpre não confundir as conjunções explicativas; com as partículas e locuções
explicativas do tipo de a saber, isto é, por exemplo, que, por não se enquadrarem
nas classes de palavras estabelecidas pela gramática tradicional, constituem um grupo
à parte, estudado na pág. 153.

Conjunções subordinativas. - As conjunções subordinativas; compre-
endem dois grupos: as integrantes e as adverbiais.

As INTEGRANTES são que (nas declarações de fatos certos) e se (nas
declarações de fatos incertos e dubitativos), e servem para iniciar orações
como sujeito, objeto, predicativo, complemento nominal, ou aposto, con-
forme veremos na sintaxe.

Desejo que tudo vá bem. Não sei se tudo vai bem.

AS ADVERBIAIS iniciam orações que exprimem uma circunstância
adverbial de outra oração dita principal e se subdividem em:

1) CAUSAIS: quando iniciam oração que exprime a causa, o
a razão do pensamento na oração principal:

que (= porque), porque, como (= porque, sempre anteposta a sua principal,
no português moderno), visto que, visto como, já que, uma vez que (com o verbo
no indicativo), desde que (com o verbo no indicativo), etc.
"A memória dos velhos é menos pronta porque o seu arquivo é muito extenso"
(Marquês de MARicÁ).
"Como ia de olhos fechados, não via o caminho" (M. DF. Assis, Memórias Pós-
tumas, 19).
"Desde que se fala, indeterminadamente, e no plural, em direitos adquiridos e
atos jurídicos perfeitos, razão era que no plural e indeterminadamente se aludisse a
casos julgados" (R. BARBOSA, Parecer, 1, 25, 2.a ed.).

161
#





IOBSERVA96ES :

1.a) já se condenou injustamente o emprego de desde que em sentido causal, só
o aceitando com idéia temporal (assim que) ou condicional.
2.a) Evite-se o emprego de de vez que por não ser locução legitima.

2) COMPARATIVAS: quando iniciam oração que exprime o outro
termo da comparação. A comparação pode ser assimilativa ou quantitativa.
É assimilativa "quando consiste em assimilar uma coisa, pessoa, qualidade
ou fato a outra mais impressionante, ou mais conhecida"('). As conjun-
ções comparativas assimilativas são como ou qual, podendo estar em corre-
lação com assim ou tal postos na oração principal, ou ainda aparecer
.assim como :

"O medo é a arma dos fracos, como a bravura a dos fortes" (Marquês de MAiUCÁ).
"A ignorância, qual outro Factonte, ousa muito e se precipita como ele" (ID.).
"O jogo, assim como o fogo, consome em poucas horas o trabalho de muitos
anos" (ID.).

i
A comparação quantitativa "consiste em comparar, na sua quantidade i
ou intensidade, coisas, pessoas, qualidades ou fatos" (J. M. Cámara, ibid.).
Há três tipos de comparação quantitativa:

a) Igualdade - introduzida por como ou quanto em correlação com
o advérbio tanto ou tio da oração principal:

"Nenhum homem é tão bom como o seu partido o apregoa, nem tão mau como
o contrário o representa" (Marquês de MAiucA).
"Nada incomoda tanto aos homens maus como a luz, a conadéncia e a razão" (ID.).

,b) Superioridade - introduzida por que ou do que em correlação
com o advérbio mais da oração principal:

-0 orgulho do saber é talvez mais odioso que o do poder" (ID.).
-,0 homem bom espera mais do que teme, o mau receia mais do que espera" (ID.).

c) Inferioridade - introduzida por que ou do que, em correlação com
o advérbio menos da oração principal:
"Tempos há em que é menos perigoso mentir que dizer verdades" (ID.).

3) CONCESS1VAS: quando iniciam oração que exprime que um obstá-
culo - real ou suposto - não impedirá ou modificará a declaração da
oração principal: ainda que, embora, posto que, se bem que, conquanto,
apesar de que, etc.:

"Ainda que perdoemos aos maus, a ordem moral não lhes perdoa, e castiga a
.nossa indulgéncia" (ID.). i:

(1) MAToso CAmARA, Gramdtica, 11, 48.

162
#





4) CONDICIONAIS (e hipotéticas): quando iniciam oração que em
geral exprime: a) uma condição necessária para que se realize ou se
deixe de realizar o que se declara na oração principal; b) um fato - real
ou suposto - em contradição com o que se exprime na principal. Este
modo de dizer é freqüente nas argumentações. As principais conjunções,
condicionais (e hipotéticas) são: se, caso, sem que, uma vez que (com o
verbo no subjuntivo), desde que (com o verbo no subjuntivo), dado que,
sem que, contanto que, etc.:

"Se os'homens não tivessem alguma cousa de loucos, seriam incapazes de he-
roísmo" (ID.).
"Se as viagens simplesmente instruíssem os homens, os marinheiros seriam mais
instruídos" (ID.).

5) CONFORMATIVAS: quando iniciam oração que exprime um fato em
conformidade com outro expresso na oração principal: como, conforme,
segundo, consoante :

"Tranqüilizei-a como pude" (M. DE Assis, Memórias Póstumas, 174).
Fez os exercícios conforme o professor determinou.

6) CONSECUTIVAS: quando iniciam oração que exprime o efeito ou
conseqüência do fato expresso na oração principal. A conjunção conse-
cutiva é que, que se prende a uma expressão de natureza intensiva como
tal, tanto, tio, tamanho, posta na oração principal. Estes termos intensivos
podem facilmente calar-se:

"Os povos exigem tanto dos seus validos, que estes em breve tempo se enfadam
* os atraiçoam" (Marquês de MARICA).
"Os vícios são tão feios que, ainda enfeitados, não podem inteiramente dissimilar
* sua fealdade" (ID.).
"Vive de maneira que ao morrer não te lastimes de haver vivido" (ID.). rato é,
vive de tal maneira que (que em conseqüência ... ).

É ainda conjunção consecutiva o que depois de oração negativa para
denotar que a conseqüência se dá a todo transe, se repete sempre que
ocorrer o fato anterior (o verbo da consecutiva está no subjuntivo): ,

Não brinca que não acabe chorando.
OBSERVAÇÃO: Muitos gramáticos dão este que como conjunção condicional.

7) FINAIS: quando iniciam oração que exprime a intenção, o objetivo,
a finalidade da declaração expressa na oração principal: para que, a fim
de que, que (para que), porque (para que):

"Levamos ao Japão o nosso nome, para que outros mais felizes implantassein
naquela terra singular os primeiros rudimentos da civilização ocidental" (L. CoELHO,
Ant. Nac, 219).

163
#





8) MODAIS: quando iniciam oraçao que exprime o modo pelo qual
se executou o fato expresso na oração principal: sem que:

Fez o trabalho sem que cometesse erros graves.

OBsERvAçÃo: A Nomenclatura Gramatical Brasileira não agasalhou as conjunções
modais e, assim, as orações modais, apesar de por o modo entre as circunstâncias
adverbiais.

9) PROPORCIONAIS: quando iniciam oração que exprime um fato que
ocorre, aumenta ou diminui na mesma proporção daquilo que se declara
na oração principal: à medida que, à proporção que, ao passo que, (tanto
mais) ... quanto mais, (tanto mais) ... quanto menos, (tanto menos) ...
quanto mais, (tanto mais) ... menos, etc.:

"O anão quanto mais alto sobe, mais pequeno se afigura" (Marquês de MARICÁ).
Progredia à medida que se dedicava aos estudos sérios.

10) TEMPORAIS: quando iniciam oraçao que exprime o tempo da
realização do fato expresso na oração principal. As principais conjunções
e locuções conjuntivas temporais são:

a) para o tempo anterior: antes que, primeiro que:

"Ninguém, senhores meus, que empreenda uma jornada extraordinária, primeiro
que meta o pé na estrada, se esquecerá de entrar em conta com suas forças"...
(Rui BARBOSA, Ant. Nac., 126).

la)para o tempo posterior (de modo indeterminado) : depois que,
quando:

quando disse isso, ninguém acreditou.

c)para o tempo posterior imediato: logo que, tanto que (hoje raro),
assim que, desde que, apenas, mal, eis que, (eis) senão quando,
eis senão que :

Logo que saíram, o ambiente melhorou.
"Apenas o tigre moribundo sentiu o odor da criança, fez uma contorção violenta,
e quis soltar iam urro" (J. DE ALENCAR).

d)para o tempo freqüentativo (repetido): quando (com o verbo no
presente), todas as vezes que, (de) cada vez que, sempre que :

"Quando o povo não acredita na probidade, a imoralidade é geraP (Marquês de
MARICÁ).

CaBsERvAçÃo: Evíte-se o erro de preceder com em o que da locução todas as vezes
que (dizendo: todas as vezes em que).

164

i
#





e)para o tempo concomitante: enquanto, (no) entretanto que
(hoje raro):

Dormiu enquanto estava no cinema.
OBSERVAÇÃ(: Entretanto ou no entretanto são advérbios de tempo, com o sentido
de nesse ínterim, nesse tempo, nesse intervalo:
"O aperto dos sitiados aumentava entretanto de dia para dia" (REBELO DA SILIVA,
História de Portugal, IV, 208).
Mais modernamente entretanto passou a valer por uma conjunção adversativa, e
por influência do advérbio, tem sido empregado precedido da combinação no (no
entretanto). Muitos puristas condenam tal acréscimo.

f) para o tempo terminal: até que
Passeou até que se sentisse esgotado.

É conjunção temporal o que que se segue a expressões de tempo: agora
que, hoje que, então que, a primeira vez que, etc.
Agora que tudo aca~ou, posso pensar mais tranqüilamente.

Se o conjunto é proferido sem pausa, estabelece-se uma unidade de
sentido à semelhança de depois que, id que, etc., e se passa a considerar o
todo como locução conjuntiva temporal:
Agora que tudo acabou, posso pensar mais tranqüilamente.

Que excessivo. - Sob o modelo das locuções conjuntivas finalizadas
por que, desenvolveu-se o costume de acrescentar esta partícula junto a
palavra que só por si funciona como conectivo: enquanto que, apenas que,
embora que, mal que, etc., construções que os puristas não têm visto com
bons olhos, apesar dos exemplos de escritores corretos:
porque a ~ ciência- é mais lenta e a imaginação mais vaga, enquanto que
o que eu ali via era a condensação viva de todos os tempos" (M. DF, Assis, Memórias
Póstumas, 24).

Aparece ainda o que excessivo depois de expressões de sentido tem-
poral como:

Desde aquele (lia que o procuro.

Conjunções e expressões enfáticas. - As conjunções coordenativas
podem aparecer enfatizadas. Para esta ênfase o idioma se serve de vários
recursos. Assim, a adição pode vir encarecida das expressões do tipo:

n4o só ... mas (também)
não só ... mas (ainda)
não só ... sendo (também)
nélo só ... que também, etc.:

Ndo só se aplica ao português mas ainda ao latim.

165
#





A alternativa pode ser enfatizada pela repetição:
Ou estudas ou brincas.
já dizes sim, já dizes não.
Ora vem aqui, ora vai ali.
A série nem... nem adquire sentido aditivo negativo.
Nem estudou nem tirou boas notas (não estudou e não tirou...

Quer ... quer e ou ... ou, com o verbo no subjuntivo e tom de voz
descendente, podem denotar a concessão quando a possibilidade de ações
opostas não impede a declaração contida na oração principal:
Quer estudes quer não, aprenderás facilmente a lição.

Nas subordinadas e principais a correlação de uma expressão com o
conectivo ou outro termo da oração a que se prende, para mostrar relação
em que essas orações se acham com a circunstincia ou fato já expresso, é
outro meio de enfatizar a interdependência oracional. Esta expressão
memorativa é constituída por advérbio ou equivalente:
"Como os sábios não adulam os povos, também estes os não promovem" (Marquês
de MARICÁ).
"Quando os homens se desigualam, então se harmonizam" (ID.).
Embora não me digam a verdade, ainda assim perguntarei mais vezes.
"Acabemos, pois, de despertar deste mortal letargo" (EPIFANIo DIA9, Gramática
Elementar, 119).
"Estudemos portanto, e não nos deixemos dominar pela preguiça" (RrBEiRo Dz
VAwoN~s, Gram. Portuguesa, 251).

OBSERVAÇÃO FINAL: Maximino Maciel, levando em conta o valor adverbial de muitas
palavras que em geral são apontadas como conjunção, reduziu o grupo desta última
classe a. e, ou, mas. (Cf. Gramática Descritiva, 153).

10 - INTERJEI(;,&O

Interjeiçjo é a expressão com que traduzimos os nossos estados emo-
tivos. Eis as nossas principais interjeições:
1) de exclamação: viva !
2) de admiração: ah ! oh
3) de alívio: ah! ch!
4) de animação: coragem! eia! sus!
5) de apelo ou chamamento: ó! olá! aló! psit! Psiu!
6) de aplauso: bem! bravo!
7) de desejo ou ansiedade: oh! oxalá! tomara!
8) de dor física: ai! ui!
9) de dor moral: oh!
1.0) de dúvida, suspeita, admiração: hum! hem! (também hein)
11) de impaciência : arre ! irra ! apre ! puxa ! (melhor será, não registrado oficialmente,
pucha)

166

I
#





12) de imposição de siléncio: caluda! Psiu! (demorado)
13) de repetição: bis!
14) de satisfação: upa! oba! opa!
15) de zombaria: liau!

Locução interjetiva - é um grupo de palavras com valor de inter-
jeição: ai de mim; ora bolas; com todos os diabos.
As interjeições são proferidas em tom de voz especial ascendente ou
descendente, conforme as diversas circunstáncias dos nossos estados
emotivos.

Quando estão combinadas com uma frase maior exclamativa, podem-se
separar da frase por meio de uma vírgula, ou por meio do ponto de
exclamação, ao qual se deve seguir, entretanto, letra minúscula:
Oh 1 que doce harmonia traz-me a brisa (CAxmo ALvEs, apud. J. MAToso C~ JR.,
Gramática, 1, 65).

B) 1 - Estrutura dos vocábulos

Vocábulo e morfema

Vocdbulo é a menor forma livre da enunciação, constituído de um ou
mais morfernas.
Chama-se morfema a menor unidade de significação que constitui o
elemento ou os elementos integrantes do vocábulo. Os morfernas podem
ser livres e presos, conforme se usam independente ou dependentemente
na enunciação. Os morfernas apresentam: a) uma significação externa,
referente a noções do nosso mundo (ações, estados, qualidades, ofícios,
seres em geral, etc.), b) uma significação interna (puramente da esfera das
noções gramaticais). A depreensão de um morfema depende de dois re-
quisitos: a) a significação e b) a forma fonética. É importante observar-
mos que uma só forma fonética pode representar mais de um morfema:
assim -s representa o plural era as casas e a 2.a pessoa singular em cantas.
Por outro lado, um só morferna pode ter realizações fonéticas diferentes
em virtude do ambiente fonético do contexto em que se acha; por exem-
plo, o morfema que corresponde à letra -s para indicar o plural em
português se realiza como jx/ diante de consoante surda (os cães), como
/j/ diante de consoante sonora (os gatos) e como /z/ diante de vogal
(os homens) (1).

(1) O estudo das diversas realizaç5es fonéticas de um dado morfema, como é o caso do
nosso índice de plural, recebe, em língilátIca descritiva, o nome de morfofonémica ou
morfonémica.

167
#





Os elementos mórficos. - Em português, os vocábulos se poderr

a) mar, sol, ar, é, hoje, lápis;
b) aluno alunas trabalhávamos

c) casarão, livrinho, cantor, casamento, folhagem, alemão, fertilizar,

Em a) os vocábulos não se podem reduzir a formas menores, porque
só possuem um elemento mórfico chamado radical. Radical é o núcleo

do vocábulo onde repousa a significação externa da palavra.

já nos vocábulos do grupo b) segue-se ao radical (de significação
externa) um ou mais elementos de significação interna ou puramente gra
matical. Aluno pode desmembrar-se em alun e o (1). O primeiro elemento
(radical) encerra a significação do vocábulo, cabendo ao final o rela
cioná-lo ao niorfema do gênero masculino. Em alunas o radical é alun, e
as encerra dois elementos de significação interna: 1) -a (indicador dc
Em trabalhd

gênero feminino) e 2) -s (indicador do número plural).
vamos o radical é trabalh- e os elementos mórficos de significação intern2

são: 1) -va (que caracteriza o pret. iniperf. do indicativo dos verbos da
1.a conjugação) e 2) -mos (que caracteriza a 1.a pessoa do plural).
Os elementos mórficos de significação interna, indicadores das flexões
gramaticais, chamam-se desinências e se dividem em nominais e verbais.
As desinências nos nomes e em certos pronomes denotam as flexões

de gênero e número; nos verbos: número, pessoa, tempo e modo.

Muitas vezes o radical não se prende diretamente às desinências; com
pleta-o uma vogal para constituir o tema do vocábulo e por isso se chamE

Tema é_ portanto, o radical acrescido da vogal temática e qu
constitui a parte do vocábulo pronta para receber a desinência ou sufixo

Nos nomes a vogal temática (a, o, e) quase sempre coincide com a

desinências de gênero. A vogal temática o ou e se acha representada, às
vezes, por uma semivogal de um ditongo: PãO, PãES. Não têm vogal
temática os nomes terminados em consoante ou vogal tônica, e por isso se
dizem ATEMÁTICOS: ma- fé Neste caso o tema coincide com o radical

OBSERVAÇÃO: Em geral a vogal tônica final (à, é, 6, é, 6) resulta da crase d
da vogal do radical com a temática: fé<fee<fide (m). Em análise mórfica for

(1) Livro se desdobra em livr- e -o, porém o nIo se opõe, aqui, ao feminino -a, cow
existe em alun-o/alun-a. Só pela oposição é que se caracteriza o morfema. Este processo de com
#





Em regra isto se dá com muitos substantivos tirados de verbos.

A ABREVIAÇÃO consiste no emprego de uma parte da palavra pelo todo.
É comum não só no falar coloquial, mas ainda na linguagem cuidada, por
brevidade de expressão: extra por extraordinário ou extrafino.
A forma abreviada passa realmente a constituir uma nova palavra e,
nos dicionários, tem tratamento à parte, quando sofre variação de sen-
tido ou adquire matiz especial em relação àquela donde procede. Foto-
grafia e foto são sinônimos porque designam a mesma coisa, embora a
sinonímia não seja absoluta. Foto, além de ser de emprego mais corrente,
ainda serve para títulos de casas do gênero, o que não se dá com o termo
fotografia.

A REDUPLICAÇÃO, também chamada duplicação silábica, consiste na
repetição de vogal ou consoante, acompanhada quase sempre de alternáncia
vocálica, para formar uma palavra imitativa:

normal:

tique-taque, reco-reco, Pingue-pongue (que provavelmente representa o chinês Ping-
Pang, através do inglês ping-pong, segundo SAPIR, A Linguagem, 82). Este é o processo
geralmente usado para formar as onornatopéias (cf. pág. 42).

A CONVERSÃO consiste no emprego de uma palavra fora de sua função

Terrível palavra é um não. Nio consegui descobrir o pwquê da questio.
Ele é o benjamim da família. Isto prova a não-existência do erro.

Entre os casos de conversão podemos incluir a passagem de uma
parte de um grupo de vocábulos (geralmente o final) a palavra -isolada:
Ele tem certas fobias (fobia é a parte de um grupo de palavras que
designam aversão a uma coisa: fotofobia, xenofobia, hidrofobia, etc.).
Estamos no século dos ismos e das logias.

OBSERVAÇÃO: Os casos de conversão recebiam o nome inexpressivo de derivação
imprópria.

-Hibridismo. - Chama-se hibridismo à formação de vocábulos com
elementos de idiomas diferentes. São mais comuns os hibridismos consti-
tuídos da combinação de elemento grego com outro latino ou románico:
sociologia (latino e grego), auto-sugestão (grego e português), televisão
(grego e português), burocracia (francês bureau e grego), automóvel
(grego e português), decímetro (latino e grego).
A nossa língua forma com facilidade hibridismos com elementos es-
trangeiros que se acham perfeitamente assimilados ao idioma como se
fossem elementos nativos. Assim é que fobia, mania, filo, tele, macro,
micro, neo, pseudo, auto e sufixos como ismo, ista, ico se juntam a
elementos de qualquer procedência: germanófilo, russófilo, germanofobia,

185
#





russofobia, retratamania, teleguiado, microônibus, neovencedor, pseudoven-
cedor, autocrítica, auto-retrato, caiporismo, governista. (*)

- Radicais gregos'mais usados em português. - Grande é o número
de radicais gregos que encontramos no vocabulário português. Muitos
deles nos chegaram através do latim e são antiqüíssimos; lembremo-nos
de que nos sécs. xvi a xviii o latim era o veículo das obras de ciência
e de filosofia em que abundavam os empréstimos de vocábulos gregos.
Na adaptação dos termos gregos para o latim geralmente se procedia da
seguinte maneira: k, ai, ei, oi, ou, u, r (aspirado) gregos eram translite-
rados para latim, respectivamente em c, ae, i, oe, u, y e rh, e esta prática
prevalecia para o português e demais línguas modernas. Esta norma nem
sempre é hoje obedecida quando se trata de novos termos científicos.
Assim é que se prefere calidoscópio a caleidoscópio (ei > i), apesar de, na
linguagem técnica, dizer-se dêictico e não díctico. Por outro lado, em regra
não vamos ao grego para formar palavras novas; elas nos vêm do estran-
geiro, mormente de França, através da nomenclatura científica comum à
maioria das nações cultas. E os erros que lá fora se cometem na formação
dos neologismos não são por nós corrigidos. Aceitamos, e não há corri-
gi-las, formas errôneas como quilômetro (por quiliômetro), hectâmetro
(por hecatômetro).
Outras vezes não se leva em conta o sentido rigoroso do termo grego.
Assim se aplica algos à dor física em vez da moral e se diz cefalalgia (dor
de cabeça), odontalgia (dor de dente), nevralgia (dor de um nervo); tam-
bém empregando-se geo para indicar terra como elemento, em vez de
argila (uma vez que o primeiro só se poderia aplicar ao globo terrestre),
se diz geófago (= comedor de terra) por argilófago. Ainda nos cabe
dizer que muitos dos nomes técnicos, principalmente gregos, trazem na
sua etimologia uma noção que o progresso científico considera errônea ou
imperfeita. Dessarte dtomo, que significa indivisível, o que não se pode
inais dividir, não pode ser hoje tomado ao pé da letra; oxigênio quer dizer
gerador de deidos, como se todos os ácidos contivessem este corpo. Como
são termos cuja etimologia não é inquirida, podem continuar a ser em-
pregados sem inconveniência. Por fim, lembramos os casos de esqueci-
mento etimológico em que o sentimento moderno não dá conta do sentido
de elemento constitutivo da palavra, dizendo, por exemplo, ortografia
correta (ortos = correta), caligrafia bonita (calos = belo). Os bem
falantes reagem contra muitos esquecimentos como hemorragia de sangue,
decapitar a cabeça, exultar de alegria, estes dois últimos latinos.
Os principais radicais gregos usados em português são
aer, aer-os (ar): acronauta, aerostato, aéreo
angel-os - aggel-os (enviado, mensageiro): anjo, evangelho
ag-o, agog-os (conduzir, condutor): demagogo, pedagogo

(1) O ar vernáculo é tal, que a rigor não se poderia falar de hibridismo em muitas dessas
inovações vocabulares.

186
#





ag-ón, -on-os (combate): agonia, antagonista
agr-os (campo): agronomia
eti-a - aiti-a (causa): etiologia
acr-os - akr-os (alto, extremidade): acrópole, acrobata, acróstico
alg-os (sofrimento, dor): nevralgia, nostalgia
anem-os (vento, sopro): anemoscópio, anêmona
ant-os - anth-os (flor): antologia
antrop-os - anthrop-os (homem): filantropo, misantropo, antropófago
arc-aios - arch-aios (antigo): arcaico, arqueologia
arc, arch-ê (governo): anarquia, monarquia
arc, arch-os (chefe que comanda): monarca
aritm-os - ariffim-os (número): aritmética, logaritmo
arct-os (urso): ártico, antártico, Ç'o nome drtico refere-se às constelações Grande Ursa
e Pequena Ursa, em uma das quais se acha a Estrela Polar", SAiD AU, Gram
Sec., 167)
aster, ast(c)r-os (estrela): asteróide, astronomia
aut-os (si mesmo): autógrafo, autonomia
bal-o - ba11-o (projetar, lançar): balística, problema, símbolo.
bar-is - bar-ys, bar-os (pesado, grave): barítono, barômetro
bibl-ion (livro): bibliófilo, biblioteca
bi-os (vida): biografia, anfíbio
cir, quir-os - cheir, cheir-os (mão):
col-e - chol-e (bílis): melancolia
cor-os, corea - chor-os (côro): coréia (dança em coro), coreografia
cron-os chron-os (tempo): crônico, cronologia, isócrono, anacronismo
cro'm-a chrom-a (cor): cromolitografia
cris-OS chrys-os (ouro): crisóstorno, crisálida, crisântemo
quil-os chilios (mil): quilograma
quil-os chylos (suco): quilífero
dactil-os - daktyl-os (dedo): datilografia ou dactilografia
dem-os (povo): democracia, epidemia
derm-a (pele): epiderme, paquiderme
do-ron (dom, presente): dose, antídoto, Pandora
dox-a (opinião): ortodoxo, paradoxo
dra-ma, -atos (ação, drama): drama, dramático, melodrama
drom-os (corrida, curso): hipódromo, pródromo
dinam-is - dynam-is (força): dinâmica, dinamómetro
edr-a (base, lado): pentaedro, poliedro
id-os - eid-os (forma), donde procede dide (que se assemelha a): elipsóide
ic-on - eik-on, -on-os (iffiagem): Icono, iconoclasta.
electra - eleUr-on (âmbar, eletricidade): elétrico, eletr6metro
erg-on (obra, trabalho), daí os sufixos urgo, -urgia: metalurgia, dramaturgo, energia
ep2ter-a (entranhas): enterite, disenteria
etn-os - ethn-os (raça, nação): étnico, etnografia
gam-os (casamento), daí gamo (o que se casa): polígamo, bígamo, criptógamo

quiróptero, cirurgia, quiromancia

187
#





gaster, gast(e)-ros (ventre, estômago): gastrônomo, gastralgia
ge (terra): geografia, geologia
genes-is (ação de gerar): gênese, hidrogênio
gen-os (gênero, espécie): homogêneo, heterogêneo
gloss-a ou glott-a (língua): glossário, glotologia, epiglote
gon-ia (ângulo): pollgono, diagonal
gon-os (formação, geração): cosmogonia, teogonia.
graf-o, gram-o - graph-o (escrever), e daí graph-ia (descrição), graph-o (que escreve),
gramm-a (o que está escrito): geografia, telégrafo, telegrama
hem-a - haim-a, -atos (sangue): anemia
here-o - haire-o (tomar, escolher): heresia, herético
helio (sol): helioscópio, heliotrópio
hemer-a (dia): eférnero, efemérides
heter-os (outro): heterodoxo, heterogêneo
hier-os (sagrado): hierarquia, hieróglifo
hip-os - hipp-os (cavalo): hipódromo, hipófago
hol-os (entregue de todo, inteiramente): ológrafo, holocausto
hom-os (semelhante): homogêneo, homônimo
hor-a (hora): horóscopo
hid-or - hyd-or, -atos (água), dai hydor, hydro, como elemento de composição:
hidrogênio, hidrografia
ict-io - icht-yo, -yos (peixe): ictiologia, ictiófago
idi-os (próprio, particular): idioma, idiotismo
isos (semelhante). isócrono, isotérmico
cac-os - kak-os (mau): cacofonia, cacografia
cai-os - kal-os (belo), kallos (beleza): caligrafia
card-ia - kard-ia (coração): cardíaco, pericárdio
carp-os - harp-os (fruto). pericarpo, endocarpo
cejal-e hephal-e (cabeça): cefalalgia, encéfalo
cosm-os Aosm-os (mundo). cosmografia, cosmopolita
crat-os krat-os (poder): democrático, aristocrático
cicl-os kykl-os (círculo): herniciclo, bicicleta
leg-o (dizer, escolher). ecletismo
lamban-o (tomar), daí leps-is (ação de tomar), lemma (coisa tomada): epilepsia, lema,
dilema
log-os (discurso, tratado, ciência): diálogo, arqueologia, bacteriologia, epílogo
maqu-c - mach-e (combate): logomaquia
macr-os - makr-os (grande): macróbio
man-ia (mania, gosto apaixonado por): bibliornania, monomania
manci-a - mantei-a (adivinhação): cartomancia, quiromancia
martir, ri-os - martyr, yr-os (testemunho): mártir, martirólogo
megas, megal-os (grande): megalomania
mel-as, -an-os (negro): melancolia, melanésia
mel-os (música, canto): melodia, melodrama
mes-OS (meio): Mesopotâmia
meter, metr-os (mãe), metrópole

188

7
#





metr-on (medida): barômetro, termômetro
micr-os - mikr-os (pequeno): micróbio, microscópio
mis-os (ódio): misantropo
mnem-e (memória): amnésia, mnemotécnica
mon-os (só): monólogo, monólito
morf-e - morph-e (forma): morfologia
mit-os - myth-os (fábula, mito): mitologia
miri-a - myri-a em vez de myri-o (dez mil): miriápode
necr-os - nekr-os (morte): necrópole, necrologia
ne-os (novo): neologismo, neófito
nes-os (ilha): micronésia, melanésia
neur-on (nervos): nevralgia, neurastenia
nom-os (lei, administração, porção): astronomia, autonomia
od-e (canto): paródia
od-os (caminho, via): éxodo, método, período
odon, -ont-os (dente): odontologia
onom-a, -atos (nome): pseudônimo, sinônimo
of-is, of-id oph-is, oph-id-os (serpente): ofídio
oftalm-os ophtaim-os (olho): oftalmia, oftalmoscópio
ops, op-os (vista): ops-is (ação de ver), opt-ik-os (que se refere a visão): miopia,
autópsia
oram-a (vista): cosmorama, panorama
ornis, ornit-os - ornis, ornith-os (ave): ornitologia
or-os (montanha): orografia
ort-os - orth-os (direito, reto): ortodoxo, ortografia, ortopedia
ost-eon (osso): osteologia, periósteo
ox-is - ox-ys (ácido, agudo): oxigênio, paroxismo
pes, ped-os - pais, paid-os (criança, menino): pedagogia
pale-os - palai-os (antigo): paleontologia, paIeografia
pan, pant-os (todos): panorama, panéplia, panteísmo, pantógrafo
pat-os path-os (afecção, doença): patologia, simpatia
fag-o phag-o (comer): antropófago, hipófago
fan-o, fen-o - phain-o (fazer aparecer, brilhar): diáfano, fenômeno
femi - phemi (eu digo, falo): eufemismo, profeta
fer-o, for-os - pher-o (levar, trazer), phor-os (que traz): fósforo, semáforo
fil-os - phil-os (amigo): filarmonia, filantropo
fobe-o, fob-os - phobe-o (temer, fazer fugir), daí phob-os: hidrófobo, anglófobo,
russófobo
fos, fot-os - phos, phot-os (luz): fósforo, fotografia
plut-os - plout-os (riqueza): plutocracia
fon-e - phon-e (voz): cacofonia, telefone
pol-is (cidade): acrópole, metrópole, necrópole
pol-is - pol-ys (muito): poligamia, polígono, policromia, polinésia
pos, pod-os - pous, pod-os (pé): antípoda, miriápode
prot-os (primário): protagonista, protocolo, protozoário, protoplasma
pseud-os (falsidade, mentira): pseudônimo

189
#





psiqu-e - psych-e (alma): psicologia, metempsicose
pter-on (asa): quiróptero, coleóptero
pir, pir-os - Pyr, Pyr-os (fogo, febre): pirotécnico, antipirina
re-o - rhe-o (correr, fluir): catarro, diarréia
sisin-os - seisrn-os, daí sism (estremecimento): sismologia, sísmico
scope-o - shopeo (examinar), daí scópio (que faz ver): telescópio, microscópio
sof-os - soph-os (sábio): filósofo
estat-os - stat-os (que se mantém): aeróstato, hidrostática
estere-o - stere-o (sólido): estereotipo, estereotomia
estref-o - streph-o (virar, voltar): apóstrofe, catástrofe
taf-os - taphos (ffimulo): epitáfio, cenotáfio
tauto por to auto (o mesmo): tautologia
tecn-e - techn-e (arte): politécnico
teras, terat-os (prodígio, fenômeno, monstro): teratologia
tele (longe): telégrafo, telefone, telescópio
te-os - the-os (deus): teologia, teocracia, politeísmo
term-os - therm-os (quente): termômetro
tes-is - thes-is (ação de por, ter): antítese, síntese
tom-e (cortadura, secção): tomo, átomo, estereotomia
top-os (lugar): tópico, topografia, atopia
trauin-a, -atos (ferimentos): traumático
tip-os - typ-os (tipo, caráter): tipografia, arquétipo
zo-on (animal, ser vivo): zoologia, zoófito

Famílias etimológicas de radical latino. - Chama-se família etimo-
lógica a uma série de vocábulos cognatos. Cabem aqui as judiciosas obser-
vações do Prof. Said Ali: "parece cousa extremamente fácil distinguir
palavras derivadas de palavras primitivas quando se trata de exemplo
como pedreiro, pedraria, pedregulho ou fechamento, laranjal, bananeira,
que não requerem especial cultivo da inteligência para alguém saber que
se filiam respectivamente a pedra, fechar, laranja, banana. São entretanto
numerosos os casos em que transparece menos lúcida a relação entre o
termo derivado e o derivante, sendo necessário algum estudo para perceber
a filiação. Outras vezes tem havido tal exclusão de forma e sentido, que
surge um curioso conflito entre o sentimento geral do vulgo e o fato
encarado à luz da pesquisa científica" (1).
Nesta matéria cabe distinguir cuidadosamente uma forma livre de
uma forma presa (cf. pág. 167). Receber, por exemplo, é considerada
como derivada prefixal, embora -ceber não tenha curso independente na
língua, porque é uma forma presa de caber, que aparece numa série de
palavras portuguesas:

re I
per -ceber
con

(1) Gramática Histórica, 11, 3.

190
#




0 mesmo ocorre com ~resistir, cuja forma presa -sistir é elemento
a série:

co um a Um

re
per
con-sistir
de
sub

já o mesmo critério não se aplica a outros vocábulos como esquecer

iludir e inteligência, que passaram a funcionar, para o sentimento dos
que falam português, como vocábulos primitivos.

Eis uma pequena lista de cognatos com radical latino:

aequus, a, um (direito, justo): adequar, equação, equidade, igual, iníquo.

ager, agri (campo): agrário, agricultor, agrícola, peregrino.

ago, agis, egi, actum, agere (impelir, fazer): ágil, ator, coagir, exigir, indagar, pródigo

alter, a, um (outro): alterar, alternância, altruísmo, outro.
ango, angis, anxi, angere (apertar): angina, ângulo, angústia, ânsia, angusto

cado, cadis, cecidi, casum, cadere (cair): acidente, cadente, incidir, ocaso.

caedo, caedis, cecidi, caesum, caedere (cortar): cesariana, cesura, conciso, incisão, precisar.

Há numerosos derivados em cida, cídio, cuja significação é matar:

J7atricida, homicida, infanticida, matricida, patricida, regicida, uxoricida, suicida,

fatricídio, homicídio, suicídio, etc.

capio, capis, cepi, captum, capere (tomar): antecipar, cativo, emancipar, incipiente,

mancebo.

caput, capitis (cabeça): cabeça, capitão, capital, decapitar, precipício.

caveo, caves, cavi, cautum, cavere (ter cuidado): cautela, incauto, precaver-se.
colo, colis, colui, cultum, colere (habitar, cultivar): agrícola, colônia, culto, íncola,

inquilino, cu tura (agr -, av -, ort-, p c -, r ., v n -, e c.).
cor, cordis (coração): acordo, discórdia, misericórdia, recordar.

dica, dicis, dixi, dictum, dicere (dizer): abdicar, bendito, dicionário, ditador, fatídico,

maledicência

do, das, dedi, datum, dare (dar): data, doação, editar, perdoar, recôndito

doceo, doces, docui, doctum, docere (ensinar): docente, documento, doutor, doutrina,

duo, duae, duo (dois): dobro, dual, duelo, duplicata, dúvida

duco, ducis, duxi, ductum, ducere (levar, dirigir): conduto, duque, educação, dútil,

Droduzir, tradução, viaduto.

Deste radical há numerosos derivados em duzir (a-, con-, de-, intro-, pro-, re-

se., tra-, etc.).
#






eo, is, ivi, itum, ire (ir): comício, circuito, itinerário, transitivo, subir.

191
#





facio, facis, feci, factum, facere (fazer): afeto, difícil, edificar, facínora, infecto, malefício

fero, fers, tuli, latum, ferre (levar, conter): ablativo, aferir, conferência, fértil, oferecer,

frango, frangis, fregi, fractum, frangere (quebrar): fração, frágil, infringir, naufrágio,

fundo, fundis, fudi, fusum, fundere (derreter): fútil, funil, refutar, fundir (con-, di-,

in- re. 1 confuso difuso profuso.

gero, geris, gessi, gestum, gerere (gerar): beligerância, exagero, famigerado, gerúndio,

jacio, jacis, jeci, jactum, jacere (lançar): abjecto, jacto, jeito, injeção, sujeito

lac, lactis (leite): lácteo, lactante, lactente, leiteria, laticínio.
lego, legis, legi, lectum, legere (ler): florilégio, legível, leitura, lente

loquor, loqueris, locutus sum, loqui (falar): colóquio, eloqüência, locução, prolóquio
mitto, mittis, misi, missum, mittere (mandar): demitir, emissão, missionário, remeter,

moveo, moves, movi, motum, movere (mover): motorista, motriz, demover, comoção,

nascor, nasceris, natus sum, nasci (nascer): natal, nativo, nascituro, renascimento.

nosco, noscis, novi, notum, noscere (conhecer): incógnita, noção, notável
opus, operis (obra): obra, cooperar, operário, opereta, opúsculo.

patior, pateris, passus sum, pati (sofrer): compatível, paciente, paixão, passional, passiv

plico, plicas, plicavi ou plicui, plicatum ou plictum, plicare
aplicar, ch ar, cúmplice, explicar, implícito, réplica.

(fazer pregas, dobrar):

Pono, Ponis, Posui, positum, ponere (colocar): aposto, dispositivo, disponível, posição

quaero, quaerj . s, quaesívi ou quaesai, quaesitum, quaerere (procurar): adquirir, inquirir

rego, regis, rexi, rectum, regere (dirigir): correto, reitor, regência, regime, reto.

rumpo, rumpis, rupi, ruptum, rumpere (romper): corrupção, corruptela, roto, ruptura

c ' 1 , sectum, secare (cortar): bissetriz, inseto, secante, seção, segador,

solvo, solvis, solvi, solutum, solvere (desunir): absolver, dissoluto, resolver, solução,

'p"i" specis, spexi , spectum, specere (ver): aspecto, espetáculo, perspectiva, prospecto,

sto, stas, steti, statum, stare (estar): estado, distância, estante, obstáculo, substância.
sterno, sternis, stravi, stratum, sternere (estender por cima): consternar, estrada, estra

(I) Fero é defectivo, apresentando forma do radical de tollo (tuli, latum); assim, não
cognatos aferir e ablativo. Ao primeiro se associam conferência, fértil, oferece; ao segundo,
-lado e relaxado Esta observaeâo se estende a qualquer forma latina que ap ntar seme-
#





sumo, sumis, sumpsi, sumptum, sumere (tomar, apoderar-se): assumir, consumir, sumi-
dade, sumário.
tango, tangis, tetigi, tactum, tangere (tocar): contagioso, contingência, tato, contacto,
, atingir.

tendo, tendis, tetendi, tensum ou tentum, tendere (estender): atender, distenso, con-

tente tenso nretensáo

teneo, tenes, tenui, tentum, tenere (ter): contentar, abstinência, tenaz, sustentar, tenor,

detento.

torqueo, torques, torsi, tortum, torquere (torcer): extorsão, tortura, extorquir, tor-
tuoso, distorção.

video, vides, vidi, visum, videre (ver): evidência, próvido, vidente, visionário, previ-
dência.

volvo, volvis, volvi, volutum, volvere (envolver): devolver, envolto, revolução

193
#





A) Noções Gerais

111 - Sintaxe

Que é oração

- Oração é a unidade do discurso.

A oração encerra a menor unidade de sentido do discurso com pro-
pósitos definidos, utilizando os elementos de que a língua dispõe de
acordo com determinados modelos convencionais de estruturação ora-
cional

1
Entoação oracional. - Em português, como em numerosas outras
línguas, as orações se caracterizam pela entoação, isto é, pela maneira com
que são proferidas dentro de certa cadência melódica. A parte final de
uma oração é sempre marcada por algum dos tipos de entoação. Depois
da entoação final fazemos em geral uma pausa de longa ou curta duração,
conforme o que temos em mente expressar.
Simples vocábulos como joão, Absurdo!, W, Sim, constituem orações
completas desde que ocorram entre duas pausas, e formam unidades de
sentido se ocorrerem entre dois siléncios.
Dentro da entoação final podemos estabelecer algumas diferenças
fonêmicas, isto quer dizer diferenças que repercutem no sentido que as
orações encerram:

a) ENTOAÇÃO ASSERTIVA: João estuda.

Aqui a linha melódica marca uma subida da voz até a parte que
recebe o acento frásico (cf. pág. 55) e daí acusa uma descida até a parte
final. A linha melódica apresenta, portanto, uma parte ascendente e outra

(1) Fizemos estudos minuciosos da análise sintática e de sua ímportIncia na sintaxe em
nosso livro Lições de Português pela Analise Sintíltica (4.a ed., 1966), para o qual remetemos
o leitor estudioso.

194
#





lw~

descendente. A entoação assertiva, característica da oração declarativa,

simbolizada por [.] (1).

b) ENTOAÇÃO INTERROGATIVA: João estuda? Quem veio aqui?

A linha melódica na interrogação só tem a parte ascendente. Distin-
guimos a interrogação geral ou de sim ou não, feita em relação ao conteúdo
de toda a oração (João estuda ?) da interrogação parcial, feita em relação
a um termo da oração (Quem veio aqui ?). Na primeira a resposta se
resume ou se pode resumir em sim ou não e a parte ascendente da
entoação é mais acentuada; na segunda, a pergunta é feita, em geral, por
vocábulos especiais de interrogação e a resposta é dada por vocábulo ou
reunião de vocábulos. Simbolizamos a entoação da interrogativa geral
com [?] e da interrogativa parcial com [g]. Percebe-se a diferença de sentido
em orações do tipo: Quem viu o filme ? Com a entoação da interrogativa

parcial [?] indaga-se pela pessoa que viu o filme; a entoação da interro-
gativa geral [é] significa "é sobre este assunto que se pergunta ?"

c) ENTOAÇÃO EXCLAMATIVA: João estuda !

A linha melódica na exclamação só tem também a parte ascendente.
Ela traduz um enunciado expresso com acentuado predomínio emocional
para comunicar, acompanhada ou não de mímica, dor, alegria, espanto,
surpresa, cólera, súplica, entusiasmo, desdém, elogio, gracejo. A entoação
exclamativa também é empregada para exigir a presença ou a atenção de
alguém (João 1 Menino ) ou para traduzir ordens e pedidos (Corra 1

Salte 1). A entoação exclamativa pode combinar-se com os tipos enuncia-
dos anteriormente. Compare-se a resposta João (da pergunta parcial:
Quem estuda 1) com João para chamar ou atrair a atenção e com João ? !

quando a pergunta envolve um sentimento de surpresa. Simbolizamos a

entoação exclamativa com [11 (2).

d) ENTOAÇÃO SUSPENSIVA OU PAUSAM Ele, o irmão mais velho, tomou

conta da fa ília

Consiste a entoação suspensiva ou pausal em elevar a voz antes da
pausa final dentro da oração. Difere das entoações finais pelo fato de
mostrar que o enunciado não termina no lugar em que, em outras circuns-
tâncias, a estrutura oracional. poderia marcar o fim de unia oração. Sim-
bolizamos a entoação suspensiva com [J. Note-se o contraste de sentido
pela entoação distinta que se dá ao trecho: O homem que vinha a cavalo
parou defronte da casa. Se proferimos: O homem , que vinha a cavalo ,
parou defronte da casa, trata-se de um só homem na narração. Se profe-
rimos: O homem que vinha a cavalo parou defronte da casa (sem
entoação suspensiva), pressupõe-se que na narração há mais de um homem.

(1) Tomamos a lição a BLWMFXZLD, Language, 114-115.

(2) J. MATOSO CÂMARA jr., Princípios de Lingüística Geral, 3^ 106.

195
#





A importância da situação e do contexto. - No intercâmbio de
nossos pensamentos desempenham relevante papel a situação e o contexto.
Entende-se por SITUAÇÃO o ambiente físico e social onde se fala;
CONTEXTO é o ambiente lingüístico onde se acha a oração(').
Situação e contexto são estímulos decisivos para a melhor aproxima-
ção entre falante e ouvinte ou escritor e leitor. Através destes estímulos
falante e ouvinte se identificam numa situação espacial e temporal, e a
atividade lingüística atinge seu objetivo com um simples vocábulo ou
fragmento de oração.

Constituição das orações. - A oração pode ser constituída por uma
seqüência de vocábulos ou por um só vocábulo:
a) João estuda
b) Passeamos
C) Sim. João
d) Fogo! Parada de ônibus

No primeiro caso temos uma oração que encerra- nos seus limites os
dois termos essenciais de que se compõe: sujeito: - ou o ser de quem se
declara alguma coisa - e a predicado - aquilo que se declara na oração.
O segundo exemplo nos evidencia que não é necessária a represen-
tação do sujeito por vocábulo especial, uma vez que pode ser depreen-
dido da desinéncia do verbo -mos : nós passeamos.
No terceiro caso, temos uma oração cujo enunciado se relaciona com
um contexto exterior, sem o que seriam simplesmente absurdos, Expli-
cam-se, por exemplo, como resposta às perguntas Você passeou ? e Quem
veio aqui?
No quarto caso temos orações cujo enunciado se relaciona com situa-
ção em que se acha o falante, e assim, contém um elemento extralírt-
güístico; fora desta situação os enunciados também seriam absurdos.
A língua portuguesa conhece todas as constituições de orações acima
indicadas. As constituições favoritas da estrutura oracional em português
apresentam a seqüência de sujeito e predicado, podendo o primeiro vir
incluído na desinência verbal (tipo: passeamos).
Chamam-se construções menores as do caso c) e d).

(1) SOUSA DA SILVEIRA (Obras de Casimira de Abreu, 2.a ed., 188), comentando a substi-
tuição de um Quando? (só interrogativo) por um Quando11 (Interrogativo-exclamativo), diz:
"Fizeram mal, entre outros motivos, porque prejudicaram um pouco a beleza desta poesia, que
é um mimo. Nas três primeiras estrofes a moça responde afirmativamente às perguntas do
poeta; mas na quarta, em que ele começa a tornar-se indiscreto, ela replica-lhe com um "ora 1"
numa espécie de muxoxo, como a mandá-lo calar-se. Ele, porém, continua, e com maior indis-
criçáo. Então ela, fazendo-se alheia ao casa, Mponde-lhe com uma pergunta, acompanhada de
espanto e com suspensão da frase, o que tudo explica a múltipla pontuação da edição de 1859,
isto é, o ponto de interrogação, o de exclamação e os de reticência. "Quando?" equivale sim-
plesmente a "quando foi isso?, ao passo que "Quando? I..." quer dizer, mais ou menos:
"Quando foi toda essa história que desconheço, e até me espanta que você me pergunte
semelhante coisa ?"

196
#





Estruturação sintática: objeto da sintaxe. - Ao elaborar orações
conta o falante com a liberdade de escolher os vocábulos; mas não pode
criar a estrutura em que eles se combinam na comunicação de suas idéias.
As'estruturas oracionais obedecem a certos modelos formais que podem
não ser coincidentes de uma língua para outra e que constituem os padrões

estruturais

As estruturas oracionais ou construções sintáticas apresentam seus

rocessos característicos u,- são*

a) associação dos vocábulos de acordo com a sua função sintática;
b) concordância dos vocábulos de acordo com certos princípios fixa-

dos na língua;

c) ordem dos vocábulos de acordo com sua função sintática.

Assim na oração Os bons alunos dão alegria aos pais temos os bons
alunos exercendo a função de sujeito (de acordo com a), o que lhe
garante, como posição normal, o lugar inicial no contexto (de acordo
com c) e, por ser constituído por um núcleo masculino e no plural
(alunos), determina que nesse número e genero estejam seus adjuntos
(os e bons) e no plural o verbo da oração (dão), estando os d,ois últimos
casos de acordo com o b).

A sintaxe é o estudo dos padrões estruturais de uma língua determi-
nados pelas relações recíprocas na oração e das orações no discurso. Pode
ainda ocupar-se a sintaxe do emprego dos vocábulos. NGB divide a sintaxe

e :

a) de concorddncia nominal
~ verbal

b) de regência nominal
~ verbA

c) de colocação

No presente livro adotaremos o seguinte esquema ara o estudo da

sintaxe portuguesa:

SINTAXE '

1) das ORAÇõES

estuda as relações recí- simples
procas *e o emprego das compostas
orações no discurso 1

2) dos vocABuLos

estuda as relações recí-
procas e o emprego dos
vocábulos considerados
como partes das ora-
çóes

197

a) substantivo
b) adjetivo
C) numeral
#





d) pronome
e) artigo
f) verbo
g) advérbio
h) preposição
i) conjunção
#





A oração na língua falada e na língua escrita. - A oração na língua
falada conta com numerosos recursos para alcançar seu objetivo de uni-
dade de comunicação. Entram em seu auxílio não só elementos lingüís-
ticos de que dispõe o idioma, mas ainda os recursos extralingüísticos
elocucionaií (os sons inarticulados como o muxoxo, o riso, o suspiro) ou
não-elocucionais (isto é, à margem da língua, como a mímica).
Na língua escrita entram em jogo outros fatores. Em primeiro lugar'
desaparece o recurso da entoação que, como diz Matoso Câmara, "tem de
ser deduzida do texto pelo leitor (no qual se transforma o ouvinte),
mediante uma técnica especial, que é a arte da leitura. Em segundo lugar,
esse leitor encontra-se, ao contrário do ouvinte no intercâmbio falado,
muito distante no tempo e no espaço, e não é em regra um indivíduo
determinado e conhecido pelo EscRiToR (em que se transformou o falante).
Finalmente, não envolve ao discurso uma situação concreta e bem
definida" (1).

Sintaxe e estilo: necessidade sintática e possibilidade estilística. -
É importante distinguir uma necessidade sintática, ditada pelas relações
recíprocas dos vocábulos na oração, da possibilidade estilistica que permite
ao falante ou escritor uma escolha dentre dois ou mais elementos de ex-
pressão que a língua lhe oferece, para atingir melhor expressividade.
Esta escolha pessoal tira à oração seu mero valor representativo para
transformá-la num "apelo à atividade e comunhão social, ou, então, libe-
ração psíquica" (2). Saímos, assim, do terreno da sintaxe e entramos no
domínio do estilo.
Pode-se definir estilo como "um conjunto de processos que fazem da
língua representativa um meio de exteriorização psíquica e apelo" (3), isto
é, estabelece o contraste entre o intelectivo e o emocional, mais do que
o contraste entre o coletivo e o individual (cf. pág. 347).

Tipos de oração. - A oração pode encerrar:

a)a declaração do que observamos ou pensamos (oração declarativa com
entoação assertiva):
o dia está agradável
Amanha iremos à praia
João ainda não chegou.

b)a pergunta sobre o que desejamos saber (oração interrogativa com
entoação interrogativa) -
o dia está agradável?
Quem sairá hoje?

(1) J. MATOSO CÂm~ jr., Princípios de Lingüística Geral, 3, 200.
(2) J. MAToso CAmAaA jr., ibid., 204.
(3) Imu, curso na cA&c.

198
#





r-

I

c)a ordem, a súplica, o preceito, o desejo, o pedido para que algo
aconteça ou deixe de acontecer (oração imperativa com entoação

exclamativa):

Sé Jorte.
Venha aquil

Bons ventos o levem

Queira Deus 1

d) o nosso estado emotivo de dor, alegria, espanto, surpresa, elogio,

desdém Iorarão exclamativa com entoa ão exclamativaN:

Que susto levei 1
Que lindo dia 1
Como chove 1

OBSERVAÇÃO: Como vimos, a oração exclamativa pode combinar-se com os tipos
anteriores para indicar um predomínio emocional com que elo enunciadas. Daí poder

aparecer o ponto de interro ção sq ido do de exclamação:

Eles vão ficar zana2dos ?

As orações exclamativas são normalmente introduzidas por pronomes

ou advérbios de sentido intensivo

B) O bert'Odo SiMbles

Chama-se período o conjunto oracional cuja enunciação termina por

silêncio ou pausa mais apreciável, indicada normalmente na escrita por

nto

O período se diz simples quando constituído por uma só oração
Nesta circunstància, a NGB chama-lhe oração absoluta.

Período composto é aquele que encerra mais de uma oração

C) Núcleo

panha.

I

Dá-se o nome de núcleo de uma função sintática à sua expressão prin-
cipal despojada do complemento que exige ou do adjunto que a acom-

1 - ERMOS ESSE CIAIS A RAÇÃ

As orações de estrutura favorita em português se compõem de dois

termos essenciais: sujeito e predicado.

Sujeito é o termo da oração que denota a pessoa ou coisa de que

afirmamos ou neiramos uma ação, estado ou ou idade.
#





#





Predicado é tudo o que se declara na oração, ordinariamente em
referência ao sujeito.

SUJErro

Marcela
Este carro
O artista
O pai
Virgilia
Pedro e Paulo

PREDICADO

suspirou com tristeza
não anda?
fora aplaudido
está alegre
era religiosa
saíram (1)

Omissão do sujeito ou do predicado. - Nem sempre se pede o
aparecimento obrigatório dos termos da oração que exprimem o sujeito
ou o predicato: Trabalhamos.
O sujeito nós está implícito no verbo, indicado pelo morfema -mos,
desinência de 1.a pessoa do plural.
O vocábulo João (em resposta à pergunta quem veio aqui 1) constitui
uma oração cujo predicado (veio) se depreende pelo contexto anterior
constituído pela pergunta que ocasionou a resposta João.
Chama-se elipse à omissão de um elemento lingüístico. Em trabalha-
mos e João, nos exemplos apontados, dizemos, respectivamente, que o
sujeito e predicado são elíticos ou ocultos.

S~jeito indeterminado. - Sujeito indeterininado é o que não se
nomeia ou por não se querer ou por não se saber fazè-lo.
A língua portugúesa moderna indetermina o sujeito de duas maneiras
diferentes:

a)pondo o verbo da oração (ou o auxiliar, se houver locução verbal)
na 3.a pessoa do singular ou, mais freqüentemente, do plural, sem
referência a pessoa determinada:

Diz que eles vão bem (diz = dizem)
Dizem que eles vão bem
Estão chamando o vizinho

b)empregando o pronome se junto a verbo de modo que a oração
passe a equivaler a outra que tem por sujeito alguém, a gente ou
expressão sinônima:

Vive-se bem aqui
Precísa-se de bons empregados

(1) Diz-se sujeito simples o constituído de um só núcleo: Pedro saiu.
Composto é o constituído por mais de um núcleo, ligado por conjunçáo:
Pedro e P4UIO MOM.

200

von
#





70~_

O pronome se nesta aplicação sintática recebe o nome de índice de
indeterminação do sujeito.
OBSERVAÇÃO: Cumpre não confundir sujeito oculto com sujeito indeterminado.

Orações sem sujeito. - Há orações que encerram apenas a declaração
contida no Predicado, sem que se cogite de atribuí-la a nenhum sujeito:
Chove
Faz calor
Há bons livros na sua biblioteca

Em tais casos dizemos que se trata de orações sem sujeito e o verbo
que nelas entra se chama impessoal.

Os principais verbos impessoais. - São:

a)os que denotam fenômeno da Natureza: chover, trovejar, nevar,
relampejar, anoitecer, fazer (frio, calor) e semelhantes:

b)o verbo haver nas orações que denotam ou não existência de pessoa
ou coisa.
Há livros sobre a mesa (equivalente a existem livros sobre a mesa).

c) o verbo ser nas indicações de tempo como: Era à sobremesa.
Era uma hora e meia.

Na indicação de existência, como em era um rei, era um rei e uma
rainha, pode-se considerar o verbo ser como tendo sujeito (um rei, um rei
e uma rainha) ou como impessoal. A opinião mais generalizada é a pri-
meira, razão por que o verbo vai ao plural em eram um rei e uma rainha.
Para o problema da concordáricia neste caso, veja-se a pág. 306.

OBSERVAÇõES:

1.a) É preciso não confundir as orações de verbo impessoal com as que encerram
um verbo em cujo contexto não está seu sujeito que se depreende pelo contexto an-
terior: "Se a regra do professor Carneiro acerta, errei eu, não tem dúvida" (Rui BARBOSA,
Réplica, 331). O sujeito, o pronome isto ou equivalente, refere-se ao fato de a pessoa
errar. Trata-se apenas de um Sujeito elítico.

2.a) Há mestres que põem ainda entre os impessoais os seguintes verbos:
a) Haver, fazer nas idéias de tempo:
Há cinco anos. Faz três dias que não o vejo (cf. pág. 234).
b) verbo acompanhado do pron. se como índice de indeterininaçáo do sujeito:
Vive-se bem aqui. Precisa-se de bons empregados.

3,a) Na linguagem familiar do Brasil é freqüente o emprego do verbo ter como
impessoal, à maneira de haver:
Há bons livros na biblioteca
Tem bons livros na biblioteca

201
#





Em tal construção parece ter-se originado uma mudança na formu-
lação da frase A biblioteca tem bons livros, auxiliada por vários outros
casos em que haver e ter têm aplicações comuns. A gramática normativa,
entretanto, pede se evite este emprego de ter impessoal. Em linguagem
coloquial escritores modernos já agasalharam esta construção:

"Na Rua Toneleiros tem um bosque, que se chama, que se chama, solidã~" (MANUEL
BANDEIRA, Poesia e Prosa, lI, 419).

2 - TIPOS DE PREDICADO: VERBAL, NOMINAL
E VERBO-NOMINAL. O PREDICATIVO

Tipos de predicado. - O predicado declara

a) uma ação que, se referida ao sujeito, o apresenta como agente ou
paciente:

agente O aluno brinca
{ Machado de Assis escreveu belos livros
paciente Belos livros foram escritos por Machado de Assis
{ Os maus alunos foram castigados

b) uma qualidade, estado ou condição:

O aluno é brincaffido.
Machado de Assis foi um escritor.
A aluna esteve quieta.
os circunstantes ficaram atõnitos com a cena,
O primo parece adoentado.
Este livro é o meu.

Quando o predicado exprime uma ação que o sujeito pratica ou sofre,
o verbo constitui o seu elemento principal. Dai chamar-se verbal a este
tipo de predicado.
Quando o predicado exprime uma qualidade, estado ou condição, o
seu elemento principal é um nome (adjetivo ou substantivo) que se refere
a outro nome sujeito, podendo ser um ou ambos os termos representados
por pronome. A este tipo de predicado chama-se nominal. O nome que,
no predicado nominal, constitui o elemento principal. se diz predicativo.

O aluno é brincalhélo.
Sujeito - o aluno
Predícado nominal - é brincaffigo
Predicativo - brincalhão.
#





Pode ocorrer na declaração a fusão do predicado verbal com o no
m na, sto é, ao a a ação se enunc: a também um estado, qualidad(

Nos exemplos dados emincia-se uma ação (assistiram, chegou, nomea-
ram) e um estado, qualidade ou condição que se dá concomitante à ação
verbal (alegres, atrasado) ou como conseqüência dela (secretário dá

Este tipo de predicado misto recebe o nome de verbo-nominal.

No predicado verbo-nominal o edicativo de referir-se -o---ei-

Excepcionalmente o verbo chamar pode pedir predicativo de objeto

OBSERVAÇÃO: Ainda assim EPIFANio DiAs. RIREIRO DE VASCONCELOS C MAItTINZ DE

Verbos de ligação. - Chama-se de ligação o verbo que entra no
predicado nominal. Seu ofício é apresentar do sujeito um estado, quali-

Todos ficaram adoentados.
Maria tomou-se estudiosa.
Elas acabaram cansadas.
Pedro caiu doente.
* cliente fez-se médico.
* crisálida virou borboleta
* inocente converteu-se em culpado
#





d) continuidade de estado:

e) aparência:

Nós continuamos livres.
Maria permanece satisfeita.

· mestra parecia zangada (= parecer estar).
· roupa parece velha (= parecer ser).

OBSERVAÇõES SOBRE PREDicATivo: Não raro a função predicativa pode ser exercida
por expressôes formadas da preposição de + substantivo ou pronome, como acontece
nos seguintes casos(l):
a) Ele é dos nossos amigos (abreviadamente: ele é dos nossos);
b)Este homem é de baixa condição, esta mesa é de mdrmore, onde a preposição indica
procedência ou matéria de que uma coisa é feita;
C)Sou de parecer, isto não é da sua competência, onde se pode ver uma filiação ao
genitivo predicativo do latim (aliquid est mei judicii, apud MADVIG-ENFÂNio, Gram.
Latina, õ281, obs.);
d)Isto não é de ser humano, isto é muito dele, esta é bem dele, para exprimir "o
que é próprio de alguém ou de alguma coisa". Prende-se ao genitivo latino com
esse: Cuius vis hominis est errare nullius, nisi insipientis, in errore perseverare
(CícERo apud MADVIG-ENFÂNio, Gram. Latina, õ282). Não há, portanto, necessidade
de se recorrer a elipses.
NOTA. Em isto é bem, a par de isto é bom, o advérbio não exerce função de
predicativo, uma vez que o verbo ser é verbo nocional, e não de ligação. Representa
a construção latina bene est por bonum est (cf. italiano é bene, francês c'est bien).

3 - CONSTITUIÇÃO DO PREDICADO VERBAL
(Verbo intransitivo e transitivo. Complementos verbais)

O verbo que constitui o elemento principal do predicado verbal pode
ser intransitivo ou transitivo.

Intransitivo é o verbo que não precisa de complemento para integrar
o seu sentido, isto é, c! verbo que se basta a si mesmo:

Os homens trabalham.
As lavadeiras cantam.
* criança adormeceu.
* rio desce vagarosamente.

Transitivo é o verbo que necessita de complemento que integre sua
predicação:
Os alunos leram belas poesias.
Estas censuras não têm grande valor.
Falava aos colegas.
As crianças obedecem aos Pais.
Lembrei-me da encomenda.
Queixou-se da chuva.

(1) Cf. MEYzR-LDEKE, Grammaire, 111, 449-450.

204
#





Os verbos transitivos se dividem em diretos e indiretos. Dizem-se
DIRETOS os que têm complementos não iniciados por preposição necessária:
Estas censuras não têm grande valor.
Os alunos leram belas poesias.

Transitivos INDIRETOS são os verbos que se acompanham de comple-
mento iniciado por preposição necessária. Se falta a preposição nesses casos
pode prejudicar-se o sentido ou a correção do contexto:
Falavas aos colegas.
As crianças obedecem aos Pais.
Lembrei-me da encomenda.
Queixou-se da chuva.

A classificação do verbo depende da situação em que se acha em-
pregado na oração. Muitos verbos, de acordo com os vários sentidos que
podem assumir, ora entram no grupo dos verbos de ligação, ora são
intransitivos, ora são transitivos diretos ou indiretos:
Ele passou a presidente (verbo de ligação).
* caçula passou o mais velho (transitivo direto).
* chuva passoid- (intransitivo).
Maria passo"s novidades às colegas (transitivo acompanhado de dois complementos).

Assim não podemos, a rigor, falar em verbos intransitivos ou transi-
tivos, mas em emprego intransitiVO ou transitivo dos mesmos verbos.

OBSERVAÇõES :
1.a) Verbos há que mudam a construção de acordo com o sentido em que
aparecem empregados: assistir o doente (= socorrer) e assistir ao filme (presenciar),
querer o livro (= desejar) e querer a alguém (= estimar).
2,a) Verbos há que admitem mais de uma construção sem que se altere a sua
significação geral: presidir a cerimônia ou presidir à cerimônia, crer isso ou crer
nisso, consentir isso ou consentir nisso, ajudar alguém ou ajudar a alguém, servir
alguém ou servir a alguém.

Espécies de complementos verbais. - Os complementos dos verbos
transitivos diretos recebem o nome de objeto direto (isto é, complemento
não encabeçado por preposição necessária):

Os alunos leram belas poesias.

Sujeito: os alunos
Predicado verbal: leram belas poesias
Objeto direto: belas poesias.

Em lugar do nome que funciona como objeto direto se podem usar
os pronomes oblíquos: o, a, os, as:
Os alunos leram-nas
Estas censuras não o têm

205
#





Os complementos dos verbos transitivos indiretos recebem o nome
de objeto indireto (isto é, complemento encabeçado por preposição
necessária):

Falavas aos colegas,
As crianças obedecem aos pais.
Lembrei-me da encomenda,
Queixou-se da chuva.

Falavas aos colegas
Sujeito: tu (oculto)
Predicado verbal: falavas aos colegas
Objeto indireto: aos colegas

Em lugar do nome, geralmente precedido das preposições a ou para,
que funciona como objeto indireto, se podem usar muitas vezes os pro-
nomes oblíquos lhe, lhes:
Falavas-lhes.
As crianças jhes obedecem.

Este é o único caso em que o objeto indireto nunca vem encabeçado
por preposição.

OBSERVAÇÃO: A NGB, a bem da simplicidade, reúne sob a denominação
única de objeto indireto complementos verbais preposicionados de nature7as bem
diversas: o objeto indireto propriamente dito, em geral encabeçado pelas preposições
a ou para (escrevi aos pais), o complemento partitivo, em geral encabeçado pela
preposição de (lembrar-se de alguma coisa) e o complemento de relação, também
encabeçado, em geral, pela preposição de (ameaçar alguém de alguma coisa). Isto
nos leva a compreender a presença de dois objetos indiretos numa mesma oração
como:

Queixa-se dos maus tratos ao diretor (1)

exprime:

a)- a pessoa ou coisa que recebe a ação verbal:
o soldado prendeu o ladrão

Sentidos do objeto direto. - Quanto ao sentido, o objeto direto

b) o produto da ação:
o poeta compôs um belissimo soneto

c)a pessoa ou coisa para onde se dirige um sentimento, sem que o objeto
seja forçosamente afetado pelo dito sentimento:
Otelo ama a Iago, e lago odeia a Otelo(2)

(1) Autores há que consideram objeto indireto apenas o complemento que pode ser repre-
sentado por lho; aos outros precedidos de preposiÇâo, complemento* de verbos, chamam com-
plemento relativo. Cf. RocHA UmA, GramíÍtica Normativa.
(2) M. SAm ALI, Gr4MdtiCa HistóriCa, 1, 183.

2W
#





d) com os verbos de movimento, o espaço percorrido ou o objetivo final:
("4ndei longes terras" - G. DiAs -, atravessar o rio, correr os lugares sacros,
subir a escada, descer a montanha, navegar rio abaixo, etc.) ou o tempo decorrido
(viver bons momentos, passar o dia no campo, dormir a noite inteira, etc.).

Sentidos do objeto indireto. - O objeto indireto pode expri
a) a pessoa ou coisa que recebe a ação verbal.

Escrever aos pais

b) a pessoa ou coisa em cujo proveito ou prejuízo se pratica a ação:
Trabalha para o bem'geral da família

c)a pessoa ou coisa que, vivamente interessada na ação expressa pelo
verbo, procura captar simpatia ou benevolência de outrem (dativo
ético):

Prendam-me esse homem
Não me venham com essas histórias

d) a pessoa possuidora:

Conheci-lhe o pai (lhe: objeto indireto de posse)
Tomou o pulso ao doente

e) a pessoa a quem pertence uma opinião (o que pode ocorrer com os
verbos de ligação):
Para nós ele está errado (para nós: objeto indireto de opinião)
Antônio pareceu-me tristonho

OBsERvAçÃo: Poder-se-ia ainda acrescentar a classe dos verbos transitivos adver-
biados que pedem como complemento uma expressão adverbial como: Irei à cidade
ou voltei do trabalho. A NGB não agasalhou, entretanto, este tipo de complemento,
considerando-o, como veremos adiante, mero adjunto adverbial.

A preposição como posvérbio. - Muitas vezes aparece depois de
certos verbos uma preposição que mais serve para lhes acrescentar um novo
matiz de sentido do que reger o complemento desses mesmos verbos:

Arrancar a espada
Arrancar da espada (acentua a idéia de uso do objeto e a retirada total da
bainha ou cinta).

Cumprir o dever

Cumprir com o dever (acentua a idéia de zelo ou boa vontade para executar algo).

Fiz que ele viesse
Fiz com que ele viesse (acentua a ideia do esforço ou dedicação empregada).

207
#





I

À preposição que se emprega nestes casos deu-lhe o Prof. Antenor
Nascentes o nome de posvérbio (1).

OBSERVAÇÃO: Em Perguntar por alguém a preposição é um posvérbio denotando
curiosidade, interesse (A. Nascentes).

Objeto direto preposicionado. - Não raro o objeto aparece iniciado
de preposição:

Amar a Deus sobre todas as coisas

A preposição quase sempre aparece para evidenciar o contraste entre
o sujeito e o complemento, não se confundindo com o caso do posvérbio,
por este repercute na significação do verbo. Ocorre o objeto direto pre-
posicionado nos seguintes principais casos:
a) quando se trata de pronome oblíquo tônico (uso hoje obrigatório):

"Nem ele entende a nós, nem nós a ele" (CAMõES, Os Lusíadas, V, 28).

b)quando, principalmente nos verbos que exprimem sentimentos ou
manifestações de sentimento, se deseja encarecer a pessoa ou ser per-
sonificado a quem a ação verbal se dirige ou aproveita:

Amar a Deus sobre todas as coisas
Consolou aos amigos

c)quando se deseja evitar confusão de sentido, principalmente quando
ocorre:

1) inverÃo (o objeto direto vem antes do sujeito): A Abel matou Caim.
2)comparação: "Isto causou estranheza e cuidados ao amorável Sarmento, que
prezava Calisto como a filho" (CAMILO, Queda de um Anjo, 80, ed. Pedro, Pinto).

OBsERvAçÃo: Sem preposição poder-se-ia interpretar filho como sujeito: como
filho preza.

d) na expressão de reciprocidade: um ao outro, uns aos outros:

Conhecem-se uns aos outros

e) com os pronome relativo quem :

Conheci a pessoa a quem admiras

f)nas construções paralelas com pronomes oblíquos (átonos ou tônicos)
do tipo:

`Mas engana-se contando com os falsos que nos cercam. Conheço-os, e aos leais"
(A. HERCULANO, O Bobo, 102).

(1) A. NASCENTES, O Problema da Regéncia, 17.

208
#





g)nas construções de objeto direto pleonástico, sem que constitua norma
obrigatória:

"Ao ingrato, ou não o sirvo, porque (para que) me não magoe" (R. LOBO,
Ant. Nacional, 278).

Objeto direto interno. - Chama-se objeto direto interno ao comple-
niento que, acompanhado de uma expressão qualificativa, serve para
repetir a idéia contida no verbo, que é geralmente intransitivo:

"Morrerá morte infame de peão criminoso" (A. HERCULANO, O Bobo, 248).

O complemento pode não ser do mesmo radical do verbo, mas há de
pertencer à mesma esfera de significação:

"lidei cruas guerras" (G. DIAS, I-Juca-Pirama).
Dormir o sono da eternidade
Chorar lágrimas de crocodilo

Concorrência de complementos diferentes. - Um verbo transitivo
pode acompanhar-se de dois objetos, podendo daí surgir as três seguintes
principais possibilidades:

1) objeto indireto de pessoa (com a ou para) e objeto direto de coisa:
"Eu sou aquele a quem padre Antônio de Azevedo ensinou princípios de solfa,
e as declinações da arte francesa" (CAMILO, O Bem e o Mal, 37, ed. M. Casassanta).

Pertencem a este, entre outros, os seguintes verbos:

aconselhar, agradecer, ãludir, anunciar, assegurar, atribuir, avisar, ceder, conceder,
confiar, consentir, dar, declarar, dedicar, dever, dizer, doar, encobrir, entregar, explicar,
expor, extorquir, fiar, furtar, impedir, imputar, informar, ministrar, mostrar, negar,
ocultar, oferecer, ordenar, pagar, pedir, perdoar, perguntar, permitir, preferir, proibir,
prometer, propor, requisitar, responder, revelar, rogar, roubar, sacrificar (dar em sa-
crifício), subtrair, sugerir, tirar, tomar, tributar.

e os que exprimem percepção dos nossos sentidos ou do espírito, como
ver, ouvir, conhecer, etc.:
Ouviu-o a um parente próximo.

2)objeto direto de pessoa e um complemento de relação (a que a NGB
chama objeto indireto):

"D. Miguel de Almeida e D. Antáo de Almada, informando-o de tudo, pediram-lhe
a sua cooperação". (R. DA SILVA, História de Portugal, IV, 127).

Pertencem a este grupo os seguintes principais verbos:

aconselhar, acusar, ameaçar, avisar, bendizer, certificar, convencer, culpar, desculpar,
informar, louvar, maldizer, persuadir, prevenir.

209
#





3) objeto indireto de pessoa (com a ou para) e complemento de relação
(a que a NGB chama objeto indireto):

Queixou-se dos maus tratos (complemento de relação) ao diretor (obj. indireto).
Desculpou-se do ocorrido aos (ou com os) amigos.

OBSERVAÇõES :
1.a) Alguns verbos podem admitir duas ou mais construçoes sem que se altere
fundamentalmente a sua significação geral: ensinar alguma coisa a alguém ou ensinar
alguém a fazer alguma coisa; avisar alguma coisa a alguém ou avisar alguém de
alguma coisa; aconselhar alguma coisa a alguém ou aconselhar alguém a fazer alguma
coisa; informar alguma coisa a alguém ou informar alguém de alguma coisa; per-
guntar alguma coisa a alguém ou perguntar alguém sobre alguma coisa.
2.a) Em virtude do cruzamento de diferentes construções podem aparecer dois
objetos diretos (hoje raramente) ou indiretos: rogar alguém que faça alguma coisa,
ensinar a alguém a ler, lembrar a alguém de alguma coisa, esquecer a alguém de
alguma coisa, etc.

4

- COMPLEMENTOS NOMINAIS

Não apenas verbos, mas substantivos e adjetivos podem necessitar de
complementos:

a) Substantivos:

b) Adjetivos:

O jovem demonstrava inclinaçâo pela ciência.
Nossa prima tinha desconfiança de tudo.
É digno de louvor o amor à pátria.

Os conhecimentos são úteis a todos.
Essas palavras eram impróprias ao local.
Os meninos estavam desejosos de vitória.

Tais termos da oração recebem o nome de complementos nominais
e designam a pessoa ou coisa como o eto da ação ou sentimento que os
substantivos ou a etivos significam.

OBsERvAçXo: Incluem-se entre os complementos nominais os que servem de
completar os advérbios de base nominal:
Referentemente ao assunto, tudo vai bem.

5 - ADJUNTO: SEUS TIPOS

Adjunto: seus tipos. - É um termo oracional de natureza acessória
que especifica ou individua um nome ou pronome ou exprime uma cir-
cunstância adverbial. Dividem-se, portanto, os adjuntos em adnominais e
adverbiais.

210
#





I

Adjunto adriominal. - É uma expressão que especifica ou individua
um nome ou pronome:
"A inexperiência da mocidade ocasiona a sua originalidade" (Marquês de MARICÁ

Adjuntos adnominais de inexperiência (termo fundamental ou núcleo
do sujeito): a e da mocidade.
Adjuntos adnominais de originalidade (termo fundamental ou núcleo
do objeto direto): a e sua.
O adjunto adnominal é expresso por:
a) adjetivo ou locução adjetiva:
Homem ajuizado
Homem de juizo
Homem sem juízo
"A vida humana sem religido é viagem sem roteiro" (Marquês de MARICÁ).

b) pronomes adjuntos:
Meu livro
Este caderno
Nenhum erro
Cada semana
O homem cujos defeitos conheço...
Que coisa fizeste?'

c) artigo (definido ou indefinido):

d) numeral

O livro
Um livro

Dois dias
Primeira fila

e)locuções adjetivas que exprimem, além de qualidade (como no item
a), posse e especificação:
Inexperiência da mocidade
Álbum de retratos

OBsERvAçXo: Às vezes, principalmente depois de expressões de sentimentos (como
bom, triste, feliz, infeliz, coitado, etc.), o adjunto adnominal se liga ao substantivo
por meio da preposição de.- "A aldeia em que o bom do clérigo pastoreava o seu
rebaiiiio..." (A. HERCULANo, Lendas e Narrativas, 11, 115).

Adjunto adverbial. - É uma expressão que denota uma circunstáncia
adverbial em referência ao verbo, adjetivo ou outro advérbio:
"Os abusos, como os dentes, nunca se arrancam sem dores" (M. MAIUcÁ, Máximas).
"O luxo, como o fogo, devora tudo e perece de faminta" (IDEm).

211

_





"As pessoas mais devotas são de ordinário as menos religiosas" (IDEm).
"É necessário subir muito alto para bem descortinar as ilusões e angústias da
ambição, poder e soberania" (IDEm).
Nunca: adjunto adverbial de tempo, em referência ao verbo arrancar.
Sem dores.- adj. adv. de modo, em referência ao verbo arrancar.
De faminto : adj. adv. de causa, em referência ao verbo perecer.
Mais : adj. adv. de intensidade, em referência ao adjetivo devotas.
Menos : adj. adv. de intensidade, em referência ao adjetivo religiosas.
De ordinário : adj. adv. de tempo, em referência ao verbo ser.
Alto : adj. adv. de modo, em referência ao verbo subir.
Muito : adj. adv. de intensidade, em referência ao advérbio alto.
Bem: -adj. adv. de modo, em referência ao verbo descortinar.

O adjunto adverbial é expresso
a) advérbio:

b) locução adverbial:

Nunca se arrancam
As pessoas mais devotas
Subir muito alto

Arrancam-se sem dores
São de ordinário

OBSERVAÇÃO: Em construção do tipo perece de faminto, onde a preposição pre-
ctile ao adjetivo, houve na realidade omissão de um verbo de ligação (ser, estar,
ficar, etc): perecer de ficar faminto.

As principais circunstáncias adverbiais já foram assinaladas na mor-
fologia, no capítulo do advérbio. '1

Advérbios de base nominal ou pronominal. - Os advérbios de base
nominal podem desempenhar na oração papéis sintáticos próprios de
nomes e pronomes. Assim hoje (que se prende ao substantivo dia) apa-
rece nitidamente como sujeito em:
Hoje é segunda-feira

Aqui, de base pronominal, com o valor de este,lugar, funciona como
sujeito em:

Aqui é ótimo para a saúde.

OBSERVAÇÃO FINAL: já lembramos, na pág, 207, que deveríamos distinguir os
advérbios que funcionam como complemento dos que funcionam como adjunto, porque
aqueles são essenciais e estes acidentais à estruturação oracional. Em Ir a Silo Paulo
ou Voltar do trabalho, as circunstâncias adverbiais elo necessárias à prediCação do
verbo e melhor se classificariam como complementos adverbiais. E o fato mais se
alicerça quando se comparam estes exemplos com A ida a Sgo Paulo ou A volta do
trabalho, em que a São Paulo e do trabalho são complementos nominais. A NGB,
talvez presa ao sentido, não levou em conta o papel sintático das expressões adverbiais
nos exemplos aludidos. Para ela, em ambos os casos há adjuntos adverbiais.

212
#





6 - AGENTE DA PASSIVA

Agente da passiva. - Na voz passiva o termo que exprime queir
pratica a ação sobre o sujeito se diz, em sintaxe, agente da passiva (cf.
pág. 104), iniciado pelas preposições de e per (por):
* livro foi escrito pelos alunos.
* notícia foi sabida de todos.

já assinalamos que só a passiva analítica comporta o aparecimento do
agente da passiva.
O agente da passiva, de natureza adverbial, corresponde, na voz ativa,
ao sujeito:
O livro foi escrito pelos alunos.
Os alunos escreveram o livro.

7 - APOSTO: SEUS TIPOS

Aposto. - É um termo oracional de natureza substantiva ou prono-
minal que se refere a uma expressão de natureza substantiva ou prono-
minal para melhor explicá-la, ou para servir-lhe de equivalente, resumo
ou identificação: 4

"Agora nenhum rei está aqui, mas sim o Mestre de Avis, vosso antigo capitio"
(A. HERCULANo, Lendas e Narrativas, 1, 266).

Marca-se uma equivalência mais explícita entre o atual Mestre de
Avis e o vosso antigo capitão (aposto explicativo).

Serve ainda o oposto para:
a) enumerar (aposto enumerativo):
"Duas cousas se não perdoam entre os partidos políticos: a neutralidade e a apos-
tasia" (M. de MARicÁ, MUimas).
Nada impedia seus planos: tristezas, dores, dificuldades.

O aposto explicativo e o enumerativo podem vir encabeçados pelas
expressões a saber, por exemplo, isto é, verbi gratia (abreviatura v.g., por
exemplo), convém a saber (ou a saber):
Duas coisas o incomodavam, a saber: o barulho da rua e o frio intenso.

b) recapitular (aposto recapitulativo):
Tristezas, dores, dificuldades, nada impedia seus planos.

O aposto recapitulativo é normalmente representado por um nome
indefinido como tudo, nada, ninguém, qualquer, etc.

21)
#





c) marcar uma distribuição (aposto distributivo):

Eram dois bons alunos, um em matemática e o outro em português.
Machado de Assis e Gonçalves Dias são os meus escritores preferidos, aquele
prosa e este na poesia.

d)marcar uma especificação (aposto especificativo), onde a um nome
próprio se junta um nome comum que indica a espécie a que aquele
pertence:

Rio Amazonas
Montes Pireneus
O poeta Castro Alves
Tecidos Aurora
Lojas Paulistas
Cervejaria Brahma

O aposto especificativo pode ligar-se ao nome a que se
da preposição de:

Praça da República
Serra da Mantiqueira
o nome de pátria
A cidade de Lisboa

refere através

Como bem lembra Epifânio Dias, "da arbitrariedade do uso é que
depende o empregar-se em uns casos de definitivo, em outros a aposição.
Diz-se por exemplo: o nome de Augusto, mas, a palavra Augusto; a cidade
de Lisboa, mas: o rio Teio" (1).

OBSERVAÇÃO: Muitos autores não consideram como aposto a expressão encabe-
çada por preposição, como nos exemplos indicados, dando-a como adjunto adnominal.
Ambas as análises são aceitáveis, mas nos inclinamos para a aposição.

Aposto em referência a uma oração inteira. - O aposto não se refere
apenas a um termo de uma oração, mas ao conjunto de idéias expressas
numa oração inteira:

Ele falou em altas vozes, sinal do seu descontentamento.

De ordinário usa-se como aposto de uma oração inteira o pronome
demonstrativo o ou um substantivo como coisa, motivo, fato, acompanhado
de uma expressão modificadora:

Todos resolveram silenciar, o que muito me contrariou.
Passeamos muito, coisa que nos deixou exaustos.
Conseguimos a primeira colocação, fato digno de aplauso.

(1) Grarndtica Portuguesa Elementar, 5 154, obs. 1.a

214
#





Aposto circunstancial. ~ Chama-se aposto circunstancial aquele que

designa "o tempo, hipótese, concessão, causa, comparação, ou debaixo de
que respeito é considerada a pessoa ou coasa" (1), na época da ação

O aposto circunstancial vem imediatamente preso ao nome a que per
tence ou r meio de uma preposição ou expressão de valor adverbial

"Aos quinze ou dezesseis anos casou com um alfaiate que morreu algum tempo
depois, deixando-lhe uma filha. Viúva e moça, ficaram a seu cargo a filha, co
dois anos, a mãe, cansada de trabalhar" (M. DE -Assis, Memórias Póstumas, 200).

r ,
não se trata de preposição essencial, muitos preferem ver orações de estruturas
reduzidas subentendendo o que lhes falta: quando era presidente, nunca fugiu aos

,Nssim se denomina o termo da oração através do qual chamamo
pomos em evidência o ser a que nos dirigimos:

As alegrias duram pouco, meu bom irm4o
Montanhas, vede que belo amanheceri

O vocativo pode vir precedido de interjeição (normalmente ó) e se

caracteriza sempre pela entoação exclamativa:

Para maior ênfase da pessoa a quem nos dirigimos usamos do vocativo
senhor (senhora), depois de uma afirmação ou negação. Note-se que não
há pausa entre o advérbio e o vocativo (ainda que haja vírgula) 'se o
#





D) O período composto

1 - ORAÇõES INDEPENDENTES
E DEPENDENTES

Quanto às suas relações sintáticas dentro do período composto, as
orações podem ser independentes e dependentes.

Oração independente é aquela que não exerce função sintática de
outra a que se liga:
Preparamo-nos para a viagem e partimos.

O período é composto porque encerra duas orações:
1.a) Preparamo-nos para a viagem
2.a) e partimos.

Tais orações se dizem independentes porque uma não exerce funçao
sintática de outra; ambas reúnem em si todas as funções de que necessitam
para se constituírem por si sós unidades do discurso.

Oração dependente é aquela que exerce função sintática de outra
e vale por um substantivo, adjetivo ou advérbio. A dependente é um
termo sintático que tem a forma de oração.
É bom que tomemos as precauções.
Antônio deseja que compareças à festa.
· Brasil Precisa de que o amemos.
· livro que comprei é importante.
Saiu cedo porque o serviço era muito.

Em todos os exemplos acima temos períodos compostos com duas
orações onde a 2.a é dependente da 1.a porque exerce uma função sin-
tática desta:
que tomemos as precauções é sujeito de é bom;
que compareças à festa é objeto direto de Antônio deseja;
de que o amemos é objeto indireto de O Brasil Precisa;
que comprei é adjunto adnominai de livro, que pertence à oração o livro é importante;
porque o serviço era muito é adjunto adverbial de causa de saiu cedo.

2 - ORAI~XO PRINCIPAL

Chama-se oração principal aquela que pede uma dependente. Nos
aludidos trechos são orações principais:
é bom; Antônio deseja; O Brasil Precisa; O livro é importante; saiu cedo.

216
#





Nem sempre a oração principal vem antes de sua dependente:
Porque o serviço era muito, saiu cedo.

Mais de uma oração principal. - Num período pode haver mais de
uma oração principal:
Não sei se José disse que eu empresíara o livro.

A 1.a oração não sei é principal em relação à 2.a se José disse, porque
esta é seu objeto direto. Por sua vez a 2.a oração é principal em relação
à 3.a que eu emprestara o livro, que funciona como seu objeto direto.
Assim sendo, a 2.21 oração se nos apresenta sob duplo aspecto sintático:
dependente em relação à 1.a e principal em relação à 3.a
Não havendo denominação especial para estes casos, poderemos dizer
principal de 1.a categoria (ou grau), de 2.a categoria (ou grau), etc. (1).

Oração principal não é a 1.a oração. - já assinalamos que a oração
principal pode vir depois de sua dependente:
Porque o sei-viço era muito, saiu cedo.

No período:

Saiu cedo, mas voltou tarde porque choveu

as duas primeiras orações (saiu cedo e mas voltou tarde) são independen-
tes entre si, mas a 2.a se nos apresenta sob duplo aspecto sintático: é
independente em relação à 1.a e principal em relação à 3.a, porque esta é
o seu adjunto adverbial de causa (note-se que a chuva foi a causa de voltar
tarde, e não de sair cedo).

Oração principal nem sempre é a de sentido principal. - A oração
principal é determinada pela relação sintática da oração dentro do pe-
ríodo, não importando se o sentido que encerra é ou não aquele de que
dependem as outras orações.

No período:

Se não chover, chegarei cedo

a oração chegarei cedo é principal e se não chover é dependente porque
esta exerce a função de adjunto adverbial de condição daquela. Se o nosso
ponto de referência deixasse de ser a relação sintática (objeto de estudo
da sintaxe) para ser o sentido, a oração se não chover passaria a ser
aquela de que dependeria a declaração chegarei cedo.
Isto nos patenteia que a determinação da oraçao principal não
envolve a preocupação de apontar o sentido principal. Oração principal

(1) A expressão 1.a categoria já ocorre eni FAUSTO BARRETO (Antologia Nacional, intro-
duçáo) desde 1887.

217
#





não é a que encerra o sentido principal, mas a que tem um dos seus
termos sob forma de oração.

Tipos de orações independentes. - Há dois tipos de orações inde-
pendentes: as coordenadas e as intercaladas.
SãO COORDENADAs as orações independentes que formam uma sequèn_
cia, relacionadas pelo sentido:
Passavam os soldados e agitavam-se as bandeiras.
Correu, mas não chegou a tempo.

SãO INTERCAL~ as orações independentes que, não pertencendo
à seqüência, aí aparecem como elemento adicional que o falante julga
ser esclarecedor:

Machado de Assis - este escritor é um dos mais importantes de nossa literatura
- era de origem humilde.
Meu pai - Deus o guarde - mostrou-me o caminho do bem.

As orações intercaladas este escritor é um dos mais importantes de
nossa literatura e Deus o guarde são meros acréscimos que o falante houve
por bem juntar; na realidade, só importava dizer Machado de Assim era
de origem humilde e meu pai mostrou-me o caminho do bem.

As orações dependentes são subordinadas. - As orações dependentes
se dizem subordinadas porque, exercendo uma função sintática da prin-
cipal, são uma pertença desta na seqüência oracional.

Coordenação. - Chama-se coordenação a seqüência de orações em
que uma não exerce função sintática da outra.
A coordenação pode ser feita não só entre as orações independentes
(coordenadas e intercaladas) mas ainda entre as dependentes (subordi-
nadas) que não exercem função sintática entre si:
Ouve e obedece aos teus superiores
que estudes
Espero e
{ que venças na vida

No primeiro exemplo há duas orações independentes que se coorde-
nam; no segundo, encontra-se uma principal (espero) que tem como
obI . eto direto as orações dependentes que estudes e que venças na vida.
Como se trata de orações que não exercem função sintática entre si,
podem-se coordenar.
Ocorre a coordenação entre orações subordinadas quando estas exer-
cem a mesma função sintática de uma principal.

OBURVAÇIO: A maioria dos tratadistas tem colocado em pontos opostos coorde-
naçdo e subordinação, mas um exame detido nos patenteia que a oposição que se

218
#





deve estabelecer não é entre orações coordenadas e subordinadas, mas entre orações
independentes e dependentes. A coordenação é um processo de estruturação de
orações do mesmo valor sintático, quer sejam independentes (onde a equivalência é
permanente) ou dependentes (onde a equivalência se dá quando exercem idêntica
função sintática). Infelizmente a NGB, embora reconhecendo que "coordenadas entre
si podem estar quer principais, quer independentes, quer subordinadas% não rompeu

de uma vez Dor todas com a tradicional oposição que aqui pomos de lado.

Subordinação. - Chama-se subordinação à seqüência de orações em

Na seqüência subordinativa uma oração dependente pode ser termo

A ora ão se todos disseram é de endente da principal sei (é seu
o brin-

objeto direto) e principal de 2.a categoria de que não queria

quedo (objeto direto do verbo disseram).

Classificação das orações quanto à ligação entre si. - Além da clas-
sificação das oraçõ~s quanto às relações em que se acham dentro do
período, elas podem ainda ser divididas quanto à ligação em conectivas

SãO CONECnVAs as orações que, numa série coordenativa ou subord
dinativa, se acham ligadas à anterior por palavras especiais de conexão

Os conectivos são as conjunções Coordenativas (para a série coorde-
nativa), as conjunções subordinativas, os pronomes e advérbios relativos

"O juízo força a fortuna à obediência, ou escusa os seus serviços" (ID.

Não só estuda português mas ainda se aplica à matemática (coordenação enfática)

"Não admira que o juizo seja censurado, quando a loucura já foi elogiada" QY

"Divertimo-nos com os doidos na hipótese de que não o somos" (D).).

"A memória dos velhos é menos pronta porque o seu arquivo é muito extenso" (Im)
#





"Nenhum homem é tão bom como o seu partido o apregoa, nem tão mau como
o contrário o representa" (ID.).
"Ain4a que perdoemos aos maus, a ordem moral não lhes perdoa, e castiga a
nossa indulgência (ID.).
"Se as viagens simplesmente instruíssem os homens, os marinheiros seriam os
mais instruídos" (ID.).
" Faz dó ver um homem tão Valente assim morto como se mata qualquer poltrão"...
(CAmiLo, O Bem e o Mal, 191).
"Para que os bens sejam mais duráveis, são os males que deles nos ensinam a
usar" (ID.).
"Quando saímos de nossa esfera, ordinariamente nos perdemos na dos outros".
"Não podemos fitar os olhos no solo, nem o pensamento em Deus, sem que fiquem
deslumbrados" (ID.).
"O luxo, assim como o fogo, tanto brilha quanto consome" (ID.).

2 - Através de pronomes e advérbios relativos:
" Ninguém duvida tanto como aquele que mais sabe" (ID.).
"Homens há como as serpentes que envenenam aqueles a quem mordem" (ID.).
"Depois da missa, o pastor acompanha os seus a Vila Cova, onde passava o dia"
(CAmiLO, O Bem e o Mal, 42).

O

SãO JUSTAPOSTAs as oraçoes que, numa série, não se ligam à anterior
por palavras especiais de conexão:

"É bem feiozinho, benza-o Deus, o tal teu amigo- (ALUISIO DE AZEVEDO).
"O amor cega a muitos, a fortuna deslumbra a todos" (M. DE MARICÁ).
"AS nações não morrem de velhas, as revoluções as remoçam" (ID.).
"Tratai bem ao vilão, êle i-os maltrata; tratai-o mal, então vos acata" (li).).
"Louvemos a quem nos louva para abonarmos o seu testemunho" (ID.).
"Quem não espera na vida futura, desespera no presente" (ID.).
"Não venios os defeitos de quem amamos, nem os primores dos que aborre-
CCIDOS" (ID.).
"A ordem pública periga onde se não castiga" (ID.).
"Sabeinos qual foi o nosso princípio, ninguém sabe qual será o seu fim" (ID.).
"Não sabemos quanto valemos e de que somos capazes: as ocasiões e circuns-
táncias no-lo fazem conhecer" (ID.).

Tivesse-me falado, tudo se arranjaria.
Não o vejo, há cinco semanas.
Espero sejas feliz.

A oração justaposta se separa da anterior ou se caracteriza:

a)por sinal de pontuação adequado, geralmente vírgula, como ocorre
nos exemplos 1, 2, 3 e 4;
b)por palavras de natureza pronominal ou adverbial intimamente rela-
cionadas com os relativos, mas sem referências a antecedentes, como
sucede nos exemplos 5, 6, 7 e S.

220
#





c)por palavra de natureza pronominal ou adverbial, de sentido indefi-
nido, que inicia uma interrogação indireta, como se verifica nos exem-
plos 9 e 10;

d)pelo contexto e entoação descendente, com o verbo no passado (geral-
mente no subjuntivo), conforme o exemplo 11;

e)pela oração subordinada adverbial temporal posposta à principal que
encerra os verbos haver e fazer, de acordo com o exemplo 12;

f) pela omissão do conectivo subordinativo, como no exemplo 13.

OBSERVA96ES :

1.a) Pelos exemplos aduzidos, vê-se que justaposição é um processo de ligação
de orações, e não uma natureza sintática que se pode por ao lado da coordenação e
subordinação, como imaginou o Prof. José Oiticica. Por outro lado, a justaposição
ocorre entre orações independentes e dependentes, entre coordenadas e subordinadas,
o que não nos permite aceitar a lição da NGB que só considera sindéticas (em nossa
nomenclatura corresponde a conectivas) e assindéticas (em nossa nomenclatura, a
justapostas) as coordenadas. Vimos que há também subordinadas sindéticas e assin-
déticas. Do ponto de vista de conexão interoracional se equivalem os seguintes
exemplos, independentes de sua natureza sintática:
Vim, vi, venci
Tivesse dinheiro, eu viajaria
Não o vejo há cinco semanas
Espero sejas feliz

2.a) De caso pensado separamos dos exemplos acima aqueles em que temos palavras
de natureza pronominal ou adverbial sem antecedente ou nas interrogações indiretas,
porque há mestres que vêem aí pronomes e advérbios relativos, bastando, para isso,
subentender uni antecedente adequado. Assim sendo, para tais estudiosos não estamos
diante de justaposição ou assindetismo. Não aceitamos esse modo de ver as coisas
porque, embora as estruturas apresentem paralelismo de sentido, não são idênticas
quanto à natureza sintdtica. Por outro lado, a adaptação para efeito de análise pode
mudar o plano morfológico do vocábulo.
EM: A Pessoa Para quem te diriges deve resolver o problema, QuEm é pron.
relativo (cujo antecedente é pessoa) e funciona como adjunto adverbial de dirigir-se,
razão por que se rege da preposição para. já no exemplo do M. DE MARicÁ: "A
vida é sempre curta para quem esperdiça e não aproveita o tempo", quem é pronome
indefinido e funciona como sujeito de esperdiça e nélo aproveita; a preposição para
não pertence à função sintática do quem, que não rege (pois é sujeito dos dois verbos),
mas à função sintática desempenhada por toda a oração iniciada pelo quem (objeto
indireto de opinião ou complemento nominal de curta, funções ambas que pedem a
preposição).
Transformar o pronome indefinido do exemplo acima em pronome relativo não
contraria o esquema semAntico, mas tira à nossa língua a possibilidade de apresentar
um pronome indefinido em missão quase-conexiva.
A crítica se estende à interrogação indireta, com a agravante de compêndios que
aceitavam as orações como substantivas terem dado porque, onde, como e quando
como conjunção integrante, criando, dessarte, um problema para uma classe de vo-
cábulos que não exerce função sintática, porque essas novas conjunções integrantes
serão adjuntos adverbiais dentro da oração a que pertencem.

221
#





Em língua portuguesa podemos, portanto, proceder à análise adotando qualquer
dos dois critérios, isto é, as orações serão substantivas (sem subentender antecedente)
ou adjetivas (subentendendo antecedente). Pelas razões expostas, adotamos o primeiro

3.a) Sobre o paralefismo de sentido em estruturas sintáticas de natureza diferente
são dignas de repetição as palavras de Mário Barreto: " ... cumpre-nos fazer notar
que essas duas formas diferentes (coordenação e subordinação) para os olhos ou para
o ouvido são equivalentes muitas vezes quanto ao sentido, e que uma frase de coorde
nação tem, não raro, no fundo uma contextura tão firme como se fosse formada de
membros estreitamente ligados por conjunções e pronomes relativos, que são os
-conectivos mais importantes com que ligamos asserções separadas, fazendo período do
que, sem eles, seria livre agregação de frases. Façamos notar enfim que predomina
em ou outro desses dois processos, conforme a índole do gênero literário, do assunto
.do escritor. Mostre-se aos alunos que se pode construir (1.0 grau): "O dia está
bonito; não temos que fazer; vamos passear", ou (2.0 grau): "O dia está bonito e
não temos que fazer; vamos, pois, passear". Enfim (3.0 grau, subordinação e período)
"porque o dia está bonito e porque nada temos que fazer, vamos passear". Outros
--- 1_

"O exército compunha-se de cem mil combatentes e ia comandado pelo rei" = "O
exército que ia comandado pelo rei, compunha-se de cem mil combatentes". "Era
inocente e condenaram-no" = "Condenaram-no, ainda que era inocente". "Meu
amigo tinha tido febre; não estava de todo restabelecido; tinha o rosto pálido e
triste" ou "meu amigo, que tinha tido uma febre de que não estava plenamente resta
belecido, tinha o aspecto triste"; ou, já que dispomos de não pequena variedade de
modos, "ele tinha o aspecto triste, porque havia tido" etc.; ou "o meu amigo, não
se tendo restabelecido de uma recente febre, tinha triste aspecto" e assim por diante
Os vários modos de exposição são expedientes para chamar mais especial atenção a
um ou outro aspecto de um fato e de suas causas; são antes um ornamento do que
um meio substancial da fala, e servem a um intento estilístico" (Factos da Língua

QUADRO SINOTICO DE CLASSIFICACAO DE ORACOV

subordinação ~

3 - INTERROGAÇÃO DIRETA E INDIRETA

já vimos (pág. 195) que a interrogação pode ser parcíal ou total
conforme pergunte por algum termo da oração que não seja o predicado,

Agora cabe-nos acrescentar que a interrogação pode ser estruturada
#





Chama-se interrogação direta aquela que é representada por uma
oração independente caracterizada por entoação interrogativa (isto é, tem
ascendente a sua parte final) e começada, se for parcial, por um vocábulo
interrogativo:

Que pensas disso?
Onde é a festa?
já saiu pela manhã?
Conseguiram resolver todos os problemas?

Chama-se interrogação indireta aquela que, não pedindo resposta
imediata, é representada por uma oração dependente destituída de
entoação interrogativa, começada pelos pronomes ou advérbios interro-
gativos quem, qual, que, quanto, como, porque, onde e quando, ou pela
conjunção integrante se :

Quero saber que pensas disso
Pergunto-lhe onde é a festa
Diga-me quando José saiu
Mostrei-te como conseguiram resolver todos os Problemas
Indagamos-lhe quem foi o responsável pelos prejuízos
Desconheço se foram felizes nas provas

OBSERVAÇõES:
1.a) Com exceção da conjunção se, as orações subordinadas na interrogação indi-
reta não se ligam à sua principal por vocábulo especial de conexão, o que nos levou
a colocá-las no grupo das justapostas (cf. 220-
2.a) "Sendo as expressões como, quanto, quão, que aplicadas tanto em frases
interrogativas como em frases exclamativas, casos há que se devem interpretar como
exclamações indiretas: Olha como ela chora. Bem sabes quanto me custa. Olha que
infinidade de moedas, etc. (SAID Am, Gram. Sec., 182).

4 - ORAÇOES COORDENADAS CONECTIVAS

Tipos de orações coordenadas conectivas. - As orações conectivas se-
caracterizam pelas conjunções coordenativas (cf. pág. 160) que as intro--
duzem e podem ser:

a) ADITIVAS:
"A nossa vaidade atraiçoa e revela freqüentes vezes a nossa incapacidade" (M.
de MARICÁ).
"A misantropia não é nem pode ser vício ou defeito da gente moça" (ID.).

b) ADVERSATIVAS:

"O estudo confere ciência, mas a medítqtlo, originalidade" (ID.).
"Na montanha goza-se mais, porém o vale é mais abrigado" (ID.).

223
#





c) ALTERNATIVAS:

"A mulher douta ordinariamente ou é feia, ou nienos casta" (ID.).
"A imaginação ora aterra, ora diverte a razão para melhor a domiiiai" (ID.).

d) CONCLUSIVAS:

e) EXPLICATIVAS:

O dia está agradável, por isso devemos aproveitá-lo.
José zangou-se comigo, portanto ndo o cumprimentei.

Estude, que todos passarão a apreciá-lo.
Desapareceu, pois não o encontrei em nenhum lugar.
"Os criados inocentes e impecáveis nesta matéria - por isso que zelavam a
fidalguia de seu amo contra o plebeísmo do sobrinho de mestre Antônio - juraram
de espreitar os passos de Casimiro. . . " (CAMILO, O Bem e o Mal, ed. Casassanta, 85) (*).

5 - ORAÇõES INTERCALADAS

O que denotam as orações intercaladas. - As orações intercaladas
- como simples elementos adicionais de esclarecimento - não vêm em
geral introduzidas por conjunção (as que aparecem possuem mero valor
éstilístico intensivo) e podem denotar:

a)ADVERTÊNCIA: quando esclarece um ponto que o falante julga indis-
pensável:

Tudo - nesse tudo etí incluo as maiores esperanças - foi em vão.

b)CiTAçõEs: quando encerra a pessoa que Profere a declaração a que
nos referimos:

Vá embora! - exclamou o Policial.
Não peço nada a ninguém - atalhou o iringo.

c) DESEJO: quando traduz um desejo (bom ou mau) do falante:

"É bem feiozinho, benza-o Deus, o tal teu amigol" (ALUISIO DE AZEVEDO)'
O teu primo - raios o partam! - pôs-me de cabelos brancos.

d) ESCUSA: quando o falante aprot?eita a ocasião para se desculpar:

"Pouco depois retirou-se; eu fui vê-la descer as escadas, e não sei por que fenô-
meno de ventriloquismo cerebral (perdoem-me os filólogos essa frase bdrbara) mur-
murei comigo..." (M. DE Assis, Brás Cubas, 325).

(9) A rigor melhor seria evitar a bipartiçáo em coordenadas expIlcativas e subordinadaç
causais - com que e porque ~, uma vez que alo muito frágeis os critérios usados para tal
distinção. Cf. nossas Lições de Português, 4.a ed., pág. 134, nota.

224
#





e) OPINIÃO: quando o falante aproveita o ensejo para opinar:
João - como era bom! - gostava de nos levar a passeios.
A poesia - diga-se antes a asnice - ocupava dez repletas páginas de papel.

PERMISSÃO: quando o falante se serve da oportunidade para solicitar
algo:
"Meu espírito (permita-me aqui uma comparação de criança), meu espírito era
naquela ocasião uma espécie de peteca" (M. DE Assis, Ibid., 282).

g)RESSALVA: quando o falante aproveita a ocasião para fazer uma
ressalva:
Os livros, pode-se bem dizer, são o alimento do espírito.
"Cobiça de cátedras e borlas que, diga-se de passagem, Jesus Cristo repreendeu
severamente aos fariseus". (CAMiLO, Boêmia do Espírito, 300).
"Daqui a um crime distava apenas breve espaço, e ela o transpôs, ao que parece"
(A. HERCULANO, Fragmentos, 123).
Ele, que eu saiba, nunca veio aqui(l).

6 - ORAÇOES SUBORDINADAS

Substantivas

Funções sintáticas exercidas pelas substantivas. - As orações subor-
dinadas substantivas são aquelas que exercem, em relação à sua principal,
as funções sintáticas específicas de um substantivo, que são:

a) SujEiTo
(a oração se diz sub-
jetiva)

b) OBJETO DIRETO
(a oração se diz obje-
1~ tiva direta) í

Não se sabe se tudo vai
bem
1 - Conectivas(2) É bom que estudes
Cumpre que venhamos
cedo

Quem tudo quer tudo
2 - justapostas perde.
Não se descobriu quem
{ veio aqui

ConectivasEsperamos que nos ajudem
{ Desconhecemos se vieram

2 - justapostas

Não sabia como fazer o
problema
Ele procurava quem o pu-
desse ajudar

(1) Com seus alunos deve apenas o professor insistir na conceituaçAo de oração intercalada,
desprezando minúcias de dassificaçâo.
(2) As subordinadas substantivas conectivas se introduzem pelas conjunçMs integrantes.

225
#





C) OBJETO INDIRETO
(objetiva indireta)

' I - Conectivas f

2 - Justapostas

d) PREDICATIVO 1 - Conectivas
(a oração se diz pre-
dicativa){ 2 - Justapostas

C) COMPLEMENTO NOMINAL
(oração completiva no.
minal)

Precisas de que te Protejam
Esquecem-se de que tinham
feito mal o serviço

Precisas de quem te pro-
teja
Deu-se o prêmio a quantos
o mereciam

A verdade é que todos
saíram

I - Conectivas

[ 2 - Justapostas

Ele era quem menos re.
clamava

Estava receoso de que tudo
acabasse mal
Tinha medo de que fugís.
{ semos

Estava receoso de quem o
prendesse
Tinha necessidade de quan-
tos dele se aproximavam

1)APosTO (a oração é sempre justaposta; em virtude de uma contaminação sintática,
pode trazer uma conjunção expletiva (U. pág. 332).

~orardo apositiva):

· sua resposta foi esta: nio me agrada muito.
· sua resposta foi esta: que nio me agrada muito.

Características das orações substantivas:

1.a) Não trazem, no seu início, preposição necessária as subjetivas,
objetivas diretas, predicativas e apositivas. Vêm iniciadas por preposição
necessária (que se pode omitir) as objetivas indiretas e completivas
nominais.

2.a) A oração subjetiva tem o verbo de sua principal na 3.a pessoa
do singular e num destes três casos:

a) Verbo na voz passiva

1) PRONOMINAL (verbo + pronome se): Sabe-se que tudo vai bem.
2) ANAUTICA (Ser, estar, ficar + particípio): Ficou provado que tudo vai bem.
#






226
#





substantivo
b) Verbo ser, estar, ficar + ou
{ 'adjetivo
É verdade que resolvemos o contrário.
Foi bom que compreendessem a situação.
Estd claro que concordarei.
Ficou certo que me avisaria.

c)Verbo do tipo de parece, consta, urge, ocorre, corre, importa, convém,
cumpre, dói, punge, acontece, etc.
Parece que tudo acabará bem.
Urge que insistas no caso.
Convém que saiamos cedo.

3.a) A oração predicativa aparece depois do verbo ser, completando-o:
A verdade é que resolvemos o contrário.

OBSERVAÇÃO: Por uma pessoalização do verbo parecer (cf. acima, 2.a. c), a predi-
cativa vem como complemento deste verbo no seguinte exemplo do M. de MAItMA:
"Nunca nos esquecemos de nós, ainda quando parecemos que mais nos ocupamos
dos outros".

4.8) A oração completiva nominal, como o nome indica, é comple-
mento de substantivo ou adjetivo, enquanto a objetiva indireta é com-
plemento de verbo :

substantivo,,,. completiva nominal
adjetivo - + preposição + oração <
verbo-~-~

Adjetivas

objetiva indireta

Função sintática exercida pelas adjetivas. - As orações subordinadas
adjetivas são aquelas que exercem a função sintática de adjunto adnominal
de um termo da sua principal:

1) Conectivas (as adjetivas conectivas se introduzem por pronome
ou advérbio relativo com antecedente):
"Velhos há que bem merecem ser comparados aos vulcões extintos" (M. DE MARICA).
"Há muita gente para quem o receio dos, males futuros é mais tormentoso que o
sofrimento dos males presentes" (ID.).

2) justapostas (cf. pág. 219):
"Não vemos os defeitos de quem amamos, nem os primores dos que alÁrre-
CCMOS" (ID.).
"Não se pode formar bom conceito de quem nêlo tem boa opinião de pessoa
algitma" (ID.).

227
#





Adjetivas ~estritivas e explicativas(i). - As orações adjetivas podem
ser restritivas ou explicativas. Chamam-se restritivas as que servem para
delimitar ou definir melhor o seu antecedente, o qual, sem o concurso
da oração adjetiva, pode ou não fazer sentido ou dizer coisa diferente do
que se tem em mente:

-É triste a condição de um velho que só se faz recomendável pela sua longe-
,,i(lade" (ID.).

A adjetiva se diz explicativa quando encerra uma simples explicação
ou pormenor do antecedente, uma informação adicional de um ser que
se acha suficientemente definido, podendo ser omitida sem prejuízo:

Iracema, que é um romance, foi escrito por José de Alencar.

Difere ainda a adjetiva restritiva da explicativa, porque a primeira
empresta ao antecedente um sentido particular (trata-se de um dentro
de uma série) e a segunda um sentido universal (trata-se de um só).
Assim, no seguinte passo do M. de Maricá:

"A desgraça, que humilha a uns, exalta o orgulho de outros",

trata o autor da desgraça de um modo geral, sendo a oração que humilha
a uns adjetiva explicativa. Se, por outro lado, estivesse escrito:

A desgraça que humilha a uns exalta o orgulho de outros,

tratar-se-ia de mais de uma desgraça, e se fazia referência somente àquela
que humilha a uns.

Acentua o aspecto de oração explicativa a maior pausa que se faz ao
proferi-la; trata-se da entoação suspensiva ou pausal de que nos ocupa-
mos na pág. 195. A explicativa acima seria lida da seguinte maneira:

A desgraça, que humilha a uns, exalta o orgulho de outros.

A forte pausa, neste caso, é representada na escrita pondo-se a oração
explicativa entre vírgulas.
A adjetiva restritiva, para denotar que o seu antecedente se apresenta
como pertencente a uma classe, ocorre com freqüência depois de um super-
lativo ou de palavra de sentido restrito como todo, algum, nenhum, o,
aquele, etc.:

"O perdão conferido aos maus torna cúmplices os que lho deram" (ID.).
"Ninguém duvida tanto como aquele que mais sabe" (ID.).

(1) Com razão, a Nomenclatura distingue estes dois tipos de orações adjetivas, fato que
nos interessa para problemas de equivaléncia estilística e de pontuação. A distinção ainda é
útil no estudo de línguas estrangeiras que empregam relativos diferentes para uni e outro caso.
Em ínglés, o relativo that caracteriza a restrítiva, enquanto who (whom) aparece na explícativa.
Cf. ONtoNs, Advanced English Syntax.

228
#





Por fim, cabe lembrar que a adjetiva explicativa que é constituída de
predicado nominal, se pode transformar num aposto explicativo:

· primavera, que é a estação das flores, prometé chegar radiosa.
· primavera, a estação das flores, promete chegar radiosa(l).

Outros sentidos da oração adjetiva. - A oração adjetiva não denota
apenas uma qualificação do antecedente, mas ainda pode adquirir sentido
de fim, condição, causa, conseqüência, concessão ou sentido adversativo :

1 "O general mandou parlamentares que pedissem tréguas" (ANTENOR NASCENTES,
Dificuldades de Análise Sintática, 26).
"Tu que és bom, deves ajudar-me nesta campanha (que és bom = porque
és bom).
"Com palavras soberbas o arrogante
Despreza o fraco moço mal vestido
Que rodeando a funda o desengana
Quanto mais pode a Fé que a força humana" (CAMõES, Os Lusíadas, 111, 111.
Diz Epifânio Dias no comentário: oração adjetiva "tem sentido adversativo").

Adverbiais

Função sintática exercida pelas adverbiais. - As orações subordi-
nadas adverbiais são aquelas que exercem a função sintática de adjunto
adverbial.
Quanto à ligação as orações adverbiais podem ser, como vimos, justa-
postas ou conectivas, sendo que estas últimas se introduzem Pelas con-
junções subordinativas adverbiais (cf. pág. 161).
De acordo com a circunstância que exprimem temos orações
adverbiais:

a) de AGENTE DA PASSIVA (justaposta):
Foi enganado por quem menos esperava (2).

b) CAUSAIS:

"A memória dos velhos é menos pronta porque o seu arquivo é muito extenso"
(M. de MAIUCÁ).
"Como os sábios não adulam os povos, também estes os não promovem" (ID.).

(1) A característica essencial da adjetiva restritiva é o apresentar o antecedente como
pertencendo a uma classe (sentido particularizante), enquanto a da explicativa é apresentar o
antecedente num sentido universal. Assim sendo, não se pode dizer, como o fazem muitos
autores, que a restritiva é "a que exprime qualidade acidental do ser-, e a explicativa "exprime
qualidade própria inerente do ser". Nos exemplos:
· desgraça, que humilha a uns, exalta o orgulho de outros
· desgraça que humilha a uns exalta o orgulho de outros
evidencia-se a precariedade da liçâo que criticamos.
(2) Não consta da NGB.

229
#





C) COMPARATIVAS

f A) assimilativas

1 - de igualdade
B) quantitativas 2 - de superioridade
{ 3 - de inferioridade

A) AssiMILATIVA: "Os governos tendem à monarquia como os corpos gravitam para
o centro da teir " (ID.).
"O homem prudente se humilha pela experiência, como as espigas se curvam por
maduras" (ID.).

11) QUANTITATIVAS:
1 - de igualdade: "Nenhum homem é tão bom como o seu partido o apregoa,
nem tão mau como o contrdrio o representa" (ID.).
"Somos tão vários nas nossas opiniões, quanto são vdrias as circunstdncias em que
nos achamos" (ID.).
2 - de superioridade: É mais útil algumas vezes a extirpação de um erro,
que a descoberta de muitas verdades" (ID.).
"Dâo-se os conselhos com melhor vontade do que geralmente se aceitam".
3 - de inferioridade: "A sabedoria humana bem ponderada vale sempre menos
do que custa" (ID.).

OBSERVAÇõES :
1.a) na locução outro que tal (e flexões), como bem viu Júlio Moreira (Estudos,
1, 2, 51-56), o que representa o advérbio latino acque, a modificar e reforçar o
vocábulo tal, constituindo uma expressão mais enfática do que outro tal, outro tão
bom como ele (em bom ou mau sentido):
"que nin é fugisse de suas casas, nem viesse para a rua fazer assuada, alga-
ul U in
zarras, OU ou ras que tais manifestações de desordem e descontentamento" (CAMILO,
Carlota Angela, 142).
2.a) É freqüente o*emprego da locução elíptica ser como alguém ou algo, não
se precisando fazer de como o introdutor de uma oração comparativa: "... mil anos
diante de Deus são como o dia de ontem que passoW (Pe. MANUEL BERNARDES).
3.a) A comparativa hipotética se traduz por como se, que também se pode des-
dobrar em duas orações: Estudou como se fôsse passar.

d) CONCESSIVAS:

1 - Conectivas:
,,o extraordinário também é natural, ainda que raro ou menos freqüente" (M.
de MAiucÁ).
"Por mais sagaz que seja o nosso amor-próprio, a lisonja quase sempre o
engana" (ID.).
OBsERvAçÃo: O professor MARTINz DE AGULAR é de opinião que o que, neste
último caso de concessiva intensiva (cf. pág. 162), seja pronome relativo em referéncia
ao adjetivo (sagaz) e a oração (adjetiva, agora) é constituída por que seja.
"Talvez cinco beijos; mas dez que fossem não queria dizer coisa nenhuma"
(M. DE Assis, Brás Cubas, 128).
"Se fizeres terceira edição, deves purificá-la das palavras mesmo como advérbio ,
posto que tenhas um exemplo em Cambes e outro em D. Francisco Manuel de Melo
(CAMILO, Correspondência Epistolar, 11, 167).

230
#





- justapostas: (têm o verbo no subjuntivo anteposto ao sujeito
ou são caracterizadas por expressões do tipo digam o que qu s
o que custar, dê onde der, seja o que for, aconteça a, que acontecer, venha

"Se os homens não tivessem alguma cousa de loucos seriam incapazes de heroismo

"O arrependimento, se não re-bara o feitio, previne a reincidência" (ID.).

"A agrura das montanhas e a profundeza dos vales das Astúrias demorarão os
inimigos quando eu haja de perecer e não puder embargar-lhes os passos" (HERCULANO,
Eurico, 215 apud EPIFÂNIO, Sint. hist. õ 397, que ensina: "as orações de quando são
propriamente condicionais, quando a oração subordinante diz o que há de, ou havia
de acontecer em um caso (indicado na oração de quando), cuja realidade não é

Sem que eu volte para 10 (G. DIAS, Obras poéticas, 1, 22. ed. M. BANDEIRA

Com se é que denotamos enfaticamente a hipótese de caráter

"Acabei de conhecer quão mal entendido é o vosso escrúpulo e o vosso temor
se é que o tendes" (A. VIEIRA, Sermões, VII, 65 apud EPIFÂNIO, loc. cit., õ 37, a)

2 - Justapostas (têm 6 verbo no tempo passado: m.-q.- perfeito do

ind. ou imperf. do subjuntivo, geralmente com sujeito posposto)

"Eu quisesse, à força, hoje mesmo a Ritinha vinha comigo" (J. GUIMARÃES ROSA

As orações condicionais não só exprimem condição, mas ainda podem
encerrar as idéias de hipótese, eventualidade, concessão, tempo s q
muitas vezes se tracem demarcações rigorosas entre esses vários campos do

(1) Não é o subjuntivo que de per si denota a concessão, mas a maneira de estruturaçáo
o contexto e a entonaçâo descendente. Devo esta observaçâo ao sintaticista alemão Moritz Re-
#





f) CONFORMATIVAS:

11 E começou (D.Plácida) a rir, a desdizer-se, a chamar-se tola, "cheia de fi-
dúcias", como lhe dizia a mie" (M. DE Assis, Brds Cubas, 202).
Fez a redação conforme exigiu o professor.
Viajou conforme o pai determinou.

g) CON~ECUTIVAS:

"Os vícios são tão feios que, ainda enfeitados, não podem inteiramente dissimular
a sua fealdade" (M. de MARICÁ).
"Vive de maneira que ao morrer não te lastimes de haver vivido" (W.).
"Há segredos, de natureza tal, que é imperdodvel imprudência o descobri-los" (ID.).
"Devemos regular a nossa vida de modo que possamos esperar e não recear
depois da nossa morte" (h).).

Através de expressões; como de tal maneira, de tal forma, de tal modo,
de tal sorte, postas na oração principal, a consecutiva passa a denotar que
se deve a conseqüência ao modo pela qual é praticada a ação anterior.

Estando completo o sentido da primeira oração, empregamos as ex-
pressões acima (destituídas de tal) como locuções conjuntivas, sem pausa
entre o substantivo e o que, para introduzirem uma consecutiva atenuada,
quase coordenada conclusiva:

Você estudou bem, de modo que pôde responder às perguntas (de
modo que passou a constituir um todo, pertencente à segunda oração).

OBSERVAÇÃO: Constitui erro por no plural o substantivo de de modo que, de
maneira que:

Estudou de maneiras que conseguiu aprovação.

h) FINAIS:

I - Conectivas:

"Fiz-lhe sinal que se calasse" (M. nE Assis, Brds Cubas, 309).
"Garcia Bermudes antes... de ter disposto tudo para que nenhum dos cavaleiros
que deviam assistir ao banquete pudesse afastar-se do castelo..." (A. HERCULANO,
O Bobo, 158).
"... alumiai meus olhos com vossa luz divina, porque (= para que) sempre veja
e entenda as verdades da sabedoria de vossa Cruz" (T. DE JEsus, Trabalhos, 11, 201).
"Deixai-me só - disse frei Jacinto - e convidai o abade a que me socorra com
os sacramentos" (CAMiLO, A Bruxa de Monte-Córdova, 164).

Pode haver um liame estreito entre a oração consecutiva e a final
quando a conseqüência denota um efeito ou resultado intencional:

Chegou cedo ao serviço de maneira que pudesse ser elogiado pelo patrão.

232
#





A idéia de finalidade é responsável pelo aparecimento da preposição
a em locuções modernas do tipo de modo a que, de maneira a que e
semelhantes:

Chegou cedo ao serviço de maneira a que pudesse ser elogiado pelo patrão (~).

2 - Justapostas:

Cala te já, minha fijha
. Ninguém te oiça mais falar" (= para que ninguém te oiça; GARRETT, Roman
cetro 1 XI, 83).
"Senhor, que estás no céu, e vês as almas,
Que cuidam, que propoem, que determinam,
Alumia minha alma, não se cegue (= para que não...
No perigo, em que está" (ANTÔNio FERREiRA, CASTRO, vv. 770-773, apud S. SILVEIRA,
Lições, õ 485-a).
"Mudemos, porém, de tecla, não vá alguém julgar-me para que não vá)
candidato a revisor de gralhas" (CÂNDIDO DE FicUEIREDO, Combate sem Sangue, 231
apud M. BARRETO, Oltimos Estudos, 321).

Esta construoo de não + subjuntivo para denotar finalidade se
aproxima da latina ne por ut ne, quando se quer exprimir a cautela, a
precaução, o cuidado, a restrição:

"Hoc sustinete, maius ne venial, malum" (FEDito, 1, 2, apud M. BAPRETO, ibid.,
= sportai este mal para que não venha outro maior).

i) LocATivAs: Gustapostas, iniciadas por onde, quem, quanto sem refe-
rência a antecedente):

"Os meninos sobejam onde estilo, e faltam onde nélo se acham" (M. DE MAitiCÁ).
"Não pode haver reflexão onde tudo é distração" (ID.).
"Onde o luxo cresce, a probidade afraca e desfalece" (ID.).
Afastava-se de quem o recriminasse (2).

i) MODAIS:

"De um relance. leu na fisionomia do mancebo, sem que suas pupilas extdticas
se movessem nas órbitas" (J. DE ALENCAR, Sertanejo, 157, ed. Melhoramentos) (2).

1) PROPORCIONAIS:

"O anão, quanto mais alto sobe, mais pequeno se afigura" (M. DE MARICÁ).
"Tanto cresce o poder dos homens, quanto aumenta o seu saber" (ID.).
"Quanto menor é o juizo dos povos, tanto maior deve ser o dos que os go-
vernam" (ID.).

(1) M. BAaazTo (Novos Estudos, 2, 340) acredita que tenha havido uma contaminaçáo
sintática de "de modo que" com "de modo a". Creio, entretanto, que bastou, para o caso, o
matiz de finalidade que envolveu a locução.
(2) Não consta da NGB.

233
#





"O instinto nos homens enfraquece à medida que a sua T4Z90 Cresce, vigora e
se desenvolve" (ID.):
"Os seus ditos satíricos, ao passo que suscitavam a hilaridade dos cortesões, faziam
sempre uma vítima" (A. HERCULANO, o Bobo, 29).

m) TEmpoitms:

1) Conectivas:
"Há muitos homens que parecem dignos de grandes empregos enquanto os não
OCUP4M" (M. DE MARICÁ).
"Calculamos sempre mal quando prescindimos das circunstdncias" (ID.).
"Enquanto assim pensava, íamos devorando caminho, e a planície voava debaixo
dos nossos pés, até que o animal estacou..." (M. DE Assis, Brás Cubas, 20).
"Os senhores e cavaleiros, apenas a rainha Partira, se haviam espalhado pela sala
do banquete e pela sala d'armas" (A. HERCULANO, O Bobo, 161).
"Tanto que desapareceram, ele abriu às apalpadelas a porta exterior da sua
pocilga ... " (ID., ibid., 201).
"Eis senão quando entra o patrão, com aqueles modos decididos..." (A. ARINOS,
Pelo Sertão, 3.a ed., 183).

2) Justapostas:

"ao pé de uma destas colunas, no lado,oposto da sala três personagens falavam
também havia largo tempo..." (A. HERCULANO, ibid, 42).
Não o vejo faz seis meses.

OBSERVAÇÃO: Por um processo de grama tica lização, há autores que consideram a
justaposta como simples adjunto adverbial, sem formar oração à parte (A. NASCENTES).

Transposta para o início do período a oração que expressa a idéia
temporal, aparece um que que tem tido interpretação vária:
"Muito havia já que era noite..." (A. HERCULANO, ibid., 154).
Faz seis meses que não o vejo.

De três maneiras podemos analisar a 2.a oração:

a) considerar o que conjunção temporal e, portanto, adverbial a oração
(é a opinião mais generalizada);
b) considerar que os verbos haver e fazer não estão empregados impessoal-
mente, sendo o que conjunção integrante e, portanto, substantiva sub-
jetiva a oração por ele introduzida (o fato [não o ver] faz [ = completa,
tem] seis meses); esta análise não se enquadra tão bem em relação ao
verbo haver pelo inusitado de semelhante construção em nosso idioma
(é a opinião de Maximino Maciel, Mário Barreto, Martinz de Aguiar,
Cândido jucá Filho);
c) considerar o que expletivo, memorativo, dentro da oração principal, da
circunstância temporal da oração anterior; continua a haver justaposi-
ção (é a opinião de Sílvio Elia, e a que julgo boa).

234
#





Os adeptos da explicação a) e b) acreditam na pura elipse do que
subordinativo em construções como não o veio faz seis meses.

OBSERVAq6ES:

1.a) Realça-se a idéia temporal do verbo haver através da prep. de em linguagens
do tipo: "... eu afirmo que o Sr. Camilo Castelo Branco sabe, sabe muito bem,
porque de hd muito tempo lhe são familiares livros..." (OLIVFMU MARTINS apud
CAMILO CA~ BRANco, Boêmia do Espírito, 38).
2.4) Empregam-se como substantivos hd muito, hd pouco, hd tantos anos, etc.,
que precedidas da preposição de, valem como locução adjetiva, (adjunto adnominal):
"Eu conhecia dos escritores de hd vinte e cinco anos a opulência_" (CAMILO,
Boêmia do Espírito, 8); "Vim para conversar com os fantasmas dos meus amigos e
comensais de hd trinta anos" (ID., ibid, 17).
3.2) Em lugar de quando foi a vez dele diz-se também, modernamente, quando
foi da vez dele ou, abreviadamente, quando da vez dele. Ocorre ainda a quando de
(a quando da vez dele).
4.a) Em muitos dizeres de sentido temporal, "há tendência, bem notória hoje
em dia, para confundir que conjunção com que pronome relativo, e para afirmar
este caráter pronominal em certos casos hoje se prefere em que ao simples que da
linguagem antiga" (SAm ALI, GiPamíÍtica Secunddria, 197). Dá-se a alternAncia que 1
em que quando o substantivo, que se considera como antecedente vem precedido da
preposição em. Assim se prefere dizer ao mesmo tempo que, a tempo que, ao tempo
que, mas no tempo que (ou em que), no dia que (ou em que), etc. Tem-se em-
pregado abusivamente em que em construções onde a tradição do idioma só emprega
que, como: todas as vezes em que (prefira-se todas as vezes que) ou em todas as
vezes em que (ou apenas que).
5.a) Por vezes, nas asserções gerais, a oração iniciada por quando muito se
aproxima pelo sentido da introduzida pela condicional se. "Não se é pobre, quando
se tem saúde" (EPIFÂNIO, Sint. Hist., õ397-b).

7 - ORAÇOES REDUZIDAS

Que é oração reduzida. - Chama-se oração reduzida aquela que tem
o seu verbo numa forma nominal, isto é, no infinitivo, gerúndio ou
particípio.

"A mocidade se expande para conhecer o mundo e os homens (= para que
conheça... ), a velhice se contrai por havê-los conhecido (= porque os conheceram)"
(M. DE MARICÁ).
"Ganhamos freqüentes vezes perdoando oportunamente" (ID.).
"Varrida a testada a Latino Coelho da mazela que lhe irrogou o mestre, ainda
menos me custará tirar da minha a assacadilha, que me pôs (R. BARMA, Réplica, 101).

OBSERVAÇõES :
1.a) A oração reduzida não vem introduzida por conectivo; mas é preciso 'acentuar
que não é a falta dele que a caracteriza como tal. Orações há desprovidas de conectivo
que não são reduzidas. É a forma nominal do verbo que nos indica ser reduzida
a oração.

235
#





2.a) Havendo locução verbal, é o auxiliar que indica se estamos ou não diante
de uma reduzida, e qual o seu tipo. Dessarte, não constituem orações reduzidas os
seguintes exemplos: estamos viajando, precisamos viajar, tem viajado, porque o
auxiliar não se acha representado por uma forma nominal. Por outro lado, tendo
de viajar é uma reduzida de gerúndio, acabado de fazer é de particípio e estando
sofrendo é de gerúndio.

De modo geral, toda oração reduzida pode ser desdobrada numa cor-
respondente de verbo na forma finita e introduzida por conectivo:

Ao terminar a aula, sairemos = logo que a aula termine, sairemos.

O emprego de reduzidas, por desenvolvidas e vice-versa, quando feito
com arte e bom gosto, constitui um dos recursos para emprestar ao dis-
curso elegáricia e eficiência.

As orações reduzidas podem ser independentes (coordenadas) ou de-
pendentes (subordinadas), sendo inais freqüentes as deste último grupo.

Orações reduzidas independentes (coordenadas). - As orações redu-
zidas independentes (coordenadas) apresentam o seu verbo:

a)no infinitivo precedido da preposição sobre, ou da loc. além de quando
exprimem adição enfática:

"É que as toucas e lencinhos pudibundos, sobre não serem enfeites mui sedu-
tores, algumas vezes tornam a virtude rançosa..." (CAM1LO, A Queda dum Anjo, 111).

b)no gerúndio, quando, exprimindo um fato imediato, equivalem a uma
oração desenvolvida introduzida pela conjunção e :

"Recebeu a jóia, entregando-a (= e entregou-a) depois à esposa" (SA11) ALI,
Gram. Sec., 247).

Orações reduzidas dependentes

A) SUBSTANTIVAS:

Têm normalmente o verbo (principal ou auxiliar) no infinitivo:

a) Subjetiva:
"Não é dado ao saber humano conhecer toda a extensão da sua ignorância-
(M. DE MARICÁ).
"Agora mesmo, custava-me responder alguma coisa, mas enfim contei-lhe o motivo
da minha ausência" (M. DE Assis, Brás Cubas, 208).

b) Objetiva dirçta:
"Atores por breve tempo no teatro deste mundo, os homens fazem rir e chorar
a muita gente" (li).).

236
#





c) Objetiva indireta:
"A felicidade do velho achacado é negativa, consiste em não sofrel` (ID.).

d) Predicativa:
"A maior loucura política é ampliar a liberdade a quem não tem suficiente
capacidade para usar dela" (ID.).

e) Apositiva:
"Dois meios havia em seguir esta empresa: ou atacar com a armada por mar, ou
marchar o exército por terra e sitiar aquela cidade" (A. HERCULANO, Fragmentos, 69).

f) Completiva nominal:
"Os imprudentes e estouvados ofendem a muita gente, sem intenção nem pro-
pósito de ofender a pessoa alguma" (ID.).

OBSERVAÇõES :
J.a) Por vezes a oração reduzida substantiva subjetiva ou objetiva direta tem o
seu infinitivo precedido de preposição expletiva: "Desaire real seria de a deixar
sem prêmio" (A. GARRETT, Cam6es, 122); "Custou-lhe muito a aceitar a casa" (M.
DE Assis, Brás Cubas, -94); Mostrou-se pesarosa de o encontrar, e prometeu de voltar
hoje às três horas" (CAmim), A Queda dum Anjo, 118); "A civilidade ensina a
dissimular para não ofender" (M. DE MARicÁ).
2.2) A oração substantiva reduzida de infinitivo pode vir precedida de artigo
ou pronome demonstrativo, mormente se a oração funciona como sujeito, objeto ou
predicativo, quando se deseja ressaltar a ação expressa pelo infinitivo: "Custa mais
trabalho a muitos o tornar-se desgraçados do que a outros fazer-se afortunados" (M.
DE MARICÁ).
3.a) "No port. moderno, em lugar de se dizer simplesmente, v.g.: O estar todo
o estrangeiro exposto a ser preso, basta para provar que...,*é corrente empregar-se
uma perífrase com fato, circunstdncia, e dizer-se: O fato de estar todo o estran-
geiro, etc. (em francês, onde não há orações infinitivas, tem de ser necessariamente:
le fait que tout étranger était exposé à être arrété suffit à prouver que). Tal prática,
bem que possa ser taxada de galicismo, serve, às vezes, de evitar durezas de estilo"
(EMÂNIO, Sint. Histórica, õ363).

B) ADJETIVAS:

Têm o verbo (principal ou auxiliar) no:

1) Infinitivo
"O orador ilhavo não era homem de se dar assim por derrotado" (A. GARRET-r
apud EPIFÂNIO, Sint. Hist., õ308).
"Nossa teoria fora a primeira a cair por terra..." (A. HERCULANO, OpúSCUIOS,
IX, 70).

OBSERVAÇõES :
1.a) Constitui imitação do francês empregar-se em sentido qualitativo um infi-
nitivo precedido das preposições a ou para (por exemplo livros a consultar, roupa
para consertar), em lugar de uma oração adjetiva iniciada por pronome relativo. A
construção aparece, embora sem freqüência, em bons escritores modernos: "Qual é
a ilação a deduzir destas considerações e destes fatos?" (HERCULANO apud EPIFÀNIO,
Sint. Hist., õ 304).

237
#





2) Certindio, indicando de um substantivo ou pronome:

a) uma atividade passageira, dentro de curto período e em determinada
situação:

"... cujos brados dos selvagens da guerra começavam a soar ao longe como um
trovão ribombando no vale" (A. HERcuLANo, O Bobo, 218).
"Realmente, não sei como lhes diga que não me senti mal, ao pé da moça,
trajando garridamente um vestido fino" (M. DE Assis, Brás Cubas, 260).
Água fervendo

Vale o gertindio, nestas circunstâncias, por uma expressão formada
pela preposição a + infinitivo: água a ferver.

b) uma atividade permanente, qualidade essencial, inerente aos seres,
própria das coisas (Said Ali):

"O livro V, compreendendo as leis penais..." (LATINO COELHO, História Politica
e Militar de Portugal, 1, 288).
"Decreto de 14 de fevereiro de 1786, proibindo a entrada das meias de seda que
não fossem pretas, e decreto de 2 de agosto de 1786, suscitando a observância e
ampliando o cap. W' (ID., ibid., 298).
"Algumas histórias, digo, comédias havia com este nome contendo argumentos
mal . s sólido0 (FRANCISCO JOSÉ FREIRE apud SAM ALI, Gramática Histórica, 11, 1,552).

OBSMVAÇÃO: Autores há (Epifânio Dias, Júlio Moreira, Leite de Vasconcelos,
Mário Barreto, entre outros) que condenam o emprego do gerúndio em oração adjetiva,
e propõem sua substituição por uma oração iniciada pelo relativo ou por preposição
adequada:

Livro contendo gravuras
Livro que contém gravuras
Livros (com, de) gravuras

Outros mestres (Said Ali, Otoniel Mota, E. Carlos Pereira, Cláudio Brandão,
entre outros) não vêem erro em tal emprego, mas uma extensão natural do gerúndio
que passou a acumular as funções do particípio presente, que desapareceu do nosso
quadro verbal.

3) Particípio

"D. Afonso Henriques, ajudado por uma armada de cruzados, conquistou Lisboa-
(A. COELHO, Noções Elementares de Gramática Portuguesa, 121).

OBsERvAçÃo: Em muitos casos se pode considerar o particípio por mero adjetis-o,
simplificando assim a análise. É deste parecer Adolfo Coelho que nos ensina: "O&
particípios passivos só constituem proposição quando não estão ligados a um subs-
tantivo (ou expressão equivalente) duma proposição que tem verbo próprio, e têm
portanto sujeito próprio: no caso contrário são simples atributos (adjuntos adno-
minais), como nos exemplos seguintes: As obras escritas por Camões são o maior
tesouro dos portugueses. D. Afonso Henriques, ajudado por uma armada de cruzados,
conquistou Lisboa" (ibid.).

238
#





C) ADVERBIAIS:

de, etc.:

Têm o verbo (principal ou auxiliar) no:

1) Infinitivo (caso em que normalmente se emprega precedido de pre-
posição adequada):

a) Causais: com as preposições e locuções prepositivas com, em, por,
visto, à força de, em virtude de, em vista de, por causa de, por motivo

"Porém, deixando o coração cativo,
Com fazer-te (= porque te fizeste) a meus rogos sempre humano" (S. RITA
DuRÃo, Caramuru, c. VI).
"Há povos que são felizes em não ter (= porque não têm) mais que um só
tirano" (M. DE MARICÁ).
"Trazia a carta comigo, já bastante amarrotada, talvez por havé-la lido a muitas
outras pessoas" (M. DE Assis, Brds Cubas, 86-7).

b) Concessivas: com as preposições e locuções prepositivas com, sem
(negando a causa ou a conseqüência), malgrado, apesar de, não obstante,
sem embargo de:
"O silêncio, com ser (= embora seja) mudo, não deixa de ser por vezes um
grande impostor" (M. DE MARICÁ).
"Este era funestamente o sistema colonial adotado pelas nações que copiava sem
o entender (= embora o não entendesse)_" (L. COELHo apud Antologia Na-
cional, 215).

c) Condicionais (e hipotéticas): com as preposições a, sem:
"Urn tomo houvéramos de encher, a querermos (= se quiséssemos) miudar
exemplificar todas as variedades de composição métrica dos nossos dias" (A. F. DE
CASTILHo, Tratado de Metrificação, 146).
Não sairá sem apresentar os documentos em ordem.

d) Consecutivas: com as preposições de, a :
É feio de meter medo.
"O mancebo desprezava o perigo, e, pago até da morte pelos sorrisos que seus
olhos furtavam de longe, levou o arrojo a arrepiar a testa do toiro com a ponta da
lança- (R. DA SiLvA apud Antologia Nacional, 207).
OBSERVAÇÃO: Constitui novidade de sintaxe, talvez com influxo do francês e,
por isso, condenada pelos gramáticos, o emprego do infinitivo precedido da prepo-
:siçâo a para exprimir que a oração consecutiva encerra efeito ou resultado esperado,
à qual se associa uma idéia subsidiária de fim: Falou de modo a ser ouvido Por
todos. (Cf. Pág. 232.)

e) Finais: com as preposições e locuções prepositivas a, de, para, por
(hoje mais rara, fixada em por assim dizer e semelhantes), em, a fim de,
,com o fim de:

A dizer verdade, não sei como explicar o caso.
Pouco me deram a comer.

239
#





"... porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber"
(A. ViEiRA, Serm6es, VIII, 270).
"O sábio deve calar-se para não ser malcriado, o ignorante para não ser despre-
zado" (M. DE MARicÁ).
"Fazei Por merecer os altos empregos, honras e dignidades: elas virão buscar-vos,
ou sabereis escusá-las" (ID.).
"Punham os sarracenos todas as suas diligências em queimá-la..." (A. HERCULANO,
Hist, de Portugal, 111, 179-180).
"Dois meios havia em seguir esta empresa" (lD., Fragmentos, 69).

OBsEavAçÃo: O infinitivo das orações finais pode aparecer sem preposição mor-
mente depois dos verbos de movimento (muitas das vezes estes verbos passam a
auxiliares indicando intento futuro): "Diz-se que ele era dos doze que foram a
Inglaterra pelejar (= para pelejar) em desagravo das damas inglesas" (ID., 92).

f) Locativas: com a preposição em :

"Filha, no muito possuir não é que anda posta a felicidade, mas sim no esperar
e amar muito" (A. F. DE CAsTiLHo apud. Seleta Nacional, 1, 37).

OBsERvAçÃo: Este caso pode enquadrar-se no que se diz na pág. 244.a.

g) orações de meio e instrumento: com as preposições de, com :

"E Machado de Assis acaba o conto instalando o seu desencanto dos homens na
alma de oficial, com dizer que ele foi mandado a Calcutá..." (M. BANDEIRA, Poesia
e Prosa, 11, 360).
"Eu não sou, minha Nice, pegureiro,
Que vive de guardar alheio gado" (T. A, GONZAGA, Poesias, ed. R. Lapa, 1, 15) (1),

h) Modais: com as preposições sem, a.

"Vivemos com loucos e entre loucos: é feliz ou muito hábil quem pode tratar
com eles sem os ofender nem ser ofendido" (M. DE MARicÁ).
"Ele esteve alguns instantes de pé a olhar para mim" (M. DE Assis, Brás Cubas,
86)(1).

i) Temporais: com as preposições e locuções prepositivas:

1) tempo anterior: antes de :
"Os velhos devem supor-se mortos antes de morrer para assim alcançarem mais
longa vida" (ID.).

2) tempo corícomitante: a (com o infinitivo precedido de artigo):
"Ao ouvir esta última palavra recuei um pouco, tomado de susto" (M. DE Assis,
Brás Cubas, 21).

3) tempo posterior: depois de, após:
"A borboleta, depois de esvoaçar muito em torno de mim, pousou-me na testa"
(ID., ibid., 99),

(1) Não consta da NGB.

240
#





-19 r

ou da Belmonte, Prestes a soçobrar" (OURO PRETO apud Antologia Nacional, 84).

4) tempo futuro próximo: perto de, prestes a :

"... e só abandona (o comandante) o posto quando voa em socorro da Parnaíba

5) duração, prazo: até:

"Erramos, aprendemos e somos enganados até morrer, por maior que seja a
nossa idade, experiência e sapiência" (M. DE MARICÁ).

2) Gertindio

a) Causais:

"Vivemos no seio de Deus que, sendo (= porque é) imenso, nos compreende
todos" (M. DE MARICÁ).

b) Consecutivas:

"Isto acendeu por 'tal modo os ânimos dos soldados, que sem mandado, nem
ordem de peleja, deram no arraial do infante, rompendo-o por muitas partes" (A.
HERCULANO, Fragmentos, 97).

c) Concessivas:

"E quem são estes? são aqueles que sendo (= embora sejam) tanto mais do
que eram, e tendo (= embora tenham) mais do que tinham e estando (= embora
estejam) tanto mais levantados do que estavam, ainda se queixam e se chamam mal
despachados" (A. VIEIRA, Sermões, 1, 303).

d) Condicionais:

"Partilhamos o louvor que damos, sendo (= se é) justo e merecido" (M. DE MARICÁ)

e) orações que denotam modo, meio, instrumento:

"O amor, como o menino, começa brincando e acaba chorando" (M. DE MARICÁ)
"Os viciosos amam os seus inimigos, amando os seus próprios vícios" (ID.).

OBSERVAÇÃO: Alguns autores preferem não considerar o gerúndio como oração
à parte quando, indicando modo. meio ou instrumento, aparece sem complemento
como no primeiro exemplo acima.

f) Temporais:

"As nações como as pessoas arremedando as outras, se desfiguram a si próprias"
(M. DE MARICÁ).
"Navegando no arquipélago proceloso da vida não devemos perder de vista o
porto do novo destino" (ID.).
Fala dormindo (o gerúndio aqui denota concomitância, coexistência de aç(ws
enquanto dorme).

OBSERVAÇÃO: O gerúndio pode aparecer precedido da preposição em quando
indica tempo, condição ou hipótese. Neste caso o português moderno determina que

241
#





o verbo da oração principal denote acontecimento futuro ou ação que costuma acon-
tecer; "Boa é a lei, quando executada com retidão. Isto é: boa será, em havendo
no executor a virtude..." (Rui BARwsA, Oraçdo aos Moços, ed. A. G. KURY, 53); "Não
imiteis os que, em se lhes oferecendo o mais leve pretexto, a si mesmos põem sus-
peições rebuscadas_" (ID., ibid, 64).

3) Particípio

a) Causais:
"Ocupado (Afonso de Albuquerque) com as guerras da índia e de Ormuz
porque se ocupara... ), não curou por muito tempo de ir castigar a traição dos
malaios..." (A. HERCULANO, Fragmentos, 105).

b) Condicionais:
"Entramos em uma batalha, onde vencidos (= se formos vencidos), honraremos
nosso Deus com o sangue" (FREiRE, 221, apud. EMÂNio DIAs, Gramática Elementar,
õ 241, 1).

OBSERVAÇÃO: Pode-se aqui ainda pensar num aposto circunstancial (cf. pág. 215).

c) Concessivas:
"Fundada com mui Pouco poder (= embora fosse fundada), esta cidade tinha
ganhado dentro em 90 anos aquele grande esplendor" (A. HERCULANO, Fragmentos, 107).

d) Temporais:
"Abandonada esta, fortificaram-na logo os mouros com dobradas trincheiras_"
(ID., ibid., 112).

OBsERvAçÃo: O particípio empregado na idéia de tempo pode vir seguido do
pron. relativo que e duma forma adequada do verbo ser: "Acabado que foi o prazo
destinado pelo tirano..." (M. BERNARDEs apud. S. ALi, Gramática Secundária, 196).

Orações reduzidas fixas. - Há certas orações reduzidas para as quais
a nossa língua não apresenta as equivalentes sob forma desenvolvida:

a) Orações que contêm certos verbos seguidos de sujeito oracional:

Coube-nos ornamentar o salgo (e não que ornamentássemos) (1).
Valeu-nos estarem perto alguns amigos (e não: que estivessem perto).
Impediu-nos a viagem vindo ordem de voltarmos (e não: que tivesse vindo)(1).

b)Orações que contêm os verbos agradecer, perdoar e o impessoal haver
na expressão não há valer-lhe (e similares) seguidos de objeto direto
oracional:

Perdoou-lhes o haverem-no ofendido (EMÂNto DIAs, Gramática Elementar, 226, b).
"E lá se vão: não há mais (= não é possível) conté-los ou alcançd-los" (E. DA
CUNHA, Os sertões, 128).

(1) ExempIos extraídos de Jos* orricicA, Curso do iNir.

242
#





F

c) Orações cordenadas de sentido aditivo enfático através de sobre o

"É porque as toucas e lencinhos pudibundos, sobre não serem enfeites mui sedu
tores, algumas vezes tornam a virtude rançosa..." (CAmiLo, A Queda dum Anjo, 111).

d) Orações que exprimem circunstáricias para cuja expressão não existem

conjunções subordinativas, como as que denotam:

"A filha estava com catorze anos; mas era muito fraquinha, e não fazia n
não ser namorar os capadácios..." (M. DE Assis, Brds Cubas, 201

2 - Exclusão (longe de, em lugar de, em vez de + infinitivo)
"Note-se que, longo de termos horror ao método, era nosso costume convidá-lo

na pessoa de D. Plácida, a sentar-se conosco à mesa" (ID., ibid, 199).

3 - Meio ou instrumento (com verbo no infinitivo ou gerúndio):

"Salvóu-o o senado, segurando-lhe a pessoa até poder sair a bordo de uma
holandesa a 21 de maio" (R. DA SiLvA, História de Portugal, IV, 244)

OBSERVAÇÃO: Entram no rol das reduzidas fixas certas subordinadas modais d
gerúndio que não costumam aparecer com verbos em forma finita: "Os povos desen

ganam-se como as pessoas: sofrendo, perdendo e pagando" (M. DE MARICÁ)

Orações reduzidas do tipo: Deixei-o entrar. - Com os auxiliares

causativos (deixar, mandar, fazer e sinônimos) e sensitivos ver, ouvi
olhar, sentir e sinônimos), seguidos de infinitivo, constroem-se oraçoe
substantivas reduzidas que normalmente exercem a função de sujeito oi

a oração prinCiDal é deixei, e a subordinada o entrar funciona como objeto

uando tais reduzidas ocorrem, seu sujeito é expresso por ronome

pessoal átono: o é sujeito de entrar: que ELE entrasse:

Fez-nos falar (fez que nós falássemos).
Viu-me chegar (viu que eu chegava).

Aa lado de o como sujeito de infinitivo nestes casos empregamos lhe

I

quando o infinitivo vem acomparíliado de objeto direto

Se o objeto direto é constituído Dor prortome pessoal, o normal é

de lhe como suieito, nestes casos:
#





É raro um exemplo como o seguinte de Alexandre Herculano:
"... a tia Domingas ouviu-o chamá-la de novo, mansamente" (Fragmentos, 76):
a tia Domingas ouviu que ele ( = o) a ( = Ia) chamava de novo.

Se o infinitivo é pronominal, o normal é aparecer o, e não lhe, como
seu sujeito:
.... o Sabiá... rebramia com som medonho, até chegar às planícies, onde o
solo o não comprimia c o deixava espraiar-se pelos pauis e juncais..." (ALEXANDRE
HERCULANo apud Fragmentos, 76-77).

OBSERVAÇõES:
1.2).0 infinitivo preso a deixar, mandar, fazer pode adquirir sentido passivo e,
neste caso, aparecerá seu agente encabeçado pelas preposições por ou de: "D. João
de Castro, sem deixar-se vencer do amor do filho, nem dos medos do tempo, resolveu
enviar o socorro (FREME, 133, apud ENFÂNto, DIAS, Sintaxe Histórica, 289, a, obs. 2.a).
2.a) Se o infinitivo é,verbo pronominal, o pronome átono pode omitir-se ou
não-. Eu os vi afastar ou afastar-se daqui.
3.a) Pode-se repetir pleonasticamente o pronome sujeito de ítifinitivo por uma
expressão constituída por nome, precedida ou não de preposição: "Deixai-o ir, ao
velho fidalgo" (H. DA SILVA, Contos e Lendas, 185).

Quando o infinitívo não constituí oração reduzida

a) Quando, sem referência a qualquer sujeito, exprime a ação de modo
vago, à maneira de substantivo:
"Reformar, e não inovar, é o voto do legislador prudente" (M. DE MARICÁ).

b) Quando é componente de locução verbal:
"A sabedoria é reputada geralmente pobre, porque se não podem. ver os seus
tesouros" (ID.).

c) Quando precedido de preposição e em referência a substantivo, o infi-
nitivo tem sentido qualificativo, o que sucede:

1 - quando exprime a destinação:
sala de jantar, ferro de engomar, criado de servir;

2 - quando entra em expressão equivalente a um adjetivo terminado
em -vel :
"Nesta seção tratei das escolas e gerais públicas, dos mestres régios, de nossa
legislação nesta parte, e do que nela me parece de conservar (= conservável) ou de
emendar (= emendável)" (GARRETT, Educação, 27),

d)Quando, precedido de proposição depois de certos adjetivos (fácil,
difícil, bom, etc.), o infinítivo tem sentido limitativo (com valor ativo
ou passivo):

Osso duro de roer ~

ativo = de alguém roer
passivo = de ser roído por alguém
#





e) Quando vale por um imperativo:
Direita, volver
"Fartar, rapazes" (A. HERCULANO, Fragmentos, 98).

f) Quando, nas exclamações, o infinitivo exprime estranheza:
"Tu, Hermengarda, recordares-te? !" (ID., Eurico, 47)

g)Quando entra em orações substantivas interrogativas; diretas ou indi-
retas e adjetivas:

Que fazer 1
Não sei que fazer.
Nada tenho que dizer(l).

h)Quando ocorre o infinitivo de narração, isto é, aquele que numa narra-
ção animada considera a ação como já passada, e não no seu desen-
volvimento:
"Os santos a persuadir-me humildade e meter-se debaixo dos pés de todos, e eu
que mostre brios e ufanias?" (Fr. Luís DE SousA, V. do Arcebispo, 1, 142).

Quando o gerúndio e o particípio
não constituem oração reduzida

a) Quando fazem parte de uma locução verbal:
Os parentes vão passando bem de saúde.
As leituras foram recapituladas pelos alunos.

b)Quando o particípio aparece em função qualificadora, à maneira de
adjetivo:
"Um dia como (quando) trabalhava nos campos, triste e abatido pelos seus
receios, viu alguns pássaros- (A. F. DE CASTILHo apud Seleta Nacional, 1, 34).

APÊNDICE

Particularidades de estruturação sintática oracional

1) É costume transpor para a oração principal, na aparência de objeto
direto, o termo que havia de ser o sujeito da oração subordinada
substantiva:

"Depois foi ver as mós se tinham grão" = se as mós tinham grão (R. DA SILVA
apud M. BARRETO, Novos Estudos, 222); "NãO sei este desconcerto do mundo onde
há de ir ter" = onde há de ir ter este desconcerto do mundo (B. RIBEIRO apud. M.
BARRETO, ibid.); "Olha tuas tias e minhas irmãs velhas como estão novas" = como
enfio novas tuas tias e minhas irmãs (CAmiLO apud M. B., ibid.).

(1) Sobre a origem desta construção, sem se precisar recorrer a elipse de verbo auxiliar
adequado, veja-se o que dissemos em Liç6es de Português, 7.a ed., 209-210, nota.

245
#





2) Depois de ver, ouvir, sentir, encontrar e sinônimos e eis pode apa-
recer oração adjetiva em vez de uma substantiva (iniciada por que ou
reduzida de infinitivo), considerando-se como objeto direto daqueles ver-
bos o termo que havia de ser sujeito da substantiva:

"Subitamente a chuva fustigou as janelas: o primeiro bofar de vento fez ramalhar
as árvores, meias calvas; e senti-o que se abismava das arcarias de pedra" = senti que
ele se abísmava ou senti-o abismar-se (A. HERCULANo, apud Fragmentos, 172).
Ei-lo que vem = eis que ele vem.

3) Pode ocorrer, às vezes, que o pronome relativo inicie, " ao mesmo
tempo, duas orações, uma subordinada à outra, dando o caráter de relativo
à subordinante, mas pertencendo como sujeito ou determinação (objeto)
à subordinada:

Este é o livro que lhe aconselhei que comprasse (ENFÂNio DIAS, Sintaxe His-
tórica, õ 367).

O pronome relativo que inicia a oração que lhe aconselhei, mas não
exerce nela função sintática; pertence à oração substantiva que comprasse,
da qual é o objeto direto: a oração do que relativo seria que que comprasse
(duplamente subordinada). Pode-se ainda usar um infinitivo na oração
substantiva:

Este é o livro que lhe aconselhei comprar.

No português moderno, esta construção só tem lugar, em geral, quan-
do a oração subordinada é substantiva; fora deste caso só se emprega, de
ordinário, com o pronome o qual, e então coloca-se este pronome depois
da expressão por ele determinada:

É problema para resolver o qual são necessárias duas condições.

"O jugo da obediência, para lhes impor o qual muitas vezes faltava a força" (HERc.,
História de Portugal, 1, 242).

Todavia evita-se esta construção quanto possível, e diz-se por ex.:
"É problema para cuja resolução são necessárias duas condições" (E. DIAS, ibid.).

4) Depois de verbos como pensar, dizer, indagar, perguntar e equi-
valentes é comum aparecer oração adjetiva quando se poderia empregar
uma oração substantiva:

Indagou os estragos que a briga fizera (ao lado de: indagou que estragos a briga
fizera).
Não percebo o que dizer (ao lado de: não percebo que dizer).

5) Construções do tipo temer, não temer com que, em linguagem
afetiva, enunciamos réplicas e objeções com infinitivo de intensidade, se
mostram rebeldes a uma análise dentro dos moldes tradicionais.

246
#





r

6) As orações quer principais quer subordinadas podem ter um
advérbio que mostre a relação ' em que essas orações se acham com o pen-
samento expresso anteriormente:

Estudemos, Portanto, e não nos deixemos dominar pela preguiça (RIBEIRO DE
VASCONCELos, GramdUca, 251).

E) Sintaxe de classes de palavras

1 - EMPREGO DO ARTIGO

Emprego do artigo definido. - De largo uso no idioma, o artigo
assume sentido especiaIíssimo:

a) junto dos nomes próprios denota nossa familiaridade (neste mesmo
caso pode o artigo ser também omitido):
O Cleto talvez falte hoje. O Antônio comunicou-se com o João.
OBSERVAÇÃO: o uso mais freqüente, na linguagem culta, dispensa o artigo juntá
a nomes próprios de pessoas, com exceção dos que se acham no plural. É tradição
ainda só antepor artigo a apelidos: o Camões, o Tasso, o Vieira. Por influência do
italiano, tem-se estendido a presença do artigo antes dos nomes de escritores, artistas
* personagens célebres: o Dante, o Torquato, Dizemos, indiferentemente, Cristo ou
* Cristo (ou ainda o Cristo Jesus).

b) Costuma aparecer ao lado de certos nomes próprios geográficos, prin
cipalmente os que denotam países, oceanos, rios, montanhas, ilhas:
a Suécia, o Atlántico, o Amazonas, os Andes, a Groenlândia.

Entre nós, dispensam artigo os nomes dos seguintes estados: Alagoas,
Coitís, Mato Grosso, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Pernambuco
e Sergipe.
NOTA: Não se acompanham de artigo as denominações geográficas formadas com
nomes ou adjetivos: São Paulo, Belo Horizonte.

Quanto às cidades, geralmente prescindem de artigo. Há, contudo,
exceções devidas à influência de seu primitivo valor de substantivo
comum: a Bahia, o Rio de janeiro, o Porto, etc. Continuando a prática
de outros idiomas que, por sua vez, se inspiram no árabe el-Kahira (a
Vitoriosa), dizemos com artigo o Cairo.
Recife sempre se disse acompanhado de artigo: o Recife. Moderna-
mente, pode dispensá-lo. Aracaiu, capital de Sergipe, conhece a mesma
liberdade.

c) Entra em numerosas alcunhas e cognomes: Isabel, a Redentora; D.
Manuel, o Venturoso; mas: Frederico Barba-roxa.

247
#





d)Aparecem em certos títulos: o professor João Ribeiro, o historiador
Tito Lívio, o doutor Sousa.

OBSERVAÇÃO: É omitido antes dos ordinais pospostos aos títulos: Pedro 1, Hen-
rique VIII, Com o numeral anteposto:
"Vede o primeiro Afonso...
O quarto e quinto Afonso, e o terceiro- (CAm., Lus,, 1, 13).

e)São omitidos nos títulos de Vossa Alteza, Vossa Majestade, Vossa
Senhoria e outras denominações, além das formas abreviadas dom, frei,
são e as de origem estrangeira, como Lord, Madame, Sir e o latinismo
sóror ou soror (oxítono): Vossa Alteza passeia. Frei Joaquim do Amor
Divino Caneca nasceu em Pernambuco. Soror (ou Sor) Mariana
Alcoforado foi célebre escritora portuguesa.

OBSERVAÇÃO: Ensina-nos JoÃo RiBEiRo: "É um galicismo a intercalação do artigo
nas fórmulas: sua Excelência o deputado, Sua Alteza o príncipe, Sua Santidade o
Papa. Estes galicismos foram adotados geralmente na língua para evitar fórmulas menos
elegantes, como: a excelência do Sr. deputado, a alteza do príncipe, como mandaria
dizer a vernaculidade" (Gram., curso superior, 1930, págs. 266-7). E, em nota, transcreve
exemplos que lhe foram apontados pelo colaborador FiRmINIO CosTA, dos quais
lembramos:
... comunicou a coisa à Alteza de el-rei Dom João o III".

Dizem-se com artigo os nomes de trabalhos literários e artísticos (se o
artigo pertence ao título, há de ser escrito obrigatoriamente com
maiúscula):
a Eneida, a Jerusalém Libertada, Os Lusíadas, A Tempestade.

g) São omitidos antes da palavra casa, designando residência ou família,
nas expressões do tipo: fui a casa, estou em casa, venho de casa, passei
por casa, todos de casa.

OBSERVAÇÃO: Seguido de nome do possuidor ou de um adjetivo ou expressão
adjetiva, pode o vocábulo casa acompanhar-se de artigo:

Da (ou de) casa de meus pais.

h)Omite-se ainda o artigo junto ao vocábulo terra, em oposição a boi-do
(que também dispensa artigo):
Iam de bordo a terra.

i)Costuma-se omitir o artigo com a palavra paldcio, quando desacom-
panhada de modificador:
"Perguntou o mestre-escola afoitamente à sentinela do paço se o representante
nacional, morgado da Agra, estava em palácio" (CAMILO, Queda dum Anjo, 144).

j)Aparece junto ao termo. denotador da unidade quando se expressa o
valor das coisas (aqui o artigo assume o valor de cada):

Maçãs de poucos cruzeiros o quilo.

248
#





1) Aparecem nas designações de tempo com os nomes das estações do ano:
Na primavera há flores em abundância. "Em uma tarde do estio, à hora incerta
* saudosa..." (HutcuLANo, Fragmentos, 154).

OBSERVAÇÃO: Se o nome de estação vier precedido de de, significando próprio de,
* artigo é dispensado:

Numa manhã de primavera.

NoTA - Se a expressão temporal contiver nome de mês, dispensa ainda o artigo:
Meu irmão faz anos em março.

m) Nas indicações de tempo com a expressão uma hora, significando
uma a primeira hora, o emprego do artigo é facultativo:
Era perto da uma hora ou Era perto de uma hora.
A primeira construção parece ser mais dos portugueses; a segunda dos brasileiros.

n) É, na maioria dos casos, de emprego facultativo junto a possessivos
em referência a nome expresso:

Meu livro ou o meu livro

OBSERVAÇÃO: É obrigatório o artigo, quando o possessivo é usado sem substantivo,
em sentido próprio ou translato: Bonita casa era a minha.
Fazer das suas. "Vês, peralta? é assim que um moço deve zelar o nome dos seus?
Pensas que eu e meus avós ganhamos o dinheiro em casa de jogo ou a vadiar pelas
ruas?" (M. DE Assis, Memórias, 57).

Mas sem artigo dizemos várias expressões, como de seu, de seu natural,
linguagens com que traduzimos "os bens próprios de alguém" - a pri-
meira - e "qualidades naturais" - a última:
"Nunca tive de meu outro bem maior que não desejar os alheios" (F. R. LoBO).
"Bernardes era como estas formosas de seu natural que se não cansam com alinda-
mentos, a quem tudo fica bem" (A. F. CASTILHO).

Dispensa ainda artigo o possessivo que entra em expressões com o
valor de alguns :
Os Lusíadas têm suas dificuldades de interpretação.

Finalmente, na expressão de um ato usual, que se pratica com fre-
qüéncia, o possessivo vem normalmente sem artigo:
Às oito toma seu café.
"Rezava suas horas pela manhã cedo, e sempre só, se não era quando nesse dia
havia de pregar, porque então se ajudava de um capelão; às oito dizia sua missa..."
(Fr. L. DE SousA, Arcebispo, 1, 75, ed. 1818).

o) Não se repete o artigo em frases como:
O homem mais virtuoso do lugar.
Estaria errado: O homem o mais virtuoso do lugar.

NoTA - É preciso distinguirmos cuidadosamente este feio erro de uma expressão
tradicional e corretíssinia que consiste em acrescentar, depois do substantivo deter-

249
#





minado por adjetivo, o conjunto o mais, que introduzirá uma explicação, um adendo,
uma restrição. As vezes, exprimem-se tais idéias com ênfase, caso em que costumam
aparecer, antes de o mais, elementos de valor concessivo como ainda, mesmo, até,
posto que.
A má pontuação (deveria haver vírgula antes do conjunto iniciado por o mais)
aproxima os dois tipos de expressão e uma análise menos cuidadosa tem feito que
se evitem construções corretíssimas.
o Prof. MARTINZ DE AGUIAR (Notas de Português, 309-324) estudou com muita
perspicácia os dois modos e assim concluiu a sua lição:
"Para que haja pureza de linguagem, é necessário, é imprescindível, que o subs-
tantivo, sem o acréscimo de o mais, combine com os outros termos da proposição
num sentido cabal, de tal maneira, que possa repetir-se. Sem isso, estamos, iniludi-
velmente, à vista de um estrangeirismo de sintaxe ou de uma construção anti-idiomática,
quer se trate de o - o, quer de um ~ o. Não é, pois, correta, esta construção de
Gonçalves de Magalhães:
Seu rosto de leite e rosas,
De um contorno o mais perfeito.
Rosto de um contorno Perfeito é tudo, rosto de um contorno não é nada" (Ibid., 324).
Assim, estão corretas as seguintes passagens, notando-se, apenas, a ausência de
virgula antes de o mais (exemplos extraídos da série apresentada por AGUIAR):
"A inveja te assaltou, e a quem perdoa
Este monstro o maior do escuro Inferno? (Pe. AGOSTINHO DE MACEDO).
---0método, que as ciências as mais exatas seguem nas suas operações (JERÔNIMO
BARBOSA).
"O a, este som o mais claro de todos" (CAsTiLHo ANTóNIO).

Note-se que nos exemplos apontados poderíamos colocar vírgula, o
não acontece com os que se seguem:
"Tens mil águas cristalinas,
As frutas as mais divinas,
Uma esposa de invejar,
Que mais podes desejar?" (PoRTo-ALEGRE).
"Desde a quadra a mais antiga
De que rezam os pergaminhos" (F. VARFLA).

Os poetas quiseram apenas dizer as frutas mais divinas, a quadra mais
antiga.
O tipo "zero determinação" antes do substantivo seguido de o mais é menos
enfático (homem o mais alto), e se valoriza através de uma inversão (o mais alto
homem)." Cf. AGUIAR, ibid., 319-320.
P)junto às designações de partes do corpo e nomes de parentesco, os
artigos denotam a posse:
Traz a cabeça embranquiçada pelas preocupações.
Tem o rosto sereno, mas as mãos trêmulas.
D. Laura (falando à irmã):
"Pois não 1 quem me podia aconselhar prudência
a não ser a senhora, a filha singular,
que ousa dispor de si dentro do pátrio lar,
sem ouvir pai nem mãe. Cuida que a sua escolha
basta, sem que primeiro a mãe e o pai a acolha?" (CASTILHO, AS Sabichonas, 17).

250
#





q)A palavra todo, no singular, pode vir ou não seguida de artigo, com os
sentidos de inteiro, total e cada, qualquer.
A presença ou ausência do artigo depende de que o substantivo exija
ou repudie a antecipação de o, a, os, as.
Na língua moderna, todo o corre mais no sentido de totalidade,
inteireza, ênfase (aqui principalmente com os termos que denotam senti-
mento: de todo o coração, com todo o gosto, com todo o amor, com todo
o carinho, etc.):
Toda a família estava no recinto (= a família toda, inteira).

Não costuma dispensar artigo, entre bons escritores, o adjetivo subs-
tantivado modificado por todo, ainda sendo este último empregado com
o sentido de qualquer:
Todo o próximo tem direito natural (M. BERNARDES).

Com as designações geográficas o emprego de todo o e todo depende
de o nome exigir a presença do artigo:
Todo o Brasil. Todo Portugal.

Usam-se, modernamente, com o artigo, numerosas expressões em que
entra a palavra todo:
todo o gênero, todo o mundo, a toda a parte, em toda a parte, por toda a parte, a
toda a brida, a todo o galope, a toda a pressa, em todo o caso, a toda a hora,
a todo o instante, a todo o momento, a todo o transe, a todo o custo, etc.

No plural, todos não dispensa artigo (salvo se vier acompanhado de
palavra que exclua este determinante):
Todas as famílias têm bons e maus componentes.
Todas as famílias estavam no recinto.
Todas estas pessoas são nossas conhecidas.

Se exprimimos a totalidade numérica por numeral precedido do ele-
niento reforçativo todos, aparecerá artigo se o substantivo vier expresso:
Todos os dois romances são dignos de leitura.
Todas as seis respostas estavam certas.

Se omitirmos o substantivo, não haverá lugar para o artigo:
Fizeram-me seis perguntas. Respondi, acertadamente, a todas seis.

r) Aparece o artigo nas enumerações onde há contraste ou ênfase
Ficou entre a vida e a morte.
"As virtudes civis e, sobretudo, o amor da pátria tinham nascido para os godos
que, fixando o seu domicílio nas Espanhas, possuíram de pais a filhos o campo
agricultado, o lar doméstico, o templo da oração e o cemitério do repouso e da
saudade" (HERCULANO, Eurico, 1864, pág. 5).
"Notaram todos que a tarde e a noite daquele dia foram as mais tristes horas
de Casimiro na sua prisão de dois meses" (CAMILO, O Bem, 191, ed. Casassanta).

251
#





s)Dispensa-se o artigo nos vocativos, na maioria das exclamações e nas
datas que apomos aos escritos:
"Velhice - Amigo, diz-me um amigo.
Sabe que a boa idade é a última idade" (ALBERTO DE OLIVEMA).
Rio, 10 de maio de 1956.

t)Costuma-se dispensar o artigo depois de cheirar a, saber a (= ter o
gosto de) e expressões sinônimas:
Isto cheira a jasmim. Isto sabe a vinho.

u) Em frases feitas, aparece o artigo definido na sua antiga forma lo, Ia.
!'Tenho ouvido os quinhentistas a Ia moda, e os galiparlas" (CAMILO, Queda dum
Anjo, 61).

Assim encontramos: a Ia fé, a Ia par,,a Ia mar, etc.
Aparece ainda a forma antiga na expressão el-rei, que se deve usar
sem a anteposição de o, apesar de alguns raros exemplos em contrário, em
páginas de autores mais afastados de nós.

Emprego do artigo indefinido. - O artigo indefinido pode assumir
matizes variadíssimos de sentido; registraremos as seguintes considerações:
a) Usa-se o- indefinido para aclarar melhor as características de um subs-
tantivo enunciado anteriormente com artigo definido:
Estampava no rosto o sorriso, um sorriso de criança.

b)Procedente de sua função classificadora, um pode adquirir significação
enfática, chegando até a vir acompanhado de oração com que conse-
cutivo, como se no contexto houvesse um tal:
o instrumento é de uma precisão admirável.
Ele é um herói 1 (compare com: Ele é herói 1)
Falou de uma maneira, que pôs o medo nos corações.

c) Antes de numeral denota aproximação:
Esperou uma meia hora (aproximadamente).
Terá uns vinte anos de idade.

d)Antes de pronome de sentido indefinido (certo, tal, outro, etc.), dis-
pensa-se o artigo indefinido, salvo quando o exigir a ênfase:
Depois de certa hora não o encontramos em casa (e não uma certa hora).
Devia, pois, ser melancólico além do exprimível o que aí se passou nessa grade;
triste, e desgraçado direi, a julgá-lo pelas conseqüência&, que se vão descrever, com
um certo pesar em que esperamos tomem os leitores o seu quinhão de pena, se não
todos, ao menos aqueles que não dão nada pela felicidade da terra, quando ela implica
ofensa ao Senhor do céu" (CAmiLo, Carlota Angela, 223).

252
#





Modernamente, cremos que mais por valorização estilística do inde-
finido que por simples e servil imitação do francês('), um aparece em
casos que se não podem explicar por ênfase. Nestas circunstâncias, tais
casos são censurados pela gramática tradicional.

e) Um ocorre como correlativo de outro em sentido distributivo:

Um irmão ia ao teatro e o outro ao cinema.

O11512VAÇÃO: Calando-se o substanéivo também junto de um, ainda dispensamos
a anteposiçáo do artigo definido, ao contrário do que fazia o português antigo e do
que fazem, por exemplo, o francês e o espanhol:
Um ia ao teatro e o outro ao cinema (o um ... o outro, no português antigo,
Pun ... Pautre, el uno ... el otro).

Note-se a expressão um como, empregada no sentido de "uma coisa
como", "um ser como", "uma espécie de", onde um concorda com o
substantivo seguinte:

Fez um como discurso. Proferiu uma como prática.

A respeito de uma pronunciado úa, veja-se o capítulo de ortoepia.

O artigo partitivo. - A língua portuguesa de outros tempos empre-
gava do, dos, da, das, junto a nomes concretos para indicar que os mesmos
nomes eram apenas considerados nas suas partes ou numa quantidade ou
valor indeterminado, indefinido:

"Comerás do leite, ouvirás dos contos e partirás quando quiseres" (R. LoBo).

É o que a gramática denomina artigo Partitivo. Modernamente, o
partitivo não ocorre com a freqüência de outrora e, pode-se dizer, quase
se acha banido do uso geral, salvo pouquissimas expressões em que ele se
manteve, mormente nas idéias de comer e beber.

2 - EMPREGO DO PRONOME

Pronome pessoal

Em geral, o português omite o pronome sujeito quando constituído
por eu, tu, nós e vós :
"Não me lembra o que lhe disse" (M. DE Assis, Brds Cubas, 65).

(1) Tem-se desprezado, nestes casos, a influência do inglês em nosso idioma.

253
#





O aparecimento do pronome sujeito de regra se dá quando há ênfase
ou oposição de pessoas gramaticais:

"Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo
ao que eu faço e mando..." (Id., Várias Histórias, 230).
"Há entre nós um abismo: tu o abriste; eu precipitei-me nele" (A. HERCULANO,
Eurico, 295).

Estando perfeitamente conhecido pela situação lingüística, pode-se
calar o pronome complemento do verbo; esta linguagem é correta, apesar
da censura que lhe faziam os gramáticos de outrora. Muitas vezes deve-se
o fenômeno ao que o estilista alemão Leo Spitzer chamou "linguagem-eco",
constituída de uma repetição de uma parte da oração, destinada a reforçar
a própria declaração, como no seguinte trecho de A. Herculano:

"Disse já que tinha de fazer uma explicação ao leitor. Tenho; e é indispensável"
(Lendas e Narrativas, 11, 261),

Em casos de ênfase costuma-se repetir:

a)o pronome átono pela sua respectiva forma tônica, precedida de
preposição:

"Mas qual será a tua sorte quando na hora fatal os algozes, buscando a sua
vitima, só te encontrarem a ti?" (A. H~LANo, O Bobo, 277).

b)o complemento expresso por um nome pelq pronome átono con-
veniente ou vice-versa (neste último caso, a expressão funciona
como aposto):

"Ao avarento não lhe peço nada... Ao ingrato, ou o não sirvo, porque (= para
que) me não magoe" (R. LOBO, O Pastor Peregrino, 26).
"Ainda hoje estão em pé, mas ninguém as habita, essas choupanas execrandas..."
(CAMiLo, A Morgada de Romariz, 43).

Usa-se o pronome o (os) em referência a nomes de géneros diferentes:

. "A generosidade, o esforço e o amor, ensinaste-os tu em toda a sua sublimidade"
(A. HERCULANO, Eurico, 35).

Ele como objeto direto. - O pronome ele, no português moderno,
só aparece como objeto direto quando precedido de todo ou só (adjetivo)
ou se dotado de acentuação enfática, em prosa ou verso:

"No latim eram quatro os nomes demonstrativos. Todos eles conserva o portugués"
(PACHECO e LAMEIRA, Gramática Portuguesa, 2.a ed., 398, apud S. DA SILVFIRA, Revista
de Cultura, Notas Soltas de Linguagem, no 31); "Subiu 1 - e viu com seus olhos ~
Ela a rir-se que dançava..." (G. DIAs apud S. SiLvEtRA, ibid.); "Olha ele I" (E. DF,
QUEIR6S, ibid.).

Funções e empregos do pronome se, - O pronome se exerce três
funções sintáticas:
#





1) sujeito de infinitivo (com auxiliares causativos, mormente deixar):

Deixou-se ficar à janela.

2) objeto direto (com verbo transitivo direto na voz reflexiva):

Ele se feriu.
Eles se cumprimentam.

3)objeto indireto (com verbo transitivo indireto na voz reflexiva, ou com
verbo acompanhado de dois complementos):

Elas se correspondem freqüentemente.
Ele se arroga esta liberdade.

A construção reflexiva teve um destino importante em nossa língua;
a evolução do reflexivo --> passivo --> indeterminador foi traçada pelo
filólogo patrício Martinz de Aguiar:

"1.0 (CASO) Pronome reflexivo. - A função inicial e própria do
pronome se é, como em latim, a de reflexivo, isto é: faz refletir sobre o
sujeito a ação que ele mesmo praticou. Ex.: O homem cortou-se. Indica
pois, ao mesmo tempo, atividade e passividade. O homem cortou, mas foi
cortado, pois a si próprio é que cortou. Se penetrarmos bem na inteli-
gência das diversas frases reflexivas, veremos que a passividade chama mais
a nossa atenção, impressiona mais a nossa sensibilidade do que a atividade.
Quando temos notícia de que alguém se suicidou, o primeiro quadro que
se nos apresenta ao espírito é o do indivíduo pálido, inerte, sem vida.
Daí poder o pronome se vir a funcionar como:

2.0 (CASO) Pronome apassivador. - É o segundo estádio de evolução.
Sendo reflexivo, o pronome indica, como vimos, atividade e passividade,
e esta nos impressiona mais do que aquela, pelo que pode chegar a ser
índice de passividade. Ex.: Vendem-se casas. Fritam-se ovos.

3.0 (CASO) Pronome indeterminador do agente. - Como no segundo
caso o agente nunca foi expresso na linguagem comum, tendo-se tornado
obsoleto o seu emprego até na linguagem literária, o pronome se acabou
por assumir a função de indeterminador do agente. Ex.: Estuda-se.
Dança-se.

4.o (CASO) Pronome indeterminador do sujeito de verbos intransitivos.
Como, no terceiro caso, não se dá objeto aos verbos, apesar de transi-
tivos, e como o agente oculto, se presente, seria o sujeito, o pronome se
pode vir a indeterminar o sujeito de verbos intransitivos. Ex.: Dorme-se.
Acorda-se.
OBsERvAçÃo: O 3.0 e 4.0 casos são idênticos na prática; mas, no terreno científico,
é imprescindível separá-los, pois servem para demonstrar, à luz da lingüística psico-

255
#





lógica, a contagião sucessiva de funções do pronome. Os mesmos casos matam de
vez a questão chinesa de saber se o pronome se pode ou não ser sujeito. Não o é
nunca, não pelas razões dadas nas gramáticas, mas porque assim o demonstra o estudo
da sua evolução.

5.0 (cAso) Pronome indeterminador do sujeito de qualquer verbo.
- Como no caso anterior o pronome se indetermina o sujeito dos verbos
intransitivos, pode, por extensão, indeterminar o sujeito de qualquer verbo,
transitivo, intransitivo ou atributivo (isto é, de ligação). Ex.: Está-se bem
aqui. Quando se é bom. Vende-se casas. Frita-se ovos. "A Bernardes
admira-se e ama-se".

OBSIERVAÇõES FINAIS, Vende-se casas e frita-se ovos são frases de emprego ainda
antiliterário, apesar da já multiplicidade de exemplos. A genuína linguagem literária
requere vendem-se, fritam-se. Mas ambas as sintaxes são corretas, e a primeira não
é absolutamente, como fica demonstrado, modificação da segunda. São apenas dois
estádios diferentes de evolução. Fica também provado o falso testemunho que levan-
taram à sintaxe francesa, que em verdade nenhuma influéncia neste particular exerceu
em nós. . . " (1).

Pode ainda o pronome se juntar-se a verbos que indicam:

1)sentimento: indignar-se, ufanar-se, atrever-se, admirar-se, lembrar-se,
esquecer-se, orgulhar-se, arrepender-se, queixar-se.
2) movimento ou atitudes da pessoa em relação ao seu próprio corpo:
ir-se, partir-se, sentar-se, sorrir-se.

No primeiro caso, não se percebendo mais o sentido reflexivo da
construção, considera-se o se como parte integrande do verbo, sem classi-
ficação especial.
No segundo, costumam os autores chamar ao se pronome de realce ou
expletivo.

Combinação de pronomes átonos. - Ocorrem em português as se-
guintes combinações de pronomes átonos, notando-se que o que funciona
como objeto direto vem em segundo lugar:

mo = me + o; ma = me + a; mos = me + os; mas = me + as; to = te + o;
ta= te+a; tos=te+os; tas=te+as; lho=lhe+o; lha = lhe+ a;
lhos = lhe + os; lhas = lhe + as; no-lo = nos + o; no-la = nos + a; no-los =
nos + os; no-las = nos + as;,vo-lo = vos + o; vo-la = vos + a; vo-los = vos
+ os; vo-las = vos + as; lho = lhes + o; lha = lhes + a, lhos = lhes + os;
lhas = lhes + as.

se me -Se-me
se te -Se-te
se lhe -se-lhe

se nos -se-nos
se vos -Se-vos
se lhes -se-lhes

(1) Notas o Estudos de Português, 181-183. Na transcrição, adaptei a grafia do autor
ao sistema oficial vigente,

256
#





'Se dizeis isso pela que me destes, tirai-ma: que não vo-la pedi eu" (A. HERCULANO,
Lendas e Narrativas, 1, 267).
"E como, a pouco e pouco, se foram exaurindo os cascalhos e afundando os
veleiros, o banditismo franco impôs-se-lhes como derivativo à vida desmandada" (E.
DA CUNHA, Os Sert6es, 218).

OBMVAÇõES:

1.a) A rigor, na combinação só entra a forma lhe, que, na língua antiga, servia
tanto ao singular como ao plural.

2.a) Nas demais combinações, o português moderno prefere substituir o pronome
átono objetivo indireto pela forma t6nica equivalente, precedida da preposição a.
Enquanto dizemos hoje a mim te mostras ou te mostras a mim, a língua de outros
tempos consentia em tais dizeres:
"Porque assi te me mostras odiosa?" (J. CoRTE-REAL, Naufrdgio de Sepúlveda,
apud S. SILVEIRA, Lições de Portugués, õ 271).

3.a) A língua padrão rejeita a combinação se o (e flexões) apesar de uns poucos
exemplos na pena de literatos:
"Parece um rio quando se o vê escorrer mansamente por entre as terras pró-
XiMaS..." (LIMA BARRETO, Vida e Morte de Gonzaga de Sã, 49, apud S. SILVEIRA,
Revista de Cultura, n.O 198, pág- 268).

Foge-se ao erro de duas maneiras principais:
a) cala-se o pronome objetivo direto: Ndo se quer.
b) substitui-se o pronome o (e flexôes) pelo sujeito ele (e flexões):
Não se quer ele.

Apesar disto, ocorre em bons escritores construção em que se junta o pronome
o (e diretos) a verbo na voz reflexiva:

"Temo que se me argua de comparações extraordinárias, mas o abismo de
Pascal é o que mais prontamente vem ao bico da pena" (M. DE Assis, Histórias
sem Data, 29, apud S. SiLvEiRA, ibid.).
"Não se dá baixa ao soldado quando já não pode com a milícia? Não se lha
dá até em tempo de guerra?" (CASTILHO, Felicidade pela Agricultura, lI, 106
apud S. SILVEIRA, ibid.).

4.EL) A língua padrão admite pode-se compô.lo ou pode-se compor, quando não
há locução verbal:

Pode-se de algum modo ligá-lo a Schopenhauer.'.. (JOÃo RIBEIRO, Fabordão,
19). JúLIO ~EIRA (Estudo da Lingua Portuguésa, 11, 30-31) diz que em Portugal
é menos comum do que no Brasil a primeira construção.

Função do pronome átono em Dou-me ao trabalho. - Em geral, o
pronome átono da forma verbal reflexiva portuguesa funciona como objeto
direto: dou-me (obj. direto) ao trabalho (obj. indireto) de fazer.
Em francês e espanh , ol, esse pronome aparece como objeto indireto:
je me donne Ia peine de le faire; me doy el trabaio de hacerlo.

257
#





Pronome possessivo

Seu e dele para evitar confusão. - Em algumas ocasiões, o possessivo
seu pode dar lugar a dúvida a respeito do possuidor. Remedeia-se o mal
com a substituição de seu, sua, seus, suas, pelas formas dele, dela, deles,
delas, de você, do senhor, etc., conforme convier.

Em

José, Pedro levou o seu chapéu,

o vocábulo seu não esclarece quem realmente possui o chapéu, se Pedro ou
José.
É verdade que a disposição dos termos nos leva a considerar José o
dono do chapéu; mas a referência a Pedro também é possível. Assim
sendo, serve-se o falante do substituto dele, se o possessivo pertence a
Pedro:

José, Pedro levou o chapéu dele.
"Com efeito, Margarida gostava imenso da presença do rapaz, mas não parecia
dar-lhe uma importAncia que lisonjeasse o coração dele". (M. M Assis, Contos Flu-
minenses, 24).

Se o autor usasse o possessivo seu, o coração poderia ser tanto de
Margarida quanto do rapaz.
Pode-se, para maior força de expressão, juntar dele a seu
José, Pedro levou o seu chapéu dele,
"Se Adelaide o amava como e quanto Calisto já podia duvidar, sua honra dele
era por peito à defesa da opressa..." (CAMILO, Queda dum Anjo, 109).

Menos usual, porém correta, é a união dos dois possessivos como no
seguinte exemplo da citada obra de Camilo:
"É certo, Sr. Presidente, que a feinina toca o requinte da depravaçao, e chega a
efeituar horrores cuja narração é de si para gelar ardências do sangue, para infundir
pavor em peitos equdnimos; porém, o móbil dos crimes seus dela é outro" (o que vern
sublinhado é transcrição de CAmiw, ibid., 86).

Os pronomes pessoais átonos ine, te, se, nos, vos, lhe, lhes, podem seu
usados com sentido possessivo:
Tomou-me o chapéu = Tomou o meu chapéu.

Ainda neste caso, é possível ocorrer a repetição enfática lhe .. . dele :
"D. Adelaide ficou embaçada. Seria agravar as meninas de dezoito anos, e edu.
cadu como a filha do desembargador, e amantes como elas de um comprometido
esposo, estar eu aqui a definir a entranhada zanga que lhe fez no espírito dela o
desprop69ito de Calisto" (CAmiLo, Queda dum Anjo, 104).

Foge-se ainda à confusão empregando-se o adjetivo próprio :
"Andrade contentou-se com o seu próprio sufrágio" (M. DE Assis, C. Fluni. 19).

258
#





r

Posição do pronome possessivo. - De modo geral, o possessivo vem
anteposto ao nome a que se refere:
o meu livro. Tuas preocupações. Nossos deveres.

A posposição ocorre no estilo solene, em prosa ou verso, e, em nome
de pessoas ou de graus de parentesco, pode denotar carinho:

Deus meu, ajudai-mel
"Esta é a ditosa pátria minha amada" (CAMõEs, Lus.).
"Formosa filha minha, não temais" (ID., ibid.).

A ênfase permite também a posposição, principalmente se o substan-
tivo vem desacompanhado do artigo definido:

Conselho meu, ela não tem. Filho meu não faria tal.

Em certas situações, há notável diferença de sentido com a posposição
do possessivo (1).

Minhas saudades são saudades que sinto de alguém. Saudades minhas são saudades
que alguém sente de mim.
"Parece que Miss Dólar ficou com boas recordações suas, disse D. Antônia" (M.
DF. Assis, C. Flum., 2, 17).
Notamos o mesmo em suas cartas e cartas suas.
Recebi suas cartas (isto é, cartas que me mandaram ou que pertencem à pessoa
a quem me dirijo).
Recebi cartas suas (i. é., enviadas a mim pela pessoa).

Invariavelmente, usamos de notícias suas, como no seguinte exemplo:
"Peço-lhe que me mande notícias suas" (E. DA CUNHA).

Fora destas construções, a língua moderna evita tal emprego objetivo:

"Mova-te a piedade sua e minha" (CAm., Lus., 111, 127). Entenda-se: a piedade
delas (das criancinhas) e de mim.

Possessivo para indicar idéia de aproximação. - junto a números
o possessivo pode denotar uma quantidade aproximada:

Nessa época, tinha meus quinze anos (aproximadamente).
Era já homem de seus quarenta anos.

OBSERVAÇÃO: Valorizamos também uma noção quantitativa por meio do adje-
tiNo bom:
"O maior Vilela observava um rigoroso regímen que lhe ia entretendo a vida.
Tinha uns bons sessenta anos" (M. DE Assis, C. Flum., 2.a ed., 53).

(1) Diz-se que o Possessivo tem sentido objetivo quando designa o ser que é alvo de uma
ação ou sentimento qualquer. Fora deste caso, tem sentido subjetivo. É muitas vezes difícil
distinguirmos os dois casos.

259
#





Valores afetivos do ossessivo - O possessivo como temos visto nã
se limita a exprimir apenas a idéia de posse. Adquire variados matizes d(

Assim, o possessivo pode apenas indicar a cousa que nos interessa, po
nos estarmos referindo, como ele, a causa que nos diz respeito, ou por qu(

O nosso herói (falando-se de um personagem de histórias) não soube que fazer.
Trabalho todo dia minhas oito horas (cf. JoÃo RiBEmo, Aut. Contemporâneos, pág. 206).

Além de exprimir a nossa simpatia, serve também o possessivo par

traduzir nosso afeto, cortesia, deferência, submissão, ou ironia:
Meu prezado amigo. Minha senhora, esta, é a mercadoria que lhe serv
Meus senhores e minhas senhorasl Meu Dresidente, todos o esDeram.

Meu coronel, os soldados estão prontos 1 Meu tolo, não vês que estou brincando?

"Qual cansadas, seu Antoninho 1" (LIMA BARRETO)
"Ande, seu diplomático, continue" (M. Dz Assis).

seu não é, como parece a alguns estudiosos, a forma possessiva de 3.11
pessoa do singular. Trata-se aqui de uma redução familiar do tratamento

Difere a forma seu~ (admite ainda as variantes seo, só) do termo

nobre, senhor, por traduzir nossa familiaridade ou depreciação.

Ocorrendo isoladamente, prevalece a forma plena senhor, conforme

"Depressa, depressa, que a filha do Lemos vai cantar; e depois é o senhor. Está

Um fingido respeito ou cortesia - bem entendido aliás pelos presentes

Pela forma abreviada seu modelou-se o feminino su

"E ri-se você, sua atrevida?f - exclamou o moleiro, voltando-se para Perpétua

Emprego do pessoal pelo possessivo. - Embora de pouca freqüência,
pode aparecer o possessivo por uma forma de pronome pessoal precedido
da preposição de. Neste caso está a expressão ao pé de + pronome

"Vós os que não credes em bruxas, nem em almas penadas, nem nas tropelias
de Satanás, assentai-vos aqui ao lar bem juntos ao pé de mim, e contax-vos-ei a
11

história de D. Diogo Lopes, senhor de Biscaia (HERc., Lendas, 11, 7).

"Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a
modista ao pé de si, para não andar atrás dela" (M. DE Assis, Várias Histórias, 31).
#





Possessivo expresso por uma locução. - Expressa-se o possessivo ainda
por meio de uma perífrase em que entra o verbo ter, haver ou sinônimo:

"De um Rei que temos, alto e sublimado" (CAM., Lus., 11, 80). Isto é: de um
Rei nosso.

O possessivo em referência a um possuidor de sentido indefinido.
- Se o possessivo faz referência a pessoa de sentido indefinido expresso ou
sugerido pelo sentido da frase, emprega-se o pronome de 3.a pessoa:

"É verdade que a gente, às vezes, tem cá as suas birras - disse ele, com certo ar
que queria ser no e saía parvo" (HERC., Len as, 11, 158).

Se o falante se inclui no termo ou expressão indefinida, usar-se o
possessivo de 1.a pessoa do plural:
A gente compreende como estas cousas acontecem em nossas vidas (Cf. CAMILO,
Queda).

Repetição do possessivo. - Numa série de substantivos, pode-se usar
o possçssivo (como qualquer outro determinante do nome) apenas junto
ao primeiro nome, se não for nosso propósito enfatizar cada elemento da
série:

"A prova da sua perspicácia e diligência estava em ter já no caminho da forca
os desgraçados cuja sentença vinha trazer à confirmação real" (HERc., Lendas, 1, 187).

Note-se a ênfase e a oposição entre os possuidores (eu e tu):

"O teu amor era como o íris do céu: era a minha paz, a minha alegria, a minha
esperança (ID., ibid., 190).

Se o termo vem acompanhado de modificador, não se costuma omitir
o possessivo da série:

"Foi a tua dignidade real, a tua justiça, o teu nome que eu quis salvar da tua
própria brandura" (ID., ibid., 191).

Omite-se o possessivo na série sem ênfase ainda que os substantivos
sejam de gênero ou número (ou ambas as coisas) diferente:
... entendera (Calisto Elói) que a prudência o mandava viver em Lisboa
consoante os costumes de Lisboa, e na província, segundo o seu gênio e hábitos
aldeãos" (CAmiLo, Queda dum Anjo, 107).

Se. se trata de substantivo sinônimo, dispensa-se a repetição do
possessivo:
Teu filho, de quinze anos apenas, é teu orgulho e ufania.

Se os substantivos forem de significação oposta, o possessivo em regra
não é dispensado:
Teu perdão e teu ódio não conhecem o equilíbrio necessário à vida,

261
#





Substituição do possessivo pelo artigo definido. - Sem ser norma
de rigor absoluto, pode-se substituir o possessivo pelo artigo definido,
quando a idéia de posse se patenteia pelo sentido total da oração. Este
fato ocorre principalmente junto dos nomes de partes do corpo, das peças
do vestuário, faculdades do espírito e certas frases-feitas:

"D. Fernando afastou-a suavemente de si: ela alevantou o rosto celeste orvalhado
de pranto... D. Leonor ergueu as mílos suplicantes, com um gesto de profunda an-
gústia" (HERc., Lendas, 1, 190).
aqui parou (Calisto Elói), e cruzando os braços, se esteve largo espaço
quedo, e fito nas janelas" (CAMILO, Queda dum Anjo, 110).
"E o vento assobiava no vigamento da casa, e nas orelhas de Calisto, o qual,
levado do instinto da conservação, levantou a gola do capote à altura das bossas
parietais..." (ID., ibid.).
Ele perdeu o juizo. Tem a vida por um fio. Recuperou a memória.

OBSERVAÇÃO: Dispensa-se o artigo definido nas expressões Nosso Senhor, Nossa
Senhora, assim como nas fórmulas de tratamento onde entra um possessivo, do tipo:
vossa excelência reverendissima, sua majestade, etc.

O possessivo e as expressões de tratamento do tipo Vossa Excelência.
- Empregando-se as expressões de tratamento do tipo de vossa excelência,
vossa reverendíssima, vossa majestade, vossa senhoria, onde aparece a
forma possessiva de 2.a pessoa do plural, a referência ao possuidor se
faz hoje em dia com os termos seu, sua, isto é, com possessivo de 3.a
pessoa do singular:

Vossa Excelência conseguiu realizar todos os seus propósitos (e não: todos
vossos propósitos).

Tais tipos de títulos honoríficos começaram a aparecer no português
entre os séculos xiv e xv e aí havia realmente uma possibilidade de alter-
nància de seu, sua, vosso, vossa. A luta durou até aproximadamente o
séc. xvii, quando as formas de 3.a pessoa saíram vitoriosas. Assim sendo,
modernamente só deve aparecer o possessivo conforme o exemplo dado.
Raras exceções em escritores do séc. xviii para cá são devidas a imitações
literárias, justamente repudiadas.como arcaicas, ou então porque o autor,
em romance ou novela histórica, para não cair em anacronismo, faz seus
personagens falar a linguagem da época.
Entre os escritores a cuja autoridade se abrigam os defensores do
arcaísmo aqui citado, se acha Alexandre Herculano. Ávido leitor e cons-
tante hóspede dos monumentos históricos, o autor da História de Portugal,
tratando do período de D. João 1 (1385-1433), no Monge de Cister (pro-
nuncie-se este último nome como oxítono), teve oportunidade de mostrar
o quanto sabia da, evolução de sua língua, conhecimento que o faz o
melhor prosador ou um dos melhores que as letras portuguesas tiveram.
Assim, pensamos que tal situação especialíssima do probo e perspicaz
historiador não abre a porta para a prática da velha construção.

262

I
#





Pronome demonstrativo

A posição índicada pelo demonstrativo pode referir-se ao espaço, ao
tempo (demonstrativos dêicticos espaciais e temporais)(') ou ao discurso
(demonstrativo anafórico).

Demonstrativos referidos à noção de espaço. - Este (e flexões)
aplica-se aos seres que pertencem ou estão perto da 1.a pessoa, isto é,
daquela que fala:
Este livro é o livro que possuo ou tenho entre mãos.
Esta casa é a casa onde me encontro.

Esse (e flexões) aplica-se aos seres que pertencem ou estão perto da
2.a pessoa, isto é, daquela com quem se fala:
Esse livro é o livro que nono interlocutor traz.
Essa casa é a cata onde se encontra a pessoa a quem me dirijo.

Na correspondência, este se refere ao lugar donde se escreve, e esse
denota o lugar para onde a carta se destina. A referência à missiva que
escrevemos se faz com este, esta :

"Manaus, 13-1-1905
Meu bom amigo Dr. José Veríssimo, - escrevo-lhe dissentindo abertamente de
sua opinião sobre este singularíssimo clima da Arnazônia..." (E. DA CUNHA).
Escrevo-te estas linhas para dar-te notícia desta nossa cidade e pedir-te as novas
dessa região aonde foste descansar.

Quando se quer apenas indicar que o objeto se acha afastado da
pessoa que fala, sem nenhuma referência à 2.a pessoa, usa-se de esse
"Quero ver esse céu da minha terra
Tão lindo e tão azul V' (C. Dz ABazu),

Na linguagem animada, o interesse do falante pode favorecer uma
aproximação figurada, imaginária, de pessoa ou cousa que realmente
se acham afastadas dos que falam. Esta situação exige este:
"Dói-me a certeza de que estou morrendo desde o primeiro dia da tua união
com este homem... a certeza de que o hás de amar sempre, ainda que ele te des-
preze como já te desprezou" (CAMILO, Queda dum Anjo, 152).

Tal circunstància deve ter contribuído para Q emprego de este como
indicador de personagens que o escritor traz à baila.
"Este Lopo, bacharel em direito, homem de trinta e tantos anos, e sagaz até a
protérvia, vivia na companhia do irmão morgado..." (ID., ibid., 149).

1
(1) Sabemos que o termo ddictico não representa a boa forma portuguesa de adaptação
do vocábulo grego, conforme nos mostrou o Prof. CANDIDO JUCÁ (filho), In Categoria, 35 e os.
Adotamo-lo por ser empréstimo científico disseminado.

263
#





19 r

Por outro lado, cabe a esse a missão de afastar de nós pessoa ou coisa
que na realidade se acham ou se poderiam achar próximas:
"Vês África, dos bens do mundo avara,

Olha essa terra toda, que se habita
Dessa gente sem lei, quase infinita" (C~Es, Lus. X, 92 apud SAm ALI).

Estas expressões não se separam por linhas rigorosas de demarcação;
por isso exemplos há de bons escritores que contrariam os princípios aqui
examinados e não faltam mesmo certas orientações momentâneas do es-
critor que fogem às perscrutações do gramático.

Demonstrativos referidos à noção de tempo. - Na designação de
tempo, o demonstrativo que denota um período mais ou menos extenso,
no qual se inclui o momento em que se fala, é este (e flexões):
Neste dia no dia de hoje) celebramos a nossa independência.
Este mês no mês corrente) não houve novidades.
Aplicado a tempo já passado, o demonstrativo usual é esse (e flexões):
Nessa época atravessávamos uma fase difícil.

Se o tempo passado ou vindouro está relativamente próximo do mo-
mento em que se fala, pode-se fazer uso de este, em algumas expressões:

Esta noite (= a noite passada) tive um sonho belíssimo.

Porém, com a mesma linguagem esta noite poderíamos indicar a noite
vindoura. Outro exemplo:

"Meu caro Barbosa:
Deves ter admirado o meu silêncio destes quinze dias, silêncio para ti, e silêncio
para o jornal" (CAmiLo, Cem Cartas, 56).

A indicação temporal de este e esse dispensa outra expressão adverbial,
se circunstância de tempo não se apresenta ao falante como elemento
principal do conjunto:

"Para o jogo bastava esse movimento de pelo" (M. LoBATo). Esse movimento
vale por: o movimento que se fez naquele momento.

Demonstrativos referidos a nossas próprias palavras. - No discurso,
quando o falante deseja fazer menção ao que ele acabou de narrar ou ao
que vai narrar, emprega este (e flexões):
"Entrou Calisto na sala um pouco mais tarde que o costume, porque fora vestir-se
de calça mais cordata em cor e feitio. Não me acoimem de arquivista de insignifi-
câncias. Este pormenor (isto é: o pormenor a que fiz referência) das calças prende
mui intimamente com o cataclismo que passa no coração de Barbuda" (CAMILO,
Queda dum Anjo, 93).

264
#





"Se não existisse Ifigénia... acudiu Calisto. já este nome (i. é: o nome que
proferi) me soava docemente quando na minha mocidade, pela angústia da filha de
Agamenáo, cujo sacrifício o oráculo de Áulida demandava.

- Ali, também eu reconheço essas angústias (i. é: aquelas a que se refere) da
tragédia de Racine" (ID., ibid, 135).
"... não há linguagem que não soe divinamente falada por minha prima.
Essas lisonjas - volveu ela sorrindo - aprendeu-as no seus livros velhos, primo
Calisto?" (ID., ibid., 136).

Por este último exemplo, podemos verificar que se a referência é feita
às palavras da pessoa com quem se fala, o demonstrativo empregado é
esse (e flexões). No trecho, essas lisonjas são as que faz Calisto à sua
prima.

Há situações embaraçosas para o emprego do demonstrativo anafórico,
isto é, aquele que se refere a palavras ditas ou que se vão dizer dentro do
próprio discurso. Ocorre o caso, por exemplo, nas referências a enun-
ciados anteriores que envolvem afastamento da 1.a. pessoa ou ao tempo
em que se fala. Nestes casos, geralmente, prevalece a preferência para
nossas próprias palavras, aparecendo, assim, o anafórico este (e flexões) em
lugar do dêictico esse (e flexões):

- "Então que te disse ele ?...
- Que tinhas lá outra... e que te viu passear com ela.
- Viu-me a passear com nossa parenta, viúva de um general. Quem disse ao
javardo que esta (a que me refiro) senhora era minha amante" (CAmiLo, ibid., 157).

Expresso um nome a que, na construção do discurso, se quer ajuntar
uma explicação, comparação, ou se lhe quer apontar característica saliente,
costuma-se repetir este nome (ou o que lhe serve de explicação, compa-
ração, ou característica) acompanhado do demonstrativo esse (e flexões):

"O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que
pisamos o território da morte" (M. DE Assis, Brás Cubas, 81 apud SousA DA SILVEIRA).
"Creio que por então é que começou a desabotoar em mim a hipocondria, essa
flor amarela, solitária, de um cheiro inebriante e sutIP (ID., ibid., 83 apud S. DA
SILVEiRA, Lições, 307).

Reforços de demonstrativos. - A necessidade de avivar a situação
dos objetivos e pessoas de que fala, leva o falante a reforçar os demons-
trativos com os advérbios aqui, aí, ali, acolá : este aqui, esse aí, aquele ali
ou acolá.

Em tais situações, aqui, aí, ali, acolá etc., perdem seu valor restrito de
advérbio e passam a funcionar como elementos reforçadores intimamente
relacionados com a natureza dos pronomes, pois fazem notável referência
às pessoas gramaticais:
Eu cá tenho minhas dúvidas. Ele ld diz o que pensa.

265
#





Também desempenham o papel de reforço enfático mesmo e próprio,
presos a substantivos ou pronomes, com o valor de em pessoa (em sentido
próprio ou figurado):
Eu Próprio assisti à desagradável cena. Ela mesma foi verificar o fato.

Neste sentido de identidade, mesmo e próprio entram no rol dos
demonstrativos.
No seguinte trecho de M. de Assis aparece muito:
"Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu" (Vdrias Histórias, 230).

Outros demonstrativos e seus empregos. - já vimos que mesmo e
próprio denotando identidade e com o valor de em pessoa são classificados
como demonstrativos:
"Tal faço eu, à medida que me vai lembrando e convindo à construção ou
reconstruçAo de mim mesmo" (M. DE Assis, D. Casmurro, 203).
"De resto, naquele mesmo tempo senti tal ou qual necessidade de contar a alguém
o que se passava entre mim e Capitu" (ID., ibid., 225).
"Veja os algarismos: não há dois que façam o mesmo offcio" (ID., ibid., 267).

Pode ainda o demonstrativo mesmo assumir o valor de próprio, até:
"Estes e outros semelhantes preceitos não há dúvida que não são pesados e
dificultosos; e por tais os estimou o mesmo Senhor, quando lhes chamou Cruz nossa"
(VIEIRA, Sermões, XI, 150).
"Os mesmos animais de carga, se lhe deitam toda a uma parte, caem com ela"
(ViEmA apud. EPIPANIO, Sintaxe, õ 86-a).

Mesmo, semelhante e tal têm valor de demonstrativo anafórico, isto
é, fazem referência a pensamentos expressos anteriormente:
"Depois, como Pádua falasse ao sacristão, baixinho, aproximou-se deles; eu fiz
a mesma cousa" (M. DE Assis, D. Casmurro, 87).
"Não paguei uns nem outros, mas saindo de almas cárididas e verdadeiras tais
promessas são como a moeda fiduciária, - ainda que o devedor as não pague, valem
a soma que dizem" (ID., ibid, 202 - F. TÁvoRA, O Cabeleira, 56).
Falaste em dois bons estudantes, mas não encontrei semelhantes prendas na
sala de aula.

Tal (sozinho ou repetido) e outro são demonstrativos de sentido inde-
finido. O primeiro aparece junto à designação de um dia, lugar ou cir-
cunstãncias reais, que não queremos ou não podemos precisar:
"Ele combinou com o assassino assaltarem a casa em tal dia, a tal hora, por
tais e tais meios" U. OITICICA, Manual de Andlise, 40).

Outro se emprega com o valor de um segundo, mais um (no sentido
de diferente.. como mesmo no de igual, é adjetivo):
Ele me tratou mal e eu fiz outro tanto (tanto, veremos mais tarde, é pronome
indefinido).

266

F,
#





Tais acepções imprecisas levam alguns estudiosos a classificarem tal
e outro como indefinidos.
Como elemento reforçador dos que foram tratados anteriormente,
aparece mesmo junto aos advérbios pronominais: agora mesmo, ai mesmo,
aqui mesmo, já mesmo, etc.

OBSERVAÇÃO: Sobre o emprego tido como erróneo de mesmo como advérbio,
veja-se, mais adUm pode ter, em certas expressões, o valor de mesmo:
"Oh cousa para espantar
Que ambos a ferida tem
Dum tamanho, em um lugar"
(isto é: do mesmo tamanho e no mesmo lugar) (CAM6ES, apud J. Mo¥tEiRA).
Honra e proveito não cabem num saco.

No estilo familiar e animado, emprega-se o demonstrativo com o valor
de artigo definido:

Esse João é das arábias 1 Aquela Maria tem cada idéia 1 (Brds Cubas, 36).

Posição dos demonstrativos. - Em situações normais, onde não impere
a ênfase, o demonstrativo vem anteposto ao nome. Em caso contrário,
pode o adjetivo vir posposto, principalmente se o demonstrativo se referir
ao pensamento já expresso.
"Logo depois, senti-me transformado na Summa Theologica de S. Tomás, impressa
num volume, e encadernada em marroquim, com fechos de prata e estampas; idéia
esta que me deu ao corpo a mais completa imobilidade_" (M. DE Assis apud S.
SILVEIRA, Liç6es, 306).
"... Os seus olhos serenos, como o céu, que imitavam na cor, tomaram a terrível
expressáo que ele costumava dar-lhes no revolver dos combates, olhar esse que, só
por si, fazia recuar os inimigos" (HERCULANo, apud. S. SILVEIRA).

Nas orações exclamativas ocorre também a posposição: que dia este!

Mesmo pode corresponder a dois vocábulos. latinos: idem e ipse. No
primeiro caso, denota identidade e reclama a presença do artigo ou de
outro demonstrativo:

Disse as mesmas coisas. Referiu-se ao mesmo casal. Falou a este mesmo homem.

Idêntico a ipse, emprega-se junto a substantivo ou pronome e equi-
vale a próprio, em pessoa (em sentido pr6prio ou figurado)('):
Ela mesma se condenou.

,speito do ipio latino faz Blatt um comentário que se pode aplicar ao nosso
(1) A re
mesmo: "Pour des raleons historiquem, on a Pliabitude de ranger ipie parmi les pronome
démonstratite, biem que, si Von tient au mens, on puisse pluc légitfmement le qualifier Wintensif"
(Prdcis de Syntaxe Latine, S 186).

267
#





Em ambos os sentidos, mesmo pode aparecer antes ou depois do subs-
tantivo. Nota-se apenas, na língua moderna, certa preferência para a ante-
posição, quando o demonstrativo assume o valor de idem, isto é, indica
identidade.

Pronome indefinido

Nem sempre se pode estabelecer claramente a diferença entre simples
indefinidos, tratados neste lugar, dos quantitativos indefinidos; isto porque
certos indefinidos aparecem aplicados à quantidade.

Empregos e particularidades dos principais indefinidos. - O inde-
finido pode estender a sua significação a todos os indivíduos de uma classe:

Todos os homens são bons. Cada livro deve estar no lugar próprio. Qualquer
falta merece ser punida.
Livro algum será retirado sem autorização. Nenhum erro foi cometido.

A significação do indefinido se pode estender apenas a um ou a alguns
indivíduos de uma classe:

Certas folhas ficaram em branco. Daí surgirão outros enganos.

Sobre os principais pronomes indefinidos acrescentaremos:

a) A Igum

Anteposto ao substantivo, tem valor positivo: Recebeu algum recado
importante.
Posposto ao nome, assume significação negativa, podendo ser substi-
tuído pelo indefinido negativo nenhum. Ocorre com maior freqüência
este emprego em frases onde já existem expressões negativas (não, nada,
sem, nem) :

Não vimos sinal algum de perigo.
"Nunca juizo algum alto e profundo
Nem cftara sonora ou vivo engenho
Te dê por isso fama nem memória
Mas contigo se acabe o nome e glória"

OBSERVAÇÃO: Em linguagens de outras
valor positivo:
"Desta gente refresco algum tomamos
E do rio fresca água; mas contudo
Nenhum sinal aqui da índia achamos" (CAM., Lus, V, 69.).
Entenda-se: tomamos algum refresco (isto é: mantimentos).

(CAM., Lus., IV, 102).

épocas, podia algum posposto assumir

268
#





"Palavra alguma arábia se conhece
Entre a linguagem sua que falavam" (ID., ibid., V, 76).
Isto é: reconhece-se uma ou outra palavra árabe.
Podia ocorrer algum anteposto com significação negativa:
"Vós, a quem não somente algum perigo
Estorva conquistar o povo imundo" (CAM., Lus., VII, 2).
Entenda-se: nenhum perigo, perigo algum.
Finalmente, podia ainda haver a posposição da palavra negativa ao substantivo
seguido de algum:
"Assim fomos abrindo aqueles mares
Que geração alguma não abriu" (CAM., Lus, V, 2).

b) Cada

junta-se a substantivo singular, a numeral coletivo e expressões for-
madas por numeral seguido de substantivo no plural:
"Uma ilusão gemia em cada canto,
Chorava em cada canto uma saudade" (Luís GUIMARÃES JúNIOR).
Cada século possui seus homens importantes.
Faz prova em cada trinta dias.

É condenado o emprego de cada em lugar de cada um nas referências
a nomes expressos anteriormente:
Os livros custam trinta cruzeiros cada (por cada um).

Cada não sofre variação, mas a concordáncia do verbo com o sujeito
se processa normalmente:
"Convém notar o tríduo das Lemúrias
Não corre a flux: cada dois dias levam
entre si um profano intercalado" (CAsTiLHo, Fastos, 111, 57. Exemplo colhido
em F. CosTA, Léxico, 53).
OBsERvAçÃo: Com exagero, já se condenou por mal soante a expressão por
cada, que, segundo a crítica, lembraria porcada (vara de porcos). Rui (Réplica, 126,
ed. da Imprensa Nacional) defendeu brilhantemente o falso cac6fato (mau som).

Lembra Sousa da Silveira o valor intensivo de cada, como no seguinte
exemplo:
'. Então é cada temporal, que até parece que os montes estremecem" (EÇA, A
Cidade e as Serras, 288, apud. Liç6es de Português, õ 388).
Conta cada história 1

c) Certo

É exclusivamente na língua moderna pronome indefinido quando
antecede ao substantivo:
"A vida celibata, podia ter certas vantagens próprias, mas seriam tênues, e com-
pradas a troco da solidão" (M. DE Assis, Brds Cubas, 306).

269
#





Havendo ênfase, poderá aparecer um certo, expressão que tem sido,
com algum exagero, recriminada pelos gramáticos. Alexandre Herculano,
notável escritor português, talvez influenciado pelas teorias gramaticais
reinantes, aboliu, em redações posteriores, o artigo indefinido (junto ou
não a palavras indefinidas), tirando, muita vez, o colorido enfático do
trecho primitivo. De um certo usou ele nos seguintes passos:

"Forçoso é que um poeta creia no pensamento, que o agita, e no ideal, aonde
tem de ir buscar um certo número d'exiOncia..." (Fragmentos, 162).
"Passado todo este tempo os escravos de um certo Adécio, que herdara o domínio
daquela montanha..." (ibid, 215).

Posposto ao substantivo, certo fixou o seu emprego de adjetivo, com
o sentido de "acertado% "ajustado", "exato", "verdadeiro". Ambos os
sentidos, indefinido e qualificativo, são aproveitados nos seguintes jogos
de palavras:

Tenho certos amigos que não são amigos certos.

Note-se, com o Diciontírio Contempordneo, que certo atenua o que
na significação do substantivo haja de demasiadamente absoluto, quando
este indefinido vem anteposto a nome que exprime qualidade, proprie-
dade ou modo de ser:

Goza de certa reputação de talento,
A ópera tem uma certa novidade.

Nesta significação atenuativa, certo, equivalente a algum (e flexões),
se aproxima dos quantitativos indefinidos.

Nota - No português de outras épocas a função de adjetivo ocorria,
ou podia ocorrer, ainda anteposto ao nome:

"Deveis de ter sabido claramente
Como é dos fados grandes certo intento" (isto é: intento certo) - (CAM6ES,
Lus, 1, 24).
"Esta ilha pequena que habitamos
É em toda esta terra certa escala (i.é: escala certa)
De todos os que as ondas navegamos" (ID., ibid, 1, 54).
"Atento estava o rei na segurança
Com que provava o Gama o que dizia;
Concebe dele certa confiança, (i. é: confiança segura)
Crédito firme em quanto proferia" (ibid, VIII, 76).

d) Nenhum

algum:

Reforça a negativa não, podendo ser substituído pelo indefinido,

Não tínhamos nenhuma dívida até aquele momento.

270
#





Sem ênfase, nenhum vem geralmente anteposto ao substantivo; ha-
vendo desejo de avivar a negação, o indefinido aparece posposto:
"Que é lá? redargüi; não cedi cousa nenhuma, nem cedo" (M. DE Assis, Brás
Cubas, 134).

Referindo-se o nome no plural, nenhum se flexiona:
"Mas se anda nisto mistério, como quer o condestável, espero que não serão
nenhuns feitiços..." (REBELO DA SILVA, Contos e Lendas, 3.a ed., 195).

Em certas frases de formas afirmativas, nenhum pode adquirir valor
afirmativo, como sinônimo de qualquer:
Mais do que nenhum homem, ele trabalhava para a tranqüilidade.

Enquanto nenhum é um termo que generaliza a negação, nem um se
refere à unidade:

Não tenho nenhum livro.
Não tenho nem um livro, quanto mais dois.

Pronome relativo

Usa-se o qual (e flexões) em lugar de que, principalmente quando
o relativo se acha afastado do seu antecedente e o uso deste último possa
dar margem a mais de uma interpretação:
O guia da turma, o qual nos veio visitar hoje, prometeu-nos voltar depois (com
o emprego de que o sentido ficaria ambíguo).

Pode-se ainda recorrer à repetição do termo:
"Arrastaram o saco para o paiol e o paiol ficou a deitar fora" (C. NETO, Apólogos, 12).

Dá-se ainda o afastamento do relativo em relação ao seu antecedente
era exemplos como o seguinte:
No fundo de um triste vale dos Abruges, terra angustiada e sáfara, um pobre
eremita vivia que deixara as abominações do século pela soledade do deserto (JoÃo
Rimuto, Floresta de Exemplos, 2, 219).

Hoje é mais comum construir:

"eremita que deixara... vivia" ou "vivia um pobre eremita que deixara...".

Em geral substitui-se que por o (a) qual depois de preposição ou
locução prepositiva de duas ou mais sílabas. Empregamos sem que ou
sem o qual, a que ou ao qual, de que ou do qual, mas dizemos com mais
freqüência apesar do qual, conforme o qual, perante o qual, etc. O mo-
vimento rítmico da frase e a necessidade expressiva exigem, nestes casos,
um vocábulo tônico (como o qual) em lugar de um átono (como que).

271
#





Com freqüência, a preposição que deveria acompanhar o relativo
emigra para o antecedente deste relativo:

"A barra é perigosa, como dissemos; porém a enseada fechada é ancoradouro seguro,
pelo que (o porque, razão por que) tem sido sempre couto dos corsários de Berbéria"
(A. HERCULANO, Fragmentos, 69).
"... até o induzirem a mandá-lo sair da corte, ao que (o a que) D. Pedro atalhou
com retirar-se antes que lhe ordenassem" (ID., ibid., 91).
"... não tardou a ser atravessado, pelo coração, com uma seta, do que (o de que)
imediatamente acabou (ID., ibid, 97).

A construção regular, sem migração da preposição, é pouco usada e
se nos apresenta como artificial:
"Assim me perdoem, também, os a quem tenho agravado, os com quem houver
sido injusto, violento, intolerante_" (R. BARWSA, Oração aos Moços, 23).

Na linguagem coloquial e na popular pode aparecer o pronome rela-
tivo despido de qualquer função sintática, como simples conectivo
oracional. A função que deveria ser desempenhada pelo relativo vem
mais adiante expressa por um substantivo ou pronome precedido de pre-
posição. É o chamado relativo universal que, desfazendo uma complicada
contextura gramatical, se torna um "elemento lingüístico extremamente
prático" (1):
Ali vai o homem que eu falei com ele
por
Ali vai o homem com quem eu falei

Costuma-se empregar ainda que ou quem seguido de pronome pessoal
oblíquo (que ou quem... lhe) onde o rigor gramatical estaria a pedir
este relativo precedido de preposição. É prática antiga que ainda persiste
no colóquio moderno:
"Agora sim, disse então aquela cotovia astuta, agora sim, irmão, levantemos o vôo
e mudemos a casa, que vem quem lhe dói a fazenda" (= o a quem dói a fazenda)
(MANUEL BERNARDES, 1, 70).

Outras vezes o relativo não se refere propriamente ao seu antecedente,
mas a um termo a ele relacionado:
"Bem vês as lusitdnicas fadigas
Que eu já de muito longe favoreço" (CAmõEs, Lustadas, 11, 171).

O pronome relativo se refere a lusitanos, idéia contida no adjetivo
lusitMicas.
. "Isto que parece absurdo ou desgracioso é perfeitamente racional e belo - belo
à nossa maneira, que não andamos a ouvir na rua os rapsodos recitando os seus versos,
nem os oradores os seus discursos, nem os filósofos, as suas filosofias" (M. DE Assis,
apud S. DA SILVEIRA, Revista de Filologia e de História, 1, 28). Aqui o relativo se
refere ao pronome pessoal nós que se depreende do pronome possessivo nossa.

(1) K. NyRoP, Gra~aire Ristorique de Ia Langue Française, V, pág. 330.

272
#





Não pertence à boa norma da língua repetir sob forma pronominal
a função sintática já desempenhada pelo relativo. São escassos os exem-
plos como os seguintes:

"(nome) que to dissesse a brisa perfumada
Lasciva perpassando pelas flores" (CAsimiao DE ABREU, Obras, ed. S. DA SILVEIRA,
õ 29).
"... o homem que se destina, ou que o destinou seu nascimento, a uma vocação
pública, não pode sem vergonha ignorar as belas-letras e os clássicos" (A. GARKET,
apud S. DA SILVEIRA, ibid.).

Também não é para imitar o emprego de cujo (e flexões) significando
o qual (e flexões). Os exemplos que dele se nos deparam na pena de um
bom conhecedor do idioma cortio Filinto Elísio se devem explicar como
uma iniciativa do idioleto do escritor, mas que não ganhou foros de cidade.

3 - EMPREGO DO VERBO

Emprego de tempos e modos

1) Indicativo. - É o modo que normalmente aparece nas orações
independentes, e nas dependentes que encerram um fato real ou tido
como tal.

Presente - O presente denota uma declaração:
a) que se verifica ou que se prolonga até o momento em que se fala:
"ocorre-me uma reflexão imoral, que é ao mesmo tempo uma correção de estilo"
(M. DE Assis, Brds Cubas, 56).

b) que acontece habitualmente:

A Terra gira em torno do Sol.

c) que representa uma verdade universal:

"O interesse adota e defende opiniões que a consciência reprova" (M. DE MARICÁ).

Emprega-se o presente:

a)pelo pretérito, em narrações animadas e seguidas (presente histórico),
como para dar a fatos passados o sabor de novidade das coisas atuais:

"Pela manhã, bates-lhe à porta, chamando-o. Como ninguém responda, procuras
entrar. Um peso imprevisto detém o esforço do teu braço. Insistes. Entras. E recuas,
os olhos escancarados, o rosto transfigurado pela dor e pelo assombro, o coração parado
no peito" (HumBERTo Dz CA~ Sombras que Sofrem, 16-17).

273

i
#





b) pelo futuro do indicativo para indicar com ênfase uma decisão-
Amanhã eu vou à cidade.

c) pelo pretérito imperfeito do subjuntivo:
Se respondo mal ele se zangaria,

d) pelo futuro do subjuntivo:
Se queres a paz prepara-te para a guerra.

OBsERvAçÃo: Para exprimir ação começada emprega-se, em geral, o verbo estar
seguido de infinitivo precedido de a ou gerúndio.

Estava { a falarsobre tal assunto.
falando {

Pretérito imperfeito - Emprega-se quando nos transportamos men-
talmente a uma época passada e descrevemos o que então era presente:
"Eugênia coxeava um pouco, tão pouco, que eu cheguei a perguntar-lhe se machu-
cara o pé" (M. DE Assis, Brás Cubas, 193).

Nos pedidos e solicitações ou denota que duvidamos da realização do
fato ou exprime um desejo feito com modéstia:
" Queria viver para o seu filho. ~ É como ele explicava o desejo da vida" (CAmun
CAsTELo ~co, A Neta do Arcediago, 22).
Sr. Manuel, eu desejava telefonar.,

Pode substituir, principalmente na conversação, o futuro do pretérito,
quando se quer exprimir fato categórico:
---Seme desprezasse, morreria, matava-me" (C. C. BitANco, ibid, 19).

Pretérito perfeito - "O pretérito imperfeito é o tempo da ação pro-
longada ou repetida com limites imprecisos; ou não nos esclarece sobre
a ocasião em que a ação terminaria ou nada nos informa quanto ao
momento do início. O pretérito perfeito pelo contrário fixa e enquadra
a ação dentro de um espaço de tempo determinado"('):

"Marcela teve primeiro um silêncio indignado; depois fez um gesto magnífico:
tentou atirar o colar à rua. Eu retive-lhe o braço; pedi-lho muito que não me
fizesse tal desfeita, que ficasse com a jóia. Sorriu e ficou" (M. Dz Assis, Brds Cubas, 57)).

O pretérito composto (tenho trabalhado) exprime:

ti) repetição ou prolongação de um fato até o momento em que se fala,
ou fato habitual:

"Não me tens dito nada das tuas ocupações nessa casal, (CAmiLo, Correspondência
Epistolar, 11, 133).

(I) M. SAm ALI, Gram. Histdrica, 11, 103.

I

I

274
#





b) fato consumado:

I

Tenho dito (no fim dos discursos).

Pretérito mais-que-perfeito (simples e composto) - Denota uma ação
atiterior a outra já passada:

"No dia seguinte, antes de me recitar nada, explicou-me o capitão que só por
motivos graves abraçara a profissão marítima..." (M. DE Assis, ibid., 66-67).

OBSERVAÇÃO: Em certas orações temporais aparece o pretérito perfeito onde se
esperaria o mais-que-perfeito:
"Logo que se retirou o inimigo, mandou D. João Mascarenhas enterrar os mortos"
(EÈ,jFÂNio DIAs, Gramática Elementar, õ208).
"Ao revés encontra-se em oraç5es subordinadas o mais-que-perfeito correspondendo
a um presente da oração subordinada, quando este presente tem o sentido de um
pretérito, v.g. Os antiquários; dizem (= deixaram escrito) que ele vivera neste
reinado" (ID., ibid.).

Emprega-se ainda o mais-que-perfeito simples em lugar do futuro do
pretérito do indicativo e do pretérito do subjuntivo, o que serve hoje como
traço estilístico de linguagem solene:
"dizendo: Mais servira (= serviria), se não fora (= fosse) para tão longo amor
tão curta a vida" (CAmõEs, Rimas, 147).
"Que fora (= seria) a vida, se nela não houvera (= houvesse) lágrimas?" (A.
HERCULANO, Eurico, 32).

Futuro - O futuro do presente e o do pretérito denotam uma ação que
ainda se vai realizar:
"Os homens nos Parecerão sempre injustos enquanto o forem as pretensbes do
nosso amor próprio" (M. DE MAiucÁ).
"Sem a crença em uma vida futura, a presente seria inexplicável" (ID.).

I

O futuro do presente pode ainda exprimir:

a) em lugar do presente, incerteza ou idéia aproximada, simples possibi-
lidade ou asseveração modesta:

"O mal não será a especiaria do benir (ID.).
Ele terá seus vinte anos.

No caso de ser empregado, em linguagem polida, nas interrogações,
· futuro "não obriga o interlocutor a responder, como quando se emprega
· verbo no presente ou no pretérito"(').

b) em lugar do imperativo, uma ordem ou recomendação, principalmente
nas prescrições e recomendações morais:
Defenderás os teus direitos
Não furtarás

(1) SAiD AU, Gramdtica Secunddria, 225.

275
#





"Nas orações condicionais de se, nas temporais de quando e enquanto, nas con-
formativas (de segundo e conforme, etc.), nas adjetivas que denotam simples concepção%
o futuro indicativo é substituído pelo futuro conjuntivo (subjuntivo) - o qual só
nestas orações se usa (ou também em certos casos pelo presente conjuntivo); assim
diz-se: se veio, se vi, mas: se vir, quando veio, quando vi, mas: quando vir, aquele
que vê, aquele que viu, mas: aquele que vir" (EPIFÂNio DiAs, Gramdtica Elementar,
õ 209-a, obs.).

O futuro do pretérito se emprega ainda para denotar:

a) que um fato se dará, agora ou no futuro, dependendo de certa
condição:

"A vida humana seria incomportável sem as ilusões e prestígios que a circundam"
(M. DE MARICÁ).
"Se pudéssemos chegar a um certo grau de sabedoria, morreríamos tísicos de amor
e admiração por DeuC (ID.).

b) asseveração modesta em relação ao passado, admiração por um fato
se ter realizado:

Eu teria ficado satisfeito com as tuas cartas (R. DE VA~CELOS).
Nós pretenderíamos saber a verdade.
Seria isso verdadeiro?

Emprega-se o auxiliar tivera (ou houvera) na oração condicional, em
lugar do mais-que-perfeito, em relação a um futuro do pretérito posto
na oração principal:
Estudaria (ou teria estudado), se tivera (= tivesse) sabido da prova.

2) Subjuntivo. - O modo subjuntivo ocorre normalmente nas
orações independentes optativas, nas imperativas negativas e afirmativas
(nestas últimas com exceção da 2.a pessoa do singular e plural), nas
dubitativas com o advérbio talvez e nas subordinadas em que o fato é
considerado como incerto, duvidoso ou impossível de se realizar:

Bons ventos o levem.
"Não e-Prestes, não disputes, não maldigas e não terás de arrepender-te" (M.
DE MARICÁ).
"Não desenganemos os tolos se não queremos ter inumeráveis inimigos" (ID.).
"Louvemos a quem nos louva para abonarmos o seu testemunho" (ID.).
"Talvez a estas horas desejem dizer-te peccavi! Talvez chorem com lágrimas
de sangue" (A. HERcuLANo, Monge de Cister, 1, 58).
"Faltam-nos memórias e documentos coevos em que possamos estribar-nos para
relatar tais sucessos" (Im, História de Portugal, 1, 451).

OBSERVAÇÃO: Às vezes ocorre o indicativo com talvez: "Magistrado ou guerreiro,
de justo ou generoso se gaba: - e as turbas talvez o aplaudem e celebram seu nome"
(ID., Fragmentos, 180). Parece que o indicativo deixa antever a certeza de que o
de que se duvida se pode bem realizar.

276
#





Nas orações subordinadas substantivas ocorre o subjuntivo nos
seguintes principais casos:

a)depois de expressões (verbos, nomes ou locuções equivalentes) que
denotam ordem, vontade, consentimento, aprovação, proibição, receio,
admiração, surpresa, contentamento:
"Prouvera a Deus, venerável Crimilde - tornou o qüingentário - que nos fosse
lícito desamparar estes muros" (A. HERCULANO, EUriCO, 146).
"Proibi-te que o revelasses" (ID., Monge de Cister, 1, 294).
Espero que estudes e que sejas feliz.

b)depois de expressões (verbos ou locuções formadas por ser, estar, ficar
+ substantivo ou adjetivo) que denotam desejo, probabilidade, vul-
garidade, justiça, necessidade, utilidade:
Cumpre que venhas cedo
Convém que não nos demoremos
É bom que compreenda logo o problema

C)depois dos verbos duvidar, suspeitar, desconfiar e nomes cognatos
(dúvida, duvidoso, suspeita, desconfiança, etc.) quando empregados
afirmativamente, isto é, quando se trata de dúvida, suspeita ou des-
confiança reais:
"... me vinham à mente suspeitas de que ela fosse um anjo transviado do céu..."
(A. HERCULANO, Monge de Cister, 11, 321).
"A luz... que suspeitdvamos Procedesse de lâmpada esquecida por sonolento moço
de reposte..." (ID., ibid., 333).

Se o falante tem a suspeita como coisa certa, ou nela acreditar, o
normal é aparecer o indicativo:
"Suspeitava-se que era a alma da velha Brites que andava ali penada" (ID
ibid., 364).

Usa-se o subjuntivo nas orações adjetivas que exprimem:
a) fim:
"Ando à cata de um criado que seja económico e fiel" (RIBEIRO DE VASCONCELOS).

b)conseqüência (o relativo vem precedido de preposição, geralmente,
com):
"Daqui levarás tudo tão sobejo
Com que faças (= que com isso) o fim a teu desejo" (CAMõEs, Lusíadas, 11, 4).

c) uma conjectura e não uma realidade:
Compare-se:
O cidadão que ama sua pátria engrandece-a (realidade)
O cidadão que amo sua pátria engrandece-a (conjectura)

277
#





depois de um predicado negativo, ou de uma interrogação de sentido
negativo quando enunciam uma qualidade que determine e restrinja
a idéia expressa por esse predicado ou interrogação:

Não há homem algum que possa gabar-se de ser completamente feliz.
Quem há aí que seja completamente feliz?(1)

Nas orações adverbiais usa-se o subjuntivo:

a)nas causais de não porque, não (ou nem), quando se quer dizer que
a razão aludida não é verdadeira:
"Deitei-me ontem mais cedo, não porque tivesse sono, mas porque precisava de
me levantar hoje de madrugada" (R. DE VASCONCELOS, Gramdtica Portuguesa, 274).

b)nas concessivas de ainda que, embora, conquanto, posto que, se bem
que, por muito que, por pouco que (e semelhantes), não havendo
entretanto, completo rigor a respeito:
"Ainda que perdoemos aos maus, a ordem moral não lhes perdoa, e castiga a
nossa indulgéncia" (M. DE MARICÁ).
"Por mais sagaz que seja o nosso amor próprio, a lisonja quase sempre o en-
gana" (ID.).

Entram neste rol as alternativas de sentido concessivo (ou... ou,
quer ... quer) e as concessivas justapostas do tipo de fosse ele o culpado,
ainda assim lhe perdoaria.

c)nas condições de se, contanto que, sem que, a não ser que, suposto que,
caso, dado que, para exprimir hipótese, e não uma realidade. Entra
ainda neste grupo a comparativa hipotética como se:
"Se as viagens simplesmente instruíssem os homens, os marinheiros seriam os mais
instruídos" (M. DE MARICÁ).
"E moviam os lábios, como se tentassem falar" (A. HERCULANO, Eurico, 26).

Se se tratar de coisa real ou tida como tal, geralmente aparece o
indicativo:
"Não há momento que perder, se queremos salvar-nos" (ID., íbíd., 253),

d)nas consecutivas quando se exprime uma simples concepção e não um
fato real:
"Devemos regular a nossa vida de modo que possamos esperar e não recear depois
de nossa morte" (M. DE MARICÁ).
"Não subais tão alto que a queda seja mortal" (ID.).

e) nas finais:
"Os maus são exaltados para serem felizes, para que caiam do mais alto e sejam
esmagados" (U).).

(1) RIBEIRO DE VASCONCELOS, GramMica Portuguesa, 274-5

278

I

I
#





I

I

nas temporais de antes que, assim que, até enquanto, depois que, logo
u, uando ocorrem nas newarões ou nas indicacões de simDles con-

cepção, e não uma realidade (caso em que aparece o indicativo

"Cumprirei o que ordenas, porque jurei obedecer-te cegamente enquanto
salviíssemos a irmã de Pelágio" (A. HEacuLANo, Eurico, 215).

Casos -Particulares

1) A oração substantiva que completa a exclamação de surpresa quem
diria constrói-se com indicativo ou subjuntivo:

Quem diria que ele era capaz disso.
Oucra diria aue ele fosse cal)az disso

2) com os indefinidos do tipo o que quer que é mais comum o em

prego do subjuntivo:

Saiu com o que quer que fosse

A. Herculano vacilou entre o emprego de fosse (ed. de 1876) e era

(ed. de 1864) no seguinte passo:

"Com um olhar de simpatia e compaixão, misturada do que quer que era de

admirarão e de terror involuntário" (Eurico, 265, ed. 1864).

3) Também têm o verbo no subjuntivo as orações introduzidas por
que, quando restringem a generalidade de um asserto:

"Não há, que eu saiba, expressão mais suave" (1).

3) Imperativo. - Cumpre apenas acrescentar ao que disse na pág. 11
ue o infinitivo pode substituir o imrwrativo nas ordens instantes:

"Todos se chegavam para o ferir, sem que a D. Álvaro se ouvissem outras palavras
senão estas: Fartar, rapazes" (A. HERcuLANo, Fragmentos, 98).

OBuavAclo: Os casos aqui lembrados estão longe de enquadrar a trama com-
plexa do emprego de tempos e modos em português. São várias as situação que
podem, ferindo os princípios aqui expostos, levar o falante ou escritor a buscar novos
meios mais expressivos. São questões que fogem ao Âmbito da Gramática e constituem

preocupação da Estilística.

Emprego das formas nominais. - A respeito das formas nominais,

cumpre acrescentar ao que se disse nas páginas anteriores:

(1) EPIFANio DIAs, GramMica Portuguesa Elementar, 128.

279
#





Emprego do inf initivo (flexionado e sem flexão).

1 - Infinítivo pertencente a uma locuçjo verbal :

Não se flexiona normalmente o infinitivo que faz parte de uma locu-
ção verbal:

"E o seu gesto era tão desgracioso, coitadinho, que todos, à exceção de Santa,
Puseram-se a rir" (A. DE AzEvEDo, apud Ant. Nacional, 138).
"Pois, se ousais levar a cabo vosso desenho, eu ordeno que o façaís" (A. HEacuLANo,
ibid., 196).
"Depois mostraram-lhe, um a um, os instrumentos das execuções, e explicaram-lhe
por miúdo como haviam de morrer seu marido, seus filhos e o marido de sua filha"
(CAmiLo, ibid, 221).

Encontram-se exemplos que se afastam desse critério quando ocorrem
os seguintes casos:

a)o verbo principal se acha afastado do auxiliar e se deseja avivar a
pessoa a quem a ação se refere:

"Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés" (G. DIAS, Poesias, 11, 31, ed. M. BANDEIRA).
... dentro dos mesmos limites atuais podem as cristandades nascerem ou anula-
rem-se, crescerem ou diminuirem em certos pontos dessem vastos territórios" (A.
HERcuLANo, Fragmentos, 173).

b) o verbo auxiliar, expresso anteriormente, cala-se depois :

"Queres ser mau filho, deixares uma nódoa dInfímia na tua linhagem" (A.
HERcuLANo, ibid., 174).

2 - Infinitivo dependente dos verbos causativos e sensitivos :

Com os causativos deixar, mandar, fazer (e sinônimos) a nonna é
aparecer o infinitivo sem flexão, qualquer que seja o seu sujeito:

"Sancho II deu-lhe depois por válida a carta e mandou-lhes erguer de novo os
marcos onde eles os haviam posto" (A. HERcuLANO, apud Fragmentos, 64).
"Fazei-os parar" (ID., ibid., 75).
"Deixai vir a mim as criancinhas".
Mas flexionado em: "e deixou fugirem-lhe duas lágrimas pelas faces" (ID., ibid.,
155)(1).

(1) A flexio se apresenta geralmente quando o Infinitivo vem acompanhado de um
pronome pessoal oblíquo átono.

280

i
#





Com os sensitivos ver, ouvir, olhar. sentir (e sinônimos) o normal é
empregar-se o infinitivo sem flexão, embora aqui o critério não seja tão
rígido:
"Olhou para o céu, viu estrelas... escutou, ouviu ramalhar as árvores" (ID.,
ibid, 101).
" ... o terror fazia-lhes crer que já sentiam ranger e estalar as vigas dos simples. . . "
(ID., ibid, 172),

Os seguintes exemplos atestam o emprego do infinitivo flexionado:
"Em Alcoentre os ginetes e corredores do exército real vieram escaramuçar com
os do infante, e ele próprio os ouvia chamarem-lhe traidor e hipócrita" (ID., ibid., 96).
"Creio que comi: senti renovarem-se-me as forças" (lu., ibid., 172).

OBURVAÇõES:
La) Com os causativos e sensitivos pode aparecer ou não o pronome átono que
pertence ao infinitivo: "Deixei-o embrenhar (por embrenhar-se) e transpus o rio
após ele" (ID., ibid., 77); "O faquir deixou-o afastar (por afastar-se)" (ID., ibid,);
"Encostando-se outra vez na sua dura jazida, Egas sentiu alongar-se a estrupiada dos
cavalheiros_" (ID., O Bobo, 265-6, ed. 1878); "E o eremita viu-a, ave pernalta e
branca, bambolear-se em vôo, ir chegando, passar-se para cima do leito, aconchegar-se
ao pobre homem..." U0X0 RIBEMO, Floresta de Exemplos, 327). Por isso não cabe
razão a MÁmo B~To (Através do Diciondrio,9.51 da 3.R ed.) quando condena,
nestes casos, o aparecimento do pronome átono.
2.a) Aqui também o infinitivo pode aparecer flexionado por se calar o auxiliar:
'~viu alvejar os turbantes, e, depois surgirem rostos tostados, e, depois, reluzirem armas---
(A. HF.ReuLANo, Eurico, 257).

3 - Infinitivo fora da locução verbal :

Fora da locução verbal, ---aescolha da forma infinitiva depende de
cogitarmos somente da ação ou do intuito ou necessidade de pormos em
evidência o agente do verbo"(').
O infinitivo sem flexão revela que a nossa atenção se volta com
especial atenção para a ação verbal; o flexionamento serve de insistir na
pessoa do sujeito:

para vencer na vida
Estudamos { para vencermos na vida

Ocorre o infinitivo flexionado nos seguintes casos principais:

1.0)"sempre que o infinitivo estiver acompanhado de um nominativo,
sujeito, nome ou pronome (quer igual ao de outro verbo, quer
diferente);
sempre que se tornar necessário destacar o agente, e referir a ação
especialmente a um sujeito, seja para evitar confusão, seja para tornar
mais claro o pensamento. O infinitivo concordará com o sujeito que
temos em mente;

(1) SAw AM, Gratndtica Secunddria, 246.

281
#





3.0)quando o autor intencionalmente pôs em relevo a pessoa a que o
verbo se refere"('):

Estudamos para nós vencermos na vida
"Beijo-vos as mãos, senhor rei, por vos lembrardes ainda de um velho homem
de armas que para nada presta hoje" (A. HERcuLANo, apud. Antologia Nacional, 195).
,,É permitido aos versistas poetarem em prosa" (CAmmo, A Queda dum Anío, 60).

APÊNDICE

PASSAGEM DA VOZ ATIVA A PASSIVA E VICE-VERSA

Em geral, só pode ser construído na voz passiva verbo que pede objeto
direto, acompanhado ou não do indireto. Dai a língua padrão lutar contra
linguagens do tipo:

A missa foi assistida por todos,

uma vez que o verbo assistir, nesta acepção, só se constrói com objeto indi-
reto: Todos assistiram à missa.
À força do uso já se fazem concessões aos verbos:

apelar: A sentença não foi apelada.
aludir: Todas as faltas foram aludidas.
obedecer: Os regulamentos não são obedecidos.
pagar: As pensionistas foram pagas ontem.
perdoar: Os erros devem ser perdoados.
responder: Os bilhetes seriam respondidos hoje.

Na passagem da ativa para a passiva segue-se o esquema:

1.0) o sujeito da ativa, se houver, passa a agente da passiva;

2.0) o objeto direto da ativa, se houver, passa a sujeito da passiva;

3.11) o verbo da voz ativa passa para a voz passiva, conservando-se o mesmo
1 tempo e modo;

4.0) não sofrem alteração os outros termos oracionais que apareçam.
Exemplo 1
A tiva
Eu 11 o livro

Passiva
o livro foi lido por mim

Exemplo 2: (com pronome oblíquo)
Nós o ajudamos ontem - Ele, ontem, foi ajudado por nós.

(1) SAm ALI, Dificuldades da Lingua Portuguesa, 5.a ed., 72.

282
#





Exemplo 3: (com sujeito indeterminado)

Enganar-me-lo ~ Eu serei enganado.

Exemplo 4: (com tempo composto)
Eles têm cometido erros - Erros tèm sido cometidos por eles.
Exemplo 5 :(com sujeito indeterminado de verbo que aparecerá na
passiva pronominal)
Vendem casas - Vendem-se casas
Vendem esta casa - Vende-se esta casa.

4 - EMPREGO DE PREPOSIÇOES

1) A

Esta preposição aparece nos seguintes principais empregos:

a) Introduz complementos verbais (objetos indiretos) e nominais repre-
sentados por nomes ou pronomes oblíquos tônicos:
"Perdoamos mais vezes aos nossos inimigos por fraqueza, que por virtude" (M.
DE MARICÁ).
"O nosso amor próprio é muitas vezes contrário aos nossos interesses
"A força é hostil a si própria, quando a inteligéncia a não dirige" (ID.).

b) Introduz objetos diretos nos casos apontados na pág. 208.
"O mundo intelectual deleita a poucos, o material agrada a todos" (ID.).
"O homem que não é indulgente com os outros, ainda se não conhece a si
Pl'ópl'iO" (ID.).

c) Prende infinitivos a certos verbos que o uso ensinará:
"Os homens, dizendo em certos casos que vão falar com franqueza, parecem dar
a entender que o fazem por exceção de regra" (ID.).

Geralmente tais verbos indicam a causa, o início, a duração-a conti-
nuação ou o termo de movimento ou extensão da idéia contida no verbo
prin cipal. Os principais são:
abalançar-se, acostumar-se, animar-se, anuir, aparelhar-se, aprender, apressar-se, arro-
jar-se, aspirar, atender, atrever-se, autorizar, aventurar-se, chegar, começar (também
com de e por), concorrer, condenar, continuar, costumar, convidar (também com para),
decidir-se, entrar, estimular, excitar-se, expor-se, habilitar-se, habituar-se, meter-se,
obrigar, por-se, principiar, resolver, vir.

d) Prende infiditivos a certos verbos, formando locuções equivalentes e
geriândios de sentido progressivo:
"Anda visitando os defuntos? disse-lhe eu. Ora defuntos 1 respondeu Virgília com
um muxoxo. E depois de me apertar as mãos: - Ando a ver se ponho os vadios para
a rua" (M. DY, Assis, apud, S. SILVEIRA, Lições, 309).

283
#





e) Introduz infinitivo designando condição, hipótese, concessão, exceção:

A ser verdade o que dizes, prefiro não colaborar.
"A filha estava com quatorze anos; mas era muito fraquinha, e não fazia ilada,
a não ser namorar os capadócios que lhe rondavam a rótula" (M. DF, Assis, Brds
Cubas, 201).

1)Introduz ou pode introduzir o infinitivo da oração substantiva sub-
jetiva do verbo custar (cf. pág. 236):

"Custou-lhe muito a aceitar a casa" (M. DE Assis, ibid., 194).

g) Introduz numerosas circunstâncias, tais como:

1) termo de movimento ou extensão:

"Nesse mesmo dia levei-os ao Banco do Brasil" (ID., ibid., 151).

OBsERvAçÃo: Com os advérbios aqui, ld, cd e semelhantes não se emprega pre-
posição: "Vem cá, Eugénia, disse ela..." (ID., ibid., 96).

2) tempo em que uma coisa sucede:

"Indaguei do guarda; disse-me que efetivamente "esse sujeito" ia por ali às vezes.
- A que horas?" (ID., ibid, 172).

3) fim ou destino:

cional, 145).

.. apresentaram-se a falar ao imperador" (R. POMPÉIA, apud Antologia Na-

Tocar à. missa (= para assistir à missa).

4) meio, instrumento e modo:

matar à fome, fechar à chave, vender a dinheiro, falar aos gritos, escrever.a lápis,
viver a frutas, andar a cavalo.

Com os verbos limpar, enxugar, assoar indicamos de preferência o
instrumento com em, e os portugueses com a :

9impar as lágrimas no lenço",- "limpar as lágrimas ao lenço".

5) lugar, aproximação, contigüidade, exposição a um agente físico:

"Vejo-a a assomar à Porta da alcova..." (M. DE Assis, Brás Cubas, 14).
Estar à janela, ficar à mesa, ao Portão, ao sol.

6) semelhança, conformidade:

---Nãosai a nós, que gostamos da paz,.." (M. DF. Assis, apud S. DA SILVEIRA,
Lições, 310).
"Desta vez falou ao modo bíblico" (ID., ibid.)
Quem puxa aos seus não degenera.

284
#





7) distribuição proporcional, gradação:
um a um, mês a mês, pouco a pouco
OtisERvAçÃo: Diz-se Pouco a pouco, pouco e pouco, a pouco e pouco.
"Pouco a pouco muitas graves matronas... se tinham alongado da corte para
%uas honras e solares" (A. HERCULANO, O Bobo, 21).

8) preço: A como estão as maçãs? A cem cruzeiros o quilo.
9) foi~ma numerosas locuções adverbiais: à pressa, às pressas, às claras,
às ocultas, às cegas, a granel, a rodo, etc.

Emprego do à acentuado. - Emprega-se o acento grave no a para
indicar que soa como vogal aberta nos seguintes dois casos.
1.0)quando representa a construção da preposição a com o artigo e pro-
nome a ou o início de aquele (s), aquela (s), aquilo, fenômeno que
em gramática descritiva se chama crase: Fui à cidade.
O verbo ir pede a preposição a; o substantivo cidade pede o artigo
feminino a: Fui a a cidade.

2.0)quando representa a pura preposição a que rege um substantivo fe-
minino singular, formando uma locução adverbial: à força, à míngua,
à bala, à faca, à espada, à fome, à sede, à pressa, à noite, à tarde,
etc. (1).

Ocorre a crase nos seguintes casos pria) diante de palavra feminina, clara ou oculta, que não repele artigo:
Fui à cidade.
Dirigia-se à Bahia e depois a Paris.

Para sabérmos se um substantivo feminino não repele artigo, basta
construí-lo em orações em que apareçam regidos das preposições de, em
por. Se tivermos puras preposições, o nome dispensa artigo; se tivermos
necessidade de usar, respectivamente da, na, pela, o artigo será obrigatório:
..........Venho da Gávea
Fui à Gávea Moro na Gávea
..........Passo pela Gávea
..........Venho de Copacabana
Fui a CopacabanaMoro em Copacabana
{ Passo por Copacabana

OBSERVAÇõES:
1.a) o nome que sozinho dispensa artigo, pode tê-lo quando
adjetivo ou locução adjetiva:
Fui à Copacabana Venho da Copacabana de minha infância
Moro na Copacabaria de minha infância
de minha infância { Passa pela Copacabana de minha infância
Assim se diz: Irei à casa paterna

(1) Cf. SAID ALI, Meios de Expressdo e Alterardes Setndfiticas, 11-23, 2A ed.

285

acompanhado dc
#





2.a) Se for facultativo, nas condições acima, o emprego de de ou da, em ou tia,
por ou pela, será também facultativo o emprego do a acentuado:

Venho da França
{ de
Moro em França
{ na
Passo pela França
{ por

Fui à França
{ a

b) diante dos demonstrativos a, aquele, aquela, aquilo :
à
Referiu-se àquele que estava do seu lado
àquela
{ àquilo {

c) diante de possessivo em referència a substantivo oculto:
Dirigiu-se ãquela casa e não à sua.

d)diante de locuções adverbiais constituídas de substantivo feminino
plural: às vezes, às claras, às ocultas, às escondidas, às três da manhã.

Não ocorre a crase nos seguintes casos principais:
a) diante de palavras de sentido indefinido:

uma
certa
Falou a qualquer pessoa
cada
toda
OBSERVAÇÃO: Há acento antes do numeral uma: Irei vè-la à uma hora.

b) diante dos pronomes relativos que (quando o a anterior for uma
preposição), quem, cuja :
Está aí a pessoa 4 que fizeste alusão.
O autor a cuja obra a crítica se referiu é muito pouco conhecido.
Ali vai a criança a quem disseste a notícia.

c) diante de verbo:

Ficou a ver navios
Livro a sair em Lreve

d) diante de pronome pessoal e expressões de tratamento como V.
Ex.a, V. S.a, V. M., etc.
Não disseram a ela e a você toda a verdade.
Requeiro a V. Ex.a com razão.

286
#





e) nas expressões formadas com a repetição de mesmo termo (ainda
que seja um nome feminino), por se tratar de pura preposição:
frente a frente, cara a cara, face a face, gota a f) diante da palavra casa quando desacompanhada de adjunto:
irei a casa logo mais

A crase é facultativa nos seguintes casos principais :
a) antes de pronome possessivo com su~stantivo claro:

Dirigiu-se à minha casa, e não à sua
{ a

No português moderno dá-se preferência ao emprego do possessivo
com artigo e, neste caso, ao a acentuado.

b) antes de nome próprio feminino:

As alusões eram feitas à Angela
{ a

c) antes da palavra casa quando acompanhada de expressão que
denota o dono ou morador, ou qualquer qualificação:

Irei ~ à
, a

I

casa de meus pais

OBSERVAÇÃO FINAL: É preciso não identificar crase e craseado com acento e
acentuado. Em tempos passados, principalmente entre os românticos, a preposição
pura a era em geral acentuada, ainda diante de masculino, sem que isso quisesse indicar
a craseado. Daí os falsos erros que se apontam em escritores dessa época, mormente
em J. de Alencar.

2) Até

Esta preposição indica o limite, o termo de movimento, e, acompa-
nhando substantivo com artigo (definido ou indefinido), pode vir ou não
seguida da preposição a :

Caminharam até a escola


"Ouvido isto, o desembargador comoveu-se até às lágrimas, e 1 diste com mu,
entranhado afeto" (CAMILO, A Queda dum Anjo, 67).
" ... e prometem ser-lhe amparo até ao fim" (ID., ibid., 77).
"Albernaz saiu fora da roda dos amigos e foi até a um canto da sala..." (LIMA
BARRETO, apud S. DA SILVEIRA, Lições, õ 496).

É preciso distinguir a preposição da palavra de inclusão até que se
usa para reforçar uma declaração com o sentido de inclusive, também,

287
#





mesmo, ainda. A preposição pede pronome pessoal oblíquo tônico e a
palavra de inclusão pede pronome pessoal reto:

Ele chegou até mim e disse toda a verdade.
Até eu recebi o castigo.

3) Com

Aparece nas circunstáncias de companhia, ajuntamento, simultanei-
dade, modo, maneira, meio, instrumento, causa, concessão (principalmente
seguida de infinitivo), oposição:

"Quando os bons capitulam com os maus sancionam a própria ruína" (M. DE
MARICA).
"Nunca agradecemos com tanto fervor como quando esperamos um novo favor- (ID.).
"A economia com o trabalho é uma preciosa mina de ouro" (ID.).
"Somos atletas na vida; lutamos com as paixões dos outros homens e com as
nossas" (ID.).
"Queremos gover , nos perfeitos com homens imperfeitos: disparate" (ID.).
"O silêncio com ser mudo não deixa de ser por vezes um grande impostor" (li).).
"A sociedade política nasceu da família; mas a família não acabou com (= tem-
poral) a existência da sociedade" (A. HERCULANO, Fragmentos, 144).

Inicia o complemento de muitos verbos e nomes (obj. indireto e
complemento nominal):

"O lisonjeiro conta sempre com a abonação do nosso amor próprio" (M. DE MARICÁ).
"O homem que não é indulgente com os outros, ainda se não conhece a si
próprio" (ID.).

4) Contra

Denota oposição, direção contrária, hostilidade:

Lutava contra tudo e contra todos.
Remar contra a maré.
Votar contra alguém

Condenam bons mestres como galicismo o emprego desta preposição
depois do verbo apertar (estreitar e sinônimos) apesar dos exemplos de
escritores corretos, uso que se vai generalizando:

"Apertei contra o coração o punho da espada" (A. HERCULANO, M. de Cister,
1, 37); "E Dulce caiu nos braços do guerreiro trovador, que desta vez a estreitou
contra o peito..." (ID., O Bobo, 144).

Também se considera como galicismo contra no sentido de em troca
de : Dar a mercadoria contra recibo (por mediante recibo).

288
#





5) De

a) Introduz complemento de verbos (obj. indireto) e nomes (compl.
nominal) que o uso ensinará:

"Os sábios vivem ordinariamente solitários: receiam-se dos velhacos, e não podem
t0]Crar O,5 t0105" (M. DE MARICÁ).
---0temor da morte é a sentinela da vida" (ID.).

b) Indica a circunstância de lugar donde, origem, ponto de partida
dum movimento ou extensão (no tempo e no espaço), a pessoa ou coisa
de que outra provém ou depende, em sentido próprio ou figurado e o
agente da passiva (por ser o ponto de partida da ação), principalmente
com os verbos que exprimem sentimento e manifestação de sentimentos:

"A maior parte dos erros em que laboramos neste mundo provém da falsa defi-
niçt7o, ou das noç6es falazes que temos do bem e do mal" (ID.).
"A doçura e beleza das mulheres parecem inculcar que são anjos e serafins que
(lesceram dos céus e se humanaram. na terra" (ID.).
"Sancionada a virtude só pela opinião pública, ela desaparece da vida doméstica
e de todos aqueles lugares não vistos da multidão" (A. HERCULANo, Fragmentos, 143).

OBsEavAçÃo: Modernamente o agente da passiva se rege mais de por.

c) Indica a pessoa, coisa, grupo ou série a que pertence ou de que
se salienta, por qualquer razão, o nome precedido de preposição:
"A credulidade e confiança de muitos tolos faz o triunfo de poucos velhacw~ (M.
D1,. MARICÁ).

d) Indica a matéria de que uma coisa é feita:

I

.. .. ela só lhe aceitava sem relutância os mimos de escasso preço, como a cruz
de ouro, que lhe deu, uma vez, de festas" (M. DF, Assis, Brds Cubas, 54).

e) Indica a razão ou a causa por que uma coisa sucede:

"O luxo, como o fogo, devora tudo e perece de faminto" (M. DE MARICÁ).
Cantar de alegria, morrer de medo.

f) Indica o assunto ou o objeto de que se trata:

"Dizer-se de um homem que tem juizo é o maior elogio que se lhe pode faze
(11. DE MARICÁ). 1

g) Indica o meio, o instrumento ou modo, em sentido próprio ou
figurado:

"O espírito vive de ficções, como o corpo se nutre de alimentos" (ID.).

h) Indica a comparação, hoje principalmente na expressão do que

São mais de três horas.

I

289
#





i) Indica a posição, o lugar:
"Sucede freqüentes vezes admirarmos de longe o que de perto desprezamos" (M.
DE MARICÁ).

j) Indica uma coisa contida na outra:
Copo de leite (= o leite que o copo contém), copo d'água.

OBSERVAÇÃO: Pode-se dizer também: copo com leite, com água.

1) Indica o fim, principalmente com infinitivo
Dá-me de beber um copo d'água.

m) Indica o tempo:
De noite todos os gatos são pardos.

n) ligando dois substantivos, imediatamente ou por intermédio de
certos verbos, serve para caracterizar e definir uma pessoa ou coisa:
"O homem de juizo aproveita, o tolo desaproveita, a experiência própria" (ID.).
Rua do Ouvidor.
OBSERVAÇÃO: Nas denominações de ruas, escolas, teatros e casas comerciais e em
circunstâncias que tais se costuma omitir a preposição sem que haja regra fixa para
tal critério: Avenida Rio Branco, Colégio Pedro li (mas Rua do Ouvidor).

o) Indica o todo depois de palavras que significam parte:
A maioria dos homens, um terço dos soldados, um punhado de bravos; um pouco
(ou uma pouca) de água.
OBsERvAçÃo: Depois dos comparativos maior, menor, etc. pode ser substituído
por entre: O maior de todos (= entre todos).

p) Indica modo de ser, semelhança, e normalmente vem precedendo
predicativo:
"Muitos figuram de Diógenes, para se consolarem de não poderem ser Alexandres"
(M. DE MARICÁ).

OBSERVAÇõES:
La) Note-se a fórmula é de com o sentido de é próprio de: "É da natureza hu-
mana que muitos homens trabalhem para manter os poucos que se ocupam em pensar
para eles, instruí-los e governá-los" (ID.).
2.a) Em construção do tipo acusar de negligente, presumir de formosa, "explicam-se
:geralmente pela omissão de um verbo atributivo (ser, estar, etc.) ou pela fusão da
,construção do adjetivo com a de substantivo no mesmo lugar" (M. BARRETo, De
-Gramática, 2.a ed., 297). Acusar de negligente = acusar de ser negligente, acusar de
:sua negligência.

i

Não ocorre esta preposição nos seguintes principais casos

a) em construções de tipo:
A primeira coisa que fiz foi vir a Madri (e não foi de vir).

290

W_
#





b) "com os verbos e adjetivos que significam afastamento ou dife-
rença, e com os que envolvem a idéia de aumento ou diminuição,
superioridade ou inferioridade, a designação da medida que não tem
preposição" (1):

Aumentar um centímetro (e não aumentar de um).
Este número excede aquele duas dezenas (e não excede de duas dezenas).
Mais novo alguns meses (e não mais novo de alguns meses).

c) depois do verbo consistir: a prova consiste em duas páginas mimeo-
grafadas (e não consiste de duas).

NOTA FINAL: os puristas, sem maiores exames, têm tachado de galicismo a
expressão de resto (= quanto ao mais). Além de usada por grandes escritores, tem
raizes no latim de reliquo.

6) Em

Denota:

1) lugar onde, situação, em sentido próprio ou figurado:

"Formam-se mais tempestades em nós mesmos que no ar, na terra e nos mares"
(M. DE MARICÁ).

OBSERVAÇÃO: Com alguns verbos, para se exprimir esta circunstância, se emprega
um pronome oblíquo átono em lugar da expressão introduzida por em: "Pulsa-lhe
(1= nele) aquele afeto verdadeiro" (M. DE Assis). Não me toque. Bateu-nos. Mexeu-lhe.

2) tempo, duração, prazo:

"Os homens em todos os tempos, sobre o que não compreenderam, fabularam"
(M. DE MAIUCÁ).

OBSERVAÇÃO: Precedendo um gerúndio, a preposição em aparece nas circunstâncias
de tempo, condição ou hipótese: "Ninguém, desde que entrou, em lhe chegando o
turno, se conseguirá evadir à saída" (R. BARBOSA).

3) modo, meio:

Foi em pessoa receber os convidados.
Pagava em cheque tudo o que comprava.

4)a nova natureza ou forma em que uma pessoa ou coisa se converte,
disfarça, desfaz ou divide:

"O homem de juizo converte a desgraça em ventura, o tolo muda a fortuna em
miséria" (ID.).

5) preço, avaliação:

A casa foi avaliada em milhares de cruzeiros,

(1) EipiFANio DiAs, GramdUca Elementar, 5 152, JúLIO MOREIRA, Estudos 11, 46-47.

291
#





6) fim, destinação:

Vir em auxílio. Tomar em penhor. Pedir em casamento.

OBSERVAÇÃO: Tem-se, sem maior exame, condenado este emprego da preposiçã

em como galicismo. Tem-se também querido evitar a expressão em questão, por se
ter inspirado em modo de falar francês; mas é linguagem hoje comuníssima e cor

infinitivo)

9) lugar para onde se dirige um movimento, sucessão, em sentido próprio

Saltar em terra. Entrar em casa. De grão em grão. Dar em doido (= chega

OB.svi- Xo: A língua Dadráo não aceita este emprego com os verbos vir, chegar

preferindo a preposição a: Ir à cidade; chegar ao colégio.

10) forma, semelhança, significação de um gesto ou ação

mergulhando. ~ ." (C. NETo apud. S. DA SiLvFiRA, Liç6es, õ506-7

Denota posição intermediária no espaço ou no tempo, em sentid(

,,Entre o queijo e o café, demonstrou-me Quincas Borba que o sistema era

dest i âo da dor" (M. DE Assis, Brds Cubas, 301

Como as outras preposições, rege pronome oblíquo tônico, de modo

só e ode dizer entre mim e ti., entre ele e mim, entre você e mim, etc.
"'>-- -e vens is nedir-me adoraçóes quando entre mim e ti está a cruz ensan-

As pessoas cultas evitam exemplos como entre eu e tu, entre eu e êles
entre eles e eu e semelhantes. Deste último, em que o pronome reto não
vem junto da preposição entre ocorrem alguns exemplos literários que a

"Odeio toda a gente/ com tantas veras d'alma e tão profundamente/, que me
ufano de ouvir que entre eles e eu existe/ separação formal" (A. F. DE CASTILHO,
#





8) Para

Denota:

1) a pessoa ou coisa em proveito ou prejuízo de quem uma ação é pra-
ticada (objeto indireto ou complemento nominal):
"Aborrecemos o absolutismo nos outros, porque o cobiçamos para nós mesmos"
(M. DE MARICA).
"A preguiça nos maus é salutar para os bons" (ID.).

2) a pessoa a que se atribui uma opinião (objeto indireto):
"O pedir para quem não tem vergonha é menos penoso que trabalhar" (ID.).

3) fim, destinação:
"a filha deu-me recomenda" para Capitu e para minha mãe" (M. DE Assis apud
S. DA SiLvEiRA, Liç6es, 509-b).

4) fim:
"O ambicioso, para ser muito, afeta algumas vezes não valer nada" (ID.).

5) termo de movimento, direção para um lugar com a idéia acessória de
demora ou destino:

Foi para Europa.
OBSERVAÇÃO: Denota apeiias o lugar onde em construções do tipo: Ele
agora para o Norte.

6) tempo a que se destina um objeto ou ação, ou para quando alguma
coisa se reserva:
"Faz para as matanças seis anos que você justou comigo uma porca por 4
moedas..." (CAmux), apud J. MoREiRA, Estudos, 11, 49).
Vou aí para as seis horas

9) Por (e Per)

Denota:
1) lugar por onde, em sentido próprio ou figurado:
"Tais eram as reflexões' que eu vinha fazendo, por aquele Valongo fora, logo
depois de ver e ajustar a casa" (M. DF. Assis, Brds Cubas, 190).

2) meio:
Puxar pelo paletó, rezar pelo livro, segurar pelos cabelos, levar pela mão, ler pelo
rascunho, contar pelos dedos, enviar pelo correio.

3) modo:
Repetir por ordem, estudar por vontade.
-Louvamos Por grosso, mas censuramos por miúdo" (M. DE MARICÁ).

293
#





4) distribuição:

Várias vezes por dia.

5) divisão, indicando a pessoa ou coisa que recebe o quinhão:

Distribuir pelos pobres, repartir pelos amigos, dividir por três a herança.

6) substituição, troca, valor igual, preço:

Comer gato por lebre.
"O barão dizia ontem, no seu camarote, que uma só italiana vale por cinco
brasileiras" (M. DE Assis, Brás Cubas, 183).

7) causa, motivo:

"O amor criou o Universo que pelo amor se perpetua" (M. Dz MAiucÁ).
"Muitos se abstêm por acanhados do que outros fogem por virtuosos" (ID.).

8) nos juramentos e petições designando a pessoa ou cousa invocada para
firmar o juramento e para interceder.

jurar pela sua honra, pedir pela saúde de alguém (ENFÂNio DIAS, Gramática Ele-
mentar, õ 163-b).

9) em favor de, em prol de:

Morrer pela pátria, lutar pela liberdade.

10) tempo, duração:

"Qual é aquele que, assentado, por noite de luar e serena sobre uma fraga ma-
rinha, não sente irem-se-lhe os olhos ... ?" (A HERCULANo, Fragmentos, 159).

11) agente da passiva:

"As mulheres são melhor dirigidas pelo coração do que os homens Pela razão"
(M. DE MARICA).

12)depois dos nomes que exprimem disposição ou manifestação de
disposição de ânimo para com alguma coisa-

"A paixão pelo jogo pressupõe ordinariamente pouco amor pelas letras" (M. DE
MARICÁ).

OBSERVAÇÃO: Não procede mais o ter-se como errônea a construção com por,
nestes casos, porque, no português contemporáneo, o uso de de se especializou no
sentido de genitivo objetivo. No português de outros tempos, amor de Deus era
tanto o que consagramos a ele (genitivo objetivo) ou o que ele tem, o que nos
consagra (genitivo subjetivo). Em lugar de amor pelas letras díz-se também correta-
mente amor às letras. Quando nos casos de genítívo objetivo e, 5correr ambigüidade
OSCI
com o emprego da preposiçlo de, costuma-se substituir esr%reop çáo por contra
(se o nome designa sentimento hostil) ou para com (se o sentimento é benévolo):
Guerra contra os inimigos e respeito para com todos.

294

W_
#





13) fim (em vez de para):

Iorcejava por obter-lhe a benevoléncia, depois a confiança" (M. DF Assis, Brás
Cubas, 194).

14)introduzindo o predicativo do objeto direto, denota qualidade, estado
ou conceito em que se tem uma pessoa ou coisa:

ele virá.

Ter alguém por sábio. Enviar alguém por embaixador. Tenho por certo que

5 - CONCORDANCIA

Considerações gerais. Chama-se concordância ao fenômeno gramatical
que consiste em o vocábulo determinante se adaptar ao gênero, número
ou pessoa do vocábulo determinado.
A concordância pode ser nominal ou verbal. - Diz-se concordância
nominal a que se verifica em gênero e número entre o adjetivo e o pro-
nome (adjetivo), o artigo, o numeral ou o particípio (vocábulos deter-
minantes) e o substantivo ou pronome (vocábulos determinados) a que
se referem:

"O capitão rosnou alguma cousa, deu dous passos, meteu a mão no bolso, sacou
um pedaço de papel, muito amarrotado; depois, à luz de uma lanterna, leu uma ode
horaciana sobre a liberdade da vida marítima,, (M. DE Assis, Brds Cubas, 65).

Diz-se concordância verbal a que se verifica em número e pessoa entre
o sujeito (e às vezes o predicativo) e o verbo da oração:

"Os outros não sabendo o que era, falavam, olhavam, gesticulavam, ao tempo que
ela olhava só, ora fixa, ora móbil, levando a astúcia ao ponto de olhar às vezes para
dentro de si, porque deixava cair as pálpebras" (ID., ibid, 183).
"Chegando à rua, arrependi-me de ter saído" (ID., ibid.).
"Eram 2 de novembro de 1512" (A. HERCULANO, Fragmentos, 124).

A concordância pode ser estabelecida de vocábulo para vocábulo ou
de vocábulo para sentido. A concordância de vocábulo para vocábulo será
total ou parcial (também chamada atrativa), conforme se leve em conta
a totalidade ou o mais próximo dos vocábulos determinados numa série
de coordenação:

"Repeli-a, porque se me ofereciam vida e honra a troco de perpétua infâmia"
(A. HERCULANO, EUriCO, 147).

O verbo ofereciam concorda com a totalidade do sujeito composto:
vida e honra.

"porque entre ele e Suintila... estd o céti e o inferno" (ID., ibid., 143).

295
#





Jk

I

I i ~

O verbo está concorda, atrativamente, com o sujeito mais próximo
(o céu) da série coordenada o céu e o inferno.
... via-se em todas as faces pintado o espantoso e o terror" (ID., Fragmentos, 124).

O verbo via e o adjetivo pintado concordam, por atração, com o
sujeito mais próximo da série o espanto e o terror.
"Quando a educação, os livros, e o sentir daqueles que nos odeiam, apagou em
nossa alma o selo da cruz" (ID., ibid., 143).

O verbo apagou concorda, por atração, com o sujeito mais próximo
(o sentir daqueles) do sujeito composto, ainda que este venha anteposto
ao verbo.
A concordância de vocábulo para sentido se diz ainda concordância
"ad sensum" ou silepse :
"A plebe vociferava as mais afrontosas; injúrias contra D. Leonor: e se chegassem
a entrar no paço, ela sem dúvida seria feita pedaços pelo tropel furioso" (ID., ibid, 41).

O verbo vociferava concorda com o sujeito plebe que, sendo um cole-
tivo, pôde, pelo seu sentido de plural, levar ao plural o verbo chegassem.
"Era gente colectícia, muitos, acaso, sem pátria da guerra, e por isso pouco
habituados a resignar-se com as várias e tediosas fases de um assédio" (ID., apud
Fragmentos, 51).

O termo gente, de sentido coletivo, é o responsável pela flexão mas-
culina de muitos e habituados, por se levar em conta a idéia de soldados
contida no vocábulo gente.

Concordância nominal
A - Concordância de vocábulo para vocábulo

a) Há um só vocábulo determinado.

O vocábulo determinante irá para o gênero e número do vocábulo
determinado:
"Aflige-nos a glória alheia contestada com a nossa insignificância" (M. DE MARICÁ).
"Os bons exemplos dos pais são as melhores liçôes e a melhor herança para os
filhos" (ID.).
"Eu amo a noite solitária e muda" (G. DIAS, Obras Poéticas, 1, 314).
Eu estou quite. Nós estamos quites.

b) Há mais de um vocábulo determinado.

Observar-se-ão os seguintes casos:

1.0) Se os vocábulos determinados forem do mesmo gênero, o vocábulo
determinante irá para o plural e para o gênero comum, ou concor-

Male
#





r-

dará, principalmente se vier anteposto, em gênero e número com o
mais próximo:

Amava no estribeiro-mor as virtudes e a lealdade nunca desmentidos" (R. DA
SILVA, Contos e Lendas, 124).
"O tom e gesto caricioso, com que ela dizia isto, não moveu medianamente o esposo-
(CAMILO, Queda dum Anjo, 158).
"e os nossos Basílio e Durão, bem assim o Sr. Magalhães..." (0. MENDES, Firgílio
Brasileiro, 72) (1).

OBSF.RVAÇõES:

1.a) É injusta a crítica do gramático E. Carlos Pereira (Gramática Expositiva,
õ427, 3, nota) aos seguintes exemplos: "... a mão esquerda, entre cujos índice e
polegar pendia o pergaminho_" (A. HERCULANO, M. de Cister, 11, 24) e "... pelas
exigências cada vez maiores destas devoradas e insacidveis fome e sede de leitura" (A.
F. DE CAsTiLHo, Fastos, 1, 315).
2.a.) Precedendo um substantivo (título ou prenome), ocorre o plural: Os irmãos
Pedro e Paulo. Os apóstolos Barnabé e Paulo.

2.0)Se os vocábulos determinados forem de gêneros diferentes, o vocá-
bulo determinante irá para o plural masculino ou concordará em
gênero e número com o mais próximo:

"Vinha todo coberto de negro: negros o elmo, a couraça e o saio" (A. HERCULANO,
rurico, 107).
"Como se um grande incêndio devorasse as brenhas e os carvalhais antigos" (ID.,
ibid., 86).
"Caiada a natureza, a terra e os homens" (G. DIAS, Obras Poéticas, 1, 315).

OBSERVAÇÃO: Por uma questão de agrado auditivo (eufonia), prefere-se que
numa série de vocábulos determinados de gêneros diferentes ~ida de vocábulo
determinante no masculino plural, venha o determinado masculino em último lugar.

c) Há um só vocábulo determinado e mais de um determinante.

O vocábulo determinado irá para o plural ou ficará no singular, sendo,
neste último caso, facultativa a repetição do artigo: As literaturas brasi-
leira e portuguesa ou A literatura brasileira e portuguesa ou A literatura
brasileira e a portuguesa.

" e os cronistas tudense e toledano fazem começada a luta dos dous reis depois
daquele consórcio" (A. HERCULANO, H. de Portugal, 111, 86).
"Li um anúncio, convidando mestra de línguas inglesa e francesa para o colégio"
(CAMILO, A Queda dum Anjo, 128).

(1) Comenta com razão SouSA DA SILVEM (Trechos Seletos, 251 da 4.a ed.): "O possessivo
no plural, determinando dolo substantivos do singular, e evitando assim o Impreciso de "o nosso
Basílio e Durgio" e o pesado de "o nosso Basílio e nosso Durão". Cf.: "Os mesmos Pitt e Napo-
lelo, apesar de precom, não foram tudo aos vinte e um anos" (M. oz Aim, Papéis
Avulsos, 88).

297
#





B - Concordância de vocábulo para sentido.

O vocábulo determinante pode deixar de concordar em gênero e
número com a forma do vocábulo determinado para levar em considera-
ção, apenas, o sentido em que este se aplica: o (vinho) champanha, o (rio)
Amazonas.

Entre os diversos casos desta concordância pelo sentido aparecem os
seguintes:

1) as expressões de tratamento do tipo de V. Ex.a, V. S.a, etc.:
V. Ex.a é atencioso (referindo-se a homem)
{ atenciosa (referindo-se a mulher)

2) a expressão a gente aplicada a uma ou mais pessoas com inclusão
da que fala:
"Pergunta a gente a si próprio (refere-se a pessoa de sexo masculino) quanto
levaria o solicitador ao seu cliente por ter sonhado com o seu negócio" (PINHEIRO
CHAGAS apud MÁmo BAwaTo, Vitimos Estudos, 413) (1).

3) o termo determinado é um coletivo seguido de determinante em
gênero ou número (ou ambos) diferentes:
"Acocorada em torno, nus, a negralhada miúda, de dois a oito anos" (H. DE
CAMPOS, Memórias, 84).

Note-se que acocorada e miúda concordam com a forma gramatical
de negralhada, enquanto nus o faz levando em conta o seu sentido
grupo de negrinhos de dois a oito anos).

4) o vocábulo determinado aparece no singular e mais adiante o
determinante no plural em virtude de se subentender aquele no plural:
"Não compres livro somente pelo título: ainda que pareçam bons, são muitas
vezes péssimos" UOÃO RIBEIRO, Gramática Portuguesa, 321).
"Mas não nos constou em que ano começou nem quantos esteve com ele" (FR.
LUIS DE SOUSA apud JoÃo RIBELRO, ibid.) (2).

C - Outros casos de concordância nominal.

1) Um e outro, nem um nem outro. - Com um e outro, nem um
nem outro põe-se no singular o determinado (substantivo), e no plural
ou singular o verbo da oração, quando estas expressões aparecem como
sujeito:

(1) Está correto neste caso também o emprego da concordáricia com a forma gramatical
do vocábulo determinado: "Com estes leitores assim previstos, o mais acertado e modesto é
a gente ser sincera" (CAmmo apud M. BARRETO, ibid., 411).
(2) Pode ocorrer a aparente discordáricia entre um nome e um pronome: "Luís escreveu
uma ode admirável como sabia escrevé-las" (JoÃo RiBirao).

298
#





Ir"-

"Parou um momento e, olhando para um e outro lado, endireitou a carreira

IA. HERCULANO, Eurico, 107).

---Masuma e outra cousa duraram apenas rápido instante" (ID., ibid., 218).

Com nem um nem outro é de rigor o singular para o substantivo e verbo:

em um ne outro livro merece ser lido.

Se as expressões um e outro, nem um nem outro se aplicarem a nomes

de géneros diferentes, é mais comum o emprego das formas masculinas:
"Ali teve el-rei escondido algum tempo, e lá começaram os seus amores com
rainha, que tão fatais foram para um e outro" (A. HERCULANO, Fragmentos, 35).
"Renousavam bem Derto um do outro a matéria e o espírito" (ID., Eurico, 44)

2) Mesmo, próprio, só. C d om. o vocábulo determinado
em gênero e número: ,

Ele mesmo disse a verdade. Ela mesma disse a verdade.

Elas próprias foram ao local

xTA- não estamos sós

"Eles sós se encaminham para essa parte...

" (A. HERCULANO, EUriCO, 153).

Em língua literária, ocorre o adjetivo só variável onde no colóquio se
prefere usar do advérbio só, portanto invariável:

.1 iJA A . - -*- lutar no seu rosto com

as rosas da mocidade" (A. F. GASTILHO, Revista Lisbonense, rt.0 24).

Mesmo, além de se empregar na idéia de identidade (= em pessoa)

aparece ainda como sinônimo de próprio, até :

"ao mesmo demônio se deve fazer Justiça, quando ele a tiver" (Pe. ANTóNIO VIEIRA

apud EPIFÂNto DIAS, Sintaxe Histórica, õ 86-a).

agora (aqui mesmo, já mesmo, agora mesmo) tacilitaram. o aparec me .. o
moderno do vocábulo como advérbio, modo de dizer que os puristas con-

P -1
"... vaidosos de seus apelidos, mas
de imitarem seus avoengos" (CAMILO, O

3) Leso. - É adjetivo, e não forma do verbo lesar, em construçõe
de tipo: crime de lesa-pátria, crime de leso-patriotismo. Por isso há de

concordar com o seu determinado em gênero e número:

---o - a substância não fosse Já um crime de leso-gosto e lesa-seriedade ainda

por cima as pernas saíam sobre as botas" (CAMILO, Queda dum Anjo, 83)

(1) O mesmo Camilo reprovou a um amigo tal prática de linguagem: "Se fizeres terceira
ediçáo deves purificá-la das palavras mesmo como advérbio, posto que tenhas um exemplo em
CAmórs e tros em D. FRANCISCO MANUEL DE MELO" (Correspondéncia Ia11 167
#





#





4 Anexo. - Anexo, como adjetivo, concorda com o vocál)ulo deter-
mião em gênero e número:

Correm anexos aos processos vários documentos.
Vai anexa a declaração solicitada.

5) Meio. - Como numeral, concorda em gênero e número com o
vocábulo determinado claro ou oculto:

"Para aquilatar a importáncia do tropeiro, basta lembrar que o Brasil tem cerca
de oito e meio milhões de quilômetros quadrados de superfície ... " (AFONso ARINOS,
História e Paisagens, 102).

Era meio-dia e meia (i. é: e meia hora).

6) Possível. - Com o mais possível, o menos possível, o melhor pos-
sivel, o pior possível, quanto possível, o adjetivo possível fica invariável,
ainda que se afaste do vocábulo Mais :

Paisagens o mais possível belas.
Paisagens o mais belas possível.
Paisagens quanto possível belas.

Com o plural os mais, os menos, os piores, os melhores, o adjetivo
possível vai ao plural:

Paisagens as mais belas possíveis.

Estão erradas concordâncias como

paisagens as mais belas possível.

Fora destes giros, a concordância de possível se processa normalmente:

"As alturas e o abismo são as fronteiras dele: no meio estão todos os universos
Possivei0 (A. HERCULANO, Fragmentos, 160).

7) A olhos vistos. - É tradicional o emprego da expressão a olhos
vistos no sentido de claramente, visivelmente, em referência a nomes femi-
ninos ou masculinos:

"... padecia calada e definhava a olhos vistos" (M. DF, Assis, Papéis Avulsos,
13, apud. Tradições Cldssicas, 370).

Mais rara, porém correta, é a concordância de visto com a pessoa ou
coisa que se vê:

"As minhas forças medravam a olhos vistas de dia para dia" (CASTILHo apud C.
RiBEixo, Serões Gramaticais, 554).
"O barão desmedrara a olhos visto" (CAmiLo, apud JoÃo CuRioso, Camilo, 32).

300
#





lpp~

i

8) É necessário paciência. - Com as expressões do tipo é necessário,
é bom, é preciso, o adjetivo pode ficar invariável qualquer que seja o
gênero e o número do vocábulo determinado, quando se deseja fazer uma
referência de modo vago ou geral:
É necessário paciência.

É possível ainda, em tais casos, aparecer no singular o próprio verbo
da oração:
"É doce ao velho
Sons d'argentina voz" (G. DIAS apud S. SILVEIRA, Lições de Português, 254).

9) Alguma coisa boa ou alguma coisa de bom. - Em alguma coisa
boa o adjetivo concorda com o vocábulo determinado:
"Quem tivesse reparado em Fr. Vasco perceberia facilmente que na sua alma se
passava também alguma cousa extraordinária" (A. HERCULANO aputi M. BARRETO,
Factos, 144).

Em alguma coisa de bom não concorda com coisa, sendo empregado
neutralmente (como algo de novo, nada de extraordinário, etc.).
Por atração pode-se fazer a concordància do adjetivo com o vocábulo
determinado que funciona como sujeito da oração:

"Que tinha pois, Ricardina, de sedutora ?" (CAMiLo apud, M. BARRETO, Op.
laud., 146).
"Amor próprio do vilão; que a infâmia nada tinha de engenhosa" (ID., ibid.).

10) Um pouco de luz e uma pouca de luz. - Ao lado da construção
normal um pouco de água pode ocorrer a concordáncia atrativa uma
pouca de luz, por se haverem fundido numa só expressão as duas seguintes
maneiras de dizer: pouco de luz + pouca luz (1):

"e aos pés deles os fiéis que obtinham para última jazida uma pouca de terra. .
(A. HFRCULANO, Eurico, 154).

11) Concordância do pronome. - O pronome, como vocábulo deter-
minante, concorda em gênero e número com o vocábulo determinado.
Emprega-se o pronome oblíquo os em referência a nomes de diferentes
géneros:
"A generosidade, o esforço e o amor ensinaste-os tu em toda a sua sublimidade"
(A. HERCULANO, ibid., 35).

12) Nós por eu, vós por tu. - Empregando-se vás em referência a
uma só pessoa, põe-se no singular o adjetivo:
-Sois injusto comigo" (A. HERCULANO apud EMÂNio DIAS, Sint. Hist, õ14-b).

(1) Dá-se ao fenómeno o nome de contaminação ou cruzamento sintático. Cf. pág. 331.

301
#





1, , 1

Ao se empregar, em idênticas condições, o pronome nós, o adjetivo
pode ficar no singular ou ir ao plural:

Antes sejamos breve que prolixo.
"Entre o desejo de alimentar a curiosidade do leitor e o receio de faltar à exação
histórica, hesitávamos perplexos" (A. HERCULANO, ibid.).

13) Alternância entre adjetivo e advérbio. - Há casos em que a
língua permite usar ora o advérbio (invariável) ora o adjetivo (vari"Vamos a falar sérias"(CAMiLo apud. M. BARRETo, Novos Estudos, 265) (adjetivo).
Vamos a falar sério (advérbio).
"Os momentos custam caros" (R. DA SILVA, ibid.) (adjetivo).
Os momentos custam caro (advérbio).
"Era esta a herança dos miseráveis, que ele sabia não escassearem na quase soli-
táría e meia arruinada Cartéia" (A. HERCULANO, EUriCO, 12).

A distinção entre adjetivos e advérbios só se dá claramente quando
o vocábulo determinado está no feminino ou no plural, onde a flexão nos
leva a melhor interpretar o termo como adjetivo.
Notemos, por fim, que alerta é rigorosamente um advérbio e, assim,
não se deve flexionar:

Estamos todos alei-ta.

Há uma tendência para se usar deste vocábulo como adjetivo, mas
a língua padrão recomenda se evite tal prática.

14) Particípios que passaram a preposição e advérbios. - Alguns
particípios passaram a ter emprego equivalente a preposição e advérbio
(como, por exemplo, exceto, salvo, mediante, nio obstante, tirante, etc.)
e, como tais, normalmente devem aparecer invariáveis. Entretanto, não
se perdeu de todo a consciência de seu antigo valor, e muitos escritores
procedem à concordância necessária:
,, Os tribunais, salvas exceções honrosas, reproduziam... todos os defeitos do sis-
tema" (R. DA SILVA, História de Portugal, IV, 67).
"A iazão desta diferença é que a mulher (salva a hipótese do cap. ci e outras)
entrega-se por amor. . . " (M. DE Assis, Brás Cubas, 327).

Como bem pondera Epifánio Dias, flexionar tais vocábulos
"é expressar-se na verdade com correção gramatical, mas de modo desusado" (Sint.
histórica, % 220-a).

15) A concordância com numerais. - Quando se empregam os car-
dinais pelos ordinais, não ocorre a flexão:
Página um. Figura vinte e um.

OBsER%AçÃo: Na linguagem jurídica diz-se: A folhas vinte e uma. A folhas
quarenta e duas.

302

r"
#





CotirnrdAncia verbal

A - Concordíncia de vocábulo para vocábulo

a) Há um só sujeito

que seja um coletivo:

1) Se o sujeito for simples e singular, o verbo irá para o singular, ainda

"A vida tem uma só entrada: a saída é por cem portaC (M. DE MARICÁ)

2) Se o sujeito for simples e plural, o verbo irá para o plural:
"Os bons conselhos desprezados sdo com dor comemorados" (ID.).
"A virtude aromatiza e purifica o ar, os vícios o corrompem" (ID.).

"Povo sem lealdade não alcança estabilidade" (ID.).

b) Hd mais de um sujeiu

Se o sujeito for composto, o verbo irá, normalmente, para o plural,

qualquer que seja a sua posição em relação ao sujeito:

*'... os ódios civis, as ambições, a ousadia dos bandos e a corrupçâo dos costu
liaviam feito incríveis progressos" (A. HEILCULANo, Eurico, 21).

"Repeti-as, porque se me ofereciam vida e honras a troco de perpétua infância"

(ID., ibid., 144).

i ORSERVACUS:

1 a) Pode dar-se a concordância com o núcleo mais próximo, principalmente se
sujeito vem depois do verbo: "O romeiro é livre como a ave do céu: respeitam-no o
besteiro e o homem d'armas: dá-lhe abrigo o vilão sob o seu colmo, o abade no

2.a) Quando o núcleo é singular e seguido de dois ou mais adjuntos
verbo no plural, como se tratasse na realidade de sujeito composto:

"ainda quando a autoridade paterna c materna fossem delegadas..." (A. GARRETT,

3.a) Nas obras com mais de um autor adota-se modernamente o hábito alemão
de se indicar a autoria com os nomes separados por hífen, caso em que o verbo da
oração vai ao plural ou ao singular (levando-se, neste caso, apenas em conta a obra
em si): Meillet-Ernout dizem (ou diz) no seu Dictionnaire Etymologique - que a

Quando o sujeito simples é constituído de nome ou pronome que
se aplica a uma coleção ou grupo, pode o verbo ir ao plural. A língua
moderna impõe apenas a condição estética, uma vez que soa geralmente
#





Se houver, entretanto, distância suficiente entre o sujeito e o verbo
e se quiser acentuar a idéia de"plural do coletivo, não repugnam à sensi-
bilidade do escritor exemplos como os seguintes:

"Começou então o povo a alborotar-se, e pegando do desgraçado cético o arrastaram
até o meio do rossio e ali o assassinaram, e queimaram, com incrível presteza" (A. HER-
CULANo, Fragmentos, 83).
"Faça como eu: lamente as misérias dos homens, e viva com eles, sem participar-lhe
dos defeitos; porque, meu nobre amigo, se a gente vai a rejeitar as relações das famílias,
justa ou injustamente abocanhadas pela maledicéncia, a poucos passos não temos quem
nos receba" (CAMILO, A Queda dum Anjo, 64).

C - Outros casos de concordância verbal.

1) Sujeito constituído por pronomes pessoais.

Se o sujeito composto é constituído por diferentes pronomes pessoais
em que entra eu ou nós, o verbo irá para a 1.a pessoa do plural:

"vínhamos da missa,ela, o pai e eu" (M. nF, Assis, Brds Cubas, 309).

Se na série entra tu ou vós e nenhum pronome de 1,a pessoa, o verbo
irá normalmente para a 2.a pessoa do plural:

"E, assim, te repito, Carlota, que Francisco Salter voltará, será teu marido, e
tereis (i. é, tu e ele) larga remuneração dos sofrimentos que oferecerdes a Deus. . . "
(CAMILO, Carlota Angela, J9).

OBSERVAÇÃO: ou porque avulta como idéia principal o último sujeito ou porque,
tia língua moderna, vai deiaparecendo o tratamento vós, pode, nestes casos, o verbo
aparecer na 3.a pessoa do plural:

"quando tu e os outros velhacos da tua laia lhe estorroaram na cara lixo e terra.. .
(A. HERCULANO, Monge de Cister, 1, 152, apud S. ALI, Gram. Histórica, 11, 69).

2) Sujeito ligado por série aditiva enfática.

Se o sujeito composto tem os seus núcleos ligados por série aditiva
enfática (não só... mas, tanto ... quanto, não só... como, etc.), o verbo
concorda com o mais próximo ou vai ao plural (o que é mais comum
quando o verbo vem antes do sujeito):
"Tanto o lidador como o abade haviam
com toda a precaução" (A. HERCULANO, O Bobo, 184).

3) Sujeito ligado por com.

seguido para o sítio que ele parecia buscar

Se o sujeito no singular é seguido de outro no singular ou no plural
através da preposição com, pode o verbo ficar no singular, ou ir ao plural
para realçar a participaçjo simultdnea na açjo :

304
#





Ir-

"El-rei, com toda a corte e toda a nobreza, estava fora da cidade, por causa
peste em que então Lisboa ardia" (A. HERCULANO, Fragmentos, 84).
"Estas exDlica~ não evitaram nue o desembar dor --

1 O5"us
prognosticassein o derrancamento, do morkado da Agra..." (CAMILO, A Queda dum
Avio, 108).

Em lugar de com pode aparecer outra expressão de sentido aditiv
"Nesta conjuntura, um deputado dileto da rainha, por nome Antônio José da
Silva Peixoto, coadjuvado pele foliculdrio José Acúrsio das Neves, levantaram-se
prorromperam em "vivas"... (CAMILo apud. M. ~RETO, Novos Estudos, 206).

4) Sujeito ligado por nem. .. nem.

O sujeito composto ligado pela série aditiva negativa nem ... nem
1.--- ^ 11 1

--- o norma mente ao niural e, as vezes ao singular:

"É a nobre dama recém-chegada, à qual nem o cansaço de trabalhosa jornada,
nem o hábito dos cômodos do mundo puderam impedir..." (A. HERCULANO, Eurico, 136).
... "nem Deus, nem o mundo lhes dará a mínima recompensa" (ID., Fragmen-
tos, 16).

5) Sujeito ligado por ou.

O verbo concordará com o sujeito mais próximo se a conjunção
indicar:

a) exclusão:

"a quem a doença ou a idade impossibilitou de ganharem o sustento " (A
HERCULANO, Fragmentos, 16).

b) retificação de mímero gramatical

Xantares é o nome que o autor ou autores do Cancioneiro chama
dos Nobres dão a cada um dos poemetos.

c) identidade ou eauivalência :

" (ID., O Bobo, 131)

O professor ou o nosso segundo pai merece o respeito da pátria

Se a idéia expressa pelo predicado puder referir-se a toda a série o
sujeito composto, o verbo irá para o plural:

"A nulidade ou a validade do contrato... eram assunto de direito civil"
HERCULANO, apud Fragmentos, 20).

6) Sujeito representado por expressão como a maioria dos homens.

Se o sujeito é representado por expressões do tipo de a maioria de,
a maior parte de, grande parte de, parte de e um nome no plural, o verbo
irá para o singular ou plural:

11 a maior parte deles recusou segui-lo com temor do poder da regente" (A,
HERCULANO, Fragmentos, 38).
#





7) A concorddncia do verbo ser.

a) Se o sujeito é constituído por um dos pronomes isto, isso, aquilo,
tudo e o verbo da oração é ser seguido de predicativo no plural, o verbo
vai para o singular ou plural, sendo este último caso o mais freqüente-

"A pátria não é ninguém: sgo todos" (RUI BARWSA, Discurso no Colégio Anchieta, 11).
"Justiça é tudo, justiça é as virtudes todas" (A. GAR=, Educação, 45).

b) Se o sujeito denota pessoa, o verbo ser concorda com o sujeito,
qualquer que seja o número do predicativo:

Ela era as preocupações do pai.

c) Se o sujeito da oração que denota identificação é expresso por
substantivo e o verbo é ser seguido de pronome pessoal, o verbo concorda
em número e pessoa com este último-

Os responsáveis somos nós.

d) Nas orações interrogativas iniciadas pelos pronomes quem, que, o
que, o verbo ser concorda com o nome ou pronome que vier depois:

O que são comédias P (CAMJLO, A Queda dum Anjo, 40).
Quem eram os convidados?

e) Nas orações em que aparecem expressões como é muito, é pouco,
é mais de, é tanto seguidas de determinação de preço, medida ou quanti-
dade, o verbo ser é empregado no singular:

Três mil cruzeiros é pouco pelo serviço.

õ 473).

f) Nas orações que exprimem horas, datas, distáricias, o verbo ser
concorda com a expressão numérica:

"Eram quatro de agosto, quando se encontraram" (A. HERCULANo, FragmenIns. 70).
Da cidade à ilha são vinte quilômetros.
"Eram as horas da treva profunda" (ID., Eurico, 52).

Com a expressão perto de se encontra às vezes o singular-
"Era perto de duas horaV (M. DE Assis, apud S. SILVEMA, Liç6es de Português,

g) Na expressão era uma vez um rei, que introduz narrações, pode-%-e
considerar o verbo como intransitivo (com sujeito um rei), ou como
transitivo direto sem sujeito (= havia uma vez um rei). No primeiro
caso, o verbo concorda com o sujeito se não houver a expressão uma vez :

M as:

Era um rei.
Eram um rei e uma rainha.

Era uma vez um rei e uma rainha.

306






T

8) A concorddncia com mais de um.

Depois de mais de um o verbo é em geral empregado no singular

"... mais de um poeta tem derramado..." (A. HERCULANO, Fragmentos, 155)

"Mais de um coração de guerreiro batia apressado_" (ID., ibid, 169).
"Sei que há mais de um que não se envergonharam dela" (ID., ibid.).

Nas orações exclamativas com que de (= que quantidade de) seg
de substantivo no Dlural o verbo vai ao plural:

Se o sujeito for constituído de um pronome plural de sentido partitivo
(quais, quantos, algumas, nenhuns, muitos, poucos, etc.), o verbo con

corda com a expressão Partitiva introduzida Dor de ou dentre :

"Quais dentre vós... sois neste mundo sós e não tendes quem na morte regu
com lágrimas a terra que vos cobrir? Quais de vós sois, como eu, desterrados no meio

do gênero humano? (A. HERCULANO, Eurico, 188-9).

"quantos dentre vós estudam conscienciosamente o passado?" UOSÉ DE ALENCAR

a) Se o sujeito da oraçãoé,o pronome relativo que, o verbo concorda
com o antecedente, desde aue este não funcione como nredicativo de

"Não gastava ele as horas que lhe sobeia m do ercício do seu laborioso minis.

tério numa obra do senhor?" (A. HERCULANO, Eurico

18).

"Ô tu, que tens de humano o gesto e o peito" (CAMõEs, Lusiadas, 111, 127).

b) Se o antecedente do pronome relativo funciona como predicativo,
o verbo da oração adjetiva pode concordat com o sujeito de sua principal
ou ir para a 3.a pessoa (se não se quer insistir na Intima relação entre o

I

"já que não me é dado buscar-te, serás tu que virds lançar-te nos braços do te

"Sou eu o primeiro que não sei classificar este livro" (ID., ibid., 311).

'Irarnos dois sócios, que entra m no comércio da vida com diferente canítal'

~(M. uE Assis, apud S. SILVFiRA, Liç6es de Português, õ461)
#





c) É de rigor a concordància do verbo com o sujeito de ser nas expres-
sões de tipo sou eu que, és tu que, foste tu que, etc. (era prática da língua
até fins do séc. xviu usar um pronome demonstrativo como antecedente
do relativo : sou eu o que, etc.):
"Não fui eu que o assassinei" (A. HERCULANO, apud SAID ALI, (.ram. Histórica,
11, 75).
"Foste tu que me buscaste" (ID., íbid.).

d) Se ocorrer o pronome quem, o verbo da oração subordinada vai
para a 3.a pessoa do singular, qualquer que seja o antecedente do relativo,
ou concorda com este antecedente('):
"Eram as paixões, os vícios, os afetos personalizados quem fazia o serviço dos
seus poemas" (A. HERCULANO, apud SAiD ALI, ibid., 77).
"És tu quem dás rumor à quieta noite,
És tu quem dás frescor à mansa brisa,
Quem dds fulgor ao raio, asas ao vento,
Quem na voz do trovão longe rouquejas" (G. DiAs, apud SAiD ALI, ibid.).

e) Em linguagem do tipo um dos.. . que, o verbo da oração adjetiva
pode ficar no singular (concordando com um) ou no plural (concordando
com o termo no plural), prática, aliás, mais freqüente.
"Este era um dos que mais se doíam do procedimento de D. Leonor" (A. HERCULANO,
Fragmentos, 37).
"Um dos nossos escritores modernos que mais abusou do talento, e que mais
portentos auferiu do sistema..." (ID., ibid, 46).
O singular é de regra quando o verbo da oração só se aplica ao seletivo um.
Assim nos dizeres "foi um dos teus filhos que jantou ontem comigo", "é uma das
tragédias de Racine que se representará hoje no teatro", será incorreto o emprego do
número plural; o singular impõe-se imperiosamente pelo sentido do discurso" (E.
CARNEIRO RIBEIRO, Redação do Projeto 763, ed. 19055).

12) A concorddncia com os verbos impessoais.

singular:

Nas orações sem sujeito o verbo assume a forma de 3.a pessoa do

Há vários nomes aqui.
Deve haver cinco premiados.
Não o vejo hd três meses.
Não o vejo faz três meses.
OBSEMAÇÃO: Os exemplos literários que se encontram de tais verbos no plural
não ganharam foros de cidade: "Houveram alguns que alumiados da graça do Espírito
Santo abraçaram o culto e a fé de Cristo" (FILINTO EUSIO, Vida e Feitos dTI-Rei
D. Manuel, 1, 20).
"Houveram coisas terríveis" (CAMiLo, apud. JoÃo CURIOSO, Camilo, 1, 98.)

(1) Sobre esta última possibilidade comenta SAro ALI: "À força de combater-se unia con-
cordância que não é mais do que o corolário de um fenômeno de sintaxe histórica portuguesa
fundada em sintaxe latina, tem desaparecido da linguagem literária o emprego de quem com
verbo em 1.& e 2.4 pessoa, vigorando todavia a antiga concordáricia desde que se empregue
que em lugar de quem" (op. laud.).

308
#





num&ica:

13) A concordância com dar (e sinônimos) aplicado a horas.

Se aparece o sujeito relógio, com ele concorda o verbo da oração:

O relógio deu duas horas.

Não havendo o sujeito relógio, o verbo concorda com a expressão

No relógio deram duas horas.

14) A concordância com o verbo na passiva pronominal.

A língua padrão exige que o verbo concorde com o termo que a gra-
mática aponta como sujeito (Cf. pág. 104):

Alugam-se casas.
Vendem-se apartamentos.
Fazem-se chaves.

15) A concordância na locução verbal.

Havendo locução verbal cabe ao verbo auxiliar concordar com o
sujeito:

"Bem sei que me podem vir com duas objeçôes que geralmente se costumam faze?."
(Colóquios Aldeões, apud M. BARRETo, Novos Estudos, 215).

Se se considera costumar' fazer como dois verbos principais sem que
haja locução verbal, o costumar terá como sujeito a 2.a oração que, con-
siderada materialmente, vale como substantivo do número singular (cf.
pág. 112, nota final):

"Não se costuma Punir os erros dos súditos sobre,a efígie venerável dos monarcas"
(R. DA SILVA, apud M. BARRETO, ibid.).

: . Assim se poderá dizer:

As estrelas parecem brilhar (loc. verbal)
{ parece brilharem ( = parece brilharem as estrelas)

Em as estrelas parecem brilharem temos a contaminação sintática das
duas construções.

Com poder e dever seguidos de infinitivo, a prática mais generalizada
é considerar a presença de uma loc. verbal:

"Quando, porém, o sentido determinar exatamente o sujeito verdadeiro, a con-
cordância não pode ser arbitrária. Ex.: Quer-se inverter as leis, e nunca querem-se
inverter as leis. Neste caso é evidente que o único sujeito possível. é inverter" (Jolo
RIBEiRo, Gramática Portuguesa, 322).

309
#





J

16) A concordância com a expressão não (nunca) ... senão.

O verbo concorda com o termo que se segue a senão :

"Ao aparecer o dia, por quanto os olhos podiam alcançar, não se viam senão
cadáveres" (A. HERCULANo, Fragmentos, 117).

O mesmo ocorre com não (nunca) ... que (do que): Não se viam
mais que cadáveres.

17) A concorddneia com títulos no plural.

Geralmente se usa o verbo no Plural:

"Por isso, as Cartas Persas anunciam o Espírito das Leis" (M. BARRETO, trad. (ias
Cartas Persas, XII).

Com o verbo ser e predicativo no singular pode ocorrer o singular:

"as Cartas Persas é um livro genial..." (ID., ibid.).

18) A concordância no aposto.

Quando ocorre o aposto resumitivO, através de tudo (nada, ninguém,
etc.) o verbo concorda com este, e não com o sujeito-

Alegrias, tristezas, saudades, nada o fazia chorar.

6 - REGÊNCIA

Ao que dissemos no capítulo sobre complementos verbais e nominais
e emprego de preposição, cumpre acrescentar os seguintes principais casos:

1) Isto é para eu fazer. - Se a preposição seguida de pronome não
serve de introduzir este pronome (que funciona como sujeito), mas uni
infinitivo, usam-se as formas retas eu e tu, e não mim e ti

Isto é para mim (a preposição introduz o pronome).
Isto é para eu fazer (a preposição introduz o infinitivo: isto é, para que eu faça).

2) Pedir para. - O verbo pedir pede objeto direto de coisa pedida
e indireto de pessoa a quem se pede-

Pedi-lhe (obj. indireto) um favor (obj. direto)

Se o objeto direto é licença (ou equivalente), pode-se acrescentar uma
oração adverbial de fim que indique o objetivo do pedido:

Pediu-lhe licença para sair (ou para que saísse)

310
#





Este objeto direto licença pode calar-se, mas o sujeito de pedir s
mesmo do verbo da subordinada:

A linguagem coloquial aproximou as idéias de pedir que algo aconteça
(oração objetiva direta) e trabalhar para que algo aconteça (oração adver-

bial final), passando a usar a Dreposição Para a introduzir a

seria objeto direto do verbo Pedir:

Os gramáticos ainda não aceitaram a operação mental, apesar da
insistência com que penetra na linguagem das pessoas cultas. O novo modo
de expressão traz também uma ambigüidade, porque se fica sem saber qual

é, na realidade, o sujeito da oração subordinada. Ern:

custa-nos a dizer de pronto se quem sai é o mesmo Antônio ou José. O
gramático só considera a expressão correta se o sujeito for Antônio, mas
a linguagem coloquial constrói o período como se o sujeito fosse José, pois
interDreta a oracão subordinada como obietiva direta: Antônio tiediu

Sob a alegação de que o objeto direto oracional não pode vir intro-
duzido por preposição (argumento, aliás, fraco pelo que vimos na página
237) é que gramáticos repudiam tal linguagem. Pode-se ver na construção
o para como posvérbio iniciando a oração objetiva direta para denotar o

3) Está na hora da onça beber ágtw. - A possibilidade de se por o
sujeito de infinitivo antes ou depois desta forma verbal nos permite dizer:

Este último meio de expressão aproxima dois vocábulos (a preposição
de e o artigo a) que a tradição do idioma contrai em da, surgindo assim

construção normal que não tem repugnado os ouvidos dos que melhor
conhecem e escrevem a língua portuguesa. Alguns gramáticos viram aí,
entretanto, um solecismo, pelo fato de se reger de preposição um sujeito.
Na realidade não se trata de regência preposicional do sujeito, mas do
contato de dois vocábulos que, por hábito e por eufonia, costumaram vir
incorporados na pronúncia. A lição dos bons autores nos manda aceitar
#





ambas as construções, de a onça beber água e da onça beber água. Que
a contração é possível mostram-nos os seguintes exemplos:

" - . . só voltou depois do infante estar proclamado regedor" (A. HERCULANO, Frag-
mentos, 44); "Sabia-o, senhor, antes do caso suceder" (Itt., Lendas e Narrativas, 1, 267):
"se, por exemplo, me concederem um monopólio do plantar couves, apesar das couves
serem uma das espécies de legumes" (R. BARBOSA, apud PEDRo A. PINTO); "Pelo fato
do verbo restituir, numa das suas acepçães, e entregar, em certos casos, terem..." (E.
CARNEIRO RiBEiRo, Redação do Projeto do Código Civil, 579); "tio caso do infinitivo
trater compl. direto" (EPIFÂNi<) DIAS, Sint. Histór., õ289-b),

Que não se trata de um erro tipográfico, mas de um fato da língua,
prova-o o seguinte fato: a contração constitui a norma na História de Por-
tugal, de Rebelo da Silva; na pág. 87 do vol iv, entretanto, escreveu:

"Nem o rei, nem o ministro apreciaram o perigo, senão depois de ele declarado
e irremedidvel".

Na página de erratas, contudo, declara textualmente- "Onde se lê:
depois de ele leia-se depois dele (d'elle no original)".

Menos felizes são as pretensas correções que Rebelo Gonçalves (1)
propõe para:

"devido ao avião se ter atrasado", "pro menino ver", que se devem substituir,
segundo ele, por: "devido a o avião", "pra o menino".

4) Migrações de preposição. - Com muita freqüência vê-se migrar
a preposição que deveria aparecer com o relativo para junto do antece-
dente deste pronome:

Não sei no que pensar por
Não sei o cm que pensar

Destas migrações resultam giros mais agradáveis ao ouvido e que nos
afastam de certas durezas de estilo artificial a que nos poderia levar a
construção rigorosamente gramatical, como se depreende dos seguintes
trechos de Rui Barbosa:

"Assim me perdoem, também, os a quem tenho agravado, os com quem hotiver
sido injusto, violento, intolerante_" (Oração aos Moços, 23); "e daí, com estupenda
mudança, começa a deixar ver o a que era destinada_" (ibid, 36).

Estas migrações correm na língua literária apadrinhadas pelos seus
melhores representantes. Alexandre Herculano nos dá testemunho do fato:

"A barra é perigosa, como dissemos; porém a enseada fechada é ancoradouro seguro,
pelo que (= o por que) tem sido sempre couto dos corsários de Berbéria" (Fragmentos,
69); "... até o induzirem a mandá-lo sair da corte, ao que (= o a que) D. Pedro
atalhou com retirar-se antes que lhe ordenassem" (ibid., 91).

(1) Tratado de ortografia Portuguesa, 286.287.

312
#





É interessante a posição da preposição de a introduzir o predicativo

"O aue Drecisamos é de bracos valorosos e de peitos resolutos" (REBELO DA SI A

Note-se de passagem que, em construções como a do último exemplo
é Dossível haver O Dleonasmo da preposição, a qual aparece antes do termo

a que rigorosamente se prende e antes de de braços :

"O de que me não penitencio, é do esmero, bem ou mal sucedido, que pus en
dar os cuidados que dei à forma, com que nos veio da cárnara o projeto" (R. BAPBOSA
Réplica, apud M. BARRETO, Através do diciondrio, &a ed., 235 e ss.).

5) Complementos de termos de regência& diferentes. - O rigor gra
matical exige que não se dê complemento comum a termos de regênciE
de natureza diferente. Assim não podemos dizer, consoante este preceito

porque entrar pede a preposição em e sair a preposição de

Ao gênio de nossa língua, porém, não repugnam tais fórmulas abre-
viadas de dizer, principalmente quando vêm dar à expressão uma agra-
dável concisão que o giro gramaticalmente lógico nem sempre conhede:

"Tenho-o visto ~ntrar e sair do Colégio de S. Paulo" (A. HERCULANO, Monge de
Cister, 1, 154); "._ que se deduz daí a favor ou contra o direito de propriedade

Estendem certos autores a proibição aos dizeres em que duas ou mai
preposições de sentido diferente, e até contrário, se referem a um só termo

1
Para tais autores devemos dizer: com vantagens ou sem elas, antes da
luta e de-bois dela, ou repetindo-se o substantivo como z M. de Assis em:

"Os gritos da vítima, antes da luta e durante a luta, continuavam a repercutir

Salvo as situações de ênfase, como a que se depreende do trecho
acima, a língua dá preferência às construções abreviadas que a gramática
insiste em condenar, ainda que tenha o peso de ilustre sabedor como

6) Emprego de relativos precedidos de preposição. - O pronome

relativo exerce função sintática na oração a que pertence
#





a) Sujeito : O livro que está em cima da mesa é meu.
b) Obj. direto . O livro que eu li encerra uma bonita história.
c) Predicativo : Somos o que somos.

d) Objeto indireto: O livro de que precisamos esgotou-se.

e) Adjunto adverbial: O livro por que aprendeste a ler é antigo.
A casa em que moro é espaçosa.
O filme a que assististe saiu do cartaz.

f) Agente da passiva : Este é o autor por que a novela foi escrita.

As três primeiras funções sintáticas dispensam preposição enquanto
as três últimas a exigem. Deve-se evitar, em língua literária, o emprego
do relativo universal (cf. pág. 272).

7) Relação de regências de alguns verbos e nomes('):

A

Abalançar-se a
aborrecer-se com
abrigado de
absolver de
abster-se de
abundar em
abusar de
acautelar-se com
aceder a
acessível a
aceito a
acercar-se de
acomodar-se a
acontecer a, com
aconselhar a
acordar com
acusar de
adaptar a
adequado a
aderir a
admirar-se de, com, por
afastar' de
afável com, para com
afixar a
agradar a
agradável a
agradecer a

agregar-se a
ajudar a (e trans. direto)
ajuntar a, -se com
alhear-se de
alheio a
alimentar com, de
almejar por, (trans. di-
reto)
aludir a
amante de
ameaçar com
amercear-se de
amigo de
amofinar-se com
amoroso COMI para com
análogo a
anelar por
ansiar por, (trans. direto)
ansioso de, por
antecipar-se a
antepor a
anterior a
apaixonar-se por, de
aparentado com
apartar de
apegar-se a
apelar para

(1) Gulamo-nos Pela relaçao que se encontra era ANTZNOIL
111, 35 e as.

314

aperceber-se de
apetrechar-se com
apiedar-se de
#





aplicar-se a
apoderar-se de
apoiar-se em
aportar a
aprender a
apressar-se a, em, por
aproveitar-se de
apto para, a
argüir de
arrancar (trans. direto)
aproximar-se a, de
arrepender-se de
arribar a
arrimar-se a
arriscar-se a
arrostar-se com
aspirar a ( = desejar)
trans. direto (= inspirar)
assemelhar-se a, com
assenhorear-se de
assentir a
assinalar com
assistir a (= presenciar)
assustar-se com

~Ta, Idioma Nacional,
#





atrever-se a, em
atribuir a
aumentar
ausentar-se de
autorizar a
avaliar em
avaro de

ao lugar)
cheio de
cheirar a
cheiro a, de
chorar por
cingir de, (-se) a
circunscrever-se a
circunvizinho de
clamar por
cobiçoso de
cobrar de
cobrir de
coetâneo de
coevo de, a
coexistir com
coincidir com

coligar-se com
combater contra, por
combinar com
começar a, por
comedir-se com, em
cometer a
compadecer-se de
comparar a, com
comparecer a
compatível com
compelir a
competir com, a
compor-se de
comprazer a, (-se) en
com
compreensível a
comprometer-se
comprovar com
comum a, de
comungar com
comunicar a
comutar em
concentrar em
concordar com, em
conforme a, com
concorrer a, com

conferenciar com
confessar a
confiar em, a
confinar com
conformar-se com,
conforme com, a
confrontar com
confundir-se com
congraçar-se com
congratular-se com
consagrar a
consentir em, tr. dir
considerar como

#





conspirar a, contra,
para
constante em
contagiar-se. com
contaminar-se de, com
contemporizar com
contemporâneo de
contender com, de

O alemáo tem dois verbos diferentes: rufen e heissen. já é muito corrente no Brasil a cons
truçâo chamar de com obj. dir., contaminada de Outra$ como acusar, argüir dC (A
#





contribuir para, com
convalescer de
conversar comQ)
convencer-se de
converter em, a
convidar a, para
convir a, com, em
convocar a, para
cooperar com, para

Dar a, em, com, por
decair de
decidir sobre
declarar-se contra
declinar a, para
declinar de
dedicar a
dedignar-se de
deduzir de
deitar-se a, em, sobre
deleitar-se com, em, de
denotar (tr. direto). a,
em
deparar com, (tr. direto)
depender de
dependurar de
depressivo de
derivar de
desafiar para, (tr. direto)
desagradar a
desagradável a
desalojar de
desapegar-se de
desapossar de
desapropriar de
desatar de, era
desatento a
desavir-se com
descansar com
descansar de
descartar-se de
descender de

Eleger por, em, como
embaraçar-se com
embeber de, em

coroar de, com
corresponder
com
corrigir-se de
cotejar com
crer em, a, (tr.
cristalizar em
cruel com, para
cuidadoso com

D

a, (-se)

direto)

com

descer de, a
#





desconfiar de
descontar de
descontente com
descuidar-se de
desculpar-se de, com
desdizer-se de
desejoso de
desembaraçar-se de
desempenhar-se de
desenganar-se de
desertar de
desesperar de
desfavorável a
desfazer-se de
desgostar-se de, com
designar-se de
desistir de
desleal a
desobedecer a
despedir-se de
despenhar de
despojar de
desprender de
desquitar-se de
destituir de
deter-se em, com
determinar-se a
dever (tr. direto); de (3)
devoto de
diferenciar de
diferente de

embelezar-se com
embevecer-se em, com
emboscar-se em

cuidar de, em, (tr. di-
reto)
culpar de
cúmplice em
cumprir com, a(2)
curar-se de
curioso de
curtir-se em

difícil de
dignar-se de, a
digno de
diligente em, para
discordar de
discrepar em
disfarçar em
dispensar de, a
dispor de, -se a, para
disputar com
dissemelhante de
dissentir de
dissuadir de
distar de
distinguir de
distrair-se com
distribuir a, por, com,
entre
ditoso com
diverso de
divertir-se com
#





divorciar-se de-
doce a
dócil a
doente de
doer-se de
dotado de
dotar com, em
doutor em
duro de
duvidar de

embriagar-se de, com
embutir em
emendar-se de

(1) Usa-se também transitivo em Portugal, com o sentido de namorar, tratar intimamente.
(2) Ou cumprir simplesmente.
(3) Sem a preposiçáo expríme obrígaçáo; com de, probabilidade. Ex.: roce deve ter
capricho. Ela deve de ter cerca de quinze anos.

316
#





I P_

Fácil de
falar de, em, com, a,
sobre
faltar com, a
-falto de
fartar com, de
fatigar-se de, com
favorável a
fechar (-se) a
fecundo em

Gabar-se de
galardoar com
ganhar de, a
generoso com
glorificar-se de
gordo de

Hábil em habituado a
habilitar com, para haver-se com
habituar-se a herdar de

empapar de, em, com
empenhar-se por, em,
com
empregar-se com
emular com
êmulo de
encarar COM
encarregar de
encarniçar-se com,
contra
encharcar-se em
encher de
encomendar a
encontrar-se com
enfadar-se com
enfastiar-se de, com
enfatuar-se com
enfeitar-se com
enfermar de
enfurecer-se com, contra
engalanar-se com
enganar-se com, em
engenhar-se a
engolfar-se em
enlaçar-se em
enlear-se em
enraivecer-se contra

feder a
felicitar por
fértil de, em
fiar-se em, de
fiel a
fincar-se em
firme em
florescer em
folgar de, em
formar-se em

gostar de
gostoso a
gozar de
#





graduar-se em
grande de
grato a

317

enredar-se em
ensaiar-se em, para
ensinar a
entender de
entendido em
entregar-se a
entreter-se com
entristecer-se com, de
envaidar-se com, por
envelhecer (sem de!)
equiparar a, com
equivalente a
equivaler a
eriçado de
erudito em
escapar a, de
escapulir de
escarmentado de, com
escarnecer de
escasso de
escolher entre
escrupulizar em
escusar-se de
esforçar-se em, por, para
esmaltar de
esmerar-se em
espantar-se com, de

especular com, em
esperar de, em
espraiar-se em
esquecer-se de
essencial para
estabelecer-se com
estender-se em, a, por
estéril de
estimular a, com
estranho a
estreito de
estribar-se em
estropiado de
exato em
exceder a, em
exceptuar de
excitar a
excluir de
exercitar-se em
exortar a
expor a
extrair de
exigir de, a
eximir de
exonerar de
extorquir a, de

forrar de, com
forte de, em
fraco de, em
franco para com, de, em
franquear de, a
#





frouxo de
fugir de, a
fundar-se em
furioso com, de
furtar a

gravar com
o a
r.v,.0.' de
guardar-se de
guarnecer com
guerra a
guindar-se a

horror a
hostil a
humilhar-se a
#





I

Ida a
idêntico a
idóneo para
imbuir-se de, em
imediato a
impaciente com
impedir de
impelir a
impenetrável a
impetrar de
implicar com
impor a
importar a (impessoal),
de (país), em (quan-
tia (1)
impossibilitar para
impossibilidade de
impossível de
impotente contra, para
impróprio para
imputar a
inábil para
inabi)itar para
inacessível a
incansável em
incapaz de, para
incerto de, em
incessante em
incidír em
incitar a
inclinar a, para
incluir em
incompatível com
incompreensível a
inconseqüente com

inconstante em
incorporar a, em
incorrer em
incrível a, para
inculcar em
incumbir de
indébito a
indeciso em
indenizar de
independente de, em
indiferente a
indignar-se com
indigno de
indispor contra, (-se)
com
indócil a
indulgente para, para
com
indultar de
induzir a, em
inerente a
ínexorável a
infatigável em
,infeccionar em
inferior a
inferior de
infestar de
infiel a
#





inflamar-se de
inflexível a
influir em, para, sobre
informar sobre, de, (-se),
de
ingerir em
ingrato com, para com

inibir de
iniciar em, a
inimigo de
inimizar-se com
injuriar com
inocente de
inquietar-se de, com
insaciável de
insensível a
inseparável de
inserir em
insinuar em
insípido a
insistir sobre, em
instar por, a
instruir de
inteirar-se de
intercalar entre,
interceder por
interessar-se por
intermédio a
internar-se em
ínterpolar entre, com
interpor entre
interrogar a
intervir em
intolerante com, para
com
intrometer-se em
inundar de, em
inútil para
investir contra, com
irmanar com
isentar de

jactar-se de juncar de juntar a, com
jubilar em jungir a justificar de

L

Lamentar-se de
lançar em, (-se) sobre
lastimar-se de
leal a
lembrar-se de
lento em
levar em, a, por
liberal com

libertar de
lidar com
ligar a, com
ligeiro de
limitar-se a, com
limitado de
limpar em, a, (-se) de
limpo de
lisonjear-se de
#






(1 ) No sentido de produzir, acarretar é transitivo direto.

318

litigiar com, contra
livrar de
livre de
lograr (-se) de
longe de
longínquo de
louco de, com
lutar com, contra
#





menor de
merecer de
mergulhar em
mesclar em
meter-se a, em
ministrar a
misericordioso com
para com
moderar-se em

Obedecer a
obediente a
oblíquo a
obrigar a
obsequioso con
obstar a
obstinar-se em

Pactuar com
padecer de
pagar a, de,
pálido de
parco em, de
parecer com, a, de
parecido a, com

pender de,
pendurar de,
penetrado de
pensar em
perdoar a
perfumar com
perguntar a, por
perito em
permutar com, po
pernicioso a
perpendicular
perseverar em
persistir em
persuadir de

molestar com
molesto a
morador em (1)
moreno de
morrer de, por
mortificar-se com
motejar de
mudar de; mudar-se

opor (-se) a
oposto a
oprimir com
optar por, entr
orar por
orgulhoso com, para

pesar de (impe~),, a
piedade de
pleitear com, contra
pobre de
poderoso para, em,

(2) 1 coloquial o uso da preposiçáo com, Influenciado talvez pela rcgència de draur.
(3) Não pode aceitar obj. direto de pessoa: Paguei o médico.
#





pos~.crior a
povoar de
prático em
precaver-se contra, de
preceder em
precisar de
preeminência sobre
preferir a (1)
prejudicial a
preocupar-se com
preparar-se para
preponderar sobre
prescindir de
presentear com
preservar de
prestar a, para
prestes a, para

presto a, para
presumir de
prevalecer sobre
prevenir de, para,
contra
prezar-se de
primeiro de, dentre, a,
em (2)
privar de, com
proceder a, com
processar por
pródigo de, em
professar em
proibir a
promover a
pronto para, em
propender para

Q

propício a
propinquo de
próprio para, de
proporcionado a, com
prorromper em
prosseguir em
protestar contra
provar de
proveitoso a
prover a, de
provocar a
próximo a, de
pugnar por, contra
purgar-se de
purificar-se de
puxar (trans. direto), de,
por

Quadrar com quebrantar-se comquerer (tr. direto), a(s)
qualificar de queixar-se a, dequerido de, por
quebrado querelar contra

R

Radicar-se em
ralhar com
rebaixar de, (-se) a
rebelde a
#





rebentar de
recair em, sobre
reclamar contra
reclinar-se sobre
recolher-se a
recomendar a
recompensar com
reconciliar-se com
reconvir sobre
recorrer a
recostar-se sobre, em
recrear-se com
recusar a
redundar em
reduzir a (não em)
referir-se a
refletir em, sobre
refugiar-se em

regalar-se com
regar de
regozijar-se de, com
regular-se por
reincidir em
reintegrar em
rejubilar com
relaxar-se em
remontar a
remover de
renascer a
render-se a
renegar de
rente com, a, de
renunciar a
repartir entre, com, por
representar contra
reptar para
requerer a
resguardar-se de
residir em
resignar-se a, com

resistir a
resolver-se a
respeito a, de, por
responsável por
ressentir-se de
restabelecer-se de
resultar de
retirar-se de, a
retrair-se a
retratar-se de
retroceder a, para
revestir de, com
rico de, em
rígido de
rijo de
rir-se de
rivalizar com
roçar-se com
rodear-se de, com
rogar Cor
romper com

(1) il erróneo o emprego do advérbio antes ou mais com este verbo porque a noçao de
preferéncia ou excelência já está contida no prefixo. 11 também erróneo o uso da conjunçAo
#





comparativa que (ou do que). Deve dizer-se prefiro isto àquilo, prefiro o teatro ao cinema.
(2) O uso de a é considerado errado com exagero, por ser francesismo.
(3) No sentido de estimar, querer bem.

320
#





:acudir de
afar-se de
air de, (-se) com
alpicar de
salvar de
sanar de
são de
:arar de
atisfazer a, (-se) com
seco de
edento de, por
:eguro de, em
segregar de
emelhante a
emelhar a
ensível a
:entir-se de
s arar de

Tachar de
tapar com
tapizar de
tardar em
tardo a
tauxiado d
temer de, por
temeroso de
temível a
terçar com
terminar em, po
terno de
timbrar em, de

servir a, (trans. direto)
(-se) de, para
severo com, para com
em
sindicar de
singularizar-se por
sito em (1)
soberbo com
sobrar a
sobreviver a
sobrevir a
sobrepujar em
sobressair em,
sobressaltar-se
sóbrio de, em
socorrer (-se) de, com

traduzir em, para, de
traficar com, em
traidor a, de
transbordar de
transferir a
transfigurar-se em
transformar em

subrogar em
subsistir com
substabelecer em
substituir por
subtrair de, (-se)
suceder a

surpreender-se com
#





suspeitar de
suspeito a, de
suspender de
sustentar-se de, com

travar-se de
tremer de
tresandar a
trespassado de
tributar a
triste de, com
triunfar de
trocar Dor, de
#





Vacilar em
valer-se de, valer a, (C.
direto)
vangloriar-se de, por
variar de, em
vazar em
vazio de

V

vedar a
velar por, em, (C. direto)
versado em
verter de, para, em
vestir-se com, de
viciar-se com, em
vigiar por

Z

Zan~ com zelar por zombar de

7- COLOCA4gAO

vincular a
vingar-se de, em
visar ( = pretender)
a, (trans. direto)
visível a
vizinho a, de
voltar de, a

Sintaxe de colocação ou de ordem é aquela que trata da maneira de
dispor os termos dentro da oração e as orações dentro do período.
A colocação, dentro de um idioma, z)bedece a tendências variadas,
quer de ordem estritamente gramatical, que de ordem psicológica e esti-
lística. O maior responsável pela ordem favorita numa língua ou grupo
de línguas parece ser a entoação oracional.
"O português pertence ao número daquelas que se caracterizam pelo ritmo ascen-
dente, em que se anuncia o termo menos importante e depois, com acentuação mais
forte, a informação nova e de relevância para o ouvinte" (SAiD ALI, GramMica
Secundáría, 270).

Isto nos leva a uma ordem considerada direta, usual ou habitual, que
,consiste em enunciar, no rosto da oração, o sujeito, depois o verbo e em
zséguida os seus complementos.
A ordem que saia do esquema svc: (sujeito - verbo complemento)
se iaiz inversa ou ocasional.
Sendo a ordem direta um padrão sintático, a ordem inversa, como
afastamento da norma, pode adquirir valor estilístico. E realmente se lança
mão da ordem inversa para enfatizar esse ou aquele termo oraciOna.
Posto no rosto da oração um termo sobre o qual queremos chamar a
atenção do nosso ouvinte, quebra-se a norma sintática e consegue-se o
efeito estilístico desejado. Por um jogo natural de oposição, a ordem ireta
também pode assumir valor estilistico para traduzir situações do cam
da novidade. O estilo descritivo ama a ordem direta; José de Alencar ti u
dela notáveis efeitos no seguinte trecho:
"A tarde ia morrendo. O sol declinava no horizonte e deitava-se sobre as grandes
florestas, que iluminava com os seus últimos raios. A luz frouxa e suave do ocaso,
,deslizando pela verde alcatifa, enTolava-se como ondas de ouro e de púrpura sobre
.a folhagem das árvores. Os espinheiros silvestres desatavam as flores alvas e delicadas.

322

~Q
#





e o ouricuri abria as suas palmas mais novas, para receber no seu cálice o orvalho
da noite. Os animais retardados procuravam a pousada; enquanto a juriti, chamaria
a companheira, soltava os arrulhos doces e saudosos com que se despede do dia.
Um concerto de notas graves saudava o por do sol, e confundia o rumor da cascata,
que parecia quebrar a aspereza de sua queda, e ceder à doce influéncia da tarde.

O ritmo ascendente predominante no português, dispondo os termos
de acentuação mais fraca e menos significativo antes dos termos mais
fortes, estabelece as seguintes normas válidas para as situações em que não

a) os artigos, os pronomes (adjuntos), os numerais (com exceção dos ordi-

nais e cardinais com valor de ordinais) se antepõem:
O livro, um livro, este livro, meu livro, cada livro, três livros;

b) a preposição vem antes de um regime nominal ou pronominal

e) o adjetivo monossilábico modificador cede o nome de maio

f) o adjetivo que exprime forma ou cor vem depois do substantivo--

g) vem antes o adjetivo empregado não para designar o seu sentido pró

uma significação figurada: grande homem

"... eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor" (M

Colocação dos termos na oração e das orações no período. - A.

norma sintática do português registra os se intes casos:

1.0) Põe-se de ordinário o sujeito de is do verbo na passiva pronominal

Outra posição pode mudar a análise da oração, desde que entre um
termo a que a nossa tendência anímica atribua a realização da oração.
Note-se a diferença entre Abriu-se a porta (voz passiva) e A porta abriu-se
#





2.11)Nas orações reduzidas de gerúndio e particípio, o sujeito vem depois
do verbo:

Terminando o discurso, dirigiu-se ao hotel.
Terminado o discurso, dirigiu-se ao hotel.

3.0)0 verbo vem no início das orações que indicam existéncia (ser, existir,
haver, fazer), tempo, peso, medida:

Era uma vez um principe.
Exi,.tiam várias razões.
Houve discussão.
Faz três anos que não o vejo.
São várias horas de distância.
Faltam dois dias para a festa.

4.0)0 verbo vem no início das subordinadas condicionais e concessivas
sem conectivo:

Tivesse-me ele dito a verdade, tudo acabaria bem.
Acabasse falando comigo, mesmo assim não lhe perdoaria.

5.0)Nas orações intercaladas de citação, o sujeito vem de ordinário depois
do verbo:

- 6.0)

Suma-se - ordenou o policial.

Nas interrogações introduzidas, por pronomes e advérbios (quem, que,
o que.. quanto, qual, como, quando, onde, por que), o verbo vem em
geral antes do sujeito, desde que este não seja o pronome inter-
rogativo:

Quem veio aqui? (quem sujeito)
De quem falava você quando chegamos?
Como foi ele parar nessa encrenca ?

Usa-se ainda, neste caso, sujeito antes do verbo ou o vocábulo inter-
rogativo no fim da oração:

De quem você falava?
Ele comprou o quê ?

OBSUVAÇÃO: Na pergunta retórica costuma-se por o sujeito antes do verbo em
construção do tipo: O médico aconselhou esta dieta, e você seguiu P

7.0)Nas orações exclamativas, de sentido optativo ou não, é freqüente o
sujeito vir depois do verbo:

Como era verde o meu vale 1
Viva o rei 1 (construção fixa)

324
#





8.0) A oração subordinada subietiva vem normalmente depois do

Ficou patente que o progresso começara
É aconselhável nue não se retirem aLyora.

9.0) A oração subordinada adverbial causal iniciada por como vem em

10.0) Numa seqüência de pronomes átonos, vem em primeiro lugar o que

funciona como objeto indireto seguido do objeto direto:

11.0) Diante de negação, o pronome átono pode vir antes ou depois do

"Levadas em conta as construções fundamentais de que a linguagem
natural e espontánea não costuma afastar-se, é certo que para a estrutura
oracional temos em português bastante liberdade. Esta, porém, é maior
no Verso, em que ocorrem certas transformações complementares estranhas
não só ao falar comum, mas ainda ao discurso limado. Alguns escritores
abusaram da liberdade poética, a ponto de tomarem a linguagem obscura

Colocação dos pronomes pessoais átonos e do demonstrativo o é
questão de fonética sintática. - Durante muito tempo viu-se o problema
apenas pelo aspecto sintático, criando-se a falsa teoria da "atração" voca-
bular do nao, do quê, de certas conjunções e tantos outros vocábulos.
Graças a notáveis pesquisadores, e principalmente Said Ali, passou-se a
considerar o assunto pelo aspecto fonético. Abriram-se com isso os hori-
zontes, estudou-se a questão dos vocábulos átonos e tônicos, e chegou-se à
conclusão de que muitas das regras estabelecidas pelos puristas ou estavam
erradas, ou se aplicavam em especial atenção ao falar lusitano. A Gra-
mática, alicerçada na tradição literária, ainda não se dispôs a fazer
concessões a algumas tendências do falar de brasileiros cultos, e não leva
#





em conta as possibilidades estilísticas que os escritores conseguem extrair
da colocação de pronomes átonos. Daremos aqui apenas aquelas normas
que, sem exagero, são observadas na linguagem escrita e falada das pessoas
cultas. Não se infringindo os critérios expostos, o problema é questão
pessoal de escolha, atendendo-se às exigências da eufonia. É urgente
afastar a idéia de que a colocação brasileira é inferior à que os portugueses
observam, porque

-a pronúncia brasileira diversifica da lusitana; dai resulta que a colocação prono-
minal em nosso falar espontâneo n11o coincide perfeitamente com a do falar dos por-
tuguese0 (SAw ALI, ibid, 279).

O pronome átono pode assumir três posições em relação ao vocábulo
tônico, donde a ènclise, prócUse e mesócUse.

ÊNCLISE é a posposição do pronome átono (vocábulo átono) ao vocá-
bulo tônico a que se liga:

Deu-me a notícPRócLisE é a anteposição ao vocábulo tônico:
Não me deu a notiMEsócLisE é a interposição ao vocábulo tônico:
Dar-me-ás a notícia.

Critérios para a c010caÇSO dos pronomes pessoais átonos e do de.
monstrativo o.

A - Em RELAÇÃO A UM Só VERBO.

1.0) Não se inicia período por pronome átono:

"Sentei-me, enquanto Virgília, calada, fazia estalar as unhas" (M. Dz Assis, Brás
Cubas, 125).
"Náol vos digo eut" (A. HERCULANO, Antologia Nacional, 197).
"Querendo parecer originais, nos tornamos ridículos ou extravagantes" (M. Dz
MAWCÁ).

OBSERVAÇõES:
1.a) Preso a critério da oração (e não período, como aqui fizemos), Rui BARBOSA
(Réplica n.0 60) tem por errônea a colocação em. "Se a simulação for absoluta, sem
que tenha havido intenção de prejudicar a terceiros, ou de violar disposições de lei, e
for assim provado a requerimento de algum dos contratantes, - se julgará o ato inexis-
tente". Os que adotarem o critério de oração, só aceitam a posição inicial do pronome
átono na intercalada de citação, como ocorre no -xemplo de Herculano acima transcrito.
2~a) Em expressões cristalizadas de cunho opular aparece o pronome no início
do período: "T'esconjuro!... sai, diabo!..." (M. DE Assis, ibid., 97),

326
#





2.0)Não se pospõe, em geral, pronome átono a verbo flexionado em
oração subordinada:

"Confesso que tudo aquilo me pareceu obscuro" (M. DE Assis, Brds Cubas, 79).
"Se a visse, iria logo pedi-la ao paP (ID., ibid, 87).
"Tu que me lés, Virgília amada, não reparas na diferença entre a linguagem de
hoje... ?" (ID., ibid., 91).

OBsEavAçÃo: Quando se trata de oraç5es subordinadas coordenadas entre si às
vezes ocorre a énclise do pronome átono na segunda oração subordinada. Também
quando na subordinada se intercalam vocábulos ou oração, exigindo uma pausa antes
do verbo, o pronome átono pode vir enclítico: "Mas a primeira parte se trocou por
intervenção do tio Cosme, que, ao ver a criança, disse-lhe entre outros carinhos..."
(M. DE Assis, apud M. BARRETo, últimos Estudos, 197). Em todos estes e outros casos
que se poderiam lembrar, a ação dos gramáticos se tem dirigido para a obediência
ao critério exposto, considerando esporádicos e não dignos de imitação os exemplos
que dele se afastam.

3.0)Não se pospõe pronome átono a verbo modificado diretamente por
advérbio (isto é, sem pausa entre os dois, indicada ou não por vir-
gula) ou precedido de palavra de sentido negativo:

"Não me parece; acho os versos perfeitos" (M. DE Assis, Brds Cubas, 69).
Sempre me recebiam bem.
Ninguém lhe disse a verdade.
Se houver pausa, o pronome pode vir antes ou depois do verbo:
"Ele esteve alguns instantes de pé, a olhar para mim; depois estendeu-me a mão
com um gesto comovido" (ID., ibid, 86).

4.0)Não se pospõe pronome átono a verbo no futuro do presente e
futuro do pretérito (condicional). Se não forem contrariados os
princípios anteriores, ou se coloca o pronome átono proclítico ou
mesoclítico ao verbo:

"Teodomiro recordar-se-d ainda de qual foi o desfecho do amor de Eurico.
(A. HERCULANO, EUriCO, 60).
"Os infiéis... contentar-se-do, talvez, com as riquezas..." (ID., ibid., 146).

11

5.0)Não se pospõe ou intercala pronome átono a verbo flexionado em
oração iniciada por palavra interrogativa ou exclamativa:
"Quantos lhe dá?" (M. DE Assis, ibid, 97).
"Quem me explicará a razão dessa diferença?" (ID., ibid., 158).
Como te perseguem1

B - EM RELAÇÃO A UMA LOCUÇÃO VERBAL

Temos de considerar dois casos:

a) Auxiliar + ou

infinitivo: quero falar

gertindio: estou falando

327
#





Se os princípios já expostos não forem contrariados, o pronome átono
poderá aparecer:

1) Proclítico ao auxiliar:
Eu lhe quero falar.
Eu lhe estou falando.

2) Enclítico ao auxiliar (ligado por hífen).

Eu quero-lhe falar.
Eu estou-lhe falando.
Eu quero falar-lhe.
Eu estou falando-lhe (mais raro).

OBSERVAÇõES:

1.a) Com mais freqüència ocorre entre brasileiros, na linguagem falada Ou escrita,
o pronome átono proclitico ao verbo principal, sem hífen-
Eu quero lhe falar.
Eu estou lhe falando.
A Gramática clássica, com certo exagero, ainda não aceitou tal maneira de colocar
o pronome átono, salvo se o infinitivo está precedido de preposição: ComeÇOU a lhe
falar ou a falar-lhe.

2.a) Com o infinitivo podem-se contrariar os princípios 2.0 e 3.1) anteriormente
formulados:

Eu não quero falar-lhe.
Espero que não queira falar-lhe.

b) Auxiliar + particípio: tenho falado...

Não contrariando os princípios iniciais, o pronome átono pode vir:

i) ~rOclítico ao auxiliart~

Eu lhe tenho falado.

2) Enclítico ao auxiliar (ligado por hífen):
Eu tenho-lhe falado.

casos-

jamais se pospõe pronome átono a particípio. `Entre brasileiros tam-
bém ocorre a próclise ao particípio, no que a Gramática não concorda:
Eu tenho lhe falado.

Posições fixas. - A tradição fixou a pródise ainda nos seguintes

1) com o gerúndio precedido da preposição em:
"Ninguém, desde que entrou, em lhe chegando o turno, se conseguirá evadir à
saída" (R. B- ARBOSA, OraçÍlo aos Moços, 30).

328
#





a,

r
he

nte

vir:

tam-
rda-

intes

adir i

2) nas orações exclamativas; e optativas, com o verbo no subjusujeito anteposto ao verbo:
Bons ventos o levem 1
Deus te ajude 1

Explicação da colocação dos pronomes átonos no Brasil. - Nos
princípios anteriormente comentados vimos certas tendências brasileiras
que nem sempre a Gramática agasalha como dignas de imitação, presa
que está a um critério de autoridade que a lingüística moderna pede seja
revisto.
Sobre o assunto, em lúcido resumo, comenta o Prof. Martinz de
Aguiar:
"A colocação de pronomes complementos em português não se rege pela fonética,
nem é o ritmo, o mesmo binário-ternário, em ambas as modalidades, brasileira e lusi-
tana, que impõe uma colocação aqui, outra ali, não. Ela obedece a um complexo de
fatores, fonético (rítmico), lógico, psicológico (estilístico), estético, histórico, que às
vezes se entreajudam e às vezes se contrapõem. Numa frase como ele vem-me ver,
geral em Portugal, literária no Brasil, o fato lógico deslocou o pronome me do verbo
vem, para adjudicá-lo ao verbo ver, por ser ele determinante, objeto direto, do segundo
e, não, do primeiro. Isto é: deixou a língua falada no Brasil de dizer vem-me ver
(fator histórico, por ser mera continuação do esquema geral português), para dizer
vem me-ver (escrito sem hífen), que também vigia na língua, ligando-se o pronome
ao verbo que o rege (fator lógico). Esta colocação de tal maneira se estabilizou,
que pouco se diz vem ver-me e trouxe conseqüências imprevistas:
1.a) Pôde-se juntar o pronome ao particípio, procliticamente:
Aqueles haviam se-corrompido (escrito sem hífen aqui e nos iguais exemplos).
2.a) Pôde-se por o pronome depois dos futuros (do presente e do pretérito):
Poderá se-reduzir, poderia se-reduzir. Deixando de ligar-se aos futuros, para unir-se
ao infinitivo, deixou igualmente de interpor-se-lhe aos elementos constitutivos.
3~a) Em frases como vamos nos-encontrar, deixando o pronome de pospor-se à forma
verbal pura, para antepor-se à nominal, deixou igualmente de determinar a dissimi-
laçâo das sílabas parafónicas, podendo-se então dizer vamo-nos encontrar" (Notas de
Português de Filinto e Odorico, 408-409).

Pelas mesmas razões variadíssimas é que no Brasil, na linguagem co-
loquial, o pronome átono pode assumir posição inicial de período. Este
fenômeno, válido para a lingüística, só por comodidade e inadvertência
se tem dado como um "erro" de gramática.

APÊNDICE

1 - FIGURAS DE SINTAXE

Fen6menos de sintaxe mais importantes

1) Elipse. - Chama-se elipse a omissão de um termo facilmente
subentendido. Entre as elipses que ocorrem com mais freqüência estão:

329
#





a)a do pronome sujeito de 1.a e 2.a pessoas do singular e plural: a pre-
sença de tais pronomes só se dá em casos de ênfase ou de contraste
com outro sujeito:

Mas:

Sairei depois do almoço.
Fostes enganados.

Eu sairei, mas ele não.

b)a da preposição em algumas círcunstáricias adverbiais de modo, preço,
tempo, lugar, peso:
As visitas, pés sujos, entraram no salio.
O barco custou vinte mil cruzeiros.
Domingo irás à festa.
Conhecem-no uma légua em redondo.
O doente só pesava quarenta quilos.

c)a da preposição antes do conectivo que introduz as orações objetivas
indiretas e completivas nominais:
Preciso (de) que venhas aqui.
Estou necessitado (de) que venhas aqui.

d)a da conjunção integrante, mormente como introdutor das subordina-
das subjetivas e objetivas diretas:
É necessário (que) se faça tudo rapidamente.
Espero (que) sejam felizes.

e) a do verbo dizer (e semelhante) nos diálogos:
E ela: ~ Você está zangado comigo ?

* 2) Pleonasmo. - É a repetição de um termo já expresso ou de uma
idéia já sugerida:
Ao pobre não lhe devo (pleon. do obj. ind.).
Subir para cima.

O grande juiz entre os pleonasmos de valor expressivo e os de valor
negativo (por isso considerado erro de gramática) é o uso, e não a lógica.
Se não dizemos, em geral, fora de situação especial de ênfase: Subir para
cima ou Descer para baixo, não nos repugnam construções como O leite
está saindo por fora ou Palavra de rei não volta atrás.

3) Anacoluto. - É a quebra da estruturação lógica da oração:
"Eu que era branca e linda, eis-me medonha e escura" (M. BANDEIRA, apud S. DA
SiLvrixA, Liç6es de Português, õ536).
Mesulta esta anomalia em geral do fato de não poder a linguagem acompanhar
o pensamento em que as idéias se sucedem rápidas e tumuttuárias, É a precipitação

330

d
d
p
#





de começar a dizer alguma cousa sem calcular que pelo rumo escolhido não se chega
direitamente a concluir o pensamento. Em meio do caminho dá-se pelo descuido, faz-se
pausa, e, não convindo tornar atrás, procura-se a saída em outra direção" (1).

O anacoffito, fora de certas situações especiais, é evitado pelas pessoas
que timbram em falar e escrever corretamente a língua.

4) Antecipação. - É a colocação de uma expressão fora do lugar
que logicamente lhe compete:

O tempo parece que vai piorar.
Por
Parece que o tempo vai piorar.

As antecipações são ditadas por ênfase e muitas vezes geram
anacolutos.

5) Braquilogia. - É o emprego de uma expressão mais curta equi-
valente a outra mais ampla ou de estruturação mais complexa.

Estudou como estudaria se fosse passar.
por
Estudou como se fosse passar.

6) Haplologia sintática. - É a omissão de uma palavra por estar
em contacto com outra (ou final de outra palavra) foneticamente igual
ou parecida:
"Antes Deus quer
Que se perdoe um mau, que um bom padeça" (A. FERREiRA, apud S. SILVEIRA,
Fonética SintíÍtica).

Isto é:

padeça.

antes Deus quer que se perdoe a um mau que (do que) (quer) que um bom

7) Contaminação sintática. - "É a fusão irregular de duas construções
que, em separado, são regulares" (2).
Fiz com que Pedro viesse
(fusão de Fiz com Pedro que viesse e Fiz que Pedro viesse).
Caminhar por entre mares
(fusão de caminhar por mares e caminhar entre mares).
As estrelas parecem brilharem
(fusão de as estrelas parecem brilhar com parece que as estrelas brilham).

(1) SAm ALi, Meios de Expreislo e Alterq6es Seindnticas, 38.
(2) EpiFANio DiAs, Sintaxe Histórica Portuguesa, 5 482.
#





8) Expressão expletiva ou de realce. - É a que não exerce função
gramatical:

Nós é que sabemos viver.
Aqui é onde a ilusão se acaba.
Oh! que saudades que tenho!

É preciso distinguir o é que expletivo do é que que indica:

a) é + que (conj. integrante):
A verdade é que saíram.

b) é (verbo vicário) + que (conj. integr.)-
"Que quer dizer este nome? JO que as almas..." (M. BEaNARDEs, apud J. OrricicA,
Manual de Andlise). É que = quer dizer que.

c) é (vicário) + que (conj. causal):
Por que veio? A que teve medo (é que = veio porque).

d) éque=éo que
Este livro é que temos ontem (= é o que lemos ontem).

e) há um é qu# que difere dos demais pela forte pausa que
separa os dois termos, dando a impressão de se tratar de um resquício
de oração seguido de conj. integrante que introduz seu antigo sujeito,
(== é verdade, é certo que):
"Ou é que o digesto não vale para os que o estudaram?" (A. HERcuLANo, M.
de Cister, 11, 35).

Modernamente se usa muito desta linguagem em será que:
Ou será que eu estou errado P

2 - VICIOS E ANOMALIAS DE LINGUAGEM

Entre os vícios de linguagem cabe menção aos seguintes:

1) Solecismo. - É o erro de gramática:
Eu lhe abracei (por o).
A gente vamos (por vai).
Tu fostes (por foste).
Aluga-se casas (por alugam).
Vendas à prazo (por a).
Sgada, rúbrica (por pegada, rubrica).

2) Barbarismo. - É o emprego de vocábulos, expressões e construções
alheias ao idioma. Os estrangeirismos que entram no idioma por um pro-

332

d;
C1

p
ti

é
r
#





cesso natural de assimilação de cultura, assumem aspecto de sentimento
político-patriótico que, aos olhos dos puristas extremados, trazem o selo
da subserviência e da degradação do país. Esquecem-se de que a língua,
como produto social, registra, em tais estrangeirismos, os contactos de
povos. Este tipo de patriotismo lingüístico (Leo Spitzer lhe dava pejora-
tivamente o nome de patriotite) é antigo e revela reflexos de antigas
dissensões históricas. Bréal lembra que os filólogos gregos que baniam os
vocábulos turcos do léxico continuavam, à sua moda, a guerra da indepen
dència(l). Entre nós o repúdio ao francesismo ou galicismo nasceu da
repulsa, aliás, justa, dos portugueses aos excessos dos soldados de Juno
quando Napoleão ordenou a invasão de Portugal. O que se deve combater
é o excesso de importação de línguas estrangeiras, mormente aquela des
necessária por se encontrarem no vernáculo vocábulos e giros equivalentes

Idiotismo ou expressão idiomática é toda a maneira de dizeF que
não podendo ser analisada ou estando em choque com os princípios gerais
da Gramática, é aceita no falar culto.
São idiotismos de nossa língua a expressão é que, o infinitivo flexio

Sobre o conceito deidiotismo nunca é demais relembrar a li ão d
Said Ali: "Não devemos definir o idiotismo, segundo alguns gramáticos

como construção particular de uma língua, estranha, portanto, às outra.,
línguas, porque ninguém conhece todos os outros idiomas em todos o
seus segredos e modos especiais de falar (2).

Assim o infinitivo flexionado é um idiotismo não porque só existE
em português (na realidade outras línguas o conhecem, como algun
dialetos do sul da Itália, e outras o conhecem com aplicação diferente d2
que tem em português, como em húngaro), mas porque a sua flexãc

contraria o conceito de forma infinita (i. é, não flexionada)
#





IV - Pontuação

A linguagem escrita lança mão de certos sinais para indicar

a) a intensidade
b) a entoação
c) as pausas

Sinais que indicam a intensidade. - Os primeiros são representados
pelos acentos (agudo, grave e circunflexo), que mereceram a nossa atenção
na parte inicial deste livro.

Sinais que indicam a entoação. - São os seguintes os sinais que indi-
cam a entoação:

a) dois pontos (:)
b) ponto de interrogação
C) ponto de exclamação
d) reticências ( ... )
e) aspas ç' ")
f) parênteses ( )
g) travessão (-)
h) ponto final

Dois Pontos. - Usam-se os dois pontos na:

1) enumeração, exemplificação, notícia subsidiária('):
Comprou dois presentes: um livro e uma caneta.
-que (Viegas) padecia de um reumatismo teimoso, de uma asma não menos
teimosa e de uma lesão de coração: era um hospital concentrado" (M. DE Assis.
Brás Cubas, 184),
"Queremos governos perfeitos com homens imperfeitos: disparate" (M. DE MAxicÁ).

(1) A imprensa moderna usa e abusa dos dois pontos para resumir, às vezes numa síntese
de pensamento difícil de ter acompanhada, certas noticiam.

334
#





Damião desconfia alguma coisa" (ID., ibid, 174).

2)nas expressões que se seguem aos verbos dizer, retrucar, responder (e
semelhantes) e que encerram a declaração textual, ou que assim jul-

gamos, de outra pessoa:

"Não me auis dizer o que era: mas, como eu instasse muito: - Creio que o

3) nas expressões que, enunciadas com entoação especial, exprimem causa,

explicação ou conseqüência:

"Explico-me: o diploma era uma carta de alforria" (ID., ibid., 71

4) nas expressões que apresentam uma quebra da seqüência das idéias:

" cudiu o vestido, ainda molhado, e caminhou.

Não 1 Bradei eu& não hás de entrar não ero Ia a lan ar-lhe as mãos

era tarde; ela entrara e fechara-se" (ID., ibid., 59).

Ponto de interrogação. - Põe-se no fim da oração enunciada com

entoação interrogativa:

- "Esqueceu alguma cousa? perguntou Marcela de pé, no patamar" (ID., ibid., 50)

A interrogação indireta, não sendo enunciada em entoação especial
dispensa ponto de interrogação. O nosso sistema gráfico não distingue (

ponto de interrogação da pergunta de
Destes dois tipos tratamos na pág. 195.

No diálogo pode aparecer sozinho ou acompanhado do de exclamação

para indicar o estado de dúvida do versonazem diante do fato:

- "Esteve cá o homem da casa e disse que do próximo mês em diante são mais

Ponto de exclamacão. - Põe-se no fim da oracão enunciada com

"Que gentil que estava a espanholat" (M. DE Assis, ibid., 50).
"Mas, na morte, que diferençal que liberdadel" (ID., ibid., 81

Põe-se o ponto de exclamação depois de uma interjeição:

(1) Em português, em geral se despreza o cómodo expediente do espanhol de indicar a
interrogaç1o no início da oração. com o sinal invertido: do José chegou? Alguns escritores
#





Há escritores que denotam a gradação da surpresa através da narração
com o aumento progressivo do ponto de exclamação ou de interrogação.
"E será assim até que um senhor Darwin surja e prove a verdadeira origem do
Homo sapiens...
- ?I
- Sim. Eles nornear-se-ão Homo sapiens apesar do teu sorriso, Gabriel, e ter-se-lo
como feitos por mim de um barro especial e à minha imagem e semelhança,
- ? 11" (M. LoBATo, ibid, 204),

Reticências. - Denotam interrupção do pensamento (ou porque se
quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com breve espaço de
tempo intervalar ou porque o nosso interlocutor nos toma a palavra) ou
hesitação em enunciá-lo:

"Ao proferir estas palavras havia um tremor de alegria na voz de Marcela: e no
rosto como que se lhe espraiou uma onda de ventura..." (ID., ibid, 121).
"Não imagina o que ela é lá em casa: fala na senhora a todos os instantes, e
aqui parece uma parnonha. Ainda ontem... Digo, Maricota?" (ID., ibU, 120).
- "Moro na rua...
- Não quero saber onde mora, atalhou Quincas Borba" (ID., ibid., 169).

Numa citação as reticências podem ser colocadas no início, no meio
ou no fim, para indicar supressão no trecho transcrito, em cada uma
dessas partes. Quando há supressão de um trecho de certa extensão, costu-
ma-se.usar uma linha pontilhada. Depois de um ponto de interrogação
ou exclamação podem aparecer as reticências.

Aspas. - Ao que o Vocabulário Oficial (pág. 69) diz a respeito das
aspas, acrescentaremos apenas que também são empregadas para dar a
certa expressão um sentido particular (na linguagem falada é em geral
proferida com entoação especial), para ressaltar uma expressão dentro do
contexto ou para apontar um vocábulo como estrangeirismo ou gíria:
OBs.: Escrevendo, ressaltamos a expressão também com o sublinhado, o que, nos
textos impressos, corresponde ao emprego de tipo diferente.
- "Sim, mas percebo-o agora, porque só agora nos surgiu a ocasião de enriquecer.
Foi uma sorte grande que Deus nos mandou.
- "Deus"...
- Deus, sim, e você o ofendeu afastando-a com o pé" (M. LoBATO, Cidades
Mortas, 223).
"Você já reparou, Miloca, na "ganja" da Sinhazinha? disse uma sirigaita de "beleza"
na testa" (ID., ibíd, 102).

Travessão. - Ao que se disse à pág. 69, acrescente-se que o travessão
pode substituir os parênteses (pág. 69) para assinalar uma expressão inter-
calada:

" ... e eu falava-lhe de mil cousas diferentes - do último baile, da discussão das
câmaras, berlindas e cavalos, de tudo, menos dos seus versos ou prosas" (M. DE Assis,
ibid, 138-9).

336

r
#





Pode denotar ainda uma pausa mais forte:

... e se estabelece uma cousa que poderemos chamar - solidariedade do abor-
recimento humano" (ID., ibid, 126).

Sinais que indicam a pausa

Vírgula. - Emprega-se a vírgula,

a)para separar termos coordenados, ainda quando ligados por conjunção
(no caso de haver pausa):
"Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado" (M. DE Assis, ibid., 48).
- "Ah 1 brejeiro 1 Contanto que não te deixes ficar aí inútil, obscuro, e triste"
(ID., ibid., 93).

b)para separar orações coordenadas, ainda que sejam iniciadas pela con-
junção e (que tiveram sujeitos diferentes):

"Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu levava-lhe quantas podia
obter" (ID., ibid., 53).
"No fim de meia hora, ninguém diria que ele não era o mais afortunado dos
homens; conversava, chasqueava, e ria, e riam todos" (ID., ibid., 163).

c) nas aposições, exceto no especificativo:
"ora infiro de uma casa que ele meditava construir, para residência própria, casa
de feitio moderno..." (ID., ibid, 238).

d) para separar, em geral, os pleonasmos e as repetições:

"Ex.: "Nunca, nunca, meu amor P' (ID., ibid., 55).

e)para separar ou intercalar vocativos; nas cartas a pontuação é vária,
na redação oficial usam-se dois pontos.

para separar as orações adjetivas de valor explicativo:

"perguntava a mim mesmo por que não seria melhor deputado e melhor marquês
do que o Lobo Neves, - eu, que valia mais, muito mais do que ele, - ...
ibid., 137).

11 (ID.,

g)para separar em geral, as orações adjetivas restritivas de certa extensão,
principalmente quando os verbos de duas orações diferentes se juntam:

"No meio da confusão que produzira por toda a parte este acontecimento ines-
perado e cujo motivo e circunstáricias inteiramente se ignoravam, ninguém reparou
nos dois cavaleiros ... 11 (A. HERCULANO, Eurico, 210).

h) para separar as orações intercaladas:

"Não lhe posso dizer com certeza, respondi eu" (M. DE Assis, ibid, 183).

337
#





í) ^para separar em geral adjuntos adverbiais que precedem o verbo e as
orações adverbiais que vêm antes ou no meio da sua principal-
"Eu mesmo, até entIo, tinha-vos em má conta..." (ID., ibid, 185).
"Mas, como as pestanas eram rótulas, o olhar continuava o seu ofício...
ibid., 183).

para separar, nas datas, o nome do lugar:
PJo de janeiro, 8 de agosto de 1961.
para separar as particulaâ e expressões de explicação, correção, conti-
nuação, conclusão, concessão:
--c, ngo obstanto, havia certa lógica, certa dedução" (ID., ibid., 89).
Sairá amanhã, alids, depois de amanhã.

m) para separar as conjunções adversativas (porém, todavia, contudo, en-
tretanto) e as explícativos (logo, pois, portanto):

"A proposta, porém, desdizia tanto das minhas sensaçóes últimas..." (lo., ibid., 87).

n) para indicar, às vezes, a elipse do verbo:
Ele sai agora: eu, logo mais.

Ponto e vírgula. - Representa uma pausa mais forte que a vírgula
e é empregado:

a) num trecho longo, onde já existem vírgulas, para enunciar pausa mais
forte:
"Enfim, cheguei-me a Virgília, que estava sentada, e traveí-lhe da mão; D. Plácida
foi à janela" (M. Dz Assis, ibid, 211).

b) separa as adversativas em que se quer ressaltar o contraste:
"Não se disse mais nada; mas de noite Lobo Neves insistiu no projeto" (ID.,
ibid., 210).

c)na redação oficial separa os diversos itens de um considerando, lei ou
outro documento.

Ponto. - o ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior
pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo de
oração que não seja a interrogativa direta e a exclainativa.

Ponto parágrafo. - Um grupo de períodos cujas orações se prendem
pelo mesmo centro de interesse é separado por ponto. Quando se passa
de um para outro centro de interesse, impõe-se-nos o emprego do ponto
parágrafo iniciando-se a escrever, na outra linha, com a mesma distància
da margem com que começamos o escrito.

338
#





a

ais

(ID.,
ou

aior
de

em
assa
nto
ncia

Na linguagem oficial dos artigos de lei, o parágrafo é indicado por um
sinal especial (õ).

APÉNDICE: Asterisco('). - O asterisco(*) é colocado depois e em cima
de um vocábulo do trecho para se fazer uma citação ou comentário qual-
quer sobre o vocábulo ou o que é tratado no trecho (neste caso o asterisco
se põe no fim do período).
Nas obras sobre linguagem, o asterisco colocado antes e em cima do
vocábulo o apresenta como forma reconstituída ou hipotética, isto é, de
provável existência mas até então não documentada. Deve-se ao lingüista
alemão Augusto Schleicher (1821-1868) esta aplicação do sinal.
Emprega-se ainda um ou mais asteriscos depois de uma inicial para
indicar uma pessoa cujo nome não se quer ou não se pode declinar: o
Dr.*, B.*#, L.***

Alínea. - Tem a mesma função do parágrafo, pois denota diversos
centros de assuntos e, como este, exige mudança de linha. Geralmente
vem indicada por número ou letra seguido de um traço curvo, semelhante
ao que fecha parêntese para assinalar subdivisão da matéria tratada:

Os substantivos podem ser:

a) próprios
b) comuns.

(1) Costuma-se ouvir este vocábulo deturpado para asterístico. Asterisco quer dizer estrá.
linha, nome devido à sua forma.

339
#





V - Semantica

Semdntica é o estudo da significação dos vocábulos e das transforma-
ções de sentido por que estes mesmos vocábulos passam.
No decorrer de sua história nem sempre o vocábulo guarda seu
sentido etimológico, isto é, originário. Por motivos variadíssimos o sentido
ultrapassa os limites de sua primitiva "esfera semántica" e assume valores
novos.

"A língua - disse bem MoRiTz REcuLA (1) ~, expressão consciente de impressões
exteriores e interiores, está sujeita a uma perpétua transformação. Os vocábulos mudam
de sentido ou porque as coisas se modificam ou porque a "constelação psíquica" sob
cuja influência nasce o sentido do objeto, se altera graças a causas diversas".

A significação dos vocábulos está intimamente relacionada com o
mundo das idéias e dos sentimentos; "entre as: idéias, entre os pensamentos
não há separação absoluta, por isso que as associações se estabelecem, sem
cessar, de uns para outros. Vendo uma substància ou um objeto muito
achatado, muito delgado e pouco resistente, por exemplo de estanho ou
de ouro finamente laminado, alguém foi levado a compará-lo a uma
folha de árvore; pôde-se assim dizer com propriedade e clareza: uma folha
de estanho, de ouro, de papel, etc. Outra associação, posterior à prece-
dente, deu ao vocábulo folha o sentido bem elástico de jornal: uma folha
diária. É que se imprimem as noticias de cada dia em folhas de papel.
O vocábulo coração serviu para exprimir tanto a parte interior de um
legume ou fruta (coração da melancia), ou a essência de um assunto:
está no coração da questão, como ainda os sentimentos cuja sede parece
estar no fundo de nosso ser: este homem não tem coração, etc. Todas as
associações deste gênero dão origem ao que se chama, em literatura, ima-
gem; as imagens da linguagem corrente não diferem muito, pela sua na-
tureza, das que brotam da imaginação dos poetas e dos escritores em
geral" (2).

(1) Grammaire Franfaise Explicative, 1957, 26.
(2) A. GR*rOIRE, Petit Traiti de Linguistique, 1923, 93-94 (com leves adapta0es para o
portugues).

340
#





Entre as causas que provocam a mudança de significação dos vocá-
bulos, as principais são:

a) Metáfora (translação de sentido por comparação mental):

cabelos de neve (= brancos como a neve), pesar as raz6es, negros pressentimentos
doces sonhos, passos religiosos (AquILINo RIBEIRO - jardim de Tormenta, 17, nos
queria ressaltar a religiosidade de sua personagem), boca do estômago, dentes do
garfo, costas da cadeira, braços do sofá, pés da mesa, gastar rios de dinheiro, vale
de lilgrimas, o sol da liberdade, os dias correm, a noite caiu.

b) Metonímia (translação de sentido pela proximidade de idéias):

1) causa pelo efeito ou vice-versa ou o produtor pelo objeto produzido:
um Rafael (por um quadro de Rafael), as pdlidas doenças (por doenças que produzem
palidez), ganhar a vida (por meios que permitam viver), ler Machado de Assis (i.é,
um livro escrito por M. de A.).

2) o tempo ou o lugar pelos seres que se acham no tempo ou lugar:
a posteridade (i.é, as pessoas do futuro), a nação (i.é, os componentes da nação).

3) o continente pelo conteúdo ou vice-versa:
passe-me a farinha (Lé, a farinheira), comi dois pratos (i.é, a porção da comida
que dois pratos continham).

4) o todo pela parte ou vice-versa:
diz a EscriPtura (i. é, um versículo da Escritura), encontrar um teto amigo (i. é, uma
casa).
5) a matéria pelo objeto:
um níquel (i.é, moeda de níquel), uma prata (i.é, moeda de prata).

6) o lugar pelo produto ou características ou vice-versa:
jérsei (= tecido da cidade jersey), gaza (= tecido da cidade de Gaza), havana (= cha-
rutos); greve (as reuniões feitas na Place de Ia Grève).

7) o abstrato pelo concreto:
A virtude vence o crime (i. é, as pessoas virtuosas vencem os criminosos); praticar
a caridade (= atos de caridade).

8) o sinal pela coisa significada ou vice-versa:
o trono (= o rei), o rei (= a realeza)

c)Braquilogia ou abreviação (as diversas acepções de um vocábulo de-
vidas à elipse do determinante):

dou-lhe a minha palavra (i.é, palavra de honra), vamos à cidade (i.é, ao centro da
cidade), um possesso (i.é, pessoa possuída do dem6nio).

341
#





d) Eufemismo (translação de sentido pela suavização da idéia):

1) para a morte:

finar-se, falecer, entregar a alma a Deus, dar o último suspiro (literários), passar desta
a melhor, ir para a cidade dos pés juntos, dizer adeus ao mundo, esticar as canelas,
desocupar o beco, bater as botas, etc. (estes populares).

2) para a bebida:

abrideira, dgua-que-gato (passarinho) -não-bebe, janudria.

O tabu lingüístico pode favorecer o aparecimento de expressões eufe-
místicas. O medo de proferir palavras como diabo, demônio, satands, nos
leva a usar desfigurações voluntárias como diacho, diogo, demo, satã(').

e) Alterações semânticas por influéncia de um fato de civilização

tonto (= louco), particípio do verbo tondere, por tonso, lembra-nos o tempo em que
se rapava a cabeça aos loucos(2).
pagito (= indivíduo que não foi batizado) se prende à época inicial do Cristianismo,
pois a Igreja fez uso especial do termo que tinha curso na linguagem militar:
paganus, o civil, em oposição ao soldado (castrensis) passou a ser o oposto a
christianus (cf. E. GAMILLSCHEG, Franzõsische Bedeutungslehre, 1951, 134).
cor(saber, guardar, ter de - = de memória) relembra-nos a época em que a anatomia
grega fazia do coração a sede dos sentimentos, da inteligência, da memória.
judiar (= zombar, atormentar) lembra-nos a época dos tormentos praticados ou
sofridos pelos judeus. A palavra judas (= homem mal vestido) é uma aplicação
do nome próprio Judas a quem o povo atribui qualidades negativas.
calabrear (= misturar; confundir; mudar para pior; alterar vinhos) documenta a
má fama em que eram tidos os calabreses, acrescida pela lenda popular de que
Judas era natural da Calábria, no sul da Itália. Cf. artigo de L. Spitzer, Boletim
de Filologia (Lisboa), V, 3-4, pág. 376.

A maneira aristocrática de ver as coisas é responsável pela mudança
de sentido de alguns vocábulos:

vilão (saído do latim villa = quinta, aldeia), de "camponès" passou a designar "ho-
mem grosseiro% "perverso", "infame".

De vez em quando surgem pessoas que querem ver expurgados dos
dicionários certos vocábulos depreciativos de povo (como judiar e outros).
É excesso de sentimento a que a História não se curva, nem o povo leva
em conta, porque, no uso do termo, não entra nas minúcias históricas do
pesquisador.

(1) R. F. MANsua ~os, Tabus Língüístícos, 1956, 76 e ss.
(2) Recente etimologia proposta pelo sueco GeNNA& TILANDER. Cf. nossa nota em Revista
Brasileira de Filologia, vol. 6, tomo 1, junho de 1961, 142-144.

342
#





f) Etimologia popular ou associativa

É a tendência que o falante - culto ou inculto - revela em apro-
ximar um vocábulo de um determinado sentido.
Às vezes o vocábulo recebe novo matiz semántico sem que altere sua
forma. Famigerado, por exemplo, que significa célebre, notável, influen-
ciado pela idéia e semelhança morfológica de faminto, passa, na lingua-
gem popular, a este último sentido. Intemerato (= sem mancha, puro),
graças a temer, é considerado como sinônimo de intimorato; inconteste
(= sem testemunho) passa a sinônimo de incontestável; falaz (= falso,
enganador) é aproximado de falador.

Espécies de alteração semântica

A) Extensão do sentido;
fl) Enobrecimento do sentido;
C) Enfraquecimento do sentido.

A - Extemão do sentido

prédio (== propriedade rústica ou urbana inamovível) passou a designar
qualquer edifício sem referência ao solo.
espraiar (= jogar algo à praia) alargou o sentido como sinônimo de
"estender-se por larga área".
embarcar (= entrar na barca) significa hoje "entrar em qualquer
condução".
aliviar (= tornar mais leve uma carga) se diz hoje como igual a "mi-
norar", "diminuir", "abrandar", uma culpa, um mal, o tempo (a
chuva aliviou).

1 - Restrição ou especialização do sentido

a) fortuna (destino bom ou mau) especializa seu sentido na direção
positiva.
sucesso (acontecimento bom ou mau) passa a exprimir só o lado bom.
carta (= epístola) tinha em latim o sentido de qualquer livro, papel,
escrito.
britar significa "quebrar qualquer coisa", restringiu hoje o seu sentido
para "quebrar pedras".

b)abreviação ou condensação: um havana (= charuto de Havana); o
champanha (= o vinho de Champagne); um (a) jato (= avião a
jato).

343
#





homem.

2 - Plenitude do sentido

Um milhão de cruzeiros já é uma quantia; José mostrou-se um

B - Enobrecimento do sentido

emérito (aplicado ao funcionário que se aposentava) significa hoje distin-
guido, ilustre.
marechal (= criado do cavalo) passou a indicar o posto elevado do
Exército.
pedagogo era o escravo que conduzia as crianças à escola: significou depois
o professor.

3 - Degradação do sentido

vilão (cf. acima).
libertino (==escravo liberto) passou a indicar o indivíduo devasso, sem
pudor.
libidinoso (= que segue seu capricho) significa hoje o dissoluto.

C - Enfraquecimento do sentido

O emprego contínuo de um vocábulo provoca a diminuição de sua
energia semântica, mormente nas expressões afetivas. Bajular era levar
alguém às costas, o que enfatizava a idéia de servidão que tinha o vocábulo
no início do seu emprego em expressões como "bajular o chefe".

Pequena nomenclatura
de outros aspectos semanticos

1) Polissemia. - É o fato de ter um vocábulo mais de uma signi-
ficação:
Pensar ("pensar um assunto" e "pensar um ferimento"), manga Çm. de paletó", o
fruto, forma do verbo mangar).

A polissemia é a base de muitos jogos de palavras e de qüiproquós:
- "A quem dói o dente deve doer a dentuça."
- "Homem de quem vos queixais?" (F. MANUEL DE MELLO, Feira de Anexins).

2) Homonímia. - É o fato de haver vocábulos que se pronunciam
da mesma maneira, mas que têm sentidos diferentes. Podem ter ou não a

344

I

t

I
#





mesma grafia. Os que se pronunciam da mesma maneira são homófonos,
e os que se grafam igualmente dizem-se homógrafos:

Lima a) fruto
{ b) ferramenta
Nora a) a mulher do filho em relação aos pais dele
b) aparelho para tirar água dos poços, rios, etc.
Coser : costurar
Cozer: cozinhar

Espiar: olhar
Expiar: pagar uma pena
seção, secção: divisão; repartição; parte de um todo
sessão : reunião
cessão : ato de ceder

3) Sinonímia. - É o fato de haver mais de um vocáb o co a
mesma ou quase a mesma significação:

casa, lar, morada, residência, mansão.

Um exame detido nos mostrará que a identidade dos sinônimos é
muito relativa; no uso (quer literário, quer popular) eles assumem sen-
tidos "ocasionais" que no contexto um não pode ser empregado pelo
outro sem que se quebre um pouco o matiz da expressão. Uma série sino-
nímica apresenta-se-nos com pequenas gradações semánticas quanto a di-
versos domínios: o sentido abstrato ou concreto; o valor literário ou
popular (fenecer / morrer); a maior ou menor intensidade de significação
(chamar / clamar / bradar / berrar); o aspecto cultural (escutar / auscul-
tar) e tantas outras.

4) Antonímia. - É o fato de haver vocábulos com sentidos op~s~to~s.

. vida /1 morte crente / descrente

Um mesmo vocábulo pode assumir um sentido favorável e outro
desfavorável. Este fato se dá com muita freqüência com as "voces mediae"
que exprimem, conforme o caso, uma alegria ou tristeza, um benefício
ou prejuízo, etc.: fortuna (boa ou má), sucesso (bom ou mau), augúrio,
sorte interesse (1).
Às vezes ocorre a antonímia porque o vocábulo apresenta valor ativo
e passivo:

alugar a) dar de aluguel
{ b) receber de aluguel

(1) Cf. K. NyRop, Grammaire Historique de [a Langue Franfaise, V (S4mantique), 43.

345
#





emprestar 4) dar de empréstimo
b) receber de empréstimo
hóspede a) quem recebe a hospedagem
b) quem dá a hospedagem (hoje hospedeiro)
esmolar a) dar esmolas
b) receber esmolas

5) Paronímia. - É o fato de haver vocábulos parecidos na forma e
diferentes no sentido.
Os parônimos dão margem a freqüentes erros de impropriedade vo-
cabular.

Iminente: pendente, próximo
para acontecer
Eminente : ilustre
Ratificar: confirmar
Retificar: corrigir
Descrição : ato de descreDiscrição : qualidade de quem
é discreto

Proscrever : proibir
Prescrever: aconselhar

Tráfego : trAnsito
Tráfico. comércio

Infringir : transgredir, violentar
Infligir: aplicar pena, castigo

Intimorato: destemido, intrépido
Intemerato: puro, imaculado
#





e
O-

tar

ido

VI - Noções elementares
de estilistica

A nova Estilistica. - A nova Estilistica, ou simplesmente Estilistica,
é a parte dos estudos da linguagem que se preocupa com o estilo.

Que é estilo na conceituação moderna - Entende-se por estilo o
conjunto de processos que fazem da língua representativa um meio de
exteriorização psíquica e apelo(').

Estifistica e Gramática. - A compreensão deste conceito de estilo
se fundamenta na lição de Ch. Bally, segundo a qual o que caracteriza o
estilo não é a oposição entre o individual e o coletivo, mas o contraste
entre o emocional e o intelectivo. É neste sentido que diferem Estilistica
(que estuda a língua afetiva) e Gramtítica (que trabalha no campo da
língua intelectiva).
Uma não é a negação da outra, nem uma tem por missão destruir o
que a outra, com orientação científica, tem podido construir. Ambas se
completam no estudo dos processos do material de que o gênero humano
se utiliza na exteriorização das idéias e sentimentos.

Estilística e a Retórica. - Tem-se apresentado a Estilística também
como a negação da antiga Retórica que predomina ainda na crítica tradi-
cional do estilo com suas múltiplas indagações literárias, históricas, sociais,
filosóficas e tantos outros domínios que na obra se espalham através do
temperamento e atitude do escritor. Cabe aqui recordar as justas consi-
derações de Amado Alonso (2) " ... a estilística não pretende petulante-
mente declarar caduca a crítica tradicional; reconhece seu alto valor e
aprende nela; sabe que na análise de obras de arte nem tudo termina com

(1) J- MATOSO CÂMARA Jr., Noçjes de Estilística (palestra patrocinada PCIa CA£c, 1960,
ainda inédita).
(2) Matéria y Forma en Poesia, 103-104.

347
#





o prazer estético e que há valores culturais, sociais, ideológicos, morais,
enfim, valores históricos que não pode nem quer desprezar. E com a mes-
ma se vê o que pretende e o seu valor: completar os estudos da crítica
tradicional fazendo agora entrar um aspecto que estava menosprezado.
E não apenas mais um aspecto, senão o aspecto básico e específico da
obra de arte, o que dá valor a todos os outros. Por isso a estilística, sobre
estudar temas novos, continua estudando com igual amor todos os velhos,
apenas o faz do seu ponto de vista. Por exemplo, sempre se estudaram
as fontes de um autor ou de uma obra, ou - o que vale o mesmo - a
origem das idéias dominantes em um período literário. Porém realizou-se
isso por interesse histórico, para fixar procedências. Este é o ponto de
chegada da crítica tradicional. Para a estilística é o ponto de partida, e
a si pergunta: que fez meu autor ou minha época com estas fontes ? Para
usar a velha comparação: estudando o mel, a crítica tradicional estabelece
em que flores e de que campos extraiu a abelha; a estílistíca se pergunta:
como resultou este produto heterogêneo com todas as suas procedências,
qual é a alquimia, que originais e triunfantes intenções lhe insuflaram
vida nova ? Ou voltando à comparação da estátua: a crítica tradicignal
estuda as canteiras donde procede o mármore; a estilística, que é que o
artista fez com ele".

Análise literária e análise estilística. - Da lição de Amado Alonso
se patenteia que não se há de confundir análise literária com análise
estilistica, pois que, trabalhando num mesmo trecho, têm preocupações
diferentes e utilizam ferramentas também diversas. Em que pese à auto-
rídade de nossos programas oficiais para ensino de Língua Portuguesa,
o que deve ser objeto da tarefa do professor de língua é a análise estilística
(ainda que elementar, como reza a letra deste mesmo programa), e não
· análise literária, que é da alçada do professor de Literatura. Ensinando-se
· língua portuguesa, nada mais natural do que, num texto literário ou
não, ressaltar o sistema expressivo e sua eficácia estética no idioma ou
nas particularidades idiomáticas de um autor literário ou de um simples
falante. Para a estilística, interessa tanto a depreensão dos traços estilís-
ticos da língua oral como da escrita, do falante comum e do literato. Com
razão disse Vossler que na linguagem de um mendigo vagabundo há
gotinhas estilisticas da mesma natureza que todo o mundo expressional
de um Shakespeare.

Traços estilísticos. - O conjunto de particularidades do sistema
expressivo para eficácia estética recebe o nome de traços estilísticos. São
numerosos os traços estilísticos - e há um avultado número deles cujo
valor ainda está pata ser analisado - em todos os compartimentos de um
idioma.
Cabe-nos agora indagar quando uma particularidade lingüística se nos
apresenta como traço estilístico. 'Já sabemos - ensina-nos J. Matoso

348
#





Câmara jr. (1) - que o traço estilístico não se trata de uma maneira de
dizer necessariamente pessoal; nem pelo fato de ser pessoal se tem neces-
sariamente um traço estilístico. Esta dupla consideração é tão importante
que hão de me relevar insistir um pouco mais. Para isso, peço desculpas
de me citar a mim mesmo e me reportar a um pequeno artigo que publi-
quei há tempos na Revista do Livro sobre "A Coroa do Rubião": diz-nos
Machado de Assis, no Quincas Borba, que Rubião, demente, julgando-se
"imperador dos franceses" no momento da agonia, cingiu a "'coroa", que
não era sequer uma bacia, "onde se pudesse palpar a ilusão", "êle pegou
nada, ergueu nada e cingiu nada". O emprego de nada depois do verbo
sem se completar com um não antes do verbo, é uma maneira anômala
dei expressar a negação verbal em português. E é um traço estilístico-
não porque seja exclusivamente pessoal de Machado de Assis (quem nos
garante que outrem já não tinha feito isto ? - nem o escritor faz isto
sistematicamente), mas porque nesse dado contexto o emprego de nada
nessas condições tem um valor "estético", fazendo-nos ver dolorosamente
o gesto do pobre louco mercê do tratamento de nada não como mera
partícula negativa, mas como um

substantivo negativo - o oposto de
alguma coisa : a emoção do escritor e o seu apelo à nossa simpatia se
comunicam através desse emprego de nada, que é, pois, um emprego esti-
lístico. Ao contrário, quando José de Alencar acentuava a preposiçao
simples a, exibia um uso pessoal da língua literária (que era um erro do
ponto de vista de norma social vigente), mas não um traço estilístico, pois
se circunscrevia ao domínio intelectivo (o escritor achava que assim devia
escrever por um raciocínio gramatical em falso); seria, ao contrário, um
traço estilístico se uma ou outra vez, apenas, aparecesse em seus textos
como recurso para insistir na preposição, dando-lhe uma tonicidade
excepcional".
Daí o erro dos que, pensando escrever bem, enxameiam suas páginas
das chamadas figuras de linguagem (pleonasmos, hipérboles, anacolutos,
metáforas, etc.). Essas figuras não se impõem "à outrance" às circunstân-
cias; estas é que favorecem o aparecimento daquelas para fins estéticos.
Terá falhado na pesquisa estilística quem se contentar em dizer que há
anacoluto no derradeiro terceto desta conhecida jóia de Machado de Assis,
que é o soneto à Carolina:
"que eu, se tenho nos olhos mal-feridos
pensamentos de vida formulados,
são pensamentos idos e vividos".

O anacoluto ultrapassa os limites de uma simples figura, para ser um
eficaz recurso estético que põe diante de nossos olhos a profunda dor do
esposo que, pensando na companheira que se foi, não tem a paz interior
necessária para estruturar logicamente todo o tumulto de idéias que lhe
vai Walina.

(1 ) Na palestra citada.

349
#





Em suma a Estilística é o passo mais decisivo, no estudo de uma
língua, para a educação do sentimento estético,.,.

Traço estilístico e erro gramatical. - Não se há de entender que-
o estilo seja sempre uma deformação da norma lingüística. Isto nos leva
à distinção entre traço estilístico e erro gramatical.
O traço estilístico pode ser um desvio ocasional de norma gramatical
vigente, mas se impõe pela sua intenção estética.
O erro gramatical é o desvio sem intenção estética.

Campo da Estilística. - O estudo da Estilística abarca, semelhante
à Gramática, todos os domínios do idioma. Lembremos a lição de Ch.
Bally: "Todos os fenômenos lingüísticos, desde os sons até as combinações
sintáticas mais complexas, podem revelar algum caráter fundamental da
língua estudada. Todos os fatos lingüísticos, sejam quais forem, podem
manifestar alguma parcela da ida do espírito e algum movimento da sensi-
bílidade. A estilística não é o estudo de uma parte da linguagem, mas o
é da linguagem inteira, observada de um ângulo particular. Nunca pre-
tendi (isto é para responder a umas críticas que me fizeram) que a lin-
guagem afetiva existe independentemente da linguagem intelectual, nem
que a estilística deva estudar a primeira excluindo a segunda; o que faz
é estudá-las ambas em suas relações recíprocas, e examinar em que propor-
ção se aliam para compor este ou aquele tipo de expressão"(').
Teremos assim os seguintes campos da Estilística:

1) fônica
Estilística 2) morfológica
3) sintática
4) semântica.

A ESTILíSTICA FÔNICA procura indagar o emprego do valor expressivo
dos sons: a harmonia imitativa, no amplo sentido do termo, É a fonética
expressiva de que falamos na parte inicial deste livro.

A ESTIUSTICA MORFOLóGICA sonda o uso expressivo das formas grama-
ficais. Entre os usos expressivos deste campo lembraremos:
1) o plural de convite: põe-se o verbo no plural como que se quisesse
incentivar uma pessoa a praticar uma ação trabalhosa ou desagradável.
É o caso da mãe que diz à filhinha que insiste em não tomar o remédio:
Olha, filhinha, vamos tomar o remedinho.

2) o plural de modéstia: o autor, falando de si mesmo, poderá dizer:
Nós, ao escrevermos este livro, tivemos em mira dar novos horizontes ao ensino
do idioma.

(1) L6 Langage et Ia Fie, 100.

350
#





-1 r

3) o emprego expressivo dos sufixos. (mormente os de gradação):
paizinho, mãezinha, poetastro, Padreco, Politicalha.

4) o emprego de tempos e modos verbais, como, por exemplo:
a) o presente pelo futuro para indicar desejo firme, fato categórico:
Amanhã eu vou ao cinema.

b) o imperfeito para traduzir pedido:
Eu queria um quilo de queijo (em vez do categórico e, às vezes, ameaçador quero).

c)o presente pelo pretérito para emprestar à narração o ar de novi-
dade e poder comover o ouvinte:
Ai César invade a Gália.

5) a mudança de tratamento, de um período para outro, para indicar
mudança da situação psicológica entre falante e ouvinte, ou entre escritor
e leitor. No soneto última Folha, Casimiro de Abreu chama a Deus por
Meu Pai e ora o trata por tu, ora por vós. É que em Meu Pai o poeta vê
Deus como seu Intimo, ligado a êle tão intimamente que lhe cabe o trata-
mento tu. Mas ao poeta Deus se apresentava também como o criador de
todas as coisas, o poder supremo a quem só podia caber a fórmula respei-
tosa e cerimoniosa assumida por vós.

A ESTILISTICA SINTÁTICA procura explicar o valor expressivo das
construções:

1) na regência, como, por exemplo, o emprego do posvérbio;

2) na concordincia, como, por exemplo, na atraçjo, na silepse, no
infinitivo flexionado para realce da pessoa sobre a ação mesma;

3) na colocação dos termos na oração, na colocação de pronomes, etc.

4) no emprego expressivo das chamadas figuras de sintaxe.

A ESTILíSTICA SEMÂNTICA pesquisa:

1) a significação ocasional e expressiva de certos vocábulos
Você é um abacaxi.
Aquele aluno é um monstro.
Ele tem uns bons sessenta anos.

2) no emprego expressivo das chamadas figuras de palavras ou tropos
(metáfora, metonímia, etc.) e figuras de pensamento e sentimento (antí-
tese, eufemismo, hipérbole, etc.).

351
#





VII - Noções elementares
de versificação

Poesia e prosa. - Em sentido formal, chama-se poesia à forma de
expressão ordenada segundo certas regras e dividida em unidades rítmicas.
Prosa é a forma de expressão continuada. Embora a prosa também
possa ter ritmo, aqui ele é menos rigoroso que na poesia.
Verso é a unidade rítmica em cujos limites se acham as unidades de
sentido de que se compõe o poema.

Enjambement. - Do ponto de vista gráfico, recebe ainda o nome
de verso cada linha de que,consta o poema. Este último critério é falho,
porque nem sempre a unidade de sentido (unidade sintática) coincide
com os limites de uma linha de poema, nascendo a obrigatoriedade de
se ligar o verso ao verso seguinte, não se deixando, entretanto, de fazer
a pausa natural que separa um verso do outro. Este fenômeno recebe o
nome francês enjambement (que significa cavalgamento):

"Sonho profundo, 6 Sonho doloroso,
Doloroso e profundo Sentímentol
Vai, vai nas harpas trêmulas do vento
Chorar o teu mistério tenebroso" (CRUZ E SOUSA, Obras poéticas, 11, 63).

Versificação é a técnica de fazer versos ou de estudar-lhes os expe-
dientes rítmicos de que se constituem.
"Não se há de confundir versificação com poesia. A poesia é uni
dom : nasce-se poeta. A versifícação é uma arte: torna-se um versejador.
Grandes poetas, como Vigny, foram medíocres versejadores. Hábeis verse-
jadores, como Teodoro de Banville, não podem jamais ser chamados
poetas" (1).

(1) BRUNEAU-HRULLUY, Grammaire Frangaise, 431.

352
#





O ritmo poético, que na essência não difere das outras modalidades
de ritmo, se caracteriza pela repetição. O ritmo consiste na divisão percep-
tivel do tempo e do espaço em intervalos iguais. Quando a poesia se cons-
titui de unidades rítmicas iguais, diz-se que a versificação é regular;
quando isto não ocorre, a versificação é irregular ou livre.
O ritmo poético utiliza recursos que nem sempre são coincidentes de
idioma para idioma.
Entre nós, por exemplo, não figura a quantidade, que é o alicerce da
versificação latina ou grega. A rima, por outro lado, que hoje nos é tão
familiar e querida, não constituía peça essencial da poesia até a Idade
Média latina.
Em português o ritmo poético é assegurado pela utilização dos se-
guintes expedientes que se podém combinar de maneira variadíssima:
1) número fixo de sílabas;
2) distribuição das sílabas fortes (ou tônicas) e fracas (ou átonas);
3) cesura;
4) rima;
5) aliteraçáo;
6) encadeamento;
7) paralelismo.

O número fixo de sílabas coordenado com a distribuição das sílabas
fortes e fracas constitui um metro poético e o seu estudo recebe o nome
de métrica.

1 - NúMERO FIXO DE SILABAS

Como se contam as sílabas de um verso. - Na recitação a contagem
das sílabas se processa diferentemente da análise gramatical; nesta se
atenta para a sua representação na escrita enquanto naquela se busca a
realidade auditiva. No verso:

"É toda um hino: - esperança 1" (CASIMIRO DE ABREU, Obras, 97)

há sete sílabas para o poeta (este só conta até a última tônica) e dez sílabas
para o gramático; aquele não profere o a final de toda, liga a consoante d
a um, omite também o o final de hino e junta o n à sílaba inicial de
esperança:

A /to/ d(a)um /hi/ n(o):-es /pe/ ran/ça
1 2 3 4 5 6 7

Só se conta até a última sílaba tônica: versos agudos, graves e es.
drúxulos. - Uma das orientações que distinguem a contagem das sílabas
entre o poeta e o gramático, é que o primeiro, de acordo com orientação

353
#





divulgada por Antônio Feliciano de Castilho, no século xix, só leva em
conta até a última sílaba tônica, desprezando a átona ou as átonas finais.
Daí a divisão dos versos em agudos, graves ou esdrúxulos, conforme ter-
minarem, respectivamente, por vocábulos oxitonos, paroxítonos, como nos
seguintes versos, todos de dez sílabas.

"O padre não falou - mostrou-lhe o céu P' (C. Dr ABmu, Obras, 137) Agudo.
"Eu vi-a lacrimosa sobre as pe~ras" (ID., ibid., 106) Grave.
"Estátua da aflição aos pés dum túmulo V' (ID., ibid.) Endrúxulo.

Neste livro indicaremos a sílaba métrica pelo símbolo quando
for tônica poremos nele um acento tônico: ~, (1).

Fenômenos fonéticos correntes na leitura dos versos. - Na leitura
dos versos proferimos os vocábulos com as junções e as pausas que o falar
de todos os momentos conhece; por exagero, entretanto, tais fen(nnenos
fonéticos costumam ser explicados como "exigência da técnica versi-
ficatória".

Estes fenômenos são: 1) sinérese; 2) diérese; 3) elisão; 4) crase; 5)
ectlipse; e podem ocorrer uns dentro do mesmo vocábulo (intraverbais ou
internos) e outros pela junção de dois vocábulos (interverbais ou
externos).

SINÉRESE ou ditongação é a junção de vogais contínuas numa só sílaba
em virtude de uma das vogais passar a semivogal.
Na língua portuguesa moderna são passíveis de sinérese interna: "I)
,quaisquer encontros vocálicos átonos; 2) os encontros de uma vogal átona
:seguida de uma vogal tônica mais aberta, 3) os encontros de uma vogal
ltônica, seguida de uma vogal átona mais fechada. Em 1) tem-se como
iresultado um ditongo crescente, ou decrescente conforme o caso: trai-dor,
-cruel-da-de, poe-si-a. Em 2) o resultado é um ditongo crescente: fiel, cruel,
iuar, feitos monossílabos; co-roa-da, feito trissílabo. - Em. 3) aparece um
ditongo decrescente: caos, num monossílabo" (2).
A sinérese externa pode ocorrer quando, em vocábulos, contíguos, um
termina por vogal átona e o seguinte começa por vogal também átona:

"Lá,lno llpílran/ga Ido/ Bralsil /o/ MarIte".
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

A sinérese dos tipos 2) e 3) vistos acima, quando produz monossílabos,
resulta de, no grupo de força, o vocábulo passar a átono.

DIÉRESE é a dissolução de um ditongo em hiato.

(1) O emprego antigo e ainda corrente do mdcron (-) para as tónicas e da braquia
(%i) para as átonas pode confundir os conceitos de quantidade e Intensidade.
(2) J. MATOSO CÂMARA Jr., DiciondriO de Fátos Gramaticais, 191-2

354
#





(no caso de sé-lo usa-se o apóstrofo):

a

A diérese, que é sempre interna, é fenômeno hoje raro em poesia,
geralmente usado apenas para certos fins expressivos ou como expediente
para dar ao verso o número de sílabas exigidas:

"Pelsal-me es/ta/ bri/lhanjte aujré/ o/Ia /de /nulme..." (M. DE Assis).
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

O movimento lento, proferindo auréola (au-ré-o-la) como vocábulo
de quatro sílabas, parece emprestar à situação o colosso do tamanho que
tinha o sol, em relação à simplicidade do vaga-lume.

ELISÃO ou sinalefa é a supressão de vogal átona final de um vocábulo
em virtude de o contíguo começar também por vogal.
A elisão da vogal átona final pode ou não ser indicada graficamente

Mas se forçose Vé deixar a pátria" (C. DE ABREU, ibid., 125).
"Mais rico e belo que os vergéis do sul (ID., ibid., 124).

Note-se também que a elisão pode abarcar mais de duas vogais.
Muitas vezes podemos ficar na escolha entre a existência de uma
sinérese ou de uma elisão, sabendo-se, entretanto, que, no Brasil, esta é
menos freqüente que aquela.

CRASE é a fusão de dois ou mais sons iguais num só:

"Teu pensamento, como o sol que morre,
Há de cismando mergulhar-sç Sm mágoas" (C. DE ABREU, ibid, 125).
"Durante a noite quando o. orvalho desce" (ID., ibid, 144).

ECTLIPSE é a supressão da ressonáricia nasal de uma vogal final de
vocábulo para facilitar a sinérese ou a crase com a vogal contígua(').
ocorre com mais freqüência a ectlipse no final -em e na preposição
com. Neste último caso é comum ser indicada por apóstrofo, porque, a
rigor, a ectlipse não passa de uma elisão, considerado o vocábulo no seu
sentido mais geral (o Vocabulário oficial recomenda não usar apóstrofo:
coa, coas, co, cos):

"Co'as tranças presas na fita,
Co'as flores no samburá" (C. DE ABREu, 116).

É preciso insistir, mais uma vez, que os fenômenos fonéticos aqui
estudados só na mão do versejador são frios recursos de aumento ou dimi-
nuição de sílabas para atender às exigências da técnica versificatória; na
mão do verdadeiro poeta constituem intencionais e vigorosos elementos

(1) "Sem Imo, a sinérese é anómala, porque a ressonáncia nasal corresponde a um tra-
vamento da silaba e só as silabas terminadas por vogal são propriamente livits e se prestam à
crase ou sinércee" (J. MAToso CA~A jr., Diciondrio de Fatos Gramaticais, 85).

355
#





do quadro que o artista deseja por diante de nossos olhos. O ritmo que
devemos imprimir ao verso, acelerado aqui, com pausas acolá, é uma como
harmonia imitativa das idéias que o poeta nos quer transmitir.

O ritmo e a pontuaÇSo do verso. - já acentuamos que nem sempre
a unidade de sentido do poema coincide com os limites de uma linha do
mesmo, o que nos mostra o erro daqueles que lêem verso fazendo longa
pausa no fim de cada um deles. Esta longa pausa só é lícita quando a
unidade sintática o exigir ou permitir. Em:
"Meus Amigos, Adeus - Verei fulgindo
A lua em campo azul, e o sol no ocaso
Tingir de fogo a implacidez das águas;
Verei hórridas trevas lento e lento
Descerem, como um crepe funerário
Em negro esquife, onde repoisa a morte" (G. DIAS, Obras, 1, 213),

se lê com breve pausa no fim dos versos 1, 2; 4, 5 (enjambement).
Às vezes se podem ligar fonemas de vocábulos separados por algum
sinal de pontuação ou, ao contrário, pode haver uma pausa sem que seja
indicada por sinal gráfico adequado, como nestes versos de dez sílabas:
"E eu, fitando-a, abençoava a vida" (C. DE ABREu, Obras, 279), lido:
E/ eu/ fi/tan/do-a alben/ço/a/va a /vi/da
1 2 3 4 5 o 7 8 9 10
"Ama-se a vida - a mocidade é crença". (ID., ibid., 144).

Expedientes mais raros na contagem das sílabas. - Ao lado dos
casos até aqui apontados, há outros de menos incidência, mas que merecem
nossa atenção. Lembraremos os três seguintes:
a)o movimento rítmico de um verso pode estar sob a influência do verso
anterior ou do seguinte, fazendo com que a vogal ou sílaba inicial de
um verso fique incorporada no verso precedente; isto vem explicar
a exatidão métrica de alguns versos aparentemente errados por se apre-
sentarem mais curtos do que deviam :

"Chorar a virgem formosa
Morta na flor dos anos" (C. DE ABREU, Obras, 83), que será lido:
Cho/rar/ a/ virlgeml for/mo/
1 2 3 4 5 6 7
sal mor/ta/ na/ flor/ dos /alnos
1 2 3 4 5 o 7

b) o silêncio ou pausa mais forte valendo como sílaba:
"Às vezes, oh, sim, / derramam tIo fraco" (G. DIAS, Obras, 1, 68).
"O' céu era azul, / tão meigo e tão brando" (ID., ibid., 45).

são versos de onze sílabas aos qua~is a pausa intencional do poeta (indicada
aqui por / ) vale por um sílaba'métrica.

356
#





c)a dissolução de um encontro consonántico pela intercalação de uma
vogal ( / i / ou / e / ), não indicada na escrita, fazendo da primeira
consoante uma sílaba à parte, o que revela uma tendência da pro-
núncia brasileira corrente:

"Ninguém mais observa o tratado" (C. DIAs, Tabira) - Observa deve ser lido
com quatro sílabas.
"Contudo os olhos Wignóbil pranto" (ID., Ijuca-Pirama) - ignóbil deve ser
lido também com quatro sílabas.

2 - NúMERO FIXO DE SILABAS E PAUSAS

O número fixo de sílabas e pausas é o principal dos apoios rítmicos
do verso. O poeta tem a liberdade de não ficar, em todo o poema, preso
ao mesmo metro. No poema de Gonçalves Dias intitulado "Minha Vida
e Meus Amores" ocorre uma mudança de metro muito interessante. O
poeta vinha versejando em decassílabos acentuados na sexta sílaba ou na
quarta e oitava:

Outra vez que lá fui, que a vi, que a medo
Tema voz lhe escutei: - Sonhei contigo 1 -
Inefável prazer banhou meu peito,
Senti delícias; mas a sós comigo
Pensei - talvez 1 ~ e já não pude crê-lo.

De súbito, nos versos 67 e 68 faz cair as pausas na quarta e sétima
sílabas, aproximando o ritmo decassílabo do ritmo de onze sílabas, que
vai aparecer nos versos 70 e 71:

Ela tão meiga e tão cheia de encantos,
Ela tão nova, tão pura e tão bela
Amar-me 1 - Eu que sou?
Meus olhos enxergam, enquanto duvida
Minh'alma sem crença, de força exaurida,
já farta da vida,
Que amor não doirou (M. BANDEIRA, Poesia e Prosa, 11, 127).

Na poesia A Tempestade, G. DIAS varia a medida de estrofe; a estrofe
começando por duas sílabas até chegar a onze, quando retorna num mo-
vimento decrescente até voltar ao de duas sílabas. Com isto o poeta
quis-nos indicar mais vivamente "a aproximação gradativa da tempestade,
cuja maior fúria estoura na décima estrofe, para depois afastar-se pouco
a pouco" (M. BANDEIRA, ed. das Obras de G. DIAS, 11, 235).
Os versos em português variam, em geral, de uma a doze sílabas,
sendo raros os que ultrapassam este número. Para sua designação empre-

357
#





gam-se os nomes gregos denotativos de número prefixados ao elemento
-sílabo: mono- (um só), dis- (dois), tri- (três), tetra- (quatro), Penta-
(cinco), hexa- (seis), hepta- (sete), octo- (oito), enea- (nove), deca- (dez),
hendeca- (onze), dodeca- (doze): monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetras-
sílabo (também chamado quadrissílabo), pentassílabo (também.dito re-
dondilha maior ou só redondilha), octossílabo, eneassílabo, decassílabo
(também chamado heróico), hendecassílabo (também chamado de arte
maior) e dodecassílabo (ou também alexandrino, nome tirado das nume-
rosas composições medievais que cantavam os feitos do guerreiro Alexan-
dre, mormente o Poema de Alexandre, composto no sec. xii, por Alexandre
de Bernay e Lambert Licors).

Cesura. - Os versos longos, de ordinário a partir dos de dez sílabas,
apresentam uma pausa interna, chamada cesura, para ressaltar o movi-
mento rítmico, dividindo o verso em duas partes conhecidas pelo nome de
hemistíquios. A cesura pode ser uma pausa menor (não indicada por
sinal de pontuação), ou mais acentuada (indicada na escrita por sinal de
pontuação).

Versos de uma a doze sílabas. - Os versos de uma, duas e três sílabas
só têm uma sílaba forte:

a) MONOSSLABOS (rarissimos):

"quebra
quefina
reina

dança

sangue
goema..."

b) DissfLABos

c) TRISSILABOS:

(MÁRIO M ANDitADE apud M. BANDEARA, Versificação, 3242).

"Um raio

Fulgura
No espaço
Esparso
De luz" (G. DIAS, 11, 229)..

"Vem a aurora

Pressurosa,
Cor-de-rosa,
Que se cora
De carmim" (ID., ibid.).

358

I r
#





d)TETRASSíLABOS - apresentam os seguintes movimentos rítmicos prin-
cipais:

"O sol desponta" (ID., ibid., 230).

2 - ,~ ,~ ,~ \:~Á
"Que entre verdores" (ID., ibid.).

3 - k~/ ,~ ,~ \::~
"Lá no horizonte" (ID., ibid.).

4 - \_~ ,~ \::~ \::~
"Salomé vinha" (apud M. BANDEIRA in'Versificaçtlo da Língua Portuguesa in
Enciclopédia Delta-Larousse, IV, 3242).

C)PENTASSíLABOS - apresentam os seguintes movimentos rítmicos prin
cipais:

:~, "-Á ".Á ,~ ç~,
"Gados que pasceis" (CAMõEs apud SAID ALI, Versificação Portuguesa, 30).

2 - \-" ~~Á ,~ ,-Á x~í
"Um ponto aparece" (G. DIAS, ibid.).

3 - ,~ -,.Á \~/ %,~ \::~
"Não sou eu tão tola" (J. DE DEus apud SAm ALI, ibid.).

f)HEXASSILABOS - apresentam os seguintes movimentos rítmicos prin-
cipais:

1 -- -., ~, ~Á \~, .-i \:~,
"Não solta a voz canora" (G. DIAS, ibid.).

,-, "-Á ~,
"Que um canto d'inspirado" (ID., ibid.).

,~ ~.-Á ç~Á \..Á \-./ \::~
"Como é fundo o sentir" (C. DE ABREu apud SAm ALI, ibid, 33).

4 - ,~ \_~ k~Á k-,i \,-Á \~i
"Pois permite e consente" (CAmõEs apud SAm ALI, ibid, 32).

5 - ç~, ".Á ,~ ~~Á -., ,~Á
"Tu já mataste a sede,
M~te-me a sede a,mim" (J. DE DEUS apud SAm ALI, ibid.).
o - ~-Á _~ .~ \~, .~ \~, -
"E à luz do luar incerto" (A. DE GUIMARÃEs apud J. MAToso CAmA", Gramd-
tica, 11, 149).

359
#





g)HEPTASSíLABOS - são os verbos mais usados e populares em português
e apresentam os seguintes movimentos rítmicos principais:

"Cresce a chuva, os rios crescern" (G. DIAS, ibid.).

2 - ~Á ,~ ,~ ç~ \,~ k-.,, ç~
"Fogem do vento que ruge" (ID., ibid.).

3 -

"Ardendo na usada sanha" (ID., ibid.).

4 ,-Á ,~ k~Á ,~ ~~ ~,~ \~
"Como ovelhas assustadas" (Ia, ibid.).

5 - ,~ "-Á ~~, \_~ ,~Á ,~ ~
"Que da praia arreda o mar" (ID., ibid.).

6 - ~~ k~ ,-Á \::~ X_~ ~-Á \,~
"É já torrente bravia" (ID., ibid.).

7 - \,~ ,~ ~Á \,~ - ,~ \,~ ,~
"Grossos troncos a boiar"

"Aqui nestas redondezas" (V. DE CARVALHo apud J. MATOSO CÂMARA, ibid., 148).

)OCTOSSíLABO - apresentam os seguintes movimentos rítmicos prin-
cipais:

"Demônios mil, que, ouvindo-as, digam" (R. CORREIA apud SAiD ALI, ibid., 39).

2 - \,~ ,~ ~~ ~,~ \~j \,À ç:~
"Sabes tu de um poeta enorme" (M. DE Ases apud SAID ALI, ibid., 40).

"Roxas, brancas, rajadas, pretas" (ID., ibid.).

,--, ~~i
"Deixando a palhoça singela" (ID., ibid.).

5 -

- \-Á 1,.~ \..J \,~ k-1
"São Bom Jesus de MatozinhoV (A. DE GUIMARÃEs apud J. MATOSO CÁ
ibid, 150).

6 - ~-, \,~ ~.~ ,~ ,~ -., ,i ç~,
"Querem vè-lo no seu altar" (ID., ibid.).

7 - \-" \,~ \,~ -i \~'-/ ~~ ,~ \~i
"Para. ficar perto dos ninhos" (ID., ibid.).

8 - k~Á ',-Á \,~ k~i \.~ <~ \.i \~i
11 11

Alto, porém, tão alto soa (R. ConEIA apud SAiD ALI, ibid., 40).

360
#





i)ENEASSíLABOS - apresentam os seguintes movimentos rítmicos. prin-
cipaís:

1 - _, ,~ \~, _i _, ~, _, \,~ ~~Á
"E no túrgido ocaso se avista" (G. DIAS, op. laud.).

"Além, nos mares tremulamente" (R. CORREIA apud J. MATOS0 CÂMARA JR.).

'Ma cor de uma menina sem vida" (A. GUIMA~ apud J. MATOSO CÂMARA,
ibid, 152).

3 -

4 - k:~i ,~ k~ ~~ \,~ k~ \-" ~,~ Ç~,
"Pobres de pobres são pobrezinhoV (G. JUNquEiRo apud SAID ALI, ibid., 42).

"Dei-me ao relento, num mar de lua" (R. CORUJA apud SAID ALI, ibid.).

6 - ,~ ~, _Á \~, _, _, \::~ ,~ :~,
"Também outrora num mar de lua" (ID., ibid.).

7 - ~~Á \,~ ,~ ,-Á ç~/ ,.J ,~ \,-Á k~,
"Pobre lua nova, tão pequena" (A. GUIMARÃEs apud J. MATOS0 CÂMARA, ibid.).

j)DEcAssíLABos - apresentam os seguintes movimentos rítmicos prin-
cipais:

1 - ~.~ ~._Á \.~ \~Á \-" ".Á \.~ -/., k_~ \~Á
---Umsom longínquo cavernoso e ouco" (G. DIAS, ibid.).

2 - ,~ ".Á ~ \,~ \,~ \:~, ~,~ \-" _Á ~~Á
"Eis outro inda mais perto, iná mais rouco" (ID., ibid.).

\_, ~~Á ,~ <~ _, \~, .~ ,~ ~_, Ç~,
"Troveja, estoura, atroa; e dentro em pouco" (ID., ibid.).

"Rasga-se o negro bojo carregado" (ID., ibid.).

"E enquanto a luz do raio o sol roxeia" (ID., ibid.).

,_, .~ ~Á "-Á _, \~Á ,-, ,~ _, ~,
'.'Das ruínas completa o grande estrago" (ID., iNd.).

,,~ ,~ ,~ _, ,~, ~ .-, \~, ~.~ c,,
"O sonho passou. Traz magoado o rim" (M. BANDEIRA, Versificação, 3243).

,~Á ~.Á \,~ ,~ ~, ,~ ~~Á .~ ,~ -,Á
"Magoada a cabeça exposta à umidade" (ID., ibid.).

,,~ .., _, \:~, _, \.~ \~, .~ ~_, ç:~
"Doce repouso de minha lembrança" (CAmõEs apud M. BANDEIRA, ibid.).

361
#





1)HENDECASSíLABOS - apresentam os seguintes movimentos rítmicos
principais:
1 - ~_i 1~, ~_À ,~ ç~, .~ ,.i ~, ~ \_, \:~,
"Nos últimos cimos dos montes erguidos"

2 - \~i \_Á ,-Á _i k~i \,i %,~ ,~ k:~i \.-Á .~
"Ai 1 há quantos anos que eu parti chorando" (G. JUNQUEIRO, OS UMPICS, 117).

,.i \_Á ".Á _, ,~ ~~Á
"Deste meu saudoso, carinhoso lar I..." (ID., ibid.).

4 - \_i _i ç/~ \-i \~/ \,~ ~_Á \,~ \~ \_, \~Á
"Foi há vinte?... há trinta?... Nem eu sei já quandol..." (ID., ibid.).

m) DODECASSíLABOS - apresentam os seguintes movimentos rítmicos prin-
cipais:
1 - -i \,~ Ç'_i ,,, "-Á ç:~ 1 \-., \_, ~ _Á _, \~i
'Já não fala Tupi no ulular da procela" (0. BILAc apud SAio ALI, ibid., 56).

2 - , , \~_'
--- -,,, \.~ \:~/ ,~ <~ 1 \_, k::~ \~ \_~ \.J k~I
"E espalham tanto brilho as asas infinitas" (ID., ibid.).

3 - ,_i ,~ \::~ \_, ,~ ~~ 1 ,-Á ~~J ,-Á 6 ,J ç~,
"Como a faixa de luz que o povo hebreu guiava" (ID., ibid.).
4 - \,_Á ~~J ,~ ç~, ,~ k::~ 1 \,Á _, \::~ _J \_~ Ç'
"Teu pé também deixou um sinal neste solo" (ID., ibid.).

,5 - \~Á _, \-" \~, \_, \~, 1 <~, ,~ \,.i ç~, ~ ~i
"Ruge soturno o mar; turva-se hediondo o dia" (ID., ibid.).

6 - \~Á \_Á \_À ,~ \_, \~i 1 ,~ \::~ ,J ç~/ k_, \~Á
"Súbito a nota extrema anseia, treme, rola" (C. ALvFs. Obras, 1, 115).

7 - ~~i \._, \~,, ,~i \_Á ~~, 1 ,-Á \,.Á \~/ ,~ k_, %~'J
"Noiva que espera o noivo e suspira em segredo" (BiLAc apud SAID ALI, ibid.).

- 1---,1~, 1---,1~, 1---,1~, 1 1~Á 1---,1,Á 1~, 1---,1~,
"Em torno a cada ninho anda bailando uma asa" (Io., ibid.).

9 - \.-, ,~ \::~ -i k_~ \~, 1 \~, ,i _, ç:~ \_, ~~Á "Vês com olhos do céu cousas que alo do mundo" (M. Dz Assis, ibid.).

10 - :~, ,~ _, ~, 1 :-', _, \~, \-., \.~ ~,
"Essa que ora nos céus anjos chamarn Leonora" (h)., ibid.).

11 - 1~, 1---,1~, 1---,1-1 1~, 1 \~,

"Casa, rico jardim, servas de toda a parte" (ID.. ibid.).

12 - ~~ ,~ \~ ,~ \,_Á \~À 1 \_~ \~Á \_i ~~ \,~
"Berço em que'se emplumou o meu primeiro idílio" (BiLAc. ibid.).

13 - \~í ,_Á k~Á ,~ ,..Á \~Á 1 .~ ,~ ~~ ,J ',-Á <~
"Passa um velho judeu, avarento e mesquinho" (G. JUNQUEMO, ibid.).

362
#





"A lei orgànica do alexandrino pode ser expressa em dois artigos:
1.0) quando a última palavra do primeiro verso de seis sílabas é grave (1.0
hemistíquio), a primeira palavra do segundo deve começar por uma vogal
ou por um h; 2.0) a última palavra do primeiro verso nunca pode ser
esdrúxula. Claro está que, quando a última palavra do primeiro verso é
aguda, a primeira do segundo pode indiferentemente começar por qual-
quer letra, vogal ou consoante.
Alguns poetas modernos, desprezando essa regra essenciall têm abolido
a tirania da cesura. Mas o alexandrino clássico, o verdadeiro, o legítimo,
é o que obedece a esses preceitos"(').

3 - RIMA: PERFEITA E IMPERFEITA(2)

Chama-se rima a igualdade ou semelhança de sons pertencentes ao
fim dos vocábulos, a partir da sua última vogal tônica.
Interna é a rima que se faz com o último vocábulo de um verso e
um vocábulo no interior do verso seguinte. Em Aventura Meridiana (Os
Amores de P. Ovídio Nasão, 63 e ss.), A. F. de Castilho, compondo quar-
tetos de versos alternados, de 12 e 6 sílabas, rima o 1.0 verso com a 2.a
sílaba do 2.0; o 2.0 com o 4.0; o 3.0 com a 2.a sílaba do 4.0; finalmente
variando o verso ora grave, ora agudo:
"Era na estiva quadra 1 Intenso meio dia
Pedia um respirar;
No meio do meu peito
Me deito a descansar.

janela entreaberta, esquiva ao sol fogoso,
Repouso ali mantém;
Luz como a de espessura
Escura ao quarto vem".

A rima pode ser perfeita ou imperfeita. Diz-se perfeita quando é com
pleta a identidade dos sons finais:
"É& engraçada e formosa
Como a rosa,
Como a rosa, em mês d'abril;
És como a nuvem doirada
Deslizada,
Deslizada em céus d'anil" (G. DiAs, Obras, 59).

Diz-se imperfeita aquela em que a identidade de sons finais não
completa. Ocorre a rima imperfeita quando:

(1) O. BILAC - G. PAssos, Tratado de Versificação, 68-69.
(2) Os versos que não rimam chamam-se soltos ou brancos.

363
#





a) se rima uma vogal de timbre aberto com outra de timbre fechado:

"Bailando no arj gemia inquieto vaga-lume:
- "Quem me dera que fosse aquela loura estrela
Que arde no eterno azul, como eterna vela!"

Muitas vezes a perfeição ou imperfeição da rima é relativa, conforme
a pronúncia padrão. No Brasil, por exemplo, constituem rimas perfeitas
as que se fazem entre certas vogais e ditongos (desejos com beijos; luz com
azuis; atroz com heróis; vãs com mães; espirais com Satanás; bondoso~ com
repouso). Em Portugal é perfeita a rima entre mãe e também (ou tem,
etc.), prática que, por imitação literária, ocorre entre alguns de nossos
poetas românticos.

Rimas consoantes e toantes. - A rima se diz consoante quando tem
os mesmos sons a partir da última vogal tônica do verso, vaga-lume /

Toante é a rima feita apenas com a vogal tônica do verso

Disposição das rimas. - Quanto à maneira por que se dispõem nos
versos, as rimas podem ser emparelhadas, alternadas (ou cruzadas), opostas

Cada rima de uma estrofe é designada por uma letra maiúscula ou
minúscula do alfabeto, de modo que a sucessão de letras indica a sucessão

Assim no exemi)lo:

"Moços, quero, entre vós, falar à nossa terra
Somos sua esperança e o seu último amparo;
Em nosso corpo e em nosso espírito se encerra

a distribuição das rimas é representada pelo esquema abab (OU ABAB)
onde a indica a rima -erra (terra / encerra) e b a rima -aro (amparo

EMPARELHADAS são as que se sucedem duas a duas (o esquema é
#





"Numa vida anterior, fui um xeque macilento

E pobre... Eu galopava, o albornoz solto ao vento
Na soalheira candente; e, herói de vida obscura,

Possuía tudo: o espaço, um cavalo, e a bravura" (0. BILAc, Avatar).

ALTERNADAS (ou cruzadas) são as que se alternam, fazendo que o 1.0
verso rime com o 3.0 (e os demais ímpares) e o 2.0 com o 4.0 (e os demais

pares). Correspondem ao esquema abab:

"Ora (direis) ouvir estrelas1 Certo

Perdeste o sensol" E eu vos direi, no entanto

Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto..." (0. BILAC)

OposTAs (ou enlaçadas) são as que se verificam em versos entre os
quais medeiam dois outros versos também rimados. Correspondem ao

esquema abba:
i

"Vai-se a primeira pomba despertada.

Vai-se outra mais.. Màs outra.. E enfim dezenas

MISTURADAS são aquelas em que a distribuição é livre. As rimas mis-

constância vivacidade e sono-

"É meia noite... e rugindo
Passa triste a ventania,
Como um verbo da desgraça,
Como um grito de agonia.
E eu digo ao vento que pass

Onde ela está? Longe ou perto
Mas, como um hálito incerto,
Responde-me o eco ao longe.
"Oh ! minh'amante onde estás;.

Aliteração é o apoio rítmico que consiste em repetir fonemas en
vocábulos simetricamente dispostos. A aliteração nasce, em geral, de un

"A juruti suspira sobre as folhas secas" (C DE ABREU)
"É a perda dura dum futuro inteiro" (ID.).
"Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violoes, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vás, vulcanizadas" (CRUZ E SOUSA).
#





5 - ENCADEAMENTO

Encadeamento consiste na repetição simetricamente disposta de fo-
nemas, vocábulos, expressões ou um verso inteiro.
Foi recurso rítmico muitíssimo usado na poesia medieval e é fre-
qüente na poesia moderna em versos livres. Exemplos colhidos em
Augusto Frederico Schmidt:

"No entanto este motivo escondido existe.
Não vejo, esta tristeza, da saudade da que é sempre a Ausente
Nem da sua graça desaparecida_" (repetição de fonema)
"Pensei em mortos que morreram entre indiferentes.
Pensei nas velhas mulheres..." (repetição de palavra)
"No princípio foi um balanço contínuo e vagaroso,
Depois foi descendo uma sombra indistinta,
Um grande leito surgiu e lençóis brancos como espuma

No princípio foi um balanço contínuo e vagaroso" (repetição de verso).

6 - PARALELISMO

Paralelismo é a repetição de idéias através de expressões aproximadas:

"O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tetos negros do fim do mundo?
E o homem do leme disse, tremendo:
"EI-Rei Dom João Segundo 1"

"De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que veio e ouço?"
Disse o mostrengo, e rodou trés vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso:
"Quem vem poder o que eu só posso,
Que moro onde nunca ninguém me vime
E escorro os medos do mar sem fundo?"
E o homem do leme tremeu, e diste,
"EI-Rei Dom João Segundo 1" (F. PENCIA).

7 - ESTROFAryXO

O poema pode conter dois ou mais versos os quais se agrupam para
formar uma estrofe.

366

I
#





O costume tradicional é iniciar cada verso com letra maiúscula, qual-
-quer que seja a sua relação sintática. Pode-se, entretanto, por, no início,
letra minúscula, conforme a sua relação sintática com o verso precedente.

As estrofes podem ser simples, compostas e livres.

SimpLu são as estrofes formadas de versos com a mesma medida.

ComposTAs são as aue encerram versos de diferentes medidas.

1~ são as que admitem versos de qualquer medida.
As estrofes de dois, três, quatro, cinco, seis, oito e dez versos recebem
-respectivamente os seguintes nomes especiais: dísticos, tercetos, quadras
,(ou auartetos), quintilhas, sextilhas, oitavas e décimas. As estrofes de sete

,e nove versos não têm nome especial.

8 - VERSO DE RITMO LIVRE

"O que chamamos impropriamente versos livres é uma série irregular
-de versos que tomados em separado são regulares"(').

i
O verso de ritmo livre não tem número regular de sílabas nem são
uniformes e coincidentes o número e a distribuicão das sílabas átonas e

tônicas responsáveis pelo movimento rítmico.

O verso livre exige do poeta uma realização tão completa quanto o
1 verso regular. "À primeira vista, parece mais fácil de fazer do que o verso
i
metrificado. Mas é engano. Basta dizer que no verso livre o poeta tem
de criar o seu ritmo sem auxílio de fora. É como o sujeito que solto no
recesso da floresta deva achar o seu caminho e sem bússola, sem vozes que
de longe o orientem, sem os grãozinhos de feijão da história de João e
Maria. Sem dúvida não custa nada escrever um trecho de prosa e depois
distribuí-lo em linhas irregulares, obedecendo tão-somente às pausas do
pensamento. Mas isso nunca foi verso livre... O modernismo teve isso
de catastrófico: trazendo Dara a nossa líneua o verso livre, deu a todo o

mundo a ilusão de que uma série de linhas desiguais é poema"

"A recitação do verso, além dos requisitos exigidos para a da prosa,
exige uma gesticulação adequada, sem exagerós, um jogo fisionômico a ro-
giado e que o recitalista não faça sentir demais a rima nem a cesura.
o caso dos versos livres modernos é preciso descobrir o ritmo e a
#





APÊNDICE

DOIS EXEMPLOS DE ANÁLISE ESTIÚSTICA

A título de meras sugestões aos leitores ainda não familiarizados com as técnicas
da análise estilística, temos a satisfação de transcrever aqui dois excertos assinados,
um por excelente mestre brasileiro, J. MAT~ CÂMARA JR., e outro pelo não menos
distinto estudioso português, JACINTO DO PRADO, COELHO. Outras interessantes amostras
pode o leitor curioso ver nos estudos de AUGUSTO MEYER, OTHON MOAcYR GARCIA
e uma plêiade de patrícios onde está indicada farta bibliografia especializada.

1) Um soneto de António Nobre

O comentário de poemas será ainda, em grande parte, criação, inven-
tiva, uma série de desdobramentos psicológicos, evocações, associações de
imagens, que mostram a personalidade do leitor a colaborar com simpatia
na obra do comentário. A visão de conjunto originária iluminará todo
o comentário. A linguagem será encarada, segundo quer Spitzer, como
floração da substância espiritual do poema. A divisão metodológica em
comentário ideológico e comentário de forma não me parece justa. O
poema deve ser olhado como um todo. A consideração das formas lin-
güísticas conduzirá ao psicológico, e acompanhará o comentário da subs-
tância do princípio ao fim. O que se pretende, em primeiro lugar, é que
* eu do leitor comungue no eu do poeta (e Berdiaeff mostrou muito bem
* impossibilidade desta comunicação por meios que não sejam de natu-
reza afetiva; pensar é objetivar, é separar). É claro que sem objetivação
não há critica. Mas no comentário de poemas a crítica aos pormenores
deve incluir-se num estado de adesão que permaneça durante o
comentário.
~ Tudo isto, eu sei, é muito difícil; nunca consegui realizá-lo satisfato-
riamente. Dou, todavia, como exemplo, o comentário dum soneto que
tentei fazer segundo a orientação exposta. Começo pela introdução à
leitura:
"Antônio Nobre, não só pela concepção que teve da poesia, como pela
estranha riqueza da sua personalidade, é verdadeiramente um poeta mo-
derno. Se ainda vivesse, teria setenta e cinco anos. Talvez a sua presença
nos impedisse o convívio estreito com esse rapaz triste que escreveu o Só,
o livro mais triste que há em Portugal. A sua presença física, torná-lo-ia,
porventura,* mais distante. Assim, porque morreu aos trinta e dois anos,
ficou sempre rapaz na nossa lembrança, de olhos doces, pálido, feições
finas, embrulhado numa capa de estudante, absorto como é sina dos poetas.
Quando ouvimos o tom lastimoso da sua voz, quando o sentimos tão
perto, os nossos braços procuram estender-se através da bruma que separa

368

I
#





as almas, para lhe darem finalmente, com piedade fraterna, o carinho que
pediu sem receber. Continua vivo a nosso lado, continua conversando,
obriga-nos, pelo tom das suas palavras, a ver o mundo como ele via, sentir
como ele sentia.
Mas não era assim, pela vida subjetiva, que Nobre queria viver.
Nobre foi um homem de desejo. Emigrou para um país diferente, reco-
lheu-se no sonho da infáncia, chegou a bendizer a velha, a senhora Morte,
apenas pela força do seu destino.
Antônio Nobre queria viver a nossa vida, queria ser como os outros
saudável e contente. Ambicionava uma purinha de cabelo negro e boca
vermelha. Confessou-nos o seu "ideal de parisiense": casa defronte do mar,
sardinha ao lume, economias no mealheiro, sendo possível, e mulher e
filhos. Nobre fora feito para este mundo, e só a doença o afastou dele.
O seu desespero dissolveu-se numa resignação de menino suave e obedi-
ente, que se entretém com brinquedos de luxo. O seu brinquedo foi a
arte. Mas 'não somente um brinquedo: um meio de confissão, de trans-
missão da sua humanidade confrangida. Por isso (pensando que ele
queria viver, e que morreu tão novo, tão triste, tão só) ouviremos sempre
com piedade a voz do seu lamento, e choro de quem já não espera nada,
mesmo o ópio do regresso, pela memória, aos tempos de criança:

Tombou da haste a flor da minha infância alada,
Murchou na jarra de oiro o púdico jasmim:
Voou aos altos céus a pomba enamorada
Que dantes estendia as asas sobre mim.

Julguei que fosse eterna a luz dessa alvorada,
E que era sempre dia, e nunca tinha fim
Essa visão de luar que vivia encantada
Num castelo ideal com torres de marfim 1

Mas hoje as pombas de oiro, aves da minha infância,
Que me enchiam de lua o coração, outrora,
Partiram e no céu evoam-se a distância 1

Debalde clamo e choro, erguendo aos céus meus ais:
Voltam na asa do vento os ais que a alma chora,
Elas, porém, Senhort elas não voltam mais...

Da leitura deste soneto fica-nos o travo da desilusão, a amargura de
perder o que nunca mais se recupera. As metáforas, cuja finura e cuja
riqueza nos impressionam, vêm transmitir uma visão encantada dos anos
da meninice. Segundo o poeta, a infincia é alada, tem asas, talvez porque
o pensamento infantil voa a cada instante para o reino da fantasia, talvez
porque a criança é um anjo, pela sua pureza, ainda visível da sua divisa.
Nobre escolheu uma flor, "um púdico jasmim", para simbolizar essa
candura perdida. O jasmim é branco, de perfume penetrante mas suave.
Também as crianças têm a graça, o perfume; a brancura da alma. O

369
#





adjetivo "pudico" estabeleceu, no espírito do poeta, a ligação entre a flor
e a criança: ambos possuem a pudicícia, a castidade, a inocência.
Vejam em tudo isto a delicadeza da arte de Antônio Nobre. Ele pôs
de lado os processos declamatórios, a eloqüència rornáritica, os meios di-
retos e demasiado conhecidos. Para nos dizer que terminou o sonho da
sua meninice, a alegria da visão imaculada, Nobre fala-nos da flor que
também tombou da haste, do jasmim que murchou num vaso de oiro,
da pomba enamorada que se sumiu no azul e nunca mais voltou (lem-
bramos aqui as lindas asas brancas de Garrett, que ele batia para voar
ao céu).
Todo o soneto é construído sobre estas metáforas brilhantes, desde
as pombas de oiro às torres de marfim. Somos levados a aludir ao simbo-
lismo de Antônio Nobre, à preferência pela magia das insinuações indi-
retas, Na verdade o simbolismo não passou, a princípio, duma reação
contra o processo parnasiano de mostrar as coisas, francamente, inteira-
mente, dando-as pelo nome próprio, sem rodeio nem véu. Isso tirava ao
leitor o prazer de participar na criação.
"Nomear um objeto - escrevia Mallarmé em 1891 - é suprimir três
quartos do gozo do poema, que consiste na delícia de adivinhar pouco a
pouco; o sonho é sugerir o objeto. O uso perfeito deste mistério constitui
o símbolo: evocar lentamente um objeto para mostrar um estado de alma,
ou, inversamente, escolher um objeto e tirar dele um estado de alma por
uma série de decifrações". Estas palavras de Mallarmé (que foi o maior
dos poetas simbolistas franceses) quadram à poesia de Antônio Nobre; no-
tamos, porém, que, no soneto que hoje comentamos, não há imagens tão
ousadas ou alucinantes que revoltem o senso comum; pelo contrário, é
bem compreensível que se represente a candura da infincia por uma flor
branca, o mundo fantástico e hermético das crianças por um castelo de
marfim.
O que parece estranho é não ser uma dor humana, dilacerante como
a de Antônio Nobre, transmitida sem rodeios, no seu ímpeto de expansão,
desalinhada e convulsiva. Não há dúvida de que Nobre foi sempre sincero.
Desde pequeno, começou a meditar na morte, porque a esperava. Os pre-
núncios da tuberculose vieram pouco depois dos vinte anos. E ele, que
já em criança pedia que, depois de morto, o embrulhassem num cobertor,
'porque tinha medo do frio do jazigo", depois começou a ver em todas as
coisas o riso macabro da morte-

Em tudo via a Velha, em tudo via a Morte;
Um berço que dormia era um caMo pra cova:
Via a Foice no Céu quando era Lua-Nova...

Antônio Nobre foi, portanto, um poeta espontáneo. Escreveu com o
sangue das suas veias. Mas não foi apenas um homem que sofreu, porque
fez dos pedaços da sua dor filigranas de beleza e harmonia. Ele próprio

370
#





disse uma vez: "A dor que dura sempre produz o prazer que não dura mais
que um momento". Esse momento de que fala Nobre é, sem dúvida,
o momento da criação poética, o momento da graça. O poeta depôs no
altar da Arte a sua humanidade passageira, que sangrava. Contempla-se
na própria imagem, acriançado e um pouco dáridi, saboreando as palavras,
procurando ritmos.
É notar como a palavra "lua" tem na sua poesia um halo especial de
associações de imagens. As palavras recebem das outras mais próximas
uma incidência de estímulos psicológicos que muitas vezes transfiguram.
Por isso 1ua% nos versos de Nobre Ç... aves. na minha infància
que me enchiam de lua o coração outrora") sugere-nos o mundo saudoso
e feminino do poeta, com as graças pálidas e os seus fantasmas ador-
mecidos.
No último terceto, Nobre lança uma queixa dolorida e todavia hu-
milde e resignada:

Debalde clamo e choro, erguendo aos céus meus ais:
Voltam na asa do vento os ais que a alma chora.
Elas, porém, Senhor 1 elas não voltam mais...

Nobre não renega o Senhor, embora tenha clamado antes de chorar.
A rapidez saltitante do segundo verso, composto por palavras todas muito
curtas, parece trazer o eco dos ais do poeta, vindos nas asas do vento.
Voltam os ais que redobram a sua dor, mas não voltam as pombas de oiro
da sua infáncia alada. O último verso, mais de que a chave racional do
soneto, à maneira clássica, é uma frase sentimental: a primeira parte,
ascendente, é um grito de alma ("elas, porém, Senhor 1"); a segunda parte,
descendente, é um suspiro de aceitação ("elas não voltam mais").
Antônio Nobre conformou-se, acabou por amar a sua cruz. Conse-
guiu tomar-se criança meiga e obediente, de olhos muito abertos, de
sorriso tão triste. O sorriso de quem fala de ir viajar, sequinho, para o
sol-posto; o sorriso de quem pede que componham com jeito o travesseiro,
de modo que lhe faça bom encosto no caixão:

De modo que me faça bom encosto,
o travesseiro comporá com jeito,
E eu, tão feliz 1 Por não estar afeito,

Talvez este sorriso derive duma atitude premeditada, um último
"coquetismo" de moribundo que compõe o lençol, manda abrir a janela
e diz qualquer coisa infantil para distrair os outros da sua desgraça.
Talvez seja a última defesa de quem teve de entregar-se todo, esfarrapado
e sangrando, aos olhos da multidão compadecida".

JACINTO DO PRAW COELHO (A Educação
do Sentimento Poético, páge, 65-71).

371
#





2) Um soneto de Machado de Assi

A CAROLINA

... O estilo tem um cunho nitidamente quinhentista.
Sugere-o a formulação global, lingüística e rítmica, e sublinham-no
certos dados concretos, como, por exemplo, o qualificativo "malferidos",
aconselhado por Mário Barreto justamente por se casar ao seu ideal de
restauração da linguagem' clássica (1), a já citada locução de "pensamentos
idos e vividos", e a pobreza das rimas dos tercetos em -ados e -idos, onde
se alinham fácil e espontaneamente particípios da 1.a conjugação e da
2.a.e 3.a :

Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

O que, entretanto, mais aí nos deve interessar é a Iorma interna",
Sto é, o plano formal imanente no desdobramento das frases.
Para o soneto, a forma interna, assim concebida, se processa pela
concatenação de idéias, ascendentes em amplitude e intensidade, até o
coroamento de uma larga e culminante expressão final. É o que natu-
ralmente estava prefigurando no microcosmo da copla esparsa, de que
vimos provavelmente ter evoluído o soneto.
Em Bocage, esta estruturação chega muitas vezes ao uso de um único
período, que só na parte final apresenta as suas orações capitais. Um bom
exemplo é o soneto sobre a existência de Deus (2) onde vão-se anunciando
os fatos da natureza comprobatóríos, até se chegar à afirmação dessa exis-
téncia na base desses fatos -

tudo que há a confessar me obriga

- acrescentando-se o conceito de que tal existência se impõe à Razão, e
não apenas à Fé, pela evidência física e pela necessidade no plano moral,
o que tinha de ser o capital argumento para o iluminismo oitocentista:

E para crer num braço autor de tudo,
Que recompensa os bons, que os maus castiga,
Não só da Fé mas da Razão me ajudo.

(1) Waio BAnaTo, Novos Estudos da Língua Portuguesa, Rio, 1921, p. 364.
(2) Obras PodUcas de Bocage, ed. Tavares Cardoso e IrrnAo, Lisboa, 1902, vol. 1, 234.

372
#





Esse plano formal interno pode, é verdade, oferecer a variante do chamado
'soneto elisabetano" (que praticou Shakespeare) (1) onde a três estrofes
de quatro versos, independentes entre si quanto à rima, se adjunge um
dístico final, que resume o pensamento anteriormente desenvolvido. Neste
particular, Antônio Nobre nos ilustra uma forma interna de soneto elisa-
betano moldado na forma externa italiana, quando disjunge pela idéia
os dois versos finais do último terceto, neles resumindo todo o teor da
poesia, cujo pensamento se concluíra no décimo segundo verso:
õ virgens que passais ao sol poente,
Pelas estradas ermas a cantar,
Eu quero ouvir uma canção ardente
Que me transporte ao meu perdido lar.
Cantai-me nessa voz onipotente
* sol que venha aureolando o mar,
* fartura da seara reluzente,
* vinho, a graça, a formosura, o luar.
Cantai, cantai, as límpidas cantigas
Do fundo do meu lar desaterrai
Todas aquelas ilusões antigas,
Que eu vi morrer num sonho como um ai
õ suaves e frescas raparigas,
Adormecei-me nessa voz... Cantai 1(2)

Voltando, entretanto, a "A Carolina" de Machado de Assis, exami-
nemos-lhe a forma intérna na base das considerações acima feitas.
Não temos al, em verdade, um desdobramento de idéias cada vez mais
amplas e intensas até um clímax de versos finais.
o poeta combina pensamentos cognatos e paralelos, um nos quar-
tetos, outro no primeiro terceto, enquanto um terceiro pensamento, que
é a essência do pequeno poema, se consubstancia finalmente no último
terceto.
Recitemos a produção, comparando-a com o esquema assim depre-
endido:
A) Visita à sepultura com as idéias que acompanham esse gesto de sau-
dade e carinho: a evocação da felicidade e a afirmação de uma
lembrança e um afeto que não mais se apaga ou sequer desfalece:
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração de companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs o mundo inteiro.

(1) Sobre o soneto na literatura inglesa, consultar ENID H~ta, The Meters of EngUM
Poetry, London, 1954; P. 186. es.
(2) ANTóNio Noeitz, Só, 3.a ed. (Aillaud e Bertrand), 1913, pág. 120.

373
#





B)Oferta de flores, como símbolo dessa saudade, que assim se concretiza
num gesto ritual:

Trago-te flores, restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

C)Finalmente, o conceito de que o poeta está morto para o mundo, e
a sua vida física se prolonga automaticamente pelo impulso adquirido
de uma força vital que desapareceu:

Que, se eu tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

Mas não é tudo. Não se resume nesta análise o plano complexo do
soneto.
O poeta articulou sutilmente a parte C com a parte B, tirando-a da
expressão, aparentemente secundária, de que ele está tão morto quanto a
sua Carolina.

Digo "aparentemente secundária% porque o termo está colocado em
meio de frase e como primeiro elemento de um conjugado copulatívo, em
que predomina formalmente, portanto, o segundo qualificativo separados.
Há a intenção de provocar a perplexidade a posteriori do leitor, cuja
atenção desliza até separados e depois de aceitar essa idéia self-evídent,
há de retornar, sem querer, para o paradoxal adjetivo mortos, que o
antecede. "Mortos, por quê?" Assim concentrado num novo conceito,
que obviamente tem de intrigá-lo, está ele preparado para receber o im-
pacto de pensamento final, introduzido ao último terceto por um que de
valor causal.
Temos, assim, - não um desdobramento que regularmente vai ascen-
dendo para uma idéia ápice -, mas um primeiro pensamento concluso
(a evocação da felicidade perdida e a lembrança perene da mulher
amada), um segundo que o ilustra numa concretização simbólica, e, saindo
de um elemento aí lançado quase ao acaso, um pensamento final, que
transfigura o poema e lhe dá a substância definitiva.
É nesta forma interna e no seu contraste com o plano natural de um
soneto, que me parece estar, estilisticamente, a significação da pequena
jóia poética que acabamos de rapidamente apreciar.

JOAQUIM MATOSO CÂMARA jR. (Revista
do Livro, nP 5, págs. 71-73).

374
1

Rar!�(As@� ���«€�ô t@‚g�0€� Í �==j\05G� ���gram tica em tempo de comunica‡Æo, luiz ant"nio sacconi.txt�Ìáç3ã ô §G Šsh[à É%)/¶Ë&lsqauo;KC�?9M'„ €`ÎŽyw.-Âò""ó&lsqauo;8¡Ÿz®55øSþoÁG¢È^ºìC'ça.Å4ª×z_£þXç'˜7J~7šÍt‚°*¹r0ªRšÂ9s'ꪳÀv{[ë×`˜° ê#–¡#du{µ·~66¥›T‡æûÎÊñóÞX‡¿¹iU …à Y2)Åeè.¯OÞxŽÄÛC}¾Æ\{ï'‡¾0Ù² <n™<W›�.ÉÚsk`Î6ÝxëC};<ª'¿øN€y¼0kPžAQsœ¯G<*3lûW YƒŒß@™ì£¤!q"dWâÀ¿r©3rs­ÊÿÆíIWS„¬ñŸô¤ð;1Ìo¥sÉ·=$)8õ¦²ö‡ßjUƽã5ÚO\âqUHn}33ˆÓ…1,€f\›oGFÖªE¬'_ÌÙmQr.g™ˆñð°½}Ú9–ñ2HhÓx@Ò*,}VÏeèzä­ü"È"„n¿Ì¿¦4}hÞ³ë'9rtµ„¸­ón›ÿt(½ð¶Fb„|ÔLqîÿŽ¾ç£vQ€]JJ|^Pý…P®DÒ5VUà•8EäÆH9ë¬À!î¢ðf€ÉÏdæB|Xa;¼Æ-€€ƒImÀªà,@*t0e±ŽÛÀî/w"ƒŠýf<Bê ²|êÞ"_'DÂŽ
Ê!êɆÊþ˜íeª]\òÓé«÷ðÂGRü— †«UÄíÝîCÌ?¨{ ao‚ˆƒ‡4#d GâyÍ#©wâòi[ß[a!C²É;FÕU&lsqauo;·À"0{'q·EFfúyD}«Aö=Ú–Ž˜L8
"·½Xº4ìvÇRøßGxoÄ¥™UI:m餪!î‚/dí4 #5¤ÕZ`mš….žld…΃¤úíêOàœkpJY£.ÌÇSØãŒò%1`w¢µO-Œˆi…jÐMcÀ¢<;U Lb¡bõg•;3þ˜'ÎzëâÒÓ×Mõm¾ÍpzÃW 5aŠ;ö6 3³^ ǯĄ±Ÿ^²µïÌ)Ôu¿ÕÚæ¥&lsqauo;ð£Ÿníá9R蕈bï­žs&lsqauo;@X·EáÀD|?&a¢C·LF)æŠiQ{/§…™¶œ³µÀpìD¡hBuÇ;""q«ÜUœ~u€îl„,ZíïǤã Ü´ˆdqbZZ÷kß7îÏ•rÍ"iãkWÖ¡¦ràó¿ÉÛ]"'ß^+'Ü Ù²F³£há¯Ïn-IÒ#0¦U|@'âÊÚ„45"SègA40¾ç,Ò Ï"à²ÕÈè9'•ª¼‡‚}½`¨óθv&Óûî$ÒvåU\¼—0 Êçl¿¸#áêÔßýApCñ#LüÅØ4Jc°výyy÷Ö,¬ðŠÉ]&K2è@ïK¸M5Ý< nUmç0:Á¶X³)³Lµ$8j ^1çL»­HìùÂÎ1HÅÙ¾Í'b^6˜_RÓè„0aÌFíõ^®«�ܝÑ6Jxxpn,Ù1ìÛOꃜÏSÊú$ðpÓ~ªœé*\ðp d¯üÉþì¯}Ù"׬[/¡a<šP¡H¯øÅ©éð?«"›,]ìw"›ú!<-ŠòÿCayÝ'npþ íÜUë`$DHŠáÁHj»•ÜP‡ˆck|!}$åœJÃÜ«ö@lV þíbkB .äcô¨‚ %¤9à=…ÄIè-ꆪùƒ ¸ã:{5,?ÕQ·û7ÒÁ
Ù
£e{ñ m—pë3&!'¿ç!$½Ïrƒ†1W1ûØýúîòÏ—=J‰O÷]ôŸ"-ôplõETüg5þcOØ~úc.'6Äìi}S÷ø±­u‡Ão&ùW—~ºP}©®¦ ÛAè$¬*'&lsqauo;Õ*[i↤ÏQFÐ2ÊC-Ç<¬c.‚ºd.ñÓõÖxþ‰¼=ôb'hÊÅ�íatwT.1•î|}ÌÙ>Ò^ÓUº×½èɏŸš7—6\ïéÉ߈e-³¡…Hþ'Ë(9u**@ä ÓÕEf<²Žùÿ
*®GÅNÓÏÀÖ"OÆUPh¯öoQUØmj–ÌQ­ÄÛ]B¹~a;xÆ¡¦ðS'×#é5%x@ Q |P¼s…¡5‡ Dòne§#aÆ_ª@?'õÔûøQÿOy¸#7yuLÍxz>æ÷ÉàGc ×£s÷œO¾lrªÿûUÀ¯wž¹ëÿWÖB›¥a8/¢XS1yñ«vwþFÊ9úiAƒ°Ýï;'ÎÇ÷ÄBæ#¯†^K®oŽ%ÿÇ9Kñ+ŸpI-YäïÒÈ&…c÷ãqã)ÿú‡-»Sô¨"%ÊÈbc8Ód1e ÖCX¢D>q5&¯1 Rél(* ȨFL'ßVåS½ßºïœÜ–czq]Œ?¯ÃÖÀ•ÁÈŒô̈##_oð™ÝD"-¸1>5òg =§0¾4.øá'þÓÿ'd÷òJc-;oÿB{ò{ÅO•~¹à­.ü;ǐj;=b¶ŒÍ ó÷\½å iâøÐä"þ7‰'æë;@RƒŒBgíö4…'Í‚ëAb8ÞÉL¢—¨<ÊŽ…'y*Ï\5%Õk`C…ÂÝæý|%%SÜmPdYnu†z*Øg±,m8ƒGûYëA{xºlähz½®b.c#Uó⻫O¬[Wr·oˆG4«öaø » €‚|uX`ž»hÍàqÄŠöwºÊšWÞœ§h¦÷{"õ×î~(¥Ù¶ä„«œo*¥õv°éNYÖ]¶o*4í1E©GKy3—£
üÑ5ï±ô ïú]Ž£xhMé6Í}[!'™uaYyB3XÐñ¡¥ìYØ',/ɺþ…<Yô7¼–q£¹#ú‡™± ÌZ{5†&lsqauo;þw›úœæO#pÞâ«´¿éÚïÃyÞÿÃÜzåhº³‰Š5ŒW ±%Ù»†²"R•¸Qš@ 5É•Î]ìW׏>Ù/¥&âí(¡ ñ+ V|ÓF笾<6‚f7àÊ­äyÿB²§ödVbÑãU^¨E돝ºïkÒ �¢°ÂÆ7¼¡ôü<ζµ_¡ÓkÔÆæœG]'±>´j pTü¢§Êë¹?XÛ0³½/oú½/Ðìl ¸ÞñV¦uôë9Âæ~è¢qäŒ&'µj"45ºH>¨4œÎm¤ØË"u1†û»Šïw U#Wâ¥-¥¼L5¹îD:Øt͉áN6!jjbÞ@…åÏû#¸5‚Ndžp¶'Œà,ï"5Ãýh‡¹0§>ïxUw'€Ä »…K]D)`„ìÍì…¼™ß"ã'HþpäøþR¨_¶9àœˆÌ*b«ÀZFib¡j™<Ó>µÞš|ÀÝ<Œ\醬‚òK>?¡6Ó=x�|XSˆN%SD/rž/ÙD,Ñ£…«•x¶«9¸ÝãØŸû±„Ï›ÌDûB븁Uë4l„ÿÉ͉¾Þåçê'UÔØã&ܯPïÑEÑÞQ'5Qêé|¦%]ÙO²Ê¾ŒåtuD'`ñ8DV]ú? €V¥w‡¹+�¢‰Nà‡MM¤°Ê|Kd®žhwK1(""·ù<ã(‚±×¦y‰,ø wWVýDª ¾ F2Z?QšPTíäDzËâðEü¼ûVåÄ6Cus¼ƒ'®úJ§˜ä7në^ºIfµÓ»s~:B^¯•S²‰Ÿ@—[ºØ'ýy–~Èí,Æž'ÉÂRâqäA¦¿ÇfÔPÈSMi<Ù} 0,€`·*!H qÐ%l¬Äs)̯0žeÁ`›KKŸmYØlx±3ôò^ÆZ‚°ë`.T¶CsS£/ˆïÇÕ$²dôØ¡¾ô¸fwÔµp^›ÆæCËz?µœPƒæm‰g§'cIÆß|÷¢ô]‰"³œ›|õŠÛÎéû[,¢'Ü,X×s…e¥¶d>—á@&lsqauo;:A€cpr3+¤ñ»zõ€Ö´F¹æ'ÝÑeΐçÐæ®Îc`IÁØ×öM?©1@Œýþ+^ÂÙ–üùA`¿,ææñóI·mÛ•ûí§Ʀ`–'Ž¶ËþÊ°­í~0«¿l)ÏÃ8ŒnŠµ`2¦ƒ½'ìj<2ÿ¿…» `U$…+'�ü{ÊðîZ&˜=ª Yt›TÓ½z¬Bn³cÓ¯åÈaRúR‡ç5Õª3‰…üþÖQ…çö—3l ¹Š[d¯dn?¡™ØãP f¸5¸øF~6©­%þJú·é&lsqauo;0e0áÿ—'°ë`×½ˆ%ú§Ã)#{^‰q?§O
q»aÏ9:¯y0¼»÷Õ–â=ÀMh>˜ò?4o—k…C+yÕÓÂ8Vxbíf$øa뵎ÕZ"l6½„ŠH;rmÇfÀôÛ"›.§5 èCÙ¯Æï¿"–¬ö.:ÄVÕãu'Žùǁë0Þ«ò6" Êü'\§*Oº3µðC¯A¬ah¿Þ»sÉÎÄ&lsqauo;‰c_†Â¦ë¢ $3¡ /Áé k=|¼€$æ¥ßõMįðî¿¢Ú"K?†1)Ò ˜žn§¥ÅýTœìáéïÞ˜¨|ñ\–ÀÎ\çÓÄáWZÈ¥`Ý"Pø}¹2±V¸UŒ¼wH°_|5Nô˜ Ȳ…ýßâ;m/‰¾ð£Š¤–Í —ülAŠ@½J'w6xÕ•ì'`àÏ2o9õû°Y`5zhÄŸ¶'O\ŸS(´z'eÆ\ …þÐŒ¡ç5§&êªØò\éú€<•_ÿ…ßP&lsqauo;·ôõÙVQ*áœÄÛQtý+WôøÃ°È×<U)#ìFË¡RÛwºèŽ³@Û2ö›»é¶ /·šU+V"ØÉ[X¯‡ Þ$6\Aâ‚Ç›ßÔ€:ç–ÑEÇš"cg 6U9¶vy×å[É–&´j$춶dóãmB
1ç1‰Y}D÷ÇuMŽo襊àÄ^Ô—"!PL¶—F&lsqauo;ß$yHBæ¿ÑZNxÖ†õ#΁XùÊ«ôÌS»ãìï¬ã¹Årºë´Ã/fCy­ðI‰‡ŸF,eÓäPËH—L°vWsøÕZS;Œ»+
<cRA)«Êeš V‚aE*Èà{JŽ «Yd¥ï‰Oj¸db€,"äK³AbÓƒr‚û~²".½ëJÒòò§†\<_Â`éÈ)íOÈH!/�*z2sK}F-áþ8µ¸ VŽöE§¤,Q£FÖ'üM &lsqauo;$M2ôJ{";-µXËb{!BNø×)ÈÀg|=nµ×S�‰—£ÈûeëŸ*ݳ°Z7!Ä|¥„èz2–Ÿ)ÃVå«c‚ °GÙ€äò4ãüóI t§ƒ3â‚Þ¼òLEŸÚEAs–­Ü'wJàô—Nƒ(»Ñ\²j�œö˜®Å,ºvø—ÈÑ÷$6"Õ–¿CÞîv‰3–øP ôD¿¦×.Áô×õæ]Okï{q³¾YL&lsqauo;<: °¯[¯Ö¢Í•dz¸Ê(㦠¢‰¼Àä.Kydc…q¬Xˆž¹/f®´Á3¹&l¬(ÜäÒ1©""_ý‡ói›@-u²¦G'¿T9§Ì>bÉŠèm¨Jí�ébŽ!¯Ç°>}''bðë:Kò<F;¨É}0*ap£‡åËÆÛ_yÚ²à ÒײNþÆÇ›È,·Š¬J/Ӎüå*'‡ÃËxm'el¯¤µßÑ®'æÍÄÎúpïÖ´tLg{"·­ll w¥ˆRAÂ_‡Gã¢Ç¢†¡`¸§ÍX¡ƒ:,ÊÖÂHZ;µPS_X™k¾Â×"x¡Àñ–=dSÈâ…{Xô¼Ð&_éü÷زàö›ÿÖ?ÀVTÅÞÆ+r,d@'<Ùvåj¶"ªiµ?¥ÿÞ�ÑÿÝ­NܵîSel-´"Éú*™[6ûï>&lsqauo;¹ÉÆú£˜n¤BÿzKl"êáö"ôù,—Ë|/tÇ3´üÚ!Q++?®7γ5ºSIö#¶&ŒëÀë'n ZÍA&lsqauo;y‡ÚåÅÆ°PÆix"$Ø!)ÕÒÝ·X&lsqauo;Ò;~sÑ°å­)8²NT̮ܳ
æ»Ö¨©(<Î/F {]ÿå#¬Õο‡8Qe?ãvìŽÿ]‡"°W`Öo n<*àÈ£uhGz°™×ˆº¥èR;Þq`ég^†wÃ<µ¹G¤NÌj¿gËD‚³=Dzƒ¦d1¬*ò˜Ik¬³¦,fÇê }Ok‡a:Há]„y@ܹTĤýX6¾Õ&¬ЗYäcË/¼·sĸëý˜‚éc}FÜ<¿ùZèÝy|fSkeø0W.ÁÐQÙíyÁ³—ªÍBøÿzP6wc'ÿù]Üï7'¼w\D!d!‰¥~Ê©S-TBð{Êá~$šÿ»g66~VÛå6%~
e*ø‡^ÚÂ)(Š€á•×Ù")p܁)á sž
+á ,,Yì¦ §t› )³ú]�©ØÈÿvᣧ\Џ&Utäk–E›\;›–™Þw!ƒ§÷mùÒ–×AãˆèÖüŒué|÷€S´IáÇ×é»B &lsqauo;r«7ÄDŠnÚ t®býæ]7ó=7_Y®ç¬Zç'R¤vˆ¹0*½n7—h'3• ô¨:b1äQ}×Eÿl¼ñ.Å4çöVêûãÕXŒsö‰ûšŸww|œËÖl˜èvÂóÔôªµ¯ÿ"TYR Øs3 ×ÒO"zbwFk.Ì*NÔ­ÇØœ«L¨™Ÿ"øT¿ØÍLEH2":†ÇhÔ+ªñ®ê²¹ýœY§ 6#…PÔoþçºIɃBînãN×J²Á`'0ԗ׉š¬²ì›l®bùbÓð9BÙ˜t$âÛüï ø#»²å™ }Ôb¿¯jMÖ€5;‡V¦ n1ŝâZ©J
Å+aáh–ê·Ðëõ&tvï­1°‰q°3ÅLÊßoäщXþÛ¢ú„9þy'5½ÏοmŒâbèêZK0lK|ê!]Á†'@´UñˆEFtH…z~D÷±ãn`i3„žÃKî?1pôyû%EbÂ+§¬=‡ÄBxn›^@ðáõz. =BÉŸ¸Ê%[&lsqauo;÷W…­äJ jýÀÉGI ˆÔíZ-Öëû-©ÀÙ˜;z¼ñÆÒˍdåÄ΢–KèÆUAhY/k@´ß'"ÌÌÓÛä–Ô‚ñ]bÂÎZàç‰O[í¸¬uá¡ã!2Åq�ŸI(Š"ZËÑ™'cª_ºz¤b©Éár[ Ä4ÙN\[9dãw› Jh¸èŠNQ£%8¶³M­û/#hˆ7CùA* ¤àêL=ÝôJ9'dLÉ&lsqauo;Ø'ž¢zÇ»]郃F?ä<ù ø€òØk!?D†£9³1sz9hU9Š=«Îª'?äæ?¢vœÄx9 ¹‡©,ÑÇrÏld0¢‡Õ^K"×GtêF'"áãÀ¤2LOâñÊHõª3æ 20þfþgù£×—âËmn›W�w1j=×dïódI²øJTk— á–Î)º:Ð=>wðSl€–Æ°Å@ú4N«X–Bd¢ë{íiÌõ[Ý~ùìe)Õ è@¼lQñO`cÜV2úºÓt9ໟG«F5vûb;ìÿéÀÝsÃL
«ücÔ9è÷ú??Ó¯©dº·:½ÛWzpskÆ"\°ÇÆ#Œ2ÏÎRŽ Ä5-ÝÈ¡¢Nú<sŒHh›n£ž8'àÌÄóàõ Û0¼M"uÄ·´/°–R'JóÓ¡×eF;›ª_'¹rË Æ)\›ì2Ð<ÔêmŠýYÎͺ×Ë#Kà±ŒáZU¤ÓK9 ëƒÃ™;©dàö&_)AŸ ʻ¿'=Ç÷ú¥†Ð—×AÛ¦ø@(6a[`žb£ò°íJh};ufÀì?¶½¢ÕuÁ>Ü(õ'&ȵ™Sׄ)š]„ö'µˆ#,f>oyLJ6&Ú¹?p58bÈýWÉœ¯sª¯ÖîA«ô ûñƏ2C{Ù^Hü[ñú…_½þ2–y[9'QÍ0&lsqauo;Jn¬n'^nt›Úó„cz¨]釼¤ ¤dü>JQJzL=NNåÇNÅTƒç匹Ñ"ðšgô0È£´>WÃŒÂåôéPJ÷
ð!¤ù¼4QÇ.'¹hŽ+wÖ¶þ€ƒ„Búú^Æm‰x)ò6þ(‚«ØíEp Žg‰Üläh w‡ÁÒW€¾Ðϳ'ãÚ–ë"w™Ìî䱿ûÎ�gî¤—µŽ›0™ KØì#ªäC*!J˜fXOeÓns½mku"VúY"pKï­È[¡:ä·¼à*=d&lsqauo;Äb27Ü8[é±ó†<)m"Ë Êð›ð'F^ªd*ãTvòi{xTQÈú&lsqauo;üI„Œ«Â¦Z‡‚#w¢Gy_Þx9­Ùš²¬Z™ê
.3@»†š5K@®ºrû‚pXzÿ¯ÑDƒ*Du´+Ëסu
âÖ0ÌQ8{æƒ ‰Ý4ÈÌ­qÀС|¾®s£k³lŒå8¯qCÏ ™§ŸŠ­~}4B§ys&÷R SšX<B'ñÐ%ÒqâVBÞ~Ì9x{øÀMÒÂmé>î"¯a=|Ó†B8:,iLÒbï5$eXtôI›èàŠvW!©ÄÎ^ҍ7_ãRF@ï—Í[PµÓà÷+¡—º{!øUõ³§¹I¹—]yÑ Ÿt 4e„ K1Jy@›ø"y(Q×\¢Šƒö5_‚&Í"i:'«¶MgdäŠ+Ö]ªœq é'‡æö [¥<+h+é"–¿´À!ñÿÔüë0Îéí™gîw‰ë™'js¸ÛbÈ—}¹}©}ÀÌï"2w*ÖûDôKr£Æ2PþVŸOèb‡/tŸ·}Ó<yG„Žvî|ÖÈéeÃ!âTI¢Emï£÷ÙñR";™±?1 7ÿ¥ Üxû+©+‰­ð„låÜŽa4¤ƒÉ#˜iáhá{p‰sëpÒ;¤§©þzUQVæ(Ÿ©*Ù�ò½HÕ'ÒlH
²rà4K:†©5N‡¦)ȘÍaÓ冀5»a©ôµ_΁£°

™Á¸:—"ÎÚoÁw¡ßÀö¯ß«GhòÕb®ÒÙAå¤æ¤RCZa-)ÆÕϯ ¿àzéõï]F€s_¦±ˆ½‚U©\ò†þNþÑ…s_$\4 » Ûcë
‰ŽA:˘éáÏ~½hÑG(2pœ@ ˆ7ÝÁ¢§ �ù=ñÛX»Ë™Îi\¯ÒM¸A½*;r4!ÒâIçébã)Z ©:R~V­óܵq×qœ÷…íòô>&à¬Ícæô~ã ¡†ºeg»6&lsqauo;¢²°–"?Ó5wõ%¬EhC;˜
ŸôÀì:Lô NƒAŒªÅM¶äc£0Ý«±~â@"Úú$…m|?¢&lsqauo;1͍ð᠘Ė;ÿj‰U Ï0­ÇrfíK†ª©(•R³·[WÀ ÿKCåŽ"¨¥\0ûØmèÎwM·Ø'¹®R2T¾é²Rz=vX·ùáX`]A»š¢»GžXü $î,]bFõûö¨Q&'•à²¬{!|Á—ètWØhÊ×Þ�Åëä#Qû +sË')9ÕÈPc[´§¦¯é&£3Ä©SK¿T&lsqauo;ÁÊ6žf¬c ½=õÐÑl¸qEp•E"¨Í—Fø2‚pþÿv&§ÁSTE!r0ÍI‚TŽ±rLjŸ xÀ×L'#ˆµ,¨xˆÓïƒí®&}¢'ùÚþŠ¥SGq›ãÀ[׎.LÂËt#òäùW³Ê«ä 'é 'ô¢VÓyÖohæŠÛY ÜۏҾXÂhÖ#e䐺t¤m¥}@Uãppñ }òRØý,`kœAÐA„üE3£nNܤoû…1w"×nÅ4ú¯[DÒ7wZŠà°EÖ¤qï­€]ФO3®Êä§"Gµ ÷Ô÷Í.Œˆ/&xü`þ&"j°M¤>ÇKAÄF2í$_Êlã›{ek`œÁ
fQ¶vÀ¡<$²‚ÉY4l"ù¢!!©H«†}›ÜBõÚÊ»ÀùÖú$ù*w±È½ÃZ#°öàWùSš÷òi=RQA}'hKTwÚC[·ÒÊÑ&—. ðt5À'd®Ã�âJð:²æv!"+ÞÒ5…clžƒcYWçým笳º""ª­)Q&lsqauo;þ–Å;®Nº9Í�žž•l—n!§¾Åƒ²a*<º} +ô;¯tKNd7JµõßE;̵áâT DÑÚò®† …¯}&'MӁ2uqÁà6ÍÏä£ADW^Z•ö³>™÷ÙÝÁ'X¼]1—7É â¥%ivÆë+¤SFƒ{–QN–QÝíw|iNýuˆñFÒ-Ui4S'w]øҐM1«oéñ'> ;5ʸYL ³éÞ
›¸ó˜XÖùÛwy]Ûøü{#Çèà¬YæÊă¹
åý3Õdã¬&ï?³ÞézÒø•ºäFKm?'1B‡wºôñg]ÜKºbÊ­•ßm=róÝT£çÊòu^E³¸Á˜s9‰‚¡Ýóz/3ˆvøÖÆ>Dóá RDC&lužÜmðŽ,C6)*t#˜ýÑDç
ð!;Ñ\±{s×öþ!ä³Ñ®¸uxý/™¾ kj¢%e7cí'¡ 5´ yfý×~Æï ¾"ÜfÆ}T'Ë€ÒR/Yx?ªñ
ù&pò åïà¦1ïìÙfoNãÒÍÂ'íOÄS¥Zѝï?@ƒvXí\Û= ±åé+œSoXóá®ç K†Gpѯÿ&lsqauo;„ àFý‡ñ Cù—-bÜ° þu¨Üb°_b—Žª�*™^Êm$õ˜ã&tµ¨Zõ/VaA5[‚µ �悘¹G¬ã/o½‡çÓh—;Ž$ã»'²Õöˆwgùíâ1ø!à Xnâ+oa =Æ&\>ÊäÎÉjËîÝÛ&9-: ±F~pôV€@q5ŒL%*å>TÜ~‰¸<öþêµP†l'&lsqauo;ÕÐ+'ŏ'£°Œ9ŠT
¢�zëIè4±/†Qå×$_¦ó£ÒÀ`zÌ3†[=ñMxQµ¥mØBÆÌ·±õ(&íK$Äø
›'Ì1˜ÏåU,ƒT]§U kÉïK:¢‡{} ùÕ wˆ4Š‰Ä,Ÿêu¹ã‡ï!§ñ
&s6g,ïþãlcQ÷œ¿t߈-²Ö°èIE2¨rïàÁ+¸~«+oíd@ÄSJCF?›ØäÏeë&lsqauo;)±Ñ 2FUÉ)\Œ"¡ŽÇQû³�ýÌA@…a»´xêò µ›.4Ã7ÌZg�±ýš{›àDÀÙ;î
¿
òæÑ,P–k +ã_-ÖoÄŸÇ5Ën'
}r‚¹8ƒÕ«<ótûò˜Ôo¦E²Ý9ö®wAªÞ £´Õ¼Ÿ"Ìù¦HÎKŽ}Re¤ßdÖl±)–º£zšíABñb7gÛ³?‡Ú,cí7n¤žÖƒèüX» Ÿý:ãŒ3«Y&1AUTÉ7ñ]U©'â5äq¾^îLE¸iGŠ–U{eðþ¯A{¶¸¶Z•i›
õ<O+?¯gèÏÞM &lsqauo;Q/XäkB@~¬• œ‡5Лú…´Ç;²—Ö9ŒŒa'tOð¤??šÿ}홽÷FhôÈ)–nÉ]ð÷?@Ô.f!ã⡍ÇíÅ ‰®(Ðeé«ã§ŽŠêÛÏß%t$Ãí)0m"âÌk—ÃEÀU`Êz$fRªŠNxGÌ þÁi÷sÔR:i¡&lsqauo;}ž ð!ÂNPìšr„w®ÀÇ*Þî¬$Aé{#N6ë' ùsµß¾?¬Ã^ 2û'ì FîgÉ=^ÕkË!•$>uÇ@é¸×.);È{F~º n2UÚj¥L°ÌµCtšºÓÒ'[Èâ÷T:š—u4ÑÜàJØlnê᪚¯¡ú€ %Ð{7>¼¾áâÇŠ'±ôHƒ\xTðE½Ø~&lsqauo;ò„k*Œ3°Ê&lsqauo;®L¦EË 1"I°wyê'ÉJ¹s©†Àƒ¦Ø÷L$`UqÆ6irµýÝ˶6ìy‰eÍ¡šà¹‡«¦ô›,¬ŸÒŠña—€„X.È/3vÊ•7.Ú½÷­Q:÷Oqê ÒÁ,%œªç†/f.l8°26ͳSäy74—äa |h@g²6…ÿ[;¿¯åö…˹4œ‰"óÂsJé'ò{>¶Ús/u?Äж×'÷µjÒRtlà±2-&ùymJ¹</2LªmHÒ†è#€"Á'ŸK®t$<szžÁ-³SÅuÌ9‡¥¼•Kô1Àk' ¨#×ú&ùfR¾4¤>Ù´'&³|8`>šA:a¸uŒ4Á2e«W#Ü¡Â"<iŠ}Šçâ<ЬHSDÉé&œ™ºF# ´°I.å©OÃrØs¿SRק«
)Išž)ûoyÖ³…'¢Ö¸£Ìño\q"ÅY6}¹ƒIFÅ?ìµ\[Üœð—¬*Èžö#çeP¢Æ¿k›"¼è¸¿wh_Lµ?ybBàV|Ô ³a=€:âžfåÝDʘ–31ÿ|*[Ú�±ôëvIC·œÃœ«_1&ªØûºLõGÿnoà!:•°œDš¨«OÎ;CÙx8"@¿ø$õä•^ôa©P-e§óêÌõ°òQ»wB·¨N6Uvž~ôT.ô7ÖªÓ<JæHŒÇu[ÚÕ0Ý7›ˆøj–ù³I/}nCU9Ö„ó_d–¢ºÞÿ e «n:änSMvòꆳ öÔÌ+iø½²3dÝÚËíѹ>ÉA™Y§–ÛhсúÌfI†'Ó×WÑì×ÖE3¿EüKár^jCø&Ì¡šWÏ8?L)˜°RŸÝDôøÿ(â+ŒÉȺËNô0ÊçÕ"•ÆÝÌÚößj_ëû®#×@OSÝx µ¢Ìv\˜cCÖŠ§Œç##§i%†o/u†wnyà÷þ„'N·Qˤàá©}PQDF…*¾'.œ¦².¤Õ�‡ Kdsy­Œ
wœ¬§¢Ž<;ê$62¤0Dæ0'´*YíÄ‚&lsqauo;8Z„ä'R¡¢ê×Ƽço1Ä'¶'2x5ëýMãÒd§N2åh£ˆau²�€Êã:…3Æš1€dYURÎÂ?œY0‰šó%… €ÙŽ¡çv¥(øfD•¸w· Û^>š~ÄOmM̺ãÛ-¸Òžûñ£ž§Éý8§ÊìÑ2@œÁ¨¾RW.°ð¾«1¤®.ξJN–?!6Ç'qvR=¤¦ÀP•<OÜÿë9°;êà)9dí¬?s~8ÉW‰ÁÇ\}Q÷™C]T™z«:æàRýûÖ¦VÍY-1›Fz E´_"©ƒ£=¯J¥ÀBÝá¦1€6ªšÑ# JÂÿmjaÜåq+F!¼.P©"ÝqNPÌ¿œ"¸ƒµ€ŸJ󇫥9Û^N\Ã@DJþ/2'w«p+<­Ö&°m³Íš¦b –>ñ0F"EËtmÕ\ÒÔOŸƒWö­à�¢¨×_dÔHú!æ·ÀÅ 3"m˜BÑ,?¡'d‰®P—×èBuCçL'ºC°äåû‚ÄÎÿÈç¢\ ôõ ü¤°uu®¡dÞ'?RvâƒGófì+Þƒ•èM"»ÑŸ àj·!ðY1Ðq{qÔAý&ŠòDmB—¨»m;•:Gø�}ùü× pÞPÏ{–]R¢Ùèw­Kó'í@¹Ó¦+üðu\ä7Æ4c¥Ìg‚øÍÿ›Ë &lsqauo;/HŸ4ÌL>9rØ û¡¯«ÖÿþƒÂZ¢žÔdÐ='êX(b–iŸn{ Àà«„ä9$Ý{Ú@Õnr×sÀᤲթÖþäˆîl=ÊßÛA¹ÁJy"Á]M#ûJ°4¢ýµÎ(gE2$Êð\tÉZ¨G%ÀÔeâ
»é¼­Wö*Ô³`OÎ0†×¨sãyÙ¤}îù›®3æn
_ ÜGWßìL\„84òðîrA‚üö©ŸG-Hf8üsò{(
ÏM³¼oš¾¯ØÌi@^m-t†õØŠ Íu—«!üh3Ó*ëšÃ¦ÿž»g|$uˆ7Rß~¬,:AƒDŪ§½k,é\ùË¿»j¤ë wsŠy뚘'COø'] D€?@ï'c#x=®& íæ–Ë1xˆ'ø,æ°È¸Ÿ®P¾X¡$×éüwîmV¶b:0·®¡4¹ÈC%øÒ§s×ðQ&lsqauo;£½Eã~ä¨Õ õ€óÉhã"›š©ÅRØÂß·¿jÑ\Æ
ùp"D7¯Èv·›ô^ÙøÑ2âgk#"±ÖõÏùéç lÝ.¯‰uõùÑ€Elx�c™¸—wÛŠL 6A륽Wšˆu.=èÜ9[CJ ¶¾Z*^2ž®íÉ}õ±í^|�½À<Ã)è&­nøtF_Mš ΀S…¶0ÄÊš0ê.3ûý6øÖßéwX7Q£«Ë‰§cíø¸üÄø‚?ÈòPóNJÍá*´XRs±s 0}(Óû@àã[¯¸rŸ&fÒõ_'¦Ð4gc&lsqauo;Û
åØjð$¬'ƒ;¢Ä¹ÛËóÖEHÍIÁÄŸmòãQê²·9ƒòu®øþ`Xý'Z>Ъ¤Îú.&lsqauo;ª{JîÇD!ÑùÈ„Y•%íx}¾hÿ÷0×-Z03j›;™s–²L>©ZñR2È›ÒÔr³ò31&lsqauo;úº¢3œÔÍÉÃðÙ·‰"Ϋ°
»ß®–„+£Äǝ½w-p³¹¬#µÏ^*†Ð ÉÄjïj£¬)Å´w"ÙÒ}ˆ®ˆ‰¯Â"Ýþªdµr(Òàô;9i{vÕ‚äBÝìöÉéjVëcl¼¼"Jp•· ý'{r©jò¨Ë WA‚ƒ`Ê0@(‡ïYŠæ-Mià»›ÈÌ ÷V¶„ô™�¨¦ˆ0À/* ÁBÖâÊmÃ4TQ'®­STsCo|D\ÄÉÙÄùÞòl$¯]­9Ÿ}«Çg°iÄ�¼¨â¥:â"mrÛùCM°¹[¡l 6†,rý>â:p¢bø($t}qX8¬8ù±~#‰¦Þ;Ä'P—V?Ã[ lÑ©WW抜éþ<]Š·ÄÜîèb70êÊNÙ`Sÿ¶¦9±!�ì­½«]þ&lsqauo;Š§ØBçÑRƒ€eQ%š"øC-4*QÊÈ£byðÝϼN1 }UÕQ'"§²�$ñq6ª©•œm"|XÔ0dzªgùH0¡[®xF5ßd¢þšµsޮѩ0sC«•Y8P˜¬ '•ì‚•hFD'°ÈÍF¶¥Ì¿'©†Pj¸4d"ý'Ö¼LÞ7$·�h3-?gFI˜t}¥šï7WhÖ,v\Fy7«xoMWÚ›ööÄtæß›ÁƒÃ‰‡‚¯UG]z¿-c
£Oâl×I:;RbFŒG¦ŽÆÕÙ_}Ô½{ÆM²ò&w¢?kVôuÀ"Ëþ§S!­­¾ÄŽVZ.Žµ4£Ü×.ëUža<'¢»ó^
ÍÜ®?Mä½<ÆÒdÎg&lsqauo;è-lï?Ø"ò,Ó5)ÕRæ»4—ÒI³ÆÅ{nïuŒ=Ûše+4œ•Ëd–Æ$Ú/bï>-9Ømx<¦×"X¾/óäh8Š •>âì챃Å»bomÛ6>dw¸–YäߟÎøÛ¶4òXã~ã— &lsqauo;ÎHÇC¦.}ó=Fà¹'d;ó× yãÇéâ$UŽ�:o!"˜8âáÛ FI1c±¦+YjHšpð›",÷.(tõéAâ%¼s!•%ï´ÈÃfËjêûnË3
ã¹~ãÕFy_uC&±Ü÷"5oP�Àwò#ûlŠ@=Œ?ÿ«¨¯¶óM¡8Zú£Þ¼•¯&lsqauo;H»«.^'90Cez¯±Ø¢êÜÖSnt-?ì å2„�ýÏ€¢EQ¿áÄIòôõ9'j%Ϩ©IŸ;+ÓÄ0è†CÝð·4‰•J¸sOBýAKë�'ះžÒD8ëªÑŽ°Êf6ÞLðEø€´­(5y¥N6&W´:Ор&lsqauo;"@Lvhª‡'߶äî? ½Ï1ž_šî{ ܳ Èûþ%ní~q™U¨ï" ™ê ³áÏòË53ð-³–W¶ŸvÐ`#\tQPnêŠâÍáy¾ÎYBÊßbô¬4ÆŽ~£Šz3I*sÿYG¨LbJÀ8q^onØÀ�}?wEÀ´ÿâzÅôï ÞëS#\Î~&ðˆ}DÓ°ªW·nÎÞd¸/xuÖr÷ë0b÷V9Jyž§Z‚ #[Mº^0yÈ>UýtRˆ·Œ`]V&lsqauo;ÿ-xÍlÀù�N®Èc¬åø­¼él.þ__t\$ŒZ—¾ýNc<¥"
@bÑræ²uœÙ?w¬'Jög²púÄvQü43Lñ'X'ò0>±Jr'ÞI¡˜aIøOVãÔ¯ÖÝü)5BÌæÈry¥éÒ€°V´Oݤø–v^³+�&lsqauo;ùñ˜& •­ÛRT}˜áœXáü¼¯'£VIò=¹Ë
‡Š~?Îàš(Ê[²i«6û FÜq":Lfí~DǶ'%¥†+Õ3ü˜MŠKEFV_QKóÒÍZ‡üš,§Ïú>MìŸ8ÃqOÖäéÒn¹šZc¦ó³Œû­˜Sž!_{^ ^|C»¦Z7‡&^7Yéçs[x*Ž/i<z{Õ­É0?=®1Hâp£[íh0Qíü(öèchAlÈ®8ïw²@z Ž}›.ÓT™>O(DjîæþYÃÔµQéÒH?¦åƒmù/Ô<X6â&lsqauo;
„V$!A•+CÏvÐxþŸá"fC^K3:&dßÖ£ôÌÁ\¶ß\YŽYíÜʇìñ÷è3%Ë'0¨¥…üͬ—çz–IVæ;®ä‰nqå#Çò"H2f[}e1—àÂ}tIÇwÒF=@3"NðÀ¯ÆA([•¡gž«áÿ]¸µlð¡Nnb0Ì..Js˜LØ©%aòÉ{¹®£ê±~'œCé™ ·L¿2¦†q‚iÕÄòzšeT&lsqauo;ׄ­ÙÄ+ÿþ Ž/âaAåÊ ËHP>0„[SÔˆ~@#ÀU%­+¯÷mÃR(;RÀ£µØEbÚ#¦ØñïAnÌêu1Ü
Ì &…Ö4ÂCr8E×l¡9•"Ça"ivIaG§Š'½ï¡Õ;í썦õ~FŒ†-�áÁV;Hà*´ÜH·ýQ@±6²ù X™8"™¡œëÌІÜCK-ßQ—ƒôOço<Û(¾ÁÓnm\ï„–£rÃ‚kÕ¥N}f"ùCfHÒ[OÁú<âÆÁ cb¤+8/×a
­?¨–̹ÁuÂA9&lsqauo;hX4`]„ˆÇè†æ0Æš³¡‰þ³á•¡aì²?lõáúUìÑÝL݇ô"€«e3}úúkgs8×/¯[2lu¾ˆ—.
z`v<tæâaŸÛ Ÿ®ò¦Ò—…ÕeƒÀ" n&lsqauo;yFøa]ΪÖDŸ79¹5â8‰Zj i=¨'ÚLA$³<–>•ã­± Õ_ë|k!:/¼¼Óœý¾„ROýÿS9"µFO'[Mr3Fª¿
ÊÓ_ œ6ûGW�Pys
Îî5Vìkßó¤KL¼6Édà[ kqýÎ^Z™t¨~4'Ö;²°É"RóZ…_ߥ—¼o(®®gó0¨&¶FTL\€×,Áñù¡iåu–ùFØžy°|Œ"o6›ïqã·0¹KKfG"ò2e„ü›ÞíÐBôh¯³? Õ¸#M'ekß;Všç&ï-¬0kNúgŸÖößņÎ!Ç"Üpù+_hàŒšùjè¼k&ý)p%𤹣Rº¹ò¨´Œ%®\ÍjöžDXH°±}Uû4Ç·W2´E¡ì6¼óÑ¥–‡3Âíè`ÿy-L_-s0ïF«}ÞvŸcñÃ[Bs»3ùß4<ùñA¹œ!K¶©»Žó§Ðíÿ«.É,£ª¥§ M>±ïOM£à³›nÄo?—FÿÞɈÈG¤¯÷'L‚ä—¯ðÏ™ÖkÞ³O€-}Šåi!çšyTü©'AB¢sžª^ 1yº‡lE¼ÆzÇ¿3ÀÛa šH¡`=è¦àÊ&lsqauo;0ÁƒEH–s³Zšïì60 d0„àÉéò'ëãQ""ª_E¼XÅŠ.`'Ñ3ÔLÀ~œÍ%£r‡ÅÊx@JWU-"o%@ýÀgÞ­!–üÏn6â1FŸbkmß«˜Ç ÷)¹¼
v qƒ½Òž‡†rWØZÎê[ä ·(ƒѽþf8S¾~)`ky0•Œ--†Â–{2u~€aˆêñŒ¸3FgóMT1pÚ×'åS–µ®þá¹ÈüVº Z®Ë_Mµ¤g]Uœ¿¥^ã³›(<ØÝ•ïÚÖVœ/þŽÏ©Ä7&lsqauo;"@l ‰•:»Jh Ú>{„u_÷¶#2Žø@öW¹à@F%µHü?"Ì >¶,Fr±óÂŒº="£›…3µv ªtÈ¢½"ÔEׄ…Ía'öô:ì¼ ßâ·¹(ØæèQݦ²-Ý)L¾cL"AàÀn×íÛ"~CÑ_[»ýqlç'³äôxq&Dm߾ӍÛÉxï±zY;@`ætîJ‰ÞZ¦ø25ďâ+O4Xcµƒ0¿u£=}ÔYTí«À½!3XXöy³¨'Ò'B;}'ŠÙ)Z©»þ÷Âêo­RHC¾âb.T÷¸ móÞÇŠÁ˜Ÿ‚5SÑ3ÒÝÒcŸz@îð›ªÌ„ÓúÍ3ç»×_õJ<K5uT¦+P»R»—G'_¿6ô1[`›f—È"O<ßRßàð >!A6…qûÂLƒÅ2ȳ¥y¤Bå§ /å6'Ra§oU6õ ›1Bè8eãÓ×|jÅ`Ž]ßÖÁÍÊ^žuª€ßUF9{:ÙdS]ôus
{k`F;„6"ËõÎYùDzNè¾Éžk@T"ÿÕè�,EΉƪƒ9‚Þ%ù["FóÿkÉFm Œ)'F´åíã8ƒˆ<XíHΛfÓTï䆵ÜI=¡2$5/â}czÞ'¤_gMÚ•{
‰Ü‰Hk]j6§ôAÇÛö€ñ¦±-uA ïS_ÎáÔô»òz@úÝK'2¡r´¬ºn%Œ\­|É·lO0°¼ aÀ_«%ô4ƒ=*'O÷åXä­ØXů8Ö iAíÚ ßUµùŸ`KSKycÿàO '"%ùàKP™c¢\žœ·~Eäè"ÛÐ¥\dTœRêÈNß2//>[Ëÿ&lsqauo;9OÔR½€;=ýrp& ƒŸÏšÃñ ;Lš½²óŽ= ×"¿É*¾ç…dx ™.ádá>E¾‚ú£<£›Áƒ"âÄ]`%i¤wa_(ŽÓZaÑ¢Ï}ýL³Q–Ë{0 -ðça(Â×äÛÊí˜i}êžZbôŒU$TA•ïæ V½"ï «ëZöx¬•ÏCKÜBeê5Ëdë°6 ýÄ!F¡þLèÃ|xAf@'­
G„DIäé"ÄÝ9ã—¨©ã@uÔ2[i"®èÅJ¥ÆÁðÖßPC+Š³q
Âw�t™Ž~•>´wwÀwÓFÈ0§Þü*îg!îí¸fŸ±
…ÝÚ(qçKh^["ZãþõÌqãåF÷,Fö²oód|t.\» Q }ŸqÀ)¿£Ô6¿Ç8�°©„'ëófÄ ¿‰É# »"&®;µ…x25ÙÝ)dKÃÈFFPɈ+êùóiÀþÆžÙîmBÈmuù ¿r
Ñ@ª3lœ›tL™^É8iuŠ`uËÔ J„£¯V"ˆ¸³1ê´ž¤žý¢ÒvAÁwÊ„ÃÊñËú ñìÕ- À}@€øÖ@^,Óg´ˆ¾yÑ~¯}½Gïs±Òpm‡ãÄ+¿JVé왂&lsqauo;ž}EDÝ=ÆáǐƒŠƒå–ç?J¢R~hS×Á|ˆmF \±Ã8aÜkýÒ€ ß!î¯õD]càz/½³LY‰ñ@ý¢0µ…^¾z"–\ˆÂ…_´n|x(y>$~ú€#øzÛlŽ]½€ehE3Äwè&T¯WÍMQÖoæ,fìöšD« ç!/*reÊ€§}°{&lsqauo; ºÌ·`3
Û|@Ðõšûç™O>»Ýo£Ûj÷…¡$̱-4û‚·`z·8º:›0´<–éʨË?¨–³|´[ÀK€4 ‡*p&LœÛ›Òþ
,1»à „aò#Fõ^è?þ0]!œ™L}ãPmy–šÀú'|¤øípêj%žþ¾¡k:ŠX7€'Í׶£ÔD(§W‰BÏʈŠ÷5Î(õ(V>Þë§pþ = ,tfC+i¢@\Í.úœ¢™àñÝ ôî´f$»§l¿NÝ^ªŽ^ F-.3wÑõsÐZZg‚Ç'Ä3j òé8pcÙ„Þ+UËËLÒBr3Aaš„ !µ(Ûº TŸ!L·ë:rFh…
0ë.Ñ?aÿ¿ fZ«á×ß|ÒU†i­Éi_WýìÏe¦0{[͏š.¿ï' eŸ©Ï< ªöãz
"€ êæòWQWÔáAŸOð¥R¬ê}¯6°óYRÄ÷–ˆÇ]›¨Eì÷3~ÔÂIo…©¨¢sÍlRçË}åÆš(µ½gíÉ'ˆ´Õ¹Õx/W±„wÄ&lsqauo;ª%ó[9 É:ŠþŸ¦•™Ë\÷BXàY‚3©YHÏ­@¼Õ‰ét­?7›nbpRátŽ#�i7kÂ+ «Î5_4ý÷€ÿŠ%s\0\̃…r'PËÜ©…°CDˆ1Ù$f�âxæ*Wò/€ù‡}Sç"òR5* %óâx¼ÏSG3#]äü0¯B­
ÎbÈÇׯl³Méh©|Aå‡hðÜî}1¿*³¹×W9•äËŽ•8c`Ïx'
h¥­¬¤‚—açLë(Df å>¢N¦ AA;E'hgSŽ¦!+ØñKàö„Ü)3j0'$».\|Ì^ÑÓ]ZÚìx?¬Ö|F8³ª> ß»2oCO]áÓšÜ<»´……è´×÷'ùl:ùØÊpÙa)æ•ÑØV
Õ¾<¼¾ø¿ñËHJ\Õˆ¯´Ë&lsqauo;Dóã³"† §-¨ú*æ@
ÌLü/ ¾% z\7€ìëä×?´É›+t+ˆ•©4óýã Ùr/%OË÷hÕãþ %ÆvËŸAú¦¢t—¢yw´D"3¢Å[Ž6ŸRZþgF„º÷ñ¼BtuÕn ¬8кÕóò'J6EZ–ÍúŠ]×½—5sƉž¤>íXØöi]J(õ)O‰"êqÈ´Ãé|ü¡'Šð%ý¥І^ë'öFžŸc�€Ÿ· µžï"2aðë)"'´xÙ¡(J²"ƒ­©§º•ðo¨h^mŵ'@œ´"„£ÄÐ@7)MäòËÈGsš)T&½V$=9÷ã'ù…ýàQÈ[4Ü—0ˆ
‡'o'·DÝïXýæ±è!ÇÔ�²\*¥'Ø8[²c_
Ÿ¿Í½EZ'§°¬*àiS È#ç/Á|'½(œ ÞyK*èØœG–b'8\6ˆÖOõ¢ýæT| P¾®º0Z­HG©"Õ!"v;±¦Ù¹‰¥WÆÿ"Jî…v`3ÜùÌd¿Ô;åYÒ:Þ:ˆn‚ri4»Ü18©L/0PC0 °›ž!¯{Z–:̶'w_˜÷E>³Î]LKôž<Š-ã°àÇ…"pu/
Ìgrd3` ™BOFïBŠGl©NÒ¢ž¿ACv ¿™…(T<áUÜW3§kÝÚܤ9"îÞ÷ÊyYlÚº$ÌÀÆJ·½Y§‚'ÑM‡‡d~ÇÚèË&lsqauo;­'÷zÏ"öÑnË h=°--Æû0ʲ̛Vö¦ï†•ÜØ¿ä�oGüþòè*¥—6±Yã€_¸;vÕŠ‚;É~ËRZt¤î¤ˆ)u¦T;eFÿè¶
ËëÈfZ®þÝL°¶÷ïÌ¿ž}éV·6tòr\Vy>Œ
†P^Ì<í<¡rT¾(©NÑÏÅ'Õ¯'p‚÷
wÝhÆ°ÿPè6,î({¢ÉnÃ¥ÆrÞ1;|Ń)¹é$à³"5x†geßvzCàRò  ÂP¢Ò}³ì,19qfú«ºRàä
s%÷0û@a\êŸ$é÷Zu>p
wÇL»òªÑN»v.ñÞ烣6#œecñÎMÀêOm|êo'øUZsÒ„½lëõ–Øð ª&lsqauo;IÌʃæžv˜³5ZW6ôZNõ ò½y̲>sïkÑ™\ŽãÍÿšF¤Zj>Á™\÷¿,( ^ üqRaì…ˆÛDë'�(íˆ6D»¼ÓtÒÇBI'ˆ¤Ñ~gþ·C [šß±†î"Ì­ 5>œU)ð>–ºfÓÉ*?Úš-­Ö
æ&lsqauo;^uª<7%ÿ\Æý›õïÒ‚ï ýÒFŽXEµ*îI™ôlIè 2l²&º`¨¢g_50í/ÇNXzÏŽ±6°Š{7þ"ÇD€Q€Ò™'W±ÓÍ£†èÐ@pŽLèeÈaÕ„×@südÒµi• ²ð® ˜ tê2"¾€#¯5ŠBªÂ&èL—Œ¿m Q>7ãóœ%-jV2.šcý"ìÆÐK199cÕïó×­ü™Çv¹Öð"ÚTxÎ耹ôó ѼÜÒ«¢Å§1úY{æÊ
T ïmÚoÇK½­9¿„ûL­í‡ôv§àËÒ ~¹Œ:f'<®'u8°¸ƒ+ Ûê1÷&lsqauo;ü訾³X,›6?#ú1x,AY:Wç-´ªá3ÓåÓ•ö^9>|sëôç÷¹dÝmÜÌ*‚‚
Íë´r*–À'vÆ2lÀÕG;érwìJD'¼ÞÔKI4—<5aq6Âlð\.¶"…7" gÑ å 0"" 2'q i~³!S³ÔÞù„IʹLj;؏/>å9ê1>ÀÙ³{-K:"¯ äöº„^Þä½RÁ™1PRdœÂdæÍ UcXHí†jŸINm ê'(œlÕþYÜÝ^þá9&lsqauo;Æ™‰É}7¬á´öò'SñOjc÷Z·-DÙÇa}»bí¸ÃëÎՁù~2PªI3ùE8½EUóu{&¢¯Vr¾"šž$C—ƒKsu«gøçQuÍ=¾…�Õ%!2d{ùî{iØm½€àA@Œò¸&†A~—=!$øºnêñgËqíÍ5*¤gïE(ºØP^¦6®½â¥Õ~¬¿×]´D{2"g:mI˜u1À°çOON>é>jÅÙh|˜y!é–"ÎÊšbM¤à.dÀËW<JWÁÕE†G¿Ó.ëKòÛ6žvg(‰÷V"7•‡ÄIí&×uî•÷=õ@³Þ¼C=
‰ž`6C¯I{È¥(+8ܹP ñLÆánÌ×ÊÊ KR>|¡$ 7¾ü‚oûEÖ@!5e*ÒNoz:9å€ À:%¤šºrwI{ú»KÄ&lsqauo;KJæ¡gW
já„Yy7Òoº\{—£aIJEÔ$ëòßr3 À™U ªï±¯S"Ži_ŽÏŠw¼Í%§wÆ�:‡b¯Ö0e½yíT³ ¸Ïa'$×0ட)ÝɐŒ´P€p⛆°¡nüÙ×ýx<¯:nÕ¢:{ô"N¤1ç*ÉNMêNâú>/Hÿî6}¦
cåœŠÂº|öíÝ«ƒørT‡½óüÓòB–dñpßé §ÝôQl`ý"ã(ŸÙ¥ѝ»²gÔWYeÏxm•«ÔÝ?*Z9…Y(WíAë‡Ü�³KSl9{pK–Ñ]< «Úc[ú ›öÝŠJÓŠ>B Îغ#Ûú·{¿°ÛŽKöÿ¦Vï~-êÍîˆzªA®ã<Ñ›xý±kl'ιúVfˆ+µ'ô‚•‰#ŒA–»7Ã1älgâõK"@½>-3jÁ]æS·LÕá–cjÊÆ|¶#ÉWx=PŒ*3¬@l¶ åÊ»5em:¦Ss¥Þþ;µ ð*'2—M:õPŸŽ³*"õÔÓcÖy ¬˜]­ê&lsqauo;PàNC{΂¥öˆÜ^"aPŸ'¢DAƒÏ\Yi÷ƒB –Rî Õòz'`wûšÇòíæ>ºªäuæ ÌyïR5¯¦ŸIÃß®¢ç×Ló¥ÕƯpu@²má½ã£J"öo‰ƒdްƹá?´/‚_Å˧]a™NŒŽ ÉÒ5™dMgÎ%ØWŸ?­÷'5¿Pk«hØsm<MmwŒßæ-ÆôeÛŠz‰Ì}\0·&мŸÁkhßIS_\þÿ0Z6š½RöSŸ€1 ZÑì'~ÿZeþxwÕC"¤
«ÑÎf`ŠýaY4>IR}à¸KDUä9ïS„‰€W<4O®„ìB°m-½p|¹u€|% ¡_7¸xŠéê¼lë÷Ž5nÉr9ê¥>²ýÚc«,ü±ÞhM2ÿEAdsÞÊLÙP‡À
p#Cð «A\'°84D¥ƒ"´¦Ç ج¥1´ '®LžÈŸÞkc/]óŽSÐü˜7¸hÆ­ÚkÅG�z+ÓÇ×2!êû^ëô`Ndí]%•ÿ]²w¥Fõ-¥½æeïÄ#cD¯»¨=dÈÀgNË¢/nè¶8âN˜é©ŽÃðÓ»©‡©'¿åFÐoà×æ±['¶ŠÅ¼ÐŒpè?ð<þó´"R=­DåýÓ<ìÔÿ…{ê
(Åù«M'Û1WŠ¾roÝÛ¼LôE Wáp·<ÈYöÅ"È°}Ë"鉼#úë:'päÑ?Ø•ïÒd#6Bºöiô "P„{=Z@®¢pèb³¤†Eâù@F«î±0£EEøîp#qÞQVÈ|.`rŒÉþx\fÙES÷"LÚnö37�&lsqauo;à ~E'3ŠPDº#ñGô°UfäªÿÛ§æšjhé¼ÁQ˜&lsqauo;'Jš-ѦjZ5ÅùâSn¹"8¾¿š9Ez:ë5öI¨ž,ïüÅ…ó4UŠgÏZåΛ֣°Á!ü?Š£Wò‡ü"L©TÍß´PÛ¾îMJÕr½â'Ï0nÈ7)¬.2'I|ít¿¿zuó¤
r©)ãÊiA¤í°'²=4h!8ùCÀv±åä‚~ÈÌaéÜœU´3ãnwRV'=Ã@ ×E £•¶LT³9÷/<š¨6´\mÝð€r$áúXÏr©I}ЪӲ+CE2 'øâ¥B0Z9†Î÷/Èïè¬TfÅ,Øô<§äx6¼ê"
ö§ ôšÅÙµÞkä˜âjŠ%QÐÞ# XT>ÝcaùìF:„ÇÅ-­(—a"(ÒU§-~.L{m×êC}pƒ7)ÅÌô@Iíy…:û¢$yQg=Û{ÃaŠÆ¡6híèí_.ÇmÇ07#fMë2â 0¸Q8ŠãÖ3NXZ³Òá Ãàp/"xùówU/75&QqÙ¾iÎÂ1–øF‰ˆ¼kjÖ›–pf'Jg9"zœöƒ²Õ­v[+Ä®C|æãý
z˜5CLÑ®^rÞô&lsqauo;u¬æù,±ó£ œ q*sÃÂåùÚÕœþÑiÏà²Éû‡†øŸ‚YIæœK—lJYUZ%%iù–)„ÛÕ%ørpéoQçÁq刄Y}q'Ý:$ß4—¦5ÑCˆ 6›·DÀ"ÄëÓ„ä ¥å¿Á¯ƒŠ³ÞÉüÌP™Æ¾²7Ã&lsqauo;SK§røí Vk£¿Jז踙�Iw¥×Ħù
­Äc 3 ù«£®Fò7Opd¢2Õ?yš†ÕI°&lsqauo;P!–ß:JO—.iWQ}¿Ø¤ùî&lsqauo;©ä5Gc¤ó׳—ÝÁL¹X-ŠCƒ±ä«ÔGÌùz÷ùa—•`hTå<W.´ÿdd ×HÐZh±ÜâÿdY¼ì«cMŒ¡±R*_ûG;Â)u¼Xx¡<ñ$ݯèkÂ'aАâJ%³® 5q\`³Ó?Ü:/Š; ÏЖ ¿yÌ�cÿzVÌz#"cy˜,Šf¹92|ˆ{'+Àd‡üödL濉Uµ)è~Ñô½v‚ýáFêñ½³k¸û[)i ûèÁ‰ÂÍÍŒo‡ …ùìó f­~™iõ·£GD;Ó›Æ"ßÄ-N¯¼êÜôàm–RV¢˜ï‡ˆí'Ã.Ûy.¿'åt÷|Å\@R/£dv ÉñOÎк "MÔQɉ–?lã'¤2qÇŸæé¤ãõ2DFÂÒ%`œ&U/˜W»fJVCªçäž'؏¦ÕÉ;-´ÈxFa¶ã30Eõ±Í·¨a½E:X7›æ,ìH_ú£_Ox3hÈôS‡d8àoÿ%Åçyä½U 8uO"%ÿ¨%U¡…=MçvIÀRnåÎûR^aOð˜êOk™‡U(éñX)J^Èã%Z%³Ôù™wq¤SÊÎÏ©÷šú&$yÏM]µ<]"ÚEDÔ":್io;g¢C–]}!Ÿ[S«gVή¥aûS"ƒG¹–½â²¿°ý¥ ×"%X !Ø`àƒÜr₹zïË›7uãKâýò$X¡g59ÌG­|!„hòCϦ¯û1Šè¬ÍNJ40 ÷5ßùºxíˆH„>)e&lsqauo;ööç?-‰ðÄ߈ûB÷³M9s3¶ÜF„}óåŠðÀÿФ]Ü#'•s€ÎÿzÛ§ÙÀ ÌF¢°ÂºjÎiùÈý:½ÏaCy×B"-M¿ ãØ€þ*õÊÚý«ËnþÝÉs«™Œ/ì˹_ñ(Õ<qýóÜ!Ö�¨ÖÚ&lsqauo;œ™R<2†Ý_†Â'=Š˜ÙCTÀ6E÷û™Vøé^OrSXk®ß§ü«õbMZóÿ])E }o¼h`œÁúºNžgYÌf¯•³—‚¶ß›=z}U¡ÿňz"„¦Kt1p˜ÄÿÙÉœênéÅļ\Äàó8Bh¹¥k*W—ã23Q÷½Ü±q\ܱÈMWcE—ƒa"i„¤¾G¹jæ¾& ›Â�xû)³³Â}‡ˆl&ef°A™±çRA©½ÿ7þ&'á„ò}\K;¬žãö²°#§ù9¨YQYÁpÐ0#dF'Ðt*RÀ0SPwCk ýtõøiuu–ŒK´ÿ^
ðú;ˆ‚±ƒ"&lsqauo;{W&*g¡6ÿÉ_¥Þ={Ši±ó Ósû*ó\¦bA ]ð°‰ÃÇ5Üo *!#N÷®€ÛA>IðÕ[èuûf,µ[à>¡·§ï
ìÄÄ-:£ÐÅ>„™³j Ô‚MÝ°û*wçŸUõ$þ¿îvHýáW$âRÚ)É®):PŠ6Þˆ×Ñá=0Q28e¿˜&]XáÖUdZÅ#þâhí;Ì-lRKœ ¨LŒ.¿âc™9dÞv.£nžŒÂ%„G†XŠ|ñ˜ÕL¨èdmJ¿I]؁=pƒºàI½üóŠ3IdWZÅò…rG뱩‚®WDçdi'1�+Ë›~ú„£çoîf(n"ŽLäÚ@'}{8@—qLƒ4,ZͶ¡uÖ¼–ômXï Ýš¾¸Ê]Fô2ˆZ¹Ö€ a±XäyFO^ ´c·îd@®£n`E—‰*†ƒN-]α±×a-tI&ÚŸ=ÙÒ‰)Q¨9pýhðøˆŒÎ&?Á´íÓšì×a2 Ô$|]k£JœlQÕ,TR5ÕA[‡'¨ö²úј‡V(:2Á¦™z£ïGwŒµW%­…Cçó{©tu 3-Ÿ/.ïŸÝùÙP&lsqauo;IiÀ mvû]7„†m(œó Y›~9.¬„²äÏ®"ÌCN¿kX"„¥òQ© ˆÙ8Ms†ýÇOyåh(„ŒEPâ_§
tˆÔ?Ü¡á…ǘ¡bibx€ a¿Tø¸nþ·ò'ÜN¯D¬@¶MÁ*YåòEëNq9´ž©Mmt¸ ø¢]y{îÔl »tîÛuèæm©Ø"D¬áÿø»"\Gä?ÏœLuÐ7oTˆ­Ù¢VGf~îá™ýP•U7"e'óp®cšÜ Ñ)?8 êÔ&>SØâ!œWüV²ÜŠHÿ˜GِÜ8U6ëÒ]xzÌ]tÃZ¯È£€ÅÅëÿŸÛڝº?-@jmR?¬éÏ¢Õgo/µù¿Ø¡d;¯2.õô{Êî® C´g¤Ø&lsqauo;ÖwÃ`QG¤sÕBëA/„y%©"ê?1ä#´Ø&%„f ¤ÏVþÅD±±$0($¸Ú~e' MYÀ‡'0ÓeFþÑýÿŽµJˆ¨erÈø—Y66΂ÌÅb†GTçb9;5Ž¾¬ÿn‡2<†vZµ±¿jE[e'ÊÐË%ˆ,ŠŸ6nSN@¥^BzYR[ZytÖÚ´©UÓ
÷ùµŸ^¦3£¸ƒ?�äR²-Q&lsqauo;GÉ­ì.×½YõEÆ3^Æ}ø~]X �®—6&lsqauo;GxÁi%™Š¡râmúU/¦„ìÎ*.« 4ÓÆI„„ù ],%îsÊ!ºD´»$NÕë½VóÄòbœ=§2öªMò&lsqauo;÷FL6ëXG %ëAŽÍõýw¥~ú
cNÙí»:7€‡kÊÞ'Á€ž-„´Bϳ–EìÃøK!Ýi%;‰äAQ¼R\¶åq¿eà'ô…[ 'í< ²Dñ¨Ì|uß­¼Ù[Kw
h—6¤(/÷v9I'xú….Ÿ@"Ê C@NŽ©Ã?¡• {áÎ["%'ó­©¹TD® P>ÔªÕܨp"&lsqauo;™»<sÃng›eÑÿgU@ò‚Žú®õΞ»ùÖ¤ßsÑÑçì-fàï˜ùP}ã¦ÙÜ°¶ù÷ Áªzó HÉìÆOÅ´M¼ô´ëvü±‰
'"‚{ 3¢ÌúèU ËÕÝß­R¾?9ôšî0áì$TÐf¾2vi(ãöȲ-à×ûÃÀ­¶¦†év¶q s)Ä öt·ÀÇ— :Ñž¸¾Ÿ"áƤ1¨Ì¾7úgÒŒ EDà°(cA€m2üó†0V`&lsqauo;ý cr®ð#‚IÎÁ\›IEÿÙ6 ¦…¯#:;$"Í¥ýÞl¹|U­®É9ª»oªE1žñëeL÷Ï)eI%y°¹ÃÜk¨d3ÆÕtY*uìò¹Z¾ðnÕîån±ðVû'5Ux,û®hž^ËÂ¥:§g³„'ÒHîÙÀÜ!£§ûõëÓ\mºÔLs%V­…8%͵³m ã-Ò/ë_'ÏÜ„9éμU4üöwÓ¤¿Uøhúú?<Q¾Ä7žÛÒ¤aY_±Â¼Ì+š©ºŠ‚Êuåx"6ɹÉÀÒ ÚE9®° 'EƒÿÖ#^_æÞ±ÅwJÚišû{|:mêÚÈi6PùJÞE£A¼¨zBE¸0.ýÐjÌYLëi¥¬íø•2¶CÎ[-ýÓ§9Ê&lsqauo;°~Åо&lsqauo;*~0kߣŒ-9áÉPJÙ¥WB¤zRݼ«_§³›$èُô¤®…8*i£$¦òjÀúœmÿ(¥èÚýYŸÊFH#Ly¢¿A°<ƒ<….û¹<
çßÀfq3¥sµd:ï²K›Ä%õÚj Žu{b‰F~'™æÈs¨PnñzFŒE&&lsqauo;¦õ9å¼rm‡*dþÙ9u¡‡AMü æ "+š•»'Óáþ^PT¹Ì)^õ`|¸8*Xòå÷ºè¥'#gä¾\æ£"r,¯¤ŠCÃãÕ—Íe'lñ"V$êC¯QhßmÆe¼7Îóvù‰:šÏ-LÄvÐDÁ««FQ™zWsçñb£�°¹i³`Ckÿm²jS«Z¶rn—q' Þ­‚[pýÜŽñJæè°*¥Ì+ñáñA‰ßLªÏ‰áz±n™0o,pÉZ¬"çšVvçx/a«ßÌi~W‰Õ¹ëW;¡žß¸(QžïáÚ×vuΆù5º¸Dm.0¡´®§|Íð@øÀ&lsqauo;ÇN™p$]ÿ,û"ìzÅsÚ¨ˆÊËöj¡îC¬CJ(TÅ9Þ#§ Ž w]þpL¼…ŒIhñ¿…àµ)[ Œ d­0iîo¾%ñššÔC vJTÖÉ1Ö6ɵƆW &lsqauo;D û)³:Ù&lsqauo;«c°ŸpŽÆqûˆ…¾AìÆËÞˆ;ÑœN.±ufm'×ð¦§è>ûP§û¿ÁägÀd¿9`(yÆJTËŽê&ndŸªd–åöˆ9ªþ\'ª ™½0ôΰâ)B™s+7£Ñ\ âõh–SF"Ÿ
–Ö&lsqauo;½{¶ÂÅ1'6_Ÿ²ÞrÆVñ¹Íĵž)EåÚsý!V9wÕjÈæ0×{2ê !†""€õlôÐÀVýÝHZFÝd1Ëéûð? Ò"ÐBèÝvζ<'ƒß¼,oÓ–¡i´››qųé£È&´k/ÔO Ã&lsqauo;ó:2 3³ìCGP±e·¢é­Q1 zZp4´¥ÛšVJ°õ3L)*ÖmÏ.Ó1× ˆÏ>6 4¡"»£ø]*ªËáX–ôÁ&lsqauo;i²@Ï<ÌD«B«ëÂà›c"³$y!þþwÝ©$ÍPïµ`ŽŸg¼'ÂgÖ©Œç˜‰.V5ëMJöÑÉM¸^#„ÀÅ¿áíª‰Ì"íƒüešGH'M×zWkÉh½àÊöÏ <HÏ�üúIݹ¤b"Æþ°JÁEzGï×B³©Ê$s›Â.AÍZÄìtºór*…ÖˆäÅ×kÚ¤}9åËx~+êÈ[WTtÝXL°0!h®ÛÃ@[ûwýö^ø·iÌ¢¢AD´åº…ËSñç;ŠU>ó¦Põ'æÖ
ÌÓ˜"ýŸÓ'·Šü ¾rÌ$h>N ò¼íÜûqSÛ=É?# ¢8èb@øs§L¡$š2K1à‰}\Ömt -Ñdƒ–ò+40>OC»;€|d&lsqauo;RCSª†>­yyê,K†ðì(³€yÚΏ
€ˆqmfÿžV¾à LÍêvþb¼.  E[Šo¹©ß"bâ ÓÇLJÛ­cZqÏÖÙ¬Í[
¤NŒ·¯ân8&%=çås¬iÏ'T7&ptÚ^ß•óº]Ï@Kuv®Âä†}–7§Ð·Îaãú®s·¡@ĉ'Xœ™ÇŠüGKÀÊ¿B ü)saÌ¹d}3Ä@GÎRÆéÁÉ¥ Êë"³'=Æ@ñ{·_¬U ÐÿT]øÈõv³çLQü—ûnÝž ò‡Ä,/wp€Ofw}L£h$ò¯9É'y£ÅÊàlå{ê•žÔl'=ò—˜ržü¤æï´–U,_†`Úò@ÙZ¸°À•¾Uè"ä䶳`X"Ûe濉Œ
eaì-!k,€»<œßóæ'OwU¿Š, ¥ÖŒ
Åk:¾C-Ö˜yΝә)Àbñ_ˆ€çàu+){;9n :'Zí?q·
°ÃQ­™Ód±'T›s
¯ÝdµzIaIM¤ÌÓiùÿ#çÉÎWϪ¡êþöjñqæ�ÄLw~5«4.'ÞŒÿDô'ì9¢ΟL|Rÿ¾gˆ(Év˜ó™>)ã¸'úÔÌÑ°"KÀ¥ç—ýåyŠœ@Ÿ™{âf\¡"$Y!ºòoUÚ*ªÐùín„ã FˆPy°ÂÑ^®g­*îÓñíʨÆÃ'(|÷ ÄÔ\zôw+À s¿¸Ú¦'åâë6¼8j}?ƒ]7ˆ߯u´äÆÏ™À {W'öÛ®'ú¸'Ö<Vû_þpí¬ƒÁh‚Ô¯ QÈ îû$ÏF–ùüìn8_á<ó¸Å/ÈÇ%[Ñç¤|_ôÔ)¤ì‚W[ð=uØå[*}ÆdM³;ÇJ§uWë«¢§½Éá›Úä'òfÛ¦x%°­²ðuk1¦ˆl<äv^­Œ^ßó7¡Ôpó2ÉOÿñX/>FéHðRߎõFùÀŽ„á³D©œ¸îytfCÝ–óùŒM�^Ôv VTD臂mBaWäÎPúöäÒå÷Äê-ö^ÿv».ÕX:"Þfk‡þz» ÂÏJ&×$#S":ç|zödËm‡ïÎÜ÷¿\ ‡taoýÁžK[òV¡*عüï¦_[:ÿCAPÁ#Åm´±†99X­g¢ffTƒ
Ç4l.Ú'˜W}õçÛ&€•™'Nm_kçË9µƒ U€š±8ùQTŠÙLp9sQùe˜æ6(ï1©ßaµŸ²(Qmª Âð¢MÕ§d˜aÖ"ôó"qþÑ—o >*_lŠ´¡*ª®šB#Ú_Û«Úö'îþlxg•4v¹K²´™<ìïh"4ç¶+6Å©R½D[výäðÎÌ.s 2'1…²èÉš^¤ð«¡tŠª°{ áÔV¿žWAýǍþ6¬¶ïo>™Å&®-kÈ*êýÑ�\ûšµç
R$›sI'fÇÍù„Ý›…8Líg¼Z9Ý·¾þ ½jOuIïyž„9Gwv}J+Ó%°G[-@=Ý,\ÀÞÔqÃ|swö³ÅÚõÝÁÔUï÷Ž§Òòí{Ð>jÖC–È˶fs¤&lsqauo;?Û0:ý³¸"' 7<"{Y"ò½–q¡ÿ÷Cj-V€bB×dv.F<¢jÞsœf›—®öCM£&é<PÐçÅ'(ïyÇÿB8MÇAœ!É‚Qí£iÑm³'É0(\7•®§·>Wûl¹­Û›Áž
ÅCÆ?›QwL‚®J𤈠çÒM5[ïü­¢,¬(/°/²DÆÄÕ¡%taÃÛ$«Óƣɥ÷¬")…9K¢ùSÑ)¾±ˆì7Öö#¬1ÌÕX.„z­ä-©~› LdrSϧjE·µüÉ&lsqauo;åŸl{77†H½4¢°¯0W1Õ•œiö^Xó§=•†4º~C"S`œu½=GB­×.uª9&lsqauo;·µz:´Þk#›ó�ÌÑ– ¯ ªî7R?A*Uf¹µìÏä0Sv‰µ$�a| ?'Îs%¢I[í)Ž£ÆV{­hX½6Šœ~=€jªÔ8ï4Ù&lsqauo;·Å|î^£rŸnÿ>÷Gõo<jéõC`BÑfS`….åô'…w%'õ°–ïÇçŒ[à6à·ßzOI0Iumkѽ•ü r™·;õp4f£1"QÖËJ¶eW8AzF'TßgãY�…�ÖÌ/9¸¹ßF¸ß)Äîf°B×Mö7¥ê#8'MÜÑlç–¥úP³2Ÿ@A¹¸>þÍ ÷éJèlmúzGh^JO"ðòØè¯�)¼®ËÞ{møp'aø¯¢´_Odý!ÆQÝ–`ÂÔÎûrŸ¬ÊÇ6òî]ó-dÿý™¸–k>:Q&lsqauo;f˜ÇV ê‡Zúæ´º†Co* OÖ'²•z†Sâ\iQÿþ&lsqauo;I«aŸ³Û"ŽXÑAÕ3£!£vnˆ~Ìòž£ð~ª9jÿ27ÕRÄð0²<p˜²À1-ˆRÞ‚ƒ47'<¾«ßmû'‡}±Ô³ã¢rC'ž¡ï×&lsqauo;ýÎqžíîÿ¦¹òµ\!j*6ZÜ!‡ÔÄVйK|)åÁðו¸ûe›Ý `œêÁ;й³b¸1U=l.±—Îû ?
ö¶\zÛòô6Ñ Î8¨¥ƒ´bg0;Í<w"lUÚuŠâ»ð,°ø÷æ)º;²çç³Ãæ©ýl"¥ê³æÏÁa˜h ¶¹3'°f'§?I&6
Ÿýssc"ÿcÄÝ�G´8—T3XdR»[m)Ë6¹å¢[$øÆ€¬m}64kaRçdØý–¿d6kÝ­ÞeاŸ¡«HУ"¢ Ó<,É¥nd\O>s-Å&lsqauo;Ço"g͵™âuZtQßFÎ'.¡c9¨tc¯óÌž¸wPªàS—À?86kÐΚ"¹U(H›aÀ5OÐ@¼('â¥øN1x»B§`JB\ºª|:†yñÕzÚhg°^L.–ÝcÖ2+w©ÕìZÀsú !¹Š½ T- 8Žé±5ìüyž³Û:ÑÚÉtàò±2™')YÌšÛjßàK.Ä
ÎJ"— ð¦¿ÇÐøÆ£¸Iã6ì{÷Ķ•Õ*«;ökk‡¡î8 ®®˜rÌB¢¶* vôâ¹l*¯È'�Sд–·8¢TgPk†2±‚sí"(MÏîÆIn¾•�7Ê"ÙEdxìac¯‚ÁqÛî¯ö"Ÿ^aUzª£ŸTY9ðY ä"Å'Q_T-åeŠˆ)&§á°L"P¥ùƒŒùÒPœ˜Gø¸ãȶ ™ëHŒR,°Œ¯O8ñ„RÜ'b :«Fµ ¹Ý}¤Ó°aR×/5¢µÄØÞü³²$š÷HI¬ðØ-@$>1œì)œÓ¡—æb%øÜ„JïAƒݹ±Eqµ‡,)%Õ«ƒ§ãé &7 \u72„¬X‡g²š¢©gÙà#Ž»È sŸƒ ¨õÜÐcïŽöµ4y"Ïõ@'K™†|v›Ž36'OrzôÚµùÖRQÄ
ÛÿÇÿE"¤å$Ëٖͧ-›LxHÈqʃááTÊ0Æj ª‡ÕIÓJq8×ÓÀÄÝÂ/:û†<äÈ¿œ£5Zøs‡'§CKJ¢pÉ?æM9L=¿Ý™MC!`H;ñ,Ë®¯!üÆ�†ÒÛ¯*Ý?Ÿ"°teÙrÙ{¸ºà|Û*³‰Á‡¬±+0yì"à]6Â7
î+Pk»'jÅT!ÒÊ„%ÙŠ×Ó'HlžE%ÂkBKbÀ¼^nFÈï æ-ŠUw_UY�ÑÀ°òN¾°Ò üþðäZž€Iœ(1ó°2€62' »pP`ÍYÙmcfŸ±ï.jXñj]Š)ËbΡ•ª6ë¨HEû&­ÀoÌÉGàE'Ú¶ßN×èpǽÈÔÄÖ3.jnñ¦Ý µQ©ÖúèàWs̆æe<^Àΐ¼¿ö–hz<"-V\%¸ÇýîXðž|˜÷1¼mÓ¿U³`ø´`óÉsÜz_¯Y{2ò½MÎEcÑ1</ì¼HS_W�<QKñQ„É]Øh¿ š*&%zncâ¨êv¤ƒ$Ù$–SrÎ~¢ôs'Ÿ<Fã')Gè`‚¯£ÔÆA0Gò\MI\X£v«â™ÕY¬.ÑTšíÇuãÖÌfG»˜º´FªÌ"R¡Ú¹#äeFµ­]6;V—›¡…ˆ2Ö³ÐBâ¦|eÒr·–éÔÖnÎiE }þŠiÉ'@F™^é¹ëlós­ˆÇe¤É¤D'á¥("ä«Ù„eD‚ïæÇédƒ¬Åù^ ¿¡»E* âxJª4ʶ¤|Dq‡
àƒ›öãÐËñMs1Á¥õ ¨xª›
:Û%Е…½7üŽ—'¥MG„ÄßçŠõ)"z›TòË柾„Éœ D–Wœ€RÞ53ï‚ví]±OO£)¼-Z†¬£,ÕÀ`˜·$œ ÷"
¥ÜÁŽátÝQÝS5g@³h§˜N—^Á¬@O8d¡Ù4™&lsqauo;Nn–TæÇ'¶Œã×;Ä ÒcµèèHà3éÈÜšF\å°šÃ'LèËå…ìþ1+ôÄ°„1 TÌó"8Ç>å›·-iyóÙÖ"Ôh>|ZŽämsM3bMâüä‚^̸ Ò'1ÕxçÙà™…5"TØ,OKç5&ü¿Y#î[òÛ/i@�Æ0~V4Æ2¹×µÉêžõµe¢#÷ [²¢dŸSî½ê3~Pè•äYI!·³÷?JŽÔüñðT®´]Sº»‡R¬©zS^Û5֝Mˆ]Ís<ugOBUH×\úÇæ°õ™m0ÀIºðÆsm�ê×Éó4ì`åAUyZbՁþ7š§Hl`æñ툏k9+ùLÈä Ó¤ÞU³ALV²uàLrGPÒÝìãx~:ÇÒß 97TÈ£ÑTÊH !_ü¥-ÕÀÇ_|SV»‚Ú¸¾®57ÚxO¬¬j"(ÿìq1,ûô0C‚¯šé„n®¥ˆe\ü¢ ܍#—PV%a9ÛVÀ—܉[Ü æ M…µ:JlÀ²mÔè|à{}™++¸<…ˆ|¬8>µ™(î$D ÄÇ$à
¶éTª òÎ9ÄUèq,Ã')eüØdz óDH†"hR(Ⱥ©ཱH3‚êrß —™/úÙ–¯€³ã×bðËÂU¬8x÷,p–„UNÂ_팮ä™ÿ«íL@µÿnÅ<ÞSbí»|£/"E&lsqauo;Xß/æ Ú.† CC4Ò-kõ‡,ÌnèÃþiÁóÑú2 µU_µ1%žÝÛèת°ÑŸç~ãTx4ùÓh¬dŒÅxKŸ¨­ï2èÑìO)•QãZ4 íeÔ.÷3[çsv¯hþ¦ò'EÑõ è¹ÑiKÂú¨vY®/#¹�UX×~ù¡  €¿¸{Å>Z­ÚÌx'6yªÆúkGî�½I}Õ]„©#•ßÚ´²¶
Ç&J<MàpZ‰¯çDZò±Nùsó¢Tô"BÆ48Y|ƒ1<–!J2KÓ;ECYÕú{ÊÙìÂ`ùþ«í[ç™oÈéÉHã²-c•Z'ÿû«DŽM«[õÍK ¬ÑÖ\kkª‰´'°{†ç¿M«²ËxfmÓxÇìöJplõ\S'C Ô´U"ÈP—×¼¸1Ç&lsqauo;Ze{ŽÐ‰æ)²HJnå~†Œ¯óÞ6Tjg]³
s¹†úÿ†<^g Í=ƒ4YŒ©HÌ\J©• ÇÕã~ÖÌ�#uMÐ^B=r§#¤´Â3iÈ›Ïyd¥LœôÐ^áÐeš>!ÅBÌ";É?-¹H&ýԏ˜ÓM®½"Aƒ›Ú© ù%ùë1æeÍ÷ç ¿¨Ÿ¾ËiÞ×ì:'uZ)Ê¡¹¡Ý½ ÖYwWVÀÞëÄ'Ę'œ7Ü
ÒÛןšü.5àE7³$eÈß| ›C«õ"°™S±ªpK¡ú™/n]È›JU¾N˜ZÀÌ4þ³nÁJ/܈U0ÄÃöœ_ºÝ&®Ðó®\õ«²Y_iœüL¾ç1£ú¢]tôÀ+1uÏמB‰þñYé'Óµª[ÖY;q*+{®L¿¥z{bÝ·º~"¥ÎØYÕA-bêÈb·¬Cç2pŠ.ûƒfò§ÿ$.]à"b&tqßç=ÿl€A´¬Pò¢&A}‰Òö£ˆÊ¿ ¯ƒ:jP¤¼2¤=»RàstíKk|ë OÛ!gl|n0%Ðûûô?Èslå|; kéÄ.«'êÀXŒg*¥!Z&jË?Z9ˆ*ÂÂYúÊMÂx(Êû¦Ê Éæ(÷ÛqÙë÷1ösûÁ´cágf|ȁ,'!íŒb3?ôà¿€vøª,1I­xØŠM¨ÌÌKø$mÍe«m†cÝtB;Wõ\ˆNÕO=â3H¸á }¤.N<=[Få#VÍñ¹Úcqñ¬D'×'Ãi9ÁŠ~<¢X?EÎûCz÷
Ša†tˆgiåPQ=̤K)R§üEé•`šŒ:¢ò¹X¥)"í±0E-™‰^ö<YÏ
Ü&ÝyºmL[:üµÞž°yžñ?†"ûì–á0Ø-Û·™;w7¼Ê*üßà ¬…lN+åœ:˜zèÿîð샆(Å\U÷MqÛ?Σ²…ÃfAèûk9¦4ýfý«dV¢¢eK-òγ_—Qµæ(< ºáÕH¡ñ
¾ÍhäJúá]A 02&ÕºoïÔà1øËÒ 7ñ³ÍKƒ‰Êäi*E¿Í¥ÜÜY"È-ºò)ÙdI׿H=_ ›%:¾3–¹€¨…³ö—˜ëLr©_+¾_xgˆ!Ó Š9!EdøD¢»Œ"œN8M!iæ"ö}·®ßyQIA4¨ªÛæi;�Þí¤èŽ¸žwè?RXø|ãÛž"À0'øk•´t"?+¾ÝdŠ�!;«ÔÛ'Ú ©Èû& *éÕ"l®åO˜Íå/ØNuNú&ïŠ ßGÒ"«Ï„àЏò9›çc hy&<Öùñ²)rg["Juî¥CûóÃ%'#— †mWb!!KUW½×²O'sµ–ãœÄJ""Û»Ýòá'øZS_Vx;´=(…©ŽtË5,q%­†fï¶9{ú&lsqauo;E¸ïK*êº^ EÜeÄB£#W"2;ÿª·ysX*º„jIp\·A²PM=+·ÝstYØ¢»z-DDaa'–¢l–ŠÌA®Œ¡ÇDWål¢\œë(Bœ²L¹{•œ¤#¤4¡Ðvi#? åŠè¯µh×N§`­C›a)³RyÆ ¤ðC¶ÌÇÛ'þ‡q ojb›©sR ŸUGeÈ öyÅDÏè\jKhª50¹b<ì2?Z
¹ý·Ã‚¿ ŸEçF"S0þžgŒ |Ž�Ï("Y‚¿ßs ÓkªúA-n«+
<MÈÑ0Û-ïTE€m,²íEDðsq4 …ÝÆ'¬RÜ"£Õ`7‚,óÀRFŽH Wå›þyØ[a5ԍÚðXíyÍëåú'ΊN¡ðõ¤%ï ØŒÆK:ÆŠîÇ{ž3+ãlŠ s'Z¨¢ðJÓ`b©ñòXôÃ\�¹%¯n/¦©íæ0V}ç—ÔÜÔB=<êº®êˆRJ¢= ²êI–ýxy•)�œç_6-T•ë}ãRÍ›«2òáW<ÌŒó@¿c0,øFüXH칈<&lsqauo;Rãæè~F2bR"kÒÝ]­ù4QoV9Ø]Ìf?¾µ $£:K4Ê¥c jqf",xuì™`éúU8Ê¥xæ ÝmÓ¾Iú4"»äAõ­/^{¡ðú›úŽr-ˆŸù¯þÿ/öŠ C£§®Kó BÏ}ÁåE�m'ª™ÒôÕ™YˆYpJX¾^ |¦ŽT@(t]¸Ñ娢âí®1
cí-Zò0BûlEˆæûÃ~ .èGë†i®ïöö ^ 4UÀÛë#P ç¬r!ƒÖ¡û„èi|·DFþ.,È8ˆµF¿¨/cdN6¬Æ)Ú 0›BK5'=kнwºç°áÕG`à5XϸxÀ4trNß¹ÊÿçšÖUàÇ+Zô#lÐECðöMجÂZÒ¿i:º
˜Ü"4Å9Øåš:tGN 9• P?¯J¦F ؼzËG×J'\B›÷³¤'ð€– À "¤] ´ £ŸÁz`{ˆGª=~°âæ
ù­ûè‚É}}¸"l·SïÞ(‡e›[t-s�)ìï+?_ïÉ6ƒ½-¸µ…û.}ÑY(+‚òvà(—U=TË ÷Û–œ!}ʍ)Ù+*X,vúTù6ˆÒÜøÜuá>vÑQ³…X�hs{#í£íoÙx—øYe²2áR»Ó)fè 2&<žòÂÇ‚=&lsqauo;yÔ´bÁÓDɱ}MœóÎ
ÉÍÑ™‡Á­õçE¤¶ÊŽg˜³U¥5.%êüóµmú.ÿýerÓ5"úÕøçwø•¾•Ÿ`tu.Ù­1dƒJÌѼTeQÍ}
ˆ&òƒq~ZKNÁ¥7Ið*V·xò•ÂM<¢hm!QXÇ7_þ¯Ð 96qs:|YoHì„È/
§Ž+ ùv±3YÑi]pGëbú—×k³<ÞÔPé9ªšøÊûX‡é§ž9D×"ɐè)Ò"twÄ/K4Ÿ¼þ¤gzËlê#øêWÑ°¤,Ãx!åË„ÛØ®í•6¡¡tbýû2Y Õ-TG÷!¯@«# wmãQ±ôH }Ó›Ekhmìõâo´Nqk!íésBðnöf€pñam`èÊÚtˆ€ý:0RIà¼GìN£ZlÃwíÔSPŽÝý»
oA¨Ýú^:iBC;9sQ¤ð´äÉS™ô;#téV1=ë"÷àž9¤ª¢8Fȉ8H±Ì_Ð9ÞŠ%E& YàwVƒcQøÔ©·ÛÒê…_èáhÍ:`'bpûôšær
=‡Úrâ§
q³0×i9Ñ;úÞ°ËˆÏŒ›+³‚ÿ¬©[»Ziߥ¯§°™é‚œ&å9y`®ñ³š_d8ëG(M:ý}ª±§‡Í#Z1~pÙùi±àþ×¾çsa¤¿†gy¦;šº›# @‰ïA
b+ˆžW„?$ÿþ߀ ¶«v•d`²&*ê´×¤Xé7„K+0¢`œ½²*H@ː¤¯ìLÚH@˜"ã(n R껌†¦³<àÞÖÎø¹¦k[_Ã�M.H½ÿ¾×ê
À¤%"tçkÅ+–å/"§Wiµq&lsqauo;à Çnq&Ü�µ&°–"JKa¶®™ÄU$j¾:Yo&ÿMv_ HTfõZSt+¨VˆØ-0˜ø8îyo¡Iˆm(GŠ)=ƒêÕU†³âÛüâxcf…Ät±ýüµ˜KBHnæظ›NÀ5f¥HEÊ£lñQu–|=ÆD5ùÜ›{Ç
5ðÒÊß{@ÍOӁCÜeC!8 ïku£¬XûȼŒÞè¯d¯D&ˆ¤Xj%ÎÑ^ÊϽ–Ÿa흛5ôð©´è|¦2QWîMŽ'Ε»€mª«+} ΞÀ7ði½œ%'6þc„²X7CÉ{¯9YìÉ!F+¹Ù°^êþÛîŽ2írC1o8r‡D•'­H«y&lsqauo;oŒXv—vh·vþv°þŽ‰+DyÎKÅò^½Çß*»Br®y.ïYãIE:M ^N–iôkÌé"+ˆ¶[i©¥:-÷NÀS˜ ‚d™t ò¼þzàµÛÅ*»^YÔÔׄz±žs>Õƒ¾"ÞGSfáLߢó)´òÅ*Ú"ÚЀFBÍÉ¡µ¶ìß'Ÿ¡wψž›J^¤'ÐG[ó¦ûÔåW&lsqauo;Ø`†ÓãïÔ|f²Hß㐠3ÑëTc¸&9 ‡üxm~I~¹ÍÇ®PÙoå&vâ/"꫐*+ÔþSÁ]"þsz!wxí!y¦¶¬6‚=yBՎŽŸÞ=U*4ÁíšA=óêi»s‰ÄÝà·éâù`'huuóó#hRÉqz+ºÅLS-ÑTUÌ"¬Íá2' ¬Ž›8'ª'E+0„¦<]‚:7-ruè!›ØnÖ-Sí�hó¸†9·êŠK†=Czˆ
&±'•ÍzV]%»4žÇãçXFo"ÍÿðWËÓ¹§ïöÑú Ó&lsqauo;û„ï=ÿ¼†[ŒHçÕnTu"\àê#ü'UÎ*ØпO
èL)}Ûš= ‡V?=š0£ý!„¶MZ•õàXT†—žý™ýImÑ ²ÄM½ýt=Ø3©½³»| ¸v!çx€Ø+£®¬ÌR¦÷ùµ{\e­hÁP¿)v'òå. h‰X\ò> –øŸf4\øg7ÂR'¼L°šØ²Tòo«2X^F\¾¿ÙK ±Ñn¸‰ñc1·oý§ß˺j5£õ"ëDdļúƒ&lsqauo;÷'\2F¦íM(—ëÈèžnǤjýé+ø'A³#ꊖéÅ;)œsz‰-ÑšA'Û{Y7|Œ¡Pu&lsqauo;²ýÀvfÈ7F$š"{c:ZŽ|Ìy;Ì×'ž­a¾Úyr|–Û'wÏø¬+ªwºXØZ@Ã޸↡+{"ä…c` %ŽJáÄ<QV{èuÚJIHè°™nËÅÀ¿j9‚ž_['%Cýœ…\¾U1âÕ²3Ú!¡ˆ/7ßÔ/u…1%–sd‡öõX$ço×O§«*ëò~ä™wI›áBåýÎXøØ€B˜Õ`e³en|–Co‚k×r©ñŠlDê3³?˜œó2hŸ|u؍ÿð€µrº€«Žldûø.)ΦG¥°†‰iõ&�\½Œ5–MGõüC€äÀ0—µŸˆõ(2‚1Ñ°öö±äÖwZXV>j.âGë+Ä#äɦ•4-§è~;M0Ƹ½*U0ÌÆOõ†OPa)ŸSuêF<Àƒ~"^ ;}IHÏîŽ.ûz{£±ƒú;oyu¼Á{"Ô'QçR3}\ØOo¥ý'Ÿ ct›,'N'Áwv£¶¢;‚f·HŸŽ£Çü?¥Ûl).¾.üµ't—,3\.¨:w%±)z!&lsqauo;EÉ0/GRãOV§„Î7EI ®0pÚo²^6ÛÏéa[¤rØLP£Èú¿0»£ÝdSRÿmt°¥ž»9hćmòÈl²êÀj^¸ã:KŸ²ƒ¥q)$£ƒ]Ùan ¿É,\TZSqPâj<õs·˜nöYà¯:úL{*Á—<¨åD*Jé«çˆüà"Vÿq´½ˆaùŒ&lsqauo;žÜ;–ĦjE·øâ©(ëØëü8¤ þwP§bW߃€Õ˜S'4'!yÕäñãþ1Wöü·ÙRÛ–á-:�„t6øCV7Z'pp &lsqauo;|SÜõø×€î s†@ª<*]92m¿¸÷ äŽ…ÐNö^#œ*0ªÔmÊÎö�)²èæ‰/9'²Oˆ‚=ʃ2gÜUÖÎ΀ó¥ýê‡׊Ÿ¿YÎT3œõŽDgÔG[³›®dWx™;®vÛà .§É?deï¸&óëܲªµ½,Á÷y‰ËâÜpõ²—,œñ˜r2Ýœ¨&lsqauo;åÓÜ*{#Bí[š"2¡ÍUÄ šcÏ+#³®S~לe Œ\ZKl3î ¬�qÁp…iæ'³œsxp»‚åˆïIY]¨þÈx±ý°e´9×eœeÐÉjÍNî@囲¦hb5¾p×msz K µ'Ðóϳq"h•Á6q~ßÿ}÷Ôë½ê {o¿¼öfÈ Þ+3—ÉØþº.aÞmð PG5k•‡÷¸þNUöN2‰ÀÙOÅ!žÿИ'9\ýLì"‚ì|ÈÚõì"s4³(šP{pPŸ848 =Ÿº÷8߇‰"Œ0¸4Šõòg¹øÁÄ4MâӪؗ$CÈ#¿ºøä¥Ô(tÂœšÖæ%"ìet™ËñÓdpú³ÚZö{ð:îµsÝ v ùî熢W»ãËÿùnÌh€ÿM‰xK)Êaðòêð.>½Tˆ0·Á± Cýhl0f¡cÕ~ „óv ] XÌ䩨^Š¡ôùÍw4ÿ‚ ~¬è¤àA¢­öm"¸D¹I©!bæ?_àe¹æÚØÙ3ªI·Ÿ'Ѹ„{0] AËP|%æ —¯mjRÉo£} ß<¬÷H ˆá–máaÚúæc-c[Á,†V�òéïwŒ ˆÃ¤b.êpsöO×Mc5ÇAÖ=š×1áùNe.•›±þä~"@€i¤qiý?Ao 2/Nmª~;QŠ3'—gNÔ ‡òQjPæïzk˜¿LþÔ/]¿ÕIšÞ™ð8±T?Áð#çÑéñÛ,T"7Tî!o[@ XŸo¤1ÊN²7sÎ×OÀlæ¡`ìZbÏ(Œ60Á 1¹å°E"Í%b¼Ô^ÝÞ½–³©^dӜϞۭ_ýÙL¢lqhoÆû=·¼ßMZIÃïaÙ¬YåZªá£bã© ž•Ÿ ¡ÅîÜUÉW€¾ayŠé¼
9ÂmyW¼Çn•nØË5n''ÛþŒ%[§)~–ZTRí8'©;œüȦúóÊÒmÍõ–C 0Ý#¶Å†±¨(F¸8h‡ÐÁ¸GOƒÑ¯pÀäòìÓÎþgÏ€‰d³à›#CÅRri´¨±�tÿ£¸ úŸ$…dF?rë³á°Mò-»K+ì^ïÜaÖ‰HÄù0Ft ";Ðù¹YúË ¤­ôÖO3Æ}±aƲâñ ‰æF$¬IF³Jy¢ „«à/†gýÊ@µþ–ý"5i¼r_ %Ál<ØòBóã^mšðƒîp#†)\{ˆ>‡ö)0Ǹ%Pd›•æqÔàžx¬8á´y­TÈ~gß Œ¾ÿp›õ™:pîL¸Ý6ŠhÂ7-C°bo ·¢ÄQÍ0—UÕæµ¥Ð÷rbVZ-þš(Íy"¨ÞŠ}KÒØlÚj Ó^L¯­ÔnN~Y¶ëu^n"ŸñÀx¢È@[…úTÆ~&PÈ&«0ò®‡g¬«¥?(ð¬õVý!¨¨%Çuû£æ0ˆ$Úâ5‡©
zvè!)ñÀD[0˜þó&µI¨7ºˆAd %¢Ñ&VY—g頍ìÈ@øL^5%Ÿ4Å:Ä!¿€ÀMû£àðU m£ùÈ>laÁé@)#ìí±Õn{†aª™FBÞK&y�[:â"$Á^âjAbAFˆi™ÕU†'c{À— ábÞBQ#Ð×Ëã}ÇUìKô_ÌJ'JFh+¢{oÄ;è|½¼´§›(2l…z'F_–yöœ\ÿøoáX™ï%W~9«±% ®*€+‚˜>hí¤ÁÇ̹›©ãá5¾8Js ÚLˆù\ÆZ-üíÖš×á¼Ñ!7'äÃË X8~6Z8¾B<eªNíɝ†Cä‡h¦'³ÛQ]'
`ªh¶—Íõ$0W
†÷¤oKÚÐνìS?ØĺvªIùù~
—tØE à~WFjk›eì$!™"ýœý—kûÍÿ!Æ£@¾Ü·x-mA Ä#‰øé,Já­T?6MjâU¸ÒB_½ú³¨Ç•ôj¡Ò(ý
›vQ$>þ>€T:ïeºlƒ ô"Ùi¾qrÇ1< mÖðj7(Œ{>�{Rãœ2%è¿›û%HõVškô cDÁPÎùóÓÍÂL8ñ&¹´¸ õˆÐÔù×4Ð
Góõ\ø¢ã³›pù[퇄äoaçîŒsµs'¼*ï;Uj¨È,¤¿6,]R›1T€îß³ÑÞ"�«ŠŽö|Æ,Cn·âç)"–:ÏËVæüÖ~Mœ1GûšôøvÔȁ¾¸óNÛdn¢™.…Å{âwð®¾üja"•½p@õòâ-…Däk¢sèr´ZˆŒ&ߟb¼Ï£a¶P‚C¢t¨ïÄT/8§ÛE¥es–mÁme<ÙÑWü‚ä—žQ"¨¨¯"ñÝNRDWÍ)R©<Fˆˆ{,æ,ô<):o<ÿFé¸$øðÓcÙS¸?…›`¡E'¹·w~•HúÂ/±¹»4=BªûôúBjŸI‡�BÃ\n? +£jÍq³åˆ…DÌÙrO½\™–ȍÈN–÷I
s (²ò³¥X×Wi%pìô}
&lsqauo;]þ3Èç-ÖfàþÃoÅ»"Ô ô÷:³¿% x†¾¹yT§æ‚×or©ªºz¤C¨ƒÛ =´%€ƒmîN|E·G¯¸û|D{œÿÜ|L…Óåà):íW•ƒù¨xˆ'²WãK#£^„PŠÃùý=ø|\§Ò6
ØDu0å ˜È™ˆ•­pp¤ÌŽ·P'ö–>ÏÓ¶˜I³­q£r°'2ݦnjkò<*¦i¹ÃÜ(†¾ »A ·'6@H¿–ÊŠ÷Ê@ë&lsqauo;ë=¿fXr8#‡ññ±‚¯ÌdÏžýy
àÔÁØ–úlb$OSC €/&lsqauo;´«Ÿ[êZãºX,qÉó€ìði�ih¯feO R&®ðµDÌìøÞ·A))‚/wíÀºÿí–¢‰3Ž¤Ç_©°üfî%�ŠœÍH1J²9ž#ƒiiÒ‰ÿèMgJ~gi6v13ã¢f`ÐY^ϧ[ƒB\ÓpE‰3o‰6›@Çþæ®üÛ·OŽk6^¢A/eRbÔÐö™ÖHƒx­+gñÆ~h÷dz+æªyøCáÃ)!1‡ Æ™×ò+¯Ú1qOíCuoJ«7a¬,ßP.™Ñ4aw©¸'š[Â]ªs#Ú5ëOÓ¸&lsqauo;P/IàJt™!ˆ¬WŸ^ÖâU¾žS¾ÍGhuÖé!E#–˜×$ññlÂòIX5eÝ·ÅîY¦šßÇ;ÇÜor /þtžOí7éaLÿ#^aµ8'RU=É¥ØP€lØ€æ!¢åØõ…œç‚܏Ø^ÿ•à÷5™zfµ)­¤¶w#ǘ÷³m_ÿÞâOSn z8¬[¦äkÅÊMˆ¢V+È¢tQú®+z©K¦*ÚŠõ>õ/ósŒÅß¼_l¦Û;Ïw<Ör¨ êǺùòÀùžº]T.–F0Mލkì› g"±µn¸³lÀÁÆî4°p°íÖð' üªÃÓ–´ñ[ýïe¸gAd †LðaZ"å&lsqauo;‡Oáÿ‡÷ÿŒÒÉ'4|œ8mÈþì˜'ÓÑD4Y‡Ã>É<:ªü¸\žj'»ãb*‰æ?æŒð&Q•y™G$©-´úƒÞ¨œª ˆB¿r§…š$¼YÓ¨‰&lsqauo;V›kþ';¼w=˜Çœýd_1IW›ol>lÑ'±ˆÖ*tÜ®Žšƒ4'"A7²i'3o¿`xª&lsqauo;ø*µ'oŒ¬¾ûÝ|Ó×#Qù@¯7è�À6›3íWÞX="A"ªæbFFò"úx
óÿet¯ïè\ð뀍y41¡Â¨¶ú;<„ña¢À½›¶Åî2õ51x:Png;+ÅŽÂËc½zKúÏ{©®õzNyBHÏ&Ã,­3þ¸¾•8[ij&cOYEÉ´k'm—Òúݼd'wu ÉZÌÑX\Å2|ÐÆ>¢Ô·ÀC"ÜÞ–«áuË̓¢žqi³$\œº&lsqauo;ë"¦¬à"i'Þ3zzÓX)w/'¡SEhkõ›Žßþ¹eW>Åw~Dùï+.Ãìð@µûŠEåß¿Ó®Õ.
G˜Ù¬÷`•‚&ñæ¾ÞgÐuò,ÿùD-ðfÅæp„'OÉ[<‚lÒBßÞLhô{ú%Æù¡äXøH®Ïß^ð%׏½pÆK#™äñ,C·á¨U6š½m2:êí:ÿ´ÚÛ'dìa7›Û8îdBƒJ†dÓÙ={È&lsqauo;28,Nø'»{˜ec{tæ¢(Ž±íçEnÂ4×뇛­*ËÏ8 ¶‡reLŸƒìe ÏÄÀCÜ%¾R³¸ÀG*­]üxP4ŽY㺍âÈFjÚÂdÀSP·¯ª`Ïã¤ʺ7îQ}D�Cô£\2üï1 @6ì]Œd[$%í½»7 NhÂΰš©ëOÚI5‡ÑMbr=ĬÎöøVÌ�A~ñÛN¾àŠöX×ÕnpÞÇm4x„@0êüÿF'âäiÂQrüòBõŠ!.]€RÃV
ìÔèus%Ñ9Òå9w?&lsqauo;gk„œ™"NàÞ/7·™?H®âüxUWH 9F]8D¸"0¾îÞ¼gÊ; H3'ñä4Ñ\yâ­=øÙ&#YŠîZÐÆͱ҉Õ]"D/þ‡y(a5QÂøÈÕ9¾»^¿õ¾ \q0Η9fuqÖ£öÍ|&lsqauo;Ôd¥>DSŸ )j¸Ì®îÍt ¡\/œú+±Ây™gJ;ú-v?Ó¢õ}Wk…ûŸ­YïJ[¸+@ŒbHwAš ŠNó[ß«RÑ6± ;ÛÏþ"pdR@vrAX2ÿJÞ¿7¿æ^rIEOOƒ� tÜhÁ= ãÿSÇõÐr8RWíU¥qýåTë§yÂÄQ>`KšÊ^¾«ÅÖ'å`O`6ñ†�6&lsqauo;‰l&§ºâð×î—gÏ%g†kFSÉÊZš(5Þ·ìlÙ¸¤%ÒÛ—Åàºç8 v
o_—Ç®�¸Åííßs(UÐÞ&lsqauo;â2Ô}ysc_+âOèÍ5Õ¬CF#ÜzÙ‰ ÿLÎÈ2f±‡h\ÝðL%xQö?ûE¸» �¢4>ܯ"<ÁPWâÇ!–›×9cKُgS·ð€dUeJ2žŽqQ6D*jèIvÜ ¶K­ÇÛÄØv²==Ú(üË‚ñœSpÌ_@'ú' ZӸ͌¿{m=j F°Dðòxæ°»'ÀÚÇô¢ûs&\îO|à UðÐ$Çpá‡Ë7˜Êor 6ÜÿIÝç…Ë¿¤[ÜUúç5]œÞ•^QYv`&lsqauo;]¯7¸l=°gnõDÈÿ¼á�îm+Äd¹>G›WBŒR '‚|"7P¦J¤T®iÿ£‚àÝm'ŽòoÅ3Í¥ånöã»L®(6$ŒœþtÂ"UQï£å[UbÅ="HèÕmŠ×kÈ•RˆX'*xx%þCˆ¸ŽÚÄÎ6/E.Åñž5áP›ïÙ Ž¯Æ,ÍÁ+dIÔqe²òɝe'Ö*q­VÖ8">÷ øMò&ÿóų"Jn4» |ã[
²Â2zìù †…¨'œ\�•ñ¸°2;ècÐŒºñ_ûN€>~yeÙ�_!ÐìÞÂÉÊv¢;%ÉaJ®/êlÊ?!¦|#h_eB°ÍšŠ»ÐõÎæF@»$ÑdýÊÊT¹>Æ`°Y.9žIá³%ò…çÿ7Kåaº.YH¸y'9kº°ØÀ!óѤ"Ž¯L4Ê&#àîˆ&lsqauo;x<`³µd9íLòÇš°;Mõd3¤)Vouáü¡ÐÅÚ= wz݃óÊŒ-"àÒ»Â(üwÍ› q¹JSx=׺×9Y…bE‚…?ƒ9µ:éÊ'ù¼cZg‰n ü)\ÅŒ3+±S#ˆÝßòã#ÏßC°/ç.°›BéüP"áù'ÜÆ°•¶I�ÿ ¹»cÑVܶEŸbkgµU+—Õ¶ÆìæEkáùo/–ïóErÎÑŽ;CøAšéM—ÅK6gš'Ÿ›Ì"BU¶€>í m|)ÙB%Ò=c@97J•Ë¤ÅIâ+'äôz|? Çy(Oe;8Nwy­˜Ò7rF+¬ªÓ+-ÊæÜ]å€'}Âë ÈþžèEÔÚñÂjºêüáO?š+ö0K•ÎÚ…—åçèl,ÂHœ¶ú¹ã)§j¬Xèv1@\%Š9òàLûÜx³foŽ|þ2Ú6Z2'"$}|"á{º–iïR)B_2g³<§W)Ì8íƽªžkëŽóË0$ð¡bˆ<ô]¦uÉ(Àù'Ã]ÕÄÖÑO\šàgWÈÞ\Ú,RJºËª±‰ãófuLŸ\z ­'>ÅªÛn"¯L'RrUØ¢³tzd H'´±äòÈ&lsqauo;†Nã6Ô6+ÿºÑ6O'KP"«ÇG¯(g—d}ZØFñ ìíÂåÀÁ ,UG&lsqauo;·P®}…ˆ`-t*Ðò€^"?R*ª6AqÀÕ»2Ò!¯ØÆýÿ"Qæ|¸×$l ì´º¼Þ
Îùí0J¾o+A`öcCPì¡-^Ò·ç×b¦ðþ5U0£ƒ¦Ö¸'&lsqauo;ï"Ÿ7ð±9åÂ{Û'�À²{)õFˆD¨:b¦åÙ›ñ'‚ÒÌð¼a¼Q9—=sË1)¥ù«9£³Å´òã›_ÓÄu³V!§§[ÑšÏÏS2X[6Ù Áâ;_YÔ-vv-ì°Åbè„äÈå+‰©il¾¶Æ>öl@13rˆ©ˆ5â¹–i8sÞ[þˆ-˜§/ãmj´cŽaJÕ/9@˜D€¤K´é
�ô£æÉò¦d}ô‚a—ï§ïC¶ÅdŽ×ÚÌ•«.îoúYk×LòEl›ó>Å#ÕrTùK üÎÊ E)ÏXQžb®KUí7zŠWjOê7Œ³Z°#ÒóxxêÂBn.ä¹´ÅāK¬­>Å0ºViïè{) |/¼ëmD©Z¸Sø®€Z'Œìe{m-žòµÙ<æò˼µSï|þ¥ÀÆÌ°W/_È£{¸YÆDžÈè§ðF"Ù@ Ü4'¬ »í󧄲ñÔÔ&lsqauo;ùœ3ÈÙ·0E‰lºb·ø wkÆ´+¬r·~«KÉ÷ö"~Ê;"µŠL ã'ڜŬ!ÃEE=6Ìó¬(Ïҏ >Fñ§©,Hmû`dŸêåAú™6ƦcéÕ¤­¢|þ½;ƒ¥W0W-•›\K\2iö+*&lsqauo;½¡ßXâkW5<0ûJ…Lô$©
8\MMkzpɏFåj¤'¼QèA%LàfÞàKì={Õ¾ U¿àÝÚh<àŐ—hp÷¹ðV†ü®ä®WÏÊwëBqµ¿†|º‡zÍW'íhk©i¤fÄþbZè]Ôc™Ì¨÷ï1{zа×dó†#ð+Ùù*½ï6à|EøÅKΰº€+M¾è–ÄdÌý~6ý µIbã¢Ò#&lsqauo;zLì(ÁÆÃHãqê)ô¼®ŒÛ襞Ç3ó7ûâÍWÃ~¨çµÀlÇê1Èó±Õªá./Í€ÓÑR'2• ½mö5& ¨­¿3ŸÓ ¶'C«—, w@Yßq¾ QVHìÊÙl ï^Û—Iö†Ná Ù€ŠùÙÔ„\^¯Ûä#ö'ÍëFËíüN2÷âóvpƒ¸Œº©±SË[üµÞ+›®ÌJKBÇÙæðÎщ†"XZXÚ9Hvžpº´–¸bÄë¿
‰vkÐ(Š¾;¬Lq•_ ad±ÿ¿=ó½ÍQ²tƱ¾W®°¤ádm~Xl›à2¹ŒÆ0ÙÁmù:‰K€)²Pÿ¿`¾¯ºd^{ô
ÄÔd*ÉW½l·¶"G¼Žì&lsqauo; žé !Ò?Ïîƒ
ÁUD<-¤�þ
¹Kû¦F>ϰōtA®¢›3Ý"7¼_ÿˆš™°îØGÐO—r ‡g¹¾Rr6ûÀ <&"·˜Ù–6¦«Ã®õÕ¸î½*)éíÎ Ü3¹ `aŸ¡-·ºr½»{8ԁu$Ìšlmˆ9&lsqauo;ág¼Â"/%*e'YÌŠ?VZ'@ÅAÏjÝ@hQHH÷Áoóâ{̺ Šûø«rDFBÈ=O}ÿü€±˜còô´Û¸ÂäDøšF\¶ùNµ‰¾Å(QrTg:šˆ Q!÷píuªëòûß%Q~E2TÈžú ökÑTEBÄÛ'* lÎ=šºl# ºçYþL!0y¡$
mäY„&Ò®°Ðû  |Y²Ù7^(Ójlù„…OhŽ&ù¥è ºæ4^¿HÌM¯dҐS6: @ˆÈ¬aæÝxéŒâÄsd¾Ò-9ñ2ñí}¹œ³Nœï~$*띠µ¬µíX÷ ¡Pÿñ 9£b4µ»‰«ïA.Ä'—à'CøÄ•´k8ÿŽW¨ãJõ÷#Ìz'ŒÏõIÄ[M1¹ v¨ÔŠ­?lÙ35*eCCšË¤/` WÜ#iZäÓ.—¬^%"ëM¡#X`vÞñ°ÄCËçA¼û¤�²6�,5nÌÝqí‡QøŸû»2bc|›uSЃ Ûâœë¸ù¹1å™&lsqauo;®´ÊaÚã`¤SÀ&œjYw ÅËšŠ]z›Kwà£/ŸHQ¼V`óOøC­…—'pL¢¦ƒèøäĶ¬cÂ"-q±ñìaðt''ÆY"Um™åü _ùùRn[àç"ž¨u—¸"`À<´OÜ9æš2x'm
Ä\Ÿ Âú@ e¶R‰Õ\H÷ù(Û~UŸÖ[–¦®ž6
ŸÀ/]P²ªá‰,Ïd5± $–,ZµN¡Y°ŠT¹OoQAÂYaG‚Ž²¸3‰ž*&-t܈D%¤ •E\¥-4(8ßMøG\_\ä"¸þU2uÿVÉqEÄ{I½'ÓÆä—™1b C¥j[u\Û
ˆ$äªvÅBO¦~&lsqauo;:žƒÈpkÅÜ¥¯� ,6bNt50ÒÀüw+ËyKúݦº¦÷Ì,%ª²Na¤7¬¡¿‚ù½÷)> =y¬SÒ„"â˜!V»4ÌøºH³ÿ‰¹Eíïeœ~—+¼¼d…*,ib]0©ƒ±tN^ÙêsVxoeT{ùÔ\ÖO§±•¬416¼®At"¬üy\5&lsqauo;õ.J!TŒÍqÚµµêÊàÈÓå¦=j\VŽCÏb¼Aï¹¥©JÇh@ÕŒ«æ.ÛÞø¢`]o•©ž½LèžÖª‡QjÑÁE!c„¨ÿ/" HÁ;JŒûûÌ&ˆ¹'ÌÌ9Øãè©öÎu¯Œ'u<™·‡�&lsqauo;]|ûKwae­¨zBŒÞM^;¥u¨0jî_È�9f"záw$‡&Å{8
Ç^½™Ø?á0«@m¨m¨4 öüÝYXú²Ûò¨Ž1LÁ¤„0‚TÊü ¢Ò® ÿ¯½~:ý]¡÷'Àô˜ÕÝÖFᐻ]ßŽÜ ÿÒú÷RrîíRãô³òù(þ„R壧±"|‡ðz / ©:U–A×êÚ´éÁ éc'%Õ¨M†MÚëã–óö+a´IOËbÃp†îË¡ùoN¨ ãµô¦6ºrÆK³ß(}VϾ5/"ß¾FwN„Ç$ÊÜ‚åØê­­üƒcÕìCs³ù
ËÇ*t é½Eì9 )N [EïƒÚ¤"õ|·ËCHg¤­Ð8ìâs£ñ…S¹';t©¸|Éé3/Û-Ñq¹Ó £.¹ºòÇ|‡I¶
Lžäˆ9¦mú^3°–þí`SÓh4`Ó°^Þ§ûy—‰N×FïŸ~·ÃŒÁ<ö…Ó^tÔÂ"«uB@·ðh#vVsˆGrã´m(,¤Ïà·ÔøkÜP²ð€Öå0ïÌa|þöße‚-q Åì'iÊ{[Ž¹¿•³°´l5ª" "i±b;ËfŸ9ˆFÑT D¨'ooÎeÙã£A¹…FzŠÑQZ'ïïD'6ªoi¤òLôñD &lsqauo;¥ýü]²ûÜÔåˆ;L xmY«C}£`vBÖþ*ªÂ¢€$ÒÎzô‚wÙ!Æ6÷Óí·}Ç»Š÷#A^z·¿]­Ì~´E(ˆE»#K�© #1 ƒˆæCªƒ…D7Ü¡fGáå¼Ã€;«NAÛǤãP:ß«Á ú˜Ȑ¥|AîŽÅ
¢ ´ÛÕ/ÿ™ˆâ©BàAçy"Ðè¹ãnöòùÙàú{Ñ-<­®º¦Ò\Q¨@þŸqíµ*v¶¡-"¿,gã¯?t{Á]m#מ¢q¹ð­91¸''ëÁ¢Âűp*Nv&ˆô$¹…þhÍB\ô,F¹¯°f®Â1Æ]¾k°©8ü¿d<d&lsqauo;`Ê­I™ \!2"Àämԁ×U¢`ú¶àéÌÜ'zÃeÑúV^ý=}fÖí«e†JkѐÒS bð§%cŠJoä4'§—]&³á~„voœt.ŽO\Ç&lsqauo;Æ[òÊ͉nh%že²�|Øêg3¨¶÷¿´´A(ÁØiö±g¼ã^ãkGt›À‡šý»ÇFú†Õ{ßÎ9ê¸wPrîÀ ä-—œ+a÷†'dὬ£ Š ØÓLHë&lsqauo;†UBW6k>bRHqÔÿ€&lsqauo;vq}^–½:*®"€ó²±º{É͍ëØ£­u{àצƒòÔçà·"+z+‡ëWDZPŽ5…Çy'"Œ¾k3´¼¬"ê«ýfá®õðÅãr—"AèÕZA(×\ ƒŸz°WQΆŒ&!+Â0Ø~û÷4¸V{»K¨¿™èxº¼þ¡6W*l༠ìûŽWðÝØìÕB²í1$Ëôö GAÙ+XE;ÝT
žà˜¤³)_ë.%hE›0~îêbþ'Gš!wÇÊa4'u÷žÊ(1ëÙ³g‰¢¢ýÑJ}‡ä3›Çô,ÿm@Ì‚7—p4õ•-ÚFÁ1ò¸ÎBå­œ¯ë%ßÄ™>2½»é'Õ(@è!Ò|„‡ƒÈç$§ñsLë8ؼÿ溜ҸÕYu휮<i­Ük4Þ»yžÌિò2¼l»ú—Ó3^F'ãcšp]©<̺B*'þáÌu¥Šæš)6ÔEPz)J`îï»R~ Ï˜'dº€Í®¶ �œ¸1ò,
íÿ9-D¾ÀClqOõ²oÍS¤:ÊŸw5Å]&kšGupyiúÈMž ŽB²Z9Ø?>lˆˆ÷«ÇmÃá)1øÿŽù
K81òˆ›)^Ÿ¦ "v^­œ}CþnAÆ|øÆøxJ†ºcóꬹ…³Ï·òíOÐ'è~NKëŠÅ¿ÙC§Ã&ohºF·Ï=³ð©nbI1'ñòqWGUñ
i EöžåíŽ�è"b0qz8-ÃhÞÌ«ßSƒ({±VìŽ|g³‰¬«YG ^ÈòÖQczMÅ&e×¼Ýþîã›,ÉÁã+yvÔÅ®…ó³Û¼ç¦jOf—¬ìÀ†(ÌR4Ië¡L%è$ù_P&p,_ÏpÝï»I ñ›÷>'/ jr h …I0ÿûWh> šÑ©žïØý•"HÕövó3!™ò± ǵƒn©,@ó®ñ¬µ™t´~al‚åòå£óÓ•w—+. M
<õñê¢ cÙf`³Ð#æ —…õ&4Pœƒo[Šâ›c4F·å½¯¶ÎHFßyOâOoæR¼º]—}VFèyÄ6YKª+¿ñ§(…gWò'€#w{µwnÜšŒ±e½}Rræ  ÙùJÁ÷ÄbÐ)`ÝËRztj:ù—"'èåLBó¿ÊoY tòk£"&lsqauo;ºbè¨QÌž\·½r;o+ y8oh-­¡A¼wª
û�-ŽÓÇÔå¯)K‚J—mL×H§Ñ×C?)–qo¢*ΏA¤Q–š˜ƒü
[Ñ ˆ âÕ…éRkT!åÃ7¢]z7±ý†§HߏfÖÓ¾Ó¿Ý'Û-/?ÀѪAòVÌ¥r
xKp£OöeµúŠ¼ˆª·pþ&lsqauo;Y‰N®§ª·ð:ßÆ<vÿïúYŒ‰}0qO»¢XÔåkìž+ó²«Í¯:¥Øh·m8ÿ* „3Þ™Ž0µ ¸¤X_#%yK¯àR!ZÇ 5…ópe5äQ6#iö¼Œ¼%-ÿ Ã8Ä;µâ{cŒ9,vª4€ÇO'Näƒ`-�Nß>[€÷¹ïéZãÊš'á»êºx%á­hkÁ
Pq¥«·ñÇiª³]÷öM¡:|ïÔÞ§ìêÕá•"náåC]QÞUÄ/*
�v,ÔXäëmII¤x²'íøüJ>gêöWªCz»½Þ0o<è™Vªãš»i¶„Gœt §Ër€�žå÷�Ú\¼Õ7ñät~‚Î*-÷¬pÊêcæ9¡¼+sÞøöK²bÓ[©%ãh°ƒµDü¿_Â-•Œ4Iäªû§ÿîÇN¬;óv§²Ýê'ÝeCòøÓ—Ýšœúl]ùûͱ¦ƒ#J&
ë§úS{º?o*ƒ*#­ÐþêÏ2AY¸^/…ã,¡åZ†ãh]Òa°‡;Ž'íÕ;]ÖærÏ!×¢ˆO€=Þ{›·„"Ú¥E7\ÔD.ÐÙƒÃI –>ãV&A¡q"ª³Ú*´rdšFy®¹„îJÝ%õ½‰ oIóúð߁Ðæ8"_'jz–ѐkÖrþ]'&n !¿Lt¾v(§t.Âߤ= ý^ß<e Oo÷A)\â•C>Â"¹FûÊìf†$lO?ð\ OZ‚5XÈî{^EiÙÑÒžý˜çÌžH?JÝ"ðü¯é(8§·m?£&lsqauo;ÜŒbºÝ®c¯Û—Ã:Õ2dù5oöƒnœKpiÓé%½-È̳ԍ@¶ü4à°¼å½y°Lª:ªÛÛöüfe^û*Ò]€üF@´ÞiŠ
ÞJN-øÒQV%Z€
§'b#p?B1gÐnU1S\ùJBrÒ×.ŸÊ ã—øÕ¡C}'Åf¾b"ó·yy836'j¨u¤ÉýÀؘ©$Ù+"óߟ ÁZŽ#I|ÂÝ!—)p+¬{W¸J/Þ'æ–ó·±jçZ+ê–îŒteþ'žyΛF3s®2›ž‡¸"jý n×7‰ãõ3&ùý!ƒ+tå]Ï#g¸ÓéT}€Á–˜Ý;#o>§[óO–j¿Ø¼ôˆ»ë1±²«ÇïìPn8ç&lsqauo;&tõ•áùS|Š'é«Mœpaf¨íïH%ÄÄ—Æœ¿èfüùŒ­D ªLc;—È°Mò§X#® dbtŸÌÝ;D·‡ê‚öð¡zšùýr)S7'"¥åGœÑŠå<½ðï´|Aá]¿¯W~j'ºežÞÁ²ŽÏüYá彿 zG,š4¹žß¢fðÎmw"YÐ;äù=H[0jL¦míÐ óØPqÚ|Œ: døK–2z½pAãit›'îWeˆ{èÇ%K#àuMê—áW Aóèçˆa¸x85¯2¿TGÏð^‰áàX„peº9lTw&€h#&‡öD '¨4±¿}ÐíZ©<üêcndN {ã‚®™«!i?ׂPN!®õŸ|I_@~ij.ð*zŒECºÍ!,-˜í§)ÊŠ%²½ƒ|{ÜÜ­LûEcJñ²*Ý؉Á:ÉÌ¿êúû²Ž‚nˆèÀ×Ë•²ÖY9�ò"¸Á¸ÅG¢MÐÞÐÜ`ÙÓ{I´~íà¦-=¡&A·Ec¦ƒÔD2ñìúm+oa>e" Xµ¨Ç†põRѼ%=–€äÊ9Ô]œ0ÑèFÌù&lsqauo;!– ø}ñ¨¿ÌS侫0th*è1›÷œól2ÉpêVA%Ó¤«)Øîãûìú+ ™¹]MfçJ{+òæÆ´ Dõ£fá|²  ‡-ÎjD8õ%8Û"lBúžc@öš©ýÝq¼v&lsqauo;ìD„B\IÚïò‰ýšãXç'>'µy¢Ó7 ­‰
cX qŠö3,ØÚwT …J#‚rÍjþb rq[aG
-.ÿq.ƒcf@9Ž4"|—9W97£D /¥ g²â)Š><Îtψ{Úeˆ™™ŸÎ©h´@z¥-¢Š-ސ×ðºú1Xƒ„ìaé'ê),'òtqVn'áTôLüvžótñz×Ûrn¬Å ý�lϤȎ£‚î–å-]³ûáym»Mu·T°ͼÉe…<c3£*‰Ìʥư'¤UÊñ[ËÁ6A0ÿÿŒ°Äf·É"(ýJ«D‚ÈÿØŽØ]yç¾_�rxp'†tCò§˜€]N}¦K¯¬¬(—Øof˜ ÔÜe+‚Vâ¡C/J¹ huÆ •"²Œ]{}–î€.ÚPCdœ�õ…½;„`çV>EPœûÌ´gÞX~¢Ú…šY 𠽸Ž)OãHe~°Å¬HlDÑ¢ ÏžBr9‚¡HªF•xïã^õÉ…<­êÍÎÏS¹1«ÐeY¤ýyÀ׿ŸE¦HñXÑ Œƒ33ŸàLÛ``6f..-Ós§Œùh²ÄæÿѲ'õ¨—¦Ód¨1D³kf`»N�rí¿
֝W\¼#uÝðOsäUmQCRR]Îß̦¾_ ^
£ëõŒ¦®êvÌ[€¾+.ü.ç²æÜ\&lsqauo;øš9x©ù29~o¾ÙäR-C‡¹ŠCSý¶!6É9ót²®Þœ˜%PùŒ›Ž´¼¦1¯@Cwçùv³_w'ÞX6R^ãèç9~0¶UøòF¢ð Åýѳ¨ô>dn¦ÜróFµ]éÏÄW'ZëèÄû]aÆÂ%ý…^Wüç]ß.Ñ $Ld<2nÚé#•`išk²'Ñj„¿ŸÖ2ýàªv¬ê�þs±bÍNhè²ý†LJ.t×fÙÃ>!„g ×¾Ð5øquøœ­àˆ¸ríD�`÷fí–F[tšN"è ,ÐUÊÛ7ÃŒØ}"÷âM`ÛšWøUàPy
†!¢²©IÎÔ¹ƒ>Ú_£QŽŸµ=QY ȱYŒÿÜ+a òÚ$8áñí£im†E…Q\
ENºï!ÁY#ãÆ~^wïºe]÷Ç}ç''ªŽKß*;#rP󚺌ɩI/xø¬—*;ï3½8'Ba2&lsqauo;ùÛMŸ(Ž°$`b‡jwÚº›ÍóPܸ' >þâ]Ö"_»< á{ûv`—;zÅl‚•G2ÇÄHõúSU~8" föúít_Œ"X—wˆ …7x<ïùìvö—ÁÝHEÉiî"¶Ô!]r/+ì|ÎŒtö-Ð*Ûž¹üvN¨ö¼OýH–¬Qò³³0YÐ:Ž$îÖ±GÙº³¶Ýëý?€(\m›ßájg§‡ žu>âå®·U"²eÇ™þÑËÑãÁôr­¢ÿ³îlø¾ù'×É­4 P©æW Fø4ú'9ãnÇxcËºÏE8¿Hµ¯¥5˜V*o£q(_Ä"Lô5dFh§Wgö ãŠh†Ê=êjJ_Ba¢7QJ'_¿¿Fb#J¨¤wU‚„'ªŒ¤b²$x"b|Ùã=5æ_)EÔD~?•ˆ®Ë_µ<n:ã÷Ê[š²FÓ„¯(~±ãQ}«(¦ ÜöBj!)žk¿RT³ÐFˆBBáæ'ˆçÕþ{ô²ÿÃð›ÒDìýK[Ò‡NðâÛÛ/´5Öà À¸a‡} ä×Ü0}IqÁg§µGÖ?ßùÆðK7¤Íƒ\ë#H¾É8 î ü K± Ý|1"%c2uŽ • ¼q÷ôKþçŠ×U:tEI ÓÐSÅÅ€vQPG§šbpf~3ɘø–À¦@j¥'±8¼£ÀÝÓ'4ùÏ)¶;§ÛD @ ôÝM‰"4ž%/%:E´�ʝcì:{BzÂ:
ÛÔ
õ]WËt®Ùž™ BÔ!QF¯Å•É¾dšTnüzèfu¬#09¤‡Þù� |PœÊÜÅÍA�¶´;58@FÖ³|
yÄͽê"Ëj7ìmœ [û 8æ2ÃÄHz8ùfüÙP«)*7÷çöŽ›lÎW)Añ,0^ÕÄBl=Ûˆ´ì-Ic˜cŽ‚mÃxu,¡#¸ìÝ[Í yÍ?lŠw«Îy&lsqauo;`OV«×PÛ­ô2Í'ÄÍGm@é'€åUƒ'Bщj¸r¨(¢‰¹œß­É;ê#†HcÊŽ¸R½i´'ô×\­(,ÖQÊ,^l×äyäð^ÉåfšáSú6Ôk"€Þ âÖuæoGdÛ•äØÔ2Úb¤1_äI_JpdÕ4bòŒ0KÌpÓQbÎj<±e7ÉÝýy*·ÖÖòÒYÖZ=Ï ÿQ©¹RªR]JÃËg™ös÷Jÿù4Ÿ9êâ‡S….ü&lsqauo;øªÇ¸†µbVÚ́tÒCökÅgóxH¿1 ¹¡Ûöyú䯕¤Éx$
}hD]¡;Y<ç¶Ú̘ký:QN††"a¶ªëÄNn{"¼À£2FfÉ>–Mkó9-·£CÑõs©CD³ì Þe&lsqauo;Ãò¤"&üu`±›Òmj¶pØèÞl¡¥¹|²uãA]àÀ´ÁIÍ(V"Ÿ>æhdÙÎô=°1hŸ!EòøÐKˆ~õ+¸¤Ñp—V#§TÞçôÕÜÚü€4‰0Î;[RÞç*ƒÎ£¼õ9ÿn^ÿÎÍFsô©w�~Ø¡bÈb¶Ç«_–ØýÅ?º*ä ÊÿEWE·Ñ¿½8ÃúÄ|0((Mò®TqNÍN€ ‰Â·tŒf›vßÎ}Y#ÊrË!Å@-Ω䚺'}qûV™çýzëZ…%5ø¾]eºz{‡5»æ7Qv$Ľ6Yàý @ƒ¿Mû]š]â'ùf{V°-2IªŒlM¨7Ãе„š)»T,¤I¶±pnPÐXÊ?Pø¬ÁÀݱ»fë o±Ú¤g ©âv¿Cí Iÿ¸Y82XX*$ñÈóÕªÖ2Q!ü€AsçBÞe¢I0][*ÚMd »ü_7V Ö„× ò˜wiZ1fHgÊÉQ4ÌIf ïQÄ™lÙ*Ø´‚S'ôò&lsqauo;›mœ™~3ŒÈ˜]BÿI›€îĘTún¯œé„|sÎf3›Âiôw ¯Ò9Ö³Ká„ÂÔ†^ô*Y)˜Ôl>@—t8M£ê<t>žZF\.ðÝjzíüuq9ÊPpºX¼c6osL Ýx:¥ _€s¶µ �DÌýó„xño«sBA!ªÀq*æÂQJÎAdU®õÚP‰p/Óƒ³¡"."5eÿýJ$é…ˆçèÌ^ˆY¼Üó¬ªñ%žîöOs¹­XS†Õ™Xì—L>ìêÖ2ñVŸÌסK1°§˜\Ù\TTBÂ:ÊÆïcf0 Ö潞 ÓœÉÅSºè c¾Yf¿ea/gL-þs|`@^x¬³å;5öOÐ6ƒÒaKBîÖŒã£1Dë7à¢óÂZjT°ENÝc±.i>BS"ÆV×F³œûIè2"¦>üÕ¢H´<biB½ÍÞ·°Q3 ®„ƒ;yòÂWØ؆´úD   ]¤QAzÍ9[&lsqauo;VB L–DôO[šd&MㆠHAÐ^¦$À©±tkÃgDäÆ Ò?,0ÄEÌ¿ÞžRðShS¡øIç`{22W%loÆôñ̝# ,U¹£ƒôþÃ&º+QKe KÍŽ:üC6ìùÖÑ;nTOßõRÂþcéMS&lsqauo;JÔV^A ^^©?ÿr3÷Ø›¨Û…éqSNY¸ 3S
Bì`
Ü]·™Á*3ˆ= ÎP…SO#¹Óm"NÈ&lsqauo;Thœ¾æ»e;´ÉáEð×÷D{ÀÔ§×'},Õ†å;Ç<ª §¬ò´\äÅB/6¾Mú•ç^$ysSHݽ1ÿÁ˜¼Åµšˆ{ W¿×Õäȁðçäô 1¤½ÍkgkEÖ0ë<xÚv.U¶ncA ÀGà"§ü„ž|5O&lsqauo;+wìhôÛûÀÁ²
»ñÝE|#V²«ñкו¸<[[í°ÔÜê¨æûçŒvAQÓ ›,P™ˆíçaü'Ù!–Ãñ¼•ß'»[PÕm�ŠÈ…ýAÓ›9åcÜ?°oÀÇÙÿ칿µ
T@}£X¢û®¤Ô<¾],^ Òs<§"OO~!<Ú+œ8_.,ü·_à xa~ªc7ÔØeB!¯™WϪžƒC÷ÕÃg`átÈ\k¨ªw–Rf",MèäÙÚf©|×õ_=ú^Â寇Ë8ŒpØ»óuº"‰è¨€Àm=AkA•\~QHML¹u…Ãú¬ H›'Å!'¸S°UnÍ^§ ï¹âœ7ôÓRû Á˜õÃ"9¬GÒTÂÛXÛ[q[ª1h,öü&68�琴
CRì`H¯ïŠËóöX1líÏ^ä‚,Ó¬4° X#¹qxø •ÛrkY`Š0nÌj•RÔ¡79Ö¢ÀÓU0öòý¤Ãö"q0ŸÝ©SC ¦Ï rÜ'
¶}ùç¤ê×?Äeæ˜x'W„6á„ðÈrá &?Í rˆ¶ª%6'‰R{°B¿5~"'©„¼mȝޝ;In…¨'}Ad<$Þ]²ò'Y(Þ Ž$Yˆß·IV›=ͪdéÞ>èãÑ¡æØËþ6OTzÖ$|qÝÝ'S#ÎÎFdÃò–õÞ…=MÑ5Ϻ?ªh¹ÿç`ó+G¡HʇñD…ïë{ãæþÀSÐ.ÚI©O¼CB}MÌã�_ [¢ÈDæ‰i°)3â®Ìþ"´ì¡fyêÑñ¸ Ÿ¬U±R¾˜ªó&©x‚xVý^ï•Ê¯pûÌd•»Áe}.©k¡Æø_&MGÓÝkìÎ@„*÷a²ïý„#ud
ø©²ò5®t!ªN‚å.2(ÅNŒ0 Êf9¯ôécê~ぇ>:U ÉfôX›ß
Ð7?C!¯?TÉläf ýÎHræ0)E%÷ÔpR°ÚÅ"*Ue3ʾcšµ_§ôœÒT–¦|GæXv_Ÿ _œÇ#»Ê`áxáûä»Åë2bl˜-Áò¨§UîÊD†4ž!'qü½"¹ùã;)Ø¡W•E&lsqauo;s\[:1oÛ{Eç‚ÂäWÊ
I·¯ú˜Ä‰µàÜÕ\wIׁBeš‡Ç#›#ÞaÂŽeÁ¥¦"–û#±l /½öx¿œyøÃÁôc5ü"-úÈW>*õ÷õzÙð#B®.Ú»M×¾ïnΕ&ŸV£ ÓèkÂu¼§+Cú³ß«çÜ¢ ÿ?ÖËW»_—9^Ñ㏮ Þ­Òosó
+k¢rCEÑ 3Éð¬®ùŽÛräB×ïˆ >» j6ÚtxÆ<8.y;?˜»1:jã0RÔTÜ..8P¦Ÿ¢+0(ûHêÇê)!«3ß·«>¦˜z.7Ç  ³Pð0
ºŽæK`Û·ÁÃÇ82Ëñb'Ù"ÐèjEaoŒJ37E¢tFMÒb-—³S~ׇì¹IU…Î3µÑ8ÊŽzÖH"iqCÄ yào׆?ØÝ0/û.:" 'ôµª[7îÇûmؤu£—ˆrwë«ßì è/|œxQÉ�Qî&lsqauo;k‡¿óÑ,_²eO&lsqauo;4 ì I«íˆ˜Zû÷_È ~2ø‚-xŸ{ȨÙ‡€<™³wú)¦2M @¬cѳR/ꈦ÷w™ÍÓòëÚó|¬œ¼Ž0Ú)Å7mª}™ÌÛ-"S°c{…¬Õÿ Ú8XŸëé¦-I¯­è®j¿eBÌtË9¢•É'Q™AN%¿ò×ØÁ}}eŒÝ„çɾø0édôL–¶µ# ®Û]ðòcn)ý5†B3=zP¥¾LI ŸåÇvÌä•2\
j|:çyf]QKat&f#õǃªæ&@u,žé–FÓ+ù…ë)m&lsqauo;Óͱð˜*² z&4à -,_ÇåB%Œ—ˆ™þTãðÉðÉmêNðê�ó14±:µ¢€Óe)ì¢Y™aG¹o°
'Ë>Z㪍N@@åkþàÍÃMsPÞ+å{äž¡";²õàDÃkA¨ÜùbÛ¢h«¯Î¹ ÈæþÑbMæÅG�|ՐÉZ·i¬o½"ËýøKç
cŠ'šØ­.פoàKáÐn<õ'¦,*/ã–»ãÒûºÜkX±IÞ!˜©0±ÿLxiwÔ®ý²äŸK©Ö˜2D±ñÂ=ÎÅ¡Fu>y þv¤ÂŒ´{#Ï ›$›Ò§èg³÷'ÿþ$üŸ…o"žÁo¹_$Óöôñé±P9ê\@DEqÑYýî0£`?~ Ø|s†8§D•›ÊÙìšÍ qÓ›þ˜¶[Ò±&lsqauo;T ³Í±2ùi•ëwÀù,S[(b9Yozã|ûªZŽ„½ò½: D&ãÅ¿Ý9­Á†A¥ÞMÛÓâL»nž£5¤T¨ç ž†ÆMí//nÓ>e~k؁ܩIꁐ[½ i‰ ˜J.Á™dC{Rø,QÄŸãÒ´{îfÏçøwMj—/_´3û ½]?†K nÞ¾ôÝiB[œ"z*°h7 )‚|ã\3uÇ Þ-ã'rZ¡Å%Y%€ ÈÓåN-‚´‚ jÙØä™"©ÉœFMÝyB—Ã?¥ý£(š¶ûÖé…H övÒ&F;P‚àFaí¦úËG³øÕ-ÇÂk 'kžùåu•†ÞØŠÖ‡l:½—ãàpÓ³R' ö±¬"µsìß‚ÿþ (ß֐9±/•FrÑŽuzh�Ia¢†K¸áÆ$4"© Èo(±îñ@¿½?ãè©.ƒ ÿž$%Xt­—Ïi~ °ÿ&lsqauo; ô›* löPÅdßkÌQyéñ>i´%) Ã2*F,‡gó¢ÞÐ^ÚÖ潏qœd}ÕJÜœw@Þ›&vÂœÁß—7¾ç—†¶(¨c}†.¹ÞÈ›AI 0
„-8y¬R$©Ç"ÀòÇÔò V/"`\éù5m{ýÚâyW„PÇ€ÌOnz1Ìž�ì['ûuYÐÉ%*±ƒÜ–i0~¿å Üs(�š³úQ‰ þáF©¹Y\G?ò'F÷Ðh§ýHØPž\�'Æh/{‰-uaࣉwÝd¢{Œ–ÿ"€…û5ºX�M[ÃKƒš?0ùÔ&ÚQùѬzþ ÷@/'à\{§á¼]ÀË)áDÈã®Io¢/âƒþ1%Òƒ_5Ë â1Ét°ß]S®FýCBe4%‡æVNf›]"#¦]¥k -N+'Å)êyÎ/üûîÝ4‚ÿýêÉA{Ñ
BL}kÁ!¸8øp¥Ùv¤¶C ½5ü±Ô1…ý‰Í�y'ãäۍÄá¹@#òçóå¥,ÂÛP*ƒØñ˜^ÂX%8×"'ôL<ùyK¾ä ï‚bÌ÷L¶¡õio6²)44¾³ù<uÎo¾sWvb„¡„ ×T¯}I%vä—)ÍYŸÉ¢ì¯¨",ú.þ†7›ÄÅ&lsqauo;ï]V Êb"0–ýåžûZ‚ÊÑ­ jlŠVr€{\¦><©SC×½»$`ÐðÿüëžÝßÍÿ."G å EnmÎüµ1ùØN¾¿mê_ÿ)6Ç÷‡3 Äû8{õ@¦XvÜÝ|‚cÏÙ÷®º»Óçúpù& °ï}UD^EY'íÁvþ"óÙý±Ã"3!CÌìf«hÉö"Ø£àÿ7±7ve¸tÈ…hw—«¯ŸmãË3vKm Çž¬—j3þ|ÄMÖ…»„¿; {Ç—'OôgpÖÖ¹Ö ôàÇê0Eçt²6,›¼ÂMiŸ ù‚‚©|áÎ)d‡4Q3aâ¿Þ•ßU]Ó$&lsqauo;­2€XQýz©­{<[­ôFËô¬ž3žÍK¢ec³âlÞ8½½C…K@$æÖOTŸ†Ú °mÑC¿¼_QçU4±4Y®N+ ÔS\'÷éµ·ïàÂ'š6m¦BÀo[g r[›î˜1…´Ò_TS^]z³'q"×(É''I( @l›ÿ5ÿd~Ak\ÁÆ¥
•/»'­"ñpˆûò¡JU©ÆÜ}À—˜=!BÊ'xª¾ý1UdÐÌÁ½Æa2ªyg*þ½§Ïm«ÚÖ¯±Ÿè•‰_,¸o'‡,]5k—íÖæ�5÷Ð<UÎ68ÿ¿4¨"ûô/Ù…$iî1–ɍŠ&kB3†„!
¾ ë<Š"¸ÆÏ|ñwܼõÎFÜÛ—}l$ÔÀ…çEŸ'†ß?, ®ç8ÖDµà™'€5Ésƒ±I֏'Þ§¬IOb÷ƒTÉ"jr­QŒO}¼Á#U1øVìžxfHh®1¶{IÔH(ú¨ŒÛt$fôÄ·"Ü° bD7>j-£¯„:ÍcIk;²»I3ñ¯z²áÉ'f´«ÎqÐÏ'çø)_•öy^®#äÎÆ?PáþmŸ÷usÀýòœ<íÀÀŠCþN껵gˆÕr …—ÏQŲ+I¤ a&¬HGhX¶ÅØy‰pÙë†îi›ˆã¨|LÞ6«éEëk¯Óe>9ÍÄÎîfý b5D`dnU¯#M'.Â&§¨.
M*uÅæ]ïЃ%?¹ɯ¹Žœzs–2äIÇ~BC–_ŠEŠ<µ§žP@~#9BW-ÚÝZ0ËD²[9ÂS¸áíò$ÿ¦‚MÃ#DØm9q§¶1¹hMKìtp-éÿ'E
Ò^µ&~¼}o²Æ¿% ñ£°qà°y7Æ÷Ó¦z¥³Ðàé‰þE2t«®¶X›¢-MÜP×Isÿ»'Û¬|@êÿæ ÿú{댤}ÅË€ÜÔ^]ƒàB)r'ár(vl-8ÀSÃQF¬³•Ñ¡þ×rX&lsqauo;#Zë±l¸¾:,îH¶<4éß~rËm—·ïe"X¸s¡Z噚Ð$Ô‰IQWã¡Á
ÿs®mYÖŠÕrÓq*{£ƒ-;žž` P&‡cÁ´€éæ+‚o¶¨‚Ù`Á©Hšög©zNj±¦bÐû?nõaˆ‡¿ÂP Æ4Få"·ÛB<2Ööx´ÒÏû؆í
èÌÈ0ßxB?Tñnå:æ9r'²:8 €ˆ5ب¤%&lsqauo;Ö>T©ù\köoâvNò±ñi–—ñ
—ì<
š 'Œµ§)ÍE¡+Z¼Œ#]["ì¿ó ñfÓež¸ SÔÐÖ8Ø/›"·D¼KŒ¬ûcë95~Ž8|-—]è²Ôw¸º,Ñ ʁg …½¯E¿·Ì}}‡x
)¥cÿ¬ø"'z;vÐ ªÚ}ÜŸÆ/v¨§'|Š¾Ì…ByÛÝÜ™þkˆëÌ(Á"zÄÁ`íY×eD8F¢Œo˜ŠŸB¨‰î®uc"³Ze¸²ÿ3SÍ…óµýÁH¤‰ì+X¥ÿÁéèe`É#Ïñéé'þ7 „bê9HꣵYÈŒžE/˜–¦ •û/%ÃóïÂþÛi…ÈSòe•L…'°ùÏÈ@°…††ã°&lsqauo;Ì?‰¡E„-Wr²aVvu¨Od"Î1œ€œÇû0›^Údx¤…¤?›0¨'5&ÞµâÌôí†ËBÕmÃK«™ÝÆØLBjóëYÿÞßp&¿–£ÇÇù¥û82'ªÜ=é<?ö^>0Üæ'[=†*€ŸÁýØcçH6Üm͘(Ö™|AGÀxœ"=lîßu0ä!
ÓIŽ´%Ëíµ#æK‰B"ÊŠQÔŸ]œ³Å/Á¿ÔãO^|~\L)É?†YcË)'$s›&lsqauo;¦ÂFÇ,'Rv^ŽÕÁ&P‡$olj®øÿë\‚UL?ç !ÿ k Z6ääŠSýôî�·äžß¬Ôã_†±Œ­çáãUx%+)qÅͱKZ¹9Y\:7ç‚ëô®ÌÙU3ĬŽK£©Çò4› Ö"RË�L^úëžÝJI¾Ä"·˜ nL_QöÖŒÌê'ÿÛr%k4Ïô`]àž<FŠ*VïDl9ú~5
'@´Éj†)T˜ƒ¨ñ¨›ÌèÐl6:3ÛÒL­¡Â´ñïh·Ð²bX]ƒô¥âИó ¨qmª!éW}x¥ô°Uk,ãÄdÐKgñW)9¦¿YŽ¸V /pM²¥dÌ~z-'ðSÈEzò¸eÍA\ØÁ^'üÔÐûž¦'IÕÞÿ¢¬›ÐK¯7ïƒ ¨…f2³ó¶CÒF轪«"_"Œ§'.íÀYpp"]!Ô £5&lsqauo;ïs控Œ''Þ‰8ÊaÏgd¥‚µá ŠWÐïj5MÌéûÑ ÔÊò 3œ \.ò´óJIՁ„ÔJB£âÌ^üa©Ò¢/÷ªºÐU
lghæc#qщ, »è[8J2=¸BÂa`hL¦¢/ªpvë_zj•·¶±Í†ü¼Ç=¤Ña¤´¿¦ÚNÊñÇ9E=ÔEEˆz £>Y�ŒUú6ÓÁ L0Ø"áýµîR󵙎5äëÊ'À§ZOpv…ÖñÇçj~Gc˜NW÷&ü2G82R‰òDÅ'"³.„Kc¿ð)¶~÷ÿ&lsqauo;Ô¡ßu‚hÄÃ]+Ô &lsqauo;÷áÔCÙ-ˆžsQ[Éó3 ÌÁÐpæØÖ èÀõ[Ú"ßT&IjôPo„¡Ú„×;&ÊÍn•a5JËÂ>_wÀâtZcnc£ÖÏÍ`ÖÎâEts,©TçêßÃÌ3x nœ¶·‡3Õ®J@¢¾"÷\–[`h±/vžF-ÉÊú¡…EÙ†Tš­9Of}Üú†mˆµlð;‚]îzûwÁà!óü¦å¹‡Pl%`§e'©‡ŒÛBI[‰ðžÙ"Õù²ý²²fe‡—;Æf8_HvâÐ,ð £Ç¢%žQ'?×J+,hçT=›Ê!êMÕº*ááûüœà=@¶-S$Š.Á^ÑÑ÷{I½CÐp�5>¯svAFunc£Í¾¦Ùpw¦0?¸à«�c'×ìÁ·>Â¥/9OláDr<#6°Ç¢ÝTºON/þjFÃ¥Øãÿì•Þ,ñÑ*+B±ÿŒ k'L…ÞêbsÕ%˜Ëõ‡™[MO1"ðÑ»ß]A¿•-Â-²<Ò¥iüÓúP–óåSîÃÎ6‡kØß±%ê2iebÜEvuHM˜/èL;£¾ŒC‰b`gÀGºKºãù­³ÚIé%ob'%Û,ŸŸÿnu'æÑp¬#«¶T
õc}͉Ý{Þa•Út€Ýí"]Ž!–BÓ†«ø²üÍüQJ'HäKlogHŽw1QêõÞïÌ"@0~–aÞ¸Œõ—$Ábà4Ï|Ueˆiz'£ñ$p« ¹žC(aŒæÖif²j´Èàs¾ñ˜Ù"•‚`‡ÿÛ´¬wr¡ e?õKÒhÄ/ñâFÛÓO‡ãݯkTZOÌÜÁtz\R0ªó…CgxkÔUâ˜FÃ=
LÇGø(Q\U…°Ø^¢§¥Ø]æL6+B7/ÂwmC´¿LÅý2»";œiß\jŽÕ«r€Ølµ®(¹É"1Ö¶(2殉`Éñ™íé8g3jÃI2VQo'–¬Ôpt9¬"Á[ìÊÏ`,+n3M7ÅÄõrL„*Ú£3`žYÁý!•àÚ£2PÓKxØ' ƒT†}D¥Sy1Ší^%ø.®æ Ep4\îõ/a@,!ý‰šàÄ°¯e)nJíÌ|�:º
{OOï­pŒ´b ×8×;kW8Úêkü†VA2º:JØéÁ¿Hí†.=û½wKÊT»!êÌ^lÏðìƒqnÄF'Z&$hÈ߯'¬ž÷«íÂç9ZxñHÂÏ>EÀJµ‚šr¶¥ñªÙ"óØƍ DJXä¢ )ðʤ|7{(03¸£]Þè1Ü7×Ý­¢›ápue¯ƒWó:.‰e"Ú1¨ÈN™€´>ŠÊ ›½vüà6–Eç5]e"ü1:$"8‚G;Õ¶K%O²Ô±Ú§ÂメgÓÇL.:DCë$Qý5":¬k~}EC" w
(ÕÝ~ã'¿ƒ{_[WŠÂ|3¶EšŸ \Ð
&KKPlÒ/]À¦8Æp ÄêêB#àƒŒ"‰ÌŽ$Á.»ã¶
¼R8·hnw7IA³EôÌÇáÞó|Ô§5Xõì÷û}.ÕWV«wöxŸw¹Iu!²3ƒW-wOè#w)vó4vëõƒîsè�<‰¶. ùæsÈŠ€ŽÌ¹©Ò]ªºñþÔSN‡D&xÌŸª.ή'�­¼JÚEôC‡…7²yv3ZŸ5­ùÚ¸Œ®õ¤kmq—_'mfËQÞ„˜özÖ˜Þ½&lsqauo;Üç6Ý&°õù˜­¿¼SÿýJÈ&lsqauo;w�l–ëºÀY‰å€­œð+˜&lsqauo;&—z<¦Þ!¢ñL}´©(ŸÂB,‡(Ó¨ÏRôdŠfÁÎ,%œ<¦¾DÉÃuMV²'|›VéY⾿š½KÊZ©RÝ+8eTª'þ ®d˜Äß°aß{¼{ËŠž÷„ôîÜñçO?܈W˜ô,«Ý_Ã΍Z@Ø6trÉ M‚\˜¥•.8íšYw' 4" L¬!„Pê"ÜJ`¯Š´ƒ¥Ëƒ­étgv}
m¯£'¡ F~†ª—9› y…Òõ.£³Z 'iGA•Ø
9Ù[¤9˜ws¿Òf®†å€Þ䲜šÇ>öá&lsqauo;íÃ.M´UÈí­«­Íö*ü`&3B8)í$$«Kû©'ÊÕð%­à–‰½êRîƒ\�Vî+ éõçãÓÈš)í¡æж)D‚ÉbÎ`Ý®š
2|¨Ø'»NT;)áñÜÈ.…â‚ÙOýS‡½ü­`?¹kyÍl+ýohVSÁÙõ[ÿf™™Ðtë$ò»jlãM<éÞ<> Þh6 µ;Œ3߬Ò3jÈŸÏ(TÄU¿%6mzgÕ¸ìÃ<�ó1ñ
œ¶ú\X×ýS]€ò&lsqauo;ù Ť'{ ŒÙ}ê‰Ý,DŒ'Ôȧ'Ï\^ÞJT7 Ö™:76ˆX"]7öu­#©E'TÔÆÍ"›û*cp¸UÝ*é­™Ei[b¡;ÀØ—,¿'DðX†ïæÖ!â`ßHãaÔ7 ²"i= ƒ'&lsqauo;+j ÿɐNÁt•}Ï&eß_:uúù&Á0lõ9øµW0Øj!2ªWúrtÙÓɶ,˜‚®rf#6hF|bO¬3746`•Ý'IÅÁ�&lsqauo;Âù¥YÛù3÷÷újFK˜R&»ESgá…ÕýÀ_ý#æÁº 5—Åý'êkŽÃoÊj/ª©,gÏU®i+M>?œ:âÓ—?„±þJh¡xÜ€¨ö¿¶UŸl
 þü–¦ oT6—>§Ž³2.`¦c‚YŽñQE·»Ö¿ñÙà*€} Y=mI{Œ¤fçÉüÄ:Û‡ÝX;ÞùÀ'Û-~ðηàŒôüm±r¥_°é[ô¹0Á‰ëf"¢=¡Æ'b0ŸîÅ3Ž•"3É9ò{>†0Kî*H í½vi"jí(õÆG©r‡JÇœmP!×ئ g•Œ° ÂUÍ7ìÆ ¡_¡}G¿¬—?&lsqauo;t²d­(ߪ­,l·(¤`ÂwèöWÿ†1bñ¥M§•ý5d¸²×‚éXkµ¦­«™çáuÙ#]#Û&lsqauo;§}cSjô+ãCv«¸ô[‰©ºêË…MeË)ævt‰Û¹þ3ÃHœÁOê±Ìå½8KÁ‚céµÒçDf9á(nc»¾+¥nQìf^œ÷Ûs"=¨"ê†å£kÍW)AF$�¶)EN ; Åñ/c‚¡"Œ‚EÂNlÌ¥åÒ»I_%>ZÚìÌFFÌQ"JAÒäV›ÀQit2ÚpY1Œ¡¦R œs©1ãa‰ꃬ–AÌ,ü+$Jú#7¶År.ÊHû‰ Ë¡&5:mUŸÃàÒH &ò&lsqauo;Mz�*™ò?S"#+LÛy4ÖogÑÚI–ÚÂ.¥­<íEy"†›"‡rX èãíùµ‚ËSÈŸ¬_ÉŠæÚá¢[é1OÞ€D"yBv1hŽú»Ïd�Ÿ1ÿ'<…õ¡Ì)Ù«¯TJ"^ÜJ\ý+ÿ¼IÐè;OÜóõå%°ݘ$¾phál~s!ø™•HNDn<ª@Ÿa…býÆ'0ÿ-Nu. (7HO[hQ;Ñì"Í_ç0!P$a¤.W±³ywÌÿ)?ÊÙó£¹nA²Q«„]…!îUgî=—ŸÁ ÚQ£PQfò¨[ðdL[@$º®.ïmˆ¨â|;iŠÞ&lsqauo;—–Æùd–½"·ÈCb©"‡;{í&lsqauo;ƒÐkùuö6O¾Ákqæ.
¾›�¿!à U:gàéGÏM$«,Šœ9œÒ|3¦0Õ×ç[PÜ1M}ךd"£"–¼Y{£2ö69ÖÑÌd=9ù$¾È·#Ú„\'HÒ"Û²ùÉ_#£<†ÎÆê<° ØeþÞYQ/³‚ƒÍÿ--á†Pê‚3kä;+­©Èi‚Â6Š-R44zY÷¹1LY0@ÞÁ; ­(c‰²Œ½*`‰­_ë3Gn®r,é÷Òz%þgÓíâx±x"HôNâªÜP¼[Í ²oÑՐa[ŒcÉ=ý-áI™ˆÇÛ!²aö&álÀ�^²°íÊ8Q #æ¨Pw!doæ±sÃGûQ^:eâØpÛ–LÆß•
_)!_:.^õ+~¡…)¯#7½Þ6^ö„j'ÏW÷3ì%G¢"py¦— ]"ºÀ4L^§&O{tVaÿ+Ë@è):34ÿy®'å‰7Ð$(Îü4ýœ§ÈýXêê\8N¨S€ù`͍•ÞŠLBëWNô¬~]ÅT€'X_hT€¹N²"óMbAxUvŸ"±Ì Þ;ÞÔY˺|ÎÂÚ«8DÊö< Ð&p-SÒIVç¹Ï4èŒaQ- Ãèef2>"ÌW™G}ŠÐ%G@™jÚi˯¢©0¯]èôw"¨µLv?fܤ TAXJ ˆ;|•Ó4Èê ŽÃi;g'æF:' tQzÍ©Eà\¸OR㏭±ÈNµˆ²ã­.]¯pY³Ò_æ6.ÄÀ;²v÷sW+'‚õùhW¦lh/Êîš0\êç<ø"\ƒ]fIÞ'³/ʐÏt P<ÊrÖvPT‰ÖÞž&±ÊéŽÆ•Î /³ßÆãjÀ9ôN)ž±»$nùO¤õ¤›4•¥¡êôoØ3`nN•4¼©¨]ÌÙ*ýz/¬–Ñ_Ã3m„Ûdë@Ã#;—&lsqauo;$"@÷¡ÒM–¤í77Å,_Æd:£YÏ#WB¼(ëZઢíNâièH•Žžj¢æçõÍ×'éc 'ŒÄ'ñ©º78š`R -08*œJ´Å×Lˆg媂H„7ƒí †I£0®ðûb·SµE–{Ç°«ÃeÛ?T"¾MW™CÙ˜Lù CËJ«ÄsÏyÏûWv=aw:oØË&lsqauo;R*B+&lsqauo;òŠö&lsqauo;Mdz³)³ëÁäX(k uÑñ%&'ŹëZþPUH$°Í2Řy€Jr‰:(]ÓÔY½"¦"ñ]�$5Ê`|aG¤�u½03°)?Rx}-Ö(Ĉÿ!·r']'òh¨†Z4ûžBÖ•ÉžQ¶dnœ‚}d»€2 qÜÊrdÖ¿)ÜþÅjœ¦ÍÀËëhÿÜ]·ì—"R-%ØÖØ㈯ý•0!j¥¼y,ò.%þ-¬Îu9MÆÉÕu›Ú1ï+Œí‰Â)UPédìÀ`Ið&aG×üÈ�ŽW»÷Ãd s‡|Ùò ŒWCCµÄg÷+:Ý0ÙRçcü_¬ž /†ÕŠwدmÆi}2¿Rvv…Í&lsqauo;«Š¦à¾çµ8nÎúžÕ8BOÓPߟ.ÏÂk�ˆ`k["ËèN¿p¾Ø
tÉDº×Kƒk `G[ÈOßâüsΗ®Xq6ng6WpÆ1"3à z™û'&%Vó1ë§Zµ¢/+@7¢8yûºÑìa§ôF»C1qКãKgR€UòâŒ6bó™'Ô±s%(çìgûV;I±!uÂøŽ—rN|Jô΁p2…T…T³.JGñ I;×JQì€=µ%ÂV$ŒÿŸ8¾<ò˜"¾vªS ø¼ô§"*ð§x
)Ï®õj©x,•›ÿÒØv9äü­ Ðýên_"ßèb{Vç¨Ê64÷µÁQÜÑU«¶—÷þµ×cªøÈJá."ê&lsqauo;ЛòȈҝ˙pÎÙJÐ ƒí Lëëß
Vuâ/tÆKæ‡NZ±°ý`aë•+h#°Ò¸íc1ûú¾jÌ‚=O"ÎÃk]=É!5>A¡ò=ŽÕȪÔQÜÖ– ÷,»5;* XuB~æt¡ý7½%5PXÅ{l«X`Äqè
ÐL'&Ÿ}©5·WƒZ8 ï`«Ç+¶¥²8È VýUµ×äÁ~÷¡î]Š¢¦\p¤Xã;Ëõ˜%Ý#k^§/öIÖóŽÙ)€ôÈliJSá·/²¼èyÀÿöŠ Sm^¦AQRqƒó|ÚöMpÁ®i=¦ŸHË_{tõÏŽ
›CÇIּ쵾'©7÷òð&lsqauo;£¿Y¯}[®SM°JI:Ÿb÷"Ÿ¬<R(ô EÞØÞÚLhÂ×cåÑDþÜnçVVRþ{l"&³ú-# séÕÅ9-ùBgtp›²ás0ð¢Åµòü2ޏN?¦Æó&5¢,܃tY´à –ÒƒN{òÙƒÄ&À¦°4+²ú"¨$òSú•EúOrÿH h3ïG¬qŽúD—‚ö æ·¾;,wY£oΗý
ˆ¯'ƒ°¦$ÆÍörZ¶¢ )-ãÊž-;ÎUÒȉWh­(ì}Î*q@VÞÚÌg©›žÈ߬º3œž+üvݬYk[
¤¹{S0>²®œ 4Öf‚&lsqauo;ÝH'K E.Ù™í£°›ØOßÚÿÚçÅJ.¾Ÿ´ÿVsG·¨ê ÆÙË]øƒìÕ¸&lsqauo;½
8áŒJ)ó¼í3lñÊãÞ¬AÈCÏâßWmVHÚAf7‡…°‚VbªtsÕü5&Vú¤ð!1%I$Ö †MºPå%‰\˜QÕ]ßÝ<Lù«û~Myk{Ôì jˆWš3³ãJ¹I"û7N!sˆÊvð'"×û×Ø~1Ù"íª¸ÜNsÇr¬<õo £•°y BÛ&lsqauo;;l
ne'×í¯#±®5¼=9.Š´)aªÄu7ð'<Ѓ±³½zaìÆÍÝ~Éí"´W Ê}fïÜ'úÛ×õ¥‰e.ãp 5Q9à™Ã?%‚!Än_6,oQôð'ä,ê¡Y[¦9Á±½8Û_°Þ—z&lsqauo;ðjr_yé>ÖfZQz¾gVˆ,š;¸4s&¨1«ã†àùv8¹tg΀4ƒÝ­v"ò¡ Üö£ð•Ÿ¿.'¢½ä£ ~áã¬u¢œ¼2̘¬ÐÍý^Õè:cæ:@{Ì0ÕGöI7+:þ²¶wjšŠµ¡K ê÷Uá#"azè].§Ãg°*+À–ö'J»•d>ŸGjözûVÅ¢Oª–¨ú‚3î—¬È²ñ&lsqauo;¹T‰xÑ<Ü»ÈêFñ,‡Éxû·¡ûÒ&lsqauo;òŠDÆøÀl\*²K&[Œ¬Å:[ âĈ1 ˆ'õÙˆf~š°[ò*\Â%Î2ÝW|<ÿß²ðtà5û²²øxÁ«ŽoÇ M=!ç®T.ßHM;ˆ?Ââ }„‰|`ìnäbàCÐëCfa@Ó1ƒv«ÂjB*MÉ+!nî….xín!¥k}öýs\o¯ˆ îF4NôïÙ=²'ýð_÷2Ï# ò¾­s0TPänœÚˆS7œ7B}Ì!N°ub³VàR,˜0ô–W[ÄìêiIAb ]B'«¤ÖùÎKÐÿ*Ðh9jõ&lsqauo;(kCÜ%w¹‚G„ïöþÂ~miT&lsqauo;¬ê
ÑÈwsþigڏ¤^Ù�¬tjwù˜ªo÷ŠìYÄX»¯\Ê¡¦ç¸>( ¤¬^Ååù?©þ]€²ôúkG.Žñ×Hæ(ô%/j4P WÍ=rjµP^KÞ»lÀ'"jÓ´À%½žlg~ÎÅçà�õ$ql–Õ
š·Ë‚Ä5¸RÅCºøŠt ¸rçGŽâ‡ÁDLËŠÂA'bŸ÷–,ZQµ>>*h^,[™ø¾×?„å¨÷!½ÆLÁ2~´uq šËÕËVæfhÿúîœ%eÊÒC^œiXiø¼#ú®vk: _q÷!~ÐíçÏ6 —ò›afîÈE£ûî´Sf ^(ÿãèû}êÿuÞäQ˜žî;~`çW"»Èó˜¾•®=žŸn{<ín¿'9b§ý"r5ä³"ƒ£ngæ›fÑ@ê[$óïôÌB˜±SÀƬ˜í!ȪŶŒ¸5xq˜šÁ|d•óŽ•bd"ÑN �+q(‚éµÀÇyìs~sï¬Ö Q×× �"¸ÚÇM6á^º¡iÖ÷)äyíÌb§Ø9ìX³^ýìówëwñ ØÛéŒ>ï9®¿÷o…¬•+~¹Ø¬ùæ)ý®•fôq8o G_؂І"¥ÂÕ„št•OÝ·#u¡áh¸;`,í•$7é9·€lš§¾ÔþžÛ÷[°Kt41u±,Ÿ)}Íêªè U «-wó÷c0ª3Dë…Ù„Yb­x"è8~"è­æ„³Pw. ¿lxœV÷¤þúmf®š°l7S=¢mi¬Wûp¤Y¹ô—DZòïE\Ì >3OIª,'0Ñé×Ãh«ªåfŒPÑ1"&C™4ù9@*4ì@ À&åÛ^qå'vFV)Üž²i§9lþ6thLÞ£„ôd†YL}ô㦰D<_ËNÌŠbNLKÛÎâÔ (>kr6=Òæ1•*é lVk Š–ƒÚúà „À%ëù=%9âUŒ_›Ì� QæfWÙr ¼RÆÝ[¼hæýfz³›4Õ#ª—4÷.¬T}¾êÞ‚ÖJ@'À‡Œò%a¥üŠð)øl6•¸ ú§N~n]y®G\OH#Ï«GO!
QÜnŸ¼é—å²fx;û'¯Tt ðЭ¥ Þ›7þ=áŸuÀ¢†ÖŸ½Þ;àñ¬·žÔn4ÎÑ1¾â†¡76Ԑ 5_G;0³i©›j'»Z§ z¶2ãC—ub^ÚN9yk?Pi„5#œã¸è{Ñ›²pÖçnBrz±ýŸVsý@©*2ø@ûß`°ï܃€MÁÔ­"£,7\re cèÊߘ0xT¾'Ÿ/ôÞû²²V¸>Ø�µ»ctxQÈì£þÖ"²ÏÏzFNy¨Ùea9â  ØfpˆÓ$97„N'ù¯‡dá„ùÐ}}>¼ºèÓ,šHòe5ÁšºNAãÊ¥à.»¢ãr^nAðâôµO¬:D)á!ÇYî¨LÜN¹ iåù›æþþR>=AD/dÓːuÊŽÑøÜ,׶öQÖÔÔÚz"Ñ?;ô÷B'd¥LmZnÌ–¦&lsqauo;Õ@Ñ `M1œÐ©%Ñ¥Ds–¾ëÅrîOÄRDQ]Û{"ošžZF»qpx`ä'^NÆ�CºU#|añ¼qS Ö"gyE'÷}®'Ò7¨žô9åP«tÃŽüYÚ™u<[É[f`žj#ž'ºùLþiñÌ·¥[¯õ¯ÇD\^_˜»eÝç;›Ä-­Áw J"mŽò›œJõªMòjdv&ºšÅabnþX½»h&lsqauo;!|h&ûê6¬á(g|ÆúÝ• e|¹þÇùöº?@sXþ@Î

"Ý «LÓ¬H*«͈Ï{QwI²ßw WÓ Ór,ëÏË"Þd´ú³CšŠÄSžæS£üpwm!Ë¥„'ɳÐwÃ{„¡"=F9¡ä¨ˆN‚»®ôVït!eWR•á½[„ÕϵovshZ9[-êp`±p Ÿ>kENVHÙlSD 2#q—å¬ìuô8�»@92M-4Û}<â™…ª&
ÔB=ç G"&lsqauo;Ý–¿ vy¬‚ÄéB–¾õK_ß„Rë}@`ÝZ
yAÓàœæ©)ðArƒˆ&¦ð‰ðpß4=Þ$Ù¡À· «ðV<Nê¤ "ÌÄR� ŠÖeÏ/γØÛðéu: eßž_2ëMŠçBÈQ¦~•ž„Eéò kBí{Ÿ0U\¤›ñ·yN
ØÆÞŠ‰_h(òæ+°?$ÏÞCª^nx>ø X†;Âw œº§\>¾„gx$¾Þ—ߝ9ýÖ_ê±r@ðëp1'¤œ-ùþ¶þõ"¥1¦g×[,~‚mÛ$©4ðÊì÷ûJ¾êÚ>~¸7´¥—N&¥[lj"ñ¢¸›ƒ¥r$Ü!ÕC@‰ \I6ÉÙj†×-{œœÐ|Bª"þø‚#o)UÎIJÙ6˜îñÌI6e°ÈÿR©î úÎ_½Nl;aUÛÑÛIP¤!¯|+.¨aÚ¶†Jëø]ŠëðxŸX³Ç½ósÏìÓü0gç<®ê€<²H¼HBs°Ö5¡\ñ/$€"dOÛw²¨€‡&ƒ¬##,¦c9Öu'¥Qð?ö …À!Rút3éÌö¡5õ3k"ÉS°�Øsù$+ØâA€Üg—] ‚"L6×ý¢ k`´à{.¨ôsÕŬÖýwIÂKZºÙú £Ãœí&lsqauo;W]ðÌE§@b²/dZÊô¶„þðs»z#çËe6í©<RÀW8ƒ¯ŒÅ cÄ…š%J¡jH¨1tJåÓ¨•šàpZT"£¥¯}¡û°Pîµyil'~ýШ¬ð{"ÿJž@³
¹&ŸFyóÀs ‚ú©ª­/?¨"tÿC1m9½$&Ò# Ñÿy«;zÃPnuöï±hå7¹7 ¡}(÷æ°4ºãèNÛÙ]zñ5¥ýzGq¥_üØýüiP;7ƒ&¼*KÅ&–ìž ¡¢P#o1ëZOnRÍD16z°¬ E¯DQ5Õ×¢lê:a€ˆŸ%ž)5Á·ý,–«D€<Eb©£"¾/Ò̍q2ÛӏÐWÔ&{æÒ#v%ÛŽkÙt YèÝwýg‚qR1õ£#DŠÑñi4_Ôafî£áâPUd%'„ñö„õÕwåŠsÛ'uÏ<¯H§×ÿ–óîlj¾(0-A0lÇñß®Gº¥†Ü hGb&lsqauo;úBc켧y]<ÚêA'†õ:Ø‚VüÓ}³²{ÕpÒż"§ã÷le»åRŸ¶^¹×·‡¶ÜAj°B\I
=#Ii-×ÿIL/Má¿"e#î'HãäOI71ì7Ni5˜Iá)ß× ¡¿ÝÂöصéÒ¼&–àÚømÕL|˜vv =P¹b„÷Ö;‚ D &â4&9"4,0=°ÝÌÈKÍsa 8+ü†íwWk*°£k‚±'c.®$øYµïÂØç'Áaª™é-ø5LˆË±2Ñ lãã|Ì{ù|‚îÎ 'Ð"?8§ÌêNs­ «µþ„J˜úà,Ž"8?¦|'ƒw©\âeûaªÍ¤!W va:²q'¼ÙVó"T{O J‰ßwËì°le:€v+8aì†ó´ëJ³�ŸCnèÊd"0áÊßíf–ä£']leÛ"‚P&lsqauo;
cF@YJXó²æ׃EX9V»ÈàÑ*"Hä*±+j® ¯IÐÁŸk7Ú¯ßU¾òùyÁ\Q×\'Ç¿ßßß°Å€·yåH˜R@B±Ê8 w^k|d\«`iäùOE¸^ÇËø;gÁfa,òXW¶QhÑS¸}èR·,+U‚5"ð±C�Ðœâ½H͍QaßF<Cºmþª£¨ªó.ßw@‚'j?žaH獥+ìg.
Á¾÷ \ó0ûRê–©J×âµHù#·_FýDÒIìa튇ÿì¹Û÷h昲ž˜Ld¾ñ‰ý)Yx5@pÍ!ÝœyÏL ÐüD­ô¯õzñ•[|M@n}˜dAÎe"'ŒŸŒé‚c‚ 2«âökÓåŸûhŠš†PÉP©Ä‡¤>oÖBš~°\I[>¨Ã÷&Ú‰e5°ß!øò'Bh3Ò_½`»¾hµGÀio á‚ o x ï£GÀzê'úm§¨4Ý¥jì�Ÿ£ú0eØ2¡I»‡³|àiÇ(
.šb‰ôsÍg®z‚Hò)º^ÙjôQLR›üåôwoš­·‰Cø×nû&lsqauo;°èö>ÍAë¿Ý³L0<š&lsqauo;E›yÏ€ âÇÇ®tÚ¥Üz}g¡Óp +¶£0@¸íµCddY}þš |á¼cÁ¢à,:AßiY:<*X-þÄc…í­ÆUÁF¬òÆW ´X¾n–ÛW™v^\Z¤ªqù‰'ø,3ô¦ˆ{Ñð«AVêÂE+T¬¦"Ó6*֦䀹­'0X‰…mÑS}Çý 74BýöP%}ªOlU™Q¯–íV§™ú}ƦŸºC±xmS�?ØÝ9ìcÙW5ï3¿þ'æ´F¦—×ð|úo¯! M¼¢0tи´m¼öô¨¯úËjŽ"ôÌ•#—ÌÞâ÷Ý}$ëÂâ­ŸÁ™½5;÷Z¬Û0šZFéÈ"ág ¤€œ[ Ñâ檫fà¬'¯h$ý™ÿHW/Úmlã¼K9„ü½&JRûî�É04.eŒ
Ü>¿ïl½íXÔªQ¾÷0H}¯ûÖâÇ€â5G‚Ôr÷Ž‡on•9hJÕ,ŸüT©J¿/Ekz³ÓŽJCügìè{sà_yAšUüî½îeÆú-ÿG‡xBGÕPí
"˜Ñ(›0=]$b/5
°s€"Œud·RçŠÇØ£„Ô&lsqauo;æ²T•é¾K µžè5Ͼ³‰ 1D¦>(ß<E猀ï|úRn�É°ŠT�îŠ}ª¾›R½ZO¬®es½3K!�Á8(3¼é!T{ïó?ÿþt²¶ËWc³ËêúŒ8D¨Æܽ÷ÏlLºf¶ì­&lsqauo;Íß!‚à)×i1UIý:q§ñåwñ Ç*ñ2ê9ð1¾Ðn ó§§½OLج=1ì]¶Ö·Wg5øŠ^¤&lsqauo;Ò•œ2ŠÅ–Þyg+2ž÷ñ>ÎÓÚ[ñëBà] !·2¦Â—éEξÇ6-ÐVĺ•Ä™-ÐyŽŸR§Fäc€Ôùy¢
5ùY⍂Z®âu¦ï{þ^ÿÊÍr @uÊ/<5hQ°M7Ei—GÈ-¨õô¦ÒçÝjÝhùß-£æ
qìœD Är(2I˜K­œ[ôn+Ó„3lA®þ˜ËË€Äb¬÷)ñ€lº·ÍgD:'4
m'a{GJäËÝ啐`$~÷=Óg¹bQÖ?³aO9ŠuYÊÍ¿åäñÊ׉¸K¿gùú¶Bû ò§š¢Î�¬çèþƤÞôÕ#žn°°¯©Ý®ôÂ4S"¬±Û¢ ˨qD2&lsqauo;œæÈáë SŽ®waý×ËŽ�¾gÜTæÃìò¡¼ÇË[Ï-þ_ŽqQ`áÂ$Úÿë.Ù–§9JVIÀ?'ü("³û ¢Çµg}cimÑ$yQ<¨=Y#Xܼ€ï׌rÁ#rë\ð½`>eýŒ2Ûykf¤Óñ;ç¹E!kš„œ²$#«À]‚­¤skcÇrüݪM Ñ}X=ÝÉ9Çô±„N­‚:É1Wmꥵ&lsqauo;>ùc§éîß òYéu§soXIqL¼i•†ÐÎ`b˜#•ñË‚œ/ÞBb dz5‚ë™ø¿è'öbI•Þt7>Ö´-²exsÖ�Xþ4ZÛ²R_ŒÝl{î <F"¿§«Ømj<®‰«¬,!øžE͍¬äõÅÏËÍÎE›™ÛùPjñv¹OšQ¹ˆåé¤É›ð—kÂDðGå5©³JË4¯�Ž¿ ©#>—¥3g6ö="p&7Bd´‡@€×õ÷9U>šg
—s™|A£MðõSßôn7@í&NÚŠÉ *|<œË_ÞîGè\mnŽc½Á#‚2þBè ühÂy—$›–Zô…;OdÊø€-Ù0èÝ¹O…×ÊÅh¨oÚª�Ø2Av6 sÄw<>Íç«? ü&lsqauo;€xô10ŒX³.¯XR_6Pì›{ð…ô°Hš,•Eð²ÉÈ:è-‚ó`Õ:I¥Êƒ­ÔˆU3ëà>p8‡š¤1FÈ‚‚'=í)§iàsÁµS†¬´c­å‚CKáŒ_×Ë'`X"yâA½,'0ñÈØÇ7™íânù°Üß3úª©Vú—ûÇÿKñ¦öƒ!Pœö¸dӁNËþ,uõ ë[ŒvZ&lsqauo;‚WW¿#Y€3ä6òJö&lsqauo;V̘ÝQ«'D ð˜×û-¿ÊTÒNOHg¸Ã—hvÕ}† *ŽÛ!ÔZÌÿËy–Ìšµ
¶C[F¨WO­UZ€ºzIêg¡›&ýH>X×n.MÙš¾é‚Ê»Aþé1Ž®¾9‰ô5xd&lsqauo;Q%<yìnŸ?Zì6ìï÷pYÇ61î† +)í2;ñaôR팤£¾AÊÛÄ@ cãÒ 9T´òyYkF·ß«–Ûp¹Ûî�Åé)ª¢Â+ëCÍ;œBš™¯B^lÊ tî Üû%S)³úU´ÈªEÁÞ_+ê`èÚlO!¡ŠÍ&ëp`!d)•¹@i {«Â†nP·½ùPŒ¶º¼ À2#„lï÷ÀP—£ïg!¿"'ŠŒ¼øófó¼_ [TZ'K¢'¤œ3ÚYúšÌê"Iþ¦^4I¢{yw÷.q�3ÃuDà­Oäs35³º ³V¸ô0ï#ž5ZÑ…Š}jëÙ±sæý¸cÃ$T–­¯RÁfBthmXô ÁJÜŒRÎI#··k6¸gûô0GGÓRkø‡9…÷åםèº;�¤ ·|¸…£­EÅG.R>Ÿ" 1—:#•&lsqauo;…&ˆØ¸s¹ü«‰yŒr-¸º»e×7Y<ÒaD„òš-²bÄé4»nf_Û¢«ÃÓ¹Ó^s'5Ñ÷©?Inä^ίÏĆ�_¼‡Væƒ*–'˜¬NëW¤u˜þ¦Å´•§Uò0ﮌš /µ0£ÒtÀóá¨Ådßü€tû}™pÄ^|#*¼ûJÌSU&6 �}äÌeXiØ1
d1 #ÆGöýuŸdÁÄ›L¡^$rÓ]I ?ÞŠFqˆÒm±žÚ™zõJW¢|êÙ-)l®€'E<Y%rD4í "Š^¾?ÞÃ~„m3ŽIO¯ØEOåSÄÁ€Þ'ð—y(+&éq©­Ž�ìmi½÷Ýw•Ï"öŽ:"°ýÊ&Lé+c»ŒÓZאAÓGŠpËSÚžéÊøП÷\<–»'7ÅF^;u –à-DÏ°6¶ötU¶ÿè"¼[n÷zA†.¤r$éY̳ä½YdÎE'•³Ø&[5Hw'Þå;°]"*xðV/Çâ aÐé©×óty'Ã6W/œ0ëa …×ëP½81°­P©W4Yïdy%Ø×+BÎÈ©ŸnÇm,ŽT4ᘨvÓ6§øÞR)üPtæ}JfláK™™~ïÕ
Ø–îîVñ8›ð¦GŠ:³éþׁÍùÝ0ÿÛ À‡w¯=òëžË ºÄþC AìÛzúæZÅeEEú@Ãkè¥æœ6¦–ÎÞÚêãØá&9¨çP'Ž`Y˜u´Ò½
;ŒŒ´ñDÓ9&F¬XSPÂøÁ×sCoRq³1¦>¯m¸3{µ¼'R@ÓC€ù… ˆliÞ½@öŽiêhØ›«'²SLœ "ÛZ5Ç`‡^�Qð.W_É0Z£|hò+¬¡½]8Áãäf¬J¦'Öœ ª¿Ôå쨉Ùmªƒݵ߄] =è×>*LbEù‰ÎÿCËÛ¾rìºÜÓ/Ua,—Á×]6^êc7räuù´˜£ÀRôŸÝ23jè®|evF'¥ia"vtSý1OÎøÊtî|µÙÄÊ ø;÷§g›*B¼ùþ ùÖd¨³P¶ùÌ°T5{{Z2nm ïŸ.›˜/¡½T F)bŽ!ÏnDÚ=ýÒR+÷í,\ЧèÒ¯êöú©%@­Ì¥üHá+/w€cŠF½FT³åKèÉÓé>$ˏ×.æõi½z}iHÌ¥ÂAY¨Œ¬Rh\O¢×.Í«–×ä®S..+…JF!ïÀ»2[é¤ývpEo²í šb.ÀÂUÓ^x´—»ðX€æo­¨Ó&lsqauo;m%¬9L&lsqauo;àl v
È>ó.úQhþ8HìŸUYÇYàMáÃÅŸ"»Mœlž´dœn.å8Âœ…è8G3QV¤›:×sÞ2ÿØ8ív±³q_ÉPfP Po¸Õ2"…ˆ1Û¶€'eèí ÷l 'Sªâ&lsqauo;3_M¦aža¹£nIj^SÍZ»de/v¶ôÆÞX¦´JnêÞ•w¨ÍbhùEsÎ-ø]uÛ(ÕèiäÓúÒC¸< ¾ú¬ÇÐKBLua¾^ޏ‡N)Cg­+!o½h`Bí)m¼©¨Á¢Kç­À¡eœ72[…ƒEëxövg¢Î|5p´´o©ø(ÈE6ª…A…¤¿aq�«*6´Zë]ýê"ëêžøvÔñ§–Œ²Å¯O¿à=¼ `³è¼,ÿèò‡0Ò}}ȦÃËg0þbÄ'úIÎ$þÕö Ž"³œÐó Åß&Óß±–ÎiPu¶ô¸*r—GYÍ+SÊlšTÆšHÃd�&lsqauo;ú[µùøj»Ìóy :/FóXm (|¸NòN¥×·¼ J±Ž3˜9L50a¸Íö]ƒñÅzà6ÝætíX;W·ÉÛZÿ&lsqauo;0 •õ¶¾/ÔŠy½€!Ñ;TÅ+\'„þ:oìpwæ z[Ö…Œí#ÙDá¯ZµP íEÀþ%'ÍDqZäz¡,ŸA×é<ØX‚×µ@ôßÚµ¢«§ŒÑÉÄÈÊIá¥r1
¾­ðYÿ$ÝR^ÅeNQož¨·
{;sð WýL]£D+äöþ A-�fHºähýa«$ž) ,®ñ½'c#øŽÙâúh%Å…›þ,Û0S'x4c'U¡>Ÿø°†­™ÚTõgî‡&&lsqauo;KDT_Áiãì~¹ÚÁ7â»'Y?TJ©nvhFϲVhH2Þ–ýWà#à Âê®Yü„Ú€ð½U^ø.à\ô5c­oõÛî¶cAÙZCÀAªä —zÏ\îs•©©Õ„ŽMcãHáM7Ùk¶"{ôlEPp/Á©+z½Ö©&lsqauo;æv÷N ,OÌÜwzÉc-^$wU´,Šuæ‚œ.;€ñ)ÑêОÆ–R‰a@2pJ«fNTÓ´�1£¨eÐ6P" ƒ=ñ®ÍvÃ$PÛ-wòµP[!:ð¹·„˜{åÜ–G_Ç•Ò´p@WÅ«²j¸ÊR5S>�ålXŒ=hÛ¦y¼ RÞº˜èHw®g+ûåÌ"%žK篭ÂïÜ<™®[[�ÍÛuélœn¬çZÓ'7€]ÎÈ¡µA¬¤îq'¾')ªø¨§±;Å%0Ñ0X½&lsqauo;ѪrVñÙP°÷M¯¸2Ô¸µÀGOÛ¾?ËÛòŽÈ÷ xþOqàÆúºËGƘšù­¡Œ}«·ˆšÛW»&lsqauo;l[£ÆÉ?'äþŽ¶ [>DÙ4ôŠ%­)iÔÄŽk#šU6ü&lsqauo;€CïA¨Â„G´댹¾‡öÎEÇ0 G®H;;õn7ÀÆ$ùi¼ûd
ZÚPøšY…®7µ¨Åqqkš á¶;öÅ–w!�:ݯzø-@Û WIML¼Å¨æºTX\ët¢š¤²žµ‡·£9gLyÇ„ `øúñ,яE©)6 ì*v¡ÐTÊ×Úð*`@Dœæo®"?í &lsqauo;,xKf®<lÞ݈6'Þr*྅ZdC«m Ó.ÊæhñåæÉí›l 1
º'p„É9šGgUæl"HH²Ü‚•åþͧÛ-Ô<oÿtô½Q/û5²HÁ³vswÐ" ŸÀ'ØÚêßwG9³‚õ…¬dnš£ÑˆŸ6*‚IT,!?E4yTwø&³hć&lsqauo;ÿ®dó©iBÈÃiDEuÆï6*á^^(‡Ôÿ=H)ǹ7£˜"ÄgùtýÿJ£º˜r:úhÃÇ'L‰[èç·hÓÁ…¬ó¤þymÀßÖ—-6ÓˆÝ^JŸdæx¨Îߌ´¬ügoÛØ/Ì9ˆ&lsqauo;¼0ëBC}§ I=ƒ,SËÞ|+¶Á"ßÉl˜Úw_6Ç]»©ÑpR/«í2d÷â…N­ËºvîzxÌ.¾j‡>ût˜ž¾7?ô3´ý.b@£mé¡í
zÛ¼W€`ø¤™úœ:%R4…ãÖ¦ë÷5&lsqauo;ÚòjX*õÀ„¾GÿE_!"D¼˜t²ƒ"'0X«åÞuŒÖeY„&¿" «IóOõŽ²¨G¯D­¯Ø‚Ý-˜÷wQ'w$3!EK¬Û¾ê5' ["°¤òÔèð ýà¾œPÈú9a ôpë¦æåQù†åT†–‰!z™{z+œ#ú –Kl%5|"JU/b,ÂW¡@sç€'X6­u€ßñ•+0•7à3ºáÃé8ËF÷A~}i'°T�"uwbŒ³õ»Ï=Îpleìué €¬·cSˆßØ^ŒjD¤Ù8]H=ÂyõöŸ ¾(ñŒ°Ål–óÂØðRK39¿pÖŽÒA Å£‰´öÝÄÑL ÂA‡‚Üú‚ÆkLW)&ôWóñÔðšAÿ¼Ù¥Ø§ÚsôjH8\[¢¤÷ØP+mˆ3ðjÆ´°RõPžøÇ»ÁžjôןÕÑ=£‰Ç¬þ°Æõ}™}N»8uTÉŒ •Å€ÈKàÉh£ö!]§Týa8×À¼"r…¿Åþ=‡€p=QuDëû„¦mòlxg+¸ W‰¯S¡Á"o«Â%wœvt}–Aó*0A„eA|„m¥Ø±d­ÃÑæ€ÓÁÈÆgÔÓÄÇ^®HÕŸ&ÔȌʁ!­¯Sbµ‰]Aÿ&ü M‚j̝ÿ[à{†Ì#˜—Ú!Ëí=;ÅÆ>]vMƒI¯Bûož'"8Û‚ÒpÀ662ÒÈÆÏûX!º\„žyÙ¶ÒRgt<T0®ÜÏ×Ü¢JÄelÌÕ‰ùÍàHÒ�2,êÞ&>]ÞšqÐ>Œ™ÞÕÖò¿Œ +ª:‰{­îöô)ê?©g»)~g¤/a¬FÔ º©yEÓÖbµÙ·Ndtj)ò`¯Qù‚xˏí¨ý·…\„¦òµ§$®SáÚ¶Åàò^TßÕ%ÀÊ·§mp ‡N½†Ü¥â<Iõdm°Š"öO«±½A&lsqauo;=ہ1+|ÿÙî*[§qJ«õ�WªzñXNñ0H6°¥õÖ‚Ï_'óíeìÇÌQ=
ï8´yjò„Ñàb£ŽCò83„@c4`Ý=s
xÐ.ñ(ï­SÒëd²½sêÅå"¸#߁KÛ{,ïVX
r9¸êŠÈ}ïÚ"^ç:ë\ÍGêô=mÒøî¥ !6e7Îy¶=îâmYò‚kAËK)󵳝=/i‡;ø¾® „ËO•þ»²œ~º*-YÌͯx„íH#+ƨªØ
Ú7º'4+Ÿ6]nÔKúi[~gVßdJ1 �áðuµ~"
uÙAŸ¨›]MÁ»žœµ—áVBbfA䜊7èdS0ujá²îç}›ò,{ÙÎzfèn$ÐÈ~ú5m($*•5û5.»Ng¹šÏ­P¯‚ì\­&EºŸ&ÔíÏìM¶¬ÿ-$º4ªÕO‡ã«x?±©6Eje"¼kŠ�™K2ÒŽáöð›³Ex±wx®P—–O¬È®)¨ˆÙÈrÇ8‡ÞWž¨xR®Ë
ßESUȐÀ!÷Ài7HÉ°![–ßû´6ç&lsqauo;oÛ¸½q馰‰îƒ˜ÂªE O!.Ø`;ÉÚû?NˆÁ¦·K „ܼôá¶^×?À£Í¿7JqúqÁI¾®·ºÍg›­=þ¯lnz5xZ"«?¤&HÛìî šš(=™§¹¸ ê;/™ÈO›­mÓ¶
Â|+ÍÑø
eAÁ¦ÿâ¢8Ö9ÁqVsÍèzÈÊÜ·@'‡ã;Ã#-Á*§…
ǃ3™Ñ¼ S/1aÍS$E±Þ–ÆSwš¹ß߯Q ©å³'-Ó˜šud¥ ý$¿b„`ÞEä…pEúÆÌïñ-> "ÞòŽø
J ‰ü¨G&lsqauo;ü·½úÀÌ&lsqauo;݈k̲¾p�.OrËX,A&,R"× ÍFáÑ7zâ"£ïegWÓ«f…®…"é#Öš¿"Eí„é&ûjÆÝà?'Ñ'©¿{Iý F¢àõd8&''ÖsáCÅγ҃³¡Ø¾3+Œâ¤ðj0Ô
ű+$úÉÊ CZ—Óö@ÆÅ÷�s̪+½§"iá¿6Ô^è|š;žSÔù ÷܃¿­ƒœ=¢iбî<Óײ%-Ć%øÏBêc±ïæûXøpL‰ÞÏñ-<·ÑFγiÀ»²ç #2"[žˆò€_K2p÷ç\Ó†Þ +fû» ¹ayž€Ê#tq§„ò*[ÁœœKZ¹9ÚËà"<zÐÝf"•{C,ŽóZ ÕFsE×7ߐèFF¯Â´­PÛ_é4´{JíÍ*‡6ÀðÒ0.¡ëpJdXÜN—± 7¨½V@üÐÊíWÌãPmä–dð6ŒK¯ÈqgSÊßpõÿ I0!×ã0IúÁ‰¸àšZJ㧘&Ö "¿C"¨Ák]ÑáP^«Fú9Ýïálã+5„Ðô™øú5Ì©ÞU9±ær86sÆb¯QùÕ%ÐÇ_¬‡…¼9mà`:,aœûè›02›yTÂÜ£•eþ‰¿~Ý?j<÷±J2;ÂG~.`è,bº_^bü+~7¨5Kn.:ÅÛ §0ï7Ñ~7ÝP3ºTOÞtmBûå›))ÀTⁿnÔ^õb{õÓ…—åJBÚGmÄgˆ%rÂ÷þE,Ëï¡ÔŒ]¹ÁÐÜ<ì»´¯H󃻂/ŠçƨÞV/˜M+<»–œ3éA¸IáãLÁé
5Økâ²av"!;ª ÷ŒÉ^c¹1g 9^ŸÝ2ÿr)Õ™¸bòr† é`¾š† öW¦0Ó¯~Šîƒ„àˆ‚Ûc4DOòö„Ñ0l§  ¹-Àl„©½__$!=ñudyÀ˜_ï)v¤¿z&|A<ðë»ÝƏìàÓPûYEš£xB÷¶`98(h×úÓ °øÆ'BWoJÈKHN0Cé<G{ÍÐÙªP•'ݵ" n£½ ðfÞò³Ž#òg‚Ù<ÔQ|ÅÉ&lsqauo;5›r+�GÈôx±¦7åÔžÍßß·VM&–*ÿùY'ûÝ-UNß(õËNÇá±­b¨¦&lsqauo;…Íÿ ù¬ŠsrIûëUôVƒ0¡eéb›žø¨„G%k€8ÞD pí àÚ6D,Ä'È>¡2¿UÌ…f|l‡ðŠVU~"–RŽúh¿å7£tBÔõ£³ô´®Ñé´ßæ]$Þß„¤Ð 6 ]T 0·Þ/:Öá<  PŽYæQôÒÆù­½A¨Ô¼Ûj>û`Ž"\º{r^ÒõÊþâ"ă±Q€³WTB¶ÄÊ@ù…)© À' )É®:«:=ì;,F|&8¯ß,qEŸ"æθ6l_9wØ…LÂwL5P£ôßÄb£Iî<òT‡äêãâf™ð'ÚBçt„ªcóË—S¨nU™%ÝC4zÑ^#ÖD¾uU§×}U‰m¶7´-íEü9é£õDZã�h9xÍöªé^·=Èãö{v‰YNÎõ«mQb'º'î„çC›þl�<¥Yä *¶¾AÌc'â€|}KãŒ×Sø'oé*ŒÆ&DÏ]é~À —ŽÓäÄ.kŒ ÂF»¼!^FeBm;)ÿd ÈW<}K«BvØ;ÔÃ<6 ©o@¶¥w-î²Ð½-QIPPÛv£™¦j´víØÃ'ÀV}fÔšýô";ì®'m$Âê'þ—&lsqauo;HÙgëÌR]­õ)ÀÏ5Ü/}-…X¿aù�Ë"¿°‰É¡%€å€uf¥´-][øAˆ
ŒYu Ò|„ùƯô2•"ôŸæ︗裱bÒÓ(ê]Ç¢w¡?–'…ì�­îú³wš"é³´Ÿ÷XØîE‰Ú,À¸9­S˜cúüå=jTFC­ËB|¬&ÈЮ&lsqauo;€›½#vm~©$Usæ¤÷�ç(6¿"8\"åý3z°ôZmƒƒ­o€í8"~Ȧ(ÿt¥pRË7$Á)»c8­y!o 'PÖ¹Ì·&lsqauo;Á)*Ñ,ãJög¨lMV%D'¿}")tP¥<G­´M:©°ìË{_ÊÕX£&lsqauo;çî†Pãë3Îe+ÖÚàõm)PÛLF+hWiäž5²°_�lß+6
¤9´®Ð⟬ÑôElˆYtEZìFxãûXBJ–+Œè $š®ÊôõG‰#Žã8áÌåAQÎ1"˜~·Sï«ÁlAìyá©ð·¼Q._Ýcè<`y8îgpßXàG¹ÐÉ4ÛËCjÄr8[Óg*5÷�ÈÕÞ–·3Ã<5™ñf_Y'‰k›ãuOÌÈ&òSx|î¶Áa$ÍZ8ž }ƶ EËlÓ£Û y';³"y`ô*Wsµ\¸xA`øAe ü'}®üé­ۇìoŒÏGÌdEuxs´ºnÙÚÒ…zQ@âS�ðÿ"¢²T‰¬úFò¥8#8Æ(·céÉ ŽxÂLPTƒ_j'z,7ðšýQ÷Ü$÷ "©—ø™š‰<ß·Çê¤&µ¹,ùðÕÅHvø87\ƒäõ=ݼf»0±À–?ø¸é­Sò'0¯Yl‚>èígÕ=KI@\Z€EŽæÌX=zÌúø˜µõr›Ú˜¸ÞJ>»x^ÐüQòê9a3
Ã%÷ÝØT„W»Ë5 áHâ½iæ4õÁí÷en¼ó°ÍÚ'…KRõ«00/t<Y¯0ˆl}ô²a /¤aoY"·#/ _šA,&ê ýò"ï®7
›g¡V>üeA4°lY':/¦¯óa¥h¡ eÃ�"å|ü^Dx´øø¼aYå­8߇¡j¤}¢›äòH~Ô„J¨y³òLh¯ÂúBw)ç%jªjƒó^ îÛ"¦°W‚I8x̆¤ }f?Ú¨$t²Ûµl³"F6˜~¢DP‰&0ZINùÐ ö_íÕ)'k7¬ƒAíÝn› ¹ä]çfèAi4ûâÜÚ•·kiÓÞL¡,$"úÅm7hžhxéÆO
jf*'ám4x2ǽû~ß~ÓÄù0×+|Q)©&lsqauo;|ëö*¬K&lsqauo;ÄPªÆÇ0Í«9•c7Ç 5Ñ;$ÔÀ–¶8©¥º¢Í›ýìì¯Z*ÕH-ÏžžoZ2L¦+Gr4Û ÇÁ^öd'fÀͪKÄhÙHVȨRøž!Ÿ ßô"þ-`ãÈœhÚUUÖrŽÐR&÷4ÞÐ|bo©ú _cd³M¯Çóo±­ZÅ;è˜BGÑl !hîÚ›mÖàë~u'­¶M>2<aO{¬ ïØ^ƒÿ©…[²Ë%Ô?½•¨/Oâ¶íøáÀm'­ø6ß µ{·›a`/&Z>ÜßÚAÁZ'PL·˜Ù#y€o¶5s8]Ž)Mï†cÓñauÀ˜×í‚ní÷éÝnÂDäñz8Àä™-Ò?_GUÃÏÖoÃè)ëª#Н¼Bª˜F:·„{ÑÍôJ|j€JšÒyÑ{­3·gd°Ø›Á#íOÁ¿!à´:YÂ; ê_XÑðŠßOGPÞÉt. ö[$ºl÷ªñ¦et´T›9ht@™ÛÐû`tp^~0hi$œ%é<4ŠÏÝ[uZ®e™çmÁÊ LòÖ¥ÈñyŠØÒª˜oUOFW50ëÄ¢ÍTÂ8öUSVðÝ°ïo†\ñt"çÁn?½}÷e@e±Xhõ@
|%ðß«£‡ "'˜!nì<%­kº'¿…¶è'tÂó¹ F-žÚ 25äz׉ Š]3á);•ŠÑÙªT}Üâø˜ ê7ÊÿNrÃi®]užq"¼¬±•­Qa¾?ÓðQý&¤bYV�päJ¨Ó' Ôï÷‡‡sùsokÈg'¥ðï—r.‡§P¯w=óÇ'º{ZÕŸŠ„¤¡lúS'£j1ªŠ†Ã¡„(' Žl)qŸ—ã»QyÅ2ËkþÅ›€~sÝœ~jü";;"Ÿ´bïC³æØù„ÌXÿ×
]œN)ˆ+woA}d®NŸN»J‡¾€ý‡«."gd{¨²·3žPFšt~Fì¨ð¶ tn{H …wÇ-µ~Ç~ {ßRÐÁ¼Wj&lsqauo;1Ënn[û³±‰e`(¯ðÇ©PÌ& òçS/ƒ½¾Ìã�XoÍ—J(Ú[@ܪB…éƒðªwÔÇ.ñF&Hºß$p©<
‚¤Åg*¥;\kv™­ñ|.5>"Yµ}ò
`„…D9|¡Œ°*ƒ9Á‡Ú#nS¾KOq0¨áhŒ´Î-ˆN•E-"(zÊRêö©9R&lsqauo;°ÐÃ*LZu!¾K|"Õ WÄ(ÅÑðÍP÷–,–ï>;…ª=·³�ÜÑû[ÚHòdÔ
숳T¤æJHvRšqÈS¬š¡Jn%xU8¿Êà­„uàÜá8gíHË_§Ÿ@Õ 1`æ$•­_%ÄÇä‡QÅh‚<Û™ÓÓD–Õ÷ÐN ½åˬ×!ÔغÖ'D9_¸S«DĪnpÈÁLä¤Qß'Ü ·:ÿÔGR¬›áðÈÓÒL›ÑgÔIæmøhÚ¢ÈYñ¬ TÄ'|«'ÁeFm2/µ/5²NýÈ>±ÁñÊÉ0Ã#Û…8tô @ÆKåVÂ".·.àò7°!rzJˆ¡tjt¢{€tø5,§€ )è
ˆLö "Öº!?6Râ¾Q0ÓîßÞd%|«l"¸çCzEÞÅäW>ô 7LØb"?È0'&֏J˜T="ê-›E[&lsqauo;u‰aSZRÎz.æXcVGÔóDæÂ`Û§™xÔ¤ç–Ú¼>ÌlÁÁ _ê'Îz¬iïÒlÇeêºÆÊfoF½;ù¢¡`
­úWÙ'Øj+$]ª8òÖ5ã——öhP9ÛšÆ"{˜a^ä ¥F‚.ï9ïø74%0xXTšžŽæ4Š!(;Ѽ+ƶFg9Hí¦×N=zâ­mù¨=ua 7òQv½3ª 'Ô>!É dš+>qϏž½ÐÍ+÷éÌšèK ãÁ—ävb¤?!„ZdÅ
ß°Í7ºˆ'ÈüŸ9Ÿ9´=àñä#§•$X\ìê×8®]på—JmHZøºûB±ô!<ÜhÔ©'—²Þ´«e£jû÷F݉ lÆÚù‡°Èû"2ãÝ‚Ýc»CC¸.ÌHÊÎè¨g…ÃÕBÛž,ˆ&
CFIeµèwVâÌ $ÝÔž-.ôC7t¹¥ô"ÓM_o°Æ°÷&lsqauo;ցÚÐF½i¬¡.¤Þ'¶@Ì Mð–ü Åêˆ" y5Ÿ �k—½·(î#BâAdü¦‰„?&lsqauo;aÑøԏÿ²;›7R£ó>ç•Ì]»!ÍÁõ' Á2ëÚ^úØ€an]Ë\>Ù°N":î€îf;¶p+1£`Ë\KJ£âÁ}&5ŸÝ}`iØÐ*6ÈùÖ!J"×þ¹ð@Ðp~ùS"mf™ùZÔ ¼L¨og?ã4_ã$u—Ð
eߪš—¥„¿‰Ê0{ÿÞ«¼ÊÞmÒ0ûiø'7sA×uЧǨ-Ÿÿµ§i%Úî€ÊFiÝ7þØ=ÝkDxþ|€ €öðÖ€gË ¯à²aè"'¨pã­œ'9r¬·ÑFV¼-©øguX·WÈxN˜hóL– [®8^º²Èæ¥#…Ê7j–Bg" 5ØýTsPºÆ,CËþMi—c4åmk„'DŸ|¥K'9ñJWCŽ¢£;L †…™µž;•~•Hlw`àAÊYË^³À ¦ën?ÀªÑÈÿRz‰èº(–Šú }çQ4¸ˆsTxöØÉÐþäVäþï3žƒæ®{­Ð3IòmÊ–©98Ü5·°{%í5—1*µáV%ú ÒõK¿«´™ÁÃïNi¿#áYk¨ÔjÑEÍ£ÇÇ|ŠU¤B˃Üði¼ûæ@Jè™sojzÖZhÎÐ}m",ôNZ´ ÏçoèÐ,(¼Óê<&lsqauo;¾bÏЄ4ÛM–g£³á•wÝ×"}GŒMÚ£²\V7F#€qÝ2N·Ð[„†F·tñ>PbHÁaõ•-&÷¦X&lsqauo;„Û‰Ò r2ásKòÊŠóÎYdàÕSP 6âÞ¹¯cÅ7¥suvM ÂÚÝ<
lg»ý—"<­¸ i"‰zÑ\bLó÷?2««HU5ªÊ=º²b~:‡bŃm†t¹ô "¹‰(;©±ô€•uö Ó]ºŽŸTȱá^¤x´Ë;TGšf­XÖÆ3ÅdÑW
höõ4ÌXèmëº'kyQZàÞªÖ ‰¸'£Os2¬4Ôá˜ÂÖÉ!zПöÔŒG°ºçܸ¨çÇ3&lsqauo;l©y½‚À¢X¼à'ÙØDÒÈ~è]çïÁkd•Á"+^Â-7öOA'IÝ|ý±ÞóFxˆ\ƒ³Èœniæx`ÅÝ"–aW´5¤`ðA¸#yÃr¹|8Ó»›ºUÍ&šA"J[íŸ`¾Ë¼±•l¨€ãÎwJ[ƒæƒ:\ï3¬êKmžÙ}ÿpf}ýªp9ê¸&lsqauo;ÌÂÓÇôÿJ•/Ì$í+k'5ŠnÛuNšŸ§Â·•h. !7©³F<¢î!Ð7!ì}]Å – ŸcYgQSE¢$Î
\³·_ù×C{z]©Ä.âU Ü hÁÎþ³=Ù¨=e)Í—NS p€%.þ _m™Ð‚ý×}‰B‚1,<Úñ'ð†r¦ŸÎi&lsqauo;Ö~ªQyîö¨;S<Ù£÷"†,Éì'2wÁixNî¼TPëg‰º§«µƒ‰µnllŸùttÏ@°uÈئoDe—[c2¶õÀ Lövm'·d¤!u¥ôUâ˜é˜×ÅÞqãíúÕÑŸ€S6˜mCÁä|–ôÏØ\ZY[¡œ™'Ü')#Z¶DjÃWãõsÔŸ$'NÂGcH˜4Z—RÖaPks_=ŸY©fˆÇb{|€³8 ŽTäéè"¡,ÁÕh\Oÿú­ZÄ:P"cÓÚdøÒš{Ä1wú([§/^ó�Q-Ó·¼ÿC!¹„'þêîîž¢É¤,ÎçMP\_âÐZ‚oÖä×› £;,?°,@¶¡iÎÊZêÂPº]6d²ƒÁÇÈp ⟠ ‰Q'æóÐÎH×Üs *@V›Â~ÆÄ·¥ª Ÿ#>Ntï;©`«[¶ˆìıšc�œùHß¿ØÙËE-RLØä~B.».»D·ÿäÖÚ¿íÕÖ!dñœÜãã4@tWOª^ó79–œxÀ÷
çÆ.ªy½ÔI€~ J%Y‰é£¥w«e–=ËΌۿQˆÞÑwqÛ¬G¨«øaÏ#Ò„ÀB"0Q._Èž\œÐ Ö±L1ˆï³kÛâc2ÇL·'ËbM©¤¬¡®Z¾S¨
¤# ¬É6ê\}]Yüg¬Js9ð 3k¿#¶r]¡A¡qùs.ô'méhx{§Ì Ö­æ]J�ë¥Õà*ÑttR�äH÷å­Ma0r%
BëßëâÂI¤\6üF»µbá1�ß»@ˆ v6b„©
"ЦjîÓ:0Q¥ÇO.G&lsqauo;"v½ö&lsqauo;òw'äPçä
3Ž!®¯¤•PbÅ{SÅßÿ¼ã`"ws‡_6¤¢ôy=²7é)nKÑMÖ?äY¢aÐäÍD¥ð_´¢–žXø¹³çdé¹1®Ú‚šCÚ€*[ÅPH5Y‡‰÷|<pqÅ7éà•f«
j¿.æ@V×k&D?}.ßUG.Mlß°G_Ï?šÔ,g»(-}ôº5äj­¶Y´ÃzÒûn:îU»âô ¡Ú^<øÈHA{wáêÍŒG4Í'Ö*iõ*,À­_r¸Ô'ïÜnù\ul\¹�òl<ÕÇ<PÔ ¹sâŸ×Þ_$ñŒ?™3s *¯œwÖVaí¥ x'Äa¬jp½ ; òUœ"0 š§*"I
äè{E˜¶nI]Úu½9i�4«7«-':
}åud"Ó§¡Cê6üÃ؁ûšÜ¿OŒõ÷'GÇð­0¢É«•Å}å8x¬N¹´ñ|¡ú—6ZtPÓUÔ€gô‚ï%àžFDèû€òÂîŽËY 4<ùê¾€âh‰igC ´ë•äñ ̹•XþU(söÓO%Œf#x½F_]ŒÚ<7"±ã†Õ¯¹ç"¶ݧGDS– ÿf&lsqauo;¢q*Ò2Hpý•{Hj\D"Eq½¾_ér —žÇ77F¦!O¥ÍΆ×Í�º¡.Z�¡¡_u ˆ†[*SÒJ½Ó äj~„17ã¿Ë,Á8TuS€ß¢´Ñ‚ô,Ç×)üΩҏÒÌöíOöÙw1ü&¤çÿ Kû·æÊtš çŠwF•çµ *ŽÇŠì<I/ô3vö`?Q«žá¨ƒáxAWr…¤�ž&r£²Ú£ ù¯)"JL¥è5( °~'t`Ȥ'«Šö>·ÈpzŽ(ŽSYó6ÉŠ8C=Ës2ô­Þ̼&! ©¸Jù =ó.°ÿzhBö¿g¦º˜yNqœ=Y㢟~—U €êà%
Ë?À›M¤ðÞãü)±L~5óR®UÙµŒžÉô{qJ"Áždá»=ŸGðŠU «‚ÎÉHȦX,—ˆ)ØdšÈ Ü`›±JœÓ†þä¯Õ3°cðã-OÜPVo(Lꚇ©*óEZ"TØ‚v È^2Ä—H 9E ¯FÔ–"çì Ûò•w<ƒ´é•ÇÊn\\¹ÇëC%C±¦ˆPØ |J Ç„{2 ×L¾ló(àÕüÜ&Io„H¨ëé‡"õ"B¼q 'gZnçߏÀŠ³Ÿæoa·"UW äx¦Ûjõ~Wk…Â^AÆÈY«ID&lsqauo;|¢KÌêˍ, ö'HósJãíNÐ*"IPÇç LІ[ â".oi(åá
¾™Ê„'·£¥çð°FíÕÖEÍâׂSÿAvG»VÕÞY-‡o5Àeš•öài&lsqauo;Þë-MÉD¡…ҍ:JÅmá"kä%šuIÄTSg' )«¹M-ðÈ@›o£¤=À'ÂT#Ì;nùÈuo–&lsqauo;ËMÎ;FÛŠŸ%Ìxä…_:#…ÖgGó1IOd¹† ÄÅñ@VžKŽêu¬Ø·(ãÌ©JTØ C�À^…ªoFÕ‡øêÅŠùèä\Š•-ô®ÃÃvTÓßKæú¾ÔRÆŠ°9y¹ŽÿY:[Òð9ά®åfìƒ!ëu7ã 9ÌýŸ©¥½A Ž Obi=Ÿ=>7×&lsqauo;h‰ÛòØ&lsqauo;_¼ÉÒªˆþÞjгV÷ÊjJ™fÈÙ§Ö‚C°;'ä¬y¿÷«R säc0™­P¹ñ•'™„MÁÏÒ‡dS÷L™eîóDïjCðrÖóÎFB¦] fyÑ3gQ²pã¡,çÚŒ5Ò1Ñ5A£¬ûXú¾ˆ°@©6W…ÒzOxøü¸…€hr_„È-´bÿp*1ITüáeƳE{ˆ5ÝZËÒÕ™1Z<U%¨‚À1œÏ4ƒ¸Š°£6S§Ït¬ÊÛõ¥ ÿ¶â7
´5ÆG„cFÀSÇß!R®/ÇC½
ÙÂø¨ífe—¢
b§-e—„çD:)^½£å;X�užñAÚQvgž$ºÔËO YnÃ6Ý% Œy³æÙÉGÛF�ž1•© û+Øà}€XŠ²"Êð¸¯Ò®Äþóp&"B‰â°º'wÍé]?î»j-ìC'ȸ!3øùÐäÅñö*%äçâû uî"a¢—§EEéèÙ
Scxë¶óÃŒE¯Éf`>ñíÄG$0`~Ú ¶9Ä–$æg$'î§À'=y³Ž I@¿-"w2XGZ¨};㺛LåY'uìJZÊe"=IÆ–k½•o¥—ç|‰>üM`º‚eß­ˆºÀ€\!$ò®"§ÕX2"$HûF5†Âùáœ8Ô}Ÿ¥kC ½¥äY.*'ôÿø'º_IFÃÍ©àþÿóbì5ªŒ_„ rhÝ$±ßF1.S±YÕȱºjkvzÀŠ2v—›ì¡ÄՁ¾$Ú©ûDqÊwBd K!Ê—-Ë­/¸ˆÖpè¦ãºk+
ß¿Í'Q›2ÆDî÷R`w(Ù¤3mõ+@ã{,ÄÜÈQz¶º›žŒ¥ö¾´Æ@Ї*EîF©òßÙ "àÞh·V¯Í?ykcÓ5³—fÔÇ…"uÊ^¸UÉÄ;ç¬$v_çŽe* mw÷[—xÆÉ‚d?«À)Í…c_öµnªÃµ¦è%œ¯6 r+­¯òjö¥·áÚ&ã²Q¸°«—ÓUÂÁô=Ûœx)VccvM¡^náù°³7óÅí]Æ<¥bÃ#ñÊ\bÍö< @ãNam`®zú"ÔáG¹üäKÝn¤V!¬3¸­1w~ £0ö~¸ÓôÝŸ2Æ'ëJ!€íꇼU À&lsqauo;&½yŒ£lá¸"ù^ê ç°'̲ÓÕ³Ÿ,˜ƒl[§Ts¦ˆ.'èäÁ¨4ït›ÌÔÖÇ`¿s×`WB˜cä"6Ÿ\­Ûºõ±Ô$Ë$PÔ¢yÈÓ }Ç•øª†¾;"qÿä‡9'uÐÈKŒ¢ØÌô-Ü ÒC#°0= b™_ÀÕW]ö#-ùl+Ï™ôs&ò講ót›mǦȂ;¯Õ¶ïœÁœ0ü¨¬7Ù¥¶¯zé'>ˆS"©" (è3±#~Æ]""ßKt�hY^½¿Ívš¤šw}]ƒez4Ädcƒ¡âìÝÎ]ëÆë…ØDï¼îîÖÐõÒ?„¦êōˆ-M"+Ó8³rÍë?o6P@°=Ë2[ÓëKõÛïZQ'*�²"¡|�Y¯ì7üט¡–PB )šYˆ_²΀z„V4 xú~×kƒˆ)çJú¤ô³-ô‚ð•WZÞdØ8OàØaXßyE'ÓQNZ½©CÙ—98:Sw›3hims!»ùjµèî±#æß@Ø°vƒA×í<EtÜÞ¸èý[úÃ1. ÖZ %¼Øº æAÅËIRüÊ£ƒHX©AÞÓ¦ËG·ÈåÕ2¬ø¸vËAV"ßA:µ}oÂô6Ah«üÍÕžnþêTLDÊM‡´è[qšoý¦•¸I¨ÈˆPò©Es·p±¡²I;ÒN¤†x©ÁŠ^¸ŠOH˹îq!;Q'¡=ÝØÜ­#pHMMç„ŸRF¾Ž�ÝA€þL¤hšúƒÙKÙMxl <FÈ~~
œ7¹&O¦ –6‡esÕ5¶ÑUTbíJ³å:õKßýùýªüÉÇ€¨)y(;dT'¹r¿øMÙQ•¬™RíÎœv>{ï+™xXaU"Ò,ÀcÙ$ˆI„åV"'›N`Ñö'9À—ÌŸßMɧò³¨Ó(˜Èç]íIïä<)ø½¯Ž:&í‚Ô†*$œ-ØâêCt5gdËsÖ©©Å8W~Wu•ƒ´N\ux&lsqauo;õ«~1S|&lsqauo;c;‚Ð1 È—\RZ>b€úb„~‡¯õ›¤9ç;´3svÃCä}›Crr»–.?­p7u„£2ƒœ»<fÿÕî+?p_Ñ‚L¸éA'eð÷ŠOÿ×ؽf vߌo9ÙU8Ég1,1Ø#©…ˆƒ›p¨
0¶ ÆÿóÕÇ[–VNñ'7\&lsqauo;÷ôôÀĶš¾ªvrsÈ»àþ›ÄíÌA™Š@SŠ:&lsqauo;¡¦=N4t©Ê‚v{9×x]3IŠp®>y‰¿3^¡ðãcœ|ªWúÖÕ!ÏwöH,± ÏSøËá7¹¾žât.ݝ[ȁ=ÀT_ë×ómY±³ó,¾¶p8õažè`Ø#²Ú±´ýϵÒÞA8[ïêYÁÿŽîz]¬¬ßoCh1ò;]xa ¥Ú²a£mv {6¸e^ZUu_ËWî‚.#¤çúX­uB¬—&|"tgàåÆRº|[õs¡Ôk/\‡gŸ¤á 4fª¯Øg‚p»›‰t09®EÜp'†s2dC">øTjNq@³áƒ…Œ«ËÄ~ô}t7˺a0hüYíVôCåvuŒvc/µ§L ÓËhæÙºd•Îè†r‚Eåñ˜8]B"d™-@òF¶ÈЕájõOš7
T¬õÇ´ßÎ2ó+í ½÷¢CP`Ú¢­ç})R©ÿÊÅPþÿ7:D›'OD൛p[vc
c%"ôÅL÷Y½°8-îh„Éܐƚùv»È×ÌMê'óev(nšqmx £1t²hßE9-("øÐuLÊR3:ˆÈ¿eÔôjÝ/kÁ Nžñ𵁖H7%
ú@¤dªm£hFΏÓù knxzœáˆjrõfáÝš²Tnl >£ô½©Š"œn6íÈ$×$¶ºŸEúZcõ²¾a¨,‰GA º'"ûQÜyÊG˜¢.󶾳Íá9-Y˜/8nŽ:xæf¯
§·m3#&×3„i©ÁÉ ÚU†oÆ´·rX}r¦» _~mgi÷:25ÙÙ. DCVc2à.xŠ;òØgâÌ,vÔºÑu´ì¼"žëä)©n>H³†æ³81'÷90š—aN¢B
¼ÔþnÍ%©éI¸ù pDrÜë~ʯ\'绎^䩵£PÈ7-Xfiþ¢Ô‰×iˆ=*.ÚùDÙ9åSß ÷Rÿ¾B#qb%'µ—üßcu^NáíŠf;¸V˜Æ:"9jf]á&ÔÈ©š]£Ö×ç9›$Î|Œ¦VŸ'Tž±�¦Žp>Ù†<Öš­Ñ¾ØDðØiMáÑpÅ'ʺ‰V%û&lsqauo;BóüëžóceªD|ýœÏ·¤ÑdjÃñÊçb›š™%iLê8ˆb­²TwzÞƒ'¨Ýt¡ƒÅ8øú¦„Èw¢„ Ýèè#½TîL9s÷{ª#œ®­—ÔP þÄs£UÔĝ­˜<ÍÔ±u2Ôâjúß#0;ĺòÚ¶þÐB:£8.Ômïì` Î 4O'éÕVaW†Ct«Î-E_ Èåµêk§sX,Tƒjà42¤>Vhÿ=«3Lc'Vp˜VYƒúFæ×±¬¿¸fY¬gË_ôSW ;W8j,e€#`[Vy$¼ cf,%Xpä´×|&lsqauo;;±
û‰È=ƒWŽQò"{ÌËeG±íVfEËúA9L]Nùè%·Cx6^+o‚ONäÊÊ–-u Â6IsÎbúÁùØïVìß‡C>5ƒ&lsqauo;Nì½PòŽ×PJO ´ å]fZ¬‚EAÓ­ó‡O£%ÛsRnp=ÐKd$„
ö™‰Îµ{ ß?@"iSç5ϱ½TË–÷zE Í"´pÎ;±KÐý±eNÔõƒEŸÕ†:éï ê–Œ9™•UÁm§'!¾1VN]tYЁ€Í+P…žZcr¿4wÇ€˜Øþ+òTšàA¾2¡@ª¤Î2f»Ý$‰^ñYgÖ¹(„¯wË ²È«‚»Êâu­†ÙÀµ¾ôT'?õ5ËL½¢8gHa/Y~0ÈÐæ•8¤ySÍ-{ Q:¢¥ö@åýQ×qû‚''¥O!1!jÑÚgo^ù#ÙV\ˆÏnuŒf2YULòÚZþF%á™±@ò9k~˜/¥Ÿ]–ˆiRi*Ñ‚e_Ïí„®ME|KsHhë®5ñ›™™½Û
v"G ç^ÎïkY~ã²F¸Bpê‰ÝB %ä#
]™ËÖ'é9óÉ9mõWh1 5̵\c˜'L1ŒÒèª?+rŸñ&lsqauo;gRÓ0S·øËÐ œ‡Ö‚ß,È_"üñÅ"L¼vèá Z)¾G°¤N³¥Û;ÜH&lsqauo;à\&lsqauo;EÅêK —âƒä´Aµ.ËЀ˜Ð«:ÒOƒõ„t£)½in>û|˜kþ© {/Çòø0FK'—²%8!fÜB r¹Ú'‰¬§ïwûhjŠ‰ŠÁ¨ø¥äøh¡´Ï]»K£gªÆq«ÊwŠ Û´æñ,Éÿ¯ÈçµAUõzXTJA)ný¸ë­CÉxå‡ÆøZþ©œÂkœ&Ð
úà d¾è8˜~˜£Ç%FßÜ™Ãxn¸Ò9&lsqauo;Ê5ðéë¹Y#ߟ£þ¨ÉBpi¤u?3XÏ>§\Žžz&X—ЀÑJyA4½ƒ§4ÃtDÆü«;&lsqauo;'­n¼s›ö~jÜJ„ ¨Íép¤÷f
©Ñ0¸ú~Ytû%=9Ó åäƒã0z\þc@óWŒýàîûP «yš·oùˆ¼ÜÞAr#—{òx_4ÜÍß°f8„AuØG(ÊL·—Âfi*@œ×7¶¤AÒlxøÙ‚6¤ò*üðoÝܦ'°¬ÊjaÐ÷Ÿ\ÝÕ£¤Ã#oØLÿ¾æûŠ £…ÕË·ª^&ðò¿þÉØ}EŒ5¨î'°ž
â E$ª†îµ,X$Þh»£P³SËn+'e3
j¿æ¤ëâ~q9|ºÇÂ2öAã¯'¯À/-j
êàÀÕ[µŽ«" Â0Û'áwž;Šùå*¦ìyë]ù3±¯°òî
°)£ Çwʯ;Y—ÏØ̐›ÃŒ2"0°%LM`£Ÿ=´Ð%`É< ,Î;2Çû«Ñc®Ã'þ�r/xé +–N8zܾyŸÊ{«–½ì$PöÓ‚j):ü&lsqauo;"/'؉¡Þ\ú†Qslö;ýòØoI³ÈLõ!è' Ò9X$Eî„ã¹ӝ�¢ˆÃmÞÄIRÁÖ«ô´Ý,k¨ Ö…?ç…‚qX'ÿáwâ1`
ߝK¥×ü.VJ‡|ù­}S$DäȇWR¦ÚÐ«ÁÔ„Ïk´! ·\ºg´@L¥xÌpùŸ³>¥Rà…¾Ò[R¥üßn3âš4¸ôô v—veTÏPN«JÝ>gp'i"aº&lsqauo;ýr¿ìX*NmcÛK¨Q:Áüý"Hsïhµ8Ƈ"oèIrˆr:Se¬Ÿe40pµ?é~à  I‰ïQ¬ÄM"؍ò´Þþœ})E"¼r$t.�™™C'…¡núÖ¤æŸÿ'nˆI;kyíßÓˆ;2¯K ¸XW¹8öÒv›¾B•1ú>tÑ7fJØvz""y`'Q :Ññê} Š‚Õ¸hagK;¾th`/Ë|•²ñéáj¨ˆ3âoϾ Y`î<1¿vR.4û‡Ìüõ*áþ°;†ïeˆpåçpõÓ¶û%Hô´¦ˆGÙ´«aÙ«uË‚"°ëR�¶«ÚN)d³/@½ߝ„@Èr†uôhÖþ¾@›‚›\xkYbۍ O@&žÿî"F% Ÿ~p"Ïißà¡«­!"ÈAÝ#!&š ×±dŽjßrl­€°¶D¨r ²¿¡^y+Öå†Ó‡„ô„ç¸0ˆæò±(ÅâÉP¬£vjdßC]I«%õ"î àbZAžjD>m™ºMŠmõF!É";E4Xg*ÑO!Ð8Ì[‡,JëåÊ0RÎw|PqÍ—ò#½|{.F˜­1`<É"y=íø²¦sdr̆½¡£ ÉZÄw|ø9bõ<¶.ÎÄb¬¦KH¶œÕ„T ER¦à½&/ï.ÅÑhwžù´³CÕêyøÏí±Ø{–<Ð'g瞶GÆë‰ñblå'Q¬ND>ÄßI«ióJˆúYqFÎ €a]íäoênX§ƒ JïU+—'—$ e6Ùë#õN•m͇K‚œš]«±%ºéš5`:§ˆÈx™RxoGC¸…')M;ïs§O±x–È*Kéêxó2G‚‰þÍd› oõ¤¢V%V&ÿ[Ý þ&lsqauo;°j\ ÓD-É]�iþì>ÑJ®°7=E¼ ŒˆhnpçbòÃÃÎp'Û‡®Ï-IA¦l¦?£ùBvDϬiß ³êêöÝñGzQÒà©@ šô¡:J/ï™HG@Rd±Ðž–„[U¦zyuí9S$û®†u}fÇâ¬*0ã FB s|'Êè8|^£ßÉJ%•§fú!¯YÝ)év@ÏÁ6Ÿ ¡ZsÄï€ &lsqauo;kš_XdÜ¢›±…,Ø eè(VG!ã'nŒñ' 9j H,T¢ê"¶ËÊà™Ü+0¦ø Tbà¹6Ä÷¸›‚æ ¹BiÕº¦"†fS~©„ï éÓŒè{«'Z·gïYJ½Ba!üm'ËŸq".3ª4ãb çÃoÉ5y2t£ìϲ5á©ð*ëÖ¦—xìMF…ó¦•
&lsqauo;­Øk�˜ÇªùW £ F:ÒÇÃ6#e— ·XœQýk¯^›º}uwB!4pÿ³+î´ÚޏßVbK=h®rNÁ8™¼®þ§ <SweÑfmõ:rU{¿³u˜ åP!ÿÈþ‰ÿø¼Žk¶À«ƒ
åK>&lsqauo;Ê´Ô–î—DÁÂk¸²ì-"ßÁ+1jê9cp
°•5°)¥¦;t³qPËëЈÍ}œ…`Ö p­&lsqauo;ZƒH†g­ æüàTÉv(±j—‡_bæFz¼g õØg³j)??zÔN§3¡üz'EôÎÛ`}®h—±ƒjŸ–ý{ÀoO+šƒN`î¡(? ´IªvXbâ§V— Î©(ýI¯}ªÕ¿""Ÿ?´îqlèÒbwôXAGÛ§Œ¡‰'®ûY§¨š<<%'´ÔÀÆBpÈ àí#5¥Ir%T܍¥·³4ôJggeúmSî¶|&lsqauo;õ7EËÃÿScJ±ÎÝóóÊ÷\…µ[«O¬£QIþÈJ7Ê ™7o7·3šŸ¨" 0×í{ˆ·®¿(±®1Ä`e¶¸|Ã)šâ
«)ó^Û˜(rŠ2º
÷‡=YK#XPÁ ÍÖ=@¦ÿ[Ϧ»hÖ¸7v;xZ³Wbí¹sÄ°'iâæŽ:Æ%˜R~ΰùŠ9%QOÑEŸÖR+€ÂÐ&lsqauo;Ÿ×N';V$¿Ô,Ôvžb'§]°"<áºcÕ›Qh€ô2•V–à†ÚÚFܺ°Ò%ÝE‰5þN3qû÷MŸÕésŽ6÷–Úê2­^"V°ùæò´ÚÝ™VdåëÒ 7ºÔxC§°Ì¦ïF±™²3ô†- „–<š€ìNßiÞWÆ1Ý56ˆ#i¨œDŽ¥1{ü×Nš»Ñ×¢¨r¡áNôÄ´ØeOgۍۏº6ÔÙ"á@N¯ÂR·é±¤Xa1É5Þ¢m0éãë-UÝ=¬Tˆ ‚=õÍû5NÆ[¬È<^ó|qCù �;2ðØ'('5‡aT&lsqauo;›Øá9÷©1 1bÍ'wê MJ— 8Fkd}HÜ· éTr á­¬£=U'8m‡ª2b£´wtNZ"hú´ÉGpRx4Y'ÙDo‰°^ ÅÅΩ¸¤[;pcùBÚñcƵ=‡ÿ&lsqauo;%<'/þ¨&lsqauo;¹øê!ûzÙ¡5¥¬/Ÿƒ•cì@È\%H'Ÿg»'ÑÍgì$ ò£äÄ«‚È÷א "妯ú?É"JìCönÕª®Ÿ"ÙÚÀãSál5Y[QõƯŠüu©k#gEü÷ß3Ô±U} ÒC
Ëe½ƬihÀ4vxz¿�5Q�Ç(k Hx¾Ý»•Òÿr¦ë½ž Õ„åõ濉wZsR"š žEÓ™¾—ˆ• .Q4ˆý+Ûµå.ò›qÖa}È^¡ï9ªn¹v²°+kb_¾z¿'ˈi_"Ùäÿ[¶ŽÇèÀ‰ÑnÀ‚ýp€Q—v6´£:}Š€Ðó4ç&¥_­®Çl~PûÉ ƒ8 ÿ\ŽÚ8¯p¯Û¤ìœÂÜ2_"™IT¨]°"פyxùª¸ECHy€ñâÌ[q:0ZA´ƒ¸Ú,žòpûMïöÆðËŠ^­>[åö_Tm¸Èjbt …&Úw•£†µ/ú;Þ€ª{l&>—Ò &lsqauo;Ø%É€uÕÑf/%%qˆæWjzÛä¶ìP¬é^++§UhpXƒ+m¡£#†P •Lµ·‚�ï<˜zʸ{ûÁÀ¾ÎºØ$j¦íŠèò܃#ÉÿW¹Í›'ÊdÇV=æjI"õµ±uõ"=G_ab*Gu'ƒîu5ýÐæ¬üÕ<7F靹¡{xꟘÙЉÔŠ‰G\´Ùöê—-Ò€±Ž�g›ÅB«}> "Db?ºf ‰xA»`&sĨ½ ׿gkôêœÇØWOÚ^ëü›0´^ûͱc4pã,Û6™¡ë†)‡j¥gY@wÛÓÐØÑ`ÀæN¶•ÿ'?§ÏÈÆHÖÜHŠ…ûÌsßYÁJ£†ð†éYûS˜¯k¿1Îñh�ënWg—¶üð‰ðmT«÷Žn"XÃÝÓ‡¬%<ː¸ÔyÑB8/t!æüesà6R›ŸÀã£Á™�I> Ã-†bcÓ²¯·g: ÝN,æþW)@ mª›ï3@͐U0à°ò(б
r˜Aå»åi2œ8 f"\a<øQ¶[Ð
P.¢²Ay¢d\[R‰$zlzOù\Y#^—^²Ý²@G½vñõ:͛طÃx÷zSžø¸q읐ýXvùvÊòe•!Å{a¬0ŠÈpÍ&¹|}Ï`Ëù3ȲXg…U) G-OE3Û].oèUŽ.I¤Ë[ØD)±Tßédž©ïØ‚_ý¬D ÕéÞs{ð›Ð\4öê#aF»c[9æܵ@‰Ÿ?‰Ðâd`Ðû°›&lsqauo;W4tFŸ¤ýæä„ҥ®¯�nڝ¤¤}ˆ6âÿè€)ݨÂZ™ �YßžnÞ¤½d`vÆgwy-N24'<wâ)|áM/µ-¼ˆ ËA%H€ð…,J¶nŒ‰aQF}¯» C—Þà.(ª—Ë1-ÂþÁÛs[of]EÔ8©?Û3Œû¢…ùδ~ˆR *õ°ð–²ÀlYŠ„¹—N~®dâ°" …CÍö€é}R�my&lsqauo;6ˆ¯"ʸ¿ø\5÷²-vôÞŸ˜ïuL‰>åͺވ̐šlÍDÌŬ¡I •ËNŽ,éÖ'\2R"b«ƒ¡)¿xK@·pô¹ÿ8`%ß%°#áK8(ljº
½­ØBx—,:¦p¹¦/ßû¿ðÎåGÜ<%%zæ¨{ŒŸŠŽ-±öÑ¡w¹ƒI©ì˜º]Ýî?|ÍØÈk"f'¾ëÛ'á´ý^„ŽmÚɬ(9§ŠmFÉÀË·õ"H·FRZK/š¶'ƒÜö·�Vu˜xÑB¸„ìòóW—ôÖA@^QOQ¬œEltvš˜:u»í»q-é§Æu!É~í­@œBáLoZ=ØÀ7»ê"<<}R,d᪮‰l)®Á¥éoyøAÌMƒýÚocQÛ›ü«Dö>ÿ¥[¹:Oo¤0N¿äÅHrŠL<š¯g*ôo!ö&lsqauo;ìþiî* ôª7—ë{Išj6X…yÓõ/ãè=)Li„¨VËk;[Cwv'™?„LËI‡º—Rfc{Ždré£zŸŠñc°bßh&lsqauo;`˜ØÈ>dIhÙe3x†ÛÂwñ¡JgÂ&î-†‰øMx×Ü}³È •lÙç´L&|êé†{nS‡èúO•;m'×z/‚EiÿpĪOIz+¦Œ~Ô;=Œv©ðvÛøðÐߏ°]\€¸]Åú+ st.ô;ììÄ&3Ü: o"|ä
ÕvÆFK·LIÅq˜pƒr&lsqauo;gÂyó°v|LÌžzâ§Ë­Üóœß"LŠý)Kà ¥Òbœ4½>·7ì@ãÄtê›J¼na(T›•Á8.[ãȳ²Š
éEÃí®  ãìõ (|7/6o˜QÔYÂÍx J"„2êôÐþœ ´tSy±ñÞBÍ¥5ô{#§`×Ѹéy�×]‚ÿ¸²P/) :\(éCÏÂVDa¢'°d kè;ô9®ò$ŒËýŽu¹žêQR²H6AÖ~#�HhñØÍÍ"ªx\ú}ñ{3´Fj"»Á‰ÑžºíÁ\@ê wƒuQU‰ÕàžÒx¹tO%x7™"â¸:E¶ Ò6X'3"1ˆß —s²XÈZl:á¾ànd1fL oA„aøF_à`Í|*Ρž9¥–Jâ¼jÊR;/VmBR Z&lsqauo;óHGÿÇGxçq+l¢ƒ86jpfœ¡NïZkN"+•št+ì²×HΪ¨|ž#?Œ)"J¹(rЙpŠtŠ'öæ¹áä˜D 2„OäA€oÕ\tÍ颜ýÜ4+:rYSz;½^JÛK‰»¸kžð×ÊŠtôN´@¿¢Ø…avª€eh¹®ŸiYÅ µ$¼ì—¶r+~ZðÛQ£fñPemæ
ô&lsqauo;Èí`0Lçé» ½ÁÂËaóüî?užAa¸) ·c-ƒQGvWùÅv¨übiÕ]R/Ø·ý¢xÛÃÄ:¹/LXW/£ã[V žF?̍I'¸ùþ°å¾3ërÖ²xŸ*@¡T¦›œt*À™"ø@è!ðÉeM,cPŽ}rk"Í¥t×érëgXt‰E÷ñO‚ã½ã½µºöÞ"rHNAÂ;6ëžo…~ùÚz[ÿJøb¥Aß bWWâû¹ú>*ŽÿÂ
 G©Í‡à&®'àÔGoUgAArQü³{‚ ³›"—2@£/癜Кg¬¡Ô™™Ô=è,°_ò—Y¸³ï$Ô¶¼}¢áQÿç«jn4ÌQ"ÏNQó"ÅÈM°g›1îëžÝ¥U%6–¦ "ëÀúÌ'!R¯¯×â7?ºk†y
P‡»ÑË£Ù©îåB<p³Û¢ºGH®'!bë_`rØMðÐ}ÜÉÀnTRø»Bþœ×B-wÅ-wÅ€³È"<ˆþNã¨ûòØ×–•¼),Õ½2ÒuᎫ0[Ä+ÿ¾m §;£Qžõ+}\y(Ľ½ÈùG&lsqauo;Ë`à2m[l†ºº†ˆéuûÁ}aÚy³ü­»ÊgV#5ýc®ák|…†¬ÊXûØ(µúŽ'FžT¿iªb"]ïóKÆÁ<(Lü'ïÛß�"ª€ÿØå}n0ª&ÕXf qv"7dùj'‚ûï!Ó³\ؾá¥è‰ä!AŠ!l³Éݍ‚i27xÒz'¹gL‰ÆÇ`ç
0[`‚>ÿëcòJÇ\ŒÞ`b)&„&OtF�rlº•ÍØÒ&lsqauo;0ê0¶ßºwÙbN'öX6V¾"Ðþ±ÏŽ|¢�¡Ø<pJ«øÊYŒIu_¸¿9'_]´š=å9¢M­8¯p‚©ukù†ŽF„@@N[…ŒòŸÇG—rî`l»Zü÷{ry_yÖIŒÏç¨'÷þ'SD„ÁaåeÈ…_F(ïÞZ&؃eíÂHáío?ˆ¬G/££hu..ÈÑ],à˜R 2 Ì· êsÚ´ªûÿÔ5a4Û%c}+ŽWÜ´èʽ"ˆÖ}•Ú/ÝŠ¯s>bÅYŠa©V––È»˜_}¯•Œ*EßOŸü¦£dèëã �f¿9¥ó¿Aÿì,WjÄtŒ|!w½ÞåJ VÜÄȐq4Å\ÌÙBã>¸$á´—ŠÂ"uYñøû;áÓ¬'çÿŠÔeœC3b&ë.[ñ{UatF.œ bHõ]qNœàlX$qûã®ßEkgÉùk)|ˆÈ Uª`øti²×`e2FºJÈNÌ™ì»xýƒ0áÝ€äÑ£Ek‰^GëPÎ
DwUJð€:9h1ÿÓ à¯1ÓR˜Ôjõ$'BÓJ¹ˆe)>Ú—ûü¿!õÙ-«F–¸·–ͦJ !´ÝUÊò~/Xý®&u€®ãê߶LeÅ}´ÏT¥ ô·àÏ"4¦@è㯧HZšï¾6ù|Û¿@J·_Óÿ{´½â¥ÿ¡Ýœ<kÉQÈš@AGD 1h3׃äTn†šŠ,š°ÐFb?ó: l\®¤ÔÁ„ùþÜ¿3ic75°Ž!Ii�:öpá&ÿsurÛZŸYoÊXez:óÃ1…i;+¥&Ü6Pš‚ìop‚;´É¥Š"~É"—Z|@ÙIÜíòªÎ‡åà<…ó˜D¶qœJ$¸uD¥f€ÒB¦GYih˜ÊŹuc:ßăˆ 3Ê}æŽUfkÜg!á#"b²û5üF&Pw Ý€Ž„ÿj«­÷iRwq¯ùí(¨‚3Go3ÊJDã´O¤‰h±+žJÎrQÅƸ –,Œc·ITÅɼ'{kLsØ­Î@¬SÕŠ-{e&4b‰¦H™â«ö\ª¡™Oáç] µ!Û_þe4醰2Köºù.d1d€ÙM€T§"3 zé×[&üŠýiÞ†o«íH¥—M1ôà(Ò (ì¿b&¶0 Æþù°gž'înß|¹7¤&lsqauo;š
ÇÎZ‚^Daíæ¾EÓ'ú[êC„ŠP÷àˆ�4!"è›õØb¬VÔC"v—"™®[w˜àØlL|ºAþy%þŸ8zh]…°'Dhh^öSIÍ5±XqêfžÝE£[é18ÑÆÙÝ|•z7õ6PÞr%v'}€æå­`µH«�¦ÄDpãD˜
vkm
£™Á XdCì-O@ÕϹû„Aaª�¡†Ü 9|@|¿ü…"Êèðžh yGXsU–«àp±Å›™ç¸D‡y7…|¼Y[ŝ|çÆ'Ò#V|ÅÀnˆ}ì+±$ª1K:Y]}ªœ_ËOWt8µylDçí Ùk²¹Ìµ§»RŽÝÏ@Ɇ$ùR¡üòve�:,ÔæÊáTZ%ýæç|Áo÷õ‚ìm¥ — óÍÔùHÎ'\¿CÂI––׏éÓ÷劭MºTæjãWÑ"Vëªåp‡ViåÏãÀçÜKT¿FYL9IŠRä›k[ŠS‡A ªÊVõrÅ·sEÍ „ßÓ¢:øÌ÷~KÀ8µìØ›ÛEYíÉbë=9ÖyR¬·×"Âå̳Sfùù6Ǭæ´^I*l×hý›°¢ô—' ÿñP±ˆ>© Y`T}â.uMž+v>ˆŸVrïýãþ…€zi›µŸZ…náLúwÖ ͇ c­Þ8Åàí4Š*®kk‰Ûpƒ*YìåZ¨Pcp­
§Ïñ…Wú2À/d°-¬CÒü|o:$,ѹ—‡‚wF®|�UŠñÔ¾ZÁvÿû a?Æù³5F2WŽ}žÞtøæ¡`Tíš3:5^áÇ1 @ÝïHΏl‚) Hø"Ú *MJÌ¡ÃλQÁÂ&yþ·³x#C…£$¥`÷•­ŠáælQ UÉÔ©2N½Üö`ëÖi挅¤"ZÆR´TGÂE£øaН§ƒk'tÒÿRI"ÿhUÊ)"BëLŸ³…)Â-RÑúV¤¸ù·ì/<ý†Ázs˜¼´Pw0Xü´Òõö\ž Âïñ9C7¥ZbÿW²4ÝBÝÏÑü�£âA¡µTØjHÄYÐ0'@ÆìwT8Ù>7.»ç
â="ûJLãSq'H#Æ‚ïA9µáÉ·Ž½ÙM%s'i4–¾I›f¶Fð!¹¦gÓÄËø'+©uÆ„ "Àã@/ÕTcŸ´Ç~&ô®?Ýå¢Öh+F%Å™5ù&lsqauo;Ñ­�Å$rÔj‚ïÓê<O<㤣bþ¡›¢¡ÀWMÙGqÈõTÂÇuâ¾NãÈ•Å7¹Kñx®þÇa­ ˜¾x…ùcÄ $Õ%¼±çP™éxxþ|—'ð›�Å3<"³m<‡ôÓº·vÑ7ï.¡ü@µ¨©ë2ºBÇmó±‰�i[Jõ_h¥ÌvuÝO»`z©0Æü}p¾‚Ç—îl'ÆD}}Ò`lß—J#'¦átØϘÉП£ÜdÙèƒ~´âWYu|§e6>\Ø­ÅöXK"zAûéï»æ¼è²'d Ú¼FN  (ÑtïJºoÉFÌºŠ1£3ä@ëó™þd'µD´»µoÄøñ—2mbKVlT7‡×'™RrÚ/Tš™Émõ 7R¶LÊBÜ¡V(ÙÂ?> \þY,]AwX.ÌÝžP:Ç¡cÎôS5'ÈëÜ0&ä„QÛØÇ[Š¸³1´66×RÅÒ÷g<Ž {¶¹3Rò8=3ØÆ×ȾR@§)�:‚v$íþ2ÞÇã÷­ºß@#ã¸aƒÕ/·hg`UŠüùbù/êž«%j†Cý¹ŠâóDZ %?#¥·ØÓÐY <%Í(‡J{Û‡Rx-
-xŸ—7Êô>X*røú‚B¤dÔ«Å×%®(ȦV`ø!ݨÄ2`Ú® €ÁUm"Ï"a"¾:¬âL…_OÎ\2~³A[¼¡¨ýUˆò{'»*>¼€"q¶q†g�K•¨X¦"Ì°Ñëì8É3£ÍÍÓZÝåbE£aMÆcïw…#c£Ö´äXÏòEsèGY7EHE°ˆ§q|íîvü§på]&lsqauo;3ƒóJq£Ì†"ȱ™"T=¤‡fÄ×*£c õ\·C—:¾Ò@AZCg³9í?à…šŒxž" ѺãÅoŸŠ&lsqauo;ãöŽ}Ë×Êtb×ËfÞì¹"vê
.á¼"4œÛae~ú7Óx¿yì\m(×äÎÁ¹YÅå³g8÷ÓPò‰XŠC§fPÙx …BÓ"Ì%¾{Û#èHPúXä.÷PVo"F–ÜÄSîpwç;(_a.d{ àO1 Ÿ:esÂ&Mcj÷�ð§×Þ0hÀ݄âácÕöÛa"Ãç7‚ǽ²&Ô¬âZZì¼&lsqauo;
Î,„kpå/æCP‰)"ü�ëOžÃÈN§^ã[ ª¡&lsqauo;fþ¿øc¤|Î"Ž¥%ܶ:ÁZnã«Ã"Ô€æáƒÐË„®_øyÚà­ ƒhÊ1Òo5ž+Ô ›9±ã¨•ÙSj(Ë~ƒX[÷îÙMÎáŸHhå[›;12øTË9&lsqauo;Ò3ß~;ºÕ0Õ¤—ÐÀÎV9z3Ù%Þ�ܧŠ4Î)ƒ«Z³H >�yz(­Ooòþí†ÜÊ5;'¤êeãRxvëDîî±\¢sC‚Mzе'0³%å<,$ç'MNòN´±#îøØ)zΫfôö‡´ªù"}Ò+sŽs
å$QÈéû dàwcñ¥lŸÙH.¦¨<ú€w¢ˆ™çÀ̺ØÖƒ…4z8ÔÈQÇ–üíâ&lsqauo;_Kµ6ÔóÑÍûÝ&¦é#Øa˜MɳHÄC6 wÏ}±@uyÊ÷v'ß-ªáìF~j<·œãšS ¦¢ì#4"ު찮ž!Î2•ÖöŠ ×ï‚E<d»­›Ð¦õ‚Är)^ç¥äú)ˆ¾rˆ�9¬yh+÷{«�"}UØ'5Íu *³â—Æ$fEÑ-N@>mœ;ë8Ÿ#$†Ó4‚_RD›f2)ãÎáÉ›Õw„¤€x€ãð +{é€ýìŽcã%Yó&lsqauo;t`*¸�gQz#þØÞÊ2¥dONÇ,Æ»¦)ݎĵ¢£o-±™Ù;™Ç±Ã¹ÎE,–*üùþu „NÁ¶ ÕåÒNìnà¹;8 ÀåRùýÊ°+TgBX‚e…+‰¦Jà ºjß÷}tQÍðZÈõºÅé˜:T÷Qz´wÔ4<EA)TFï·]6ÊŠŒ¨ ¹ì©Úéh!"62E§E.ˆßÒ9Iº¬*Ô½¿¶ Àßb²Re¹vÝ#?_§©-^gê72Œ–1oô±Lþ"rŒãMºËOn´žŠÿËZ/iÐ1lR(Ø0s{ߌw;ð$'Š¾�ä&lsqauo;Ú½^Ù
n1ùtg…?–5/Jl¼$¹òwwOcÒ vwÙ¥&lsqauo;ë±ñIÖö¬•ú¶¦ê1ÔÖ&M–·wÆ,E­é˜ýÒ)âZ—Ýe†6¤ÜU~I°Íæ§hM?…kŒ9˜ð}»íw)¢[µiê,±]Hb8õl8¥Ê=WN¶3Ÿ*w;0‰ê×Q±¯$õêVi5—¤A AÄ[(´ÇçxÌj)†Ÿ¢7„Ž�‰ÉÆÖʼn&lsqauo;!=T±¯�a)O± œWp­ŸE—Z„WÔ€b¾n­ú…¹]Ó¶ÅG¿(£ö§›%bW)sO£×ÏJ)};€NµŒ7Ñ7€©Ÿ÷Ó{qÀcÑs<ÝòÆümçVS¹r‡Îô¨„rFÛ¨g}&lsqauo;kÅh(î• GRFØ/ò…øãøž±ÊiÇ‚J©¹ Î0IšAž¦•==u*¾í™ñªÓ·ª $ÕÔ€Ëà?é¶ ê¸Ç'GKÌñ^ö²ã·A&Ó­ä¢$ÒÿÙª•®>ÕÕ[×õkôb¦!ØÝ ?ÿ¢/Û@9a
ÊhNp—EÕž¬ßdH€ÃS|z™À¸Jh°QJ4{>5–Þ_õJùNk4änàJ[a5~@5L'á•Hý µCwª¸]ÿø•4^Úê2æã¾ 8¬eÑWÀXQ^±Ã óÏîì}n"?Ôz'ßž2tÀZN¢ñmß;#ÒY–dqPÔÀ(ʶ4ÑnS–'î[ùÙËáāæ-"¨Ó®/1–ƒf©×'Ð~q<\}ëë¶ûÝ^/A-ÀŽG÷¢„^L±í‰7v…@€w4!ԏâ½xK»9ùœõDÏêÕ-§£Ò<uþ>¦X|Ðr>ÎG&lsqauo;],¿CÍ' ¡¸~
&lsqauo;'n> Ÿ X¯éZTE¾ù Æþd<²3_"œãs¾GKÙSAìJÏÏçÖ•Ã.DZýéê.ÞûФÒ¥Œû ôø+,¢puó³ål—u6àÍò£ñ Ø¡VFu•âÃ"µÉ;Hò¹ ˜qÓuWP>sð}TÖ@ÑRN5pÎh‚œ7Žiû"qëÉFÀ<‰¹'Nô0¤™æÍãÒg|‡¨WF†`Ê8L¶}¿)ú·'j5„l€äÈè_Á_ëBv{ªÞç•6û$¥³±1w¢¥Ð–¢/oiÎàØ]q‰§µÌ£yHôŽ|&lsqauo;ÔVð'-¦«CX`\ºã¶Úuâï¿C~&lsqauo;`³6¾¾* úÕÒI]¢ÇðSÌÛ¯Q'ýøš%.«ü(±9矡ÇÒý!gà!ÙÃE³ïXMö gÑ-'Õ—mÜîçxÉ~>&lsqauo;Mðx®ª+fÄ›…M¾=":µ—ÕNõ{:Tly1×öô'~ÍÒG«šL¼K®.öðÁR2ôÚMƒ˜G[Ô/7:Þx—.tÚ0ëeb'Õ™¾1˜ä³ØåŸÁ(·P:FBO¢×˜zÔÇÿÕäÃ3…zHx¸ße+©¡LL'%› #À+ή2 îBù19Á€­$ҍg8Îó¤j1'ANe‚l\äs"�~׍ÉGI)®ƒcø¹øx_…ÌIŠ-Uۍ¾êYV-@àÔ§'R€'W¨kÙ,M&IÿU¢i€:å'+W½bS+V6¿í)—*àRø"^mÙžß"…*XÀõ"ŽÙ,‰úïÈ]ííN–¦ÍB„w@) ¶*Á¶˜uqì´&lsqauo;•­´Z\ïÚ€YÊ(ÄË �ÓI°ôïŠø4–0 [íKá=3 ›5·Á–SIŨ¨3G¥,Ì-wÉ¡†»2GÜ>Ë4ç©E±‰ùË°ŽÓyL%û"ïس¸7íyäšH?9ã†dbÌ%Š]! ûj&lsqauo;ú¦
„Áú$h,rOÛáwßúFG *zÒr£N„¡pEúx߁ þ-ü_É;œrdE+
ÇN—³!²,±ÇŸ²˜Öýœ©Ç-bonçð\=£šhg1–­Sž_±Ù'Û©~W#¾ëEã=¡lõ O"5àלàÆyú«Ú‰˜ð6 çàËÐÿÿ—{>Å[@—³Í½ÔkÊ>S¸Y±¸ühÍH·H±_èl¿ˆâ"¦ŽxÞï°I3®ÎÕŠØg!Ĭ#=¯³CI>>W¢áÄâó‡à–‰kT8À™3¬Itgõ¡ . uŠV>g;*_o|^I'z4wÉò…a¼8k{9ê¾Ë#ÎTè¢_K+Œ�p]òIçñÈÊ·PéW jÙ8· %º·jˆ Ô'",¤J÷CR©f#ðFßÈt&c5}»Y+>
&Ý=Z–‡õ.âèÖ›Y%'"ëW[\§K·Í'hN(ES¬£­«žÀÀ屟Œ‡|J¡YTÖ"R2`·¤(Ñ5$µÑ¯…æÅnjPÐÄ MRˆyÚTá:ׂÙ9£ÀŸC¯ôén1°ÐÕ\}Ìè÷™ø%:}‚•|3Úiõ ½¼ŸÏ6>O-Jmó:
£'ý…êiát»-̪×P¬éïƬ&lsqauo;gÏzq/¤~µ°„ÒÔÎõöÅd÷~?éغRN%Åà^`,e\=þœ'W°ã'ØówB,oÍ4éCLGGßÓî$¦XhþZ³SXË){Iõ3bdèiõÄÃCÉp¢dXlÝÿ;Ì?$ž
¦`Ùž+nÏ4¹›¢@‚´´ÑîÖ¿ÒA¥»¥ËÑ"†ÛPÝiázܬMA0ZŠ‚Úwþk6÷‡ÑÛ/˜¾uæÁŽƒò6Å_š‡¨¹žÚ—ظy¸¬œA~ÑnÒ¯ v^&lsqauo;‰©©¡æ½DP?–jý‡;4¸›¾Âê\`·Gt;L 7Û¿nuºü™É3˜Õ/ÐÚ±;ߣ{V8ˆ²üÁëƯ1ø*ör3Of8¶ $Å)ZD½óø<Gû!ErG›ÌûÈï±&.å*E†nèR/ýrÙ<h>‚á'µä@³p™øÒ‡söù;wnÿ­{¸ UduÙþ_ù˜XvgïàoýÃ%7mÕ´0•¿®‰f'O‚¾!pû»èB—D¾¬+æ³R®á'`"}¦ Uêº3ŠÓ®RŽùï±}5÷Xáöh'JRZK?î5'¥G=k¬dƒNKØi!ՊîÁîP㟠Ñeìð—w&54®�ÊiìEoLŸ»O™;t†úÕ EÖY'äó´ RßMŠs%('¿ÆªkšO¾£êîÕ€ÇAãòkV|Î>‡t²‚øé k"ïžÐ½ƒØ¹ƒ$5»5e
÷äžÀ¥¡Ãa}7ø-Ø1˜«ÆœõäIŽ鹦%¶�Fª"þk1ïùƒ4èì;LÂœ$ôôŽBð+8‡ ÞC²3Çn$3Íõ)§šƒIQržŽe¬;,öÐäóå;CiA5%ۍ%Ç~i.Eœ¾(Àû¡° Û6¯³—pMô¤šX£"Ú'fe¬ä9 DG¡Ô<?—ÄKí¥I¸H±ÃªQªó™Š>à'Hö~m3bèÖé¹&‰—¨ ».‚ýáu»aƒ"Í0sÇÚÄ!è°,ì¼2e7U£H¦æø@ü›~àRfþ³î4v+ˆú¿ÜŒ6Hnz1í­œÁ§ aÄ~ ߸±Ëz³^ñ†ŠüÀ^î³!æÅ…;+ömÙ6"úÂ*"ç°úx<³#" „Ê%I|3iÏ6H€Õƒ]˜KérXÚPNJ6²ÙÆÒúZ_¬fïëQIðø"òo&䍞9Ûò/ «uØJ"gmWã´õ˜¬¶Æ­]kG:k Œ0EÅ‚äˆîNœ(½m"»&lsqauo;¦I&M­_týSd¿tP4¸ßb‰1£LH¤i+£ö¿€uN;ï(óßÙ �pU=่àðCjÄDÕÆ`púx²1=%U€Ú»èïÚÊDlÃO°ê2ý-šÈiÞ#tYt€Öxíåòuêà‡CPºÃ½?,ʦn„&lsqauo;~¦¬$Ó {— Ö‡äwkŸ˜ú$Yä›:jS´È[¼]„9í"kNêÙ²¬´D·íe„"¿þ¤GÒ©+Y‡éSdÑ*ܘq"du3F?±62?ÌÝx"v)ˆmðEܸ]V-ƒ#èßbÇŽ}àðÔ_)~8N±i¢TpÖŒj_êY_¦¹ŒÚ�ǹZTuÃѽ"íB$ÊýáŽÔ~§Ýƒ6ÇWµ>ÌkˆÎëôJÉl²k±kcRµÃ ×DK4ù¬=pé Ú£\å`Ó4ÌÚ¾‰£{^ÓÕæõOK`€Èööëê]¾*êñX°y ¥  5–À7»ƒ;  £špÑ2?,µøµ™§g]WÙ:0.€¿úh`¡Š¥¯IGE¢XY%­"CCìg›nöW_PšÜòizjì—ÂKùäü\úi@DêJ^NÀðÕ'£õB4×4¾u̾@"Á£û®ˆùÔ"Yˆ\Xxî.סa|âjdgËî/PlnbB‡Un®¶* %Šy"4_ûÌüGta2ŒÌø¤8å7á?ßcZj(¡ú( ÃœyHŸÔv…¸If¡`®VöÖe·xój="Rð¼}ö1´eL1þ,ú¹›‚p´šIÿ9®BŠÓ¾KêOÇFY–ÅëÉOÕžø!dƒ ãq&lsqauo;ŝÕwF†2?˜«·Ò8JQzþµ%1+sDDáfÀ_!sª4ÒôÖR!#‚çgIœâ‚¡Å®ùêàµW–»6R0¹_ßß|ÃÄ©ºÉBÀD;"Wå;#Púº÷«Šå¼5vmN.)òY]¸Ä'lG-ÎÑ›UC*Š ¸t÷S~c¢T3*ô-N,±"¿Ý‚ &'w…´(…AzxÓ„>_opÚvXíz(¬€†8¨¡sÚ@°'ɃËñ°CâšÖÖ"ÅäïN~GÜ£ãŠwyöt8ƒÓ´IzQÊ„ƒ0£ýµi®"µ"ïWçFçþxMî㧶N]s£É¦úƒX͈"Ÿá£çwô­w¿Só…ˆ~þ˜œkŠ0Œ©¶ PÏC`ØÂCQÄgL挍„—¥�¿„Ô‡ÝByJrñfËoˆ"9p I|ò|Ër´p~"=ú™Ö'Ä󌼃Q¿€á4 +ÛŸBü¤#Û¤}fè}1¬Ñ2qw Û¢«QÈ¢ôõâ#2Œθv Ÿ)[Ì'E=HÓŸ³ÈOT&ßØ!Ûj€G[º�ŒRô²ìì@Dg¿NûýX¼ö…>™Ž?R³åPFnx1³j›»À½!ošì°´öGЮ–T|[(ùôx
Øu:ùËz$ç[É•#u�ÖZÄ€ÓŽ Z€Øú´h^ÊÊ®0r°·þAµ<òx b…˜·Øp‡Y¤'d‚ aïrŸsñ~ßjL™Èq]¨›úÙ5$µfÄ_–~¶‚³òÖS+‚µ›Y2ãšLk ÌnÎ`¥«Ó'Äç…´½jû¬ŒiÀþ˜>Í÷êæñ¿kœÌ{îعl³C³ßE+‚mf„#@8Ó/§·}óäëî—MÓÁ3u¡¿=RfÚþnÄÇ3gŒ¤2÷p"àŒLíf-<Ž–Ť׹̊Îók'Y™'  jÞºùσLÚÇÆÔß'Pˆ=ߊ#8ñóŽ«¡…:<Ƥ#µÝnNA¥Ö‡<¹,r5l¿Yh«ET�CÆe2€«˜ýÞ­ùé$ :Fx#|.s]lÑt÷¤fäªS/-î·®óV¦Æ%mÓÓdeeŠz('ûiwRnë
Ï(K ýH–ù ë~ýkÔž¤$N"X%6OÃ&ïqèù‚oAXÜÍ÷0Z!•ZS9®UM¬ Ù ›­¶‚ ÷OqœqºV¥Æ„OÑ!Èß9‰Òl/&džô wŠº&P¹¥mà©Vm¾èVˆQÀ]#ù^puüO@ÑXDÓ|ô,Ž5ð04ì¢[£Eº3'´båé2…uçyi«´ûOw*D2o%´ž²àŸ«>‡rUÏ׆Þm¡ŽjŸ~܍ضç¨F²ÖžÿÛ›^ıcKÂI^±5s ¨=ÿgŽX©LÒ2¦öŽØµõ¹G'4¾ {ã¾áµz.E|pÇ>yC›-Äïr}Dú(¿2z#äg&lsqauo;-šÍéÝ­™$y€ËI=Èû{x Ñ´9ì9™?ìâfiÞ'2ªØöZ ÑŽõÐãÅ3ýJãlk¥ Üàÿ~Ð•LĤ?Ïa¢óÓ9ÇÜNQ"•-&ëþ³í;‰Â¨¢#ý8Ô>{e UñUÕùc‡g¦uY—ÒÅT"fÂAv�Ž€ÈÕÛÅå¸è¹z(A˜ ê•èwïuW´õ‡ŸJ£ý„�ɾÝxƒ>j¦EíÔd)ª9›ï©7zúb.üÉmõ†?RÇkk*žL,šazJÙ:ân¯mCïˆs¹WìÁ95eˆëýC÷5aÅÀ½Bà±ebNa`¹øЮÌ£ÒçÎ(xb&lsqauo;лOqd]¤Š Ⴄs ™¯XWaý «ÚÂ'ÕJþŒ²ÀuŠ¶C;7ö´.‡›Œ."âzi4\ц´òH±XïF"`êÔ V¬IW•¥º¨"Ãý j—°ôb`´àº¡›;"óûKè1éˆM/ï?%ö‰ž ¿r½ªºÊÿvç9"˜*É•é\7#xE–u0ÑïºâÊ»#bD Ú£"Bvlö=Ûx9Ïo‚ÎŽ{ìŽÄå«ïüf¯GˆUÙ(Pb¹QH´º„áÁ^ÉdDþ9çm•áêd×gñºüZž³è—â ú}š'eï–ñ\òÆñ£Çö{‚yG8žécÐ"0n¨EKî`«™l¢žP?.'œª1Éðé]ÃÚñB™o¢;öf&lsqauo;Vc:„$_Ö"}£ô
ë8SÞzõmɵª!'œIøéƒ2�©×o¢"~cuünÎ#\oNwÏ@ÿ}ãñêδÄÄëvP«÷¬VçÍÅ`'¡©™-aäèõïÇ‚Óúsšý;dicÎW{Á³¿`¦8Í£;°"—MPø¥â4éE.ü[;¢²}FäÉx!:»«p„z´ÆSÈÐ�®X 39"TKJP Ñ©.#™ËÝã´˜™Î†¾Šçÿ°Ö);:¿7¢sc­›6ÐFù'"c`–öVÏv™EÍú°&lsqauo;ÃŽßòt1f>( êI5n´è¿ÄtÖðX8aVÎcõ"äW*mzkIþ#Â|½ÍсÄõéQ¡dà1õPGýÏÁÊÜ綥´Ëžž"0ïrµþôÉPƤœøæJTBžÿñ2YŸXÈÔµí7UËÛ:©u¼,Šj3Ä=1D?aÚÛ¤'½s™~iУËÁo;mñÁC¬ZVye£kêFM~Ç
ÏÕ_©)` Zþ§ü¹ƒë„ƒº ü Ô ‡ÔŸ‰eJz ÿÙxÇåÒŸÈVíohî¢f»©~´¸8›ò(º¢&lsqauo;æ­™vAÈ–}™V4¸˜ª Í;Žèž3 Ó2få™ Ž9ŸÃ4…0(ÊÍ ÐBƒbMãTÛW:8À ‡.½úցò9LÛË0¨³¤o^|U9>´ƒ¤u8#§Fü[…«(ûgÎ(f€B!ÓAS3|b‚CŒIH²ç$øcSÆbÐë3³{uXou ôô"|Q"î§ÞwëFß¡à¬&
‚C1Q xdâ3ȧ†{·|"9ü·×*âdӐ¼$¡TFEVÓŘ|vsžÃÌq¢è›:í;pè?ißàiy,âöuÉ%d 6c›^ÓrÏfÓ?u 09õ G­$ëÃ*CÍåˆÆé&lsqauo;è'\¶57}ªëOi¤ýª1çüY˜ƒe!pvyðâCmr&ÒÁZÜ jwŠò&lsqauo;â>þ
okÓXÐX€¹'H5uÀ'¸"UCæ9Å9"-xh!¿ã>ú…àÆÌ8n<ÿRûù9nÍ8wD ÷†o˜mPŸ1Ö*ƒåʝl¬.»;Û uZ…CÊïödvæMB5c«pÑrHÛýf@œýM7ß«MV2–³ê}TtÚHÜåÀ+,Š"Ñ @³qê®`•eáJÁ—Ŭo÷&lsqauo;~^þÉny2Ê!*ÈM¸G"³ûg4NèÝH§Z�«:­Sσïͦé!"'õ/Ñ©öù¥¶†ÁJ¼ÖÜév…,0|ƒÌcԃ؄&lsqauo;S¯)^úaU±éE‡<AB0š‰Âc ¥ CX=%G: M7Þ/J± '~j)¶Â,Q(%‰í„à@»#~ŽExMFR=µùBÿÒäa&[c@·i„žò"Èax5 'ÂÑšÕ³Û(&lsqauo;÷W˜çD==üN8×€qÔö¶,&ת×å2!ÏÓT±¹‰Yh¡ùÁ¢ÒŠ:îŸÃg ¼K÷°*›úŽ'%^Ö×€bXge}IIî@ýÙ/&Y2'›¬ïgî!paƒ ßÛµ„Ô"S³Ï¥+X·øaº(u?¬k¡¤ûœx„|òûaM,loß,sÑ+áºQEC—1~P^Åæžô=_ªy'øR¹Öd0Ý8°c˜4·'É•Åú Ä=y‡`Ôzƒ=FsêF¦'·ekFb¼DGsQ¡;WÝØ–‚À¢ÍØ«®¾›7-)գۏ¿„œ˜Ö+È-HÍIìu…d—nðU´Ä¥ìBµÁé±C¥A§üø(‡Ä—ú(|¬2ÃçTJüaž¦:§ÅWéšÅçI„&ø¤CF/›~pþY]ñ÷*ösõ«âp¨æ1ŒV&®LS=v¼g{ú¯ÌG§cs äœ9¥/ÿ£b Z&$Ð"K5 SoÖE£PfÇßRÿ3·náív­pÕ9¡ý-ÊþßZ`Hì†<[õ‡íQ˜¹ü­Ð;?çñF‚
¦Ù\¼+9â£rÃé¡ûz<íþê
Q²E'¬n>¢ "ÌÎC8¢Ë܃t Ñ6³3¡@×5¯«'(uêjÁX†Ô}\çŒ0h˜êPÉk¿<j
{)ÊMg•ð¤¸¢žã@8IäTwcX'�ÞÉ´XÇxËŸ]ì¥^Hë›í-Öñ×t=W²ñO•½U&ò~•¤ª¨sR³îÑ5Áo=3O{!³KíyÁЬÏ-ê?üïtW¾j^¢ÒŠÉú'½7%~z­|—ÊÉ_»w–°Ÿ-T†Tèë<RR© õzuÝŸµúézý^‰¯SŽ"Jê"Þ>°&�Ôyr4²íuXÆò&uzPxüI°)šûT ôÝ=ˆVÔún([?—vþ#„R a?L"qy~£ê<´ŒÄKDöõc"±Ï¹Î&lsqauo;7NÚǍo=ÆN3Ú(~bŠ0}ƒ„ͳΨ¶,'«ÂÓX[ÆÜó—w\Á8š?' œ#Ð*ÝL"pk®²ÌMKihÜëçĵW<92+¸g.�ÂG°Wö~‚½d»œÅ"!¥.ÒÞ&Ø<è0Häã4Ä"·¿NõÎÑW^Úénã…B"¥Óô6cÿ¯V0§ ÚZ»'b¹‡U—õÀ¤Vˆ?Ž-`F=çi¾oê‰A-¶béߏwûƒ·‚d"·9K¡ó½':u[JL‰'ª¯z•x´í¾'˜Óuz}ÿ�tu@ý¿Nô"W{'ЯzŒÌ]½Ø$‚ˆÁôêܺ¬¢ÄU× :Œ˜Vmƃ؛²•"ÃÆ"Þg:[í!qjU\ôÅý>‡CešæŠE«�â¶1Ä®wæÜÑø0D)y`²cfnâm¨ˆLC°5êœwÖ\Ër¡Œ*–²öpüÔÙµB ÀrÅÍ9Û2£¿uE©Ó·usÒP_‚Ì" èv´Bn¸Ýd!¹„æ–_¿®K.MÁõÍÃYáGqCR"IIÒÌâ×çŸòË:Fv=€½ý}²""´'NÀ`ýs¼Ì»Gm'!b/#¦Š› Ã&lsqauo;B™ªAO«xUZÈB\™«ó÷ M‡'i4¾ŨÁmwÿD÷µ‡ÎnÖ!tu/*¡@@¥?ä5ð´rk™æ$îGrsYOÓñªÖŠRNÃ+'~äqÆ"cÍ–îvg=€ù;j2lx\{(ãñÙž@»ˆ·›õ"zKú6>aNVôÕ½qÔvôKÍRËY3>þaæÊ?‚†{Æå‚®•àÃþ@‰1Í¬[‡Ús¨Å/:ø ÷6k¡Mþ²œÃ³)PRÙäsåpFr8['¨9Z´í�…Eù YvÑå(TŽCŠ¿uÂE­ ÷•2­QŒJ@�"¾„0ª>„ Y±/RÒφÙ.*,Ý'EÞEÎèÐÛ·Éþi§ˆ^3\ûñe'Þí@/gáºÐoÉló8êY}0ìQ.ˤ}3ñm[P)†ZlÖ.=Ÿ'OTó=DéìÏž&*6¡^â¶wuÃïÀbÁ*oïso£KsÊ/‰KAi[ÄÒaxPßœ"aAipâ\ùVòƒ;›¨ñB¨' 8,':þ‡ê¥QÌ ƒøÚn‚É8Œ±ÃëžyûO¬ù»ÌGM=ˆÒâæ?;aVHlüÒÔüZl&lsqauo;u嬪§¡¯LðF±«G«Æb>kÀH1Q~ÂÊKòC&lsqauo;‡^ ¶)º÷oøKþfå„Ÿ±£]°ï‚Ãuà*àè¿w¿UÅ! ´ÌŒí·Œe&lsqauo;™®"MÜŒÑE®F„é+Ïψ¹.Ø ±!»Û fÖ Y8ÊÂW¼;Í™;¼ÈÎœ>&lsqauo;uuLü`êU'åÞB›ÎLþ …˜Ú6âÝ]Ï7öHñfY³øºƒ Õ®J"«ÍÕf–ßo•F?ïI&lsqauo;í¾v¬€ƒ&àè„ñâŠ<q¹þ¬ù»È%ð" ÌÏï°h­Ù-;6éÊf å§wòÝÍ'[­ Ë𽹨`o,{Qê»æ*‡SV-zI 0:ŽOÆÈþíF-‚ÄÎðÝ¿üøGÚƒ£‰¼BÝ¥ÏÖl[@j²øß,€š3ñÍ
a8ô!s'iã~>+äRó›r§G¯4BÖèãk±")JäxÁw›Äر*\\qjHiñÊú>8Ï…Ñ€ë`eï–å­.™Ÿ;2f­×éo0óÓ4ùFÛÿ'Ù­`- ?oãut^•yHµk6Ô0pŸ®ŸŠ[„;ïLè€íüù±{ŸS [ïTÒËYÍ!жéþOþ…^…œ„»ã‡—Ri¾«˜…›&¬ÌBºíTDð", ZŠôÎ&ªŠãŸR\é;ÿç,í° µ¨¨t *5½>\(dÈÜ„||ý§d"É'Ý‚VXèâ8øKuÔRí\çK�CeæÅÞ.}Ë­s -µÀö…¿v#/•Ž)†
oÜ&¿±zyÏ`[NN*Â'+
)X( #e5ßLbºý Ùr´Sû*(rÅ!œtucrtgñ«s‰;TÖéšÐÛFíïØâTéS!†?Ÿ-L•  œ «¬°Hg„è'ø»TAáÅ6øH"þvïèS·X3ŠŒÏ¡&š‚ŽÚ¢,ª ››*Ȳ(û-,t~E[_  =ó®yßúK¥vJ&'Ñì<
ð\†òANNú¦îµ@+Ämnx…§î:üAí¾b*ÅÞï«}ÿ£9 µä¶žæäáGïÚ= 8ÎÙ›ýø…ºžùÁKöœ²ÌÃ%=£œGݐŠõ²œ‚i৭Ï«Çf+´éíXPá $�˜çˆ£ÇG¤—`7$]¿hå
MBX""!:Gò—¦]–Æl1¼‚Ɲð6%®O냛 2+(¥m$&lsqauo;æærj~ 'oPyRÓ"`_EÆ l›í§Š{ƒ{gXèœÐÒ©ç(¿´eŒµ8îÇ)q�QÊ…ð„ëÂ{Ëä§&Îkí&²Á‚†ZPS- xCؼü/Hw"…mÞe˜>M¹r£ÙùLY¼Ž†œq® Ýú/å¦ùyà{ÆÊC6çhrŸÍGló8; @rÂŒ=ß÷˜ÜGèx^š,b®ßIŸ›JD/¼8+ô®¦F¬¯0…]9ÔèbÂÖ 3 jY³ÃOX#í"£¤Õl¾GÀ<ã½õZÖ–gÚõ¶¶×_W\–*Z¦v¬•‚²j€G¹ž3‰°m„{qáNt@ö5[1�fûsçáñGy³nìÎ](«&lsqauo;09ñ]±òý¬Y,Q»°é-.6½šý9¶îCýÀ™Z³!¢Ù¤ úÐÓy(nŠþ,jþQŽoÒdtÜ ZÃÁZ"£§óêÎÖmK…´›Üz‰aù~Ù½‡° ÃǏ*víò žùêÂß §×3Ì÷7ü½1û'"˜Wivm«³ÿÿ£•j‚M…«4 R.·Ôÿp¡tnŸ…'þÔò\R¥2Ά#VXb¡Ò£åñŽ{E¿ñøO%.‡7žeA"ô«$]]9ÏJ¿ývú"ËÖÃÁF~æÔE/ag ¶2sØÊ:3²ÕG/ rêQV ¤ Â$É®8ð×1D;.nñü¨zBh£D+ňº-œ¥ÿ¸GÜ#àbAÖsxñ©m+eÆ´Ò,Û„]CìuºÒÄ`Ýn'c.&lsqauo;(zd ­Õ"‡lýe2¾K¨7@Ë"`{ܘ`­Ð|ÃåÅ—$l'é]«l¡«a7>^d"h„ †*íjS¬.T,XιìÚ4¿ãÕîò_õ�4ù;³ÃÍzöTèàƒ³¦êÐí³}…CfÝÈÝÓše´C�ò û2áÁNmLbÞÕ¥n5¥ÏÉ~i½YYñáAÿáÚQ$.ªöÏz'ë ¨‡ò:"¥ü~ò(-)('¤Š.¶75.T>[ŠŒ¤‰™éW¬„gãØû5ñ@òè]=¢ÙªŽÖˆÓ(ñúéÃÞŒ­*P0&-t'Þ^ÿØjøžRŽçÒP£þ¶×๯†lrÖÄËù9|/À—·yÎÝ� °üŸ2, RrzÏøþªZ¤7" �' :ͱIÁä)‚¾M­t,Û°€¨.ÌËN¹¹v7Ÿ?ðùS¢ ;Ž2±‡Þê…½>á—ö~wÿ~M…NÑN„IÆ`‚Iù´…ûok-¤`¯³¹H÷ʳ …hsø£è<6Z2@¯j÷f÷Ä"½íDëE¹0ûVyÍÊìjâTZ.ØgwV_®1@Ó¡':…IàgGÖ÷Sn'ÞÛS†Ê/"²Ç@hp,ڍçüõN8€€b„Ãã[l¸,&ÏNþ§• œâùSÛŸ…™Ë¡õËØíý —R¨s+gP<
«'ࢼ~r6×¢×ېô.Y™Ç¯VÃ2VpÏ,":Ðå° …—ˆ֭Ѫפ¡æŬ3úbíÏϽê:šƒk<ðN×7¡/' ÅÚû¥ú¿{ÄÄ¢„îiyãd>p0i^-èÔqÂy6èˆN„Êyï¦ |<§%G¿'¤ eëbvHhÄERêˆÛ'² vxƒ p`¶Æ'yöxŠ¤œ}rá©™-‚†Ê#é¡ÿÒv9NÄQ5UÉïô€ªÏ°—Óæfý3|Kkª¸…t2«—fõ-Š ®R"Ì©šs¼¿®Ã%w- ;vsVߐ;0ÖÜG5Á£1Xgð—ç%Œ2¾‚È}ûÒš³×~CèÃ7uK±å`Ÿ¶;¼«3`Xò ñWŒÿžueRÅ/×ÈxGeC·ûUüêÛ?OpvLå¢õ'ºÔ0Ü<¤'aŒ ÇÒ¾Ù5k°·6X,ßçf¨"c2xõ�ó"#´ƒÇûÌæâ l'z¢ EÒÝ?ÇIkÈ&lsqauo;…h8(þ·ÔTðNõº\YGö[÷õF6"§°À¸ns÷Œµ¼æûGŸÔ+ÔkzLIÜQ¹z$‚Jÿ¢ÔH¦¾†£L5#%U£ì¥‚ƒ
%TðVën-á4Å„( ìWæu¢�¾QH¥
°ä ؤ0ykÒƒKUØ[4_]T½"ÅCVãÌæ¡
¢  Ç@˜¹&¿¾­Ðç¹½{–lõut¥ôŸ;Žh¯ b³.': tNð>Õý¦¾IŐ%Ó£ømã»H(ÐûJÜ'sÆO*sÕ +.󘍧@¬ˆ¢;†wdj4:²BM¨zÞ^"0¯ØãŠX!„_Qv*UnsP7—nŸÕB~$}¯nœ¼îxP/t¦#ßú7ƒ¡fƒ'§rG/`=xø„š²×™™;¯/HBa‚zÀÉ–*a´šã}K}aØ3Q"†|´¬Ÿ$&„‡®Î)`ÕÆ­çŒ%†ËvT]¡%y™š#äc0_ 镝ÊJaoâ,æ9LÊfül í7/,ÍÔ/G[XŸP|6+¡à±ûLu e.^H0%]›ôÜ
‚øã  îŒä…Ú.À̸¼ýæ—hœí‰ œF)—žئæo5Ÿ¥aF:hêŠC'|f ³–C¾ö`$Tß›ÊypuÌ]ÝÞ-l&Xµl@†-%"äGåäµw!:±ƒìc茯…ç̆N«¢w¢Iï…¿nÈêao3²^=–ݼ®KS—hspqµut³×¨'oÿ•ÇíË)›2œ2G'¼º'•C:ôl}­gìDOSǘZeð>ŸY?ÕaXð4Èî3ªô¾Œþ"3‡™?4T#&Öü¤…xœºÜ-Õ4ûÊ'{UÏé|±ÆP¬^I1{§ ò«?ürª±×Èä¸$c–­ÞíKhUùÿ« Å-1Žµÿåª6°ÏT@IšQUÛÛ\øÜ=D»v*Ë>—Éq,Ïå1qòpÑaƒ¥pãšrzëýB'BE¶#é(:bé2;�ÎÄ)rrbXƼór–΃1Y6‚¹Õrë(ü¨ CxÆ…Ì° ¶8úDzÐø³�Ç;óÏ+KŠ²—…'¬j™G©*Sp -±B"ª2å/3¯fñtµ)DîÄÌØ]¿4ZrÃÁH± _$"µj-vhÑñSìK?s)Ž†2'‡G[‚ëÝ`–{ér›Xa¶KÄrTdU$þ <<¯ô €>›=Ϊybº§¥Z8/ݝ(DAÒž€sbáñ£ý|R>ªÉ÷9xƒêˆ•¤txcpp"âœIÏíÇ¿L–%N÷ˆ'òmå¶Z*Kl9j?ߦî�þð+¶šWÛ|  ÅÇÿò)ß\s!áƒë&lsqauo;'€‚&lsqauo;ð ÖÚ ¼M"Ýî(ØrݤƒyÆ3k‡µûïm.cŽ§ ¡afbë8ܧfânHtr伄sêˆá¡¡Eà°åsýŽMz¾Mà2Kå«ÜS-
òyã *:t¤­"@6äᬽ~Árã79Î ~b´¤•ÏZÓÕÏHŸ\¹Ó]mU*¯ly+Û Ä÷¼ ÚtÓQþ1mƒŸkê'%^èà'¤OÂ#ÌF¹‡Üù¯ñ†&†ÞiÐ2c"lÅÍTª$çx*t4ŸÒ¬ÔsQ'T"'d›3žy‚1SH± •;`|Ôm'åí'o=™Z®ý½žÑlÕÞÝš/šûÉ_Ów‰NïØ1% º=T¤\Ö¤¶@n"£h8,þF/69{ 3úpƒ‚Ûœ(e
Ñ<ø1™ZWâGcC6²óرÔÿreiDP&lsqauo;KÝŒ"¥6ù!—ÅO†9®¤²'ýÝOYî\ým¦@,®†lß;þ–#Yp¶Ó¼¶Þ˜Oxß Xš|03x¢Ç~-ÒgQß·k+oê'¤ð³:¥ŸÇ×J¢''F¢zÖ0ÑIIßw²Ù w…Ÿzh˜1óüÉôT3Ѻøgò'Óðs=}&-~ L®fÂ0"LG'`~Æð¢*Tô̤üùAÛ§˜ÕEùƒ©PáOïR×)_^¸w¾æøË ÿMð±Z žf'§>kÊ"ÞÌS]RÅ�DP#‰ ">¤ò-ã°%û¶
‚|W‚Gïé2òÉLòÐ ­¹¦Ånöj¿}³qq€\ŽêZ²u¼à—lÄÕqʲñf&lsqauo;Û›F„¨—:!} g²1¹g+è»n"—¥pQý›vßä—{óÝâÝÿ<£ú†›ëGÍ&Z7Ø©µ-í"·3zœHntì<~˜ûlõCÌ'ä±BB˜Þè¥&lsqauo;ß-ZT¥'¯Å²êêM5DSþ)Üh¯Ó°o`'b"¢aÇ{Ù›'X¬ºùØà}mµ&lsqauo;·_'¸iaU:C+M*-!"6ÌdUoátKÚ„u»ÉʱVJ1·Wÿ{qD¾ÿ8 Š97ÝDé꿘4N »[»
ó·6¡Ü!ÁlkÒÕãŸ}¡ˆ…ÉÁ¤ìýŠoÒРt©¢ÆNô´KQ­=ÿg±Cæéis¦ƒ¤ɪ=k1%zÈó?ï¢K-–_cC&lsqauo;5C>ÌçsÕoº©á$ÖµÝ]EÆ£©»ÎžQHªZ?~\§fØé ;ð¿ÈÛ¤:°Ð‰ô,\éMüó|*ÿÿë²"ËùfbÈÔÁ¡ MkýÀü³E@õú–ëÃá ÌyàÒtg'Øz"ÙÀÕ…Ýá1 õHe¸RIÕ:{é¹F~îÝç(gÔá×@3Z¤¥`ð¬†êǵtáÀ–n¢CKÊÅPÑΏၫ"¡ÒS. ËN]-Swü>ߦú'd¥S`§Î6öi‰êšü ~ë#9o7‰jn•úúýÈø_¸ú2^´¿™ùÓr°rA–ÌB[\žâ6¸Á¥* ˆm%õS‡ZŒÎXïoJe±^–ÔlP–Ùz ‚wôËÔ¥w¡ûQ ÜÔ4WíЯeð…ʃ[½"€>¢"—¯§‰`$LÂJ 0¾œÔà·Ö;³êº²ÝÐäAzBó=«³š"óè
rÖŠ%-Ò½Îã´bvkR9Ï®Õ'±è9WûæjŽ¢—�k1âƒÌx/ȶÿœÊÐÍÅÅ.Ä?2×Á÷—ÊÿoMmÌ®­He"' „O€~²¯$v  6`¸¾`¶ÅM\5 WSÑ%Cìãö[bäëkéP踦±+ÉŽáÄö9·Q¨Õ¼†Œˆd§4Ösr?äîÎ"ÖÎÚù@÷Û£þ%'Ý9t�Ÿ Þú܏5¾�ÒHséÛ¦«~:ÅkI•»¡1öåØìjp܈™ªÀÊb°ãíWHßá*¬çŸU‡.Ú''"¹r'éÃ×ÕvƤß.­dcSHˆwðùµMy˜ç}.&lsqauo;L$:Eü]TwsbôaÏ(SùiÏ–. Qv4ª´#6!ÝB„¶Ú8|µ•"óR3*±ÕE-Rª€&†Ð¸Ùó¬ÞVõGŒ9±~ l,ÀWŠBTÆmJXÎÓåoüUܧµdz¢@,")&'^!Ñ– ï‰®ÓÆ­H$ç®0©k¥›æ„ô±}ÝA�m¥0(XÞxÙeA¹ ·ù¬ÌqðMÉÝõæ¥æ®Ðh|' ' ì¼WmJ
„]–f¦f&lsqauo;‡Gvz¦÷÷H-»÷€¶]×ùÊ~ªZû[…ôtxçCÑßHg MÛÖü†?¥pÒ(¥Y5Ugª®ŸŽÅ06å¥äWÕº[)—\,©kÁ yÿÌëΘÄ.LoäÉ®ïÏ< óÂÙXfÜ×–x÷z›öò ™²„&g'7,Zµ š/úü߬vðQ'ÿ‚ŒÍ"¿¯3â˃n_†&ªtq;#-H7•›^¶Á~(Ôw'­^4­SšöC[Ÿ×ˆ%ìw—&y�‚Iì·rÎÇ¥ëZIŽvi9Ö9'3>(ÖDjUØÝk4þìvÓ…ÜÂúµY)A•7àÍsnM<âæø² <·'ŸWu•hvB==U1]-D~ëñ%êçúÅòL�QSþ=Š¹{w©Ì^Læýµ8œXîm©c­X·¥C»³Klû}Eþ½‚ŸO¡¯f°»VY=4ÚeçØ! '‡\ÉWï)Zнm…Û"òÀÐNmv6 °~4­¹Iƒ…‚Ձzò©ÅÌ*–êÓ Æd[ ã§æÖ»°žCúZ³GóZDP^àºoߍ°W.¤Ö+!s?mîÆ3ÐÞ{üJÈ಼LÛ!å \AÙýÖ-ïÝ„Æ»D¼Â~™m­µKƒ}ò§yŽl5 %N½>ÕÂXì]{Wn'ëoQùW¬ FaboKg{¼¬Dg>âª(åù|¢£ÂWújåF·Í á HjL<Iþí6&lsqauo; ¹•óo…絕ûV##<gaÚ.؉«ï õ©Áïæñº—¶óy›…W¸ç·v2*&lsqauo;@Gê(„'i3ú_Ëd²œx§Ø»Š÷y-éků­ÝY(kñŒ¾±&'Í3À èP~òGÞJþµ—–¬@;.>¿ïµ˜Íä©Äì—}¶ÔoÂØD×Ñá>^ñöiÛrhN¬ ù^\Ùß½—@Çôâc}¹-òrñ>U¾p!y˜ó¬AÖ£¢îÖÿLhóGÞù‰sàsº*_61ŵv ­¾Eœœ~¢ê9¬¹´?]œ×؉ldk{ž•5ª—-b^˜šfZþ§°5ìθó"ï¦ÑLPUÍ+p6¿øÞªÚPüª>½Ni=†Á•æQ!'E´ç
zÀã怈Á—du=áôjôKÿ® ]Mèï¸Ç;Ñâƒñ¥þ)]SïÒEqÇÐÐÆgË. ó´Êî=™Ä®y"€Õo£ê…wÚ1Ó‰?"ÔœgH¹\ö„ì1uÙX¸&nlGÆ#s×{_C•¸¶ƒ1ñå°–¨)ŒÆçNjeŒ4þ÷8öøÎ\Øh Ur�—YÑSÍ<õ£ÑÄréƦ%Îe|jÕ³T9+zvGßÚoÿ·}sR‚¹³ÁûËÄ"æxã¹ÁƒCÚ»íuôŠ°¨CÕ+å94…H|çÃÇ-NòBþZC\ÒŽ\¾Ä&lsqauo;ã<<Õ·¡=!dK3äïÍÖRrã' [(ÀšÌb®ÊëNˆx´"ðêнçã [oûo"q« ¨sý3"g{—™ácp™<xpq>½Æ¢®Î¸c×zÿÑ=ÊÂÅX{ãy•»ï³
õ`¦rPâÏ„öE!÷êP¥y¡–d|‡ÿ5 >™ÿ( «(`ÖØ`‰îö¼/jÁqs¿{'\Àý—1ÚíƐ=&lsqauo;Õò«­Ï¯¡@Á;ŽŒû-*d* Š®Pfñ®QXi""=›‡Ló4­ìŠݰѮֿŒy'\„؈hD$mÆ FЗVy‚ìzt5²bêPÚ¼T:·3§j†—J49¼kèþk×M}'½t=û3¹hO½~ܸÉX0‡ Ñ€ yu¢þTä±Ã˜çßó2¶PÆq>¤îux¦`ßJ (Þ¡õô'í\çbÙ²ªîPb¡:Àûv-Í"þ¨l.%ï µªù¡\¦ÒjžÝ–ãG½½¯Ýõw„Tù·½nÂ`*êrw\ïv3ߤˆðÿ¸¬ºÞ_àk<°o~;»JÕàÛÜå»u½¢çs¬mØʃ!§¤ ½W^´¶[ºtV2l"Ÿ÷9iN‡â^ª'
=ñì{µÀAõd¦|­þ'tgmCVNO.]Ä¡zI#t=-é·†nam R·Y±ï ­Qf›þq¦?¬þ ¦Z|Ö¬š„ÀÝW^k„¡- E°/1´›9»Xât8¥‚ãÆC© ¿Z}„²û9q´Š&lsqauo;ËÌ´/MÜ)e÷7ݶIŒ?øb W5¶ý°œïÅ&lsqauo;îøƒ;Ûîô]ßð±ÛO\_pN§ç³–óŽ9jÐUWž¾³èW>¼ü™ç‡»Eò"èªoÀO›¾^û g)[H^a=ñæAÇŒ‚¾Ú$–Íê×3¯A¥j‚lö¹Üi§LWŒ=À ø¢ÉåVQ•ëáG㪻V%SÉÐi'U6¾IB©þ"Br„Ù¡9.æGå' eT(ôIÅnÀâ:ö¼ü<u¬hQz¨|;éÖnÖïY«QÅ1{à»ÀB"B*îm}˜c6ÊC™
ÈÃK!ä(\N¨f/¡2-†"øä¸nÔÈDXhP „˜¤*GB¤v;Ìw®¹Aû\ Á~ÿ-‚Ñ…µ…5Ã'méãäRK ¿6öQê Â7G³õÇõ=ºÕÞšB`¡½y<)¬'µZ#\'{í¤'^ˆ½BîÊŽ¬Ç)ý$=óÔ#óiÈHE§¢I}¤þ˜Ì«<30æpRpøez˸ 61ÖðnÍÞÍóÖQ¤êOËÿfÉ@%[SX"xOC–אõ(´IHäXÂn¸Úç8HñXf¨Jvq6èþŽ2 i¹T/ 8ÌäüãÊB_¢ý‰‚Ã"
ÁÑ×6i¨ˆA ¹n§€V'ñ_µ Ì ´D‚ÁÉu'"ÏÑû2"3Rëw9+Ý@äRÅ÷`÷þ­Ð'å1úvù¦¾è—%íÔ=·'ß`ï¾¥#™6ÑãYJ`"'üpc*b­ÉÖÊï[†€Ä/ BÑÛKP§·ã 4G9é¢ÅÖ‰Y"—–Áà"yrŒZŒäýí°i‰†œÃAGÏtÎÞ\ß5¡N½¶">5£¶S@ê`½?H?· &»1QÈVö
°ì#<}Ýà›¥IGœôn ÷Žä¡ÌJ1䡬ú{ÏÐZÇ=»$ꞃ–§´Z<ÒíP_–ßÕÅW•ûB¡oh蜛—† Ñ\çJTÝýÓsn-Ï~øì8n¸�Ò2ù•¤\Ê(±J 7·a›Ý›Ñû'Ôä; &lsqauo;§ÐÁŒ9ŠºP—¤cï….…¹¸
ž—µ?#â…Jê&E|ƸGõ8•rÄž
Í—¿r‡&lsqauo;ÎQ¥÷©X¦3•­›t)ÝØÕÉ®¨ÄÉr{Â1ÍpGmB/#Pü- ¡ÒÎ!H«ZÓú¬leÂ*ôÖ‚†¶`Ì,êÞXž¹«ÐÎL÷\Fè0ÿó'|òçÒ: þÈ"ãó"¤eôJsŸ£¡ääL$UÈ$dò.0\è r\ì¦ÿi•½VT䂉HqáAtŸ‡¢™ŸVáÞ9"Ll"*ü;‰»[¨Ùòò Ÿä¢²OK#ÈzÖ0‰òf˜+ô'K¼˜à­:~‰bž'kFÌ÷þì\`¦²–9Yu›)çtã…°£HLQoP w¨„š§Ç…žU×ÿ3f&lsqauo;„9®ËF‰÷Šm°ßèðrð}]z"<^ö¿ìilØÙ7×ï ²ø³/xG8)ÈŽï„즯Ãg_7Øa%cÛ÷Á^ÿêzß>[ÁßzXæÇ›œ§íE@ %ƒ=éÔ1T~^Ò½ª-�;ÿæ¤âBÒÇ Ç&lsqauo;21¬M3±&nXïuލ©iÚ,V°ZD‰|e7œ#òðÜæŸUøyÎå2í>'Òª}J]ƒP›D8ÿ…ªÅi­(€ÐÊè³·5Êæ6™¼È'P»„ºm|ˆYèrMügT¦îw¨Õæq£ŒiC'¦ý"
{+tY®ÜóÑÔ9‡•GŽ_}›{ÈA¬h–eœÍ4HëÖ&lsqauo;AàAyKfFÒTqÿT¿pÑRD©õÛ1B"Bg'Ð}LPù¿ v¨„'Ñ?ÚV¯+ks«mIÕWwU"Ih™Ã½Æ~ø·©Õ]'‡<Ú=#Iü\ud`&Wú SU¼U¿Ø‚¶9vÔiѳfb„OñRÞ2‡&]ñȍÙ–'#¿¹=2AddêÙžÙ«è3„Ñ´k²MHœ@ò«ÊþTß v<"û-ßñ¶%|èÙp~é¹·Ðßí°ì:ÑòOcñ,(#ùÄRh¿t©læªÕÏç'ãcÇ‚–ôF'ûuk½6öúÄ5ì76}{¸s#^N"y_ÌÇ RËv7œ³ËÁˆoJVþçÅ(#R:½t¯Â÷DËȱC:mcÿs°@,¶âJʬŽz2ÚðarÏsWq€³'535Žî½²F&ò\½«mî˜îž$ÀoåB¨îWU†ÜoA§&lsqauo;t™ý#º¶õBÒ„Ú±4žœ¼LI~w ='D-F5èÁ´ßˆB/€‰Þx0øjx#ân[øíͦúsÛ÷š%ŸÓn:¢kY3t2+ÿ\{Fò˜Ý «ÚÖV¢¿7¦¿úfz¸ Ù'ÿú¥?»dÐÿ™Ä¢}ü睩»¢ËÅcþ}–Y++ =8

+ /vaÜÛ«|&{ \p_¨-Âáʤ}E_öìxØœØ4asv×Í—ó&‡àïÖJ¢ž„ä´Ö»H@¹&lsqauo;-¢ô¥Þã«Ø¢¦ÆJ9må0òQøía8º÷&lsqauo;twc‡Âã
FÑ^é"!–1ßæ¬Xfèài&lsqauo;û�²8ŸGŠ%«nJ›hp_…ßȆb‰;ä»Ëà³–éÈNMC>•±!ÃÎÕkKW ž !k`M`ÁÓ1ÔIF"¤FŸ_–4­ZTR4œ;sGHìÚ‡Ërc祊ùÏ{ ?ÍéŒæ…]o^¤é¡Bîé"ÞËÅ·4web³Ÿ¤¶?uºÿû¶%x+ŠñÔ.¡[õHœKÏì"` .ÞT3Ïûa©MLm¦²™ëêXi‰ÈH ÒÄ*œŠ}êéý_ôÆŠ"Dô%Ž?\¥xô» IšÃa†^ñѲtoòÃÉÓñV}°P "%Ž§¬÷âhÏ[T' Øï6ÀÛ­ó"ó«ÛwNlF.ÄVÅLX²~þz�·mš.¾ºQ Ù3ðlT÷>Ó‚=·v&ñ`%[‚gØ _ÑÔ¿Œl­ã×b
áøö!öáõ=!'âF³kgBš:·tN&lsqauo;ØÍrþUâsÚ® G-¶"*õ.ÔTiry «àbðþï°„Q�˜`vù:† Ñqa ¤åC$|Õ$»Z¹»¹Vaòaó²uŠÑ²«À󿜽¼%úЖ§O×:ÿÁðy'Ã4]'Úïž.òxc d£wV®yLqö*(6V9´WvÀ‡ÞBA¶hó.]ª[>)'¡²Ëß•Ž…ñu+àµÀf5èû2†8' ï  #DZÐýãq~j©þIÜ'%Ô¯ŒüŒ´Æ5«N10Ú¦GYäܦ(„Œ"°%Ëz_ªÅ/ÞýzœqBÒÃäí2ˆMF"ÂÊ R"^Æ'®­<³Eïá Ø²5'šfÇáåÀѵ&Š-™»mßÒ@l¾‰±™¿òVéc¥lÀÈPxÄÇہ‰'¾3IMDN{š Ý+H­ÌæMLE6CŠ8ƒà>üõs Ñ%)Qdr–ÃŒÿMy(Ès/ç±ÍsNäÖuêjnªºSOž'{¿ül(M>'ATtŒ˜Ç'&Ùc–¡x/Xt· ÅfnÛ—°†¨Çú‰·!Ð%Îü [šs˜˜‰ôʽØxÜ·rZ{±Q:!7ïb*Œ&lsqauo;Ï|••T"T…üÛ=?Ëml¥)mø§g''øBÄóúÿô&/tïi•íFôòïšÌùœ"8'*àiNÖØýê—‡ž3b—kýõ€F:A¥ÆK4àë¿…'1ZšÏDúnq2"ˆ\4ƒ¸XγÕf+šz¯²À ÜRżè^gâÉ¢¸Í;W)´½ÍÛÙJ óFÑLŽ? À1Av‰£%ÒrêتŒÝŸ#wÌ9œRáz9(œ©¸ƒ+Ko1j« ÞyÙ¯§^±®G¶ïÞÕÜ¥øëL-<NŒÕ8Ú"R¥»÷êå÷9�Æô¯ÝP`覶Pp`¬¹' ãûo|{ÌÖš€ ìp~ÄJ*Ÿ«­Iñ৩D�§³G&lsqauo;NrXÊnz ûZê‚ FŸvÜØ&lsqauo;„„1–tî½ý±ßÄбe¯ÏûÂuâbÝPG½BL¢ôØsWW7b¿['¾JK¥ÍH Z€Bg*Õ–Ì0|†I–ÐSÎ/¸™Í@ [æItˆ‚¿ÎŠõ+¾aÿ& vÎQÐjÊ}ÆÌ'AËá›'té¼÷ä''R&lsqauo;1ÚÕ "!å~ÀÕ¼
@\]tA&lsqauo; ³n
M¼,‚ÆRDÉ*np¡ÌÿCgìøUåú.ââùó ÃqÜÌæh/êÊf¶—.+Ÿd}WÜ©òìÒ\J ±&„õ^ÆâP†Ý.7yÉÌx
ÁgÑüßDyˆÂ+ÖÒv¾'z¥V¹¥G`ŒúH©àÓÐ8WŸ3!â/
#È/‡I6D¹W¥sºÙÜMÒ½ä}W ^Ÿ^¡=K·´­Î-JV=ð.ëALc¬à;õþk–ÔCÕMPÙpÁ»ÄÌ<¾"£Ax àTwî;¯ñ~'Ù—¶"-3ÒDqœ—'Ÿéö3Nno& ê™ TDcqU™â…j/¾Ë³gU&lsqauo;}ã7lÔ=ü3 `ˆ / ™°ß=Ø}`þ¦TÝjxTDóNôœR¯Òé':ð­úŠétERy×0K
Œób*ÿ©VŠã€/¿Lxo&Š½äS[Œf€'­Þ*ðV™ XŸSζÒìJÑõÿ Ûµ¨.›3 ˆ_á&lsqauo;ºîqJ¥úívôŒŸS+U·‰v/v8b29˜Ð'ÏÂÀÎÃÁ„N,b,¼i¦T8Á=el/ú}o$K΢5x$ÿ¿Ç]`]zƒX0ÉšVËPéE9$4v;C¦tòúG~¢û…ÛLuì-úµÙw=£eBý¡a ŸWÚ¥.=×Æ÷®×zAmƲ•yN÷=ã@PûdRöˆ^‚Ú"£µ8˜)¨ë¼ðŽS~ŸUÁ¬òé)€a›1míH|S›¶9á½}(ÅŠPY?ŠŒ"YNkœç¹8ó{ÛFÆR²ð
úTϾÕyi°1†íÑ©wo°y¦Tæax?(Ä  ì.+†ïÉÑIù°öá_º¤õÏéã"yÈ<ô¦Zʱñè'7eƒ‡g\à2šç²O"ð¢&lsqauo;Æ‚¯XÆî­×]ßDôï²Øù!ÂÄEßƘ Á¡~¨†¼ö5fM ™n2Åe÷ƇD¹N@¦¶-¤,¾; ÿMr˜9¯b¨(fõŠ‚ {$Sœ{rg]ЮÕhÒ=€S˜èä ¦ãÞU…?P€÷4žÍBf
…ü†öÿDß-Z7[²uÁjµ(äâL êþž…tÖ%ø<ry»Šæ+ïÔk§„Ýíü
ÙÍ'ë«^ºB.¶W¿ynàWdíŽÖÿ§†\Ñ'¼™&�Lq³Ý!vfBöRèƊűïp¬ §$†ñ"P;NÏŠújÐv…¬‚¦á¨¿9®´(B¥©"ž "Š@J5î³n³ £_Ðûx]]óÕûé&lsqauo;æ)
™ã=ÁûÁ {Ó™,@FãÅÙõöÈ6nˆÚ¾ŒÑ›Ä)òT]ø!$j#Fmÿ"Ûæ û;$EÁåaSÃ"þ¦jlbŽQv*Ú2hqÆØ�Ú#)쁪{º¾×{ 4B-ˆ_¼œ"_L„3•^|Vp]©:JzD¿s'¿';ºRDY¥ë<þݽ(è׺d_"0 µJÍZ£ýMl9"‡+öh›z#±¢ÐÁÔü{Ø�…¾êw¬¥?ó³ñ=Cj]#|> ÎÄs?µ@ßZVj øÿ£ŒŠÒÚ(ÊàôY6¹ZJNŸ–‚ÙIÃììLFÈ8¼uWUþ@ðÊTÅÿp·ÓªâÀö1Ç4lÅW(\% %Æâ /P„¬ÿ±­pæc·Æ)à])éU ¼º»Mõ[$á¡+¡óïÿî-0w¤¡çtbÈ#/ùrQ·î¼˜Ëùô >ä›PQ¯8ÛÚú›5é
#-îÅ )™¢Aà€¢1S·¤Od!œ„ž¬7}ò=±)(=Èñ@>jßÄßF†¤\ÜŠ"Eñ,šú$ W$ºÊÿ׉§(»Gÿ&NYG~bÀŒ!Nyx0›^HHfCÕ}"|Ù2¦†d>Þ|œ°3ÓëouÁ>%EîîÏÅQOí倱K"‡ìmj‚­#´§
1´)¸½]¹èïu&¬_ˆ¯Nù`§tc&lsqauo;§Z÷«œaFˆÅ:gþ¿í¾]ó¸BWF ºX?™‰ÔkX¡/¸õžÛ/°\ÙpÄgxÞÊ{Ú­9þx üÛÍNxô
M­ ŽßöN‰Dùû=/[R—+âîØmYŽw>À~¾(¬ÿJÎ+Zt&J¾˜ÁˁV ãFù^`t4ö£"=IMÿyl?))o¼jQáy'z'ÙýUòJ ƒß¹JS¤Çæ ØÌH²–U;û³hLÐZõ&lsqauo;Uû-‰Utœ¯¹V?À1ßReù©Ý¹>ÑE7Çù†Ãi§@¬Ð(ªù€Co¨ÌSÉx°¿ÁŸøDÛNÕ­è¤úë
Ù$|´("ilO¹Dýc³G(ØH˜iú=ä*AËxQ>VÙéVÆIžb´NH£¾ç<{yãÏ" «U øAcEÁ0¢„„ ¡# Jý¼KA¦'3š±|_ÏJHlƒò|4¹ÞÅ;yá³KÃj�›À¦¨&d�…í"K\…‚'לdžƒ£šH´GDÝúÝá IA(;åëø516'ãØ ¶¨žä' §¨0m› ¢ qƲeR(sñM›î
`°ÒD· ¨í8Îâ¤ld‡ßÃi2Ån!€Õ_°Ç ÀDìá£(ß®„šÉVò59k¶‰˜7ºî[e¾U€k¬)ÝæA³kÎÇîDä·Üðþ¼×Ä4·g�¼³4ûŽu'¬xóhY¯£šÞÜUMbÛᱛך´í?ÏÈ2wÆQŠ1ßœ*'—œ²'ÿçNž¬Œƒ¡ƒ­'õi?­uï²'¨¥'iB/
nÍòÉMÆÐÁïê ðÔ©š'1‡Ý'_2èʃzk²­Dœ`|¨VZ2]¤f»"Ïë—ùœ6-%U)5úJ˜ï|ÈÓŽ½‚x+v^'Ïú´:ºýð;RüD,ÎÈž#Ø@ss–Í}™"€ÂIä5!vdøÔ¹óSG×WˆsÈ»êÔ™Eoª1c¦¡8³ìÞ`¼Gè@€ò¯ Ê5„ æGÊþvjxÏôˆ½{Hm Y«ãXèâVOžÎŽ�qdB"Í•¯ ˜Iùôhh]ÇÆë°•î®Nÿ¼:Hêó…r§8[Ùõ"Y¤*È0F2ã+§Iº6¬,^ß'¢9pªD}õçãû`•>äŠo˜ÿ è£IÉ¢8ÚRÃdŠˆÐCGeþb\¯›©ÑXå ÙáŠþMÙÃê^ÈÞAHçcsáÍ.|¼ ‡C·ùD!³ai_&lsqauo;Á? ¡:'ÕïQe"Až"Çî''™Ë¼ˆEš—ßX>ó"‰jI¾)@ ˜=ÝL ‚–Ðë}&Œ¾—O(Võº#`~ŠUÍpõ*- ‡¼> Á³µ0ø_Å?@ ÒW ×¥[]òÐ
ñyÎ,5§Ÿü¼¤ú!î}°Ú?±M
§¿ÌpÞQx"&øn®úÛMúЗ°|§7žìOR½ 椃2ÆLNcå¤Ó©ðµrL<Â÷¯uÍYžï—MŽ\ØpÈ¡Ä„DÝ{Þ‰iNÕ_óØŒa<Ô@*mCX¢´øžÆ~"þ\Ë 3÷ÌìM刀a—ïùó ¶©?qò'þŠÐkž"IçÕK0^¥[¤Ÿ o'b‡±rûYB°ßÑ`X%ÛbÈÂôImýt¿ÖDP'ÇBqݾ"É-yÅ^ŒŸwäÚ&zå¤(eÙã'$†o¢Œ.3g5U#Xñ¼Ïª6îK®·%lZtï^æøÌ8Yã¹Éÿ"·P¾Sw·ÁNrIÛQí€ ¢Ñ ²¥ìÛ®ÞfˆÛY®÷ÏŠ9—fM0kï®˜Dð%y',É×ÉßH\r""£� QðFcäQúú•RáÄxWȺN[|áI?ó4ðB¡üÌmmûÏÂ;YÜ?í¸fqø™"´8´ÜPKƒ Óë"Ï ŒÃuPºÚílB (¤ ÚžP'õÝ!üÞ™4 ש] :3»{Õn¹OžrY7é‡ÙaÊ°çqbŒÂÃ_b¢Œ~9}¢·¬«Aåp»µN©ûG— ×õ­YÁÁù-
L¤U›¡ ¿¼Ô3ƒ½ççÿ†×C±à1D¶Á‰çFO*;&lsqauo;¤SBŽÔ'«mÿÈ-1À r(uµò]TÙEÇEGSa89ø@àCØ¢ñj.ó‚éfGx"Bc¬<'£×s´óÙ| nÔ#¶/×Íš¨åÄu h6w˜èÜõÚÒcJáå¯ÈQD8r)—^Šá3_âñè\žÐÀ77žGÙ™¨¢pjÿ^-;¾Mè¯ÒF.ïѧ§Á‰˜UìciU¨â|Tn:-ì¾W…ܲ$q¿dÝrvÖ¤ºU9^>¶aº Í`É¥¼'¥D爅ž§ä›¼:®âÁªoþ%ü• ªºú‚ ¨³õŠÐ ºô&›HØ4°_ß=¤ÏÚ»1Ç—J•¤'#õ"lnÀÔh'VKç­<Jiµ›|œ݉Þâ =Sâ_ì>B­Ÿ‰*àñZ&lsqauo;qÁ˜Šåo�ã²°Ê%$öšÅ'gÿ[\³"Ã`Ží–2yBR¡äd Þ>$ª†ÂË2ÿ¯7‰u}'ê²¾Be¨lJ#Aê¼"ç­¿©±ñ…êÕi% ùuãi'øu¥¯þ)†¯Âmy1xÕÄMO§x˜·ka<fŽÑ¶ìê k$ݏ,aü7"•Üa)<M° L፾¿äYYÀk –ŒŠ»¬Í/HwF ɺ„;|u5ÞÆr)ýŸ8àGûºW|¡Z2ödÐΦž¡[þ̲‡NùÞ5(à"kâY ì)´:›R+%, &MIêijҾúP®ØëÇsä/Ö¾`å.£³Áš|©èÞÙŒ=Ko³ ¼Seæ€ gJyI…P>Œ''véaqß<·wH
§ä"»pÑõñÊEž˜õ=3ŒNi¢$Ù¸ßz À{HÄ 0"pF€ ù•wèýbh|è¤5º§Æ0U'Øk¯‡Ö"¢™îÛúŽfq®K÷ ä'cœÔ–ù«ü©m Us÷
éiR<Ö¾'_dwÜÅŽ&þ¿ìsŸ£‚¿'"'ºÈÕôÕjÑå{3ÿ+eËéK^à®™}"À¬"V«5©ù±joìûrxr„&|w\Ö&±·çÐ'¼cUHüÚÿ©.FÆùÚ½Ö¹òSºõBc6&øsZÞďW ðS‚‰H€p.Ì[úrç"KÒàjÅå‡Á „�N[lIõ1ªü†r›¶–<jÞè,îú,og²üCÕîryÃÐe^̺Àê÷ '¶u`g˜Û ¨íZ"1"æýÞR‡†R"<9õ=ƒñæåÙUûé,YaŐšþ·þ}Ç=¼ÎÏOqr'&lsqauo;œ×ÉìõÅRÕʤCZÜÁÒ
¯–‰q×ÎPp–™Ý#å–EÄâ¨Ò½e%%eKïÍoC`
šû„Õ¾ÄûQI~wif½¹XpñÍJCLoM¹Z«(ÝP4ºòö&áwK(¬7€ªNX,$F&â¶0>™Ÿuvbg¬ÿsë¼»°&`«íÜÛ|ÙBkÏ"ì)Ú§=ävlÍó¦9ÖOŸ.úaÇ©`}æ×ßH ¹ºô à%©/­'Y>]8yñ©{γ¸¦š+}ÃÙ`Ê׊Lòévb'¨ÚG"ièB"Sþ Aòn­é,¾OåÜ4ÒNÐ郊Õg<*ÿÛÌѵ5_f°¡f9"Jƒ¹«Q•f½¿‰£Œ]SÍ&lsqauo;kñu…b;†œnÜ^\§ŽCècNfÄ:£vN±[¦_|¼Ák*œÔ¾GÛ–|Ûl2L`ãœïÿëÀ<´»ìn6åÞá¼3tʺýÆÍF2=Æv\súvCÇw#œ‰.hmîe$ÅÌœ™LÀ=Þ´äÈÁ€º#ŽœQIÊm!TíÁîidÖ(MîÛ>s駴RhÔ¯‰÷¿è´ÈÃ/¾5Ÿ»òp¯3Ïžª€¿‡øcvvCݼ7aÚ‡„.Û'&lsqauo;^~·yZÛ* ºu
*¥¹²™è#ÐKr["OýáIŸi]‚
&lsqauo;—ᦗeþIJÌ5ò'ÿGzݵ³^ß'½wí§¿Í.LJY7!Y'¨ÊK±JËXf¢M`&mê:ÜøÈ]±*´Ëœ ^8Íȱr56¤Þ"úÞµ†2Y ë1g¥àÊŒof?HÄ^zí®:›Ýw/O£è²m¿¤H©àÍ)‚ ï •ä,.Ú¸*WÙ-ŸÎn"ú ¸¡k'@Øâ8™ös©¨œYsд¸—nxŸ"ìÐÏœŽò"
Ú"/Í7I¹î~JÞiÔ¢ûˆ­Ü6ª©çºn0èemKf
æõÏÃa÷m@ȳh§T¬>¿(À61–¾5ªÈ‰;ÉßuTÈÛJX²+h3gØ ›*ÿ­Þ7ðh»k€&Z½šØ[A4¾Óúø¬½ËzŒ«˜àà.11äýY=&lsqauo;¸ÿUäE&lsqauo;KÙ´€;éVò_L(æâåq–�ㅁ'"äkL}l¢&lsqauo;)ŸÖwÝÅÅ ù+6Î/ÌÍÀÊ"ÙÍØ[‰&adðVÕ°Ê<Tñ¢ÉÀ(¯Ðcj¨ÌÐÕNOH_‡÷}ì U(E§D e8î$›äê‚&Y±ó?Þ†¸²± ³Ûÿ#³GQ›'PáÒ/ ­ñ¹0Ì·iå¨-4LáFZÜx9B'ÑÕ^]`_™aõ?¾lí× Üý:yv*Á`ø–IüüšÀ¤x O׎•i߆;Z[Èq]f&lsqauo;Ê6ï,b¯|Em¹±æôMUЗ_'¹¿¡äc6̶ò9Ïcœ=¡çDò¹ dïnÉi ÏÄŽû;&lsqauo;-¼&lsqauo;áHÐE_Óýáx'ðx/J)(EÀАϬFA.
®å;ZÜ€qéÝû{ë[€'f. Jãý,Vzbd¢UDXîKð&lsqauo;(Ù?ô {»ePjçvM ]ØËF¡ªÏ³„U'BŒ
HO'aÿÙɳiòÞ÷Êõ˼?>3™:ò:B ÅlÞܸFñPc†ŽPÞPèëW…ùoãV"±×ÖËìၜcÛ'ï()dH 4ñ›^:ÇdJØ,È4ÞÐs6Êá T›°&ϯ™I#Hâ1Ô ôÆ5À×Ï0XWg;a„`I˜X¶,0ôª?uA"ÂצšÐŸþ12…p–Ö ªz­õ<(²û®Žc¿¯3DVB¦ÔÕjÙ-eǦO×æ,"•ýŽ—ŸÑÎb Ü
;vc‡ZöCµ2ÜÁPP.£Bxòܾ—bå²z¡i§/M?þŽ"'¨PyH,;BïNº†Gº/ìšàvòõÝ'‰)æ³pFñ Å.Tñ‰ÿ¯@ˆôç$ PšÁÂÛÇ‚ÕFq—L"¯O²»½õ¸½(=c{ƲtOq» já;ibOÿH«½]V"~zU¿a*¬¦V€M˜™ð '2ý‚\èE ß"@7y±ÿ#á ¯É-»Ð÷þ(Ûí4c9!™Ÿ`vÞ3�.¢ÌNJ8}A e" p~ÝÔ¢&ͲoYa•DÚ›DkÛ±ÚŠÛ¥-w¯p¶³Ûˆ¢ƝÛ�ŒCñ€1éR¡bo‚1½ ùï`é>à ¨òÌw÷ñ µ™dç£y$Õjî&lsqauo;i÷ãÕkŽèî&IW+ë…ê€@òç®rœøÇâç0Ú=xÌá&ñMâ{H¼ö~ˆÑ²jàèU¢¾½ÀàÌ"â˜m&Í61i°áP‡œ™sC"ÜuÁçû¶½®ákà":l„Ñÿû+Ú!Ét ·¼_—žÁ=[±'e—ÆJµ¨ƒñ\ñ É]§‰wá_£^]°¹Cº‡+ó_¾Î»>ÿŒJÕ(Çcʹ6�bÿPX¢©0_i ©%P�óÀê| ×lKªóË ']'qo=ÛtPiÍ^R3ÌAÌ@{®brн˜ÞB-Ý:Ôf•;öN¶"kˆÌà•Ø¶ä6LÙÆJÚ;¦.ÆŠš÷¶§_ýã:5c[ôGpN芆3ÌJrc_NvhâÊ4s»6can £+µ H1à fØ#þ¼yªóÛcÍâ;ê?)M�ƒq2Õ'Ø"Ã"2L;Ï UvZ7¯iœ±¾iag‚éòÌzr°TêÎK'é ÃOj/ùºuNFü¯Á)ðÛÍVAFæ.¥Fàÿ2¾=µõب4܁̜ö³®°x>ž¥Ýöh—þ…œO!¢OÌr9!Ã÷¤ð­‰N¬ÕÍ.³8³Û™…&¹ZG
FlFH+e Y(¥LØP@Úè¦Ä '>X…¥®óöçõÄcÝ@xƒ5+/1ÒL'Ap}yö~2ßìðŸ1·K·Rú%¸5Næà›öM©eÑVÝ0 G‚žÛ–ßÅ©"¨ˆ{º8ŽGa®øÔ5GÚC1¸GªÉþVï¡ÎØ uU[„ÜiwT 'ë!Ì0ï­õó}Ü1CH§Aµ2r'»¼lôd8ú»"y•Ð»ðy¶C>#a/ZÐ}:ñ9ÿ"-ÇOˆìK'ÐDDk/)ñ3¿2W¾Ør»)NÊæ²?(DœÃÃXûuR–ÏlÉ>=ýôcDû6œä½à:—©,ŽT>'Žæ&lsqauo;5|Ù&Ei—Áòª {J€'ÞÎqðdÿ~Ùõd¥š*£°"ÈÆßœCHçÄžq#Ñn&lsqauo;š ¢@z'äå}è³Ë,‡·ÂZÓhî'g& u
þªJ¯t#Üf 3ž]3ÆìµÒ̧=³¥ïŒU6¤ê®gk`1Rª-Ê8' @焲Ëø㩲ŒžˆVù±Wnçï,Á(䜤E|)¯)T•–ónûGʹ¤·5¬îöˆ9§¸Éh«@Ãð‚‚H9y„T7Aµµ´¨ÉE¾¢Þ6°HXT˜4 lx" ÅXü\qѱ~û¦Žê˜hº<„¨Ù¥žfß×n©/Í þ<šz´Ü¾„v¿ñ''yRZ >V°e†ËåÖÿXðgs0hyè¥Ã æ&lsqauo;÷gKÏf8jÀK,ÄE·U>®Ò‡Âi"€#šþ`dƒî=QK}t '×u@˜PM¦%-î¿íá}µ¬ºL?d³÷–y>'7r4~¬dDæâ@׺z‡JJj ¾ÆIÐú²`¥»!MÓw'oú-å"ŠCnÑHdó³g"rŸ ¨ Bo;ÏÿˆÎKÎuP‰ãA­Â>¦DS¡ÔÅ(4—íXèñ½INêljÝ:p÷D…ž'ܯY¯ëÌn.Ęðl¡M£ÜyUUê&Úe|Ðü9¡.Nº'™›§oñ…ÐÛs…Ôú9¿úoýƒc µNÇ'õnÛT½DõYòÆŒyfÃMÿкgÒrªm_ëÃx[ÔÏê&(â#–ûRQü£ Iüßws¯ÕTX¤æ7ÒÞá,èñˆ#yV/ã_×+îGV'–z&lsqauo;­ªËÝ.ö'—ÃX%ÃI¯4ˆáŠy&lsqauo;î ØìÝ:ÒC?âzjýR–ì
Áh`¦GžtŽIád24^Ïåý´¶ç¾ çi¼Ø±"% £ÃÓëdµd.§yÀŠ_Ï^¾ŽC¡F_(þL—FëÍu®ÓÁ^0' QÊv¹ÂoU<HƒÃä#²¥ÙKD{TÆMŠ³yOꈉ'­Oƒ9'Zãüí‰T=v\cG%Cbd:Pµˆö,ë05=ü.ä‰m¡vª.yHïbœôµé»Mz3(t⪜_Mˆ %Z©|òhx/7Òî«jøçÐÒhö…ÀáÀÐ2±ŽK×WÇÂ/"üÓ'AËû²zNr f‡¥Kd¹±}UJì¿Aú÷Üޝ"Œq솤fëYr
!« 'ÂçrٍetÂúD&zŠw„êeR!éäëªÁ¥¿).Lt•·]¯wèÃF@,\›Ô}ƨ٠Ørô¾¨�ÖíåW¬œÞqÓvéZ¼n`Î'üžVx<7êÇ¿×eð«'üÞ®åug`Й¯¤U|òùâ­E®ì@ ·÷ùÃ0FÒmÒ"„±OÞ[˜~¹xRðTrKÇp' ä`møû©òѹÕl§߭Á{2‚slôõ 릴5Îa'+PŸ"(nѼwÇÊå`ÇËh&¡íÂ
ß­?­„¢ûøæ L A"Ž?Ó"¨/þ´Æ`ó!náÞ§ep&W õ¦vBåMŒŒ{OƒTMÄ × lHi„œ‡oV™_›í‚Z¿‰ëŽ1ËؐHQ)ah!*ì3t†<?ú:.Š£ÒwqÿW{ 6èn`»-œ- Î°´9²1?m }{)Qï¤ÑGŠ2ôÿÔ®'®»ŒkæºHµÐ‚Ìu%ÚÖ‰W߬È3ÓS–µ´zÀ§ÊÜäÜ6™/ލáÕSÌÌÕG¾¾„ê14/ÕµEy*l‡ßQò 'iHPqÄ™¨/u,$ uc:I98BÜŠ
{+§F³ÜGv4Qklž÷'-#Åj-ÉtEŒ'&lsqauo;ñç9)d&ëâÉ ŠõÖ+X/ñT›Ïg2Y*¥#ä¯uÛ}–{ Å"•YÌìÌÎÕþ qŠTŽ Ñû¯o¢T‰{eóö>ÒgK7a>Õ&lsqauo;‰ÝûÉT<áÉæ2©¡·H¾VO뺌ù𨿐Ðdû°™hâcal!¡ Û«çiIÛ=ðA1΍µGª™1®8T.^sòÁ9Wë˜Ë} Ù&lsqauo;ˆU…¼Aÿ
÷xØ繵ߜvÅÍ-tçÌ(Ýž7»¬Ä}gP)y£d?~2„H±·X󺦴ºnóÖZ‰v?¡u« œ(†ˆí¿71ÿt$€†&@Dj¶†\ǯ|H„²‚eéá³×¦ß Òþ¸@ÙÑŸ«Ò@[Ò‰["ò•Çlš„úÈ±_"*«/Å [/ÌFóÑÚ!¦äª+mÅ5¬2Œ†UJìÍ
²H5Hú„ÒD"‰ÊRmeÊ©Ï qxf­?oÚBØ0kéÄØÑ*'àð‰0^%YG;T¼âÜ'W7SƒeîyÐ!-eÅÝ%aJ%ä˜}Pá"i;¦²Ò•ÜßJËYà2If_â¹O¡ ¯ùٗв{êPíèKOŠxû=¶‡ ¶³Ä"Tö«#¥lçZT Ë(¸©«æ×ZOOk$V­â$´[ã'áD‰´qªhvGWúÏ ì¿eÊ�†×b÷?+xÖcß; {M=½šÈC!Ãv&lsqauo;‚õ&sÌEÒ÷QÓ4ÕSéŸXÓäÁj¡c=b³pˆ p¤ÿJ4]}dŽÖ~·'fõ‡ëon«­ÙÇQÆl©ŸÇêvúÚ„®ºŽpZ\c§˜eän—;&lsqauo;-,b§Î+vD¦º„wzqÏ}µ›ÞÌɽ®™Ò©&dŽÿÿ»Š}S›,x€DMtÑ:ù)·r4ˆ¤[øxè‚Â<7'[TšÙ»B¡Ýµÿÿ+3OJWj²j5PqwÄx+q Uui' 6¹X{ÞûâX0#¶/£RË&›0ùi–Á,Øð.¨H¦@ˆù>ÊÜþZªZà¼@WŒ@Nù]n .½  ^³ŠP[QþÇBš©A@xqå"øNa&<ιOàbvÚ˽döï²¾«ÿ�—ð ú7ØúöC2ž{¦I·?"&!Ç¥ŠUÑûLsƒ±'T×Ë"c à¹0"¨'xô;=nõ•æáqãRþ k·/EK"YïïѨWcŽ¶x΀$fÐEÍÍŒ1<¨á,5ªöW|±Nv™Ô¨èL2wq]f½²§ûéðñë{¤•çË÷‰ëž›ÐQ0Ìþ‰ÑX÷ãWz&4©{ì­ÔË IY«ŽòŸn­ÚOU¶n~+¹4j¾‰ìùÒ)nÖ#cwä"žÖ¾%ÈðÖ^¸ŒÌ¸¤G^Y¹ðh$lkÉì"žTï·äPõFÝ› "' ¸ OtܾÙO~"…Õxj·Y ü]â…ª¶ÑËgк ¸?KÖ¿kRtdréZ®MÃAÅU:Aè«"¥'V±«NX ¡'¢ïÊnbÑ™T•±oE4CçUtˆ~—µñæzS^Ÿ%»z˜‰ûQ@¯µ·/[µ¨0ê×v4̝ ' ¡ô£«™ z©9c]19}5'Nl}è")ÞçP_ýϼÇ0üBA.×t¤ã×JXSЇJ€©,ùrÄeâþ'WfÞ!û Ÿ½y}-_…"ærÁÂë:öЯþÉåÀ.‰Øy¦®‰®kXH²œ|õL"Ñ|Žf¾ÇÜÜH¡|+á‚u̹­iU Óš§ÈY1ªžÁ0ÜŸ3SLL`냰q„äIn|cOèã€>ýÙ5ñ°y/YK¦æ-A·ãÞ`@-Á£}=û£²oVáÁ>½ÄÀ£ ]ÖÅR'˜wÓÚŽp^8qëǶÔo_#ÖƒHà"2¿6 ã8É/0AI}§'ü÷„ŽÔŽ×°¯w™Ö:ˆéMuOaþé^ÝÇ4g&lsqauo;FÑ^7Êy§ÂGd¹ÃÏÿ,ßÇz®\t»gÅ<Ýdˆ-½ðÒñŠ•(ˆ>/y@´ 1Ÿè;(žþF;#)r:Ý"$òAEvS]ÛE{›Ð>MçÀ¤Ã]à0˜ç,z!–<wäëŒTQïo©ïXÞ¦
Ÿžzô¤µ­4öP•ØžKòrŸÚ'ò–9´šçŒ§£ª+ 0´Hõ
†ùñ_4{�$¦ˆ­xéÐ$¡ƒƒ?íÍßè»>±óÖ÷¶Ä¸ ð@Þë ,‡\܀ȃ&îÌ3Í?Bèhb\^/hñ'–ÏR†Øž¤®µ4B@ƒ×îºWyƒŠqu&ÛB#ÆyЗ°]uéB—¨ãv5ë.¢
^ºórZâú@6ð맩»tžÍÛâl¥@"´&lsqauo;–"4í),·Ð·aÞqÈyF²?áÍþUçÓ™`î,pÑc¡öûjÕîyYHÑ'ñ2!ô²sý…h x$ÁH%…¦àtVs`†UÊYk"Ôoo'p"ë–$«2Œn3oz,ú;™Ft9WÞD¸Î¾ÿÜí±<4H1£öv œ%DPþˆmŒÖzMªo/‡ñ$³xiܐõ¸«Àr/åÉz [n ldðaùþÞ–WÏkY»Y•P¶tïPD'ð¼ÍSOpµÒóÙt¾ºÌe¹¦ÚDÛöP0'$Úó-G¸±²Z‚¦ÜåMÅu²­Kõr%üoÕçсÖà0qšìؐq =ðy¸÷M"(&lsqauo; -ʐŽTZ£."b¶b�•Êèy£êñƒ¸ÈXºÒ[Z[||•0CÏõc9è�\èÞ_~îˆè ÖØñ,oœ‚· ÂzC1ç¡„aOcµ£¨ã¶&lsqauo;€�<§'i­Á¸ß&lsqauo;¡M˜0Å&žz¬¯j¿æi×®RÜ�oë­P`„¿„콊0"–z6C~\öၛ†Œ¶T×QdÁÅ$¾·xîT¦^öÙ$lølÉ¿15²5[Á½ö�ÀZ€)7ÑÈX 4^' .…z`�Š
œpù„4ï¢-bq²h7CjeàÐLGnÃY4ñ{üÉ$—Ú'ÆŒ[ǵöõ2›…íàÀPåLñº5˜w]ÞjøÏr¿"ϯx_1æöT[Å´!Å`8gKhÂÿv¡Óùa Îl Pž²ú;¯A-t¬<Bã¤.¼H~UðÕÜýî></²jí\ã/år/$¾oâÝ ã"ÓNz–Ëf^{-ÜY--5÷iPîDYOÚçB÷ãf²BJüDrKªûè6UœµÑæ½a¼$•IøH:#ç§w8‰1¤`ØŠ´>à£%¨ÃYÒÒ´¿Z§ÍŸä†y5ý¸' b›\ËmFªI@~í^ȼµzÜñwþÎË6·òž·Ðü­(¾Aƒ'‚<ÄJbÿ@ {÷6Î"¥qÔ`–à]ùÑõ¨…F~‡!È(Ä»6Îõ‰(o&lsqauo;Ï!Ò "µ¤±‰TyÌËôdP­Ð±–jë]9É7UðÑ"÷)§ÛÃü{rù)xÓl™LȘ…‚£‚ëù=jû0$ròç–I$ª`ëõÉRú"Û÷cM_Ù‰x¾âÍ"úI+‡ŒszbÀ‰à¸ÈMŠm'¦À¶ÆÞߧםÈZ²¹ìPaËL7`2¾¿ìO/lANŒ36ØÙà¥äëæ'Á »ÂÐcNÛÜÂÿí Öšڝ¢ÿóׄÜò–]ì×'$}SWœK "ͯ:ö0Kréø˜v1=ùè ø:ßûíÞò¬-P•_ZT´…N·µK!ÆåÌq¯+PRAˆ"E·ùœ:ˆód7½+µá]$'@ŸVë¹.±õóx±?ù‡ÕN×}
»J$[ßä ¤›¿»î!y­•þý™¤~(ûu:5ßa +
è„8b€ŠPØCñ}g‡ñ!Ô÷Kq´B{ÓX+ø&lsqauo;EÊ`1ŽæÄóòü*ëá&lsqauo;fo®Fu=Æœ[аÁ£7wk)w®½é}"qiùÒñËÚ,ûùgI •.Ёb…YXÀQdß÷Õk*°iÍ ˜ ²7Ð|G~ M?óËF1Öú‰•e£ò>+fU¤pž}†'—7Éå_%•å�Ù"ìµÎ]ßCõ)ÕLñ'Ãêì Ä"+°ç=:¡ÐB*J^ãwµwÝ\x€ØN®CšÛ%6䝾‚äM ¥<R"Óë"UîÂ »Ðhø+Èæk–¿K!·-ì0sсðE^+ÌPr
ß¹Øm½]Jb2MDx"îwÂ2&ÅŽ…–¹ë}@''ös""ÕXÑð»$^}O"zPÎ#o=­C$…8ÿ!´þOXW")Q1¯+ŽVƒãhaR†ÇÀ¥ŸÄnT6ÍL‡ÒÀ\í#ˆià©Žà¬Ù$>Ilwÿ°¬u›÷}­cîxÎl´ûºOùVÖ(\tÕ•›
<þÌâ3šÅKM[Ý-^R)ŽJŸu¯'+Fæ¼qB…þ?ÛQn„uÕ7QÒMÿAxQ… Ü «ä΃ñŽøÜtn ¼x¯à®X&lsqauo;°Q´61–Áå™Ç:u… #`Ö¢ÍÕTZãC~[l#ù/6ðêó±h‚Îì;ŒPŒC`a–ð8׏(A®\"³dußd4òÓnÐO¾´Ž›ßçðª—C{º½ö'!ôø¦Õ¾ÝÈ¢à\¾3¤òJ€©ÆÁÚõÈ|Ÿ^©<ëËX*˜®Î)ô"ɍ%ò'´…sö Le;=ÃEZ[¹Me½a`~™l'P̪ÀOnŒÀˆmË=æÂR".#Rʳ.%"53q‡zW* +—¢2õô¹öo¢U C®Œù8mèo'_øtj_©ëÿÍ h´H=9hR»¸¤ØSãT5:§Ë·DºnNŸMW2î«iíE"c�ZjßÓÅåy¢ÿ]9 —§]¦icO ¼ff±ðrÒkì&ÀoÎ€ˆ°?*j|£—ò3™O&lsqauo;ÃÔ'¥ ŽÇðq*‰®Ð÷J2'Î|»Å@Fã$Tö—U2ä5ʍósÖÕ;ÞiM7dBæä$IöÙÊ$½ŠÂP0r(=Ò6_ßOE;¥T{+–
Q�î‡IÂ!å°Õ'z0€°Ñãå¢@ð‰àÆç%…†h]ÚºÑ$íONpu_:%L¾î‰l4ÜÒG•KB¬:ÿ¹rþôÁå(yÕõÌ‚ &!¡]úƒ‡Üã/tõü¼';"5ې='Éìí3\íŸãºÙHÈG&lsqauo;m3¾¶(+雃q äA™3¥‡ÀÜÔ„=õPËÓ#4#¡Ìm¨qÝÇ'½ô° üìœü¸ûÀeŽözåßtڐځr<•¨ÌÐøž6îr¿ï§ ®*µ¯ö£Íª^¦FÜ¥)ç³""•¥u–vq®G 5SB!cþBœûI=šÆÎYR‡¾E¦3O öŸö&lsqauo;PæNȾK˜4>ÊDÏ#›,¼ƒÞÙKøtb°΍¯kSì´nSEá> ºßm½¡®òºjÃÞ¦Aàý=:H?gêlˆ´ÍÙ¥l³ýe}èåö>ÕbnðÆùȵ·§v?4"VZB¸Ùoú>{Ø—cõ\®Þ5–œÐPfÍÑd.þnŽ"¼ý¯_í;iÆ$dÆ}ó…úS¬éRcìAF~žæ_†˜0üž„jÎQäLŽ£Lârªçz8S¢J„Fö€#&t\t)FZÖ)ÙÌŸ2ö& i˜Un§$|'JØaBX‚ã×_iE�
…ˆ
ÝW[SÉûÀ@ˆ§Î ›Pu>Ø×(Ë»¸¸ tBÆj4T%9}.÷"W\'—~ÕÀ[ŽÞWÒ«¤ÎÅ_óü"Î¥Nòè&bí!UœùJlTã*.uJ-Ú;Z/: ×lí &lsqauo;qºã#™r�/—7·Ê"ƒíé,dž •
x-8¨M$zy‰§Õ ¹b7yÀÅxt)¿ß\™£¢ê¾µ¶ã‚%P…
ÿqX¥©T¬á?@[Vw0Û#ò¼¥yšÌ'¬Ï´Û-
hŽÇdΘwÞ."ŒW0Ø`Šõ4òŒ´œü_šËä©ßzÃ#X"UNš ûçN‚CaÐÂ×ìf Gv›râ´ü½†Nl†øÓVzv¸Åÿ> ^hÖß· nm'ˆ›uÚdM©¬c«6¬6˜úƒMót>®¨©t.0±!(Ò5¦Mu9›KÓý2ë%$­½p´25ŽIØo]¥Ö0×›i¦ÛóÀy¬ Ù¯õÌ>oζ‡o`öÓQãû»v©œÕ1ÀÅJãËlÐôtölÌGƒ[í¬Ol±z*WTSÛÇè|1t�¹ÝN®»"FÖ]OÕùÜ•Ú«uT‰TDú•¥Ñ« ÿ¦Kî7"{´::2Ýk×C±'%w*ug¡¸šŒWu
Ž;û&ŒžísçÆ!ñ\ÃjÖ*øf:¢Ü"Wl}
VÔ„ŒÞ­ÒóÞ¶N,pH®Ãö>K¡²6Dæyç»þ¿„ÐáøŽ€È2S>×éjÔšI*W LDEŸÔÏ<þž%Ó#èˆn'hQpsŒ]û'jx®h,² R4yVÅ„ÔØP( ³pµµWj;R#ÄýÆW)G)j*Qõ­Iå®|{JsU=^²'¿²~ã—
-Óµ+ŠP±ô¢„Sé¹ûŒâ[ý¿ˆÛ¡·¹ôÃ' &lsqauo;�£Ý"–ùKÏë[–~ÜÑï&ˆÈíažË<&ùÉJÕ‚"„&lsqauo;)¦-Ó ̤´(2X8‚?-7.9¤¢«oß½ðÅû` E/Ïñ^õ""UyRfÈrR.L`À6§UX×~v—º†£ŒìHÛµ
átø4ò¶k¤îZ\«&„Oüý¯ËùXxJØ)jû&¶/ õ:Æ5FóÂœ#geW[Mµs€öJÇsíÅŽztT€�Ã[&Í".¶'µej¥ŠtiÍ8w¶Þì¢HÝ Ë'ÃoB1oüÙHÏ8³ünžmûiäÇ,N‡³F"~q†MÑ%¸} ‡[c;]ÿöࢱq%-!h\ÿsê´]ªnuf¾E •úø_ Oßèï.ÈÏMÍy7×0V&lsqauo;i7Ãþ¤;I͆‚,ÏM\¯ÿUjôrF i+/‰YÛ¤bJ‚Ir'O8C¦Í>º`9³²YÇM8¨÷—•úcªRã+¥(w<ÔdÀyØЭrÄ®V"X¼¥c|ç=?È™ª]5òKùé™Æný¨àXvL¾ÞCèo
ïE~^æ>òçÕÙGoÇŸ0–†Fu#Eœ>~̐ѮUð¼.˜�b˜Èê¿XÔÊ"9™°ä`Ê–ßwÏ�õsö§°5‚ß±CV‡°¿T4¿ ·ÁœðCpeR_8']8ìdú ¥ £ªá˜ìŸæ†ßYÊ£PàB½‰IõòaWw?Þï`€íBwŒ„ڝÀ{3B]Âßãÿ]F=¼jó'=ßʐ'ßA
D ®!WÎMNÅ@£"_'<þ}=Ø*KKÊóT¢CT¾GZcZ¹œm„�·©Ê:dE7mGw˜£vúö¦[üzjÚí&G\=Yò‡ÕÀx+eI½Å¾™(ÅdÓÔöqµ&Ïn¾ûÐò¹$ÍÊAýîñØ5f†Œ‚t+Õ$0é8ô.—
°GÏANÚÉUÒó &;¯›Òƒ¦ßkÔ8`I}Ñ�ñ8¢FY1fÁó™4ÑȦ®poº$ç~K@1Ž_fÎVTQòŸ'€ŽÈÈV"ä3·¢½„îÃ7IU� Œˆ.«,@<o(ÉØgŽ§¹J;åèu܉-ññ‚Ñ`ýã7i=L=²¯Ä{s/*d8ëY~]0‚™@h©üT1ˆ»—'#¹PÊþÁ9¡H:É…>gƵF :œÂ Vi?õª+nŸ¿äxXëðf gŽÚNÃé猤¾‚=ÍÌñýSŸ€ÿýË ³tÙŸB "Ÿ'IM~˜à‡"¤Y`û>ܝÀ!¡."âÚ5„Ž!tf'®õŸ ÏJ)XYž-èïøöÛbPi˜mSç­_ï~'UÊúcy*s7ò5¦[ÖÖN"OhUs%ÀS¸h÷»g>]wXöðÓ‡s¯dÓ'™l®^\5órÎô/ׄç$N-Wpw´é¬ŠŸø´Ï®*ï7ô­¼#:Yì"Îç¸@1ûínró=ÁÆ*êÓý´ÖÑK=ˆ0…�¾œ+½ÝBI 8¹Üy¡C'½¬¸a×V×f_®š²)œ©b¦üJ'¹œfc½@dâœý•ÚÜMç¬ÿ"똁5=ki[¼ýÿ'ëˆR*Öob«û¤a½SJ{qð5Áƒ' 9šÃÕh´Œ6«yPÍ36¬¶FÌPÝ¿$‚z^Q³c£N¬gÚ'»ÚìKÒ",„Á Öº46VuÀp-mIpX@g=î@ãL„mꁎõñùýµMh¢=‰áFùæá´(·ü Z•¶APþ©=_Šp¾5YµWöùµè"µöh"0@íiz3âÆ—mM>Šê—VÅœ�)ñH¥…S'ˆË\òb¡3?À³PÄúãPS£'¡ ¼æ|&lsqauo;¦ÞAª|r¸ë,ÈcØÞŠB<¾ñÏ="ªÙäIçÄ';Iÿá~üús»¡ª;"©›sJü%R"ز µ‡­@?äüᣆyûiÜÕ4ƒòêô¨ÁLëŠ'ù?æê³0Š˜ƒDÚÆ$Lt¥u^Þgª3Ÿ'ZD‰ú"wh>a›ÏíÀ¦ÀêÙÌ>&à)ñ†V+,´Ï£©»Êm3÷'/zށ¾[pêÁ³ÞüŒB©q2îò»½e'‰oزÚõÕàÇÂöv©s¨€úrB¤6ÇÉɯ²ÑljðB‡¢Œ&רj€FœÝô h°'Ñð—wOg×&>ùÁ)›IͬXð1SÞ(¥!Mnyv)ÌÑŠ§+¡þéè@Ôj%§%fè1
TŠ´1I·þµË€?5 FïŸe)9"uå‰x"YEEØ zRX•ŒàÁôNpy6uá´À1Že<<SÛ–¹—#» óˆBý—öò‡H!¼ è*k–u\žrÉ,WON\rÊt˜HËGï'.A{—Ü[ƒ8³}P‚Ô€Cñ™ <ëÖ´<{zÅ7øÛaªY}¼ˆqÔ1Ï7²É+úÑeâû`„¸Qz'»l€4"„¾,x+Fµh7Ewn•öÈROÞ¢Ëùõß]»n'77™Iª«L·dmì%yÏD}A÷uaQdôû-×ÎòrSÒLÌց,a$9úÞ¶­EE:X"0àAç•â+Ú<‰oŸ¶ë'FèÔüùÕøÞ[„ â1¯/¡,fAmcðó«/êP·,«¿_¹s2p͉ùÄ"jÎÜý & H)~vŽÒønžh7uÿÕØwñ‰Z½¼¤S–Ë×ÐÈg8vŽó&lsqauo;œøÏU®åjc"ÝÂ% ðøóT)§n°¡Ó¢Ö½C­Ýó¦‰õ"ª3vñСÞ!¡¥ÔŸ"RMÜñSTÂ…%$<0]2Ê}'Øq£®D5º?+P降±
­X5é¹­‡¥¦erÂ^Bhàyì¼^îun®ô¨ZQ"–5�ꦐ´¯<ƒø)•<ÇÐŽR5Q=ŒÄsÝ!¤ûš{Z·Þ)èEpÚñ‡¦gøÒ@_$ÿ ¨¦Œ‰íºF•\Ì{èCÇ{{qe¦ Q©w_*@ÏËo<Ú7b!w¥õðéö¸Mý{‚ðq%´û»ñ³ñsHqóש#§Wëš·© G&¦À@#­Bo3'>n›¿EÜíÏy&T‡ü$®è´9°Èv4þ.NeŸën½Ëó&pÌvÛ¤S¤SÁ³ !Ò.AWŠ`â7Žßhlƒ¥cpÔçUÑæY}ŽxÎìÓñ5Ä FqÅŒØÅE´ËG‚@í—p`¦)Ö@\Óoíb&lsqauo;?p9a!B—Þœ1 _iþÂ]ÞëG³Nv\8ô¬("ê½$Òì5g bx €zìÈ*³–Æø„5¾¹Ã p™ýQg"äIÒ½‚Ÿ×WpcaϺŠ§g…Ä @çy éJBÚ¨ZR¤LÐW|UOð*JXqZ6ÄV7~¦ãPðh=úËáKß+ Ó©UcEç5 ù» ¶Ðx+ý¸ŒØùáS¤Š1m'Šm<PÖ}Õ°‚ÿ.÷$gžŒ+¤MÊÛØ÷¢¥ˆMƒXFá>я&lsqauo;fµ8H´�¯ß&lsqauo; "©ÒF>år=,êp°á²ú±Æ<÷ ù«–®~øDÑerC éMßú•nR':u€°»g@Ãf„!ú'ÒÊo|÷ýK ͺ_RA$¾®€I±ÿí&lsqauo;À>>¹‚š{Ñf½Ú
ƒWg#ËsÎÁ¨+Ø¢\Â2µa�Lêñ£Í1ømÔ6•`÷òwþÿësÅÛéÙHÆßäŠI-o‡­åP ™Z (¦[¹Õ¸Œ þuLòOù,íÙ´ÐjXjî©[�ÔÅjÔÓÞFûu ŒéåSX÷Ç×¾q†ÜV+ünôØBXr–"dÀøe¦gõ6b½QØ€=Ci|Ó‡PîGûÓBáVïˆ2Õûç?Ãg—ˆtdË..‚k¦»Üs/p‰k!_f­>¬£Ñ~v�fŽp×°†E¹¨ˆHk„SÒYÑnúäXÎü#gaZ³¼©.&lsqauo;ßZÔì "»úÁÎ•4Ç0ò¥†C_ꘆNìakÐÑøë²XQÒËò‚1Ž7Àþh›w¶ýûIsϵ¤h€ÊàyÐÔäøöE¼RýŒL][ù^có"c·5—ϝRþá0(Íâr¹
âge(¼ƒ6¥HåÇezÇ•¬†õªfŽ˜ìn¬æC*Þ½C[ g™rCþOŠºÓÏ©!>@ŠFRFº©!ñà'Ì¡®R€¯AÉžV"²Žt9UA:^äG¹Ê+œK°¶MÒ/""jóÙªŽœÿO‰dHa÷úêTÅÔ×""ÊáÍì9,¹by¶º:ÉÔiš'J [iäò«ƒ®b.ÀVÞ€¬ctÛ.S?ꮼÊ)´$~Ó–rUy,\qé}i2f𶳐&DÜb¬Ç ˆ¢íßcH&lsqauo;ç¹Ì²Ò ¼Ÿ Œà½çL§ƒYŒkòfwmsÌŒ=‡dUdîWÍlHbs'ˆ‚¤„ ÍM•-¼ Ý!8ì-Ö¡nw7cÇ^ŒLnÝö`31?5%‰}îÁÚ|X'ùïü´AÖYå hkN¯­h³œ}^×A¡å¬55£Sª6·àx²&lsqauo;¬â-g"±»yr¢ž£à{ޭǹsfP‰•ÏÁD*˜~Á·['Y4±DÅ?B'Ú©$rt"øÃñ€OŒÌI+~ë$ ðºÓa† ÐNyí7ûVV
=öø'ytÊe•aÉÁ\rƒ¶] æ·ÖÑŸ}ÜŸá®Ü›:}ô—ze6à"ÞåØÜqÚ$WïÏÿ DÄTr¤Eƒ'ÝhøÓGq"Љ a:B‚\5Ž0w·)eûóIÂ܏@<C³ÄŒÆÿ²RzŒEꐙbù"»ñ>Cë&¨º©{‚ÿìŽLé_µJX«Ó½Ã†À±Ù"²êÇ ¿bÔüìPèäâ&lsqauo;ü÷–†eºâ¶É4¿Ø?Ã\'ÈL€Hš=č8¸Ç-Ôou(%FcV¥å±6´#Ra` ® :·Ög*ÿd— < 4;DÒ¦cÜ]PÙhQZùj;0hàDà¤"ïò0×)Ovw˜Yâ0תT³Õà+³0O™ËlìßØÄí¿Z®tž±€L$2 Ü!u"Dü"Øâ¾ ½Û ú+í«þBF褽÷Ž6ä™2K–'ȱ›´5Xðí"k¬r±t+A‰'Ì-4ÕMçç9C˜q¢M°öY:¼ðõBfkê� ¨–
ûï5€(€ß¶Ã:»¹GNñ-mÿõ;çÒ,F:kGwòêuv¸É¡ž;ì%Mèaó³0Ë[ìøÔ¯‡ác`Ö±„³+Õ"èìÁd†RÙ·<y"`¥Rƒå'ž•tgÉ7›Sà,ˆóôI>øø³o°®)"bˆß .™závÜ3x'å†ÀN¸>/T]‡$_CûWmN`%ã´TÚé;S‡¢£×Q m!w#|û'×B>¬€ä&lsqauo;s°º2ÊÒ¥"m²D:I˜iI\ ³±rM²Ñ÷sè="4uPÃÕ(j:sÉÓ–§¨*X%sKXlמLÜËg´ [�¤DVjϦÎÍÜôoy_•±¬ÞnüŒCE6@Û¤`Møjj¸r<Ÿó©�e´¤£xâ"·2~îaã¼~ºbq+\¡)éCG³fÙq'·Íñ0ªaWœ4ÅÇ×­Š«)Â|½Ý®Õ$veT¹÷&0büõ°c³Í?J¸Ov¢ùA\†‰ r¤­'¹dè^عuTãď[xS+ÇbÌd­•e&lsqauo;sÐÚñV†7úª²åÇu£Fw¬–¯Ø:omQnoÌú&'_LQ¸‚ÂÊ1yÂpÍÂ|þ{±µÛÒ&lsqauo;þÓç¥Mae<{õ,Ž9蝹›/£¶j
"-}\VëRÀ"öžÓ(¨ª`h8åŽÍ›õf"§Gonc!7¸{ÛÖ Þ³g!‰Ñ•ùkª:r=�éä'©/Œ¯Í®l–´óüøMbʳh mÇß­þhEƒ'âI}ðû\€À‡Ï·umyÎ"SÔz.„õìE| $³˜¾»˜R+æ°¾•ŸhÚÃŽÇÆJÒó¿f¥6˜±‡-ûnwÙA©î"ÖÕæÚ ÓDI~F«R3.â ˜ A¡
¹†"×@Ÿ"bO©-Ñç½Ñ]RÛ6dM!¶&¾õ!¼ˆÆº4ÐkerûÄ–.œD}×£ª%'',iæÓÌ'tnÇÑ€ÂtGk ¼À¤xŽ
q©]D,©J7RŸ™ˆZ Y 'œµa³¾Ï[•ÓŽKv¬×2¾Å5"Óüåt»Úlgrî¬ËšT)^¿»xz;ÈÐ¥Õ /^FëÓý@äE£ÐïàxQØå(ЮêÄ^Ñ4Κ-Bì%$2TÉþçR)OÅ'ž¹ß¶¡ÿ²o®!F%9ˆ+}w¦»³Y°¸ßíןÏmE†C½[Hm5e*ëú›ÃªÎpò9Ót±šy¹€Ù÷–¥â6LJšº„­aærЩÇ>&1Û!4"ÇÔ›jMóóe\Ô"w|µm©e=Ó�¦áƒ›Nô[·Šâ4+šòWC¼ªD»MùìóÖ…u­¦~'G~'i—TkÏ–Ç¥Nß_L2o+N«ß7¡S¢-Uç¬òòë%„[ÑTçg­Ýÿ4F&lsqauo;ˆ²È¥4VÒ¾âŒÂ*Å~˜>Í�sc×q[ÐyP''õû¨ºØqÁ„Ù€›ÓaHU¤ÒÛpO¶òKHfƒÁº™_b‚ÈvÃówMâÛ©î5Èágâpùnóy}ˆ¢XM¢`=Õ­Û—„úa^^jª´>)*g¥â[Ž—p@r·ÅýF2ïĘðŽJ<9N&‡¤¯Ï*# 3nk¿Üì
övÑe÷@šsej²b¼ü&lsqauo;äTûø;p¼yè²Ò)ea…ôDÉ
Ûüû§³¬™PO,Â«%k°®?ü.昵Ñåa(röÜØ}N^ršCæü•òÀâíÈ7J|î°yò©QBEzn™&lsqauo;•ó ˆ¶WºYrÂ'€Ï×ÊlZÜýEñÈT>"VRb¡mW4šXïò?Wâšk>E‚®jQRŠ&îïa¼gwýÝN¦ÉéGí°œ‡!1ebA¸Þ ™"òó±­ñe1¹©;úFçp¸O‚;¶?b·òƒ¾wåkE¢Î€1Î]G6Úcx]¿0¶]ÔÑ·Î*¬•7aæ©qœ©,⃙lyuÖÜfɇ¦ãAÔ¯ü:ýc©ÞÁ úBn½Ña„ª{·¤—xŠp¼ˆÈ´‚íëK…¹‰Ú£Sü9òqÕ4(KÖÂ%&lsqauo;TÆŠ¡ËÃ6—¹/wu'ßêÜke%yñië5ÆÊ3̹˜æOŒ¥è/Žãr+¥Þ1ðÜè|Ûšùo· ŒWBNVN‚·õ€_ÃäïZ÷]î#eÈi—Œr°.7mŇºv Í,t`Õ5e´—È,®»ÉéwKõ'+íµðUí[¯5ÞN·¥ªHÝü׸MhâZà½DÏê%'ôU|cÖ}¢è˜‰l­ç1Ö!‡.
„ºþ•
kÔ]Ê}vp?ÄY<ÌzŠ—ŠŽµ´OÞ™¬è+€Î
̃£þ•søFu(Pª…Ëõx%åB;ç-ViVYM¼+ai@ã6¯ï èÌ^¹ÓU'à£Ð‰ÞÝ'øuäþ"e3SýA<TÙ±þƒþ4xÕGºø–âl#
Eÿ=Œ"·§#Jýðƒ"V"=<´YôOÔºwd›!÷½«¿˜tW½ŽdÍxVòðË·¡1°¦Nn¾WP¯G›SF_½šéûeÿÏDâ !¹SIÂ7ŒìBÇÈ;ƒØOR6åc½bÏPǍb5ÞEôûm+ûõì]CþZ¸?º¤do"!ör‰É¦£"Tm¬" âmoƍRz¦×¥ ˆó'–tÍÂu‰79´heGò®ù'Ê»ÁÄ¿jÓVžfzëR.ùFÁüZrÖ.rñòçÚæH#y -£›|g0lµn=½CØ·ªLcö楮6-›F"p&lsqauo;È|›{L¥íÙ!Ä[ó+x¶–ÈZ–ÛmžVÃQ&lsqauo;œ¬ŽT¦·´¬ü-oOÓÓÞèif0Äb=ÁÝ»œ)¬UUNøuúÚŒc®]­oXÿƒu½K.|¤þHÂòôîA"lþøƒ1ëÕUÊŠ¶îÃ=.Hd[ÙàÝ)ß1'Q(:ƒö¥ €/‚UîçaŽrr*õ�*ºäg~ŽrÏfüœþŠâ a(UW;u3H.•aì²h¶sœQªQTòù£ì}òÄRÉ$ÿ¨žú |ú"UÏ®Uè&uWLbvAší…a*ó¼­vÕE³#!„¸JiÔ<}ŠûtØO£14ÿÓ¼Ðë‚ÝáE% HB @QœLc­ž³ÖžÆœD¼*¾bN##ýõÉ‚!RS'ãA ü¡‚è¶%.{°8úß˸´A,f'¥<2𮯎¶â@j¥ÌØBåäc¿ˆÞ§Zç KÊË軉ßÁþ •;›ŠùÎc\ù/`u~Æ^M±ªš ¿åµ¸hìÁ„»CÏMĉ_ù]©…áksÚV}°˜®>HiŹ3F¨gá"ÕxëxØqX>*zjFgw˜öì³Fõ&›¯Õ-UŒ‰Ð@\$à2Å2(PœÍõ<M¯±¿‚á1|9{CæÛÝr5¥S­_àÎj™ÉNÒÏÈÌþraj¡@(h„h ¼>ª˜#äOÎÔ_ž1œ"$©Š~0€Àøuà†æÞ³Õ WÑv쪳éŽ%jƒz&lsqauo;>JY¿™îqË ¬ÐòÌb–"ÁDwÚu}l矘gœ6`ñ±Ú|§aﺏÍ]ï¾ "bòD½i$�—â¿ô@¡Ö^—y|~™Ë.B˜ÁW{9ü2²=¢ H £ ygÆk.Ï"yÁeVõ„Â)ë]{çÿÔÆ&×}Æ¢;ùœ‚EÍ܉︭ 0*Sz'Á¡z')ÞšÞ�$ÏÀF*¤K 2•Ò½ÚLÙ¬íêÝàlÔ] qQ7‡À³ŸMÄ~Ǽ7Y¨\6O½²ŒB)VJ( =
Ã†ÍxÎ=îã"Îå$ðŸ`†¤µÅôñAÉhP'd j"MëRrÀrS>9"´c¯ˆ´h4¼{(Xù_‚ÑÝ „%a™äóaÒ˝K¬Äa©;šñ—"â+Äiå…jÀÐvn°3TP›Æg$Bf'}Ï}Á8Môz~t=JÄbç
¬yÛ{ Ä
Âùh?AÀS0»+5tB=ÈðÙLì×\ó&¡"Ìÿ;Ú¬ ¯Ô[F½y¬B&lsqauo;›.}Þ³œ÷"3-öd"gÁ~>,ë¶ÌÏGÎܘPc4p ›ñþ p;ª n6ð–&™›u"‚(¢D|µäh@]<' ËËv…!_shæQ#Sº{!ûû­ÿý°<DƒÉP¡ÍÙð \Fpž>%Bó.¶ƒ$ÆSÃÂ\¿Ÿ=|ózu¬öí7(æmÊ.W¹�S6ºZEë~ó²Ïg†švY7Maë©„Ì4·ëž7&;XAK¸1/6{ÞŒ+EP'è/1KmšÒƒi÷÷sãÕXÑY£ˆ_†[ðJÅ@çä+aP?'N™xr¼ûد&‡_JŸr'(/¹½ñt÷ÐopåL —¬ÉögôÛz;ƒCFùÏ»½ÃÔUFlW'¹Æ�™°õôÁ)Yý|æãI´¹žS{º\Wýð444I¹èé‚£QHÌfOÁ*I$"×/ÞKVKù¦¸3[äëI¼×*ÿõ²Éñ NY
^ËS049~˜sCkbÔ:Ó·.ˆ'ý£Õ�‡CÊÚY¤ÉŒÐoí­mœªYZBÍ ÙxóÒgt[¨ÍÞºCdÍÄ¡ehxÂäFuËX5å¼7EYЕõ£\qc@''ZZúpõMû/ñœ'}ÑÒsÏ;SŸS?fÙ7•—æBŠG³ÄÓÎjë«\ÆÌt-ÁWˆ\ÿïèšÍ}˜|vb'rý¤|xm^˜Š‡q:ÆsôõÛBú"áöU)ÌK¸„Xì_çöaß!+©Ã»ZÛ™°—™Š èû¢QïX¬ã$@�¹"ÇRg6ù¬øø µZ…°L¡`â§à…P•ŽíÜߝßAq/b‰ ÑS§øÆñâLN&x@ZB©Ðæ+`\…­ OIÐbdÅa&¢ùÀ&lsqauo;"‰'5^­0Äm:?:lÛN.àmv8NîÙß‚+åôP}ö>ãÖ›Þ!Û¹7Rä¥ÎÜ•ŽyÔÿÿ® ô«™aeÚý•w,§éøHø'.Ê®³ZÍ¥ëô³Å0ÀºÀr.&\û몟F¡Ÿ'rïo™º¡?'Át.&lsqauo;Þ\4ûªôý;Øÿ¯Á±ÈBìvø~F†žq–Mç.J¡' }Jº©ÍO"ýóĬ¸ÁXŒâÖ$ëÇ• 6ê"(Ïuí
á<¸?Ùüt |¬{çÇvɶXuETDG¹¿"kUÕbˆ«éç'&lsqauo;'õª,š‰´Z™NHÉ2ÊcPÄâ™=»A˜Øìýêm´yúà¦=GºF³p2•a{ËB;2ŸZ·ˆCóŤìUÐo'XXÁÅŽ.3Ÿ,'G„ãž0 ô^A3ž×Õe"Zƒ¦&·z3BSð7Ï!ƒEɍÕN_®rÔ^ËdK^4£Þôt„ÚÐP&ÔngN½·ÊS!ų ÛO…ßvº`uḾ-×H"iÇè…É僁ö÷¢88UÜËøÅÕÆõ ™Ø—jngv±XpC7„kC˜&„^„!f~ï…'¨z‰õù×[µ/ÿÍà ¸d·©YH™'+ç¯I=R�ׂ&Ó4ºÉ; 0Z{µ\ÝØ…¯½£Åðc¶¦m}Â,ñƒÎ2¨aØì~ìÉ -ÅÔ#½ø²2'§Eòq�>­+�GåÀ³~òOVG„àÇ]—­}«„5X+ù©œVˆ{úµ^¿â[y‡|Øê b`q
'{ìË Ä„Þ€B2ÑßQzj›ïÒÈB§-Dwx¼ÐÍEÚ5Ž·E:òïÈû¾ûÊBåNÊC„zyHˆdeÐTðÉ.BñOxXâ E§ |#Ìa¢´ØO-±'"ךGìv ~7Iÿ Þkeë5‰7AÄL§vgÙ3T?â<³<ÀÚ@úÆ£ˆ'óû'H¸DÖ§\ã öRÜzœ;±'൚ÄI…ÿ¶â"­£U/ßfR©†ÊÞÿ¶¼è}%2ˆ "Æã»üâ/4þ9G*EXJècÚˆ~¸ß=A¿Òt­P²1o.%ÿ1E?òºmšÎx ÎJ6
ÒNÝî@W9Ì6éÔƒ —¨ø6/±¶*Ú"L»)?fÊv¶§ðVîgŽ#€—5¡92þ\¼urÊ÷Rc@v>Oíümjœ<–9söE%8]Í¥q‚[$VAN&lsqauo;z÷ü+¨ã¯ç5¼P#e:ý<©™›€BºÛVZl|„q¡Ö-÷NŒÿáštñ ŽÍ5 ·L+5Ç`[!õO= 9"§°™ý#'"+×óÊ{+÷ Ó"|²IÔwÙ¤¢)¸Ç¯ÈQýj.7§ÇTøRØÌÄÝ?"Ë—Û0fv¥$Å/R´S{ Ž"ݐæ&lsqauo;Y€!ŸüˆU5Iî�©wÂÄšid Í®›þŒúåLO
V@!}<±ÅÁ#PÀ€)
}ª"%-ˆß½ *‰:SYmºš¶ç¸wSoɯibƒWóаÿj'ÿ˜ÁFk«0€ôÄÑX,~Ä:¼ö=u`¼}ù‡iß®èb²ù…b^=š„9ô-–" ÒÖÞ¬«ƒûŸtŠ¨‡2 t+½äv¼ƒ§çkÐÈ)‰FÐ/ݾ«ŽÖRìfý­)ÊJ*ou—ÆhÅ©›¹ÚÅ"„¹ÊBvOê-JKõGÊuþ³µðµìÆ7êÑ6gh| á°"*fRwd]Ùý˜Êý_УOÁ&´Â@ñ¿9B -—Êœ<Xq•mäVñ>eMVÃKJù¹&¾é.ü7Kņ >'KX §Òþ¾"èGw7.LH'RÜŒ-¹'m˜« '92QÚU'ÞÁ/âý\¢¸„Û]ZX<|EïÜÏÙÝÃŽ2RêñN_ªw1¦k­ËHœÐQ¼ ùÌijš~¤´P`Ø„ý2´è&lsqauo;@Âw}͝Ç'(,•>­HµQ/ª¼kÁ
W»ˆÂÒO%Ð~ûʽ¼û{·K¡­žB´(pÙáž¡ŽFÉDK…R'=Ô´Z¸?eë©&xHÐÆ5e!è×MJé2©'ÕÜdm[7–r(Ö�÷µj#¨%9ŸâV§.¢¾œ>ýʐC-l[ûôö£Ù&lsqauo;1/›xëXÛ«vaXuìM>{Ԑ¾'^¾Û¿ò¡$y—áï:XÃÅ vàmqzT$ïÿÇöéÀì3Â`°¿¨Nô‰Öhþ-Ó‰ Œ Œ€äA"Õz!>srÓ¦¬"µœ?ÄêdE'Û˜ÞTô"SY-^Òµ w$è'À¦VwŨ1õ[áFÕ^˜S¬]Þu¦g GÚÙÎ!^¨VÖÌØý19:yˆæ«™±œ)VÜ.7É1 i–Œ` lTݯTÞñò.š9á0õœŸ…Z ¨bö„gµ¤Y È"Ëü°á·þûšKðX|å}ûeeŠ "&bÓžJ&\RÙÈØY¹ÐñŠ"lúá+"òØàp] ß¹B¸¹pDTÒ]ÌÒU_##‚_³ ™ô šŽ |¸J"¾âåQpмW²´x7Zс[é5ˆ2]gªÂës»`7Ò® +'ó¡—|úî Õ[×h/'²3F•˜tÙ^êÀíåôŽ\NjÐÇâüe
º´úQð
*jBƒ›f.ƒLÍÀËåï%\Ý¿ây3Ô%%xMUjt‰*ùéK]tX³5ûú#·×
'êQÁÃÆÛˆúÅõx'Æõz³å­UM :éQ9X^ÎoWO(n{ÄÓ{IF&>€áæžä¦csÄ‚V4˜°r£†šýàlˆ§tڏ¯R4–Q/3k•;fåCQLž'ÙkÀL¹Bþž†JX:l# é—Vj ¸¡àYkw~ì+KZ‚¹Rä¹!›s9œÞñÓÖ*ÏvÂþªÓÜND{E'ý²‰B|bX…Üÿ°›ïóÝëO¨¹ÐeÛ™Û ¶2Dý®Pvh¹±³Wû86z%&¯ÀÃvYƒH 9©ò/ßQÍt'Š"Â#‚éϝ¸¼QˆÃÈåå(‚¶™Ê"a¡¾oý0fŠòç¹…AT¦b­!Á¸ñÅzÑ9~A"BÉDÀýÉ÷ÏEÄÝ!­3ôÖâ^‡ºÕÅa$jŠ» R§j'%"&G#½Ò`ÊEŠÔœPk'Ü>k›}¬e5A-r]oÍ s#PӏA÷;ŸÕ½Gz7ñ؇d3,½¤©})eM`¡¥ùdXÖ qGfgIÛYjXÛZçú|‰Ò w\͏<ûiZ¹`©óÕ8E¶ÿi{'R[Û™_~v
dª}ˆnвŒë1½Ã
SÜ;íƒi'*ÒòÏȲFö"ÏŒùÑq2´ôãž>óïvž¦D_ƳÀ鏌�ì«Ù|Ÿ,Jå±^˜* —'¸³k§Æ©£Ä¡KS~Ó^ý¸¡uaÄš~j`‡‚"=­N.ø³c鎽^Ρ›QÝHÜ®Uà8%U^FÁÞ'àmn^{ Öî­X¡G Ñ×^|š GiPëxš(BŽ¤Ò6n<Ú¬
CÄŽzjÏ£Y¼$¹ñº><8ÙRþª¦Äú¿Vçß8­ØÖäRÙ£IÙz…Rš'l&BFaÏ`t¼ƒÆ•¤ö„²D ´á´8'P™aÓlÚ6z$>¾ˆ±ê_*úª¨>ÚfX¢x•D—¡ù]é¬�ßöíö4Æè¨í›Y­™¸åà€ùªåüp¯·B)Ð9àXÏW¬z‚Ýž$Y½ÍlydG¨Î÷aò«é€ÔwÔ36ì&™^š´ýôKºdúèd^Kp}~|ÆŠcUˆî2¯LÚ:ùÀËýÜÁ;{=?{_ «KÕÅÒ›J˜@í3¢#(&lsqauo;h•6ÝÍðÅ
œžçÈù<mf›Åâ—Ó++{üAŠSÄ©n Ïü—'@ŒšØïµD§u†Ûã¼ožƒÊ2›J6Êü^¸ü£M©®ô$Í5ÍÛpf)kŠ^FÀØN\¿nšÇËè^ø_½J¡¨¦ÐJ®=&lsqauo;¦þ]rÁÃN9Ô±Û¯¿a6ÎopßvÎõœ¥"ÿ*pó*Þph‡ä^�y&lsqauo;`³ÛBŸž'?ÙS«¦gK´Ý#\(šŒ�1ÀÝ°ˇ~f…%zpÞ®6ŠéZh‡Un³¿;|ø×?Ž~"Ú#'N…ÂUé›úh¤EÛ¦¸ui­~ ®È¼"Ü�™KÊ7Š«£}nõ¨
^–õó™»ðc¯'G¶(øÞ1·"ÖR7?æÂæP6¸o(ò?ûwuíqeå1ë•3Lñ\ÜõGî[f¤ ©ÄÈë|%Ä!VlÙvöÛXŒ±ðìÐÉ ÉÏ™Ó8aÀþ:üż]ü÷Y÷À–ñL¯fòŒ!ÃìÓçòYƒkc–è& ½ˆ‡h=-` ôÒÎÖ §×êz7ÓËžŸF§4Ô,šÍsÄÔ›ã$>,ŽfÌUÉ$íI¤ÔöǨåJÏÍ\ /ˆ×™çåÁÃ]¿5û ´vHfHˆéáÚΈ^ŸÕ~sñ™ä¹ß¾ÄõYÌU„ëÚ‡yÛxsct~ÄlòžöÉ©`©†U'ïžs|ô>2R‰À4)aðMx…i˜Á�¤úi‰<e1›u9Ïúf´Š4&ÝúžGV§JüîAfÛ*HdoŒL9hçIÅŠÂ@3è:ŠÂ?Uqš¼©¦Š£†Ö ž4šÕâ{%£[h¿?Å¥&lsqauo;+ÙŒðÊsÊëÅ jøsÇõ‰Ûõ&lsqauo;Mf£óßW| O¼%Æ߶@_½ ¨R ß{ÖËèùç5NOßæŽ3>T£Õm�<y×ó›«îQ0fmÐ(Ë f½^S©¦{åÚRáÝsŽ9Àã©©…¥Lúm›BÍTS"£ûë.™KÁL¼lVI¢_iÏØœÙÑà$]oXmÎûºË"R"<ú&lsqauo;bkŽç4%"W€l¾`c R<ƒ¢ÝœË&Wƒ¥>¶šá† åsRÇ&lsqauo;;<ȳ.ÃÈ lbø2©ºŒ¨
ƒzvú9¿¤±%û1j滀š‰î(®žÃQ]cø^…7µ›Yy9*ìWç}쇴kËt¬³qyžD™˜ôg¾š¥#êé&lsqauo;+õ#;I['U@ŸoKbvHÎ*&lsqauo;ù"ÉCP}wsÎ$cøÔÔþŸ¥Qü~òF‡LÀÇÿ|Wv©´LùšÍ–¸®Zö«*9 Ô:×´?Y㳂ÉbÃÕ'¶z£™M..KIõÖÿ‡Ž¡ @PgW`!x‡:7f£ <ûöö坧Í"z³N˜ž" ŠGGßÛÕUÖ`/ëNiw‚?t†ZGJhMð¬'v:m¡3³I·¥–„p6 ­¥2%ŨaW@¶pu
~e¢.íz)'—·¹r\D¨]uζ v¥65·LÁ8 Z†QK;1­¿Ë{q"à›ÖZ½a.Dw›W,Ê`‚ÙFÚ¢i\/@IÃz£Õ[¾mNFˆŠÛGYV:xBbœÀ^Ÿz?UÃT! 3hѼÏZLˆl§‰E 2¯w˜•™¨zs(%XhUXœf[›}7=ŒÀýZ¸Œ¨^ESq hÄr+8*¶÷ùD~©²Þ üé†Ã2 Ö/„ž"¯„ìÒøõ4óþ�ú¡L;|σµâlmb•u æt,Œ¾—ˆvg@3ÓƒèMYæã…ŒòU§~l7»y¨"žšìX<õµ|´˜ZŸ®žRB#èøÊäWY­¡k6"frÔ/h{GñŽ^7E ödAÚ¥sÛ Y·ýRÐH³é¬ð¤†?Ü}#8«âo-áv€ýöš=BÄXånÝ*Åèí¹ÍV,€Ÿ'¿?,¤'¢Ä(E ÜÉÌžÂyè—¦Ûúžù²r‡²ôøIáØ›åwË©ö£¯ÃÃj€Ô­4àÓh¶MX;y ´¾g<¥š³ë'Ž¦5,c!ôJý
§v·<w?šÝ‰ô¸ìSçU^Eç¦ô 6À%à8;b š¦†\쳏&KÕ\ì< &m&lsqauo;>&lsqauo;Ï{‡Zš'â z!D °ÀÁH¶óôHW€‰¶Ô!"ˆ¢5¬5µZþú¸?ßÅŠHpœ š¯ŒŸ†ûþ)z%ªñxh†F.ùÞÌ¢£©…GÍ
­'"Ô&lsqauo;O¤ìµëüBÜjC Øð'€ÇNo×ÑܳÓs[–CÜŸ‚K"Ձ t_.ÒÎ�öbë÷Ð.ÔÊÒÇ÷´ Eˆá—ÏÏO:à"…ƒÏ|É@ùx\Ò5¬¦ÿÅböµ1öùd¼¹"3&lsqauo;öb"-Î/yÐ߃ÆY_­Z£Ç«CÁ†s×€Zt³×—×»EûW3‚£xFôdØÚäiTw =¤9¤‰jɣߩV;xC{¬àº¾.Îù¹` ŠÍɱ7È D`"}ÒD ¸J=¶&lsqauo;¯ø ý«fÉ]³ÁŽLG³Ù}ï¥`Avî :&"I(&lsqauo;-‡P÷©-¥—v0ЩkH¾Ÿ ÔCê õ O…:y«&U¾mNX€Õ/ g0f*¤ž¥È[rƒŸÌ&lsqauo;Zpÿ~H¬Iù¡-¯ ׏6ïTv£dr¦–yõ=áÑMë÷´MáY'"‰ÞYJZhQk!ÌÙÝ cË™ËÕpÊh÷݈ðPÛ¼•{µBðGeH„­Ö÷¡e\ˆ¾‰'þáGhçû/fšaZÈ,1ç¯øï:Ôè4iÿÀÃò¾E ™øÀ6â¼Åþ—ö{ó c~«w`3…§}0?~Ýs© <ä+r'rÑ%mPÅXrÒE;"th#uó•Ö¨Tk­A"fZÛ¯žLä½nÒöóÙ¸ø1HÛ/W畳4PÚ5O,tqwÛKɃû&€6;Úy*¯8CDM;%¬®ô6²®³â/r¯ÇßÕeµ+kLh!Í+J  #Ä Ïkuó£ù sÖpUŽáPœ…`Nt8,fÿCÃl+Qå†Ë-ïfgÕ§ËCÀpr2Ã@?6Ó7'PíƒÝ†¼D – 4?ñ J<Kl¯Åm¢¸·¹ÍB띵G[ýçÞßO3;ýC[܈(dΡÄ'ƒùÔ9Ú¶Š.t-.þ_'<°tŒžVðiǼØF­1oùáçò2Š×+zC¥]„üÕv4kÃ^xðk¾†Ì@V¯÷מι$CßÉ"áØ¿Õv`ãLý|Zؐ@_«+´3m§œrÁ³A|_aï&lsqauo;´ ÷ÒGʧ;7AÁ&qïmí·!Òî™e#sÂ4ÐÕö ´k̸¥&lsqauo; �a
*¯¥ÚtÛŽÊg`Ù«Ê:#¬ßï×èÀµ¡(€¦-`xææG{W Fi/Áa—Ñιú4§ºFë9 ½Í]]ì®òËèe11½tGœJ­`ª*:¿ð„¶GSþnÕ®{DN¸¹Ð}jþ"ý"Óô•  b: „¦Ý¿úWQz³5EÙë!&è¡+"ÞóaàQOc²›š'Èz^µm$¿ÝÖ¾þÞÎíÈIþq<s;¨Ch˜‡cv—¨×Šb3˜I¥~µËê±DÒÚñ¾LŠZ±?òÙÇ<4ö÷rP1HëîÓ�ûu©Ñ[… Ú}Cþ&Íë³Ûè}Çé E™ò]–µ¨Sêwúë(ù¢¹Žlf€#DʾTz†•¨xVôÚ©.®Z˜êÛ¸r0´gÙ&lsqauo;KÀËäY»¯µØˆ¯ˆoZ€ÌSo¡C±+
cV#½Ï&Kß/ÆßfàÃþk$øæž:I[ôÂc£²–iÔ0¿¥ç&lsqauo;+ß|'9,Õb¯: % _!Ó·ÇÕÆ­—‚]oZ=irqG9æ/ƒdwW=J=îÊ€§"©dl]3ªœ©h_Mc1ͽÌüPpÛ»Ø'Æö—¬F æK:Þm|P§íÏÆäxZáN•cYI[qLÄ䎖ÄCŠm"ï®]l7<ýj_z½Ò;e8¼Á�äûôôlL –XÁ#º)ÞË*ÈÙ…-j!¼¥=aþÜïݙéZ'È�þþd6~¶ÉaN`^®PX¬¡ë^m{ÜgØê, {P£ñ䁇]óÕ ÏÝ©¥;¦εxòÆACŸ¾›¢ M´�avËâfÇ«ÙR©ï:,Ô"€³îþÄ!N§þ BÍš"¢1Xz~³ØhõÒr'ëóõ¸©Ìã¿&lsqauo;ÕÈEnxÐË" Ýn¹¢[=
ˆÅøRÖ
ÀqO>BùéägåÍ£{¦/¶µ³o"ƒ£i¢f§Yí–EÏĺ'÷ŠÇç'„¹…úTD%­Úzï'|×H"ò=n÷"½<& ý.èßk¿ÂU^e™V»²[�ÿ÷:'+Àc Ð'΄øÄ?ÿ@M&/O"ð¹IâåP0—A—üg¸N?Ty¶ZmýwΕ¦Áè²3N÷ZËŠñƒÍWö'ì4Éà×Ǫð<UW¯ÜŒwvVUöáNèb%Ú)bz ÙÏðÄVË-¹Õjò¿Š™¡uœû%áî%  ð$í³:ÂDcºª|J'|óÄ|›ÎAÇ,Ð&­³&4t©ù/Ÿ8£~¸hÏŝÇ`v…|÷æ�7C÷–Ž¿˜;\ÀwdסÂêðtäI3´ŸFBk"vµvôD02 9üÓ³'ÄÈ ]7'`ù…º&lsqauo;Có&lsqauo;ÜÞhyº èIÖRVxÜÚ\ïì:Tl¦³œG»£9 -±�DwÓíêa¼lø˜µ|Ýà{Ÿ"ˆ$Æh瘲 w.Ê}óÞkeñ0Qö×í¼ zÀëcü¼KÂI>7FKV[çË}HÎÒ[Ù1ˆÃ¶ \Ä™* -/ß ~Ê•…qšlÝôÊ ä4'ˤ¿%n°&YJÇ"ÞNçÛ''³lÐø´„áÜ– ×7ºÓÌ€)/*`ýck.Wvž\eí-G_¹—µIË_
ú
†«*C$£[ºpª@&lsqauo;efcÇü•¶�d$ô1Êì»(ÞûÚºïò;óÒ_óW:7ž£Ô­þL— ¾Bú_ÉÀÄþf~5m펥ƒ*ҝÈLò3+!åBêü˜zJEwöÝmÒ.³}ñ©cø'eV¤3…a—~2þfÕ¾@îÉ{Y°¸ƒ"2Bo,Ò.>?y!"Šˆ*Þ¹µž¨ÌóÝì(…µ·Œ
¥0ßJtHy¯žáЛ&ÿÿ§Yàô îñ%ÃÝÙ ·mfã×çssHÒäÁm!)C !¶¬•_ÄÃÏ,â.#"µ~ôFTA}dÂV¿)tÚ)¥¬¼Ì6è §Ð¬on@ùņ' ùiõ&DÁÒ!"^ì‡áBÐeqÌ9fjعé.»=î.n¹7¹×¦Ô•h@"…£%"ÀUÑ÷mÄXªúŽ¶i`m|
¿ˆóþ€ oåp© ß8tYžrmÎå.å6˜Êÿ".ËŒ"a x!™LW}+À9fÙ ²3L˜ÄKvG§IRÐCK6ÈêM†Q¹ËþoqÞ`ÆõǼ}`]EÙ|<@E´>VŒha#×z¨Õ¬ }ÃLõMàdÊ™TÇœÉ9""è"¥™õÒÊ50ÔS> Ô¼Œ9¡È·$ª¼ÜÁ0ÐdŠ…¹Ö}Ü[œ­½ ²äiFÏ ¥Wüë֐ôMÍŸÒGæÛ¡šSâzpΩ?1æÀœŽÍ(~É1NPȾvt\ãÆuÖ»Ë`pKdôý|•Xâ[3åï:‚^S#ºŒköü7¿DÅÓNœã.—Lû/ê�4òEàÉ4×Sð`.éc‡ñ'ðbCPšÞU.kwÆÙZ…a¼ F„øo­î¾Pz¹«"s¤û4†0ÐÝĘÏšÕFZXw½|6*"ˆ&lsqauo;‡'�ºÊO^ãh9fQnÓ÷cXP@Ñú&lsqauo;ÃM•>4´M18»hvKR©ªØ—Œz2}¤»Œ†ma>rr,Ýî´SÿÙÊû‰€ ýE\JÝ.=š';&×úŽºðË×ÆTƒm‚ë†qÉ~‡¨ß6
92Åõ_œìª˜:«J1?jc¢€9½›ÄW…dgôC8¾àŽ*…¨¶Px¾‚ö I?>,? øD„ �ù@Ó‡LËÉS€}‡sãù#ƒ1aw»%¹g—­ßhØ3#àƺ¦oÿúáÉ"g'#ÊÑó'=}ͺ?ÂM:c¼B`óÅÚ°ÏÞûá…wxŽ9|T&lsqauo;%CLBæD÷„"›}ŸÒkÂÞý¥DwS Ø½CJ~Ú'¡†BX›ò^>È–&N2
õ3ežÐüeÕèGŸ=/Sקõ-'Vâqˆnr%"ÀÀ+Œ®±òœ#õˁb˜µLrb´RŠ=ê'ëVÃú™¬"þº@a6S†e@û¿‰îS‚#vmÿ÷§ê%£2ÒôT†MJ[zˆç]#ƒæä¨Ê2)ÐG^¶L÷%²Ð@ªۏúCÿø#Îìç‚Ã{že¾WKÊí('"å²W4ÕeÒ1°d´×âædže:êB¬Jµ¯z{˜»ƒ¾™YчQM™ð¤j¹ÇÙHå6N&né—0>„–;v%)-JÄ IXÖ
„oÿ�Us¦2æ±ATÒpØ{ç¿Ø}¯HÆP™ ²ŸMe²='Ë
G‰]áõ)Í¥;ǘ q‡?Ú±U =Ed %ëÈ[ª0(û=Õd]àüÚ°{+5·ƒèÁÉïdüÇv9ö=›%±àEð–÷QÚv¡Â¬ÕiJ¿»ÕÍPöIq‡;ÓXcÿ»¿}òˆJQˆžç r£/iGìµQSr(pÀǏÿësš˜»å+Í"‡‡êKìo,}éˆß º®h¾cþÊ14þUb®%üÃôÈžkEŽd¢¬[`vu¢…ðIîúh—«M–Ä
Ûk‰ñ'zË@}§v–ýÏ$Š­Ys†[E4|4=éOƒy™Zë)äuнàöK ®Ó¼¡fÍ@W )|j=B[y¹YÃPO4Jïkv jžAu®Ù¹'ݝT;â¡Ÿb‡˜'Áï_¨TŽÕŸ�Fó®iWB…~:ÝgF§˜ù3 ÑÞƒiÐZÆÏQ G ¾¯† x 4™&lsqauo;YOª¦kÀ +àµ>{üò‰¥™˜æuàÓ/dÿMMZMߍ‡£a&ߪ¤Ãäfï›dy"À¢ù8Xy U ‚ÃM Ù&»©Å=õ‚&wo&lsqauo;^Ž¤ÂOØuгª©<CñËÓŽâ@$äᕧ›€óv±ïK8~/4®ètˆPâÛí'vACm6Y†DX×ô-žI-­ˆ!h†¹â1)ª1iküµ¤®zôé|œwaTt="{/5!Â,}‰ÿæº2/"m¢E•Ë°7È@©œ¼ÇQÚW›{¦€ˆcå Îvê{BYtʐö×ΚÊ^Y
½SBr§Ý­?¶­»"Mç±Ôüï yØ¢ž‡5&û+Ÿ»âIwåÆôê–îR±Øazg/˜F¯¢00Wªa÷®K#^(1ÇŽSQ šv|Œ½vIñó|(YB˜üºEHS%ÍŒœþd8ÏÝø‚½Ûr¦,&lsqauo;ï`Ci¿Ï/-{•ÉóÙˆ±\˜ø)™4%Ðræ­Ò;ÃZ³É¢<ˆ7M«q^6ãmAcL²!¢"˜‰Æ£Q‰ƒ"úýÊfˆuÍŠÐI±çÛ}ï*Ktö•~m½Ûøö¬e‚­òü#*R<ÌV´SE~äÔÃìáÄï ¡æ¨ EÄ•hb[¸5.#¤kp´fQXs ™Áz¥]ø£&=ú¡×9ï/ÕË'ùÚÍçY_fø+©–]Q ï2$Þ 5Õ.çúq @7À]û—ªâ'cWÞ'"ÂæTA¤„fª‚¥Dˆ‡1f¥Š&¹1¬\¢&lsqauo;4 ,Ëz{Òx;ÛIK2Qn°ŸŽãŸð@gÂÿ6Ö¯R¿z³ ‡ÊÃ.˜`ˆ÷{ï6—Øß0Ù4'ã­ôî'~?çvíy"þ‚™‡©†ž~¢ð]sé]"¡Ž¬Ñ6-.ý¯&lsqauo;f@ö8=†ß: V¢&lsqauo;ÜN>ØÞw¤Ôɝ''¬RºÆTˆ c˜ÅÙW%òÎö¾Uá\AåÇ ŠE‡úr—›±&¤æÓ³~ϐPê¼ÅJÀÑ$á>R^ÍFb=}!Îܹ+,toy»‰¡<ÇQÃw1úoÃëBaú7•ë45[Ÿy {Ôgñ°Ì6§J‚¬½Èݘ09 ½ÛyÝÏ*ŠØÛ3uTŸ¹Du«g›´èÿýÄ
𻚭Jb@ÖŸ­©W^ú" wbwÁó6¼Ðœš–'åî'Ö_9áªZî†Ä~W̍>(çMÖ†€é˜›¨~~²È<<fä Ìöß#¶5r'…4im…îòÇtVüÁ0'́»�¦Á™ ƒ…ÑÂ1‰b-6Šö°0MB~U Œ»o±½Œ¨#LGžÖšKŒ¢ô²¢È„¨XO˜)t½¯ÆÕñFƒîý=Q/«Ç›8]1 v¼¼û¬¢ºà͐؈¸5ó˜2fŒOL¡;M5Gñf— å¦.Ó˜+Vë¾½°†w0XgÄþš� •j#ù ñr&lsqauo;u~Ç[¬—"Mõ­¦·&lsqauo;`ï»*N apŸ7T†û2\X2¨o!ËMkÄI°g8çø5UtZÏßDq—³€–²=Ë©ëÍaosŽX˜dîÀC:9ƒŠËS‚ WTMaA}lüÙ±3Mf\† ]Þ•lù퀊±UåŠÚÕaõU'â]^' ©€6SWÇIq¬Uˆ¬1 ü&êÒHNÕ$´‚Ú˜ürP ÂG³XK— ôP° …¿'v†ì'}{à4BÖJvIý™‰­"•³Äj*ÁAvHÃÎŽZb~}<!Híú:ÎÙDŒduAAÇ2íBaÑÿÓ®ÎXý{'LUÒ*5&lsqauo;ìtƒúBÌ@‡O(zè¶7 b3Vœ¹õߚ˾Zt—ßäñÀ�8â5ð>F@LG3—  Ñþ§Ô�2»WÂqÀ>ø¼Tȯÿ!+#ÆM²àq4<úŸ½(tY2Ö,ö™¸dàÎ5y¦8·ˆ×°ú@{=ÒV5ëš×HíXµež– eZ—Ö¸Ñç•õ|-Åz»''{êdz9Lj[É"י좰&ü¾EÎïOœ!<¼ñ4µSɲÓ^øKù›"ܝ6¡'€ŸÙ>KæÍfnË鬒go᮳ïr}鈤`?/m]D-ýp5"ý™ôÒ¹Î-[³w?º²ðO琼fÌz¦è>?ñÅ;%uÜ7^Õôñ²ªnT÷AåLb3m$LÅ iéšú΂•BËÜ«ÇÕfª®Õ=Æ®2êøÙíWÂÅ&¼G)tEœ¿x~³°¼QŽa3\«ð–þL¦ð]Þ쩍ÅkjëYÎÎ|?gv 8ÇèøµÒ¼·CÕn'W6øeo¨kD-Oqjå¤ÀúVûOÇuåÕJÈÚ­ç:^^tâ$7
®ò^(9³W3—°´­ÜϾ§I7„·r i~šˆ•'À€(ñ3wV+ð›R'·ã6¬<K¶µ d/ït+c`åZ®\‡Yç$';ë¨i"1¯K¥ôñ� Z,·ôxc†ï­w.…þÉKd()P"Fìscèc{ÆL‚ËOô±0�Å„×;V¼p$ë¹tÚ[×±Y@EÚúºo½v¦ }*
•ÎO¢}ÿ‰™éµ Ú7ªN¥_ÊîÚÑ.áÍ}…#ü%[< "Á0˜ÁØÎß{Ðý¶cÿ 9³kmŠú}b¤3£„˜#Ÿ^*€@Õå"œénÇ«lO"T-tHçåä«=&Òô+.R–äc=Èoíœ!óÈÞ ?å¦=«`¥É®|»«zqåöõI‚L„\Íž6y¦*s˜Û)¢ë釰£u›ÏÔñaØW&lsqauo;ž@õ;
Û
(Pɶ "'úÚ½·ÏÑÚ—þŝ„f³Þ ë°á7V6.lp¢ÆFÎy™ïJÅï&lsqauo;–îáÍw±)äÛÛLµ¥³A{oi7áG„:SD1JyÛ4ª«¬ódrq¡0œ¢Z4å뚺mÔ=ÙT»ù oø®Ë]²M­&øDD Ò-­ô6üÎæXAªY¾ãFZoÔ(øÍË=ý†Môl:ôHkmu®okÎ0Iâ突¨ÃôÁÓø=;P07J[!¾øg^¹Noˆh`r×xê~5k¾Œ«SœØ€øöÄo'¹rbez&lsqauo;&æë˜Ó.ˆ¬ï³R‡D!FE‚§uƒXÑH1ý°äø simý•ˆñâU}&»6^ƒ¢çÓYõh;ª:ûX%"ïÙíýѾÌö8Ð^¢ªºR;a¾še 7¦EÐ1²¤˜
ÿû'ŠßMC¨â'"wž.6˜v0¸ê„¸Š öP.æé*>%ð÷AÇɳX(aºȍÔS@žƒDß PëÕ—eŠ™´á5æ|¼kbÝäHóÒk@Ù–uâ­^X¢£Ú�Û/Œ¼ûDº—æÎx&ÅÖiøD§ý|Ê‚Ž.hY‚h¡6&lsqauo;ö¾Œ³uNË8ǵ="l÷Þ¿nâÍRÖá{á/!{6€.†ýQ-¯—u¶œ;<c„¾Šóȉ,0ßÛ-ÓfÒ/‚¹߁~,aO¢™Á3Õˆ¾ë_àžMòÀLãèb© ¨oæé¬Â†Ü~N 3õCìÛ<¹¥—O‰¥¨Ÿ¨£W'˜`Œk!f*�lÉñ‰³Lø0Ú¾i6"ò%™— Þ¦sã`­äØÎ仍SØJ©ìο£¡ö£Û,©5f¨îæ*'ÀRÐdpýŸËªÍÏH�dDiîúʉÿ‡ÊÁZ¨°MVx©õ˜fƒ›NiÁï Êb¡m‰5Žÿü8j:•÷Ö¤Xénø!±ÎŸ&lsqauo;Ž¹Æc "\©f¶õÿóÝ›/ïŒüÄЬ{¼ÑÚsbÁC`ÒIu‡m笖8\è-+ÇÄú—µÏT¹#-iÝ7RJõƶF. ÓNµBó-#š>w‚äíŠÅLbªbø=êwnžïñ|<Ãò ðpYÓ¿?®½Ñ¦qoú ¡DªvÚ–Í¡ï¦LD´kœp�\Bé[ÕÞô¸ÌœB­»ºÁàÎAì(ú•1ñÐú×Ý JH:2AŸ¡†žî$ã(ê#Œètó¥íérÌl,t"ÇôG¶&lsqauo;üâ„Á-¥R]eË%tX&lsqauo;þPÛº[án@DÍ/âP-ÿ'ǐÀÓ"̽öculÛÓËIŽ#°ØqêB´4µç×e"kìj»Tɐ\Evú*&;&b½L%MgúÈg©£[¯¦Ê"p¤¼>„œ}о›ËM"<–IYhC€yV&lsqauo;Ä=$ð ÝÁ#& ¤_Ò"eӏ5w©yä2È`å" z=¿œ$·óh'pC#ë#syØr¯µsZò-f&lsqauo;5· ;¨ 6ÿªØÙ ;Ó}&7"ü
Ü–*ð¸+jfŽNMعKÿü>Èv¶ 8‰%1îQÀº(P(ólwŽïÕØä7Bâõ`rÌ ÙñÔ,øMñ›Ì¿©•ë 3ÎÔäÝÀ„|S8ç¤Å_S‰"_ÖÊ+H
ªÆ—×X­ª¬¬ðÆÎù©•?}LjÃKsi-NܸlT"½­ŠÚ&lsqauo;q^^¼ü•¹öx{ àÍ•
÷ É„úå"¶Ô$ ÉYðk%ÖmÐØýy›'¹ýÃÊ·¶R'ð!§»•ªÓQDåüù¦»'WóBÞ (´÷oîj@ \I£"Hsð.µ‰Ñ¢µïW7±²ªN¶Ð°,Ü€£Ä^ü‡@ƒ "SÝ´k%MESc]þœâç&lsqauo;ôÂ4µÎc&…VÅ î ¶Ø" ý‚">*Ÿ/™r_¶»@âÌ} Råö¤*ý·µ$ Ì;›2X9ÜÖ?bœÊ§˜ð=çÚ6LÀ³cÑé¦ó\:e¢9+ZÅæþþDUçá$'»wFp/{ónr2Ì$Ôû(¹æÁ•Çÿô&lsqauo;Æe>89Œ•µ½£KiñƒØP‡9&`†Å‡ˆ ­_âŠÓ×k±_É'ž¨ÁÝÒaóÅQÀ²‰áÐf5,�Ÿ¤€ÞUåŠÔ½2uß6Â&lsqauo;Gý#^³›Ì_©º¤a™rÀ™þF[Ѳs&lsqauo;Uõ(áµðg)~Ûɶ1^ºüíû ‡� ê«òÖ´žØeœæZ;2ÓÂíöèá+L5�ãQièn"Å*Òìi÷�Ë*öÀÛ]‡ö¹–=i/Â'à,+Úg;nî]Ç&-žB©~–ùP¨jÉt1ê&n†T.Äüñ'WœcM³ºÐ Ÿ-¿Ä¬&lsqauo;©o¡ßp[l#ûšùå{0×€äˆ*bhÜ,(*nz«Ê‰Î —… „´»8FÐO(›!øyXb¥Y9Ú^Ì"e´4Rû¹ª–s"SaꃊÅÉÇ).bäÿ)2]nMçôs©?âõSÃ�Õ•‰—ì5Ÿ[óžˆ 0ߟí—É3·bÙ¼Ò
eˆAz+&ÔÓÍÕߝr·ùMµœÑ,¾±=m
[Sts²Ù@¥Ï›5X~"Øe'JlBP·ÏÓ|T¦˜ú¬sI&c»­G?y�ÉÅ©S"]f5ñI¸'Yÿ|Ñh zpeèzð!2上š ²å
Ü^Ê"Gجr¥Vëq㵤9"'»�plJ¨åAFy ×fRóFÇ™wŽÝH\–6̸pt"²jõèXÎM¹ÈIÆ¡²«~… ·.×¼h ~òùÿ†Á?´_·ÊÌ<~:m)PrZGÚLª÷ðu 0­Ñè¯òãl×Ëò™éù­£§ÍI_†J)µ*Qæ½0Þs†ô™€iWÒ!È°ªhp÷*'ÐÕµN'êêŽäRþ–ß°%¥•t¸&õ$Ÿ/ÀS_$z(ª§ Ó©ä'KhÌy !ŠöØN?5Õ^'‡iÄà‡*¡6üã=©�°+&áuµèësê!ZóN²uÎ7wY¶"tÎ,ë/òxÐ/‡.¸Á4ˆ8õ-�+Õ­]X²ýë_ànöÐ ÇhU®Â'þñ!øÓšYÃösÎa&lsqauo;1åÉR¼YBúóC—"½™Á_§ƒ˜·!'MâJÏ"z>Lrõ¡{h®! ‚Ë\¸.èúSGðÔ‡
ÞÑ ÃZ¸à¼Éþ"" F»e,…õne,íHF+!Ñ.fĉ=.¾­™)¤2æÍG6ð29âî¤Ï6¨¡ž†}Cô£fhü!+µ]=Ï…w].&lsqauo;Í` lw„(ˇWðC »µó:…"Ä/-ãÍǯ'ª©X‡Öb퉮ü¡b²~øŸFøꏂ½l*–vÑ—©Ö¬Rq *sõÐM!WÂÍi° "íéw*AÐi&ÀɯfUŽ½.%}¿˜C_ô-BÊ*&žùÃ¥
B×1&lsqauo;šR0ì_§ŒT+Aº…Y¥>8Ï×GPb9Þ$wzµ~Š 0„ø^¤Å¬kÉ,Sɾ~} ²Ø/¢¸6zsulaÈ•(î¼ Y®:ðF„BÝ@`w„<Ú™æáðÇ–»÷£=¦yŠV½¸)»™û³æNhÍ}näÀ"À!VQ£F
L¬n)ö7‡¼›øîþ¨ŠÐ¹ÔjµÅ]hÅ^¸Ùâ{ÕYk£ƒ½ü\*ë€äi¾˜êìÏہùMˆ¼Q±Ë®á ç‚.­ã@{E~=ØÈm¤ÕW ïjŠտňÂãQšðT_½Gªk‡.T5òõ­ø¶|6Cßœ•ZÆ?ׂͤº<ϽØF*¼'wJ"—àVïØ)p9£œ±Bþª2ê¯ÿ€¨u}é6<Ö 9"·Zâ@þ AÑû0InWb$š?œü˜4±/k†Hé²é ãV ó"ÆaÇE¥¢12µ?fèt¶î½ú—[Ù>s'ÓXåd»ò(Uh2ֶݦÆÊÓÑ,3é¶þä¼¹TEVò{n9îÑ$¡Ð`rU>®-pÑ2óÑö?³—ûGwxÎ3«_ÕÏ?©žòo‰ÿו/éLƺ�^GY\G_Gj¨Rœo¨<·wCÞ>\ "ô"¯Áúóí÷3'ßÐxu¬'©"'DMGïƶ²2Si‚S<1"æαí¬2@¯Ó-1ŽW׬©Ÿ"Ë,¥ÙG…NzüVé4b>"ßÝ<Èm¤5`ñXv'
¿#s@¿V"Ì ·Câ Ò&lsqauo;º/3„mm¢RÕ¡ó¯@rÌC©]žUqœÙ
³L›»N»£PBpþÛ‡ Ü«®Sƒh¿ —èuŸ:žÈÆ»2GäçIJ¦-Yºå_atÿÂÝ&*sòUˆ÷ù¾žÑh)N TG0ჿm4g¡gF}9ÚíȆ·z\Qbû»H$~p'™VÕœõ�øíÛâÑȳ'˜›âÁ§SOZ"{¼Q´i4b¶3½Ç¢¬—/K'Òiqµ¨Û≆&H ß7S?\É'ÚXeº'=Ks~Íe†rRO;zøúÌUÿࣤ¦ÌÃZßOãYÍ¿ß­š]x›ûäÝG…8Niý~ü=¡àÝ€¨'G{„£J!¨øÒÖá~±ê,¶åE!ºªPÂñ3µÔ³Qçn«pþ•¡º.8W$tÐÞ<Z2'©ùh ¼îP¡=vç$Ó'KÀžœ­,d˜ê‡©&äß)Ä¥„i/ð''ȼèåɘüæçå*•hÀµ[YÀfÍ×^a-ô£A†í" Þ]÷ǽü)=‡>"i°Üxq›MRáûѼ¾³èÑÚI&lsqauo;?E„D'ýá·|–‡ô¦û¬`™(÷0¼l'?>I¾pίÌâ_¨ö„°gKl>ˆ§kRZ#˜>÷ ُÅ)³&lsqauo;õ©|äð¥XJ§'Hl_6Çk¹CDŽ-4¿ ä„é³}{Yš>˜""«èù¤EpÄè͹dΩ4¤Æñ8Y^»¾·µ›ù*[îl5o àè®þ;™Û|`ìí ¿z+ Ùg1œGš†%ó¦ð÷=5Ùý«¾Só§PGkÃܤ‚K:–¦v@%ÍìÉ äb=–®«ñ>A¬OuÀºCÏÕDöZ$pxdJ*e‡u$ ÍÑffÿþ÷~S+|(ESî´j?à@qY¢0¨ðÄ"8¾[͸¨þñŸ˜Þ,Ê–Csº6X2uä&Õ…%ÌÀgß–q³bÜûŽ:gö¶?×µ™z^Tü…X{ÙØLgéãÍÙ|µdi*a·¾„ֻǁî3¾ÊÏ"qÈÂgü¶ÙOjÖÁ·5›°À£R±iKåcI1þ/A{ÔžLÞñ¾ ß*=HÁ )¶w—-yµ‚Kµ/à»Ýý&™Z`Wn%ß>³ücÅ&?-³^g'*¡­ãXl•çæUÝ …ÝŽ¥ 9E±ç¨g}ší˜\ŒS¿DPIF{åm8ó¼CÙñï*Ì•Ò…%6æHàB™ðžV ª$Õ]ûY6ñ€‡ étÉ»Z·vð4"ÿØ}a½[Á„˜ZfÇéV߁7øÚò
 Ù9ÃI¯#ÿ™0ˆŽP_ÿ·tî1± Ñ1gä‚X%õµfâì‰Ì8Y?«BÂÿþo*g²^å;y[wDQCò´ú¥&ÄÛ~9ƒ%Æ9=ùÉì·C.@€MôRp.Ž™*KÍ´þåÚ%ʏö &E6ð¤ÌhþsIçÝá¹£•Àßš%2çò@qS'Åz/Ó™GÚ_MÌhÉðαÁf"ÒÞxßšå(¤ûÍŒÐ5/Ù!f¢+Çg8±b¬˜~Jé7öN†øHÔ« ÝȽ®b%‚÷Òä$ÖEɤGÁµ–‡að­Õ°ÌÅq.Ï–WÞ=•<.µ/ÿO•koM©?YŒÆi¯î¶)»]ÔHYís§¦U#ìxÜ–ÃæÉÈÛ"«ü
Fçú&‚geÃhÖYÑIsဆp{‚]Iœß/'"FGÞqsôéqÓ¡1âõ:»fý™ó)ʹØöÑò!O¬•ö£meXîñü grÏ.7>a €ë˜RÌÈ@!ð‡™kšKFþ¨u8¶i ˆ�ͱ3ë)vÛK(XÓ'¹¾©•mÙ»xúu3Ð*o ÑÎl$s³ú�E+V?‚êþrÑD§„»Öîü8ûû# ü*Û[ݸOOÈØÆIÇB1HÄgƒ¥``ô¤¾ß$82qÌJ˜ I¸3gô
8îsl¢¡6þõ?âý¢a'ïTR—¶ø¸lMûÈPüôt yy|͆vÙø$Öá\'ëO¦Íôi]ÂZ%ï¬ÙÅ®¬ÛF'6$D`¡:ñ™Ù€£÷ñ¿Ò¼'èÚÑvr?_}ØĽ"‡›Û.'ý�ÿ,-'ò"ôüååC°ll_–:ÁßÌwž~½»~hCάåQÒXCñž?¹7o4B%Ø/Òìš–¼çøŽ!ñê¯ Ívz,8=löaHG¬J"dÔ²fè©
"‚Ò5YS3:`ŸâŸè¦‰wXXÂ'ÅÑÍMÆ:ª‚mDµìo'•"ù <ó FíΖ"f·a'|lº¹§6ò4­@@PcÕÆu=:î2ºíÎ}"öáÃQÏóa.@±Ngf# ´r®æs(Ó±öÓªò¹+êC­#Em_ˆáð,kís…ì ›³âŒÛ¾›¼8³¶¦ì„V€dÓ÷~±}^Ås[»•>¿Y-Ðκ{ã.Š©·¥ÜÌ�¡ð€´Îë3æ fîíÆ«úD áÐ
!,ä9"c¨7Ö¾OííÑ~ŽBÒG›Ù…!*åÁN+Ç,¬=¤WºçÖ°Ë„+Ó6]^¿=Û_eg/&ˆäÐn,þ¼E®××"1ö4=
ã0¬gƒ 3§¯±ó:g2õ gå6+³oÕ™Ì#8^¬Þ©'R¹Ô¥èR®®™ ^1Y"u:7'%Õ•%ûLü¦=ÎWÍ…׺Få&âÿ™xzh§j$
w`Á½VØÙqQÁ©z ý‡Ö+Žäo¾=#µw„­ëä#x£àMÜas�FŒ{ïå70ЮG¸ÞýS'ÑŽöÍ&ƒ³â<Ü ¬úùCšX"érœHi uîç<šj›Þ«óë@Þý"³4²ëþ¦ÄoÔǵ�Dée՝•îÄb>ŠöÑ(67×;ëõ=&,µÄóŽ¥Ç~Ü"«~VC¯h´ãðp&lsqauo;‰£¶©›Æ Žïð>„ûÒÜ }×\ç·xrµ}۝¬§jv _‚ bV9îÞ°÷z"„ÍϺåhšWŽ?Q|¤+jáÒß/UüëËZsD)qÒ"~ç�¢PP¢!cœ©ðz£è»ZeÂ«4·<H¿.A±Ã$ä!†½l/4¥J•
\3ËŒù8—ç'®Yó9¯ö85`º †Á£+0Á-™V3ÀØ»Ë×Ð×9õ©qXêÕ7H¾1iF0â(ºeíæì,„ù@÷ÁìΏ²G5%zòÁ®™¤¯ÚK¼Žì8È( Æ'¥tFZ^Ì~¶£ÎovÊB/´$p©%tŸ¬–ºÍbVþU•kJq|g3g(ì%$FK£1Æi€Ùo\pÕMŠnbÞg1bÝf0†|yGqjˆŒR¬qÀ.KñÝAMXåyžïÐXu¥Ë|øíj9ªð´®&uáß¾JÖ"h!;÷[¶ò*~)cB£«Y.Àù0ôs\'-ÖʹqSöhÔWy'dŠ wÅ)ËBžMKÉœ–¼¥4þA‡‚ôe²³ÐZˆî@_EZÙçïQ½Tô%ýô‚±äE$WD¥YhÀüÞÍÓÞ oÖÉ?Ï—d­'£\ÛíÁMšRçãþ†ÿ½^Ÿ;Ê\9Å0ã/0®2-ìV#ÿOòaAeˆÇv Él0š =ÖãŠÀšÞ̓ +q˜Ú±9¼æö˜ìh&"_â¨0dþLøh!êã£B_ôÎ{µy+CÛsá­õþN´èYPe$‡9"œ)ëSf&6փѷËxàX®‚î%Ý4ùÓ¦ž1õáazC•=N¹líÊ?ÒÕ£Q~hͽÝ>xÃÔŒwÓ'·Û´Nša­D¡lðíhÓR,`¡ÖrO¿æMvL¿?;8Fò÷0æœf­-µûÏÙ)Žò‚r*v¹Oéöaƒ¸m4À¥¤p‡%ŒçyºéfHH—1÷™©9pNéå¢"-‰™¥MÊ/ièCšbk5+¨þê­«^‰išH·°OãÅ`F¼m~i:áåß"¤®fb•#v ­#P?÷ˆ"þNím»iá qŒíØAû\ú£µƒ�.šÉ§$GØ˳Úà8¶#^ââÀÊèÂ!¿ñëyõäüLÌ&â…ªÏñCoþ1ºª¢L¥œžvËƒÈš&lsqauo;¸Ý¸‚8S– }™äo°pW_-‰ZZš©3õ8ß N°€×ò¥¬öÌC„0«ûV(üÂt1鐻3I;Dîf=ú§eÏÎ ñi þñnÆŸY €úùz&q?åU²J'ö¹T|ÚV˜Ä³áÒDz2OV}n—ê‡ rçÜņ£ÑÌRجõß`á"òñÚ¢J§Ö…¨C$3Ü:&ùê OATù!+gŸP†Y lÂoeyü
Ï "&òèˆð~l«Æg¿Âf­{9æ6"ók×VC ~K{jb«F ‰,â«S%B3ЀÊ×?�êøÌ Œz¹*Y37žŠL¦þ.YCÐ� q€ºOÎR›÷hh1•ÙAŠ:jLÈ4³mÔ–ºO~Yg_)ÎßÕî¿Ñ‚]X™®îu?‰µAFM†Û@SÀ¸ñÏ"=ϝÿêãƁsh^XÔy•©0uÞ>8Ü®2îÌd7µ`+%"$Œ¯œÏÝQ†NY1Ã{r¥û£"´¬F,¤—€n‰'B‰KßP=?7™½}hu@øæ–|"Ï•~qhUf2ïKO¹ˆ¢'v£ÀòX1LP²÷"oò áë!RÄÐAû>\ 4@¼ù¤]bIçØ€Ս܄Ó7e� R³
Á¨R'§²a»?r|;ïç¨f?}ï
×Ðÿ—žJ3›Ç¯ko—Ï-¯Ç°øÖ'¤¢ïAà'Â'Þ !á¢ÕRÐŒ"É_@ˆCÒ mØAdËU#lööÐ×DùÀ-–BÚÜ[{b™«¦é|±ëš÷ouÖĹ½ PÁÖ0Ëb»ÑÆì?>›8mDõѲÿC®ÚòO'{Ë®¡„<ÇꝢàÓg'XùpÉÀ9x«�ö@Ï~ñv{jøäUZÞehJUD£Ä÷º¢:RkC×Õn‚=î<÷¼}'eƦ<ó¦}ý9'bÖ®;Lt|¢§/ÊD%j¯5‚ψrƒ×Zh‰‚„ZB@³VßPec.¬v†î¬ã9.lvL¸"å>ÝRƒ@ÍÇW ¿ ¦P/ÓðLj_Èø>ÉG„"5((‚þ(Ù¡§;¢ÍE*»Þò÷Ñ¢fÎœˆ9@®/}ûåÞÜ›d\IÉòCĤ †éµÓ~ §%ÄÚ™á¨Äu8¦Ÿ£FšL÷$>ywYÔ*}quT`U3}~ýÓ#¥ šÚ?s'"z2¸Ne îŒÙoƉS…*vÓìšÝŸtϦhj™×–ºå)Q±ÛéaÇ,XtŒÁÿ^GÇ!y¹îò—o\ÒÏðQÉB¿ã[czÜÙ(… Ü&lsqauo;×>|‚„
¨¡Ét«<õ„±Åä€Î„\*:ö!k5$Ò°«|.§×}s'gŠW'—Õœáæ[ØX!BDÇ'üç^ÓAô˜¼wgS8à6?
0_:{–«T£Dó©YÜÓžqßìiÊcZö¬A øùÉÛÌçQ†Ì¨Oö¿À¤EíÊ£Ú•z÷ŤDÏn È'º¾xÁƒvgE½›vù$@ý¶Þ¥QSÊÄ€°•øê°!&góTW _oKÉ„j+ngkO„  RaÌ}‰£¿¤¯çfÄâMššdYµìl¦P(VÇ‚à
2jÇÕÚ&ñéÜXÄV�v®W‡¹ö̸Ûeõ5¨{ 7× L뭯﵊Âa?–¥«:—ÕæÔà{V•1ýêpèV„\gïÔðU ¨âbMy-¸¥Q(òžåä•î•©Ž¢„;Í­È[±°Á§€Dƒ'-Á¿6ngë'5ƒ,Ü:l)jÞ³í‚ËÈÍÁcªYô"
žÓá¡ôoÄÌeNoùŸ×µÏÖ9‰âU˜%*„NêÉŽíx¨'Å& MŸ§f¥7inN»ì+p @È&lsqauo;ŽNÆžìínzgBw¸Â?úšñL…ðpÞÑq‚UÄiCðƒ½SúívNj64ÃVàjÆ`1L­­ú‚EQ|'†F'4}n«€àðP'î­*+¡¼D–RL*Á?_(½€kNÏL¹ä »ŒwÉ=àöfL©¥j/NbbðõË$èa¼®Ž?ÚºYG&ëÃ6Þ'ÄtM¼kƒ1pƒŠ¶Úo„! <4"°hV„4^"íafÈØÂ?"»`ƒÃ]\ß—Vð¼½8E‡>j'7ŸÊÌõ–/ôvÇÿQ냊ÖÖsҐ{«0ÜZ`§d|úÎ8Šøm.D9µå;!?)VavdŠðóaC±sNÜtïüö>khüð£Ú4ÃÄJÚ!¶³C ´èZ=ås©-3º_Fì¢=½k£U@NS©;â4#©Í!ÕÍ…2Pµ¸øåy#Â'°âÎAE¹Î¿Sè¶æÝÆ£2€Óm:Ê®£Á¦þƒm: ã`¼Oüv–ÐÀ\
"ø/™v$UüFEm&ªº+™«Ã³·¯¬ˆÝM'æ"àZ‚µ>¶Š_IÞk'n[ZC=†V'þ–ܯz(è+7p©LžÑÄ¢nß'‚@r/îÐv‚È,õç£.xˆÐßMú5Æ'R¹ �ï+©¬æk"(G΢«Ú ÈHÑ´'(~à6™ë³~ˆ,X›¡&ÃÞFá·ºÆ@9—Ôa Žæ(sÿžÆεÅÖEë€'ø~0ù¦à¨Í8Vá}Öj‡f$V>ග¹uQì1A%áø�Zq`'ÆhÍVÀÛô~jÞhÖÛ¢ºoÙv¬'<,šX½£ìÂV2õÀÓixú¥·ã\Bƒÿ~Ì\ÞcŽèY0½‡æf<_EB"Ý÷%—µ&lsqauo;Ò>pÐ' ?˜f+Ó¸Ž¿ªWxPðMb„_"¡�ÔÑ:ù<r¡P ®²ˆgÓDq*?BŸ,üÓK°íÖgAV¾Ob(Ò0›­ja ÞÊ›6%&�ºÂÿ$×Ö¢/î/U÷ܤpuEt]•&lsqauo;VßÄÞaâ¿®!@N¬Ÿn"Ûc„:ÐMwŽR!¢ìRÏfD[¯ô9z0äzkËò˜{íSÜh-¬HN€B¿º.ÏH"†"w¹íK:¢âûæ¤<Œ!Œ;› 7-ž 8ÝÆ'0Q»À8˜;}@"¢J6Ø"ÝžHöå&lsqauo;(kG(Îê0ä[{ÝU…ʯ$iaоÿÔŠh>r¿#£¦Á2HB¡£°¥õM­#³^G„º \Yf'›sa÷X¬-ä»"T4‰>A
=prU·¿ÕэVéÆ·µN¼p`ÕÐJ„‡9É>|^L‰ùGþ,±kZQɳÆ]Ñ¡t¡Æ¦C+¼a nüf)Jª/ã`qÐIÄ;Ó•~H^ªÇÑM5öñ€KY³ð00Ù¿×yxLú]e KX=«Üòv­$c5ª¾#z/+¶¦`Lʉ‚›Û\˜T‡+ùXÃeRKïzcƒ˜]®',êUƒ>‰<;F Œ©U¢D)â«@é:","zpΧøÅæ—œ²"çŸEVº•¡¶„rxÝ.™ iS&lsqauo;™·ñ<]nwÙôb&lsqauo;Þ $|vjÊoÈqBŽ%S™:ó‡z'赌ØN¸vƒ"Ô³lŒØµ'Å_¿ Æ> )¾oïÕ®%‚ÄÚ…Y«FmÄ Iz(Î~êÄ5ÿ
ÙÆGÌëdwŽÚa}#ƒxï0áÚ"›ñŠKœpT©C­˜NR[@Æâq¢Âæ–,»ìòàüÞEN—
Þ*½Éü8 ̆äºÿÌæòFr;øG#Â` &�=MÒò0Žøò
"9qÒMoùµéDÑgøÝÿÏÔ]I…W»^³ÁJY¥ä%j$º_ºæt�›®Q˜˜Êµ\)ᾎGˆÃ§4„mÙ½J,xύd‰¿»ƒÊ#²Œð©'{‡÷ït²õ {VØ"ö‚«?v[¿úØn§¡nêcŠ7ÿKËXP)<ñ%‡³u7í{'„kCîý—Ü4é±fJn{#¶K#Br›¸(Ésñ2 í'‰^Y2ñIsðáÙ@åžvû¬Bþèŧ[¢:æÄi|ÞT€Æ—2e¬ü¼fÕW!Ãñ?ñ;JÅ £ÍÿqA^—$Þ÷> ¡»¢ öº 7 ÷ ã»Ø¥@ÄÔƒØJœ)ÔO6«ßg¡@c^¾æ9¦ŠI{ ŠY%l•TàŽ±BÅ¥+9ï]ݘù'©[/œL"Ü"
Ÿœ„ÄÏ 4¸„Àì&/o"âÀ!Û½þVî˜;xøÊ^Ë|Œ¨YseøìëÅ„"+ZOÝ ¬à™³}¼qk%?V³,8VèX›Ï\@¯ÒSªžuú¢—9¦ Ó1°=Q¯9Ž«Ùæ¶fÃÑiøîDˆêؼ–';8þÕ‚D7=Ï8œŒ'>"[:´"Œjú ÀíR�œ&lsqauo;7©è LâJA©bcà.ÚJ}ˍ(a¨ˆÍÓCjIO(2ì'}†ÔëI«ƒžˆ¬=ÿ�A󀞩7y†©êX\ÚVË_k#Ìq»íC×xj2"¤ãøçžœßÝkë[G›W¢3^µƒç6ìÂëÿÓÞuí}]OŒ¿z…O…ѳá‡e/ª}KEÉSÇ
í H¤˜†&lsqauo;©ãÙxŠÜ ! ê› Öª•]^²Òf~P¤G¥@ŒØŽŽÊ/o¦.@Ô[s߀ÇèÀ�d'^Èĵm†žá\J—|›súBõ uþ"ï"Û$z«SIƒË,åé
2•
7TOoåÈ!ˆ@JÓáêA±LL¯a|³Qô¢ãoŠ5yÉ3Oež…œ'*•Ÿ'tb*MêÛHBõ-¼6´œO�Æ𯭛?–vZšÞ´+GªõÛQ§Ñuÿl§û…�QØÑàPzu¬UˆzòŽüiF¢':#©ÿmîNË
t/ÈŒBÏ3ûÌ
29¸"~8Í †eì&ÿ.Q kr� ÃÚ]\Á½"k54î}Ö
Øò }û½ê©SqdêæYñ7¬‡%«G¾…˜quñi$¢Í]Ù3ÿlÏAÒef¶GDÌ-v'ße£n Ñúù9Õ-¶d¥€ˆO¼‡Ÿ ¼¢>ÇF¡˜®©´îÉõ5…8TÁÿñˆ´´tÈ+Ïò@z­í+ «+ òÊÖС.²•üR."©Eã±ÐaÝÝ—b¦1m4›:Þd^ƒW©¶ú1Ý5rš ™šÇ융¥.2íK§?%ÄYFu_œXéü•"{,Î]»?"ð6rHF#T"Áë‰hm)ÊɧHÓ¹®ž7'5¦¼Šÿÿ¦µf yÛQ{ ý':­_ËÀ4à³'
ÊÈ['³Ú!émâ#þÒ;1cg�&lsqauo;¹OnÎ؏þôÂPÅQ·N(EÜÂϘ8U#çÏagVzD—È:cõÚ̃[{͸@Ԑ‰/ô³â%–³g?Nî÷.è•wY­vî úLü‰‰-
Q–_tâ͆j;Á_Z)dýÓÀ¾, Åp§ªz¬æQ{:ý
þW™—q¯¨ \\è­áv5rᇵR=¬D,óª<J"Ư8±lV°°'tÕÇCøéqZ¹¥ýò·¨UéU…â{~¨@"„ꥧ3žé({g¡ì`gXèRìä2ÃVåq*…méö€Ó1OÂ=~%‚aÉlA\C\§÷UŒÐ¨"[Sâ‚yή´Ü„òD¼šiN!Xp»þ›Ìé «Ý¨„Jò@?–Õ²cnâ$‚–à2 
¢×/³�¹?ìF£úJ…1çÎ}uÈ%~†I3°ðG˜-$ysζä'QF÷
bOz+À"ÅËkèÓðÊ¡J�Ü®#ÈÀ¹{:IÛ¸á,=,ké_hˆ'Ö0<òP¬PCú¿N;ØG­+ýø'èÑ5/ÙÄjŒŠ£HNtøêüñaLOs–‚f« ýóÌ¡1½=ÏÜ[Mõó s¦‡ç)ßøŒ'3s'Bì;bÇ‚uºüˆÒÂGŠÌ=‰Ç7¦¤‡©ÿŒQœÖ°êœ(D©b;w4ÌùMë6cŠƒ.F ¾™ "œ—ÿòÎQÂèdÀœ8}ôh´©btvàþßG8æbϳáfdÐÏîïlâíA]ßÎÿQ_&lsqauo; ÛÃnD
Å&lsqauo;Þ1Û²âÕÛ©Äú)3Ó->HÌzåa¸"ç&4®ã¾õ®*j¯˜…kR·…ŸCÄ&Í5½b@Ã]YæǬf!QIm¢_":ÎT×T£N`h"WhÀÜ9žxƒšÑBLݯ'Ô¾"õho¯Ú؈"V…¥‚Ì\"b,¬âGôU5NòFl]Còš ˜t'¿Ê¹;Åu‚Ðœ¹ñ¾L>#´á|FÝ–4ÜÊkŠ›üšl‚Ssõûa¬²ÙûRm<q=Ÿ7êëdÛ‡ï4A'…¤c謧–(<mqÖ€†i>ìãgŠ i ŽJ‰4Ñ-oÿ…YxAÎb²«gþ1œ,Ù*T$ÝÊâ3fÑŒƒ"ÝC¬HŠ3ÑdàÖˆlã¯}!Ñ
!œ¤ÈôOP•Çüö†§ )/y3£# ‚›|†2'w#ÛèoðØäv‡:ˆãÚ1Ç ·5ðeŠ‚LO›ƒ½DÓJ´(ŸšdOw1ZÇ?Ô//‰×}u:FÀuYB´BÊ‚H›É¥ž"£—EV˜®Úƃa§¥Îé!hˆéÉÖÕÉ®Î=öaqŠòÈvÝ'ˆ¬B:† š¬ P8ùÀ\Z6UºAÁTÀ'x5(h'÷Û°6¥{v"âæw/ÄBxÛöó¤Ùa»yöŸ„K3ÁXWEš0e7þúX›¬½J!„¾‰ÉÓ…ˆÀéŒr0ÈÌ=¶/
ãD/$S{hnÐ~öJOK÷%¦¿‚N't"£ >Yb-Q¼–›(
é?«´ornž|"£z5r\•ö4Ö¥
¯€Ö%?®UU·þEÒÿO˜¯Ž[Öyâ1ôÕ¥%E 7
ÊKj-: Á ‚Ñ ña™GÙ%Ðuˆ!ýÞ Ûõz:‚äÕ2ì üâ¾¶Aª‡üpóáD¦«ÃÌý"ßÿ?'µ;·Ö êf*m«µÎ'}p?*Ž–×Ôðï í„^8è¡:ígÛo¯ÿµ„M®�Ú†Äü/› â£ É¥Iœ¥Ý3ômUNñ¬Ùñ…]l[ª¾d,0r(‚koŒg/È„r¾'Ýzš™½e¤–ÿ¨"?X"Ë«%'?"Åb^Hå¤ë¬^ã©îb ÇØØ{n»Ÿû­Z©·¨³Ö¼ŠühÅBZ&z¬Äat‚ö•1'û dÓ™LÒ_h`çÆìÿÄº=ÖpÀÛ©Ó@"•÷¡€ôÌiëGYh
؈Ž«A¦Œ_H Ö
CH§àõ„ÿŸóŽµAæÇ�ðž.¹T^°¿˜N'Ž*¿¶A©v%J^X†, Mî{èÉhSA}tXí ²n9õÔ¦Z…ˆÒ9§ÜK¼×n-]ƒ+—j˜nå×YMâ†Íˆ¨Õ:µŒ"Oþ]xv¾b™ÒŒÒ} û1è_اäÔ+ü«ëÒí<bãM›±—÷Yp©àï­ž?|Õx˜k›Ñ¦oÞˆ/ŠO@£Š|±Ý®ÅY%Aò»  4\¬YŒ8ÿýÀ¢kº­€ÝušÇ´›ŸÍc'øÑÆÊ 8Jò ýTyÈUþñcܺ]ÐýpU'qÀ / :ÜHÊاÕËÃ+¯÷±S¸¦ösý"c•Š%Ðf æJ1shÆÊ\i#ÂþAhææ³ê*ú›pÎi,9È«u@W,cR."ŽVö`C{wÏ?± ›µØ¸á†}ï¬%³g²ˆ;\ÜþG±)\Û7?æè]fš!¶€ Œ7j´—L—môÁá¼à\ ¡æ'‰ˆg}ÈŒQÝ5î{?|„àô²'jþ[«ÄsN q"~îÂCzê¤X„�€(rêô¼ïö|üðqìq®­&lsqauo;2@#7s¯Ê–KP†HŠÊ¢b¡pl›×ÅäÛ 5ûBû²üÛ‰¸´œé@i©Äš£aL¦q=}‚sîÇA<~³ª"I""É øóµDS5ú"U8.^oàVÃs3.{v|¦®•a†Ç²,qÿR—;dQf÷¾«Lá M;"(<#ÚŸÁ\×£ù'<¨Î^âo:Îu«vêçqò³ò,¿ì}h
=Óxøã@^« ¯Ó›Éêe{Ë5 iQ›NÎÊA}Ÿ"ƒ6YÑ -|¤ÜOß®RUÓÅ' åɤc‰NB×gù{4q.´m¡Kº{vØ8j8u<~#Tú0»
Ú­Y\ºz¬ù÷>ž¯Hš¤–Ó >W'½X6xy´d;8n¶œä>ká°}¼Ö  ,ýŒÍɪԊ/ïë@îmÿî±Ñò–]%áCxŒª£Â™f=2­W¸…¼ô@èXbI£ûÿ¤ö7 µ5AF¤§v8oK¦qáyZÑ9¢µä ÈÓ¨'ê®)J Û`¢…ëÛ5ÿb¦ýC~æçµØÙ]‰øÜ&lsqauo; OYUf-
Ý%@=ð€¨¸0Sò'4Aêά7Úd£TGÃ>Ü]ôŽrzV Ià£[o2 m] à*ôy£ÐðÛ:ygí®ÀV*
„Æî=í†ådgï¥øæTà!ú¾©"1…û!ûÅw ÚAk ü2=í©ld¾ð!]£0¦0˜BÏý¶2÷5³Fv/väƒÄÝrÒô(9»ÆÁƒ{P܏Q³yhYïiìL@Èð„ZÉ›Ü/wM«tneªE£ÐèV§u¬9å%¨­îEöÕé"W ›­Û7™€a÷ðZn Q=ys2ûêÌö"p³×\Iø�çšËч/Æ`\}ð4ÀŒß€%ïÐÈ4±e`i4ŽÆÂz«»‡üHþîO/Ž——ÿ<EÍ Wþš"ÑœM'ЇLà3 }mÀ|çö7êÁØà‚¼Ÿô7b#<5•ã‡>-$¬=æGō.Êjöž6œb"m¶øw¼ÙóÑ é·èªßÀÎ,hDtÖ3C k.·Ô'® äº8€7ñi–QatákàèòÃÕ~'½�"OÞž¢C{"—wëdç jš"x÷ô_Ëü<VêxÛ×æ.º"eg`·�HyE}Ô>²8ñ9¸¯˜B^õuy/å Ü>œÞ©V¯‰¿9Çö ÊJ«ùɏUo§.¯åñŠ™ÜÌUzhÅ©ö)x±^aéK`Ý{É •ç‡N]0GK À{a!ÆŽÆ<z‡yî䙧öŸ•¸s=›6RÝ>{Påñ9ìÛRÚÓ0À7ÎQ?ÀOeçÁ J=ÝT&ðwê
èøË? jÝ÷‚èÙ> f×­̵…¹qký† ™øbß!ð¦„`ÑWmOKOHsqýkXt<¾ÌÕÈUéý^$q›Ìî‰KoxÁ.Êqwâ~ Ƙ¢¼¼ÂšU@†+Àéª ›~º0žçVÞkk]ÕPàD=gæfæä6yǝ4¾U¦D;_G®¦è=w§6¥F Wtï ãÆ_iä&lsqauo;ó留ž™—ùf¶€?,ÎoæÉÊtÏ°Ý"ý²„e!ÀF',"0"p~ƒEÚCÎþÊ¹¤CÒ€ÕéS8˜mÿ›û!vÏx&lsqauo;›Ûh‰Ñ¢"Ýjvö'Jö¯ž¶D!@"'ôý¨ü«e¼ê¹×`áý:wh†öœ�{õ1Á«5Ž™Šä@ñ€ß¾!`.Pr–éÿ'•ø•Çê´Æ™èô`ðzˆÍǘÂ&™ø½P]€õh!/ã#ÊÄuD¬¦¥Ò6;j,8Wºn:|Kú¤[Õ s)p•†C%ç0ìào&lsqauo;L¹Ê²€ê•\è¦{š‚\txa6Ñ}ÕR®öWI¤‰mkO _\3iµàÙ•:„µŽD+¬ Àd¼S"Ç&lsqauo;E%ü›e2ë&š¯>×öÙRmâ(忶i{aîkŠ¶zUÿqKÝ"UÔ–PõšomF›axj.¬õá÷Ùiþ|ƒ^kÈ&=Ý`nzù‡Œew„ÓtÙ¬!¨<tB›|å•lÊ7?(·€³üEùÛ"ø.åˆ|PãçÐ!‚%ú=v'>ˆ"gnS&"#?o‰¬ ¢"Qwà9£Y¬'Æ:ú¹¹)ÌS¤yËÕ@°OŒ˜c²á ²ñ ®ÑGµ{©Ê+'Èg_Ìg-cYåpÎô÷lËÒŽµ'ݸ6ëyøòœ<ÇQBšEÝùÎ=D=ÔB [ eÇe]ÆrXTÈÑö
uÍÈSƒ‚ú†'Yå¶ækàW™‰{ÌñçÞDÑ3[dçpàr·¹YV„ ÌtdÖ$v&lsqauo;I&R"ˆMN¦•@Ñ°dM‰K- ã8Óåa‰/n'Ž¶¢Uíý›Z1\ŽµlˆNa<=Ô@¼."èÂøùFÇ sô抸ôdY^Û@;¸Ÿû0ŠøR2ZðÒgöæ6ñL6è@6ð:'ØÕÜ!qÔw"wƒŒ›Åí`¢II-ìëø‚p±ÇõðÅ5(5¤¶67Gs@–u@UËeˆ¢e™7ò¤Ø|ž¹'8ú ¨DeÊZÀbÅâ‚à:mŽ˜™ìã±´ý3VÃ2Eü§‰Ù =²u[¬ Ù*à~­D›þÞ"¦#Í
ÑZ$T¬<wÐ)ĤÊd¼OHÝòúisC[aöÿܤ|j»ÅP¥9Z<ö!XN•E²» (ím Â&lsqauo;Ck ¨¸Ö|§ÃŸr‚õ\CŽ°l¦Êز?ÓŒé½S.o=RusV]ÜÐ¥%ŒA&¿Ÿë!›¢Ê"Ä×Gû˜m'£@QèJýöH8ŸÐzOS§0èËŠd¶ÏÃÛu‰"�ÉÂR {圜² ñ|³8ð„á«ýòŸÙBL0¢~°8Bq»犟F{—¹Å_Ÿ`òû½Î¿ª ßö"í"–QB»Ì×&lsqauo;ÔJ…]m>;t´²úÀ¼¦ê3Wk'†*N¬r¤Ìl)Œ$ÇÖ«'¯"ÉÚœ&lsqauo;1Œ{æÜp=5 ÷IôöÉç?jÌļŽ2Zdš8cì6
P"]Å'¯³@Ep Ò?Ns–HûOJᆭv±à,ŒE²6Ä&lsqauo;|†g4Ôb=›Hˆwûœ¡+ºû+^–¿&˜ÄYeš;c[�âc{™»Úr®Üf«5¯v'-aL%nÜs�nóh2tˆÕñí{Ž^˜ìCþéõ#!ÿ›‚ ð{ TGãn»}ëí³ßføǍŽÂÜ¥w=p»|-':©vÈ}PÆô6ŽÈ&É%Hk,¯U‡Ü °K!ÞêÒYÅdŸÃ>ïÉ÷1Ø#/|†„qgÕÔÊfX,J#–3K­}9û÷ÓHŸ¢øE£óÙ[sÝ&lsqauo;mxÌ;ëõÔüi»g#çŸWp±_w´þ ÍÓgºJÈÕŸ5¹X ízcÅïͯôGõGÏþéZ9LÚqV";�!o!Ž?¦2Ýmõ»¼=ÍLwÝÅZù…öT¬ž@ô a].Cqn8°Š _·+x;ðÖ+K¶™÷—û6ÿÔ°0AVÏÛða!8Ý4»o&lsqauo;2iŸk@Us£ôgéþK¿"øMQKOÚ‡Ò)э^¥¯F!úõØ}.C&lsqauo;èS†Å΄›9»—Œ8ý ã¹ÛÀ—ÔˆhŸNˆ?Žîf*ê?UᢨªIûØK­i'ºúäF¶]rg¨~.Ä~°ÝD?ÞpñGj|Áû÷l[·cÙGš„žÛ€ ð|î$ãQΰûiƒ~DQ"Yå•c¡ÏG>WÃ9(;—ì|àW@n®Œ ‡½mÞF"õLÐØôE¦o '‰…µž{Òu …¨Ù
Á_sZèiFMè
{„Ž&yÒ3ª¸é`¥¢ûù£@¬Àë´ÈŠNʨ£ºC1½G‡i(ÝehSGfBB¶à+æÒCѤù?ñ-œ,Í«‰£h7êî=½hO¦‰·–Û—£ïò+ׯ˜\«sŒU­J½È¯Ю¢­9Cmh?ÊÞ.Uî&kå‡Ù¡]8çšë"ZÀ–w¾ššÉ£kv½†ÆG6ZÿJý� IÈÂpéÊ—/?½! à¨Rkµ€+8{íöáõ¿_O„'Ô û)Ovd䛣KÞ!uÍ {ù
'°¥KZ[ÌÖ¶èÓÂ{Ñ—˜‚žY;Cï"DGòuMV Þ¹3HçÈP¬,©aIþhWáRy?ÂV½æ¨UàQ5šXnÞκ�&ô(s±³óÆ—~àԇȜeñjn ÛZñ7øý4+)‰µfŠÀ]œY×I ý"„æu
x"ei>/ä·[@›Ï.F_±3 ¿L±+%n åãPYm„ÖíC¦™pü7é9Pt¬ºz§¨4?ÉэŠ›ƒñ5œ£Ø/}S J{Þ1 ªÖ$uª ujCüééû`ˆ>œ 9Ò¥»¹D$2çÒª¥kƒF]Ú–¹ \£Â´Âf?Q.&lsqauo;jrXIE­Mù˜âÆãjçÖë;ƸaJà&¯BK צ¦ãxWWíž%h‰ëM8 dðu½×àˆ=C,Ï9"¼W›ê^¼³Ã2ëë@뤁D'™úy·8ü9Æó,d¡ÿâ?ú´tRkp ÐÄAÙñò{rêúIeºVóø§¶Òî'èŠcÂ
BEQë™ß"8cº$S'ù{ásÊáš4´|8|¯…ð´KÎIû&< ¤ô;QŒkŠ‡k'±'dÛv¹'ÿºÚTóásÝ)¨ó«'þ_ri£Ñëbª—3þ|‚
·¸'­aÈIèÖ ¾±Mä×Æ?0 Ë¡(䌶MÇ$J$Ï&©˜‡
—ˆ·ƒ{`ÑÅo`t˜/(c³°›£Ú8V²á—=ƒ°;Èð¾ÛK' ]F$%/X: K²‚ÚÃÃ*aÕÿÏ%n6_ºÍúà„¹q÷§–q×IÅ_»ÔÊ°²ŠSŽÈb̤5fÏŒŽ'ú«úkù¡cxL)ÈÁŠ¬Ä›4æ.È~;�eÓ:=c-ïØ&lsqauo;y®©†Á§%Ͻúþ¾§ts "Qú†·³8]ÉL&úù¶"ã)L¾Ýˆ¥qÚ‚P #ôlŽ4O²†ˆUtœ"ÐÅç„3$ç¼'ÙÖΊó&lsqauo;3ç‡4»•<ÿwõ=ÿ-*¸Eސ¦ëvΪُH\"¤÷8_ö
;µkåˆùß ó-KÐÙ|Ãy;#þè C h;¾ê=Ç%ÛÉmI:;? 0,Z€¤ÈÚV2'
ˆqxž(O½©H½°ÏE›pý)Ù÷¾âÐz]$«­úfü  ¦ŒãGá„b ¨÷Ã-A¼¡¶kªÔÞ²ûU¾›í8؁æ'ÒŸäOìÙ¡ýê
_x A"¹€^½™WÍN÷ìECC:Ñü–µ#åV:˜z j ä
B­6|³`Ò¸¡
LÕŒ/¥3î'×K' ̨8_oY¥X/fÔ�ýצâD¹EºÞ°n%e¥$ë\æìOÐ}˜4Y·ÔMÂóJ'�ÙÅ3S§BŸ˜ŒÆ`ioÚ½Ìië%Àw»}ÄtíÕÓçv(M¾š¯Ú^†Dt xáÛz
3åyü}Áχ÷_³O®¬œ´élJ4²åŠ„WnCج i¦Bð­Í°u€üÄÅ.»ý„§Ô‰ÅMµ„ó–ŽÓö>åŒxÕaÉ,ã¥'¸ä$t„$àéö» E恍É|CÓ5ÑÃJ –ñ}òå_½!¬ê‰å–6וMD¼Ü·Nü®€ `åY{Wobsþ L_²7e€¼}q¢ß¶<Ó&o&lsqauo;¥ÖÆϝŽ*P5}NŸÚV/Ú[…íÌ|s©³ïèq„ÇéV#ŒzÕ7t„F9G3¨òï'oŠ0ò¥ 3ÐÛ¶ðI§ãóó"åÙÀžuŸ.ÜÖ9ù±1ärT,Fàd½FØØp«î"gífi±Y"Ӑ|cã¦pТ¥›«'$[»HF]ë{YSp {ü9½ŠðÖÈhßì‚Ù-i$"mˆqÆ`;§?xký)O~–]£ŽøÏl|¼µýë9ہP™Kü}€Cºpuà`—„ÓÇÆùž]|•\ZÅvëŸgÃ=«‡×`ö‡ò?AäÚ×M ÕòÒÍ̈¶³+%Š–+Bwâ¬Ð=ª–PJêœÿÇ 'Ø%[öí…"În®½ö [¤ñü"TrՙטM^KOÝ5DT¶hªðƒ,÷Y͆7ìÖðý$ "ÍbB¼7«q"@sò€V>,V£-¸Mx(c°Ðváìw]ÑD!étU.FøËŠ¸ Ôõ`„.HÝ'•ÿ&QÂXŸ†M˜okÎQ w'ý®BK[³ïÆÐ~CÃÈ3™l¤ö?2»rõã?*-§þ/üŽq™É X¼ë Å#EgÏ Ô*Ðx¯\@‡ÌÊ»ª$ë¯ä†»‚¯Çy°EóFaÚ†¡aAmÔ&lsqauo;Ä©±´œ^µï0"
²ª]èÔfæEeˆ9ÄW_s¿ŽöápÀË(¯3!Bìƒ#)ÚÖ¨š™˜õbò#8>-p ©©Áï´Êq©„¿·Ø^ƾR;ê娩җä(4Ü*Š,!?HPCY~›Z!FÈþ¶^+ßÊâØP5ÈàÙ{&È@?3§¥š:o¸E@¿yÊ*YiŸÂ¶%—¶ TœóçfÄã5Û]¨aˆZÓ {D/ëYjzÄ]Éaj"&lsqauo;w#{àügó㨚žõ²ºŠšu-V¤7o¥�K
Œ<<£ªX@|é¨ØëöZ£-ó¿îpŸxŽ„¯é¾Ü;òÛ¶îßSJߧ£N(ŒÿQØâk<T´{r¤ëŸÎ tâ—^HQ{Ëu§¶Æ]Šüºc"øÚè¿ +Ë(7Tq­ 0¿Ñéë ‡¹5yIµWöœp$¿Ð]" ²Œj–5y>}"R—Xù…šWºY ˆ)¦Ÿ~8>Fës½£b;5òßS;¾Å±V¸6'yš/9w&ò7#!³*…{\ëá†69>{÷î$»Áãi[ðÑóé%¾6"¦É6Á¶°¾x Í«—§YüÖ�øðê\žEÀ YÌÕ~"ˆ`JkZ'²ßHžþév­.V;zÉΛ2ók/ûò˜žíº¸ßr2Iµ¼ðsFt"=ñ­tœáý·Á*•{–§p¹€$ÓMí¢¹ÅIÀwËÁ@‚Oµqbú(¯è0iÛ¨­%P{IxOú1Tòdá鄵O¼&lsqauo;nBºÊwúÃŸÒp¡SÛ£~¤Pzj‡¸8P¾2rÿ¿¶b}èÛòÆôdZ¨úQä#uß$ÈÀoÑל|Þ":Ѐ,¶šéDgÝ'Š'L¿Ô@Jÿ·Žr2Ç
ë:în2cìg*`¢Ž„QéßÜ^­o9F&ê•fJ",{ü
–é =hä'™UN¦\1ÿÅZtª¾hR[ÛNåCT…"©†r=ÌUá¿7±Òö! K¯%°Èë²–ïðiÖ);U–wgMfþÛ=ýùBÆ´Ö™OÙŠ3'^$³ëû6øƒ²aÊ' åAøyºíÿUßÞHã)-hP÷ø¢àéÐ7Þ*—|FñóîÔ–äˆS¤F÷eÑ•'ª~kDÅ|«º ƒwâ«ÃW¬3¯¦xkŠ€ÓE–C³~]Ú<Qlkéiža÷ mÔÓØ'à€¢GØ+³bSëx±žgÐùÒˆGÁÄxì]wQÕQPãÞ˜Ù§fØ�¸"~xÚ­¶�>[Ôú- «<N¾qS)З¦$Aäðþ(ž>`…iAe_ñhV›„Ã5ém†I^D V¬£[×çWqfç·E{©=¢ çäñ%v¯7¹ Í)Æ‚Ÿèâ³&2Á†RG6¹œæ2b[² `ŒšöIŽÿ•ߌš WæKʶ߃ªÑ")ÅüeZïJKÖlcDTÛO\ªiÒ7Ðœm¿:¼·×(ó.Ýc"A9kü*/&lsqauo;@îG…Ïê‡nU\žŠÔ|1Žð+¨¶žòb› OÝQ›ªaÇ*!eáEcžât–•ÊpâÕÇ\p][?À‰ã×TŸ0k.%ôƒlw""Iwl]be\Ó.EüKøH=ц@›+'­çe)à ¾
;óñp­@÷¬¼Ïòï¦ÿBÆÚ+é™DOîÿõÜzMÀ™š+ÓþÔ'0Í÷T`#0çyï·'¯9ÌMM)áô+œ'â# u44úim™`É'\E¬Jìyk3«)c…–xBADmdMºðe}`)®§Zóp̺ÍzüD=]K©‡vðȘ@·tW¤‡v-VÍŽ+ ƒÓÊÐéü|R áâNÛÚ?~yíùpÔÓ"ÀW|KlI¢ZvuÙ•Tz íép¯rðCK6qƒ@RÛ ïÀ»*±B‚á‰Cªõ²í¼9ù[yñ‡ZA<Ö«ô!'ÉÀèåE='`Çpy.*ñ ?äÏøƒ8‚J¤ >ä'E§ŸÑ„&lsqauo;[¦²ï©¹ô´ê‰Òq"¸Šµ+ [ó€(áe‡DI‰wþ~%œ…™ë|¹"â„Îÿ)pßÛõàžþü"ÝO€\—i&lsqauo;¸]ní±?ê4Éë
ámAs<¹]º´F¶‚C©2ûïÈÈ ­\[R«Ïã™ãž <Fn±š¸QªVl$xdà˜f^~;XQ¿Bõptb±³›Â&lsqauo;Nv©ÌCø׏d®ëDz­'
\Pøøˆ-'½YS(Šk;'SòBŠùá¬/Ùƒ€$8ÈÈQ!ØùÆË VցŒ€O@ŒâxR
zzÙÇŸÚƒu'nªV±ïHÍtF¡e;–±È†7qs#ƒ Sµç&Vÿ"dM<aª6ÀfÄÖ^[ñŒÒÏ¿Ùl2€gï¯f!÷JÖͯ/ׇõ~:3Ù"_Ó©_¤1%|LÛÖQ«ž­ªÁÊ-,ç(Ÿâ5FiU©Z¤‡&bŒ1ÕB|CkK!.òƒ9<ÃkIö²¦µ¾/¨!îØ=‰ÈåÑK-¤TEª9Ö­1/¶÷<CØ T ÅN+q99"TD&C5(ؽ·EœÊ[$*`Ìw¤ú¡3�žYïãèçÝÙöÿEÃu">Îb4:uJÙðªùÍûNÿ¾c<ì&lsqauo;`–¹‚ÏÖô75r æ$ Zú®†„žæ6œˆp1Ò¼©]H];¹ÆÀËD"Éo½¿pl³õù×þãŒnéݼ`fYkçäÆÍãF£€+'eiäÑþ€ì™õï!ý�Æk|ÀßJµ„µÔšS ŽVÈ&lsqauo;ÛxÎÕ€—ôï›JTAÄ¡æhÊUêÀÚ¨²s«PgžmÀ­Ã0l9&lsqauo;¶ð'æUšòm'éŠWb6Žµ„Îú5Ÿ6zÃ;cóf5ã‰ÆŒpHØJúé")ˆbaá6Ñ!•Ìs­5æ¢tG ±–£v\=ÖãÜ~ óEn@¼E/ƒ=Hê�«¦Ðw忺ø¶64v~O0{ËÖ"ê˜Øù2td)9Çj^à¸6l¤gmčeÖÞ;H PÌr –vBÞIpvÑü@f¨"Ð4ö,-È.tZulT¤ñã­&ìHãŽ9~ÆÙõÖ´·uXÙXºY+î'ÈÚÂÓ¶ùQÝŒÐ/
H~Œ¤V[ÛþˆÐ˜-RF銚JBâW^0÷÷ZÿÕñèH¾(öBíËX_ä¿¥8u^nՈЙOͱ7;E�éÓ‚Ò®|'>á†à3û+Xb³.¯Jò°È•¦[FVè'ZYi' ®ñ%VZÿ.+SÒ¹AùÛx'z™r€žeš^³+Rm\ÂÞ<øJ¼ ³€í΍z‚hDÀ䶖Ù�—/šýy‰ƒÊfgcJs¸Þ 8§ÔF¥õ™É>èà\5ëæ¶&lsqauo;7×�.Uëº!þì¢ÌLÐäý*zÏc=¡¥N4g³Â*æn®´f"ª8Ùà‚
}ණ>Ÿ5ªºT»ŒQ×"ÃÆfXœJ̉´zŒÈX€RÏ÷‚À{5³':j<ÍŠHÕó¸*Eû™øñõuv¿°*ãϰ"P–°Q
[·å¹b[ça1ßw'þóÈmÚġ浟"ˆYòX¤ÖÃ$׆s‰ ¶Vΰ[®®ÌW´4Åá±›@³5VÎÚ`�qþOÒ[Úú4G†h‰,ù`š}ú•Ï
F†:+ÚTà¤ôVfGw…:ÖØ{ó~ša[)
ÁÃÄV°sZ†€'I"¶YÛ¼QÏP ØÛM‰âûÝõCâ§Vá&lsqauo;õ=#ß×RÕËJè©&lsqauo;ÓÅrç9|"Õüo¬íäéw÷5»0Ä(àçŽùƒ« %­"ÛíµÀ‚ÍGUQe~þigÚõ,!y‚(J²èûÅ'›gGé äGoiRÁtvÝhjòP­š�3"رŠ€àá"!™í{‰½IØ%* Ž,Cu/rF™ÌˆÂ±ÞÎo©>y×Û¼£‚!ÖÒ÷ú?Õnë5§ãx]B_쌝õ¨OQÉwA¯í7>#Å썞&»Ýsr>ÍÔS1!‰ 'Y'n%Y?ÛüAõ‚ê)ÂxXÀ>Æ*´câbÓ+¶€&lsqauo;{U@}I¢oâ;"oºÈ›îÎ&y»AmºiÞ5§Éºe÷9|°÷õÕv~ZB"5›dâwÝE½' 6ôÙH-Ÿá•éObi
ê1ë÷ N»¤8ù¼‚Îf|0-HÇ,Ê+ŽIÉ<Õt|øú
ž®¢ˆª&lsqauo;]¼=zï8n-åŠ1SŒãyÞrëÐÕèáȯ­Ð6iÿ´ÝjpJ€rŒO9èÞfíA3&lsqauo;•Å}.›Ïعz¼™ OúG÷j¹3òü·s8ùlj»ª˜µ´CÆŽ,»>X
^Ä>½ðIú¤¡uä«€kbÚ{@÷e¿Ö¨]DÌç
MT¥zlaÝÙŒ
®îòÙœ'‡§½œú~'E:p ¢BÞÊ Œ37îpO§±Lªÿ ¡'²?ÙSÈñ­º+,ƒý¡ÑF/çL¦Xšsçôâè:ϯO:bßš» hQ¬r=ôÌàˆ]ÿ€Ïƒ#ù04AÇM)íD=Ð!¹qŠflOê6kÃÐ? i«êfð¼Ãq%ø`žÊûµñFß6±IØ€¤ÂÚ-lèð‰TMsJ€~îÃ….Í1}^¼¨}ZS­¦)—ÂØ}àš2ˆïïÖÕè %"'†Ña«PÄr¤]µViÞ66¶ÓÊKR¨&Œ£wJÕÝb¾¢gŠ•–×Ç—EØÐCà¥ø6Û! ÐâU16P}þ׏‰—oœÀ›†¢ÕU« ãj¯Œb4?¸í…åòÊDFxÓ®y"Âúÿ>ÿÌ
]Ž£¿Çù§ØI3þî8ø‰íÞø°š³ñw]Í^¡¤
¡ôÆ$p‡V–å9žE,È¢=•Î&ñ_+õÇþ¤«Þ0!¿\‚:ln…ÛYŒ ´cÆòС"Q¡Ý.¦\QFµð*ý§H*½¿É)ÜW\cö›ƒF©t¡kd¬%YàJíd³1²²mÊ}å6Ò$À§ŸÚ­/„]u„§äf²lÂÃhE}6x‚-`k& >>½vM=Ÿ²Û÷/,"Cs†x¨h9"6:©hRIFœ–` ‚z£ÒˆúwWÍÀîðF¨äùÓ0¢-ပ9øE"úë>÷cjxx25`t|&@ë#eÄöîjÎ)5ยÁ´Çdvصƒ Ï‚ æîY¥H—ižI&ÿô-X Š/Ÿ<,!nÛ^@˜¦
©@éo ÒJ†¶«Ý{ñT¿ïQÝõüÊQÀª=rMµ<ÝîgšÖÿq€Ö&lsqauo;hä'·#üIR7hQÌîF»¸v·B3eUäw#»ºç-?ecG¬ÚÔE S »,Ïšj»_²G¸¶AV…è6É|YçsyÔ-üe´ ¯±û× Ìöpx"$3®Ý~b  ïœ¹ |'5=r],´r™¯¥!Ù×Û÷1¦÷ivº{KB‚vóÞRâ?‡+Lé79óŽwbêX´Øóù0EŽ$4‡*¸W칐¼›"ñœ«F¼súÔ• UcŒçN¯vXÐ ÁÔ´œhë˜âwŠ„K2õŸ"­Ž„5vùkdÇ1~1`µç ž6ºü+&lsqauo;B€.?.mî92'¨ùñ8åï 7_‡ÖvmB|Â¥G²šQv}3rŠLòÍK<»-¨â3–²[À+©] õ¹…•iðœã¢Cp„!z¢râüÛŽ×ÏVÓ8ËäGZPÅ©ä¬JþNŠè9Ò"/øÅæw1pS ÙÏå`c¬W{n1|k‡ÓP¦ÓtÛûÀ)õÝ[îGQ�µÕ©« zAõ –•`ùRÔq{kš\eÕ¨ à ºåÅ©m]ÅÌI×ú9+éSíïkˆDO†eAuLIÍ";^?&#UYk&ª&lsqauo;…'ÖEñ7k`&lsqauo;ëjíá©J ¸¤
uájýé·Ò¿-(€urëŸ9B»þÒ!4Ë¢Óݏôôj'–àox@zÙKT¨ªcZy.ác×"­ÕF……³1†ÇSõg{É1a‚Kë+-NÄŸeæoûË/üW
ˆÍcyík t† ¹NNÖ¡ Š8aeñ‚ âk°¬€QjRõtdt%ùì*åÜ&lsqauo;¢·0gèQ?ô­2—&lsqauo;½¼ó4¢d('‡¥oo†]&lsqauo; + Íïľpú2´áòÐ:UOzß(¡'þÜ{‡ 8Drúö:È�jÖLí**Bøÿ·bZ4ñÍÐ\0¹wÃH„f16¼)C&„>,P/®2l•:ÕÍœ÷Ò•xNÃS‚8ÃÆÍÜš×�Ð:n°"È×D©šÝ„ý¢ÈæždíòWóoÖp®ªEZý¦š¥°1ÍfTÏL§dØõcìëÉÅ¥…µë.Bo‰õ*T¯WŒ,·(#K(aK\¾¶§¤;B ©Ìÿ#s0ænT\é±}ïDÖs‰.PäA(ûìkè>5‰aZƒOž>û"ƒZî×ô!Žõ\Ÿ
±¹YúP׺ÿö8P1
2Ê™yϪ.:Xu´S‚3í©"®êf§"€P:2{nß ¾´ 3Qvgž)"C¦":x-PP¸]S‡FYxLx᜚†Óräz+Ñ*cKcLÒFë9±)Íó˜¦xòӁû²
^?Q^ÌÑün¶-v[›t°ÏoÐâíR4û²ðÉ
æŠ:ÍЉibÕ›Š1–B¨/Ð"'¸ó×Ée%õñœa:=}l³r¯åî6zºf^ÃÈõ0šB3¹Gö„ò®äàÒß"È©f÷8=0z_ "µ=+YnP71É° #NcyÅvñŠÈwY±Ss„í©…»¶}zI²}&Ð!cl| Ø <EiùíÏ©ÝžDÀ­HªÅT»j§uʣŮþ€¯8
\ßCíAˆAŒ•ŠÊ¤ø÷VËíW ñ?>âS€AêØý½ŒÓ ì?-7˜f¹~&lsqauo;ÌQ¨9áj*ä¢Ãm&7{ªv=Pð€Óå|8È'š_/wö^ÐÀ H|Z4ïõ"1¥äœQrj™ÎzG®n.ÛŽÐèËJˆ¼U¶"# Ö·¾ÿÑógÀÅsÛ%‰yÔä‚Þr¡ä½7Ò1–é  0±M9âi`«IÊ8­Àaï{ÓB-/hn—åVTñŒ!‡ë@þkˆhåuÑrÃJ‰Œ-¼Ž-1t_|«K1ÿÎsaȯoá«7a�ã'•o€·È?ýÿF‚=Iˆ°"šwː ¸ñ݈v¾"�¦×DçäŒ+‚ŠŒ˜`5IÊëÃÌo6¸5ºT×ÞN¬$ª`C>·BïJ²ßÇÞ7äЙÞ"[€õc†~FvgšI8$ÏslnPMÃd¼ oœ\œ;ÀB•Ì‰ýº¼.ÝaÖÆXŨy5ß‚Šâþ�¢S¡C=¾Æ{±.G±ï£"Â2¾÷ò}a1 k®Ì¤ðàu5YM×Ä*Ê`Q÷¿t¿°øèS#×5ƒæñ`¨Ì>¬TÇþÔ$z«oV_'¯Æ&ð°—ÛDئüSOçÐá+¬"²'ë+&lsqauo;ã¿+¼º‚9Ú•ê¶7 ¹L¼8Þåz¸=ÐYÿø ˜ám }•0Zôg§2Oq'� SEK'†[ž~Ÿ¹,[~vat_Âú•ikˆ8ÿêY:Ÿ$‡t†§ôLúŠ—NúÑyˆV+$Œ'˜²=¤ú˜¢³ t&lsqauo;*éË"Nbq¥ˆ(á½:KÕ·ò+Ñ–KÛ€á§Þ­d<#±6Öå5J¨.‡pÞh¡B¥8æ
›ˆk©ÈöfÚ>æmK ¾JØi*b¸ï.=΍Ä# ›ÆXFvÅY½"ÌjWÍ´çE¾¼U:ðÔ `û?ˆ…¸× ?üGô6XÕËH±š1ìW�×KäÏ(zÓÌ︽Տ"¡"äÖxæ|>àá߸mqh±ß¶üfÞZÑ‚­*5 ¹dSãËøƒô˜œâmy>ÁëëÐÈ¢™_+M&lsqauo; íÓ>~´—?AlAÝ+Wƒ [D'wÄg<ß¡º„IÓ¹"}]—[6¹ÝUñ¬ª&_±Ûûj8\tŒN2'4îTÞCòÄ® †'L'åïÆúmÊ˘ܵ.k{{)F\ÜUêgý~u}Ÿ¦U3DtyŸ7Aq"e|×Å g¬2÷¦Ó#ɹÞRÐUµüP,¦Òû´¢…¥2ÕBítüvÚðèõ¤ÐQ½¹3òeBqí?Vwƒ&lsqauo;ÒBs¸ùÂðaç4 "ƒ)¯"U@Dóƒ¼è¨êÒŠ< eŸ/È µ\… æýØ)†Tí¹‚{OY‡D‰8aü21ʧQÄe¥œ~ë3·p¶ì¨‰njœq?R9õ¡wtçW»P äàuúîf¡,Æ%†™_òVé-ä9J*¡Ü<N²£kNùƒù5]"H
&9:ØÿjŸ„ÐòÜ‚d²',Hh+QÒ%¸]ãX'ÿ'ê4-9§cUÐâaQ™•zâ\=wÌõŸUIB¨¼z›-w³A …h'z"ÉFbÂKÙ%Q™§Q4¢÷Óÿ¸a_ nãÆŒ´1Ù"Øä…crä/=kòLŒÚŸ"káMU+6í ÍeP=ÓÁ)Þdãx¿Û\Ì_–©Rú½§þÔQœ*&lsqauo; òÊDöæá�œ-j¾È³&lsqauo;Ê‚xÑ™Ÿ©;òèi É¢BÿÅвÕ7°@ïø‚þEƒ–=ˆ³›ÞYô*â�ð˜rèÕ x Û=dE‡„™\­/ˆ´Å Ìï0®¸åÍñ @l„G%rš0—¸0h*C(ý$þ0v.'_Є«‚Ê3˜0ØSÌ3k5¬›ÎÛŸ˜A5|Gä%O½×*Ø—ÿûv›O%S.ˆ;³�Ui'OZ½ä™Ïb
Kð€ÃžP„*Žd ÖAu¼dpT¶SÜ }È¿²&lsqauo;ÿ¨d@ž'óÄ}ãôô,GWe;"^ <5´}-Ü÷n»ŒëbNÞK™²¬,¡ˆ#«t @]1Ai5óu°ᎌYiŒA/öpPaJ¤–IÝË,BúGé¬
÷!²AÖ_wSÉ˜9#ü+Öö‡ú7S}Ö<rSÓ¢ŒOwù!Ý&ç6äòÄò#øò™4~&–s,%ðEó3ÒiÚöœŽÂC®ÞËÆRØ'ƒá"¢I'Ü´ãYØÑMpDÓ¼0ýD@ÛyµæoÜ#ûä&=÷ QiŸ,ÛÀmÙùN>"…žåÿn�ü! -Ó>¸Î=üš´Ê1o`r'Ë»'ýjyÂîi^ˆ§¨B-í܏RY:ír† 2Y€¨+ƒ'ˆ¡¬/j'ÆÅJÕö%îꢰág¾è¡òh:5Bñh�˜ªáÝÔ*\"#îÐçúa´-keí¬"-×,J Îœù•Þ4ØBÝ·£&lsqauo;J„¸÷¬'??\¢é¾™u¶þ=mä,ÍóîÕzÅÈkÞOï,¨Ë5ƒ¥õXmÒ6˜†(HPò}ŸakÊúî?Là¢ß¼¢_Ð=²û¢ï‡Ÿ""ž_à-uxÀ]¶õ4ÊÑký"8ÓÎ10Ê^ÉÙeÁ|f�æ¹9\]þ!ãçþBU©l8¾ËR¦çðA ;(¾IaLÀt )ˆ±zç9©a'—<xÙýO½›<ðÍïq`¶nàøèQÅ…¢[Ep×!ÕÁfê29ÅH€ècW�)&lsqauo;_÷ÑબÑk•ic¼sÁиCÝÑ(yÚñ-GëÆÆð€v«fŠˆÁ¼ŸÜKО›ç#÷â*l\z2džâñ›]`dS€2RHQ¨R'ü·O;'… <ßë1Ç;ÛueCýÔÚºmíEZÞ Ä•äî ;›åáèkþÊè–¥;\'žÐšl%ürm4§Ö†}Œuʊ霍"Ú;˜‡ "­›¯Ÿ=2y)‰R&lsqauo;Ù¿1¸ÒŽ¼ª2X±¡†#HmE6†­4Z™Pz�25Eq oN{ð
¦¡0J\©ŒãÁ°Ú¶MÍÊTÖчq|½±N/ôíå~T0;"Lô
@íëˆ~tÄšï»û/ïí0ÍCï ŠÙøÐRé6¿@ |õK^·ÇÊS¡‡@þü �'XMg²?î›F0�ŒWÞË%A äJ8+Ÿû¤†5囶�še…5A 7£Ø¤Ò&lsqauo;œóKÀK-÷v7X4½p[Èìo¯&€€›]þadà4†_ÏQ„ŸyÁ8Q3MÖÔŒ�´å¯"1ÁÐÜT¨¤ñôÓ¥z™ÍS0ÅZâø'nmú"`ÁÞ:G}„>AAtîaP=O#"}S˜º¹&0àÂuœoÜÃlŸ]©JÄSTE@|*FYÀׁY§Üciv'‰ªZ'Hc„ƒa»Zšw "¤ãå·¸
i„(Æ«:­0¬®/·ë£Øû÷-À¸l'¥$€B^ "}*æ†*­›¹ð«ìDaa_"ØÛW­´ýtIºz'mnÔ"ó7c 8¬˜ZNŒ–îV}*ÓõÉLÄ}T œ
sv«Ž±oqOË»ºüÓ™‰dñ<E:˜b Ê$°×­"šD{Aûù ˝W8ZÖ.™|dÄÑ
vã�> G¨[Ï$Æt
Æh‡Å8ð¬˜xZ_Â)f%&lsqauo;`ÝvQ iOU¢‚glऱ³
<"ösÎ;žŒÝlŒF½»&lsqauo;è™'¤Ê<†=¾«¹*9Zú¥.µgœèf±ûpÁÏq¾K L¨ŸÉ;é×>xwؐ÷Ø'ӍWÐ °9Þz0ÒV»¢]mãv­ûÅ¿áNÆoi»ˆƒÌo"x©äòÙ?0®kÞ ú‡;Á{g¶|ÿ†Ö_P,/Þ4q—s—Ûæ¬å®óù,ðˆanëP8® ó™Ž —û©o-÷6'*hoÄ1ßFŠAYá&lsqauo;"
`ç€'í"^t �u°µ¬è=õrIÒº½ü¯Ú‰3˜f˜Ù—¦°è ×Þ%µæ�²@ïwfEL`¡Í¯/PŸLikH´\Âüj^‰@U´ÍWªý¿¨{¼÷JÓÉun™åŸrãou‡­j¢•^8Jð;ö¹;«ÅzB&lsqauo;VÇ,ýÂr °%Z±{›0bOçW¥Ý««{\Í32±÷|j)‚DB,å˜CMÉ_ðIõ÷çCOh}I"´éQ)ét®ë�Ÿª·™Ÿe³©äÉíÿ<˜'9&lsqauo;'M;4:…E„ÅÜR".÷,ÿÚ¶Eü¦€¥#ÊåQœm£¸T1²Gù9l@ÜãIMÚùvl™¹ãàO‡"ÀyÉŒø«'Úý]ؤ Ú£Ÿ ±t9„ZúL×#a¿ÌÜì~^Z,F\»…Y­npYoêÊRp)‰AoЩGì5<!M°'» :ëv¤L" Ä-«¸ÈûĦh7!…¥Ñ4Ü�ðŽhlE&QPôukÃ:êôSWW1Ó1É…?X"®åº~¾†í9/í¸?ŠÌfÿ©VÁÒÓºúÇgá{}dmZÚÍòµx}îËSŸ}sä<ILî­Åí_ߎìQß&lsqauo;ò´%hwlç­Áoñ¹Ñ;~´ØØ»·ÿðƒ"Û,=z„t®|ÐÞt> ?7ˆ»6‰Ä']=>¥O8}üÃo¡Td® ¨é }PSÿ&lsqauo;hš½ög÷Â.ÑõqfÕ ñ´_#Eös‡Š¾¼Ô÷è 9êe˜U|šÍ•ze©"²å€3ÞùH\zcÎ|? Ü¡ÚZE;Êãbåí±«Œ0È ¿°‡ÚM¶3§–,Í\¡Ýh"î<S6Ÿž9#ö+»›lÃ6‰= 9I·±>ËXéT?„½aÀÑsz£aÓô,ÿ(‚ë'(ØÉ%kõ˜H9ÑNtî‰`¸Zès·=\Ù#„=ÂKÄqæV§%3éæ);M}ÛÃÉ9&[0˜Xn>ˆköG[ìT[oÜeÕ× H '`Ž¾–ìÞ^E5J¾&z\ÃÌͧ'ÐT¯6k"Ûnñ®F•qeõ@–;°q9 ¦ŒÇªwݏãŸG'Þ&lsqauo;›3w/(b¸!ø&lsqauo;ˆ‰ä&3L<͝ÔpÓF$–Òx^Väʉí¨âŸõ3Ê1"(–oóĈ¹µi'Õs9;ö»"Õòî^ u¸ø†ò§y
J€Ï"0ÔoQI$úóE­µîPæ3 Cgbc+"ÍÍä¸9Pyc„` 9ÎÄVë?®ñÍÖ.l"BãA«qÛ%/L, 1ïê¯F›uÈ´Fy˜d„¯BBÀn.©Ä#+ ‰¥~×{{_¤9gKtæ4rQ­šmK%:«C©ý§{SÑt;WãÍY—PWAH¸jÐ{&lsqauo;;ÐuÕáE$ã¾¢¿/6TE@ÈÂ(îI›v'/²­ÿ;ið­šf×¨±züvÁ97´‚Ež$ú7Ç Õ¶ª!K"6—Ìfe=å1´y¥@#õD¬zÒö±Ÿk`æ|ªì¦ˆW|ìtéª(ŠH³Ó—€¶°m}`ʈß1Xa;…+BØ°1gœës+%ÆA¸½Ç¶QþN«®òí®}ˆkfC«ÄbM¸W„YËI°%îRd6³Õ€¸K&lsqauo; ·MC\EÞCôp-¤+pÕÞz¥Yô'¼'æCãY@rÄé(í¸ÛäššÂ4•k*I•ï„ù^ ̘­Âo€`ƒF8@ë 4ãˆi8Ôíó*FC±þc~éÏ[í–Õ6JS-'Žt«r0é­ŽªÑ»ôm~$ç:©LîS$|´ޫܽ<eKUIfz·ŽK%'²èOu7¥' Å
ü‰žZºAŒJvóuE1È`'a·²xï~ÿZ ön"êÐ/Eî˜çØ"íîiû'¥èÕ­4"Æ^"QÓT#´M•®µÜõJj'§ã–}™Ÿ".ýδtR„ÐfÆù ­Bü˪òwI"K‰{~Ï-ΝçµïWŸa¬¶é詺Æuª›‰²pèëõ'˜†›&lsqauo;YŠÔC Y»<þ:_
(-!ë,)«%ùtaJ›<!×}Ú<œîø—êýª÷iqahÕÀ$ÜÿòrújgL±ö? †Y[/{îR>ô‚k9œ€f4ðu¥Ä½ÔHÖÎã4Jt®qsÑryp4Ž§­W ß½è ƒM˜ˆxãÛ'Þñ~cEÑEÅÌ=pýq¹Úò¸°E ¼LÒ½%Ç
ªÑäô‰Í'$ÈYŸ·`h 2HdÄn;"€—µ
úÍÜàä¯~<-`o¸µ¢ŽÕxÁò–0"ð(6z· 傉°Pù½—#/´£V¢å©ÿ~×ÊtŒªh$f®Óà…Lã;o›>f¤ Š£Ž¹øT$í–/y˧ó„£ã3Sâd•2öªi†šÑNÛWs÷֐Íê7ˆ¯¡ ¡[6Œ^ãÜt(ªs"¬¼øYºJׁ¥´Ás8vq°™ç¨ôk
힁Š)4Û`ÜÏw bµ zoïŽh©²p¢Ê¿.Íû•C*%28²'~Çiöž¸ðD$9£kgºdÅJA¾ -ó+KËP-\ÉX}äXŸ2yg»y0&lsqauo;¬?Ý۴Ӑª[bKs°Â:Îh%¿°›n²®"sr¨'u|ð¬äÔ&û¨ÖÊý…è!ÿÂ.=>¹¸†ãÁG~s?Õ†¨5ÿ¼¤P5ˆíJõ謈à!ï}€HÕ½<Q®20: `'߬î%d*ÈN±]ô»Í« ?âNÈb&a*ÔèÅtƒv}o*"nÓ«U`žTsW©éÒCò8œØi!R&ô"]´u1)ÀŽˆ¦B Ó€•Fÿe§P¸Sn„E`!èÃÚê¿Zý®óy{Îöñ]ºgmE.÷t ÇcP¥Á/
Y5–ÂŒF'�aà}(Ýa¦ŠÚñíê+]Ÿ_¢.Âܳ²Ç,wT—û·‰v°ÆôæâE]ËT¾ÏÿƒëR‡S<¼j+=ž¤Ro±„Øöbñ«e@+øo[h^œÎñ†Xq땆¼ Yû^EŸÈ NIÁâ^?ÕÿïËsI]wYF;è˜ké'35Zr]sIƒáɸ2±'ï]ºr.ÀZôJïªÅ«'bpÍÓ×ò
ç>¨GÏHÿßß»DÒ°6сq'×1T™¾¶ 1L»æÝOîY#ÿõS³BO Eao®š%' =〠fŸí°Ü:ÿ«–¾˜OBå~Õ£Gµè_¦7KѲ=@Ý•@¸
Ì('ÜÐß,ö#Ý ±8mïîgMÙ®z' ‡Âwj0öQuo7sx§yã›4ŠñIÝM8ù§&ö2zz½×éE¤ãdžìÏCè‡áìQ6& ÏßÎ1¯à¯_,¯„‡¸`!¯åº Œi•û¸ex Ú½/¬äq½+Žïº-übÑOmñT¦ÕQƒLÞ""ñøzJ˜ò"I•17%7Ö±9R„",(œ ¡"e`e:ª(õÉíU""(U諯bž(Ó´ÂÑ''"®Í)úzÚ·Vþ÷j©Tè¦&€ºöØ›O½º¦vÆEbQ¥þ€¿ƒžŒü[„!�ƒ)îµ{¨-)uµÜC„j+Š±Ù7 KKºúY&lsqauo;Ї/"Z—ÈÎú°­ïž®Ãîô\É+ØÏm§2²)ëݳR
ËiÞ"g÷Å„"4 ×oëkb§]ù_çVî:,·¸s+>|BÔgv†ŸÕd¬È쟆ǭ–~‰7ªóµÎ÷S'Ÿv&M*Aßô Ÿn¼¯ÞQí‡{ã
Íd¶M‰oUÐŒXôÕ¦Ëê‚ èÍiÂË2ºxïY¢ëJ#&lsqauo;eƒNæÅñH,/Áè"ôp8E¡› ÝÊœ!T¯pvf:I×%Â'×Òz|©L?÷?[`¸ìGd"n„ùá¬z=ÒùöЃ¸áLÝodf¨®è4ëÜDá°qÍŠ¥±zzt˜Ô´"åKI¦÷JÌí»»M£ jT›>Ö�½zTo¦ôÎ}v©µ6m‚á�mÂwÞ£ÞŸ.¬eFRÔt­£NïÿxÕ¢øáuž7A}ƒ7,Ö¨Í3ô2±å˜AÁ˜7!ü³ÃˆeРA¡* !4´YD¬AaÂ…‡û-œm`Lœ3]ÿ–š}¬‰ìVÇ»æ4uz…¯ÔÁœ}=ÞÜ=gJßU½Fùgök?8Ž íŸÈ("6-&6ï…?$^GŸöˆì ax‚‚pø×&ü['_¯é>ïù&я€ÞØÎ+d *Á&È/†LœðIâð霞"­fx:\›Õêq6ڏy½Á2µH€rY pàìNo'1ML¢©"¡°5fàŠö{4° LÖéÑæB‰I5þ ,§TµëVæŠãzœžùåÖir¿%ºÈÕª¯¾7…T.mFXË?ÚŽ&lsqauo;‚ü†·Si<㸏„¹öo£.Vè²Ã`ÊŸþÆ€ý;l ¿ ^rh<7"4ç
„lGäK8É»ânÎ*B wì„'A*ñ�!MóˆÑFÁ[©Ž*âÇÍ&Ôq׃½%ÒÀuwÚcWn/&&¯Ã=ÜÖ.2 ´œ é>Áöö1ÌH9ΰÆÜaÂEŒý²ñP@Ž¨µTÞ}‡­:WÖþhë…¾¥nr°}$ëX/gZ¬"í_aëYÄÚ*V(@}Iª¿I¹bôwp8b`_¡Ê6»$B½=¨¸}ž æc•)(¦‰IëlökE{&_ÎÏFõÝü C¡î\-ñ&lsqauo;˜Ôðj£éƒ„wV8ýɪoƒr[08$.TÔýó 4¸ÉZ‚†Ô1×—8~=ÕFìEIúf(|ø‰B&lsqauo;(ͤGSƒ¦á3ZŠÞ$"\ۍS+&ËaQ-ù/AøµŠªa›"w›=ðIíÐ=³ÀƒÆß#,©yÂÜ[/F
Õi1@Õ"&i›?!ÐȱæƒüT฽sJwbp27…ššv§¬dòŒ8�mG.é§éõ,!çKjÍ" KêxÆÄd?ôJØè\6hÄ-pgá,æœí Ò$³Ù&lsqauo;"YüÜÈа¹ÙA>»b£•ÉtË8ŒÀWòS]X‰;§æ8Þq3í&˜×Ò‡&lsqauo;ØógÊe´ÓÆ1û^#R-ˆvT~3ù¬¿º¥½'~Ýp¯EEÎÈ×äVu·ÝRS~Ë8据l¶Æ¨`-Ã'®jtTþª~]}áßAuz I$ª]á2–´§ÒEöDxå5¬'~À{Nn"à$)%G¨¡]Öi&lsqauo;¶— Úâ/ò'|é1ƒ[7U"›8Ü0'Áj×<Ü[´0☛¯AUþ+ZL3ý¦îßW)¯ÝÃœ §-šmÿ×åZ¬Ò8pï•:q;…bd?pð°gý>ˆûï"ø
ü¸EM<—Q-{Ù'šò¼ÈŒßFG²|†£Ê¦ÔeêE('KFc™$öZ—-Ý ^g•`JmZs"±[2·†©]ó,Ùµ=OÖ‚¶µÑNv·®´3k–љـÕm ¡Èñ/P¿EÕ}Ö–‚L%›^ užš<†bðí'ªß/Óö˜U1m­0ár�rá\ÁyÆ!zº^Y;(ÿå–í$ÄÉJÌ°g¢ŽaÇ[œò†' ªØdŸÿ‚'¬,f³y^ÒÜØ<"¿AhC©q#•Ü{Ѫ_QQðVòD16]¿áØ6vUÞ$åîÏË'ó'¦ó!¶)PÝyÿÝä@`OŒn˜,U£AQ à!²2‡ÅŒ"^°5Âõ‰J:ÿûêM7§©j¢ÇžrV ‰ýÛïW�fk ÙŸò›î;¨¯9»MÇ᪲œqhç——S„‚¸Òåîˆ':Žþ±-ÞB<l`
ÎM{9&>¹ª{š
üÆ! ªnÐüMªäãËÔGž2¸\33ø{ï?œÂ€=͐¹Õ ;›½ƒs|7õӿdzÒRˆN!%ÛmüšÃÁ°ík•`+-JpdbþÇ…óJ&„BéÒ¢ë*aôq„"§Ø+ û»Èã]?[þáËš'ÉîÌI2 –…ÇKóû߇' .{àÊUeyüÔ˜¶].e«ì¶>§`å»fè4‡"´dòsÙ" ë´.¾.r„îCä°°gúä¢?㞍çå¬&l\æ÷G�?]‚s­èð¿izê›Õ†¾yTM[ù èX$vL %.¾œn " Õˆ½P½«X"áöØÏ3=êÏ›]ŽKüT¾–Èén¸#Ø­"9aøZ#§Ä"/@L§È¨pM7Â*Y /[58i;v üÉWžŠ#qÐó.‡?ìóéÚèiœçB/½U0&lsqauo;:ŲÖq¹ßÌ®Ï\~,pp#|†` ö'tX"lFc[è$0‚f ‚§bEQ*¹Pn‚ÚÞuRÆ·de1H§Ì»×ì¸)ëJ)5B
ª[¸×øÆü׿ð¸˜&lsqauo;ë7Íþ_ªÒ¼³D0`b‡F =Ò¡�^0€¸Ä¤û´¸CáV&lsqauo;# &lsqauo;'žŽxô|—ÐÈ<_D˜ kQwúKŽâyK]£ª 'ž@³W»œñÊ!Vý¤ÜŠþüù&lsqauo;1•·D!š>'o ñÄD¾2ÛQ¿ÒŒñȇÉÁgMÈ'¢ø"í1þ Ag'~ñ§ªa@3òû³&lsqauo;
x•X¨æÍ›'íiQsk'`Á?šD6èþ.Û®ä¤ñÉÞtw'[¶©1MV1k®þ؍í%…P)ÜÔ°£-Ë Ð~v(/w  o죈„}ò­–KºÐ'SfĨ"üü9Z Ô»`n¬•;»Äµ;cø?4!>ô¢$J'*šHêÕ7¦iÒBüiÚøÐ ‚CÜŸþ%)ñnN'ÌÐPÛRÑ £?Pí%<aÝíÆy2×7Ø:º™-…2—û¥Ÿäß)ñ¿Ã4ù[®ÿiõþ"$Š/~Fæ*zÄÀ‰=ç5×eì¸Èè—hÚ›uÊÔä—Éa½¶Ñ"û ï°è}</[R•¤Ûd¡Ø­Ow.ÐïüW+$ÌoÈ¢÷Cnã™7‡L½€¡¦J]…ŒE*6hñUF~Æu4Ñë…"\í¹¸1£\o15d1¿WÓö$;Et"*⟿kºñ,Þ•ž?åð+»îÈš¶¤â#aRfÅœ##TÈù(´f"Æ'ÿëš•?•+[+Êâyóý'ö)i¸ZSªÈkµIQ &lsqauo;õÞ'Íl¾ìñÝ>Ö°!œ³˜8'˜¦ÜÑ£©¬Èœ§ b¶[qÄvšIU—wðÝÛ'Eh\Zµ_®Þ>²RJ"ÑxèÏ®†Ööl¸^ªÝœ3ý©Èa•F—@'EÂBÜŇŸ´s¸)œ~ü@¯»˜yÍ*ÓLpC Áäûh1qyÅžžê2
«ìè&þð¯HSŽG<E™°PUðøƒiÇ†�ìX ¶`o†§,€RèKÜǏƒÎŽ'\ŠjÓc‰Ð2ꐀ­ðqûÑ—SÈÄ¿ˆï.¡("RKAneøŒÎQÕ׃ð&íîŠ%`Õã Q¸`OR¢ÓEH~š'ìWÁÁáy$h+M0j|pH#šÞGí¢yÓßj–ª÷¾¶]®,¢9äÌ"uZ.n 2.KŠóàjÿ°)ìÀá1ÚSp\²¡Ì²¸_CIk¡ýòi¼©7Q½ZñâOš°°¿#¸^7B¨k×0ÿ/ÐCZ%S5¸"XßÂx•b¦ |p¾ Œ•�^±2mù3ÑÔU â:·z‚® ]E§gc£GI©yI£¾yXŠ"ë}Ýîuœ¿4ùODñ© c=SºWMqê²êµ4q•®ÖÃÔ4èÎp-ùCv}$à w¥}"ÇXÓ /•‰›¶¡ßdÊ)É4e êÁLŒ¬Øc#ÁðJÃ4°…0\€hô–܍Z0)‡þD²<é'¾`\Æ7õ®*Ú2zzJ'c|€?áíJ‚íÕGÍù䀊?ß0ÇÇØ{%uRùÿ"h'"Çt#9ȵãÉþˆ—K…‚ÊPÚÓ&lsqauo;@óve÷Z‚ò²ÉÅqIÖ[ì w¯<(¦
ëÑ<cê%~Xtþ«›³qwÂuË.Â<›oÁ< ­´h¨ÛJ_·)Z„dTQù¦^&lsqauo;õP6í5'9t=B„ bïn9è<;òŸÝÕ÷Õ|,å'ëewyý‚Ie®-°ÉkœvûÂÁzŸ=ƒòe5Ó[¡í _Fxb«T¸Ò¸HeÀPÉ"ÿnø¨Àb¡[FŸâ\ú 4aL ¥rNèFÇå½¾©3® ïXoV7p«óJ* É¼YTW|21î F.HßbY e·ÕFß Î`»Ã $Ù`;K>îé'
†â8ëÖG?ö•t÷Ÿ ¦†÷]QˆÆ<\?]Ù?ˆÊY@CÎÓ"yõY€ ŽÝË‚¡ø±+ƒ¶²Y�«99SR eq"JCô°'fS2¯ ¨T¯†ö":€<ˆýÞ>œÐ+výèRa¦¹ˆP·6EC¹Iéï
ö­Ë`ö5L!-ÛÝ>ƒ;
©â(✜AdÞU+Õhw¯Ú'SÌ"Ø…É–+ÊSé3Q¾¯Û,—ó÷§\Þ$|;—OJïˆ}ˆ™ºsž0¥O@­kÎlE»¨ØöIa ™™ŒÓ ñIXv%ã—üþ¸9‡k.ì+ÁóØ`ù†—2¨ÇI,_{|+'‚_öY\É>ë•UÙ™Ü} }£J.=‚ Ck`'QŒ ¸mc'R=3=tñD°yÿÉÊêGÙûŠ_ÁÔÏÆú g¾sv-3Kk÷"!²&lsqauo;Ò‚yÐ"5rÏ´Ý(B;¡TÆÄíÁÚÆÂò,S¼"9óDÂ2é.˜EVf5íÇ8›=}Tq5KË1�h„–Ç\ûnØ`ÃhÈÚ×x<k{É-ºq¬Þ?ü"_"Y©ùûd.ƒ-zÆ ²æÎãÂzðLÓÈZ1Y(%€â†zy®OÎñ¼Æ0¦Æú?ÙÆS¹ÖeZ°>çéåËScÂó&!VU£*18 c­¼Pû—:=öøGbʈ\"o]àS˜vQP«""ín:M†hÇ Åž™Åµñæ6�í£ðä~Müº¶ AW*'O­= Rÿu..ymiVê8ó9öðéúJ«%Œ+ª¸À–½–H6œ)ü`nSÂm}�G×½•fÉ^ òKNKÌöA¸âÓ ¾0À\„fl,·tÇrÐiñ)–Är°3Gõ¶uñ²Ì‰ØŸ÷uY^O{1[õ±XÐ{•PbÃ!žó.±|L峄î'‚M^\y`ìpüÅWg'‚è‚sDsÜ,ñZ"k[Sô,§u&¦üLÑß7pFZÅCKÙ³zøU@ÌÄÈbðYa¤œ7ñ¬-pƒîë,Êñ…xbÊcÿMñ¸‰,Øʆ—êhÇÄÞ™ÁyÁQ²QGÚä'È›É8>x¨LåRÒÑ]*xµÜÕòƒrYĽdU>^úß¹Y˃§wˆŒ-dE>ÖŸ÷kÝ…Þʇ�[Äm«‡‡Ú̯jñÈÛ&µ«BµIÕŽ¯gI+¹‰F3¬éê9Ð"`3Óêw¨Þi–âÞ¢Åb¸&EV@±É9±š@nÞÊ&#Z²¾²'ñZ9 ËÝsç~9½ðçQT;8„¡g�d Œæ½ ®×@MêûM¬HvF.+EÁ'â·"÷©×Ë;ñ
*ܲN®0»÷GvzI­ ¹Úõ?ã':<Vî¿4+\£•;Fû®\G\HCޏ.2ìO˜U>°þ¿Üé°_…=M¤Z—–7²N"¯óõ¤ 'x¿4€ÒyóFNV 4&lsqauo;yv¬ÄMɪng¦t sc؍%g ¿�]¬$~ë#ˆZoüà~OÇñ1hµÁ/Á·C•w
Ê~Nãù6žÙPp¼NqÇÏá:¶|õ%hE'¾Ô,Ô©L¸¥°`æÑšu&o"ˆ9"§¡ ìĘ4o`D+^2 RZúÕŠJÂOD;k¼?(^ÉižýŒ±Ñ3´€"°â×tØk̽ùÌl¥Kð|™>¢‡››CI'ÓÏ«ºÅ6i¶){P¾~òX½)‰GV¦Àïÿw˜ËL!;Lj
©.§!8~#Ó$äÜ£xýÀ'†œ¡C=ŏÖã~-'ÍS²ýÔk!ñtä`DPÝLÜÀN(ï¤OÎå!-†ãu—n¨ˆå}<ëdÏ5hÖå©" Æ÷ —ãÿð: Ù©üO¹>u½P0ÚÄf3óýc'süº"BÝÅgÑ#Ð$À¸'­îwòbEKdE†'Û°ç›TŠ­É$–õS–úmJw>9[ìí&lsqauo;j' ²¾+Ix?1,4-IáߏKØ„D'Ÿ(捂cŽö:Y?^Šhì(g_̹sú&lsqauo;hw]~D4„|OÂuÃPMŽ­êy@3 êÜÆF.éØYoV¼M7Œ'¨\†yLwõ×±ˆ¿J`Oõl"7èüš@¾è´`EéàVzö*iU¦;Ú×/p/ÈgçÎnÁA»$Æ.n§StYÁ]쌛B®- ^Þƹ9ˆTÎòÃ/öºŽsÛ§éÐÉS ÌDHm8‡ƒ‰¼îå>@ïk ÓÄ¢ÆX†'òŸt.®™VqNõñžŒÜŒå6ê´Eã†rµ²n‰î&à&lsqauo;…Ôz2.c†ò¥Ï<‡Ã­Qô:~'XoóQ/_dœ›*/a|¾ žÑ¿¿ºÌ%Ýûà'l¤›ð/}½Üût¡§gô™ë¡ Pî¾@í²m¼( 1ÈÑÛM—QKܺ�{v:·çFÓÞtÐYtÁ¾1É=å¹IÅ«ŒŒ²}™]®[ÒÂ^§ã;F¬³xºgä|Þ'g'ÖØ…`#à¥Ä‚a±ÀÎÑ°yá>k%}õÜl ù™pV^:¦Ý€9ßa(Eu åϼ§Âj€bÕ¢¬ýõ¥ÉÒáÈŽyØœ ¤ÞÆya;Œ[å»|ÜÓ5•[fJ{"â=Z3Úž¥z»Û6µh H;Û„fPÈ*ƒ
õ{}ALÅÞP±ËQAHaå©Æ°ë.÷£§#¼Çº­-Þy±0öœðч %µòêßiæ;1,e»ÅñLÌC»RuÔXŸ(ö̓Å_©|¼ö6Tp÷³4[¬~©¹Ð]qúNsÇdÙcšûæxì[•™¬­DH•Núæ$êPKª•þ"yäÞïç3,¼y‚NªwsåyÔÊ\Þا?v\ñ±MÂQ»@ý&lsqauo;þÖ¾($wŠ&lsqauo;YˆË³ukmdž—W.þ¯Ø™wªDŒá¾€RÆ/F­ &lsqauo;\ô£Hª˜^ñª/ûÿ§sجMd-εúFÁ&"Özx'ë@.t™–OEndQ'AO‚ºsÑÜ"·"µ‡}¤‡'‰ ò2$šÎ@ž‚=H<¼öBší'5û4evF"x¡«òŽÛò¿å<ä?ç€?¶÷¡\÷×®ÒF£"`"ÿ&lsqauo;¬áY»'1Ž!ʵ‡G<O'àÕý¸ÖZþ†‡p5mÜÂ{ă¨ŒNC…Ü™ß"Ê×ff«14ª1Ô×ð˜3°èOÓw«o_ÿÆ%ðó×5'é&lsqauo;Àæ5Ï ¦ö‡«±0"RŒÉ@ƒù¸`¯u ˆAr»ÃèKѯN_bm™d&lsqauo;
jÆ5×&×ãÓDª† .€7îQ''r~$üÊ¡¦nÄàZLùèÐÑyU¹ôÐæLòkp;=¦ Š?§öžL'۰ˏkÚçŒ+ª—R«‡½Ìæ Óð¯ú«»hµ…]2Š¡4f%_÷Ö¹dzâ/›cz[Õ?a·46cÛÙ$?X †-QÕ3fz§ý.Ž¼Š¿™Æé8ò ¹•$`–žb#i84žZæ.Ý+Žü$iŠ÷tìŽÂC�ÞÄ'ãM Gž1^ê&'°®^ÁZɉK8®ÓL†Z#NÉœô³[º‰՝r˜À³´`]Y«Ñˆ=¦dÙ.LŠÐê¦xW⼃Fæ}E×ä䎿³É\å53ã#U¸‰ôv'éöÙjæe«Ô®×³=¹D©v±—„„þ"PM!DxÜ)gý-¡}I)r„båWè¦ðsÌ•H§ ¶²I/Ï´ñÌÇý2·Å?fe&lsqauo;·8Ø@Žíï³>ÈÐ@U½¿%Xàʼn´µOf éÇšÓ¾œ![Y$~àò½¦ú tÚ¢¶ Ö€^ [WŸ'—N‚BÃaÙ~+ÈÜ‚ÊíÒÝkÝš²âiÖîô¢e@ÃùHÕçQt™¢z6ù)7ªX-Èúü_µ|wÿH~+ñ×?*cÂÛNǾ·ûJè&"wDOa|,帀Ռ­cçÆ|N=¡ ÇN—¡«ŇšÇÞ(¡֝ÙIúù"šŒ³•×  
"ý.$› `'Q5¨®¸n~Û™ÑûØ 5—Z˜g­ÆMFkRo&lsqauo;�ZM}Áҝ»UËŒT͝$YW¶Í-¼z†~›´¶…^šM*͹ʨË\¸J-¹Mˁ3¶mÙ¨Óñ<;þ8�–pª\›KAÑÇzKµíÔÇè% Z
"CŠâÎfIó…"ÌÞ9ã?t~è(¹Ê*-çìÙ \GVÕö–_ÔßÝŒ³"ýw¶½è COåêºÂòÆü!çEŽö+ô«{ >´yú síQtÁ-|O¯"ÔIØ¡hË¥¦žl2jŸfµËonMH?ŒõVÜJ »0D|Èþaòù:Ûu
ónÆ�D ½– üXY&lsqauo;;V²£ 2ø'¡ÁÅZX&„2,¶QÈó˜À­ï¹Ë€¥¶à1½J/[- óÁWogË-¡Í*Vâ}@ $/P¢òq‚iÎ1ÿˆO›Þzמ¶lìV<´(*/ô"ƒJØ.²~Ò©‚ìÝ3ó¯V†Èº_/ŒÛVþo#>ó…OöÃÀKa * !ì~uÛg@3uèµÌÙØD®;eB·.¥"í¸@Cc6âHýgô÷öBzt2'³^ ˜ü‰&«}ƒÔ¯"ÅÕ9¢úÙ=Zæb™cA…ûDy[¼®ãO£Šê¡·ò!1 weªƒIÓ`€ÂgÚ1Iß«ÕlÅ%‰ :ã'Q5Ð"Å=+$šL.ÍšÏðÍà†‰½ U¶•~Èh‚>êÝ•JªÌ†ñ0_¨ç—ü
è¨XˆDIéè›ï¢Nå½,6¶Ä¾Àb&·d[ÖX…vŸ…ò&lsqauo;'4'AäkÏ".ŽJ^:ĘF,¿s±YÔ&Ϫ/Ö2…ºYx%õŽ/8[–ȹlàøxƒþë] 6S:—ïl€ô
)ÜB0oÖCÇXeö;M{'K÷@"âyuÄ{jjŽÖr-½_î8×BL "ß•íkPDŠ¸¢Óݤ{¼ƒàª—¼²ûaƒ_&lsqauo;qÔ/ç{¦­*:6Eû/@$lm Ë•oÓTð6É¢`*d(x†Õ¦Ý›IÞd 8o(Ñ%¿ÅçzAiÍÿüL®ˆ¤½öƒv*àü¶¯§᯷*w°Blêc¦"gí盯t ²¶ìãøÁOã9<O˜ÄÙ¼ƒ5ŒÃ=¦‚ºïr]ç è"*h*wœÒ(È"ßþ®wtzj×Þ&lsqauo;„íã¼´£þ‰ÓÎ|éf.²ûrV+ÎëEc'—²íÑRýsønÿÔu*ƒÚÑ¢²!\'œpQ$hQmÐZ£¨'%Ÿ0»¢'Ù„X<üþ_†;Z{0Ç.h¸mHb€é*_ɪÊ!"«xŒç¦øÝxj£P{$X–©×ÇçJZ¾8òX„ÌTôÝó[{ȍšÈ3n$(ˆÂ~M=qÌ\M+bHCÐ8"fû¢ÏöÒøO¾_0d™ ´[8•À`;åTˆLÙHT¯Å¯Äôó©ÚÎ`/ï×µ+ŠY²GÑ8Oí5G¬q 1i¹mNpс¦3þY‰F:h5"Ø•f9K23/Ød"_
‰šgü€…U–|¶&lsqauo;>ïÍä,³Óóà©ÏT®˜ÿ·;ˆg‚ÊXxÅí–—¨|\Žþö´™+¯·¦¨ dѧ£ö‚–¡Ë&lsqauo;ÁõêŽôÿ|„¼ö'ÁÍžö'E †I²*×±vÔN£û&DªÅÕ|>Éc°K¼&lsqauo;Â.U"nj$H5`÷³zoV`PÉnÁ‰ zÕÎ*Û+¾ãÍØƏ·Òmnî ùqŸjÛñ©l ¯;»6%غ†ï£û"XYÓ4oM,¾¯âÔý†þÈde¥7`|»L/XèÎÒâ©Ë ç?bKǶ\Ž0ò©Ð- }‡ôm™¦Ç^±µïR#g|ÓMŠÍ(jõ`]v&lsqauo;%§¼VY=K(¹¿ƒ˜ÐAI‰—û[l6ÎÁr}IèïR&lsqauo;Õö-®¶=%àj•«'rʪMäóí"¦JŠ?3yI/!cDLhâ\d+2bþ<(ù¯«œ‡4]¹ þåxürª;¶Kš6>bËÀ)¢Ú¯?Ñù\IÇ öY–ÓS‚áÒ¶Ú û‰jä'çLF¤ÚÝ0X–3Ãè9±ÏØã(áŒÖ"lu¼îT*›ŸÍ€<tÁH"éõƒÞìžÎW6aÉ–]çk9º™24R]8:8H&lsqauo;6>Aîú-›D„`K6įQ'€›&/È>½±Ï–u•HÕô¹}Ú„I¸¥:]…9†ƒ ­qÆìË´µ¾WT©ð¬nX81õ¢xþMb+©åz_'¤Qez—âÏ!ý1dÊM¡  Å€nÜÍvEæz£N"*l­z@)ÓdSd¹¹ô(ø­v™IieZp–N÷©«m:kžK™d?ЇŸ§
;"þVŽ$–!F}p•/jªýKtd@†×ÿú0åÝYÅeÌ£²Äd…݈xÇõ¨löFÕM(ÍÖÛµãór¥õ¥¶B2sµž$£Àb#ºÈk0¶˜¡> ¹à§ˆùîþµ‰ÀmîÓ —„[BµËëqÄ­ÿí9ý/{&lsqauo;܇ØC g_5p»qRÄ+Seî–‰5ð¿=·R´B~&lsqauo;ä%¤íÚŒ\7µªÌ¬ì¦ÒÍïã(ÎÒˆ0~pê''ص¨*Ÿ»oT;¶",%qkì|ô".­-îg¯ËÝ¡[|êL2Ø߬ÓVF6Æ<šéc0UB£æÕži`«[ [¬"UHÈ;±\ÙÜa íæ
„ÂýG¹2ÏÙ&lsqauo;É Ì}–º‰m¢}µ¥%wgl j}­Ì?óôŒ—aMiÞJ$Ei¡þrÝ|)¹z/ Ë;:²š?o\ )ÙÄ}qoÆ&Eößsè¸* Èízù&lsqauo;+ayëm.ŒÝ¿0z!€~t£bêa@èŒ'¦¨±Ï‰Gß×"3068;!d›t"‚jpäÈEµ_dkø› Ú· Û¶djȉݦ>ϠؾâvÚ˜ǹ³+Uä'¨+'ÎôÇí*p™à²‚32ÃGøEº-=̯„¿¡TÕ*IÊGwâ:ó¿Ä"(ñeŏ¹X£¥î°ÔjB°Ð*l£yHëý¶(:kk ‡9ïE‡&lsqauo;~>˜œUÐaºRà<¡Pù@Øñà|uA>ŽþÑ:ž*°>…y[¹UŠuzhÁ vWªÜ¥"j,'Ðÿ'˜ãŽ§VWú 8¨cK¢½ÊÒ†Í çM ߺOL0"}¸«)ÜIÇ5€Ç:V4 †_ ¼ÅB?*%ËS]êx¬ŸÌsË¿Y-î.$,ÐÛÀîÕ'7 ¸[ÀµpqþU­;C(jŠiWGRÿ`² Æe¤û¬ O¤Ü·&lsqauo;y™Ä~µ³=á"ìÍ ðRT)—`iÚƒyvzIØ"¸K±¥3cåÃ8HO*)â³ôÔJ±Ãxá¹b0q¨�ß<õ-zÖ~Tp<?fUæɉôBv'Tl«AôéãÉü~\sñN÷ÐÍ4ë¡Ÿ_»\r@TFöá¾íé"A¶›ú& ò{Øîë·ðG"·Ò}Ê©ƒ±`#P­8†T2zøáØt5ØY²±ÏºSÀ䌗[õz©è\ F¤TjWmPL3YùðÙ—Yâlquoºus‚š ¥@'šUI²xi‡i֏%&lsqauo;luÒÉnº)p'.æNAdRçë'םÌÓEZ´&lsqauo;q=W¤.'"Ò L  Ð'.]Ö,Kd'îÈz·¿ñÐ44Ì…„Ј"¬hRoäZK5ÿkH¯•h=f÷B©&Žzp&lsqauo;Až:Ú!—TÔäÔ ¯YsG¶zÞŒIù*g \òqÛƒGäŸÙ¡qpì0„æÙ:¢Ú7Ñx'µ5ñßqcm†úNQzä çbö òsø¯&lsqauo;¼‰µÇ7Y<À€¯ÿì˜Gª[„€"¹JDËdéX°Çº'Š»< ­Ž®†RHº7+ O·ŠŠÑǁj]7Lø"!k{ôð€…+¨+Š?зÊF÷ê4Rl·y]Å÷T¡=ppþÙ"}+a—¦cI"åöGÒÿ´{¥k6ÀÑô{/åÒb7aÑÚÌٍ E˜Å§šÕ4}Ú½% _/aÓøÏ£unâS™Aº¥ªäS<Ë‚ r7+ÌùÂÑÜYòr îùHð+ GWäAj£20Uåmmi_}"¥±´ÜÑÁ¶#ª†¡:½Û«Ih°3ƒ^"ÀÖ:º•ûÜjz s»ëøŠ<ÐIÿb¯ÿœ$©ïHª>ÌyJ&m °¨xba6&lsqauo;¨—K¯‡&lsqauo;Ø$MJ?j…øt2¯" Q/º¼Ã¹D=º`"-r¥üŽ²8Ü•õº-ß3J¦¹·#«9Úõ&~×ÎÒ'2I,õTœÞ}ù Y†hÞÌ$H`=übLJáÈ{D!µ'¿ÓÒ?ǽÊs¨A‚Å&lsqauo;#Àã{¾o&lsqauo;\ùÖ½¯ºl©L:Š;Gº¶,ËÇžF¬\º.ŶàM©»ÃöÒ ˆŽ••­«§È¬4rÐÛ»†8&afy ‚póº~‡f>ˆå•gÑ_ã´#ÕE46­P—Âr0!Ç]± Ø'·ßOI½ŽÏIÚP8Ìuÿçáäïàƒò
iñð[^)!ƒ}˜(nÂŒUøƒàµaH¤\Â`J–l´Ê©æNG²h¢@ß+¬–õpËÙkJ8 ú)'&lsqauo;ÿ*†®:b‡EI&(Oô
½²ôQ:ˆ COiž ŽÅ Ð�Á:³\&õ,ˆ(2ö¸‚m¡F¿¨ fD¡ŒWó±•å=~'ªŒ"è.õp;©Ä]ÚÍ¥-ˆ¦+&!bÔÂ×^G_q |ê|2ÐãÁÀx â=ü†æK3
¢ŒX¿M`³î\Ö•/Ø (mÍ7OëS–l‚ ³;ª°E¶x>Bò®­;'—�Æ`(±ÜàÀ§œt́ÃåÉÍÁŸµ€Å—„ðẤÔJ^̪ ³9­é«¶ÅA¯'w_Ôúàé¿atyùI|–\ÝœV.hcT†·é¦V ˆÿÿÁ@è'+J[bp¬:š-lúxÀGøÜÏÐIO€ðàõ¢YDJ&lsqauo;aÃåã'pù}XŸ¬ÿÄÊã³±.ø.Ë/‚Úž é<Œí"OaJâ'2zý HË«_© lüï"5)%gBï0zìÚSTL
ï¡RJ¹Ö¹<ž¶k·&q¦¯ã"UÙá@pu]^Œoà M¡åOiJ âÅ,¿áˆ;½kà&lsqauo;p(fgöóøo)¯Q5tùôg–Eç|Ø‚™¤ŒœÖw‰ö¿¢ÓÔ¸ŒÈ 4¬ËÊ×@?ý˜íçxá ì8»`›Áf£{î'6|²©:÷£ýÙÖ×('×fˆSמ ç¼VPÝ°»h˳ÅÌß<8™GM¼Î`QÇò & Ag ‚9V@‚Óº£Td(!¦lÀ
×[êJ÷æ{‰nÄ ³~ÏfÏaTsb2] ÓPÔGù]§{}Üߪ¾¸Šå¡øÿÿÙ`#ŠlÈPiÚ…Pa6r9Õ-ìQšòÀó¼ÌdÿµŸñžÊ Ö»£ùB…]uvWÊyÜg4ºy)cÈ·ðýtÊ,�vfÈÐ…OúiìFr¡$öŽ»Q±Y&rÝý'.¬]OÈ'MО/‚èŸæ.:Ú•…\1^Y•Õ''eÔˉüݏ9t´ó[)ùS
vC<åÊ½ §e×yA˜4ÃäDuË9HžRó'<ËÆLæKо�!Üþ•G]cÄ1²o'~¶‚ÄòÿÅÙzÔ²žGq–H|9fýqÙ»˜¦±D"ˆRAfpÔ–�pŠ.ÅIòUP6| T8>÷}Q'N&lsqauo;ÍNr"ýßÅ_C9bï¡lj*¢/bíq²,c ŽÉà-}lWïÀA9û²oè\ý'9¦%þ¼j0x³»—˜„ߏ-þ'" Beîp4Èé©ú8dZ"ï;‰°~¹_Ä&iÿ— JU–oðÞŘ²„í÷C˜©›MÛ¡Š<éHú"M³ýÃZ¯ Öð¿Äõð¨Á¾Ñmc¼•]+Z·Ý|`géYÁÕ^‚ë mNô«Æþ-¼gh"%‚¾rH9LŸ p÷giü Ä}› DŒåü<¯,(ÄZrÏà§`NÏ:T€Ï uŒ¥Ù6¸ÔÈô Ì&lsqauo;µö©:sCÄÓü`n°nçîUõ69ìg íOlç%'-ŸÑCj¯ºx'móß¡žéGÓ„p~Q"tø`øÈrÛÞŽøVÏ>£–:mcäѧږ•¨É=·Î›»Kr¤ió×IdS{9gÔhfíè‚QL¼èùœ©y¯Õ0\ò¤÷}¯uÖn
Y ÁOâ0~c¬xÿ¶1sÕs,Òõ˜?füä•"7ÆIˆö½ jûú_‰üdWÔ4Χî^™5Ĺ`e^\윣»¼ìì`F°i‡hc_Kîã™C;©¾¯¤:MÚ–¨½_
¡TWïgNrXvôér®noeÁzueË-~yéŒ0ï)êýJQÆÔ2Æ/c"ف66ÿl eKLZßájǽv¸°™BX–½ÑYø+Œr¼.*<ÔbE#^ú‚•¥±VÏjã¸ö¹x]3±1ý—u¿›¢‚€VŒYÜMGö+É·b]nÃ3 Vo=áèRñ¼óçüìïÅÔ 'k¡8°ÖÁØk¾ø_Nî\xÂwÒÿMÞ¢À°º1l‡…]ÝÁ!|2ìöoÃ|"¥?VCᏁ~Á÷s@6ϼñZ€£²Hæ @ãižsê$ù‚© ¤Ïʧ`™Mvâ"7>{S¾j&)DsPþq³ÿÎø1f©.üåšyŽgÁï,º5‡IMOÌÖ›¼aŽÑ±7ø~z{8â۝œŸ1 „ø„ùÏZç廍ëÂ6T*·Û߯ÑѨĶ~´€J·ŒcðÙØ
0d\¥íÖ†["ÁÔÉJE0¤nͲ`w¬S Ρ‚ ö¶Ý1=`ä|è´Œ¤A'
cýü%—yÒ°eiø|߀,) ¡Ù 6|†;*IÆ
.0}»¦Ò¨YŸo&lsqauo;gŠêÎRF8¶NÕ}ÞçâÖ'Ô,Ê®ºmï°¯?â©õ8u¿øµG›{~ü-× @ÎaÍæ-M´â¢{ºà£\­7cx˜¾Óm3á:NHޗ؈*@—r¨Ï�¶ áï¶ótwGP¹r(Áªp¾�ž!sŸD8ԝӂÆÿ L!èÖ'
Ô'ýsr9¾v'¥9î•8¼{…§Y]7Y&lsqauo;Kxã×DˆôUMaDmÄ„°Æ¿šå¤$šI1BHým8[ŠØR"µøÔÄ5[l™8?Û'Su²U¥öÞÈçÕSEÁ-¼¯{{žñR£þ&cÚ¯»Ãv¯YWcpéU·'…¤´)«*ßH Ù û³ô¦°-uÎggNó[T$;=qhsFÐÁŽïd 4SÐŒÕðKCi'§Ú¿¾¶ëYÉi8{*´–ŠW»ÒÆû@_,[?Ã)ÕñqÐ$÷…1LQ"Ôʨ²T¢ÂܙЬ) ù;˜ÒÅãØl]…K¹aTkRË eÇ"^QqHø²­ܐŒËòˆ[+°."ËnAéÝ-厙™&­˜œ& |NŸëëHJQ{·?ÅÎûîQ'ZÎÎ3ÍpýP•¹B~ºjâ÷�OÐƒJY¼í¢>ô'&¶$e(³bFEuÖ¨–µ+F°¯›ŠäqU„:ι—ïVü%èÕ"­S®Ÿ·Ð[s¿|mÈ¥ µšÅþL>Ã-vë‡uÃ3`(7t'Ò "pA+²ÑË´de½ ÙgiR˜êìW›˜‡« ¶m™`LôšÈü|¼ML¡ôˆËhü6ö"º<Aµr¦ƒOˆ$»e,aZô�äî1IŸöH·QüeD ;Ì5{.¶!Ì\a-7ÌæE ¹$&lsqauo;´ŽÎ¢ˆò§y)Ÿ�Sž.Ùê
ð,4¶#•*Œ´ÿ!'G½lg´="‚?wè‚׃HÓraæ‰YÀE¡HÀý÷Ê„«pbôø¼éh1§†³¬í(¼ˆ)$lV%„‚¶@Õ\ë½(*8dwÕC}=ë¿ßŸB,dóo_ˆPñ«8Ì.µí×
82bžESy.NXÝU½ƒ¯h¨u%ì1~e™ÌGWŸ¹£\ª#›¥ÛîÉï–]•i:䯡..sa !|K7n.t£ÿ"eç)µfƒ ¯™Äœm3A ^sˆ^cdüT g£x,(@Ê1è0ÖJÞB~¨ýø nr>ós| 0÷ºˆt0W±†öêê±?$Ê$kÿO7‰%¬Ó¢Œe�´À.¡I¹$Že±(™#W,GYÎí
àJH†¨—Cу�ê}·„‚YUCñÉi°áLö½Q^Щ (ã×0©@]H4l~–O)ôhÅcÅ'�V_¸o¨IêqdpÁ-èŒÔmÏ®£Ù| gŸbßýl™r'ê h—Qâ¼åቀtxÑŒNÖWƒñmX!ZÈ•šLíÛQD(�NûFl¢ïuDPˆ½¿í³¥cÃƪyŠ'!MÊÐÛšs·T{j¹{>&¦˜Lø@ìÌHÊæH×5!ôÅ>Š¯EsùÕ¬HÀ@QC©–½ëÿ‰zº™ÏPrd«<7Â@TßtÂiPPõ¡©ÈªXïý5`"²'À;û4á[¯¤vŠdÛKºat–Òº¦GÅ´­øBè"©O«£íL·ÖGÉäPoˆúÿ,„èÛ'ýŠÙÛîn%óâ¡ir{ßLyèûýÔAÕ3s6ŠÃI#8z÷&¤ÈÜUG<h'ó]¯ßg÷¯×~®½ yì0ZFz‰ _×õË}-¤ëw€ä±o¸€Ìó,hrÝ«ån‡Z¢ Äž'~ãŸˆ_B¦ug»�ZF4)µ&lsqauo;» öÝA0{G˜`ø¥ ¶&o²IsV9ïØ2¤D„.™è"2Ÿ×Ð]BKMÖLß&lsqauo;UÐþsÎôV®»ÅƒÙº¿™<š_&lsqauo;½‚‡Ù$œ«¾_»Å0ÕŽ¥Loôü2¹Àoä×w¡­>Õ=P:Ý&©ôÖÖÊ °ä×__»ºö˜¶ ÉóŽË_9Ë`~SH*ðm\ÐyÏ<oöÜT�M+Ìì× «{ÉZÐ_qѸùçm¿Ÿù}$ZäGëÍÎÏsu˜=£|¼d¢º¾üßèU»Õkÿç";]¡°±Ãq+ѵ°³å~Lñ\‡ö&<1¤y+kUi~ÔŸüÅ º!MÛ0צcY‚‰;cl>R_KjãY‡Ù}•¬pKŸâi˜·P¸E<-}ÒøìÚ`E`ÎZêôw:ÓÞSà6<¥m3©ŸÁ΃aýÉïæË¢‰nQ¼ý~h?È·éê&lsqauo;j®æg¿‡†‡p˜°Xéä$­@g[*UüB =üŽ)y[ÒM}R\o;±mx Ù]ýÁÇzßûë'"Øìܼ÷MÈŒlÏd'‚KÒøåÒ`†ûùÎÜM+ÊT21a±ÉOöÀy®Èyç"Sêû—b
…M|8¼c"zÊR)ÏÕ/øi™WÁÇQ ¯Û"A!ÞÇ 2…©ãÕéP°4›ÉËn×F½¿Ü\y®&¯ŽŠ&lsqauo;dÑJSÙ™ìIÌA¨ávË­@þx  s„.ÆV}ä¢á9LÕ‰C„cìGÙ=yßš E.‚\Ó©œß̺RÍäËõVrü %¬ô֐繹RCâqå¼:@¤Œóóñu)HTr; ØŒ-ã'@Øœ¬üÒA"ØÐ×vdñÌ@æYù9b% ·ŒÐÖŠôtb¡©s$÷gK0gUýo‡Õ"bÏ°Ï4\‚‡ð?Ï3Ѫ=ç
pïn,ô}žF÷÷ÿúꉘ¾}5&lsqauo;$ vª±mÿkL›V¥Mó¨¸å–ÊÅ uŸœétϾJØÉ„¡Ñaà&uûn¬ºÒÁ2É\ÕnÒ}$ âm‚ÔÍz· Þ¿‡Ì{ ,äáåH䯂7$ø×7éøx-šu£T—Âu‰ü ïîÎȇ¸Bêx2ºdó'ÔziTV×(&
/'v|úß9˜ó „ºë%
b}QDÊ"5ì]åegVOtFwm~ô³`RIe±â‡d<ëZ,´39¥GR'Õð74G›âdGd$&lsqauo;v�mýû·§íîH†èÍ'mFŸ6iÿ]œ®˜R·"Ÿ[V^ßj¥…ªp„à/ž&›äTJ÷RñA¥-^"e@{»¤['p5ô©Î£)ƒf0ÎÁG"¾FiÐãÎ>¢Ò©´'s^„MUAÀR\¤èį4³_úör«é·¯Cm ä<Þ¦öEyË{Zß$ Å:!wE°îkÅ‚Ÿ\\KþµµÄ5…cŒÉ߃´®Sâ*"MžþûÞi¬æH°¥J}Ç(¶Á\ð"ŒtæÝôK§µ²>ߏ ¿_xùïPÍüC´Kbæ…ô'ù…žf8yNIJ¬í–ñ¾£RŒ³üNSø¿Ò;·È)VT´žªªî:ÄvÜÑbéFÑy×Û× ±B1åÞñâmµ2¢'ÝeŽ\€År?̬•ÞÔ©Ÿñÿ¯ÿ–?Ùã_Æ­hÉa£bÍ Û"ׇgmgKβ!ŠÅTû0¸Ð„j/uÕÑ&jh h¿è v ÄëAδƒüwMÙ¶MO@li&lsqauo;,!šþˆÄʱ,†oFê/r¬o¾þ:Ÿ¯ëí5¯ŸÐL Æoi'˜È¾÷ójÈÆá[&½]ˆÝÓdÅñnG£V·p+ûæÿŒûêe˜»F\8Є|-
$øœ$=ÒX`˜A&sJ"ªBÕºlz¬5.5Ão»W‚Ôck IBû">p'´»z©;³P*šk˜O‚Ì'ãu$ÓmG…o­Ï:"äÜ!"99ÃÂlüï\SŒzi£;ý~õ±LcªiGý}ZX'{*°ô<žñxOÜ€Pb³E—ppÅÃÌýï'"·nKÉàÖ!6y9†X;8âFlé­jåò;eOçmWú7EB-"ch Gd`ïÚ‰Ÿ-Gæy´[Xƨ:à
ƒqO³Ø5wWxDU¸–¼éV§™š;}ÏUàÓzJ'ÅbßXN̤VG~pzë>ã Y¿na•áQ ß1'Ÿ1`&lsqauo;>(é@l2æS«'rÚ¦åšDyA‰zA-q¿Ž2ÞU3¦Ëù„yø"œÀOâú°V^_/½Ù™g7©mýÌñãúÍCô›K¤*z†)÷_H©"ööbn+ ø$à6¸¯Ülú¿„ÙlÈn¯hŠƒqPX¦övWe7h¿ß„¼b&)XüM}Eh  ´¢,/wp¤ÌۏòÃ>h4 F+&lsqauo;cêËûpUÀCŸlÑ9­* R'â(˜OûÖZÁ«ÊÌe„‡Å`­ÆSiV|îe9L(ÜÄm÷¤8ÇSø£ÒÓ°¬f€¤Ãê€["ýuÈ3-&×±ÏX"P®öУ¬{¶ÒžÉG˜¿
fÀ¦…ÑOÓ…ÿÿ}'¿ÓòÏâöWr%/™e¸pGïo:m@^Ãõ&ähS<È'–Ø,ë1uÃÔÿ­ÕôëDs×Jü5—ø\ÀDec^h 'áDµ:&JF ´«Ð�¼sœuq#G 70Q°`¨QºÐI˜¢_ }6ž=k¸CN¶}X¸ aŒ
«~M "h=³3ËÝé¬w}áû©¸ˆ¿âYµórÉj@l!‰6è}§±¾wê3æ1õ0¼ÊsK;½°é1xŹ›æ ·ŸƒÊ¦x­P¦s@HæÂÉK©ý°ÚàÃ¥"½‡5v§Ÿ>ªF¤î!£þ—2�|öô
ä¦3üäǃ]–c im¯RïuO.¼÷(ø" È©¼¸^â öì0¦ÄŽ]Šœ.«-|lÅ»®•Ö¶ë_–&Hk™U;í«Méòó<e¸BæŒQÅ µVª«ÙÔ4øoLEuêÿꤗfÙïÛÌXéÍDÜÖgl1úª×UPc‚Z:UŽ ¶*S,iY_ Á.;Ò¥
OÂrÖ›$Ò ÑåáPº€h… âÍ©UsÌ1¬'ªÁ5p$Õñ"¡ûDl³3^V^ÒÐt¿a>:8êðá'h
x½u ~û&lsqauo;ùN4ñhj/¶3šÝk¢EìÃbÖPœ»kïËÿ·' ±˜>hXmMW8Bûä[­6�Ÿë«ìý[+#ÿ¼ ¢<룙—BuL<`¢™Ï¶>Õ„Â'+§'å÷@(×n@µœÉÏk-º†Ê—.NkÓY‚>mi¥ðÉh^¨D¨ÕB#¯Z<ÊÔbÏÊUž@÷ë`¹7ŒReЖ-͈T³aêweà2ºp;ÀÓÚ°,SÚ¸ÿLÒ»zýÐ\\0ìpÇ^c)YìOïa ÐgA=Qcõ î%'yÐqæ¤AíéS.�•*̖ꁼ…ÀUõhKF÷n M9'ìj ~•xÌÊû7ú$/iˆvê¡¡Û+Â$"Ñ Vbæ SÈ«ÖÃ0ˆ&G¢<rV‚£Y1ˆå÷š{Ý&lsqauo;7ñë üƒÂˆ80K;ˆg£*xoæ–?upü­ŠW)Ø"u§Óv"š 6äK^nÁÓQ1%üG-]æÙý{/g,{&xVº*°«‚ÞìEøœÙiÙ¶Bý áÍ€-ßU"›¯ç( ,u-Ø"_\-'=ÉjA3A¶{2¥Fʸ2…ËÕúÔçèúqÓq_N¿kxp˜^ÿ"ëqJ÷^>þ&ëwR½šEøÌB „öùJr÷ íó×Àî¦ØWbk'Àx©»1ãÛÌEHêEªÁ·B$ö)X†&lsqauo;|†Øá ÏÇ"r0øí˜ñhñJQÔ¼2ÌOú抅坾Wdø¤¦(äùÐ�[fYŠ6ÅÐ{g±½ÎÄÐg;œS1¾ß¶ÔíÖ'"PÁ9¢&lsqauo;ZçUÐŽÚé§ì"ÏÒ$&lsqauo;öaŒF&lsqauo;õ û¹îßœ»X8•DK$„ªéÆ%,ÇÿÿS„Há»zµˆy»ÌáFÔ]HZ/Y8-˜*|}K•]Wjaìy[k›îÅJ¹¸ñRmÙÊ—¦è¶ƒÿÅbP¬¼M¼@ïbXH̬Só™N> MW.鄾ܷûNÇ@º²=ÍÙ =­·fhôeþ'BÚ¥ãƒ'd�ü¢šå
LIrŸ[Ö×W‡£ˆDªßèÎÙ¬O¹Ù‡ÝcçådõË¥"žŸkªðocý×%„ø‰Ò‡•"™j ×?üÐQröÙa P­Õ"ø#½Â7-eGÍ3HïN…l€æT=þˆr7¾ú&lsqauo;Ξ…'Ì­¹c0B K.Üéh#Ïyùÿ¸ãýx=ª˜N%2KV»ÙXØi‡k>ÖÉï´ÆÞG³IjVn#c©2F¬Ëà ‰í}ÖéIåDUµ"Û¬ BßÔÓ᧥ÔíÊJɘF_"õÏ^ƒP\Yßµ =Ƕ=²/'ó/¹íõ󇜍Ñs¤koÝPæŽ} Ÿ2Î0U*`Ä.y5«?_Ç_ljnYÄÁ¡=ìõÅ"OWF¢&wjiƒqoIwX˜çR•p¾mzÇÎ΢(•$È_S1‰¸ò'ÕæQ¾&>Þ"3¡íƒµ¢ šwñù™Œ¡Qš{x´Ñ¾çBÜü~ü ê½|&Ö&[Y»Ûþž3¬¬˜b±3 ™'«rcÒ"lìô}`GÃfó>o(ÓâYëÙÅ3Eaú"G§]Óì*Õ"=nê1>E/p]:¯©Q•iÐìëfæÜ•¿¡î©åàìø³Ä"~D>Á+ ÀÑ[ëPþAƒxðЁ~ˆy¨ÒìNääŸÄʤ÷LÒßÓJ'önÞʕ߬¡e"ÿ"º•­ WöpžºÆ$v¨DoIN\ê§g€ÝŽ±}¥­êÂý&IÇb`' $x'ûpmëDïð"ª='³·AªeœŠñˆü¶GW(S- £ÉÔà€±1¦¼¢Õò¤éî‚6êCh¥Zm„¤·wÄÉAÅ^µ]®*ソ¥ZI¦4Û^´Ž_9`EC:Fq°qI¼G )ÂWLYÝÇŽ•xŽð#òN8Õ܏FϽ¨æ«©—¶P¥ë܉…ó‰IèɯãŒîÓ¹&LO~»5qÓâ]ξö´¬U;Pº{S·á'&ÀT=§Œ죀ËĝX:KY«q ¬»ˆ™I'ºý¬Ì{ìR�oÃMùåÀ
ó9T 2€¹àoRV,8å3Æi)Eh.C2»ÒNØoO× x~ç4›!H=d ŸÕqܨ¸#¤Æ×þ&Æ€\²2ºð± g£N Ç†¶¶ðJ1­&K´"zԬ;Ín:"mS†f¦ãEâ¿ÌmoG-r/2ˆ£ÌG6s .{Eáz&Ë1Gàä,þBqA¥(·øuÚõ›„'¼÷Hu»Ë8Ê™ d¤d¾9½ºÆ"Oý,vº¶ñò´Vö>Aä>¸@ÈR
ÝŠAŠÊ·hECn ·ò ¿ÀùƳDî'.G_Á*C›F¦‡p [ŒÚ3Tˆ±ˆI5aq4 ¦áã cÖæ6Ý¤è² HÆ÷ÒWKp½·u6@–ú§iœØ@ˆ Czú;8¸÷špAlÆh¶fIAœú\
ëL,Aee©O¾Mv*@Íh
k²Sšö•Ô3 ½o05õbsÕ°Ù·¢­šÐUE©#I$8õ­ËÇ'8¡íO{YÊ
„üAîXYÿ¾¸òmh,xŠws+?ëž¹_OrŒÔ@Z&2!Oð£ ë£u¯$BƒO+ûV¡u*'8ˆÑ'zOq'ÌþîäjjçŠR
/Å• k&lsqauo;›@-Óód½~Qñÿì/t˜ï`I&lsqauo;¬h&Ü •µ°Jǝ $`¿dK¤ õÐÒ€8Ø|JŸCCeŸp~sêçö!I•§û;àù5(b×\«Ê… S^—uå¢5*òÿ×D‚ÙÚ¢£¨zÆÄ=÷ïb5`†szr£óÝ*Ûìh–^?bû"íÔw§I¸w3ë&sÿ«æzÙYQ÷´A†E¯/³ï¯‚®}ÄÖŠ¿!ŠñÀ6ËðFzÌRÙwñ§?²ÒéŒáx$^–ŠéH8¼Ýàéæ oH|PÛ‰ ÎR;¡M„¸Î n{?u3œ'š,¼!ørã´‚ùtî4ÆðË._PFÂÓC¿±gágh ñsýÊÜJ¬æÅ4Ðn¶G©§yNË,™ïŒCج-[HŸÏûLé÷¼™]î›"z{àF‚x"—¯K'ùîC"ÁRÿb6Àhîâtæã82L´ðcP±Pô-BÑ®?÷\¡€¶gd'xàÎõ4&Ø‚4qg'¬96§#F•åîþ½[ïÏcóT7k='Ì-óyü]FŒêz+±#¢Úc"V§ÀAOÅÊ'Hµ]4ͬ'ð_4Ø£Ó=YÈÊ„roq'á÷Ô<Ž}@þ-qßÄý|–Ó»{ߟµ+€q" [¨+ù[˜¯Œ.f©?„œxîXñÏòºå¶ÂúÍÛ,M÷•ŽýD ±8R¶Œ¦&ø ,T+Ú8å'r|Žy„Ôe¢Æ¯û¡~ƒØؽóMÍ.}ª™‰zØa)²SnšèŽ:ªG*ý$n3/>ÄØŠ•\ûÍXå¬Ç†Xµ!šÚ‚Lkˆ0ñ .z‚XI\x&1ÿ$ÛÃ-uoà&&GÓ
‡l!¹+>4)NØÙú(ó÷L'´—ŽÔ32Ò_µ1Ë—ð¦zQ錅2<ÒÅ?ÜMŸÊâ¹m&˜Ä¶sWþøúɈý£Ÿþ'eOØ€¯pÒß9jiÈÌûúÈ2½\·BX,ZY1-}e¢Z;‚¿Û¹"QahÜ""îÌt+j �œBbëè'21þ$:óAÝe T}öD!X1ˆßÎсu±
Íð1ÂkFÕ¼*ëÂWQoéô˜]5Öãþë؍Û [ÿíëp€¤&˜7Ÿ–£ú÷zÆG`܁°"Ý"+E W•NÂp
Š§ }¦'„‰åºÀÄåºÿ‰'uZ ´ÞK&Ï¡Öy™pÕ'‰–:4…:IlNkJÄιñeB.>ÜóYÒå˝?"Ç"š'"‰5¾˜?9ª•ÁÉkj®œ)}'tWìDýâÂ`³ÿPz¼Ž";7r*Ó™ÑÞ϶7EÑÀ´˜RõYüÛhœÕ¯I þWo¥!_*¢v½1ÜSÉÄ'ß};¼1!ötp4îN6rcáe4©ðG>ªÑeP'œÆõ'IŒçý[W…jš^"ÉÀoÛ ÕG§Ø([JHD7J…µµÄVr¿'Š*š3mõ»ÆÈR'å\/ªØÿŒsUÔl6²='K% Jã+Ápmb±è™»?àªm¥žMvFØ,hMÏxnmnÓceP<ßÑzEyЛ¿a)"–"
/$ꟃlM‡óþ9"¦ë³¥
–¯8Y¨œkŒ¨'æb�Wô©™2ÝGíSÂa»¾íU²D\dö˜Ÿž³$͵YBœnÑPÿ¹y¼©ì] ÛÈó°m¤»{|(cšiIW$ÇäÄ——ÀðëËÿ¨'ó„yêj÷a¡º¯ Bп €FŽAIvŒ:öφö4â ¹TYp Èæ'‰ `Ì]b*­ïJ†RV½ÀŽ—þø_ëð÷žìXηê<ÿÃXöJ¼âµxLÖ÷+«Ýl÷|jH(tò1yu´ ã¡;¨Q ö¯æì…„i'™%îUñ'͹ÿò‡:ï—2MÁÍ"
›Ñ&m²%'öaÒãŽe9x‚ ·bOžb¼<8‚ü(‚}°æN/[ Ðm¾CSöu×ïð>Íj}ûxÂó,ìb>Ø¿´g®5ORáã=ð.Ú¿ u$•dü±£%§<¶‰1½d•Î<¤¶¶£ûpWx�ÇELª±w‚©Y:#ŽMº´…Dý«Í*ÈäyC‰îLC$·Ñe?Ö¤Ð.h'w´Bá¹®Yd°Oâ×zð%HèJŽr—½Ó â Â¿'b7·3¾´}"°£´^€bþ¬:Üð†QrM¹ç»²qÄUÝŸ€É9èùïÓ=9±ó ¨o=;σNŽÓ ò.f¸¯Ó~y@âÅmk"Ø0dEž
˜ïyòå(ˆHÍÓ<©ñ8i@òÀ?ýUŽ6™7à§Á?±AÜ,Kô ÷*îô-*1ÐTceìwÖyû'sC|¦ˆgÕ̺+Ò­ÌFïªëðçÌñëÁn®Ãc‚€x»'VÔfíþ"€X'êŁVЭG*ÈÞ=á1#=qsAaè>4$Oi ­Ar$ßþê–eBÀQÑ
lW—CzÄ•N͈"?dÞý\*S3ä4JUàîá^êO;²—׸ƒªtÖÛÜy–±á'á©r�XO´#¡Û9¢«o PQh|ÊͽM,Z~²KH'­7²2žÒ
§ ^¥ïÁàL¢ÆÔ–¸gÊËÈ›q#¨4z¯lÍ>@>!`»Vc Å%ËúFŽ'9ïR!̓ [¡]*¼¹"InÊð©êT=Î¥Äî3 ½5àéa.ƒa•¤Þi"þ ê¤;Ü^÷1nYÂÃ�'ò¡j¦ïŠë1¢Éo?˜Jé9Z§Û§Ðxºfÿ+ ·Yn.·š†- A&lsqauo;sÛ¸6Ž‰h &Ãþ3Ù9ïxrÝT^ZQtœ¯Õ9D¸r›°:uÛ„e!ÅrObõ6)â£eðE=¶"=Õoöï¡Ið·aç¬O2ë…>_—i0ì©X!)³Óþ"U:ówçUú†;h£ÛÕ÷Ö3¬!Š"*°…í2´ÙEäe/#@ës•"J4KX†Bqe
&lsqauo;.ÅG"Ñ è™ƒ{ðÙJMqìÅ×¼·*HytéqUÅ©ÓKÏQ–=o'äQ6Eš\Š&lsqauo;ŒÐˆÃtÀâwyc>š¸ñkLrÑà/ãfF‰Ò}"‚{»ÝƒÍŠ,ôë¿D 7½O„žGôxgRB#ÄÓèSUxï‰ZËfK3ÂA¢¬y?žƒ]T½d½<Ãî_þZè˜"l ÈZÄá«M‰¦YÜãCj"'?Ÿç$o áòM.ˆ�ÙC¶Íƒ8~j*úý¸˜ŽŽÊ.´n.}pÙ&lsqauo;¸ä¨Ì‡Ll:Û'×7`x«"ǹÒà¸0´ÃÇ0Pµ½æÓ#8°³,ýKÛX
¯£´@́­^B',ÝÊáXoœ±*˜a¤^À[F)TÙ~¥î2–¬"¢òyOž'çp"ÙêuF–Ëé+¿åŠ,s}#ÂøÞJ…í Íoå0ó—�tºÍKC©‚€W¯ò"{Zk? K0ð'·.ƒÀ%àVW ô)ÈxÒ
­*)hå
#þ±Ä¥!!Ë¢]Wô§~óº¬x?ЈßaywKVìOVE öҁtýa�Ó{f#ÔÌûŒ*ÑU%ôc%®ˆs1Ä6'€8fU¯½E0Û"îŸ%Ô˜—@Ÿÿ<onsá¦!áŽ'ÏR&lsqauo;f¹'aE$ÐEA1öèpr[ )§v£@:·ßœíp]þ3C¡ýè‚Gß9k•fb}hFÉÛ�ø8^'&0â
åNùÿ?Œôg
–õHWøÞÊ"s3ä(°®EΈp\Gõ§/.&I6UBO¨yîã4ù0ÑíìÕhU"¬™ËèbG« çvK°!;:­T/Y Wy_ýê±-¡®ÎgÀ‡§:»œŠøÔáÒ,è>ë×í+B/ÆgÉ\¯ëC©rècç%(¥´ßIëÓC¡ˆßWh[;å4§ ßBáš"]L=[Îç¡•Bîm0.YMvn ‚¸pr枆ÎÔñ$åaª9ˆ*ˆä{;Ä/  dò‰}z²¼['"»u-¼…Sâ¯öâU/"ò'á"â®'e4"yb¾Ð'sèéÚ³fÆwÍ µWZ>7†$¼Ô=Þ3•Y¸Ëcá·E!p…*-2 GÒTsGZ]æ#¸Hï!ûÓ8¶M©¯Ó¢˜ÕŸ_ì² ˜éFÆœ=Ló¸¤úÑÿW)³[ϳÒâˆõ–*äÉž²Ñž©„"¶QÊsæÆnst¬5wo%Ùä~¯ãm™ßb£÷BMX…„ÈDë4†c¥%™$1øÔ;硧¹)QÇ<Í{ØÐQ3Ø,^ç=V™›‡Ç_Œ¢WuTB´ÝN úÎnÂÜô U'½TÞ³Õý©Q'Êúˆ¶Ðî5ÍjâYÉkAA6—,<|ïÿú@Û1Ý„óx•¿x/ÉjO×sSÊÉú¬u³ çÚI&lsqauo;3]ÀR.äL‡5q˜‰¨oÖDwmz¼Ðè"ËArö)@ògH¢3ꄏ§)Ȳ½ûƒ"²lpå–_BÃZ®G6—Û8ã0>í<¾Z#áâk>·ÙrÎ?¹Ó5Šcõnä]Œ¤ "ÝÕm°PÝß^Æôˆ„Õb>0'T ]­IWór
!}GȍGë¨eþ‰2›ËÖù­ì ûP.ø%ËëdcLè&lsqauo;Ží¥Nn!§D§5‡ì¸"íßÙÓ~Uƒúp\„¶§áò)Æ%ÇI¬àÍ$KÝ!½õ£X|q{â Z]z«NÎŽbÐOŠëƒÎIÝÏÄx@ !!dË)qÛu„®E–S_LoMíGéηG&™f×{ àƒWD7̾«l&lsqauo;»T™*"é˜ÔÐv�JÖu6¸ý&lsqauo;$„Þå"Ê]ˆ¦µ¸<$¼õö†oûg&–/¿y„íÕú¤sbJ'Aço*¬µ;QҜԊ;µÄ&lsqauo;Úvy¹ŽiKŠÞQóœ!Ø ™—æ„ÍXÉ–¸&A:ñ"ùÍÚÌ2Ùˆ}àr¾ðÚ Öå¬p´ƒ–æ„‡K^ éV
œ(ðÏ<Ål»í µj§w_kÊÖjüÁ¦LAs9X¦@‰¹¢ )K–.)Õ2Hz@¬@²Áäóp' °‰–*°#XnKzŠÆàšÒ�ßÙ«eÙÅëy²¤°uýpé†QåH6ˆƒŒ¥'årƒ´$©¾JX§…]¨4aD–¨Ë¾-ÚRöÄÙ;„N³æ%Ñ×`¯åÅ•j~?¤zY©<{Äæ8pñÉØ.Ú:È[ƒ= ÿó­!aäòwxW†µuë3× lµCÏÙa¼(-Ú3§OKÿiÐ=¯ª$£yYZÑž]ôÔ…=‚­å¸swZáû-ESøF)+†&Z ·$¬âÀÔuUä¸ ™ð¼³¾ù|]â,¸ÞP£¾˜Åé+"½«dÒ}1¦Pü²ÊõðÃZ&lsqauo;Cµ`­£Ð[ÿž¾ #j¡£ +ÌAH…ÅÙíxG"8ÃxýáÁ¶õ8ÓÉ4¡qr%<¥vzïúNQáâVÖc¶ZHÕTqU}ÿåzX\ß眯N-#‚Ô~"§¶Ç+최2«0¢zHËqjÀqȼÞNYEý‡¸šêÊ"J2h1T'gê¾pK"O.AÌk`8 x6«6û•¦Óô•½°'éN¡u÷Â×@y†'SÖIÌÆHð.O º éÚAy×Ô5sÞÜÀÊ1@#Qß#kŽN+™p'1F¦]1"ÞxW¶7à™ÌOê?š&ÙF\2Z­Q
¦¨ˆzŠcŒ3»WŠh|$iq+#l<,G 8léq°K2b³Âú&lsqauo;b¤S:˜Æ¶"ÇkÓ#tGÁ„Õ ÀZ[›dâ
ê.¸1·rË)|x}öÒŠ_ñ;GÛP!³è7›0ÿ?SŒ~}óh‰'t†‰ãí¼‚÷B$l$©ýß&Ý;ºÁuímÊúÍËeÌ/¯|²nâ‚#]ƒ2q,Øx1iÊºfì�…³Ë=0Ê'. CÆĪYùÐy(kh5Ê*Jz£ï'-;"9¾^«ÐÜwÂÔ•3Þô ᬠPBAzš~«@…oI$þÜŽ½&¦)ðà èâ… LF£¹SÊ¿&lsqauo;ª_ÁôŸç²Ëx¦=®ö;¾‰sÿ8ú[.š']M!gÉCo¾ÂQw÷�¼Q�‚¢ÇÂÜQ.+jÌçã¼gø-mfÑùíGKTˆ9þ÷5x(ZN=1‰a)ò–L—Xbd:æ?mVðˆÊ¸ÜѨ -8…RÒUŽœ­ZÐñ©EMµ„½ßý›ÿVâdz›Y¡ãÃ+1±–gêh]°½ªt¸š. Ýñp²p6ÀÊG éH43ÞQG :Á*Šv&IÃ¬+ý·æpPo'¥šy{i|;2î¨ùÊϾü^ª`PÂy Z™Ð d¦«–|'m„ÿ8âåâ/1Õc]ò8b°ëI¬ •Æ~ýK ÷¸iøÄ2&lsqauo;3K±UlÁùdáïcû¦ n|)ÀïÊ:­ÑÊ÷oÇg8fA»PD<65]£¹Ô©qÌ„u�µüõ•-3ϧ'íÿþªO¼ÒÉN_|e¯h«¹0Oƒ:E„óã^µ!@ZîàÀp XiÏlfÅoHjæâ�Wg˜Lƒæö"½…PæËî°Wi÷³C(k¹²¼ zk[ÍÔÁÿÀOl‚Ž+0L#ìöº¨ã"ïÆô7&lsqauo;2B]7'fý™Ž×ø':1¯x)ï[¿åFOFõ!`Ó'ˆg Äô÷ÀW=t% !¯o)ï£ÎÌô:Ê WE"JNFšÉ/—[h4H<ªº…y~tKÜ>ÉõCf$ΤXƒ¨Ìšü¦%ÑqJý˜ß&DªÍwx½ð/¾1ÞdÓ§Ñ2@¢_àfrøN¦Ô^éÃbÄ9Ž{'G²¿ÎÊ €q³Æ\m}Vw[øÀÁ5|3|Q&¯jó2!ƏLÞµìçþ÷ÿK&H‰š±r1JUm%¸¢ÎßùT݇,IlUðp\š,îmǦò'îÃ$—–@œ‰€Paxá ÊŠY …G^ W1ÔÏPÌd¦Ñ½=¼�Ö&lsqauo;vDâhX¸/åœ:ðw%%¦ëO5ˆÐ<¿^ÛÚ«ËTª9j² Ýœ {_RØÇ&lsqauo;<} —ñŽ…2<îSÓ;K)'5'/.ñððÎdÀJß½·‡Ë'‡zõ¬½Ûx²}ù4EÅÛ1ª°¼'xÆšgS Te9u?KÔ»L\£a2¬XÙ¿×únòú–ö®njwOÁÂäjTvg% ƒ :Jô!VµÞ,B‰7I§"p‰›`CCþ¹üK—m=LHìœåÄB²ƒ=8?K~ÖgÌ,Óðã&lsqauo;ÂIâÕ„‡A3Ïße}~>ªE�mÈKàt®#ÇÛÉ­Š#2dË"‚„mL<¨îôJpSˆ"C¬-pLçñ_Ûû;!{ÒI¢"%±!sVo ¼Aäç¨:ECÿ« ¬RNu0-8¦"a.èåñš„UáÌY=gÙ¯"'¨çØ¥ÃÀzïê÷gÒ0‡û3Û)x=X¡.Ă1$ó×—ÝiÙf¯…ÁJ—ŠÝx'0õÐí¯žCwÀ¡‰K•¼K ¨h˜™È¹v¹D±Z‡ ŠôÙÚ/Q$º·BVÈuÀÌ û†dUp|zæävÚvööÝ7˜le¼¿lrST zÉ7Ž¿X*Oƒî[6¢„y—ö\šZ€6ˆÀ€š%#oþ>C,5™ÍSÂã¹"„B\-ãå'út`ŵóÅ^kZ¶E(™Í´ª¤í^BûÆ'g<%µñ×:a{<üqÜ–§jÃu@¸J¦ïUv«õaÕ;>e«ÀÚ_Í]ž›JÊ»íq;A.c„ hVî€RÄàÂ%>Zm=Í„"×y<‡él,>@È€~7t£n±m»Z¿U9¾V~f©Î�z&
©±üy׳ï¶)².æKù¯cïœ=Dyü9£Œ©æŸn<Q<š» ©±;ï> ߸ƒTbþ'.Púµ©JóÙÙµ™Ø 5rhý-}¿SgÍšZO>PIöG(yíï•OäŠ1±´Q±üÎH['$eºA
ö"í0r/w­U8ëŸ }A¥a¥™|"Õ®­¹ 9•Fdnk`[Ph¿·4vø•>ÀZü3å²|Ÿ÷û|;LG%50\Ž%aK½ýW¸4•|wÄú@zôQ=àa3f £ES"T îä¡-w~֝§jtayÎQfÐÈ[¨sMN¢ÂùZŒ¨Ñz7µÓù1Ã]d¹sKß`?×ê 
׈8ùðÀ½:Íí™ìâJ f!¡y'ò"5P³â³k°êñ¸ópûà¨B´Áµáÿïµl¬­öqÇÍ'q³&£6)¡i|"ËFÝmó£^ Ÿí5Ê&lsqauo;‚œµñ=€ ŽYºƒ×N^_¡²¬ ­Ž7õ(XЛ-Ú}bÇÀ½³`@ùìÎK`Ê`‡\ŸÝQ.ë1¶wÜó\-†Ž`9–¢ÚžÍbk°ÄUB!'7¢f]^2§d:ªE³-¼O3¹c<jºPƒx—/ppÝp
bEÖ_MDýAÔTwmÒ±ƒ^*­{ÓCãCËb­öº?U‚ˆ'1òá?¬1ž2îÆÂD×ô Ù+5SŠÆN1ðóöàKj.ôz'3#™Ò²Œ1ádDú%/ùʉT ¢å<2u;£ùá ©/6è;zƒ`2H|HÙn \C^볤ðIf-€ÈùBwÔÀ¯Rmgã.oG]Žù‚:ά¡&lsqauo;9 y«Q'E€Q=Üȇ.º–E¯Ìd<›"Èjˆ*°#€®ÌŪf-éëã$EŸ»È"؆%kUµ‚‡A©áµŠ{Ó †õÖ0=êàûZ'%ñGù ^ƒ¢#µ'ŒÅ誽‡ÃU‰¨­ïCH'€â^†‰ˆ)Öˆf¤·Ÿì&-Ó¸ÁSÌÄÏë_oKsŨa²0Ø?ýEs¥ó8§$þÜɁ0&lsqauo;v©¼,ˆ·ç2—Ì ¶Iéþ˜`2(õĨe­»ÜÁö·uƒd¿<OD Åù=$ÞCË'g3Dª/‡;PÜô#¨½ì�òs€AhGnV}Ìò¼#ÙˆD§ÿ¿l¥Ü¿mÐÑLkù›üv%KD·gëÂv§AVÏüô‡;‰çš1r?G觾]¸AwòÛqus¤Û²=ÞÏgùà.Äê_Î>Hs‡¡$ž S¤+¿ œ3¿]XÂAKŸ`G&»luÇ#g–<'zW'»bð†Œ–Nà£Þ =`ضž—ôאY
Ý¿°èäÔºÒ`iÇ"!6K»Ã.Nå—†Å.þ-éAó–^ì© L0è¿`DÄ4ÆvÕ�ä;AýšÚJY£¾¢P"e»o¬ÎI‰Ž2ΚìÒïRò92·Íˆ¬9‰„—/X ¤?êí'—ŸEÀ%W1(¤X–¾êÚb×`¾‡âÁ#&lsqauo;ÏüHf£nÏ–… ª>ÿ4¢¡g䨥'Ä"båWÅ«]†¦%*,F£W bövÎ LÈÏ€²° ž¡0€NhFB*Ò� µÌ ¼RpèÄQAÌö„uÞœ* 0Ã£Þ 5ül蘆2ê+Åœ*¯H"óO¹¤Õ™‚ùfÙ£ÒUuPŠíÐ|ˆ—jÚ‰ÐÊ®
ß=•nú¥TÔ´æ¼Q³(ì?Ò:ò·×Ø}<äÒÜÈ•ë"Öø#¿ÄÄ&†0ì·}r®›Ïj'9#Ü_ÁÓ£>jb.ãžØåÙ)¥"SA¸¸fˆä£ì%ŽP-©†É?Alß÷kNÿ¨".ÔÕ%þX›Y8k¯øß;€r9Úö©_Öçª'Ó/É.‡òQœL¾@#—�Q1pœ²·^.Gu{ ñõA9qÚXŽ"w…®U†²¬Ê–ª»bú9ϲÞ8ÂTîß2'}WF4":g ÒËÙ{ú%äÛVo?û¡
+ô>ÃÙ‡Q©z:¤ukŒeE‰ßIó~®Š½Žã±°ìù`/Ì9o§4‰�+²ž­#Á˜¤ 2€«æ±„¬¯…¢3Íž
j¤.56˪%¯1õ¹ Æ®º{#çy6 ¸¿ìÚ'íè>+ÁïK4~Øh.=´Ñ!óјM³ ±ìRQ·ÙmˆzÑ;(0©ëÚÑMZ×ͤÁø6×o›&lsqauo;Ï{Üþ{9xåÛ!B£.³r ŸE1œ†QÏäYÈ<§øå;pà)_é¤V$Æf€òÈ…lÿx ƒ;h§9kqN¾mê_YŸÖÎhÓȺØÌ•èeK¦ lšý-óy›‡þ«E'ð ¸"Àä¶CXžK³íÃAmæ�.¶#rvïBÚ='PžåíC«IªÝÞë%edŒv› •—'Êæn†ÕÖ³Fˆ5"æ BS M‚©™aµ¶"1Rê
˜[†B¶oi|§æ÷n·ÜD;^Þ¾1µlbå¹çQû|$™ªt§Fx'õ‰EæˆýÕßcÛÒ5
#JqŠ‚O~êÓÛ„Ãá¼åm·–&lsqauo;ŽièýfRîƒÕ'SÅ€u„K.¾ìRÃPº„.ÂÛÊ•B‡ì˜ 
xê-ŠƒÞS/[ˆW¥·ñ¢sVY‚‰~QôàŠ&lsqauo;
DeDùñöP~ôNýZ{}JLžíù =låsHm+¾~&lsqauo;ò@]WE1ã©Y9MÜà Ì"t˜7ðœÉ¥Gü—y¡@&lsqauo;ƒ ÌHîøŒ« Œy'-|¦Ý»¨¶Æà êˆZÀ,ÂèI^ȉ1ÄV@ùw½¨#–óÚ¬ŽÈ ]Ju怽üÝ$‡ÚDžË̹7@ƒŠQ£€þäÖ,¸lÃäÃM ýúóŒÛß³e¨Ö}zÃ6ƍ†ŸíÐÄ&–.é‰gæÂûja¾g^„ŽÄ!@ff,¢Ã·evB`(nF®
B&MKÈÐœÈòÄ'…ÆÓV>šTÕ: å㟺EzmîÑ
H c{÷—1„pƒy ÜœˆA6
å*æ2A9Ug''Â.ÚÜ™±Äróï¾"¢Å; L¾ë_Ã'.ÛçÁƒ)c_-Sâ\CÖü2Cèîó¶äËpµä¥ÔkD3PBÐ8À…ŸC<Çð;´²öÒ‰cPD,ÁcFðÌqÒis"È!0‡ƒIUB&ÌÓöã×aVe„E»djè§}M$RPdnµüèc®z›(²^}V{– (2|¯çé~§gß=¥Ê)ÁŽÁä¶"^MŽ×5¾!' ùxë4F圧"òÏ"ã
æì²™"ãf-´`œ¿_àò«ˆŒ>{Á›Í‡ˆ
h·€¹6i>™"þÀ—vfk*$
:1Ò­ì¿H—­çãã†gô2M_=C{(¾Z¨Ñ¤JZ4È¡%`sÙ1„y}öYxLݝ¹Eê÷"pßBåÖeD¥ @D#)Æ™ÿ`ƒ8~U=ŒúYæ4Ë°DÈadE‚PÒ½«÷èAðö
]­4Xw   ëÀ¡kÊ6°F7:˦Ï$ê'›ãL´'Á"×âU'.µJ+ך@º@¨®ûd3{%&äLÿ9[GøÑDA„¥†d+Û´'Êå»»Ò§K^'êéê© ½òÍ §Â :8ÃzІ"LoýÂÙ¦ÿšv¼AöÅ ´:º¿!{ï¢@Sï<t"·™;C<ubòî⤄¤aÇö"fe}Õ©lvâ„Tþ e2_WMß­x'«B¼.ksçÀ»dã£A"¶ã]o‡=ð7üW¾F…ƒ„Ô  ã‚ö9Fu³Ãg;ž(I"¾ rSÊ==ðûõ—噆Äçs=¦ñeßB–ô@Æú6ÛÙE´?Æ�–&ªÂRŸ°FsšƒÆœ¾> T}G>—¬˜ŸazBNll
|J¶žjÉi6­XätWŠRÉËA ály?G‰e=ɾ:éÇñŒ•Uqiôª~LcB7c%FCÈ.ƒ$§½æ\pMvŽtƒ°À 4›ÈþC÷ Oþ{^ecÝ>Û{O@g
1oÞ³ýÜðl/'–@׆'̉¿ð:J¨â—øK…é«3IT,TK­øKeÔ°GÑÐ/­»;‚ub`|9a"eã­e¾|Á`^­¿Œ§½ a%§«/¥žôvöfî7βïü¡ûÍÖÊ›üzŒ̟ƽ@$ËB3"Mìñ8<"#Ù?'ï¸M¤‡ÃyÔè3Ì~ÓL3½IÖÒB&lsqauo;»"¿œÆí ‡Üä´5ä=7¬«¦° ´H'ëz(å†ã–3ô"6ܳ»+º&lsqauo;Qù‡¹2Y èÉó½‡4™„f\'±Ð™CêÒ�Ô"yT—Ñ4QN"A=öÇü®#ƒ•S•‡ šTkWz£Zbx²æ
�±fšJ€ólÕñT'åér¦?9Fæ>ÖŸ6™6Û­ Ô¾ÏۍÛÌ\m¬¸¶j;<G—9DfØt%îõ`wŠ$C ¡þz½YÎiÈj}ê%­'Øß³½ÒżcyqWj°öbYWËm}R»pˆc«6Ž"\'SÛFµ_ªÈ±èÓZ@8 â4zJŠD(æaòª§Mâèn4« vá=Ô#xÍ+N¢G�·m¨.OV°ë냰QÚs&F‚¿åñÖø&MÂßÐ;Ý¡gÑ(ÑéŠNÖ¯yÚ8^(ë s¹Š—áJ¦CÚÎ'ç>‚Å—9„SBÒxùt«¥-Qª[VzóM`Ëä²ÑæßÓ‡ÏK–@¿É% ø¯~<'¢Ùqü<¿'^ÅÁ]�¹±Foˆ¸ÅŠ2éïõ'°–OÛ|"fïì*ÒªŽžjÙâh5-­)5Ìáe×dFŠÕ0tìxùT&z[â‡Ðt*~m8¨ŒS¿õ»à€m`Ÿ\î,¹ÒþAµ#Ö¤`Ô:…« 'Ïxôÿƒcé‰]x®I³ŽÙšøøc¦á…æ[Ø+ezÌ: 鳿 ‚aҍ¥BO%‡´`sRÇË@„"ÈŠŽÛAg©tà"¨9nÊ(Ÿ§‚Èœ(PI'O£VÅuÞž%ÅB|Q²ZXéI&®²Ò¬G‰e"VãÊŽ€áoL¡jПÏçë@´:Ã)ÙÓv-ÎÞ;åρáMe^ ÈÝÙo×áŒnÊ¢[:B§ ¤2´+O‰1[ÈAN¨ÒÑèL Qš*D'‰xü•ðûö…
Jöçu+Àõ}µ}˜'ŠÑ•¿QO(­ACÅ8uÊP'ÿäà¨ibÍV`åŸÞe%±n«x½7OŒÕ˜ —ÁòxŠú«¼œ(Ž€æ]FgííÁ¶N¿—ê: w¹4ë«ùâðʨtÿÊ~ló'&lsqauo;i@NÏû£Ò>×ä=ºh–<§z^ ùZ¹+œ>vš&ÿ#¾òâ.TVY:—‚ðÁoš˜Œf¿é]ÁÝg"³'ºPbŸBå`Eñæ'1Ær¿"‡:€ÆBíA?òQË®àW 8**Kß*ö/ÞÛ ÔVT_|]ßýÊþáúTúØîl™¦Œ@Ô!h¤e.CGG|³ "K†äšÍ"`}9gKÖy@rÄly·YÆRw>oêK÷£~ÕeÿρÁ…yaTKMN¼¨ªWäzÕró'—"²xµ]ƒ¸_c³±ëßþÞI}Û,˜÷$‰TEÆ„h)›O'†÷½Ó2(ôIMzZ. úo)þÍì¬àVÝöԍ_œ½M}wƒuÂò¬êEånÕõÞ*¿áþ"ŠÕ"É'WOèúÃ'*žï™–÷u)Ž­ÿdiôÑÆ)©°XÇYiôqÁmÎ@÷ñäO.Çzf+[Ô7]‰ÊøõÈèÖF[¶¦jáV«÷òusD– ­nŒ¤ÚiÜ[>S\§*[@>ó¼$ó1æZœžŽmui¨÷Š æ«0WdÊÈ
*svñkö™M³ÏáxÖ½:f_—þÏ›.ë€¾¸é�hãiTw¸¤jà©¿ào›n¿.¨æ–°h¿º­
˜á]< }°øgcU^q|äMӍá!äym̆Èãi63þ<ni@wɱ °VÒ•µwÒH¥Pº1ž=xi>2]x"Œ;³ðcŠnÍ\8y@ñŠ–†í†UÝÑŽ–˜ï¿3s¦<{¯þ­Ö`Ô'‚\O×-.r°GA•œ#jÿŸiRLŽMËò*J˜ Š˜†÷-|í [5ƒá—Ú•C ·r2|á ýwû1Dò^VLžq«„M¤ãéXXªÁš'«%o=gfEŽÖÜ©�fT\E'³\¦ÓpeK½D½˜ú#À5w+už¢^HU¥ˆºÇT—€-)<µ}ÄwŽ:â´Ã'ç{Udj×›"ƒüÝcþ°ÊŸ§ã¸\ô¸½…ÃÔýqÅ©æ§2+ËÞÁ¯Î5ñå3má¿gQ×WÉ&lsqauo; ¦)oƒ^§Ÿ7±úŠ;;ë~cˆ'_Syº˜ñ[²þ|Ñ·þmúÕ'Š5Ï oïÚƒâMzwñòù˜¼'I6˜Mô––¯ywàóJ&lsqauo;FÕï.$„Ã"ûÛ{<C&‰Ê«5rkÉŠSëZKM&j/ÛìŸV¢¼FcÜõ«Ð®jfµ-k†ßƒ=éDèÕBþi±‰Û}ÐŒ\ò¡þqÙ,gÅq=É^­hÑ/6E°Ý2§æ 2҂䄱z3vwN8ÔýëúЁÂiQÇtêíâÚ7X¼*S¤¯›V¥ÍF_òhÓÔgZéιvRyxÎhæTò4'Ÿñx!7Ejáô[þ˜$&(7Š÷vò™Õ&lsqauo;‡M„õÛ0询&lsqauo;ZÀ9ƒ÷t&Wö^Cˆ*·èªENˆÉF�›a´'¹qœ ÀQÙ¬$;¨øpeû¨

Ü%E½(ž/+TL~ĤU´Š±Ü6´6ÒëcìŒ3>¸nL„Ø3ãé÷¤ê»].Ï'æ;"îµ8ƒÚøY &lsqauo;.I<μ¹F5ßÞÒ.Ö,é«HX&"pÀ{+Îûþãº÷ýº8ºi띱¸¼»y`ôeaÕ^!@·Öó0%i[IZß›*öM•)1Óö«%ÛóÛ_4±¹M&lsqauo;Ò…jS¨ˆØ;dö>6$À6MZæHF ÞK©dâÕþsÑ>^
…õRdU!¹x$3¿�ïÞSÁMVþD2yŸkêÁÔéh3ô$dHq Ú–J¢,c$5(ÇY¯Þ±ÆÀÂIc3|í¿_v•¾ªô=üØxlñ×fGà'õÙç¤'{äIÐØùpš¡³#Î=ß–û¼Ú–¨úè82Äíw-ˆ]å›A@ÃhL—B}˜\svñ
_ÆßÂ7ú0±CÒH`éw 4uÑ–‚U .m«Øû£=#Ïâ!áæðyœîæ—KxMzÂu ¶JîŒvûx\Êœß"óNZ›2à¡C¿pŽ~–©Ü´v¤Ö‚âê™fªÐìDÿˆÅQI±ÔYòËxz8-„·¾u£NÙ› ¸E2¢<Á´¥êEbt×ê‰&lsqauo;TQ¿qÜ &lsqauo;ýÃéÈ–{„(Ë„„k(8æÝÎï®Z"ˆ©I'iÑ&lsqauo;'ûx?=f«òwR¼Üº5ÎÎ/'4ÀŽÉYUå‡ËU•Û4fÖ‚w†è{(*Éó£ðdpnþè¼!ªþxŠÓf½ûÊ4`B‚ƪ¢qÄ•µ¸bW™® "y´ËŽ=pm„ÆáTv½CÞQa»šGÛK‡^ÜÎKÎ×NÑ™ZŒñÛJÀÕDOaÌ/!™Mœ¥·ŽRwgCÖ½n'WNnØ;ÏÛ9OEk¹#[ ç¹p|I§+®ÂÙîI®_*ôåH*ó!õ"9Á®áͼٞZ¤¬Ÿ …;•?é\7× ¬ð^+$~¶+! f‡0&ÀÛ.}¿ÑÏì6ãòkb,ï­¥Ý@µ&lsqauo;Œ-•-W4=²þ¾÷¹»­Q@@爠ŠêœÂE×× èì˜vꇷÝðdPÊ}P½ªç³=õ1ož$ "ã&¥uÅ] IÔYí¯q ®ªkFœk¯Å‡‚Æs€Ž©aìóbAíó–Ò4¯ c»6ÁW8µì|T9Š"í¢Â^ˆ©äIÍwx¯…$ËŠ[<v&ó7Iß«Ý›&lsqauo;
V¸ÀٝÆê÷ÌŠàX½?zmϧ�Þ|¸r"W ©Ê[þUõãŵ`_ÕìYbég嘌¼Ñϐ挍iR Ë&lsqauo;¤ö¥-è•oˆô�‡ëòÔu¿³"€Àâ&íF¸¬L¸×Ç µQ18nX=ªŒ‰÷ÅVà9û zˆR^QÌÖúj.dû\NûÊ
H)ë¹ãCÕý^_Ž*ŠÇz—¹ !d¶�&lsqauo;iÐÎV‡‚&ãlþWË%A'êÊC‰Ò}=îRÁ&ÞQf£åL¤«Ú-9úOƒN££;Ć¢t÷Ô®Còæì'tAÁûKÞýÇ:ØRg%°F5i \ïÜ] \÷ÀÒ•DêR³B+sS=K�Înk-ŠmêÙ^µø~ˆ¿÷X£Ÿ1ºú¹'À·\½§?¡"ê¤,_‚:ü'
YùywG�›)¦³Î&lsqauo;ðÖw „ £Y`8Þ[•Cr«¥ùø@Ûs:êµ,4ĘW#¼óKã×}Ok8;ãÀ™m„hºR€–7âÐÊæ‡Ñ¢©³Ï¼%¹—•ÿ®·Ëý´e7ðuIýG­²ïø\9–.j÷•»ß¯¸®€…ÕTGjÈ‚ËÊáL1E'¨9öó„"GÚ/ªÆx*s5ÆBȹÑ— 1÷¼+ºòŽ|àUCa55§ŒèƒEsÜ, XuûÚÖiðN%>ryÓl£Y&lsqauo;«i&lsqauo;DþÙé&lsqauo;;®/Å¿N|ðÆ6ómíDðŸ8G¾N¼èⷍ5¢ÀQ&lsqauo;u*öÊ1hÞÒSOšJ]ªz´º ͥ˕ü¼ä;ƒkO:ÙÑý˜«o¼ñÒ³ì)}Ö(#£ñôŽ8N‚/«Ö[©j•Ôâú>­£L+¹-x0–ß|SLp$'ŒŸ›¯
a£½ûA¦àÕAœî ]›ÎV¾mšû5…ø³hB+Ç°¢K±¸¨D¨XºW/w³Òt"&÷ú ô[~u¬‰'4!5c¬~¿ý¿ç¤úÞ¥ú&lsqauo;±±`܆w}ž,½[ûª[ʶHa°×/e×Dü¯¦ÍV<Jž¦Ÿ0,jÐÁé'óB�ÎËÆšZe†nËlðK6áA›¸I_²6ø/vûAl‡HŽüª`gÖ¥\ÕÅj.žG…ÜO–¥³Sh¥¡î
…Ä|Éâ±Æ§Â©q\Ö±øsváØ:/_ë5ÔÌh<§É{
Œn¡'ò/NÛ*Ï©F$<Qaàtœvºñ9Å«R±Qõpyé¾×|Eß÷ôÙµŠ -\R?q-Ã-%•Ï¼ZF(ðªZx—ŽH¬»ÊbðÄ$¡`;Þ‡™-+µ „F‚¨–ì˜<áŒeh{r,AœCÿ¾Žj!ùc.ˆ h0õhQÆtܙʈcfM® ¶6k:< lÁca!&lsqauo;Wuêx36nò¾&lsqauo;ï|Ÿ"Ûˆ.r*x*€iÔV"¾Ž.Q‰®Ó˜Àp êºXéMêǦðÙÊ;½)œ7Ž#«ˆdfµÜ&lsqauo;‰šó¹'ó˜ôu0—±ÉÁÅ#ìDÚªSrv†ݪEðŸÇœµÔ¥®øM§·�ªôj¯Ù­8m^&lsqauo;Z&'Ç!„úû;ÂÑah¾ãOA@/ê=[T/ Ë÷ñQÓŒG¯é¬¯24ùÞÉs>øå39W:ºi&lsqauo;KoQ&lsqauo;C0ª_3NÑ„´Yù)ʵ&ZåÅKYˍЃ³ f`Û@Çz
cÚ•µ€ñÝõ$Þ̸¸™uJÝ•YºÌ:1«Q5Ðsª™ì•öçãÝt07šòùÐ'‚wQN&lsqauo;+{¿9&lsqauo;‰ôØÅc†¶ùé]¨NqÔ;·ŽC¿Öz%=è¶Î€sÊæÌT{"êK4ª<¸Ú„éXÈÄÝeÕùÿUÔÇüÏŸ%RÿžKóH˜rd¹ï‚ñö·VåŽê[æ½N½MœFù÷á<©×"X<aÿiZP¸V"r%#§¶\oׁÕÐmv*w„&vëÊô^gÖYr÷�z1LÛˆŒ—ŸoÎ'Âü8DÁ=Ù·ÑäK¦ÒÚ»Q z‰$�wü5Óȵ­ 7WÚ€{† ¶˜,ˆ*i;%ãÁ>ú!½Õ¬&lsqauo;éÖ—BÿЄ&lsqauo;¥SQ…èyi±VT=så,<›þÉ(ÄlÀ˜E~ÃM°eGïÀüþ^—*FtªŸêÈ_³ "ÚíôV(¾ºõ>ôTû\�z,&lsqauo;ë¡îçX΃ª/Pø\[FÇb®Ý
½A $†¥`Ksp0r¸úÇCìc>"‚°†A",ÑÍ9Â&«Sy»vaã7Û' ´0PªØƒ¿~Xô†ýÏéÁ/Gï¸Ó=:A¼´ì4ûxD<ÆÍ#æ‚U=@Í€ë†?V4øÈéQOý/ßv$wïŒ?
—yçIRBzîǹxÓr€ :‡`0Á@k@iÊ™ä§0Q]mn\ëx楌åµDÄÎåRÙp™Üàá"¥ ÔáÍx;5O Dú„rÅIÄù®j
†<ëäÔPÕ·Àsž(Arj;B©SæìŠZtD§!ÿk6:hé&û‚JÏáàsx;Y£>Lû­x_ÐaÁwþþ€ªƒ‰!|©€¤Øe"5n@TY<¼lT܉JÙû»'Nîí±ô¶áäÈü?Í+¢SUœYÿ(â"Ymá›Ï¥¢0u«},Ì6ö:ib§VÐû5…Ô G«ƒœƒSÞÒüõ+ÞLKñÓÁ÷ w«Pš‡'ôEoS±|M[Ênݦ[}ÊKâW8žïk¶ÃfÊ(ãI­¶»á~ï¼@Љ<±Ó O}N JÎqVÔ–ö²¯­,¯l¤mFH »bJ3aê%GŸŒ
áDÓ}§C~TÁÁìîÄ‚"¥›&lsqauo; ú霄áP¬Ãº¹¸+¼ô«Oꨗ¥¸~=$3œ›bŒæ„„t˜çËF""h4ÁeY|e„È€Q:�±ÞÎE{írÛ31M"¬8ÜÍòxu¥"/]í°H1Lg³äïÒÅÜ`omÚ„î)&lsqauo;ŠÆžaÈõñ¿–õ­¸ŽÄ²i:¡@‡¤(A•Kôëÿ$ÂeA¨åToožÃ÷ÚÕM¾]ÑÄ Ú'»;|gi§ß› ½ÒõQ]55°Üý°†ô;m÷èQa ´½'©SÄß'%>ùœwKn6H
Ê0aM aîZ¾¾ÿP%a¯1ùžO–Í» °‡2þ@sBŽ<✟*ãxkbä#*#›Î£Œá´‚OÜ&ÊÊžÞý[>iª vð·ÙG{r{ó@o:'‡.ºÅïiß é%W-ÍľlI¡Êu"Ö§& áèJÕïô@8ŽVÉç"Ng_SÆ#òÉICi¬óMÞ˜ÒxÓÉŸ`!ŽÆW7¶P"…Ÿ_`lþa‰´Þ`ÿ>]×fúêõ·sNû=ˆ{/÷\jn´9v"W…õP³Ds›ÑVUy"ÌŒÒ×y�I`=Ò�Ó£ùItõ~aglørßÈïú IËðÒ¾™ˆ¶õZ"º*ð~ÂÊ0u·wËwþv¾ÝoÚññ¥ÀÏ¡ákEŠ½rÏ$©y_&lsqauo;ôκ óÈÅò|®ó"ËÊÓ‚ªhÉ„p2E˜\'u¾â€2òñc®N×åjͬÚåªÁl¤{7ò5'jRÅÜ©ðÍ>vE@!6Z¯k÷i¤ƒ{x w8Ð�öù` û=~„a²"$£Û $Ísû• 0xi{›lâÛq"6S>|UÞ›úo¬©ëŒ"�¥ñ.ÃÎ�mÒ¬Fçå&lsqauo;Ó_Ó75D%|ìIërëÖàÇlñâëþŽ¿"óÛ»üÀÒ~õÞ›1‰ïlÞÿ^ùQ{MqL+™oŸYI�ƒÆw¸ý¼U¶Aš^…¸ü„ÉR¬¡Ââ{ƒ&lsqauo;hl]fN*smO˜da\«T«àfÄ2âÒ†Íïhc¨Ä<gÁ³~DÌ6›÷œwp%šÂ
&lsqauo;<º}CŠuÔѲ¤Õ>§�ÝV¸xÖÞ£<êS½ƒbÙG&lsqauo;QÁÁúîˆ;p:
*®ù¥PæX/„ÿ=")'Eß'/qxÜÏkYï€áñ'ûî=ú<øåæôΠGr¹"n«ZYÓäþ„ÖNÕ^º¢³úS‰‰%ÖØE:˜'0½�—Ö.:B…¢A×—
‚hË¥"ìàø‡ZXSFÏȝ+t†Š[œaShPq(,dÐJwþ­øq ­¶Ù.²‚#Ë^¾Ë_£¼a Æìéãl*l{ zcaìÎF€¡
BåÀ´ízJ8Ü8ƒýˆx먕ŠÇpÖ6.^ü£çú ÿ.\ßu:äÌÆ[&lsqauo;¨øvØA²Êõ„~ ÐœÉ1äÝëŽøWç¨Æ%µÏ[r¿Ä9zzm²»ËmwÐjœÓéEKoiÔÁþ�L*6Üdé"Dnçd1ˆêõÄ''# Rg%jÏŠN4ŸÉ.þ®C¶©ýÔ7K*êð ÝSg૵˜&þTÊ›ÝZ¬¿ÄüÁ,' ÑOx'`êkðö öе"ÙqMÄÅ=>fÞH&*'=ÿ ˆ'^²™€0Õö›¹¬@g ƒÜ\>Sª¹ÁVáÜɾß@»'[€h¢ØBùÀì™#å›=eXØ5˜hît¡¾1(&ÁEd‚Œ@rÄøüf{•Çë"¿w£¡ðÖ Rc éëåÝVU/ß>Wæяð^¿iJk´£À{Ž„úP'rCac¾ñ¦0bs6™ÿùQãØµ‡à/l]JÇóç][|O‚ÃÞeKëBÌ p­+Ç'éŸRMŸÚfôø@·¿è%&úDúDLéðœ&Îþ÷2ÃÚÓ¹Oå¤àk+uz]Ò Âß
ø.
'ôþí†ÛÁÿœB'ï¼~GñòêWÇUÖ¥®e´ÛRÄôâÍ——=üäWKï>(~b–°…\=øÍGbîÀè´ÁœAlMÞ'«ëCeÛ%ò¶«jëI²Ìli,A'x"šä4EúäþðüÏ
ØÕ#E º…Örv‰+Ú{`磦Ÿýp^$ž&lsqauo;ï iÒdÉM–º z#ð°û(‡f‡ìÊ„¥_‰"ÂÄÃX­xø›7ög_ü»¶#´Ô6˜ÎÎë¶%æû)Ï7ÏXgÍÐý>p#ú«[™W2‡?îK{(XD…wâ­H·€xç€='­‰h˜Yõà'`ÌŒ¢p\ç˜'èŠd4-çÃyªÎ-CS…c­íùú¥Kjt£ÅöñÌCMÒ°ÀŽ95
½ÌÀrÓZp~Ó²^IÓ+sªF\üµŽÙIVÌíŠ!ßå þ6د€¶ó‚üêûáøcC¹"¨¹øÁk'!ÈStŽDô&lsqauo;PÆÊp4·P¨FªiÄ"‰…[K_¸«q1žUS£ËCÀL¢c㯠@h–É"'é?wX·|]OÎÆ6mIÀƒÍWúøŸm
-uq%l 1ÆwÜ`X+Ÿ¤ÊL™/Ê€´í>yAU" Á#—„]4Fã<p!õˆdÓ\¦ûâEÿádúØìtùœ²œècûI!Nq.—%À)dy¹ò(¦EPÞ}?ê ~ù°õ÷¤}Á¬"_ëøáü·£\Í¿ÿCÞB18àð¾"ûOøU§:{ó"$ímÝ[σ½ß ›Ðê¾m …¶Â>¯rÒ»|"°[{$Ê££ÑÁr'€É°l¼ÎàQ®T¬ª/FŸwvÒšõ úëÊt6Ý°YůÎÓçݼÿ›PVÃàlÀ%4P>©ÒôCÉjGÜíÁ¼-ÔøþûÐ+‡DîÞ—Ϥ&Þ{
rÕJgê¡ñö­Çñ³CåÏMsc•-4~O¤@ܝ}üŠšB\<¿úé2h¨Üæj(2Ø~./¸î54T…÷hÞ6¢ö§„.ËËõ¦úHk5Àä1Œ4¯ˆ³á+!±Å„UÝFss¨µ À‡æ í" 5L'3¦ªh5G߸¾…<G"éJù!—¡?T[ˆ†wþ*t(¢å«Ÿë§+Ná6í*zõ¥S@Ÿ®Å[7°ù ¦ŸW—šWÁ4ü•X!p\7Eoo â7Þîöù% Úy€G+´ä°Æòmú1®]Î0똹ÓÛiRgÓ&lsqauo;a7m•aa™¬qœÔ$ÄÞIA·tÝx¿M¬ïé—o€XóËjcý>Fª÷
žÇ q]>}Ít‡â­Î$ðÁµ+.*>y²ýÏAi« ÖŸx׎¤G‚8¸¼E™g(4LyÓ±h|/9ÚCÓͶÎÝ^²mxpš…§„[ëÆúØÖd™—Ã"a·QÒ…‰ Ý(âGC"¦ÓQ~4k‡%ž6.ò9É®®Î
èzd¡Æ| Žq« –[Ö±Ü!+ Vïóc'­»P²ª¹¡Lº7ëx®‚d^ˆJ"Ý'?j 5áu»RÀ•KC7ô~¯±ÒЇç6|Ê•ªŽsñ@YsVÜÚúGिºWÔ&lsqauo;× ÅŠŸt„Ý"MŸY§RöÛW¦¡¬œ^¹Ê'^‰Jí°‰½±V5埄ò'îR5 øÛwÁæ![ÔÀý:@o`ø<˜fSíïF_BóœÚ
Ú7¶•=ªDâóâÑ·õI\¦^Þ–[Ô\N:Ѳ—x…@Ktl kñû´Ð×güFôw7ÆÜ\°Ì-Ûë·ÃŸé]öˆ/Äw¢^ú?ã"žq…zå˜h&lsqauo;Û(ø~-µšÅ²v`Ö5Y–xŸ§¤¿¯ƒV5Yn1`ø›Y„hxžìlbr›®ÐÿqI(-;Ï|W·¹¢¿OLG3H)YWK|ÓjvFê¿(^èá'÷Â# fd æÀ¢n#
Yé'ù�·«æ¹‰íª¥" ÷äVüv¿²ë•«Í8ˆUÇð²éŒ¨Áž!ßE nH|ã›|©7Ê
ƒë˜fø§XVòÒTjƒTtä9|\À•ÚKáK¸AlÎJ}A&òûIh6ñûRªYZBÁ´h¶¿ˆb
†Òè'&lsqauo;€ÇÓc]éÊë".ý¡nß8ñ4ÒÆÇhšÖ]á¦6äväÚ="å8õC}S?ÚÍH?#FNÓJ{õUÛ¬›Oíe¸çú…p¤˜ÐtŒô؁Â"ˆ?Ÿ½AFÏ÷uØ$VÄô®ÄYjW©]«|:è¡ Œ³ò·h3FäøqzYÁQ)ÊæœTäÏÓIÇI€-'ÕÅ1Pr�^9.D£!€»HJÀÐjfý"ïhÇªžQôš›-÷b×èìñìQN9Ýd#q«j¤ZÙ¬­**| ¸7ˆmƒC|ipLÞ£Ô)¯3H$š‰L÷Fgø¡î+$1<rÃLÊA/E_»¶hÎýµ- ÂE•—µM&lsqauo;'‰á'|º„_‚׳€¢…YÛRwž:;µÆ­7f$Šð® åTöŠ ôß`çø%Ø«»1d ÁæÅÖr,ý7ÀÓO¢z6åN½ËÈ]á,Ÿ„®!@¹";Ó"òL7n"–68cÏÀ R0:!´Ó8wÕ£Öµ-É ¢.ƒÜ Ãdë¾@—zABlи§k­j"3€nÊj;ò.²'ò`;èJ@Â`f­xm°÷ëW„Žÿ镱÷щxÏŒ -.q@z¤3ÚæcGˆ+k¨ëxåS¬y$â= mƒ _ýϦÜbAà)DÜÌ Sž0ð3ÅkÍyMi©`ķ韆<õùW("´åIÑ¢3Û±â'›7uštøÞ¸»ìówƒâ¼UI~Њ!¦€¯òHKîZÑõ9Ë Š@DÏÆ°æÖ
ç}»¥ †hêr
}ð)PNÈ}{òb "ã{Þ*½´.b±;›&lsqauo;ѧ;&äæ (Çf3Óäþè·-Ï0ºæLƒÑ@ž"ý½ù
¯æ>ž'{~‡ÞŒH%žØZ–ÊÀËëÆ/¶/ ." tTKPhm²—÷õ,Áì:'¤ÿd¢\%à;£Þ¿{~_EDÎ%­'iÔð^Ú'#L¿°•£ÿÖ*
À„WJŸµšÂËoByÝCcI eJ⸽ÌGªÁ<È
6Í©M~ôÁaë³vCµKü9'?Xžßê –VTñ$Ð-Ê™ÑíÌv(¼òKµröÑ ›°ù'è'Ë·ãö¾Q·mî×ñ•©´1— ÈÕIYS%ØWPQLÝÛ@þŸÛœQîѤ‚ïú'}�ÅVäÏ=6hp,~=Þro%ºJA}YÿHÜŸ™"«ujê!•'Ŷá¾æ‡n¨3åþÞ±ÛCdK4¶í/Õ‚‰5'JÃe†G¢þèŠanƒçûJCv&ßâ9Äv¨"y–dg‰?k„¤r; ¡Íç/xº"Ú]Ms-…tVp óÍS'äî‡îõ›%¿8Üd–ñÔ—àÈR`\jÀpbì!*FôŶХ¢ÛŽXŠr$¯BeŸ_€Í …/§A™h¤ud\o,ã¡mµøïn¡1ÌÝR‰¼|¾Ê¡¥tOvú'ᡇšHúÈHÎ$$ öýlWZ×ÿC„ÚH\}|ñÁpíµ.YzÊ–b)V"O—·¯åvëÔ,ñƒÓÁ1&y'W7\]6Ucv†d,PØÿú²óÙ´ÜyÏ$ÝõÈw¶Iò<—¨Lßãˆûy/§õ|}‚ÛÉ™þŠ‚9&lsqauo;ÿ%ú4ÑkóÃeÙ'&lsqauo; „]Eêïoºì!Ï}ùL/*G\²¼Ð0&ô.(_t¡ÿã•3-OSEsªaønøËHÙïB‰œˆê²íêè
 اh¬ò¬„"Xj!Û2»rE¡¢×»9ÜeZ­¦øÁÙ,9­»(!ö°€¡v͆…{ša¿q.\§©·sUÿµ[£çcë¦+Ì;%g�÷!ú‰ô\MÖ(*OS…ýìB•(
ˆ†ò8#³1;ƒqH£°ˆ°¼2EGÇÌLˆQ¾¿(]üë•®¢ÄD¿RÖoXX¡0½úWse¸&lsqauo;Ø ½}éžQ 4q­²„œ&lsqauo;‚/Ê~7-'1a6ÁŒôÚÝ"/ÛÓí¾&lsqauo;xãW>ªNbŒB¤Ùa²'(5DG¥a(é*ú#'ÁáÌÄÒ€_Ì@á«óáK•Yï‰ëÃoîrT e"½F®6n[lkÃD°KƒÌYàóƒ^Ì&lsqauo;ÜZÜÏ~ëa½¶× #x¼'\½;*£¸ðßLJ_­+i.2"èG|àcr*åç¤óC?rê'#«"Ý"p¬t; r¥{9ÏkcµtNØéôº­Àgé×]¹áŽ¹øèÈZ£@kÿ÷$#8…yZÜt®ù~ìíŸèc;Ÿ„ÎO´¸Ê~áe›æÖž·¨ÆãËFrĽ¤(\ÙÅÈí¾¿$¬£¼mì¶oTe'w$Û _š}bkAÖÒuËê(Y~­ tÇ» üqÐ{0¼¸å/o>û"¼u„I²`"¸&lsqauo;9.q2ŒÕí~´ý¦8-5r=3í·MH€aDÆÞûŒVÃ7êMüs;Å£zïÎ|ý¤2ȈEۏožj{Å¤‰ö%Q§²SÙRf¯šøÇ´½K&lsqauo;ì¯w•7¤2§Œ+ ¹ÝÎæ¶SL«Ù㩧à—A8\âoo'¸XQ`t'‰‡YÙo| 3„Ñ¢™®´«»×¤wèìn»&u—·Ê'8ð Už!Ðè°ú.‚ŸlŒæzKÖQ&lsqauo;×Mï5ñÕ­ºóòçG¬î6°ç¶RNiy*AˆmûbïþÍ>zI½Nê!Áõ[¾Ò¦äð§R8kq'j@+ìö{…FÞ¤ñÁ¿ì'ÌX~Û ù}µ–é¿"nå'ìã^2"hš^ä,F½iÊ,™h}hŸßy) !jê¦3xtóÔ„'˜®†É´h¡¨ÍWB •òøÈ5›Ð½Áúôqy#_‰10%dä"§ðëñ|18Y¯†«!åbDÛÄ»øÊ—Z}q¾
´9)@.Ü7,­VZÚ<£»ÝzÀ4­ÖÉª"u<˜Ç'Kôï‚Ý^û°/Á£^*ì»J'Ä€¢cœÞzDŽÛ—xªP |16‚BYM 7
ó""ç°ðÍirÖG
ÒÄ¿Êì÷6¼ý!È«9€ßpaª (Í)o¥T ¬…Î|ñþÀV¼wHKqK+Eõ=[áÎŽ¨(h'h»éØ'Ì2פD†D-ØY…˜Ô SwGµ"z­œí73{^uÙBûKÖ¯qžËÇ¥•o˜¢†šÔ½çâr�Çô‚Ü}¬ãu'3G£'Íóå™nÓùsc©C"%^óI"Ò^˜óÞߟS¢ü-¯–$źeôÁûõU ¤kW&lsqauo;¹†"—²æpôâ"‡Øc ªíÖレlñRèŸQWŽ£­Å¿=!¼fz—¦²®Ÿ#â‡Ð/®=ÀPB¢å¢ÍlO¬¹=€ê´|~è¦ÆÞ Ä­ô˜tlžUiœ¢†âŽ®wÖ÷‡uíà¦×b†ÅD€ïk�>Óð ìñÌÑõÄ&lsqauo;í¸ÝïÙ
>
F؆\ºž_ÿÖŒ'' =ú-‡›BM9Çh‚*äRØvf–¨Ç& ^橍`Ãci#ð ÿ&&lsqauo;%ó­÷.»Ñ]£ðpÐ"©ÏÔV¦¯ú5ø@·QøÄŒŠ²p>8oðüã{6þx†¢_¶vïÈS¨!õåÚ[/gàQX½SbFW FÑø4mjë;¯NïÊ‚­Gù­Ô{ÌÃoÏŸÞ \£ßÔžÑÿ›1¢mðUmñfHã¥E¥_Pâ*¶G¬úí¹‚z½Î-4êe¾¿'ë7::JÂÍ©ÑÏéÜÓQ¹šà¢ÅnÖ&3M¤®% õf*yK/…È^ª7ŠkÛ;]£/‚)˜¶a÷a?°"$K§>¦%9Õ㟵Yõ3Ô£S«Ðý©ˆfñCèRs�x‰I&lsqauo;":I®Oʝpò'$5L4Âf ý¡öñÑÈVãdZ«{ÊüDÂI§ýÔ./áYÚV¤³çÍõ†g\[ýN‡(7¨atóTé{B´#8³üwûÊËeÇn'!:»~œf#>Gýrx ƒVò¡¤IÑ׶.€%y ÇYŒD¼ð ­ëÐÂX4wxÉâLc!_øv*†*Ê™¢YeV¶.ÕÏFvIxW˜1Æàˆ£ÍGá§QåwBDIÄï¨Â¡ÎíÑôyQ²±›7þ7!<þÁ•›—[æ‡Äñ·…xw&lsqauo;C¶ÇœbÊ|¶6×
¶´87sx›5Q–ûRÐ!Ÿ& ÿx5®¾cŸÇ§Ôc+¿Dʍd6x˜KÑÍi "ßidûH'Äçj'ü÷î§]´µˆk·K¢Žl¬Ïa8/Kr¡SwƧ'í5¥€ˆa¦Œ×ûÔèÿe!PçÝ<-Båö¥Õ>~%3›ë%¿ß…¢ài¾.Ô-›[ÏïRI'¶Yï€3bà\X0k#[Ì¥ëùÇBö£«ZûL>" WS6Df¯ÔŸæѵþ°$ãLSù4àº(:+ ¹#Ž\ßô4( 5¹!ØÁ¬?´U•L°PËôN‡uë#Úx#á¤Z}Ž¦¯ÀB¤í1Ô¬îX ŸkŽ¢£Á¬9è(úë³è|f€c•xÉy8–àxH–º‡çe$7µï—ñ\/•.•ãôÐfLñ8q*þfÓƒDc¹³fæq"³¼B W¬ïsÕ÷£Ü AšJ`]¯ß†%é·ŸgFê÷)LO'ü×Fìò‡Ó±Q�‚HTJ£©ÿÞ(Í€—ÂJÔÀØŸú˜©[·¢ðÐÙ&�~¤ŽWf·¶¶™ÏïªÚzIaï'„:ð5;›šÐ‰5¤?oœÍ0fõ‚,Ó}r Þ‡ÁìŸçAD
þøµpSn´ywt<J28—_0ç—œ^}–"¶¹ÛõO›¥…Ê\¥¢à{Rš=R¯Ü«F^U&lsqauo;O%­ró¯Égú[1;¦²U2 ƒ}¦]®A̦µR%Áo&߉ݵ6<ƒÐ¸¶P‚ôïßÙ¤ÄÇòM9_ûá5Ê ç¾}v-ùOñ'ìhÝ!X\3ðëŒl‚F«uBØ3+Yÿ÷lZ±"¾hãŠïî:ž=Þ)f²'¥íØ\<ì@RX^b Y2, ÀÏ| ìCÍðª7¸M±î»³Þ€Ëë Ì?RUAYª®êuo_XfÀ]µ÷÷ZÆ;�gDÏc
›ª]&lsqauo;ë·Œ)ˆï]°C¸ÝÁMãÐÂÝ´ ñúw%'Æ*Ep„G7}L0¨2×ÌjûJ:¯&lsqauo;|
-Ñ'T5-Aë
_×(­ì^í»ô=°£•¤9 ÓiâL|AÎJg´5wôý4}$:c)…ä«Î‰zèòꁐì \¯è0)ÿ!W´#—`h@hm!eªÌ3c)ÛérÝtÞ—5;T
Åæƒk=–§Õ°`õï!Óz.d]HGì 1µÓÙ;}úËô'Š=š¶PïÞ‡iŸêë÷¦üh› Ḑª`ä9"šØ_Ž®Ü`tæ›Èá'Á²¿õÞÞ/&lsqauo;Ãzí°Ölo{H[éÄ,àÚ—··�Cx'ç[ˆt±K÷š^À9¢Ç fP|oD½öÌ ®9Ž4Šÿ=mŒx^cÝÞ÷¿'S&lsqauo;e['÷Á¼¸&›cz)Ùìõ€?U[܆"Õû,þWÂœsYI|w¼4ñ"_r· `݆6ŽLä,Y¼?Å+ErÌž¥‰"Š\ãuXpe ýËÌœgìd|â<
ˆ'4ÂY†TËJ陎×鿘dxÚ¦•2XÄ_)à"\o¾Ï¹–µs4ñëÙC<˜Ør'–¯Y³ÃË¥t¤ü9Sí<jú¶'ž‡Â–/òG¡€AÉ'xïªÄÈ'Œ°¥h<VÝTÁ5‡Ü×Ãù¸íl¤xðÚ+N%vÅ/|Ð}BÝåRß .yïöÂR'M<û:I,_¢ðe{¥tÍ:£hix™Y¢Þ#ãèghkóßé{± ]€-ƒ#'KÉú…&lsqauo;ëQŠhu0Ð;̦·Ú©œ Iñ9uöÕŠ9Rdj5?%Ž: ›N©"X°p3ËnλõTº¿M·j@ íNáÓÝF¶zл/¦*ßN¡†#× Ý±e%nkIÀl€Ù¸Ù´À÷;Eá™°æ6ŒE}BúðrKø7çX•o5m•°o9äŒw¬»õs5µ&lsqauo;ñÜ(ˆW€»6e¹•yÍØjs¬ìo¤öï$™úŸaZOöXt6œxQ7©æ»Bµ1³ÝÆšÿ»ší¬zÊ™¢#2öX]‰|"×D¦§àµYJÙÉŒ4³·?U½ë˜%ÙAé4Õûr¨\õ½ãÀ|¦é©}7R$¨½èÍ:B˼žèñ"^Ç)÷[è�›0aU&ðúD`a6°Yý¤V•èy÷Òñî]£¨e]³ÓŸ¿ÚƒIó ü}ÖŒgbzþ —íØ»cí¡=ÛŽ@ÎÍj„îΈvK6Ç`Ê|4E½ò<žŸ|™E³%ªónðF9^:ôƒ �FY/'@®v¯ûÓqÑìp0í\3¨Ñ#Â,¾xB؏¦?m˜(?Ô íÆ¢§'ù�1WbÖ?1©Ãü¦K/§².Cú©'«ÕjÍŒïÝ{d‚©{däÓŠI7Y{—Þ>I¹'r|Q®21•üÏEžtáÚ²-0YSÔ:¦ÿ5¬:å1›ûl)fƒn½»ÐfðÛ®´½drƃœ·Q^ä¥oD¹©™C„¡ìă&Ž%\2ÎÀeö&"qö¬„z!í©ž|>øY¼»8n!}¤p§ç
öÉïIÑ&lsqauo;f?u«n§UÈ5M¡ãPÿ 98rw�Älü
oŽ«–F~ïD.±¤&lsqauo;ÁüR÷ÚtW»š¦rôm aR[¡ÞSz¿R¸"ŠáW'mgf-ó\ëGüÔ„fL‡¯½š¬MŠþÔŽ÷r·X†.§®5W¹«!îìÿ¤¬ÉÈYþöÍñ'\sö01övp³©j…VŸM!ÖŸö*™)"á…²O4*æz¯Òz7D÷´câDùz¡»Ç–.JÍ`³tÆJJ`ÞäÃ'ã×Ámýµ²'S˜i›¡±•ª¾Ø'ìXùŠ °%YvË脝-ž"Ëœr3Ç…Ž¨¸ì4üï^{‰ …Á'í†Vì\U]Ï2„X£ž5W¢ŸR¢û2~·L�D€#£§NÉz‰#ÛˆøTQT§Ñ+‚Õ„ìRŸÜX˽x5ÀãÀth×n0µJ7aâ/4V3†5kL�ª˜¹—IyýÑðâgη.`©Ð ñÓé9nü­ȁ-ÂðŽˆ3Ýª�$O´w&lsqauo;
¢Ì• wýR¯!ë®-fY@á "ñ›5ÜóVWŽ«ÿ.ó¢Ù ­õY0óþ
by²ÂÏ®ï¶1ã"yK~•ÉG7·\ˆY'ž¨4þç^åØõL¸™'EÀ)Òg'@!aùQÅ/̳ò#ÔjEÕ"''·¯Á°\sZ¯D6T8—¹¸ê&³r¨ †à'áfúàOAÚY¹Ø.Kp<É
*¯«p{„Â@ý,[çؐqoÇäõY¹&Ô9¦mdˆ>ïxU¹†èMZ\ûèo,ï¾Ê3ô
ªtè9·±U¿©ˆ­SÇ 'X¶×"y©
¸"~'ÈÒ ´³Ö5#¥­ 7,qÿ8Ði»vÉl=Pv'è`'¿¥­‡µ^qY>UéWƃ¼Ê–í"a«ß™M|ÖA¾G¾ÝêKaÉQý¼zð,
}ÿŒ›u8ªç¸ÓÔã Dgh™ÃˆˆüŸ²ÝÙRhÅ-qD<ç<ÒUõ,7Y±³«Ÿ6-Ù&ëÀZ'9áAu+È[2ÁIž¤MÞhŸ¿½É¢žH¾õK"ȵHýeëcx(µ+¤ Š|IQñÒûžƒ[P"'9·th`=mø¿‡z‚ªÀ#¿¸Æg,È#–cžà a#û^¯&lsqauo;ó%4"=Ï9pæɬ2üý·eTøÕÁËæSέx`—Ë9~€¨Ù´±\ÝEŸWÇT-¾ÚøzI÷,aŸŽ-5¢[Ó6Ù3J`_)'0¶±…LÈJý­ù|ÚR¸ó2ÂT3~õÕ‡¼&V'‡—¸P qGncIr,T@(f¬ 3Ô÷ 9…ÙÖ¬mnIg@èJÆH:Jx…$ð·›„'×îKxÈ®Á+ o…¸ ¶qg C5Ò\u€¡\¯óÆzNÒ'‰~®ì£/¶B ¿SQü?™»C°ÓøŽJ`†7Ÿl4 :šÛ2I7êñHW¥šX—²·¢»‰Í«ÐÕF.ôÅELѝ:å<Sú,]TNJÿæ½á¤ßY&Q ç Lªå«&lsqauo;chñ/ Ô!~ü@–þ‰ôTGã"ón.JÆD¹>ý)9†™
"ŽaÍÞæ3òQ¬JªTÀºîëJJ¶|(¯!=jƺt'×*Ñæ^ïiWÇxD~ŽVÿ>ñ.M
¥'5m§°ã]´Y;´œ¼BNÿΤÜ!ôqû
'9wVÉNX¸xïS3"p&ÿ'–zÝ¿„r•FM[Û9Ò¦Á¦Úƒ@"):®—µVd*Ó{æ[ ‡&«Â´FÞ|ÆçtÌDE'ýO7ø2¸boLyežÐ\'aiä»K‰dĘýGéØvx$b ºÂ<(9ß6÷d ×"ôª­Jž#:÷Â:Ìë6÷ ³†vù„4:ê
t…8JÙ¶ì‰ÿµ§ãÚ$ú÷.î(þD:Vl¸Ð§ì~­sâ ªF‰nub¾°œSÝv徭v«õ_ðb]µU.5¥ƒí5V· Ü~²/µh@¸lØ%@D@+Ó#È_u†vôgÆ :6õ:·uLg[NQGÿb/ä*[NžJè�²¦âL7tàÌwã¼ÀoGŠýhþ@Q†Ã5ˆzXìÈd&lsqauo;nGhÊôo€&®˜wÖ@s™Û6=‡Çé~Sw½ûhGgÎý„ØÈ*ò¢‡µ§K¡5Ñ4EÆzô>lÚå +ì6,¿µÖ0x~¢¢à9‰†÷!î@ô"Èyæô›z•~[9|ˆ•šñn«½ë{ŠL# $Ñ.˜¬ ½b4yLv`–&Àá…$åt.íógo~ iÙ𱩻©t „ß…Ý!&¡Å30GÓƒÃ-]ånñþIŒ-jt€©NÔîò4mþŸFu©d¤™ï¢îŸÄlÃȬ¯ñC„R÷!_KkçßQ%‰�ó¡ú"2ÊOp¦¯`TŸwÝ#é"´|;­wóbõƒH}ŸÞ&P"Æ"|&lsqauo;ûä»b–¤=O‰î¥ NÜyªf ؆)™*Šõ‡=Ô¯=D(ÌHâ>ë.ÒOšÐ² å©_³ÀAPaÎÙ¬ÑiMð…+ŒEÝvê.9«[ëÚyW„û,÷H·Ñ¯ÀìÒT0Ýû"ÿ­§N-ûo#_d+ð'¿2œiýž½êÒÁ4Ï[®io ú<4téÙð$ýâöürŽì?¢¨<2µ¬Ö4ãň˷¿Ý6 * %pCbœ¶NÿLF…)39‰2X•à¤L'¾vkÂÚyeçiÅuyi›m;•>eÃÿÝÿeë^" "º,
oŠê°7•€V¼wl®›äö­RÄÙH§FµbUú¥gXw ~v08æú]è(øû]"|^\Q'úó_™ó›)Ql±x�Ùs§>M"Ü%3u²sDËÑJKe¸I ³VUuÌì, é«Ã>Ca¹Š3!PSó˜É¾ü½¶­c: ÔŠ3ÕôìèøH´ž,Ó†Ò*þúÝ„aƒZ>¡—=4D »=X¼ÊGT j,÷Á¶ µÂW«Åé:Š¹àÁeôÝܺþJ…ÞF]sZZOöÓ&lsqauo;CƝ†Ï;eëêD n›§}®ë�µ^*OS_ÖÂÈ#§ã.qÒa<ÓÂ'ÿŶÇ'KÚóÿ­§@ÁÞˆ'‚˜ªî(B¶Eq¸5•<‰ù«Uä&¡S'óôm³Ñ'ÅI_Èy�çJ;H4Mñ.yg×Î!Ýdn¦Y9õäÓôÆžƒÖ Öqèt¢zõÅ¡6çR<GÈ ©±,$ºïQüF‚ˆNÒ\ToCr˜î,µðì5o°Œcßþ"—Ž.¨?QôG:Û±Œ;ŽP'¸ºÝÅÖL«¿n'gÝmÓEy¹ür(´ôßA` •jÿeÖ8
9"=þ†j¿ð"þãFÖGþ y}Í¥×DÉý7˜)¡©sj„æ"—¾Â$wä02ƒ•4×'P2£«Êhÿ8¬ÉÈ»sVfvÎiù×BÞ÷•¥<y' Yó3òÆêÙ0u¸ÒV#ÙZfõ w  êíçÁÒ¥3Ë(—½Ãe¡ˆ6ðüº¸½4}Ôž¡$ä
‡-Ž·ótÎLóáœ{ف6G_²W®x¬lóáç„/Vü°Úx,žA`C½U%LoÀK 9¡a×AE‡œñ^v!väü©¬W¸þ$'â
O6|"",+ÔîÃE,2¼/Èx$AÏÙü(LÐäå+gûij&ué×ß%Ì2IPÊm·6uYéz;ÕÑvȳh'Þ#2éTt6á&lsqauo;Z"œ´fr{3W"]'nJm*@Èø]"&lsqauo;JVÞ4t©síðâ.ö´ÚsUè¶Ëé ýPÃozi'0ø×€n6@€ eº=éF˜,µAÄQ@¾,N÷ÃQ±óp@ØqÆWÜÅÊÄo}†�ûÈ„P
[³Ôaú;¬jNnJôó?'÷€•ÛUº„÷+f'äWIÄ÷89OTmæz‚¼–[^�n äÌâSQý¿l[�|ŸYñ¤ O¤`??$þ'¾%%¢$Ìm9j+PrÕakÈì[ˆñk¸•"Z§dbz-ç¨ò&GáDpEëéV"7dxmäñ;9»yQ¹Fc×Fù'B^oÐ* <'%¾É"E'µž>+¿Š7Oý©eA5÷qjß.)23òf¸&Œ˜¼7Ë•)'$ÉpŒ1âžÕÅ/PÚj¶ß°q,¹6ªØjbDs—"
+_šÃÔOÚ]3J"|·F–›ŽÖkMI'ý'|ÍdÄ]}2X½ú3%t�Â…1©ýa:ªÌ=JádÜÁ8TÆÛBÉ ×Q¨à¼9'$aáèöU®¡Íy; ~ýÃ>ÿÄÔHÞ6ûÛû²J½Õtɶ…QgÁåI¢/·oKd¥¾²p¡Å+ÌŠá©…¨¨¤È~_|B¦4YÝAaV0õd¥´'ü›£ù–�Ñ:9#ëÛäw&lsqauo;ÌǪQ~M—^�ìÑùL †.es— Œ
û? )i–ùB†¥è7x™žÁJØySž"Ôƒ<Ùÿ ܍lD¨vQ u²Ä‡ÕäBSv¸Ûš¸ß"6dl
´uÛG1øƒ¡VxðÞ"õòTAZï!TcÛæú: uI˜Ö3µÑ"f›t…9üNR©h;ü1 Q0srà;œßæ8"mAƒW Lò&lsqauo;-dP9ÐE"ªðß%|Õ[øýc9ÌÊp1hf£l-j‚H'po‡ x¬'› k,͆wQÈ#ÐÕ;ªšŒ©jÝ+]˲Äy¬¥Ð|"UHû?½-²žÝº`L%:¾Êîù…'ÍG'=VqdU
Ý¿LF-ZöùÚsúf¬°Ãr*´õîEÚ„t ùkéªò•¸ö´%Ap}C*JJ›n·B‚„£
s¢Âòr¾µU—~O„¬™:š V&lsqauo;ª²cÍ
3q7VÒéºN‰¨¯®Ü³‰ùeöˆK ˆØÒ¼ž:<.<A8%\5@Î"PÿºÓÚÏ–Á1&y«ä¨³,k*½Û3¼j[$çôóœÆÃM¿ö�@ú,áXdœ†ß .SO )Xi2Ñ('vOý†»¾±ÿµ™Ã&lsqauo;Gß—ê±"(«¬O\/¥ ·›°¥ål%€¡š7þdXÁü B&ù~î™ÙèæU‚Hðva`Ó'P6RfI¸Wʚ̹>9k´�¨F`­3Î…3ÔQ‰0\Pä]©°"ç�BL›åÿ=Cý,ßUëÒäJWýøzw :"Œ |É·]º[ÕÖÎÔ*|îÁÙÎø¤‰ÎŒœ'™½àZž¶(é $oÛŸ'N)K5}öÓ/Ä»f">–ı•]xÜ`´0¬†Äz…exí§–³þúæAì;juø1HTçÕC'–]D„ÒXwv¶RˆÖ ž"/äÌZÞ¯M8¬„o:<[U\„ÝÕ›œûÍÎü²@Ö@)Ç^ ï•ÃüwÌ@¥þg!ñ¡|)ù'¯!ýV~˜°xå6LñÛÛþË€UÔŽÚò¨Ø†š˜,É=½H9]i¼Œ­ï  yò&ÊC¿$ ª$e†ÆkNÇã�Iä�ŸÉÕ=/Îm<1Lž¶«rN ¶—ÄózÌ r³ªŽf «9®*º;±)TãŽ&Žâió¦¹CõD']¬›ÙôŸ¨Oø÷ a¯+*fÂ
XyPp¿²·òp•9í äâ$b¼5 OâkŠÅ[|AŒìRŽ‡e§a!ÜR3Íìs¼bìû1ê'4ÃñGVó{Y�)Ô¥°}'Or<Úœës]«Œ¨4œæµ9óÔ rŒËÒîÏ#8sœôp?ÑfmãõŽ€RÝY¦ZɲJ—]ÖƒÜaÐÀ´í»NÎ0{o›>ÒdŒ9,dZÉØg¶éŠ±;ž< Ëq4('!š7šæ8ÍÎÄÛÞÝCï|Dž®ÀX>b&lsqauo;Kº@4Œžõø/ú^ñR¦m-ÿøאHü¤qê4èÏÇg"Ç'ùIî¡-ù>¹)î»HÍ`k
·Ší²<˜ÀU|YïÚD¢L~b'Åœ¬¾L½ô7‚­l•¸}Æ>{:H²m"XC[#E€œ)ÔóŽÏ¤DÞÚî)'žºëCgÖÀ�È®¹Éuâ¸ê'¶Ûpðw¶xYyíªþ¶ÝèXÑÁ1Ô¡ñq`¿Ô)š‡l+vIÔ'š%p,00#AŒfo†jÛ e&†gôITqÝñ©-‚;²4ÛìQó2ì=6„(u¯ßÌ­7¢y£ùGð-IC€ïÖ,³$1]ü"ç$
Gps†ÝxÂ"<ϯ¢³ÎXŠàÍô•¿ï„dàÂ÷ÞÚ;P¾óƒñÖˆàxI}'•ñøù5æ‰nÄ&4ƒU=›E'¹ÄðH+Ò¯»=2¼Ðk+ùHÝBŸjˆùp'ç2CÄÐ÷iÓjL>Fƒàöx?P¿¢ZíX%Ðg‡üºgnOWJŒå"lD'Mé÷ÿa4`â,ûi0±¤ëðب%'¿`Œ?$šc.7ìO¢‡PåßRŒM›´ƒ˜¶hC¦^óü«2˜uÙ;üýßV~ݯjý+uú‰ô›CŠ…H7ÃØgXÞß.ÔÜ{›`¢vÀItÊšŠqûÒÂÁϵ+F ¤ŸNûìVé¬';ŸÞp~j
ÑlžCHé`{ÖŠŬ#ub'·<¥öãèx
[¯lÅùR—aæÎŒF:ã@Ry'ÓÐÎ\ã:ª-"Jº*'ö'°8•ißÂ¥:,~´¯#Ig{J ņ¥á¿¼v:ã²0ŠA­ãY:ȫ߃¥SS¤ž8�†i#oÊT±÷¾ÌnNPqÌ-A;þå ¨¢ÒÖ›"ýö©B·½fAƒdqsó¨d]L¦]&lsqauo;Rµ°è{ú;TÚ0}@µS¥z'^›êò�eóIÿºÒd'ùâ…Æ"ؙߜT§}A¦‚lN8ÜÌÎÖÔ,´û5Ò+�vÞ
Œ@¼îÒÉϼ•—-inßJd;xøR• ríšop'$=  µd5gf†K¦ʺ¥Dù+þf6[È…˜ê Ù –EÜÀ ®Z+¶µ[Þ¯0†©"£±Å¤¥!V.…Az¼¦·¯dzHÿЗ*ÍLEn·&ŽßÈ\U€N…Çhƒ¬c\9«Yqýœ‰"hBuªˆ2CP>]7gßWd¦É…nºº½ÐÏX\+ªÃñPsûGT6-=ÛØ-­Å`qrÈù$>A&ˆ® í™ÚÿtÜpðÚxnú)óK¬ÐaLNµ®5wøm¬Òvaeë¾Ù©`¹|(€=è6ƒYgļ&í¯V¾±G²= ù�ÍÿÔCé6v±Ê'tü©,xø<2äÊtDYêM%=~mÒ¢и[Ó(âkÖ¤/¥R€!Jv�ûŠr† eº,@Ú,-0QôðnB ¦ø,ŠÊ>@ï˜ðr;ô¦BVØù@R" I Ø5Açø·÷ÒDZ'õ´åƒº4½W1ؽ±ÅÞI9mN.P«NsŸAƒùg0é4Š—ã?³™ôq»üFÌÇJRgmCsñS[ò ²�p1äKªâ‰«Ü¢µÑY#¤—•û:îÔ¥°À²[zT|¥¯î-oI½w¥àòaë*i :°¢w}$ûÌZoî,#$4ñ&¬sæÛçd1½'0e&"¸º|9aÊuðWT«<r&dŒxpŸ¼ÜÁSzm�IU·ßÉâ8‡ísR[n¿ã盕~^¯ rë!›ªÀ"å&lsqauo;1ªn ŒˆzŠ÷Ú(—ý¨ _ÂÎãX»]›>'Ž])SË®´. Eýb7î˜ÔÑ…ã—N3c°Ê¥îê÷"Àé¿çÏÖ=Iv ú‡ëSÂÈjòôð¦P@æÓvI `£ûÆgË=¤·ƒñ9 ÝÞk7…]ù…T›åZƒWø¤i£ÿø Ú;•æi«íd(&lsqauo;͹»¹bL!wwiAiòJ8'ܸþ½P"@@`cAtp»Ä{.ÂdªèéYi…Æ&lsqauo;µM&lsqauo;«)õLíê"¾qì5TKÙDü&lsqauo;}ç~˜$(¿ü>S?Öl78Ðk§æs@!ÜxEëëkX«º&lsqauo;ëo2wÿ£F,»Aª@„õsfásôà ÑçD­¶äZ¿:äCEDþ¯¸Fļ@ $&³ËUµ„Ÿõ×ð4QQ€´¶º¡<yë ‰ãÝÛŽ F…É!Œ}ð5'ÓRCš¤;G Ì¢OàÖroqaá$i†«Ê¯~—LŒ5LÇe~J%m/Iß>Ï[6´ªtOzÉOÊ®™Ö»Ç_« /Yü
e„A—ŒºIÞZM#p:Q…«úRš_³'íïñI«w¿'"•Xê&lsqauo;r¡ †ÍX0æÅ£À½<ÿþ 3 ?—œp¢Câ¿ÿÎ!{-Œ—y‡ Ew±'#¼IòJåå&lsqauo;ÓCâ„'×®©%sBŒ¦¡\G<ut;ªOºTò@§&lsqauo;ái±¸x™'á}'[)ÖHÖ¯ôVU¥ÿµv¡¢"
·VyFÜ"�mÎFžšE'ê cê¸'Ç&0È Þ‰ç 5ÿUœNq™bwH^Qú¾­Ÿ÷âŽÃÿ'›ˆÖóÚ aŽÌ–¨áù—òÚÎ~ÑB+1˜ª+¶çF'¼HÏ'W„&: Æ%ÝX½4fmˆØ&IۏïPôGÐJçºFžä=ÏAÙâúÏiÓ&lsqauo;úû£F"‚Z IÂx]myÓ { ô_ó¦–¼ã2ÊÈ VzRoÑLOGçÇW5^.ó Bo ŒàÂA°‡õ_†!lŒ°nÃ/„J'1Š à5Ò-(̵aCptú+8^ž—'_Se½•ʍP\5LŠ ¡°ë"eT®êû¾uæ¬ÌS`¯~ sòh™£´œt: Ä›LÂ]³ú؉º¾jJ˦?æ½Øˆ­Êð0k¶'ãÉü$±b̽¿g)Ìoøáq­AzxJ.궶@­(û> FxæM�ŒÎµ8°§'K²?=€/#™ ȱ|Âp—œáZbMŒ‡ÏÅ€k|ÊDu÷umòÈL—K½›D0³ò…˜ñC÷}ÛÒQ^Tþ4 ²Þ~Y"8¾À7L´*c_wUö}#R¸'EþdjÊ"xì}ÞN|ª||Àэ́ôbÀX …Ø=€%ÿ†ÖèkS>¯>Jê›P'Ù1ñž_0Š˜d¥Ò[v¼VICþáÓIdöóƒ"ÉÕe¼'¥ø˜¼Fû÷)…ÙhpÍfÿÝ(µ,ïIÄÉ?Ù­ —¡j§ˆ3‡¼æTŒn+eÿ°
ŸÏ ~²Žµrè ڐ°ò3;ÎD¡µqtO<««MÍ ëbês¨2y+ÖûÉÖ—,ÈB.Ï!¤#o"„QgLD5#ZRéÄþ¨ÌhÎ6¾Nó»ß¶¤ýñ
õÞX@æ¸6yfbó±ô¯ Îúµq¤<iƒ#&£Š¬\7 1Q^©{–I8ºrñàÖï#£åži¤;]4J2=C„&lsqauo;éF W­tE&R6š¡ö�Ë6TüUÇ»üÄœP�FšCð(ŒE÷Á¬EÒʲKö…:ŠoëC[ ¼qÒgEÁHª)eÇå»ì×?žrÿñôt| %'W"„戗àéÀaùäC˜eå
àmjÔ¯ùf‚´ÙMøZÃgpï�ÿøˆ}ÿܧ… ö·ìò1{ÂúÁŽ»ºs|¿aNà"MFg²µ—X¹©UÍΐψÅ-~Õg®>TºHLZûg¦Óô¯Òè½Å?‰…Ušô)=j?-œÓ .X´Ø—?°fà/•{Rͼ>Ò¨~½�‚M⧷F?Ä×@Í­~@‚š¥š'é¢Ků8Pj†È¯éÿ«šl½†öpnëÓ�—­ü®N+@îðл.ÒælIü ¾öühEL£œ�s+œóÙK,GTû‡räÁPZ©uÔ? rqlÿ¯
$jØÚ¥L儇‚žwj«×öâiƒæV4-)
Uõök2.$Åãï™Ò¾ûâÊæIºï·'úؼeß÷€¦Øu-© -h€M.¿ßËBý̲2æxö#4Á¼Z7îÿAŽiJÔ«ê,_© JAB'¡uÄgCü&lsqauo;½åFç—žp–í&²ê<D~Pë Ju§axE—†˜¨ãש3b)ó¢ ëBŒ=²šÅ¦(¯(éS÷&lsqauo;M…MÒ"RDÿ=Ã>—äWTtï½ß›œ­É ÌӍ/Ö°ŽÅä`Ò¹­kks•±Cè]ûæþñ å˜u}; cËLq€!ƒØ ñm{Zõœ·Yï˜ì-} "°º˜'_Z Ü&ˆDýWý»4¼o�¬d¢eå|gÛ?$wœÈjçv½ H€î3‡Ïr/4D&lsqauo;úÑj÷ÌŽáùpÂ~â €²ÿiœ.œÌGÝÂz ¤úGŸöEˆ<ŠK•öŒ‡½]̀𘼠%Çß8¬Lw³Ã¯›¨å¹ÅûvýÚ‡ÑCû¤âèzôÜ¡Ü X¢€ïë�sŽ~<YÄe¼æÂçE¡³ÕÖ&lsqauo;dEù˜F¢jmR8±ñ…5|ÐmƦý÷áŸSp›išÿ¶‚@ÂG|¥ÆÏhþmIH«MÍ9…ø—w˜#–¢µQp˜à^â-ĝåÃG<N' ã ±Üã$ËoÛCSÇÆf¬A–ÆÔŽØ´µjQ¤ÒXÏ…%èõœ»åón¥T:PñM6¹`DGæ#¤µk4–ÇÇç@,À&¿®µ«T¿AqÎÂFÙuÅÍgœÎ:a>QJO¸‰¼ü('e�ö'l„l ,²L™ÎaîÎōÌΣ½"…C<Ó±t
ð|wòÒ0W®¿¥uv…wFhCÖ(=úá̯KF¸]|0@·½3f¾–« ~Õ²&ôP%wŠñƒÁÛÏêr‡'[ïâ=fjÊ­qvŒÝzwBÄ%�^¸¤ãÔºEøÂÂü©züÖX/?¸=0(è芼›{ºÚÊ2¿Š» dːál¬ªÆfuŽšÓôæè8Ã_ [W'ÎW-ëÍ<}è6x¥ª$oúÌð_­*ÓhnÛu¶¼WBrö½Ôðn9Yž­"ª,]§=ÂØoµ,b,˜Ü0­Uü¿mVhyò»Ÿ=eÎþU K´ê'K±Ñïû€Ô"¾ŸaC_UM¢ 6ŸÒK ­ú@›"c×aj›©¯ÝŠþ¤ëpÀ˜ÎÈQGš‚ÀîôõôuöÒN(V VÍv,i>‚Õ³´•ÏxÊâÛmâöÂ;Êð¤mYþÉsÁïÀZÆUÙ¢kÚÆ„æÿ )õÃvbásX&7«Ý{vÚÂJ³Ý{ñ°q•›ÈÒiÙqƒNê0×
á|§Üך¯Ûncð™c!ËÓát"?'èÎmû´ò]hA&lsqauo;Ê fЪ"xyÄ ÛË-üú–ÔÕÌüÌ(‚íËÎ*²}Œ{Œ!àɹañØ ÛØg±™û®fÅêŠß ý —üC-ˆ©œá·y£¬ŒþýÌ]sÌl#J&@øœ`ÆùWcè~fÊß‚'Š"%"áCûχäÜ(Ç|^åbUoü1ÆwÙ繍5š"Ö¦qq(†ym±µ´ëœ<íÿªß�X6éÕb÷HO:ÎÛÁ¥;÷ +¯CEÅ4åû¡¡ï~Z+µ…)Œ­7ñ–6…~ºê7]¼8uOã" unËJâðF5VçA³·z)CßïwZƒ‡$8QgÃayf¾32ŠŽñ"ÚkŸ¡ë×±'áòFVUí&lsqauo;dªMÿ,x|ÜØàëÓÿ4n ˜+8¡I'd‚óí"É[–@3äûéø½YJüAˆ*'¡î'ÎÊ6ÙkôÔ1=d†éÄÑÕÛ„ÅÎÌYC[›ƒ´·õøÌ[M„"Á•"F¶¯1 —†ž&lsqauo;à„=½ŸS¡ý!Ól5 úÈçÁŽËdœ%ÅyŠrê……hÑk"$%®9]bè ŠK2_ª¼¾EjͳVˆ‡L9íe ~E=3£ý¶qÃ×Ö±L"éÛ3qçeW'ò–^[h´'õLé >ßô'mÑXr<Æ ÿfëÛ«è Ùg('&lsqauo;¡ö
MËÌ-'
#ø�´l ÃÐWv[ÄR¬¿ šA
«ÒÇp^öüèË_gö&;Ô•Me©@JVâ¾^ꌌg/}ç Z ì+íBŒ<XcÊèë'5=+²|iļ: ý¼b?ÚÖÞâü5Ž á+ÿ)Ú�ö y '5߈ˆv®vüŽ¦ÊˆEé"it'�åñ=ŠnŸ7R
­Pʬå?%‰ä!?ÑQÕxvoµFvbM‰Y ›õ•_ëë e�þuð°ê@5
j1 ¿…€žŽg7yä04Tñd<SJþlÁ:5½õ‡S¬ö³ ÊãÑ8²ð pú\_ª.•_WK¦pš×͵" ‚ŒößվؼD•mkµ.ãBÚs…ÿ˜iÏí(pi¡²ìÛöˆž™€šÐ.*ÉíÝÐù'õ'*÷"‰~BǨy6K³ an Ý^èNÎvOa ¨ËŽ—BS¤±pô†¬E¯úñŸG&™Iq™q§²2m¨K¤­‚Ó¸ƒ‰Áâ×M­ôºx* =ô·`šñ ^iî"dÖv©èKàè_-¶5ßbç?ìõË_—J|½SóÓŠ;"\½ ºA`ƒõ×'br™N›e©':…`º¶XmîZÉâ&¤î"ÑþöÉhƯȵ…Ã3_0"árâ&û ü.–f­yVô™ä¢ÁLBû_áY}š£ŽÙ^(ËŒJzÀÀMïÛ¤¢÷P~"MF7)×\JYUˆ©§4DZ±¤2ƒ›ë¿eˆëýD\l~6uz¤¸ÅàZKh¶4äÒ²ö"Ð…ÂWF{m"
áöfv/Æ„Ä©âðïšàæâé«ïk‚…ŽBs˜�æQf!8ñ"uºÞÁxä0 lû»/Ê›©¶~ÏÓ»rç Ïk \:"ìz›O›PNøvlSEùbÙ´`5Ü%ÎAzÀ5Ï»¥ž‰OÖDZ[ćs8‡ä?X-NHX».e¿dÁ''5(\ü¢kThÃ_- Ú=í s«SJ
õ"†zE7•Ö´0aÜ×åÌáUØŸ'¢)õk!ýØw´b‚¯ðe-aµù>æÿ"mmñ'ñ5ËésÃå>Œ!|È-qŽi)Ãm²Ñ© ù¦¢ÃžY/¤«N@øiL…ôašš«üYqØÀrrâÕnú Ñx¸W1ë|]Íë*È0KkƒÜ¦ Ü¬W*#(¯¸pêt%ISåÍb4Oæ8cYõ)RÞ£r¸/'FTå`½•up|ð¤*øN¼"»/°érd~¦ìhŸ3=:õ§™ES qsÀ‚תL„RSL@yŒ±O0èƒÈæ ¥CÏÌŸÔ€Ù¦­yþ`SC…Mù!rÞN™&G›oA¯ö Ù©;5åÙꣶtMÉh`+®¼B²ù¼×~²þgj?L?Àn¶4›MÂé"J-AfÌÏz„öÌýeû"òò§)b>˜ër~õšã×'8ËNÝB?:ƒK(^ZF÷%Óa™\þ¢¬kÉOF?—Œj YêsT¤å®Íç+G€ŒœãÀl\óÓAY,J€M¦ˆüîÄ„¬jŒ*¸ICD£Ä&œ42@à!,¿C¥Êú<² ¤jÞÕ…³Ä1—€@›€ÀEg%ÐÛ–ª="YCk\$æ÷ᶻXZÌ`†?I€ YN§[%ß*¨&lsqauo;^8[<‚"N8"W_š§¸ %øðAÝŸ vúÀõM×&lsqauo;U™ƒTÙÿ)xá¹¢&lsqauo;E\Q™x‰q •‚)då°ØB•¡ -ª\¸¬!Ñ™UQ¿iÁÆf"ALjº0±cGû·›óLúv­ÑŒëÁ†:,ÆO|àï)+1×YÙ:m&õÌÙ-±¦†!¥¯<ëþ•ÃȘ×zî¿
4ÎY'$ÈÌ‚YWªï{/¯jÃb܇ÀüÖ`Þ™"2êOHØ*ÃDÔèÚån›ÕžÒòýI)o™0'O®‰ÖEä8Τ†`T2yØQ»ÿèBõ£Þ­¾‰V®çXNu¹a[&lsqauo;ªÒò'wˆ"Ě˟‰QÿDÊá™5–ÂU­Gœ
ÛïÔÄP®%§k‰ËL5&h‰¤:î8_nB•‚/_^âOظµ+Bz„16>}Œèø¡§Ÿ«•g¯1džՏŸsüæؾ¼ë ð8á5®ßº~þö«ñLý>töhÙk‡-'ºã,"•Ë 4Çÿ¥m†¡+¶é tm¼ö~O|ÆOqsO•ú(š…3¤N»§ŒŠÃNæ¨ÔÅä;öa=ïÓ{™ —åƒa3ñZ;''P¼qÞGåÌ#ý\UÁgxr0­8¿ÓØóg†*pHa{?•ž•WÀªôGôèågS|qñ©W\ÝÙȲn¸V;n$
ë\Y•!rK˜%çïBþo{³ô$¿v‚v�$YjˆŠsX&lsqauo;só"î",ºö¬Åð±eaÖ_ÂøKAa0Âj¾E"˜È™L_Pä+'NZÊè¤Ý gŒîìù: ÓS»'…ÜoÒ_'S¨Ô¡L Çj3ðÎLÿnÑåWÔcÂ7i=8Þä-÷Ê›ìúLgJNòë³¼›µÍãj™±¤ô…ìr±»- –z"Ó¯¶yÙŒu~²ÞÝÉX¾«ptºµ¶íI°Ëúà|Ú@gDú�bUÑ.é2 Xù¶–Ì2,ŸòûÕjjþý*Q\ÌËLÜÆl ¸U`3$=mÿå{še„Øx&lsqauo;J¼Æ®y‡*Ã:u²ßøR'Ôú$ЀSÞ8f5¿Ü$•ÑȸhXlÁØï8jz«­x¾Îzß™ÊöpV˜É‚P~¡íŸiÁt %×Q­Û"¨Ë¯ ¡ë?#rUL=›QK‰Áµ" §^vŸ¡_=¬ò½¹"£èYœúLBã§v"Ôl²#p¦¥ÁwöP 5æŒßO<胘ÙDþæ2$uy®BcqMÛÃÊæ¾v#=\»aÎM3wöѬE[¶€nuõ�+§ ç ¦Ö -~"â"_Šòr"×ï$¥½
u66ä :»ÿ™K«=c7Lm_É+ãv9%üÕ'.Y†Ù²ÅRÏÜêg¡*gY˜•«Ñ"!ô¬õ¯2"9YJo¢lJ$9-Ñ©&W"GäÎå…Ãs jø¼}Ì&µš:PÂœ5§òêNӁäD¨þxO¸+ô‚†Sí¢ÍH0›„™é—Å^Q¿73}Û ¿ gõ—Êu["³Ø*ÔViËîJÚJ"ã«IËöÌÿ'–á"c*ÌJ¶ý•Ü»£¸=^Ãþõm2ÊâŒ#EÍ[Br!5†ðÔžikRo_M ÷LÆ?Õ_ÇNCÝù.秣ÇpŠ­¼¡tÞ>‰¨/¹šàµtDupMÂqo1ÁVÍó¯ÄÐäf=Ø«,ñ³0FÂýµì9rð|˜è´4ÜS~‚8LØr'„"¥ÍËø•×±¢³¯I.t˜Ro¥ÒÖlŸ(˜õ¿FZþó¦K‡â¸°{Toýº#Ô¢ÝÄ@/4=-5M
›ÓÕ<°õŒJ(Ô@B%ãÜaÌ[GP VWÆ—_—5‡šú»=Þò¨Îð‚LÔ ¬§m±$Øe›šƒE»ù£znwøÐz8A÷¡ …ÍNêÃI¾–Üç2g<K4úHgö>4l{€5Y·ÈÝøÐœ€_î"§5þ¯_¾¿™E}BÊÝ%†ˆO"6€P}qß1¾E,«&lsqauo;AÞß·éþßu&lsqauo;XØgP¨1eÛ< ðF´('ŠCâŠÆ³\æ/ې«îü8:ûÃÕcKüY‡ÁPÿÔ¼bìñIkŒ¸yÍ"¨ÿff>®iã�¯Î–?Õ(­ºÉE_6{V[NÀ&é6¸Œ+: %ÕXZŽ/• iEo³W™f8㜼—òÖ¹IàÒ´LØ%€0ÚË9¤a'ýÅIÙš™¯+ºõCQ§%ÊÛÂÛÛß.¸P ¥í?"…^›¡R®iŽ›47 LkÎ"jWøÈ8G•jpC¢›$©ª¡è} â'CÞ^ÿ½ÕC&lsqauo;N×>ùhj‰ö¿n>ž\3Frã‡Õb²CùBnGš0EÑþс¥[%=ë)ÆK…²ì_†Ôúª±jˆð+ɽʁ7—éÏ{çpi ~_Õ$:«_)c²¦§šG˜în\ áqZ]li®jo&!ËŸ
¼óƒÒÔ}Uí?|&lsqauo;ð§ëúŽ"0éÖêÄÌeV¹5ˆ:ÈqtèÇ8B¬Ož°¶„­å›ÿ²0gœºìJgb0Tc†µûÏpœEa‚±!†KX|"ˆœÀ`YV×áÊèœ&Ã™Ê VoTðÂË :'URJ™ÁYPH.âŒÌÒ6Úy.ø ú]$†CÖrr$IW�kp\§|ðJ<-…êýC6 áø;×õRŸ³©y>õÜWsþÒÀÜFnDWˆIᕵ'ÁÇ;þ'€™¥›1¸©°­jÉ«5yžø]ÿ2dI×5+(ºxî¦ÿ*
©ú¡ýõ1;±[ ƒ¢;Ü°¡ÐÂÝ¿DíÜüwòêN,«0;å�ʤ®•¡ ÇÇ'Ïz¾…ôÑÆ|Žý( è3ÁaÎiЬ`ÒWܨ¤7v"`@­wP:#ðƒ±#åt#I "K:é+=,m­)36¿]c|b~r$X)©÷�KÏb†½5Ư¥3!h˜é­‰-Cé­¹åùƒ•ã›ÚÅ8£‚IâšÙF6Úxž\ôÁøk1Ss#˜ËaLŽUOq´>BòdË£çÖk .…R×Dx5åÃ*-–Ég<+³„ÙíÈ‚¡AB¬Us'¾×�³õZ¼‰FI'7 •õ#^?sŽž2gÿ½;B}?v˜° ÿœ¹HÍÐËîð¶£:ÚMØQíéç¤Ñr9¬Éȶ²VÔÖ܁E™ã¦`B§ú%,šIÜŠí¬8óÏØçà9�"~ÿ]¿.G)©¿pî&Yœg÷ﶢ œâŠ13ž`kú¥Iöâ¶uÍsý©¬²DP,ÝØ9> #2ô£7æÝ´WÀÊ&ëu[z4æBií& ÀTÍþf¾M@­§Pç;s:öLß`Éð:A`·ˆ~Ñ÷n‚³9•ƒÞš&lsqauo;ÏéÕªÀÏIÌ2þæ$ÎÅ
YpŒBr¬æ׸¨¬šDñ?ÉúŒ— P²&lsqauo;r!UÇêW†[©"¼k¸_öã‡#ýÌHÌÙ4 ƒQ[ÔeSéŸn±¾ƒüÅê3Sþ«m `îóçYÝÑÝ:hú5ZVHr¤ë2Àj8׸E"F(¢Ýtœ‚Ômܽç–_|õ"_l<!þeþ!åÍ—öА
.,Ô·–ƒnEï-t‰œ°8
È€˜CBíŒa7#]…µÌÊ8RB¥¥°¥Q1捚sbRÖÂVË—J[*(FjYŠ|Ž²­(@Á|ð�ÙÀó‡×¾JÐö§a% |ÿþ±÷ü])P¥pRZz'/Èb?ø,}èÂùÿrG ÌHΡ 6ÚÂ@-Q·{5–M;é Œ¼Axöcx¨/kcgdü³°>ÖþP �J^Wã"1Á­åþ/)ó2çÝó«vD½¨B!Ø}à ِ³Á"!A÷Dû—%êÖå§;Õ^BÕÚwŒ6ˆs8ÖM˃ʭpéUÔª8ëÐÿÓëV#ƒö"ÇHt ¿‡¢ÜbüÂ_p˜¹ž4Û/{§6øx[`—½'ÉÌ}û?¼èMˆæC¿Q.bÖäü
ôº a&lsqauo;¶�qE9«z°«"vÚÛÄi«ƒ¸%ªµ3…£ŒÀu¹NC§}gÛ}o-׏Y•.ktUôÐ ú„áÔ:.¼âÂCîßE±:\_#£˜(³6VÑ2îØÕèíQâçgtÔãÁ©Öƒ væYšEO×uåèE]Dì¾>:ýaÝkNZÝ^ãÞñ¢ÉV°ÛÕW<ÈnºP}÷%à'ów·Ýtdàù«v"ÆVLñ–‚ß,óRéIC6‡Ùt2NË[ŽÂðW+Å®ËQÑ•w j¡™š£K3Η)ÐÄ%M`Ï_qjL9,ªër\l+R‚¿¶'Ø®"SÁÜHXRT:8s£ Ïݨj†¯"ÑÆ÷PÚÇ¡ƒHªßì5q\ÿ"Õ?Ù(Îv„!G#¢ôÇùÞJð :ö3UM"($ï/Ž†Û6…é]Üçq¸G"ô˜Ñe+ÝX.JÕq'W=ùM'dSÍAďŸR,¤"0¶Ÿ¤¾y»H­r€œQÀ‚ˆ»äÛñ@ì³Â›ïu„ÕáMªÝvÿAÔãµÿAôHqÞ;é ±X64Û¬û‡t™ìüÙ\{l;¿­é3ìvN÷™&lsqauo;‰ ý^…}Të!ý[rëw°yÖ(H¿«¥­ßcoGS€÷àφ>RuÅ·[uÁ¢ëëb×ÉÀRÍ.·ü¾ÊÜY8LÈÂê¿ž0òå•ýSÜ÷DdKêFÛG©+ÿÜ;ÞŽC ¬Á˜ÐJ,>_­nǽã×6CA߶ø«<KÞHjUJF,|œ²kU-SJ0x̓^=>¼b¿a"ðuVÇΘ"‰]iíÁÛ]}sþtζ\ðCä…Ó›0þ<kúÝ+©á#YX2éÚAÐ8Vš­‡l
.Eò<8Ð}½Âä>L…úŒ;ñ›[~Q{Üeb(JB]4vËV [ô0¼‚!œÐõ«§\¨¡X5dýA{°^D×ß~=òñ3+{¼Ã3öŠ_ûÑÝ ï.YÎ*yäô¿rñ9ÖA?yèÓêØ¥1¼›R"d{Vcâd;Åù›G+±m1aœ¬'™ý&OPž P.Šõñÿß…r&žk.DÄ•§ M]Û8¢ö¹A„óе¸A-ÐQ¾#09P•³ÜÒ§óXìa<UWMvJ&ÿ÷[9¨Ù݁ï±âŸHîs K 1÷úI/ÑÎpï©‚:h&lsqauo;Éô;Oˆ Ša©O¶¢D=½Œç'„þOÈlû\7z£×KMžlÔŒÁŸ�ñ X¬¾4ƒÃå%]Ü˪Ï<œv´š6~€CȨåk"þܘéŒ0Åê?x1$Š¿U5v9¥_'>dE•ô®¯=Äîpö« ìå6Îf³%lL
9뺎¸rš`å÷6H¥OßtA\Åî"ÇæÂo…HîD®j®ÆC¥H|×ÎøÐP_³F5àÉDA§O¥¯G'Þ¡½ÑþÆ@U°VïÎÁå3[TѨ¯.ߊêJ-\m9Þ£ŠL&lsqauo;DÞU…f}àO"ODìŃbVͧúÌÿÀj*=°|&uC=¯E¤l7´Á–Áp°äXéÖ—?™Äl<—€"&¥BT
ß+Ku'ÏŠ„Ck3WoQœh2ô] …ú‚Øç6²‡e£N€Ãµæ`@xÈ…´««³ü&_Îêï‚æPñ5ec}<ê&'²D ­Ø&lsqauo;dQ®·ÂeG™9v¡Zuåó"…P3ì"µ•ž0hV/UUAÑG†Ë@€ïºoEN [yëÊV5¡ÌSÌaP&lsqauo;SÓÀ¥×xfì
ÓþH{÷–&lsqauo;ßžé¡vœ]jŒÃêsRô4Ü!™7#ñ—®®ì%•ìô³~ƒçáµh'?$†¡V–{ašgŒ¯Ûßô"x*J¶HæzŸ«PSH•9 Ëèê')²ª4ŸÕÞèwV°&,¶tƒß×N¼…ƒÞŠYM´Žg Ù«ïOEÙ8ü›ãŠüyWì0Χ&ºš •óU9ÖMpìiÔL\,5Föòtâ*XóHæ7šÕ~ €k,rïBu FgSÒãDdöù ŽbDòdÖ¨<'_ÿüôë¦2ùY7Å9?ÄÄð§ 1Ô0/$Óuù)$é:âì4ËÔñÝÜ:;¨ JËñÃTôÕRï¶"ˆ'_ůÖMH™ïg
ŠU+í×Lñ÷`ïíŠ gpâv¼""š�D¼''^³P–xÁVý˜`ŸÃUr"N­ÌÆ=ö]d؉¶lOÀ' (š¾»s';öVв;‚'â_¥ÊÇAßN‚®ðÂ;údÄUçN'
½e`ÚÑm«EWqÜ™¾}Èº®r÷kID1 Œ\Ö›Á„TžI9T/¿9ὁ­Q¾*e×_éR½Ðèê<QùôBSþ„3R'~ÈMP1ž¯PÅ<x|›•o¦ùáe:.°u"dR¨þ,×ÁàÚ–ÀN—TAì0Ùª [šù[NPGôšKR!N¥fŠ|²Ösm,$?5CÝã £0ž·¶,sÛî×"Iߟ½òïßJU ù{SòpS D²'
#Myö5z.&lsqauo;óø3,Æýbàâ8n !pqß@•(×vß¡@!Ek'£‰ÛÇNZ´µ'"ÜN–f ©*Àã Ô¦1°­ÿ£Y:Ãxj£2"†íŠ`õݳb æo#ª£LVõÐíùÊbv8þ¥×eE]‡"-/)­l4Þ5Øó_cÖQYļVœûkÌšùµ·f:_#Ð\¹âŠ"ÙäÚ¬í2ÂP¦¾^\HU„W€ÄȾ-ú<˜:æ_»$}I´6ä)˜Ð~æVâ@õBµ-uë…ŸùsMƬº¶ÝŽúu{Òÿ&ëSX†qôÑ^Å?€°]êÉ0—_ý ŠXÔÅ"¢¶—ù¿Öþ`ÁåPú$afC¹† Šã±÷®×åÞº0vuÚ,A¨¡·‚úØäM±òâ²,*y@È ¤lAº<1`Þ瞁?¯â³ßòÑîÃýçìòô+k×_ñÁî(˜ 7=Ư/x;%Å8. ¸Å^,8úYLCîhtõ©GŸ‡LùHöñ"Î5Äe� kãÑø×" ö¼üYí ÄlQ†È'¸qŠËQkv½>w×RD ²QnNí˜lj½ÜðƼ:æ ù_y‰Š†eÒº·ÉøAÞ&lsqauo;súCr›'üMH ÝrfKŒ £ŽÊQS|Ÿ,is4³Ù÷òp@xÕ¿ŽÆKŽ[¾^ê®1ôR Â憚Ç?´lö»v—È£5†y;4dêÙ¾>D)ò`=NÌu€;sùVçA˜ÇŠfûZ#|õ°Û éÀ]ض[Édó'T>ØM_°K"ËkEjÓ'{Š§8‚º˜'"TÛä`ŽF¤¹ #PDþñ}ck¨ AûÁè§+Ô̱bՏÌ\f& MmS&¾•gÔ™ùØU CÉ`õm¥#?³S"wê‰Ho/Ò&ÝK0¼Åçs Üøïú˜RÞÂ&šüawu®Ü]ª @úÚƒ/, '¤è"÷A=îºÄÞUd½Wßô`4{AÐŽ >®Z:Ö©Æí&lsqauo;7ÈV¿r7>DÄ+­jÀz™};6'"RÛ£* >;À‡"v¾ù­9–EI<÷€DŸ=áÉŠhHc¡ù´3ÌçbÝro™ríÄ¢oYêH£:ÞzxlS7nR&lsqauo;‚Û¥Z៬ÒÖÃo~øÖ¢q±|;êü»Ùþm.4m3X²48r& ÐaL—zWº|#c8]‡9-Ç7&/Iϸ›ð¢¸uÃàî2ÕùˆÉYÞèaŸé ÑÉ¡VïľRª uà@ùú=B oA(V­Öi„'´{Rx¸wC;|¥ðûGý|@LçBÖ »l9ú_Žs¡RµÃ Õùý6¼£-ë*écã„poM.ì¼9ãEÚ–t²³³}<F3Ÿc©Þñ˜ï¼L½FTœ¶k ö#¤›9°›Ç&lsqauo;lfû—'7:³v>´ôÖ••d Fãwœ@ßHO}Y}8;/"`Û…r´ÔAÍEÐiÁ±„8ŒtÀø2JS
æ\ðv f èÙ0J-¼2Pg¤'Mé00¥.¯…#rðHØÿ­$Ö]í8èxŒ"J‡ËË-x?Š8Ft•?œå>r¨wËüƒª:\žG8¸ñÄ´ E›Eþ»b–ü/dx˜ÅnÜÅGÓ¡)(tgc©iœæÒßÅXÞž¡ê.d~…â©à™ØFí1!u*#Šw}áÏ
Ï­¶šJl9Éî­Ó!]SUü[Íñ)'vU¬…ø­4¬o"Ñô¦¡+^r3¢|1‡JïÊ…GfTG¶2ŠI¾xÆg‚àQŒ5ÿþªÑ`' ѤeÜl
så–| c2ó³¥;1óìÞZð&lsqauo;è –+¾¼ø¤Óœ{ó9Cë΀žµ&lsqauo;˜'£¥'¹Í–H Bw'c[¾´Ïú"Ïýó¬^Ç,¾#CÒµá[Š¹×*B:G•çªJ/â3nÞÎÓå©~Æì.Q"Ac!ëõu£Fs¿d°{îËÀEø²x‡²¬ !ò…0#3w²gÆ»Öèø)+ÔQi8ìOí`ð†ÀPÑ`bXv ̓÷·†Ä^S‰HAKÅœ¨ÿ¡6öä¤6ÊÄ«¿J-®y}Eæ*ʾá¹`ªåW>ò±"PG%]ZëU×ñu–žñÂ";RO³jâ˜Ë<ujg´LJ›B— ¯iî–ô÷;§'µ°ó·„ÇÓPDZÆÓ¢N
žËŸ ‰q^»)? VÊwöÓ&q 9iœzKâú3`l`v[lQª\vÛ" Œ†m<¾´q@ϹÂ1ÓA…øë-=§'s¬n¢>WYÒß›ÛËÙÅmáWŽ«¢ÐÁfLdªY•õªÙµáÙ^/ßMÄÞ»vépÁUÿ™°bø±kÜt[Ð¦½»¹Å\ Ù=)'¬l/W:ªkÚ¨ÿ}-˜MgÄ|ðQ°Ó­‡hÍäÖ±Ê?›eAs‡çú¸ýåI0´Ž[ðu¶HN‚Ëpì<á)'ŒÀ¦¶s¢¬ÂÕÄEç©ÄÄ®9àÃL~fr\[~I]Y/rVaßaãõã}a÷—õ x qh-A ¸kkÐ0KqâÜj]`ÊÓµø,CšS«vZ¡§ø3&?*˜_áT:%Cðh^™¯"ˆ‡ozÉžÔu†ÜbêWæ@SÍ)Aöå1e~‰Xžð y°ÙÜ*¡zVõ>=ä½—-8cyŽR/J½tü
!¦ÐuõŸ$t¶¿59`úÍ'ðÁ®m¤¾ê¾d×ÛÐ'·$^7iÛíÒñ`K\H7Žmp‡qŠñL¡wm™åð— |ªH1Gw²»'(V-ËÚª¨ã&&lsqauo;ÀCMµ¿°èÞ\GUÖëùÇ.c°í$˜ÕR‰R¹áÝtúGõ2k– o@^OùYMKYi™–âŸÑ3Y8ù/6^½">¼˜îÓ°—Î+'4Q°PøqÛ:?\‰ÔvŒµdÄ´¯ €Ùý_h@æWØîBã勵Ž…Z¹½X_]´¸yÅ]6GÝünÑz6¦$Fy¾�ðþ…Q"x6³/š/Å„;Œ'%‚9@›¡‰7Û/M=8µ&lsqauo;¬òcÇð"…Õ»åäkË@ Ÿ_ç ò7ë±4äJB«c<–½"»£¢+ed>V©¬¼·»ŠZÙ™ø>ÚæÙðLla oæÖ¾‚ÍioHKœ æc­‰@#&¢÷ÒYMÌâKJÁ?ˆpÕPØaWˆÛavqœ]â Ïtöwh£ˆ¬sê‚ÁÅôò6a5=›@%ÍM|V*Ó ƒ |D˜$x>V75ñOÍ©4 ODügH:¹õ"3ìÔ1‡°Hh ßjÔ¼šsåg¤àƒõ¤ä2?åqÊ•rzç$Be"-OÝµ{Õ &lsqauo;Œ vG׿Ù"o'É'²Ä%»‡¿$(ZÄÒxž£ƒžŠ‡³<«ï;æÖ÷m¢ õºÍ….Á…~¨ë[â…x˜kK ýj7Žº¾VÅ›÷sGn3´Jj½—YŒ‰ÿXƒ±";6Zùt)ãcÔsL@°ñ¬µ²×CD3­>·uÞ`õ$ï?Ë©Ûðæ
k—þÀU>Z~­G'Ði[REš6—[1yÛäÕj¿€¸Ï‰Ã¾:xÛâØzV5Z^G(kÙ7jqGBõ]-þ½­Þ¾ïÊ<Ò!Æ»i8GZ{çšJvA¡µÁ‡Ê=¼¶IZÞ"V+{$Y"1>uFìÅC}åÜ£8^'µÁâ '|[ÄŽ‚ÔÍ&lsqauo;j©Vê•'Ñ =§ƒ:GÐ'Þûx…Kj58ý ÖG]ÌfÈBÈ«.$÷çŠÇ+çSÒn–ã^*Éœÿ?[SÐgŠ‡;Ëv=2' 1LÑce纁ÃC}LÎ'ç'|<äØUÏ
_´ͼã²\~,Ø$æYßùco›Ùªü»)9ˆéÑŒ>_Ù`€žaÚú]Y :yÉß·…?Oᆯ+[áTñ¶Køx1´¯>ÑŠvjÑlnë@ÓYÀëxƒI»¯š°R©  }ƒojä{TH7ãàâ8¨ÈÆÂ|ˆ¢r°¦1ñí*ñé3˜SFÎ|[ÔpF ¦þžOø7Ðæý'M]úÌ> a»]{x×bÙ�œ¼ã󨍢ÒL�³APøW«úÂ$i–+Íù0iíP+ž>|¨€'EO÷òCÆV£eàÎç!ß°LÕ4¡5áI:hIü<ËÃT}<(óPÀAáЃ#KstoM3Ø`|‚zHáò¡ƒúe‡uçìZ_Á้yCª*#¶K'¬éÈ'¯¤º %eeº7á KÖj†›.JÙLÿ¿fti&lsqauo;�HËjvöŽÖ"Ûs8§øp¨ …¹";÷(>'ü/=¢¯ ÚëÔʽ~9dFAÓÕ[¤X‡3ÊC¾0†üV­+R[M)ÂuyšÐM,.<È™PNTLp"hà[.#ǃÒ¬žª'
‚Îý°ýg4s D«õúìœ?Ý`™M§F´åÙ{ø ¡çDê•Ä*L‰ì¯óäpá1%ûTJû¼Ê¡êÁ¼£Š±>bd‚^…ƒ½p­ `GÕ³)˜)½ß˜W·Ô‰ü9`:"53s;4›A^žKÀºñÇû@1g;Sžü\u uÔ]t-ÍŸ 3;båœ(Ák¸"—]g;pÃ':„ÑÀ1 ó¯ÑQØ#'OÇÕ_P :Fd†·úËWqem¡´Mfœ`˜,Wÿ¥WM+EÐí)Xô;&çP§ÚBMd¢À9:åLªKOV+à„á+êÀI¤1õPÞQdϱ»æ¦¤cxÖ©'Íâ,°eô½¢'ÆhmþTó.wD ±¿ žeÛ½M€ã‰±˜¦D‚-8 ®5ŠÅ-[)ÄNfÖTÔûŒ¢}´04í3Í""´|zLFeø„I{n'Ó·wڶ泆ñE™TÀ×vÊ"BCïªï›˜ka™ѯÚ:ëHE¦N¶É¶€z¶ùõ˱ ‚ý]¸Ùà_**2NZ-'»ÿíŠIØÆËŸí�ûÐ'Sw"µ±ÙÒ4Ì=ô/&lsqauo;k¢ÚÞÝ»ØýÖÞ¾j—{‚S Æ𠉕c¦È¶Æfû¾iÂ…1AèŒbÚ("Îí)°«˜¹i6àAêRuüÀœe²"/D ИüØã†uÕ>n*ˆ‚Ö9úõ¯Z™'ZiúI,­)éQoü;–˜^'<£ñ 2$sNé­«"¥K ]1>oô¯t캇˜
Q›Ü3aonG\¸Ô¸.gŽÓ7RÆ`vÍÝî—V–s‰ª´·¾³×¢4=; ™Âñú¥3\rµfüåRÈÅ=GW;úg¤ŠJ¦¿Û4Ÿ^ž;".–Á M-6óü |B; ÂÚŒ9 ´%4õR4ÂôýPTÞ€tUU�wÒkr£ù&lsqauo; †x"£4wæ+¾] xHâj²'ÉFǏãî!*a€Zétw=ˆÎ°5:¢†V|8 b+ü{~20DwöÈt) T„µ{*;ž&hÍ¥ƒÁºä¡¬Íofþæ3üš'ÑUýD|­$'þ „ÿV³ÈðøJ#³ÒI¾{ÆV ëxv!7*»Ú¦ûo×Q'nðéß]7"üŽ¯ÝËkiª¹+£ùû廞fýûø=#´zá›È;¨ÝjMØaMÔ菢>RÁ…±;^
æÈ3yÍ¿?ŒÛ"ÑE ÖøQ¹Ïºˆ¤ÑÖxê@J%¡lúŒ0þú9}ýJ`ájE·SÔªå÷‚</`w™ƒ¹0ú&lsqauo;J§Ê Ú³ï±ߌ´.¶ˆaÏ‚ÇL`,ïï•/§lÛaì%bž°¢£7¥{õ[Æz-øA;A¨U?b�׉bZƐóª$*¾‡1ÖôÏ÷îÖÆÞø7YÂ^³JàI(˜&lsqauo;U¢Ë–ÉŸàÌN!3ŒGî-*Õ"í¦†ÍÂÄãUE‚°TÄ°rLöqx¹'ZÒýΰ‚ž.çÛž ú÷ØgòfÕÅ\ûHtÚ48)¬8A`—qÝ|­Y _X²ØÅá^­ÆðB6TIÓñ÷Ä\­Ä´‰_Æ=ÛkîñÙ¢üMêrJ¼S6ULIÍaÖ²«–ENYêÄç",­còÌCƯ%!t¦V?v¨ +"ùX5%äÀ'—#¢TÒÀ•¸§q\²vÒFÀƒ´Îj€Þ&lsqauo;¡ ¶Yñ,j°«–¶âÏlü&lsqauo;¼>ÇèÏ)EwÁƒQ<`û:g¼azHá³ð©#VTŸçcè¼!´úõ­'u†:Ÿ¦ÀTJð8á³Ø Žà5×hÂéA£Ž×®9…í\ݙ탥(Ðeäß3 ôê¯é~¥‰#÷P 3B•_jÃ'ßÊÝBKÄ5gA°ök´"}�¤AßÞ'Öþ Ks`7<½N$¿N?ʘ� ù5ÛV:Ðÿ†~µ7ü#+V\$§¤](ZöŠgÑ.x(Ç9bE÷Ëg¨¯¦c'¸hZ·î–m[M…ÅëRY90i@ßg Ÿ¨máD
[çþ ö ³øÌÎF&¢‚ïU}X ÇpùTÍ}Þ¼#1tÛPFŽ«ÍÀê@)¾4ÉmÙ½Æ÷™þ#ôJE`ð3jäbü×9c osê ¢3âä>€Dzï»·ZÐ2 ÷©xlí ë`îHŠG3.\=íZd$JØ4Ž‡WÑ;9+OGN²´ ¾þ ´Kêê̏hη/MÖCl¼Ñ˝VÛJ²$„‚nf€WÕPì\r–|H |¾pv…õ;¥àc›½Bm`蠍 †í%Çz˜˜û¡GÜ T ¡ÈPõ)MçÌ#¿ø¶/ps_pÖ¦UŸ^ŽP¡%kÈ"ž×ê mN-bàÍ`ž_|Ï"Iœsò55"ëI¨.ïsxÏ´—#õ÷2O æÙú›ÀeV-8žËÆöïì'ÿÜwDTE68&lsqauo;l6N8x|=~NÇuPòµ+°ô·M¼Tg•Ý¥€äl:fŽËè×æÿ½9ö´!"_xUÅ'†2BkQöÁ œÝ3Èœ¿ÆfP
Íþ¾ñ¥ö ©C¬å©_ˆ-uhÆGŽ)ž³¸oèï¨é"ßȯõ¤whÿ·ÈÙ¸R¢!o¼ƒKÁÝ!<¨7'š'LŒåÇX"ÙrGç{ŸùTM®všLÑé$µúLf‡1–ïÅ%4LCjÄ;\X_L‰;f\\@ í ëlÝeñZ%Qx¬œði0&)ƒ,6ÆBûµF|¿‰Ëˆ†g²,ßúxâRžžqÚ1ùö­w×Øw‡ç½n€¨Ç(¬v}¢9&lsqauo;ˆ„À&lsqauo;OÀX¹º×?¤ÜȃQ‚ˆÅ£rÊ(²µ»¶± þ³þAŸN¤ãM›ú]p®N¼ÏÃÂ0ßöÍ¢Dݵ)R¯¬Ø¶€êp+f`Œré8T¥üZ2Þ7¨°D3ð½„Q>ùߦ,jWr^I¯yrvQÂ}&Òï¼;Ë0¨¥Ê|C·ß@Tÿ?|‚E¤[@—a• e3¤ñh]bêW¯8ªZþ…#í±é²ÞJîüð÷s‡K³S½¬¡/<e…†
ƒ˜ *"Ô
ÌßÛO*ï—æZ¡·y2âª]çæ`ìNMã-®ÆBP"þ2eKC:Ò7@\bù÷E£úrúÐE½l„&㯜ñ˜õ5_ýÀW¦^³{ÛŽùÙÝTh©M¢{äÀªêXµÜƒÏQ*µu4\S$·|ë„ŒŸÅúá?I½°ˆ N´Ý '{ÁÏdœÕØô;0-|p¼£ì5›5ªRaù]<Âe; uƒ¢&lsqauo;{
¡$#;ã5D¹´ôQ ¢é¾Îƒ¯+ü@3´³HbuŽ«1±ú¶Ÿqå­á—ê[zgGîKkjà|1^Ø¢ïy7ýfóxX‚dÓè ã™Ú¶u*õ÷#•ý#ýºìO¹ù˜ˆ=>‰„ô7äÕÁ…[D5)*+`£?ÛQ|ä Â?�¸DÛ..uÌq„ ÜIê‚UŽ¾ë²»ïeMP
c`Ó– œ7TK˜…‚'ï! ïÕ3ëϿ⇚œ¸u_jabsŸ}^Yß•,i®¢.ë?ß.&lsqauo;ß ´¤îÊ6:ÜyŒ†„};âüð íßÎN=èŒòÇ"rÝWþê7¼ŸÀg¿yñ£LgKKPtJ [)ËP—{÷vNCp�N 2g+CAìÊsûJlë¥ö)JƒÎ‡È¢CÜ»ômr£h·'mú"ÑêfÅ ×þ¬14ëØ&aôÉ3*ŠÄë,9—ºì�ßMÞNÊUì\ü¶¸Lˆ+ÛÀíuÄfÈg‰ª¢À=àËJÆÆs1l‰gdz¹7v%oà ˆæz~5QÌ6®ˆWŽøÝKiö=áž«¸ón­7Ysù5Hèý;<¯a¶^[Am%Îól`2Ï™&lsqauo;ô©tž@Qˆÿ:Ø%Ç €®ì\$#GÒóbS�ÄÉ*‡dP}[r7Nîrª83„ܪJÈÿ[˜–÷Áp*~=„9ܲ�0aªä9M¼ª'3œ¢=ƒ*>]êën—Ö]௲6wfÞ<¨ÇŽ©Ø¬e¡¦Ù{ˆX¹„ø4îÓ²jɳÇH³Fµ¤¶öE"׉ŒewhÇ›áÔÂíûŸŽ&lsqauo;&ê£a- :²ÃB!Tl;í0†Ýd5·7íÁÛqþr3ÀˆÒÛ
'™Yóù~]ío Œ°.v 'VZ-îE¿;;ß•ÿ}î"8ß"]'ÝgM¶2'ÜÓѦÿ¬åÏ25;‡àß"%>°{ éößQð8ŒÒ11ÉWúÃ�ÓŠIS•"
›Õ�°SøëĬQ"Š¡&lsqauo;àtX5ìÅuŸºc:4‚êä(g:¡ø.ëOxvÿÿ¹Þw2-Õ¨í¡&ŸÉþÿg‰ŸÇé•èªî?Žz(@½¶ï"7ƒ}ðÐýÏ´@Fµ dz:ÜXq ½l
¢Æ"ÿ¡e–§†‚dÐÝú©3 zW¿"<Ä ÊýÉËÕN¤ ;45çQãë´"¥4‰"Œ¬<F'w
ÁOèG­ùC_˜Öø¥Ç䈱?–i½ÓA}MÓté…3«æ˜ÍÔx] ¿.‰åý¯néC2œ i8*Îï(q>_„V`‡EFóƤóêmœëJjð~é¦f]îÓÕ´ZZP$¥ù5¿Â\¾„/¨öÄïWWÀM£ñèª@lCZ"=»b§hr•%·E†ÚIBM^­BÞCåޏ!!ˆä'Æîº:`ç²Éä» ©7="ýX�U{ÅꎶVä^YÂÀ¢å„Ë+ìÑÛ埊Õ°K·8?Ê ç=ÍU¯««ÀNBÇôÞ È_'&"ŽÌNá@_6Ä𤍤0]Ö•Žß½Vr|I¸ÍâiŶ/¸è¨}ûÜÞU°±ػϟ5'à»cûzëšdw},Dí@Ã*="qHœÈi4`…
ïÉt÷qo.˜µ·úSD®"ôÃvÀ°=[ï}†]án}&I Ó3óÎw§þJ$黕/‡42ŸÊ Oüõ69aøËGÊÈ8+S¶^ýì�ÊÅ‚G*Î÷!%¯"ˆ½ ŽQ˜Ÿ}´•P€¦žL¹ó4U2bMÀ?T†Éë°{Ë»1‰¨SN6(†E´j<B7 &εµä=ù&lsqauo; ²|ȳq]§TiDÚx.G{흺qm¯üOŠÄaªíIÚ²" ²tá"[š�•šHS¤à *mêGoUò1ûªg]&lsqauo;|L‚w¬ILŒHG‰*åySñÔ¼f2|t/úÛƒ"‰Ãœq—Á¢¶—]¿d5‰¹mEt3ÎðŸ{™[—kp€9±çjS±ke8!»<ñY!/Õý£^áÑ$GA-Íe…Á¡ÙT0ò!1rb‚·ÖÖ¬%ð¥§ÃAùÀM¥E'©Ò·öd6 Î¹ C(íKq
}ˆ¥Gè»hÖLqˆøÑõ½FÌ2Oаž½)_ô¾Y*1>. (_õa¾eÙL"(OUˆTÿ@ƒ¡]:gFöwµõ¨«È&lsqauo;(JO/>™‡[dDÿY•<'†µþ…kÄýñ(c¸XÉ_èøNˆv ¼ò¦×­_áa®¢YLA(4ÛV¨X�à­G-#ÃMp·ùÀi 8arκ‰5Dà9å=u,y ô[~~a<¹©"|+»SV.A(¾>ªLOäØVŠY²42]Avv`µJ¯U¦9äŽUJ¼?HÉÑäµl¯³?Wdzä"TZd(´J[[qS+on§ÖMõtVõÒ„`2D³ìì×R*á¨,Rrû­œ³…¢ø$€|„õ äÝÚ©M¶ÖÞY…ù¯6èåÂ_Æ_\n±)a…~áÝXaå–/}­ÖÒ 5áêèwàéRƒ¸ÀìEN~}gE7¬ZÕQbÚBÚ MØõà6–=±3:IØc|eÛ|"ñóO‰y¶Á0hÙ"ÉÓ6}LöRÙé
øF׶T%˜‡[ÐÿÆF"Ÿ=:z ìö͆7d؈/̆˜˜©ÓÕa™ßÞT4ü\7ò2I°WA¯;aÝ _'KÙRÌíMÆqÂø؝빭EÿÏM2ëÐfÄ«ÎÀiÜ´ ¹‚7ëH‰àÅ7¦ŒÈÃg—জ š™ÚÂè@.È,–ÂÏówð]AêÏ¿»A\+6ÝŽ ·,z‚OÔüŒanCë|kÌ^•åò£`©£ A†~-èæ·!¿©<JŽf 1ý¹.árM½¬\Wá2¾Ì©ðúoõû£2½pšúíüŒ‚CÜóà¨"ûÙ=î?Ïç.ê�›€˜ËR¯ìlÔ~ƒ-[=J;×Ý\Â¥üǽdE‡÷þ¹šÍ,X_ÁëÕØ›>¶\���¿ˆgö©ÿÔÞ±z�Àé�������������Hj\00�����AV��;�g�r�a�m�á�t�i�c�a� �e�m� �t�e�m�p�o� �d�e� �c�o�m�u�n�i�c�a�ç�ã�o�,� �l�u�i�z� �a�n�t�ô�n�i�o� �s�a�c�c�o�n�i�.�r�a�r��marco��=`Ü  ²Qmç„íLL×7ÌDYïÇÛÛÙC(¢CK$Š·.¶-…¶ ‡'ÆiEJ1•_C¡��Hj\0}Ëz�À6�‚ ��‚ ��5ö)����0�����RRProtect+���Á������!À¸fåFxÝt¼ê%£‚ˆ' Û£9â}€í¡œþ*žY‰éζwVQó¹¯i&AæH)ãŸ`èÐ7û´»•á½ên§Qî¨i&¨9õÐv}„I'+þàL3 %ª½Qˆ)TÔ
l•CYÀ7Gve/Qâ.6Þ
átÊÒîÅÚ,—
¡¼Èý¼u!¿®Þ…")ó*æçÓ€O;‚"cö Èâ¶`ÚllƸX/¸6jÛå/y„bœ³/¨f¨çG9¼È*Ö],°ãŸTªé‰4ñFk´_JH²pe¯ku159bwL6~ñw ©E3˜ü>X]Zõj´anÀt' ›át ď;¼D-P¸«ˆp^6ž&lsqauo;&lsqauo;å¾ÉŸcº&lsqauo;œ´ØžT¬ã]®cŒô̍[¶õÇ™
i�µ¸+Ô#=Q¦MF$$$åœöìâë£ÞCgÒ›ýÀ‚ß}¿6HtëLA
iRÚšš"Ç©AÉIÄܧD­ßê-Ó©!Mp¹Ë C W²\0þ«üÑV¥D€u†~™²¤S$4¥9¤UÖMhÆmÄ©œ"|eí½,¥û•"@Ï Oä–#_ËÇÿ¤U–<°vˆ¨ˆ{ŠÇömCsÕ ™\,v'z¸" Û\áxrEA}œð4¹³²ò^†z·ƒ:^ƒ¶ì­WkB»ÞH¨É-ŸùŽÃXá$ q߬âð`BnJ)bcZå‰õ…7!ÏÄ1ð/‡ðY†ë¤è¶µE¥o–žÇdÔýÍœÃö|€¢8×v¸»>{¼VäÞ™Ù;Ç·7X÷ÕJµˆ_€•s¹…Wß©'0®x¦¹y©@f™—†%ЇDϬ)] ñäJºÒ3ˆï²¸BmK)鲎Ia÷Öj>%)N'xÝ·°I_FÒR÷)
Ê؁ÉSìzú"íü&lsqauo;±üq\牰à¯
ð°®-�òEè4|Ž¢Bâ€/ɾŽäS«u¥� }ªº|^³ºùp珫ûwßú¸tåöw‚Œñ¬UaáEÓàÑÜŠF` ßùxÒ@ԧʰ@Khôè˜bX{M°'æ×åÃ*Ï"±¡º>Ý¡>"82ÄE_=ŽÜL&lsqauo;ŒQBˆÁ45i¸´hwAõ'äNH¹9Gïô?¡z"SVè$d@ßóñÍÇëiP§JªîšØ歝×ÙpóœJaùT"'øV:DOað&lsqauo;òíö µ ˜$ü-GÁýò€©Å(ì,±?%†ìi Ö°@e·žÜÄ:ó,ù/IX„ 1Ÿ»ç§È€2ÍÕqŏÄM&?ÉôR[‚¥jšþ1DšÒ¨u´é„ÈÛŒ75ÝÈ@Š\R]»Òó(XÉĽðt@ÞJreÓ¦\©<Ë5T½Sù•Lrxfä˧#<†ð®ëºųƒ°¥¾¤/ÃÞ1)Íéõ)퐗0øtúHê=sÂs¶‚=¾y_CbKÕIÂñ'ûÜJ'„Û6ß| ŒøíÑ5¯XÇçëƒ-ulÓwTå`Á'&lsqauo;‚dË/ìG'ÎküŽÃŸœê8}êß}g¤=|ýkcLÔà…Jàí0Í­{¸ëH?EÖHªÆBúP„½ˆ>`�[VÕ!3S†»Ç=t ݦÆ™Æ#·"‚bÕPòæ´�•ŒTñ½bÉGÁžþ4,O1u-×Âjvh¤à²r‡-†Dˆ§f(îyÚ,ûÙÒáüZB&lsqauo;i4mÅÄTîÐäù·HÊŸÁ|€HzXtd#D:œõê„Ä‚Ä&ùÓC×Ì1Ø8N³Ú÷ Š€5¢Ïu§¡
"°&lsqauo;¨ÿü!9¸#´Òlàô÷TûÝ÷÷VøOŽ «9ó¶nÄ´Ñ¡T%E4|½À`²Ó(äÞlÖ»Ñ"îiÔA*yxááz…øR1¹˜@ý*ÞÏux°Œ¿Šj˜ �k§uõoº�–gÒ¦7Ò<ýºþ‚Q¦Õuô7¬¡I¹¿9!œ§hœˆ¼ósÇð÷ƒâ\1ûýtqá‰Ý™Ú¤!ÐàÖ>Љ£ƒ""%™cݍ}¤2L1€#hOÇã¦A´ÊŽ3x!oK+\cƒ:L¨ü¥¨PÂãeO…ÈüŽ%wÏ+AÛ•¸pbž)Ÿ:dwà ׸âüŽ=ßæökcY¶ž>¥{CòMˆCkl˜•zW©€žZòc‰ù 0µ"¶¸R²·Ø ©†¶ª"Ù8êa_  ö~&lsqauo;¸ÜJÙ ä·šH=&óå"…¿öv„©,ѵ×mšd /XÄÿXÕ7®$"Á4ó[žé"•]U¼6œI icZ 9!œ–ùq}04ÊvLBi°²ê½'+.ÏTà+ãÛº
ÿ—wݵDvO2¼fÔé….‡-¬èr9«®ÐU?~Ô '•~LuÜKŽÄÝ…š;êÀÔVl£\Íq, ¦)3ÂðT1Ñ܈ oŒ‰ƒ@.è"JvU«[y:æ"è/²">E¥rÓrF¯DÇø"»Ä~Þ4oø½­ªŸ¢ö[ý* ¢[ï2}òûzm¿‰ ¹yæÕcë°úzë±G„8uq›Ãá:þ&åZïøUr"Bý2aZB|À0•Äo|Q¦8dmdQRL¾
Çzú3°›ÁÔ48üß¡7ò&lsqauo;pâuéŸ"&lsqauo;j"@erD"Hº+'d‰ªÅ\•ˆ&ôµbõ† ÓîëÄR&lsqauo;Lh‚rí=ïØ©Z H=Itþ=1u-Ñ%`ÕbRâí|ÊÓ/Ê5KÝ'.T'áíYÚ½šÊû™ž÷&lsqauo;:yU»4Øcx¦¡Çûþ‡ú¹ªqjw3>A1™ÜÅ !Ù³k�¬ÉlM½:Ýxp9�é|ÇÌ8?L3ÍCû¸8P§fpg#ÎÎP4úž.¹"N¿›»8òmÅÏ×düÎÓ™ú b?þNv`iÐq'œ:ÞD¼T4yLñ=a¦&gŠDÜËK<« Ò×mžT4yŸìØf{n–‰ŠY±Å†QOOÄ6¶ž»¶Ê€1ŠvÆ.‚q™^HkTÒ³„
ÿNN9Îù~�Z °DÈ{´Äƒ|ôzï¼B_"`{l på)Ç´%¥!Fiuèžn„ÏHï­3î†9V'Å04 hµº&lsqauo;ëqè�èG3eîчÌ{väŠ7,õ=ÐWÎê¡PVŽèMNzwz5%š!iìºp¤ëÀ­y„Ø7ïNJyx�ât¤Ç¦•, ž§5άÅY«æNÑ:t,äÔ1à_çA8Ä[ª*DluÖßR¢C+ Îv=²òvæÜ9r©Ò¨ÕÑF)^ÖY œSŒíág·³zÖ²fÐUtWJkAä}ý/mrªê3»hÁ­RŽÈÄÁ1dܱ…&lsqauo;[¥,tpz� áQždãµá!Ϲ¥4{?µy‚�­¼‡ÅCî…ÚãA™SC–ÆmY¯îQ�aY™ °ML)»¨JJ£.¦¾YÂ'„±#Îó?Ͻ7ô~ÆUs¨ –ÿòÌÖ=öÑS—§/2gÕ¸Ø
ÇgþKf¼x¡)Çfu(>É¥ í�gFðÇ0›äâ4΂Q2ê¾þê¸åì@µúæPø#sѺiM>!4¹e¬áPNnUu7Œ4ŽŠ·–¥ ¶9ËíÅÏò¨þ§ø)Ï»G
ͪ*àp·åžÆýVþÅ7
m… uÕ`ЪJh]=—o5Äöy/Q¸0Ý1<ªôá®Ì™ï_úC±:¦lò2ÌÛ&¤ã '\ö?×Y"êš^,¤"˜Þü/ÄW ʾ ^ƒ•‚ή˜Ö(â…ï8P`ë|éz‚'(¬ÔKÜú©˜9n#µ³œà=²Ò®ôöuà'ß>f¥þ ësFJmw²|Ý`<…'×µ q+låW[ ·#»*Mù:_ib.3¹h!Ä={�@�http://groups.google.com/group/digitalsource

PARA UMA NOVA GRAMÁTICA DO PORTUGUÊS
MARIO A. PERINI

SÉRIE PRINCÍPIOS

Direção
Benjamín Abdala Junlor
Samira Youssef Campedeili
Preparação de texto
Lenice Bueno da Silva
Arte
Coordenação e projeto gráfico (miolo)
Antônio do Amaral Rocha
Arte-final
René Etiene Ardanuy
Josevai Souza Fernandes
Capa
Ary Normanha
IMPRESSAO E ACABAMENTO:
NC-RÁF6
ISBN 85 08 01660 3
10a edição
6 impressão
Todos os direitos reseivados pela Editora ÁtkDa Rua Barão de Iguape, 110- CEP 01507-900
Caixa Postal 2937— CEP 01065-970
São Paub-SP
lnteinet: ht'/www.atjcacombr
e-mali: editora@atica.com.br
Sumário
Prefácio 5

Introdução 9
Um exemplo 12
Doutrina explícita e doutrina implícita. 15
Incoerência e autoritarismo 18
Tres problemas básicos 21
O formal e o semântico 21
A noção de paradigma gramatical 27
Classes e funções 36
As bases da nova gramática 42
Problemas da descrição semântica 42

Semântica e
A descrição do significado na gramática 50
Traços discursivos na descrição gramatical 54
A elipse e os constituintes vazios 60
Classes de palavras 71
5. Os dados da análise. 85
6. Vocabulário crítico, 89
7. Bibliografia comentada 91


Prefácio

Este livro surgiu do reconhecimento da necessidade de se elaborar uma nova gramática do português. Enquanto a "crítica da gramática tradicional" vai pouco a pouco conquistando um lugar nos cursos de Letras, sente-se agudamente a falta de alternativas viáveis: se a gramática tradicional é inadequada, o que colocar em seu lugar? O lingüista, ao criticar a gramática tradicional, freqüente mente se choca com a objeção irrespondível: é indispensável continuar trabalhando com uma gramática cujas deficiências são evidentes, pois não existe outra que se possa utilizar.
Não que não haja descontentamento em todas as áreas interessadas: os professores sentem que a doutrina gramatical é ultrapassada, incoerente e muitas vezes simplista até a ingenuidade; os alunos tendem a desencantar-se de uma disciplina que só tem a oferecer-lhes um conjunto de afirmações aparentemente gratuitas e sem grande relação com fatos observáveis. Na sala de aula, às vezes o único refúgio são as atitudes autoritárias, quando ó professor não se sente em condições de liderar discussões verdadeiramente racionais sobre gramática.
Ora, não se pode esperar do professor de Português, por mais bem formado que sej a, que vá elaborando sua gramática à medida que se desenvolve o curso; ele é um profissional do ensino, e não um lingüista: não tem o treinamento (nem o tempo) para levar a efeito pesquisa tão longa e complexa. A responsabilidade deve cair, sem dúvida, sobre os pesquisadores da universidade, das áreas de Lingüística e de Língua Portuguesa: a esses cabe a obrigação de criar a nova gramática.
As falhas da gramática tradicional são, em geral, resumidas em três grandes pontos: sua inconsistência teórica e falta de coerência interna; seu caráter predominantemente normativo; e o enfoque centrado em uma variedade da língua, o dialeto padrão (escrito), com exclusão de todas as outras variantes. Todos os três pontos merecem atenção cuidadosa; só teremos uma gramática satisfatória como base para o ensino quando os três estiverem devidamente repensados. Assim, a gramática deverá, primeiro, colocar em seu devido lugar as afirmações de cunho normativo: não necessariamente suprimindo-as, mas apresentando o dialeto como uma das possíveis variedades da língua, adequada em certas circunstâncias e inadequada em outras (é tão "incorreto" escrever um tratado de Filosofia no dialeto coloquial quanto namorar utilizando o dialeto padrão). Depois, a gramática deverá descrever pelo menos as principais variantes (regionais, sociais e situacionais) do português brasileiro, abandonando a ficção, cara a alguns, de que o português do Brasil é uma entidade simples e homogênea. Finalmente, e acima de tudo, a gramática deverá ser sistemática, teoricamente consistente e livre de contradições.
Ë este último aspecto do planejamento da nova gramática que nos ocupará aqui. Como é inevitável em um livro tão pequeno, fui obrigado a selecionar alguns assuntos, deixando outros de lado; portanto, tomei como tópicos os que me parecem ser as grandes falhas da doutrina gramatical vigente. Em cada caso, parto de uma crítica da posição tradicional; em seguida, proponho as linhas gerais de uma solução. O resultado, espero, contribuirá para dar idéia de uma proposta para uma nova gramática do português.
Para isso, foi necessário abordar certo número de questões teóricas. Com efeito, é minha opinião que, se a gramática tradicional está em tão mau estado hoje em dia, isso se deve em grande parte a uma injustificada timidez em abordar os problemas gramaticais dentro de uma perspectiva teórica, ou seja, com a preocupação de generalizar. Alguns estudiosos de gramática chegam a exprimir certa desconfiança da teoria, que consideram desvinculada das questões reais de análise gramatical. Neste livro, parto da crença de que essa atitude é equivocada, e que não há, simplesmente, esperanças de se chegar a uma prática gramatical realmente racional — e, portanto, educacionalmente valiosa — sem uma fundamentação teórica suficiente.
O presente trabalho é parte de um projeto maior, que espero levar a efeito nos próximos anos, de elaboração de uma nova descrição do português padrão (uma nova gramática portuguesa). Mas a publicação da nova gramática, em si, cairá no vazio se não se fizer acompanhar de um amplo debate sobre os fundamentos do ensino gramatical: seus objetivos e as maneiras de atingi-los. Este livro deve, pois, ser encarado como um convite à discussão dos grandes traços de uma nova gramática portuguesa, que possa servir de apoio à renovação do ensino gramatical entre nós. Mais do que a substituição de uma doutrina gramatical por outra (o que seria de utilidade questionável), creio que se deve almejar a criação de novas atitudes, caracterizadas por maior responsabilidade teórica, maior rigor de raciocínio, libertação do argumento da autoridade — em uma palavra, mais espírito crítico. Só assim poderá o ensino da gramática proporcionar um campo para o exercício da argumentação e do raciocínio, contribuindo para a formação intelectual dos estudantes.
A leitura deste livro não pressupõe treinamento específico em Lingüística. Os termos técnicos utilizados são definidos no próprio texto, ou no vocabulário crítico final. Exige-se apenas conhecimento da gramática tradicional e uma mente aberta para a discussão de seus fundamentos. Isso não significa que o texto seja sempre fácil de ler. Há complexidades inevitáveis, em especial nos pontos em que a perspectiva adotada difere mais profundamente das idéias tradicionais. Mas certamente ninguém ignora a grande complexidade da linguagem humana, nem o estado de ignorância em que nos encontramos a esse respeito. Aqui, como em toda a parte, fugir ao problema não é maneira de começar a resolvê-lo. A tarefa que nos espera é longa e difícil; mais uma razão para que não a adiemos.
Alguns amigos me ajudaram na realização deste trabalho, de diversas formas. Em especial, mencionarei Mary Kato, Jânia R do Nascimento. A eles, e aos demais, meu muito obrigado.
1 Introdução

Todos concordam que é necessário descrever a língua em novos moldes. Antes, porém, de iniciar o trabalho, será preciso chegar a um acordo sobre que moldes serão esses. Lembremo-nos de que se trata de preparar uma gramática pedagógica: isso significa que uma das tarefas a enfrentar é a de selecionar (ou, mais provavelmente, inventar) uma linguagem para transmitir os resultados da investigação lingüística das últimas décadas sem, por um lado, falsificá-los, nem, por oqtro, tornar o texto inacessível a quem não seja um lingüista profissional.
Ë evidente que alguma "falsificação" será inevitável, na forma de simplificações, na forma de soluções inseguras, apresentadas ao lado de soluções bem fundamentadas, na forma sobretudo de uma certa escassez (nunca ausência completa!) de argumentação polêmica. Creio que essa situação é não apenas suportável, mas indispensável. Certa mente é assim que procedemos autores de textos de Física, Biologia ou Sociologia: ninguém tenta colocar já no primeiro momento, ou em textos dirigidos a não-especialistas, todas as complexidades da teoria, ou toda a confusão das discussões acadêmicas. O objetivo é, antes de tudo, comunicar resultados, deixar entrever métodos e evitar dar a impressão de que a disciplina é um conjunto de princípios fixos e universalmente aceitos.
Dentro das linhas acima indicadas, o primeiro problema é a escolha do arcabouço teórico a ser adotado. Ë desejável neutralizar, tanto quanto possível, os grandes problemas não-resolvidos da teoria lingüística moderna; apresentar-se-á, assim, uma visão propositalmente superficial, que permita a tomada de um "panorama geral" aceitável para muitos lingüistas. Como um exemplo, tome mos o problema fundamental da relação entre estrutura observável (superficial) e interpretação semântica (o significado). Há no momento algumas dezenas de soluções concorrentes, todas insuficientes, para esse problema; optar por uma delas, arbitrariamente, seria pretender que todos aprendessem os detalhes de um modelo (com todo o trabalho que isso implica) sem nenhuma garantia de que seja, ou venha a ser, um modelo predominante em Lingüística (isso se deve exigir, é claro, de lingüistas profissionais; mas nunca de professores de línguas, cujo interesse em Lingüística -embora grande, é instrumental).
Creio que existe a possibilidade de uma solução de compromisso segundo as linhas seguintes: incluiremos na gramática uma dupla descrição, a saber (a) uma descrição em termos formais da estrutura sintática superficial; e (b) uma descrição de aspectos da interpretação semântica, colocada, na medida do possível, em paralelo com a descrição sintática. No caso da sintaxe e da morfologia, far-se-á um esforço no sentido de preservar, onde possível, a nomenclatura tradicional. Já no caso da semântica não vejo como isso possa ser feito, dada a inexistência pura e simples de uma terminologia semântica minimamente coerente dentro da gramática tradicional.
O grau de exaustividade desses dois componentes será necessariamente muito diferente, em vista do atual estado dos estudos lingüísticos. Parece-me indicado fazer da descrição formal (morfossintática) a linha mestra da descrição, e apenas nesse aspecto se tentará dar uma visão razoavelmente abrangente da estrutura da língua. Quanto ao componente semântico, será preciso estabelecer metas mais modestas: ele será esboçado, procurando-se generalizações, mas sem oferecer propriamente um conjunto estruturado. A semântica terá de ser, a rigor, uma espécie de antologia de apêndices à descrição gramatical. Não vejo inconveniente nessa solução, que me parece a melhor nas atuais circunstâncias.
Já que convém, dados os objetivos pedagógicos da gramática, conservar tanto quanto possível a linguagem tradicional, faz sentido iniciar a discussão explicitando os pontos fracos da doutrina gramatical vigente. Procurarei isolar neste trabalho as grandes questões básicas que não são adequadamente tratadas dentro da gramática tradicional (de agora em diante, abreviadamente GT). Minha abordagem é teórica: preocupo-me em explicitar as crenças e princípios gerais que subjazem à prática da análise. Nisso o presente trabalho contrasta com a maioria das obras correntes; com efeito, é incomum discutir-se as bases teóricas da GT: a maior parte dos trabalhos se concentram na análise de problemas específicos (uma rara exceção é Hauy, 1983). O resultado, como tentarei mostrar, é uma gramática construída sobre um caos teórico, não sendo de admirar que ela seja também caótica.
Antes, gostaria de fazer uma advertência: nos exemplos aqui citados não é minha intenção acusar os autores das gramáticas atuais de incompetência ou de falta de honestidade intelectual. Eles são, e creio que muitos deles o reconhecem, vítimas de uma tradição que fez da tarefa do gramático pouco mais do que uma compilação estéril. Acontece que, até bem recentemente, havia pouca alter nativa fora dessa linha; faltavam trabalhos de análise da língua feitos sobre bases sólidas, e os próprios princípios da Lingüística moderna eram, por assim dizer, privilégio de uns poucos eleitos. A partir do grande desenvolvimento dos estudos lingüísticos no Brasil que presenciamos nos últimos anos tornou-se possível pensar realisticamente na elaboração de uma alternativa à gramática usual. A crítica aqui feita, portanto, é uma crítica à gramática, não aos gramáticos.
Um exemplo
Voltemos agora ao nosso tema principal. Uma definição comum de "sujeito" é a seguinte:
(1) "O sujeito é o termo sobre o qual se faz uma declaração". (CUNHA, 1975, p. 137.)
A partir dessa definição podemos tirar um exemplo da pouca consistência da GT. (1) é a única definição de sujeito dada n a gramática; é de se esperar, pois, que ela reflita a noção de sujeito válida para toda a análise. Quero dizer: no momento em que apresentamos (1) como a definição de sujeito, assumimos o compromisso de mantê-la como a definição de sujeito em toda a gramática. Em outras palavras, o termo "sujeito" corresponde a uma noção unificada e consistente, à qual as regras gramaticais podem fazer referência. De outra maneira, para começar, não se compreenderia a necessidade de definir sujeito.
Ora, logo adiante na mesma gramática, encontramos a afirmação seguinte:
(2) "Algumas vezes o verbo não se refere a uma pessoa determinada, ou por se desconhecer quem executa a ação, ou por não haver interesse no seu conhecimento. Dizemos, então, que o sujeito é indeterminado". (CUNHA, 1975, p. 141.)
Já aqui se desrespeita a definição dada algumas páginas antes. Se é que existe sujeito indeterminado, ele deveria ocorrer nos casos em que se desconhece o ser sobre o qual se faz a declaração; afinal, a definição de sujeito só menciona essa característica dos sujeitos. No entanto, (2) está formulada como se o sujeito tivesse sido definido em termos de quem pratica a ação.
A gramática, nesse ponto, é inconsistente, ou pelo menos incompleta (não menciona a presumível conexão entre o sujeito e o ser que pratica a ação). E esse não é um caso isolado; é um exemplo dentre muitos, decorrências de uma atitude muito generalizada de falta de um esforço teórico constante. Ao se enunciar uma afirmação gramatical como (2), é preciso estar consciente de certas crenças que subjazem à afirmação; no caso de (2), está sub jacente a crença de que o sujeito exprime o nome do ser que pratica a ação. O esforço teórico a que me refiro consiste em tentar conciliar essas crenças subjacentes em um corpo doutrinário logicamente consistente — uma teoria gramatical. E isso falta na GT.
Se tivesse de apontar a grande falha fundamental da nossa tradição gramatical, eu escolheria justamente essa: a ausência de conscientização adequada do importe teórico das afirmações que constituem a gramática. Esse problema está na raiz do divórcio entre a doutrina gramatical, tal como explicitada em definições como (1) ou (2), e a prática da análise, tal como se observa quando um exemplo concreto é considerado (ver a seção 2). E está na raiz também da baixa qualidade de nossas descrições gramaticais. No momento em que assumimos a responsabilidade de vincular nossa análise, e toda ela, a uma teoria geral do funcionamento da língua, os defeitos ficam evidentes para qualquer um. Como disse acima, somos todos vítimas de uma tradição deformada; e sua maior deformação é precisamente o tipo de irresponsabilidade teórica que acabamos de ver.
A tarefa de fazer a nova gramática principia, por conseguinte, por uma conscientização das deformações da doutrina e da prática gramaticais. Nesse trabalho não pre- Doutrina explícita tendo restringir-me à crítica, tão freqüente e sempre fácil demais, da GT; mas vou começar pela crítica, tendo a preocupação de isolar os grandes problemas gerais. Espero que a partir daí seja possível começar a colocar novos alicerces, com o objetivo de construir algo de novo no lugar do que for eventualmente descartado.

2 doutrina explicita e doutrina implícita
Voltemos à definição de sujeito, a saber:
(1) "O sujeito é o termo sobre o qual se faz uma declaração".
Já vimos que, em outras passagens da gramática, uma outra definição de sujeito (o termo que denota o ser que pratica a ação) aparece debaixo do pano. Agora vamos examinar alguns exemplos concretos de análise. Digamos que se peça a uma pessoa gramaticalmente treinada para identificar os sujeitos das orações abaixo:
(3) Carlinhos corre como um louco
(4) Carlinhos machucou Camilo
(5) esse bolo eu não vou comer
(6) em Belo Horizonte chove um bocado
Ela dirá que o sujeito de (3) e de (4) é Carlinhos; o de (5) é eu; e (6) não tem sujeito. Essas análises estão de acordo com a prática corrente, e creio que são de aceitação universal. Mas até que ponto se harmonizam com a definição (1), também geralmente aceita? Ë surpreendente verificar como são numerosos os choques entre a definição e a análise. Em (3) pode-se dizer sem problemas que a oração veicula uma declaração sobre Carlinhos, e sobre ninguém mais. Já em (4) isso não fica assim tão evidente:
não haverá aí também uma declaração sobre Camilo? Quando chegamos a (5) a situação se torna ainda mais desconfortável: como defender a tese de que (5) é uma afirmação acerca de mim, e não acerca do bolo? Final mente, (6), que é uma oração sem sujeito, necessariamente (segundo a definição) não deveria estar declarando nada sobre coisa alguma; no entanto, (6) exprime claramente uma declaração sobre Belo Horizonte.
Isso exemplifica uma contradição bastante clara entre a definição explícita de sujeito e a prática de identificação de sujeitos tal como se encontra quando da análise de casos concretos. Tais contradições são, em geral, toleradas, e mesmo ignoradas, por aqueles que trabalham com a GT. A razão para isso é, a meu ver, a seguinte: existe na verdade uma dualidade de doutrinas gramaticais dentro do que chamamos gramática tradicional. Uma dessas doutrinas está expressa, mais ou menos, nas gramáticas usuais. Essa doutrina (a que podemos chamar "doutrina gramatical explícita", ou- DGEx é que inclui definições como (1), acima, que conceitua o sujeito como o termo sobre o qual se faz uma declaração. Sabemos, porém, que as mesmas pessoas que propõem ou aceitam tais definições não as seguem na prática. Quando enfrentam a tarefa de encontrar o sujeito de uma oração, sempre analisam orações com chover como não tendo sujeito, muito embora, como vimos, tais orações possam perfeitamente fazer declarações sobre alguma coisa.
Ê que existe aqui, subjacente a essa análise, uma outra definição de sujeito, que aplicamos quando quere mos encontrar o sujeito de uma oração. Ë importante frisar que essa definição implícita é tão bem conhecida, embora em nível não-consciente, quanto (1). Se tomarmos algumas pessoas com instrução gramatical, elas terão tanta facilidade em citar (1) quanto em encontrar o sujeito de (5) ou (6). Essas pessoas dirão que o sujeito de (5) é eu, e dirão que (6) não tem sujeito, em geral sem perceber que isso não pode ser feito com base em (1).
Tudo se passa como se a aprendizagem da gramática envolvesse duas tarefas não-relacionadas. Primeiro, é preciso aprender, entre outras coisas, a identificar o sujeito de uma oração; depois, é preciso aprender a definição de sujeito. Mas note-se: a identificação dos sujeitos não se faz com base na definição aprendida; faz-se com base em alguma outra definição, nunca exteriorizada, mas inegavel mente existente (por que senão, como explicar o alto nível de coincidência entre as diversas pessoas ao identificarem os sujeitos das orações?). Aprendemos (1), mas não a levamos a sério. Identificamos o sujeito da maneira que sentimos ser a mais adequada, muito embora isso nos coloque em choque com a DGEx., de que (1) é uma parte. Ou seja, aprendemos a identificar o sujeito apesar do nosso conhecimento da DGEx. (que aqui nos aponta um caminho que não seguimos), e não por causa dele. Para explicar esse fato, postulo a existência de uma doutrina gramatical implícita (DGImp.), que não é nunca explicitada, nem reconhecida como existente, mas que na verdade guia nossas decisões dentro da prática da análise gramatical.1
De acordo com essa doutrina implícita, a definição de sujeito não pode ser (1). Qual será ela, então? No momento, não disponho de uma definição realmente completa e adequada a todos os casos; mas acho que a seguinte é uma aproximação:
(7) Sujeito é o termo com o qual o verbo concorda.
A prática gramatical observada sugere que (7) seja, pelo menos, parte da definição de sujeito existente na DGImp. Com efeito, (7) nos permite não só identificar Carlinhos como sujeito de (3) e de (4), mas também, inequivocamente, eu como sujeito de (5). Já (6) não tem no sujeito porque o verbo não concorda com nenhum dos termos da oração.
Em resumo: a prática dos estudos gramaticais revela a existência de duas doutrinas, a DGEx., que é "oficial mente reconhecida" e explicitada nas gramáticas, e a DGImp., nunca explicitada, mas que realmente subjaz à análise realizada. Essa não é uma descoberta nova. Creio que Jespersen se refere a esse fenômeno quando afirma:
o gramático treinado sabe se uma palavra dada é um adjetivo ou um verbo não por se referir a tais definições, mas praticamente da mesma maneira pela qual todos nós ao vermos um animal sabemos se é uma vaca ou um gato
(JESPERSEN, 1924, p. 62.)
Incoerência e autoritarismo
A DGEx. e a DGImp. só coincidem em parte; há grandes áreas em que elas entram em choque. No entanto, as análises levadas a efeito (com base na DGImp.) são usualmente j-ustif+eadas com base na DGEx. O resultado, como não podia deixar de ser, é um discurso incoerente, que muitas vezes força o professor a assumir posições autoritárias ou de "dono da verdade" — por exemplo, negando a evidência, ou então dando a entender ao aluno que ele, professor, é detentor de conhecimentos mais avançados, que permitem a solução das incoerências presentes, mas que são por demais esotéricos para que o aluno a eles possa ter acesso.
Um exemplo de negação da evidência temos quando um aluno aponta (corretamente) que brilham, em:
(8) os diamantes brilham mais que os topázios exprime uma qualidade, e não uma ação, estado ou fenômeno; logo, não deveria ser considerado um "verbo", se é que verbo é "a palavra que exprime ação, estado ou fenômeno". O professor poderá responder que não, que em (8) os diamantes "praticam a ação de brilhar". Ora, tais respostas acabarão nos levando a uma definição do tipo "ação é tudo aquilo que se exprime por meio de um verbo" — o que esvazia a definição de verbo como palavra que exprime ação, pois a reduz a uma tautologia.
A atitude de "dono da verdade" se observa, por exemplo, quando o professor define o sujeito como "aquele que pratica a ação". Se o aluno objetar com um exemplo como:
(9) Marília foi perseguida por um São Bernardo onde Marília não pratica a ação, o professor poderá re trucar: "Ah, mas aí é voz passiva". Ou seja, a definição de sujeito dada não está completa; na verdade, a definição nunca será completada, de maneira a proporcionar sempre um caminho de fuga a contra-exemplos embaraçosos. As conseqüências da exposição dos alunos a essas situações não podem ser favoráveis nem à sua formação intelectual, nem ao seu respeito pela matéria.
Aquilo que desejamos, como professores, é evidente mente uma boa gramática da língua, não uma explicitação da DGImp. — que, embora quase sempre mais correta do qu a DGEx., está longe de refletir uma análise coerente da estrutura da língua. Mas essa explicitação da DGImp. pode ter valor educativo, porque nos põe em guarda contra situações como a atual: a convivência pacífica com contradições gritantes. Uma formação gramatical intelectualmente sadia só pode ser atingida através de um exame racional e rigoroso do fenômeno da linguagem e da estrutura da língua, nunca através de princípios desconexos e, o que é pior, ministrados dentro de um esquema de autoridade. Mas isso pressupõe a existência de uma teoria gramatical que possa dirigir o esforço de análise e compreensão do funcionamento da língua. E antes de ser possível trabalhar com essa teoria, será preciso desenvolver (nos alunos e em nós mesmos) a atitude intelectual conveniente: exigi remos de nós mesmos um nível de rigor e coerência do qual os estudos gramaticais tradicionais estão muito longe; e nos colocaremos diante do objeto de estudo não como meros receptores de conhecimentos já produzidos, mas como críticos e criadores de conhecimento novo. Nenhuma mudança no conteúdo conceptual da disciplina terá utilidade sem essa mudança de atitude.
Acredito que a tentativa de explicitação das desarmonias entre DGEx. e DGImp., assim como os outros aspectos da crítica à gramática tradicional (ou à gramática não-tradicional, bem entendido!) é um caminho para a criação de um tipo de atitude que permitirá à nossa disciplina ser realmente útil na formação intelectual dos estudantes.


3 Três problemas básicos
Vamos agora examinar com algum detalhe três tópicos que devem ser esclarecidos e explicitados antes de se empreender qualquer tentativa de renovação da gramática. Esses tópicos são: a relação entre o aspecto semântico e o aspecto formal da linguagem; a definição de "paradigma gramatical"; e a distinção entre classes e funções. Esses três pontos me parecem particularmente relevantes, razão pela qual optei por tratá-los em posição de evidência nas próximas subseções.
O formal e o semântico
Como seria uma "boa" gramática do português? Idealmente, ela deveria desempenhar a contento duas funções: (a) descrever as formas da língua (isto é, sua fonologia, sua morfologia e sua sintaxe); e (b) explicitar o relacionamento dessas formas com o significado que veiculam. Esses estão entre os objetivos de qualquer gramática, ainda que nem sempre estejam claramente formulados ou bem diferenciados. Assim, quando encontramos a afirmação de que a forma reflexiva formada de verbo seguido de pronome oblíquo de pessoa igual à que o verbo se refere" (BECRARA, 1968, p. 127.), podemos entendê-la como a descrição de parte da estruturação formal do português: o fato de que os verbos podem ser seguidos de pronome oblíquo idêntico em pessoa ao sujeito desse verbo. Por outro lado, na passagem [forma reflexiva] indica que a pessoa é, ao mesmo tempo, agente e paciente da ação verbal" (Id., ib id), o autor procura estabelecer um relacionamento entre a forma reflexiva e um significado específico. Naquilo que têm de descritivo (não-normativo), portanto, as gramáticas são tentativas de explicitar esses dois componentes da estrutura da língua: suas formas e o relacionamento dessas formas com os respectivos significados.
Com efeito, simplificando um pouco as coisas, pode-se dizer que natural consiste de um conjunto de recursos formais que servem (juntamente com o contexto extralingüístico) para transmitir um conteúdo. As relações entre a forma e o conteúdo são extremamente complexas, e em grande parte permanecem obscuras ainda hoje para os lingüistas. Qualquer doutrina gramatical que venha a ser proposta precisa levar em conta a complexidade dessa relação, sob pena de cair em inadequações sérias a cada passo. Na presente seção tentarei mostrar que a GT incorre justamente nesse erro; e procurarei sugerir caminhos para evitar esse tipo de incorreção.
Um dos muitos pressupostos não-confessados da GT é o de que a relação entre o aspecto formal e o semântico da linguagem é relativamente simples. Ë algo como acre ditar que para cada forma sintática ou morfológica existe um significado básico e só um (ou uns poucos), de maneira que a explicitação da relação forma—sentido seria na essência uma questão de justaposição: a forma X tem o significado Y. Encontramos essa crença por trás de definições mistas (formais e semânticas) do seguinte tipo:
(10) "Verbo é (. . .) a palavra que exprime um fato (ação, estado ou fenômeno) representado no tempo. (. . .) O verbo apresenta as variações de número, de pessoa, de modo, de tempo e de voz." (CUNHA, 1975, p. 253.)
Temos aí, para a mesma noção de "verbo", duas definições: uma semântica (a palavra que exprime um fato representado no tempo), outra formal (a palavra que apresenta variações de número, pessoa, modo, tempo e voz). Por trás dessa dupla definição, naturalmente, há o pressuposto de que qualquer palavra que corresponda à primeira parte da definição também corresponderá à segunda — ou seja, de que a relação entre as propriedades semânticas e as formais do verbo é simples e direta, podendo ser expressa por uma mera justaposição de definições, como está em (10).
A verdade, entretanto, é que isso não ocorre'. É bastante fácil encontrar palavras que correspondam a uma das definições e não à outra. Por exemplo:
Aqui temos chuva, palavra que exprime um fenômeno, e este está representado no tempo (ontem); não creio, porém, que seja interessante classificá-la como verbo. E, certamente, chuva não apresenta o conjunto de variações apontado como característica (formal) dos verbos.
Uma resposta possível a essa objeção é a de que em
(11) o tempo não está expresso pela palavra chuva, através de um morfema preso, como em:
(12) choveu ontem e meu canteiro ficou estragado
Choveu seria um verbo porque o tempo está representado morfologicamente, dentro da própria palavra (choveu, chove, choverá. .). Dessa forma, "representado no tempo" teria de ser entendido como referindo-se apenas a uma marca morfológica: o elemento marcador de tempo deve estar incluído na própria palavra em questão, para que esta seja classificada como verbo. Mas esse refinamento da definição semântica (introduzindo, na verdade, um elemento formal) nos deixaria em dificuldades quando considerássemos casos como:
(13) gato come rato
A palavra come, que exprime um fato (uma ação), e que é usualmente considerada um verbo, não está "representada no tempo", pelo menos se consideramos "tempo" no seu sentido habitual. Com efeito, (13) exprime uma afirmação geral, intemporal, sobre gatos (e ratos). Essa frase se coloca na classe das afirmações universais do tipo: O homem é mortal, A água ferve a cem graus etc., das quais não me parece que se possa dizer que estejam "representadas no tempo". Segundo a definição semântica proposta, mesmo com a restrição de representação no tempo apenas à representação morfológica, acabamos sendo obrigados a considerar come em (13) como um não-verbo — decisão que certamente não agrada a ninguém.
Se continuássemos refinando a definição semântica, poderíamos chegar a uma formulação satisfatória do que significa exatamente "representado no tempo". Mas no momento é mais importante reconhecer precisamente o que é que estamos tentando fazer ao explicitarmos essa noção: na verdade, procuramos uma relação entre o tempo gramatical, formal, que é aquilo que opõe a forma come às formas comia, comeu etc. e uma interpretação semântica (uma referência temporal) que seja própria ao elemento formal a que chamamos "tempo". Ora, o tempo gramatical não é simplesmente uma representação formal do tempo cronológico; aliás, o fato de que damos a ambos a mesma designação ("tempo") não nos deve enganar quanto a suas naturezas profundamente diferentes. Já vimos que em (13) o presente do indicativo exprime um fato intemporal. Em:
(14) pode deixar que eu frito os bolinhos
o mesmo tempo verbal se interpreta como um tempo (referencial) futuro. E em:
(15) nesse momento, D. Pedro tira a espada e grita:
"1 ou M!"
o presente formal denota um passado referencial. Temos aqui um exemplo bem claro da complexidade da relação forma—significado. É, evidentemente, necessário explicitar essa relação, que existe e é a razão de ser principal da própria linguagem. Mas não se espere atingir essa explicitação sem lançar mão de uma teoria semântica muito mais rica, complexa e estruturada do que o conjunto de noções desconexas e improvisadas que passa por semântica na GT.
Resta considerar a definição formal de "verbo". Podemos formulá-la assim:
(16) Verbo é a palavra que pertence a um paradigma cujos membros se opõem quanto a número, pessoa e tempo 2
Aqui, evidentemente, "número", "pessoa" e "tempo" se referem a morfemas flexionais específicos, e não a categorias de significado.
Com uma definição formal como (16) será possível evitar os sérios problemas que acabamos de ver, e que são típicos de definições semânticas. Em geral as definições formais são mais fáceis de elaborar, de testar e de relacionar entre elas; isso porque, creio, existem hoje teorias sintáticas muito mais desenvolvidas e precisas do que as teorias semânticas; ou ainda, dito de outro modo, o fenômeno sintático é muito melhor compreendido do que o fenômeno semântico. Note-se que isso não quer dizer que a descrição semântica não seja importante; significa apenas que, no momento, qualquer descrição semântica de uma língua deverá ser menos completa e satisfatória do que as descrições formais (sintáticas e morfológicas) que estamos em condições de produzir.
O critério que nos permite identificar tão facilmente correu como um verbo, e corrida como um não-verbo, não é o significado de cada uma dessas palavras, mas o fato de que correu se liga a um paradigma que inclui corri, correram, corre (formas que se opõem quanto à pessoa, ao tempo e ao número), ao passo que corrida pertence a outro paradigma, que inclui, por exemplo, corridas e corridinha, que se opõem quanto ao número (mas um tipo de "número" morfologicamente diferente do número verbal) e quanto ao grau.
(16) seria, provavelmente, a definição de "verbo" que se encontra na DGImp., e que realmente aplicamos ao classificarmos palavras como verbos ou não-verbos. É uma definição muito mais fácil de aprender e de aplicar do que a definição semântica (muito embora não deixe de lançar mão de noções subjacentes de certa complexidade; ver a subseção seguinte). Raramente se observam hesitações na aplicação dessa definição, e o grau de semelhança formal entre as palavras a que chamamos "verbos" é muito grande.
No entanto, antes de nos sentirmos autorizados a incluir definições do tipo de (16) na gramática, será preciso discutir e esclarecer a noção de "paradigma gramatical", de que (16) faz uso de modo crucial. Essa é outra das noções básicas subjacentes à prática da análise gramatical, e que nunca são explicitamente consideradas. Nas próximas páginas, portanto, vou examinar a noção de "paradigma gramatical".
A noção de "paradigma gramatical"
Vou inicialmente esclarecer uma questão de nomenclatura: estou tomando aqui o termo "palavra" em um sentido talvez mais restrito do que o usual. Assim, para mim, homem e homens são duas palavras distintas, ainda que membros de um mesmo paradigma, e não duas formas da mesma palavra. As razões para isso serão dadas no final da presente subseção; por ora, tenhamos em mente que quando a GT fala de "várias formas da mesma palavra" (por exemplo, um singular e seu plural), eu prefiro dizer "várias palavras pertencentes ao mesmo paradigma".
Passemos agora ao problema da conceituação de "paradigma". Uma das maneiras de classificar as palavras formalmente é considerar suas possibilidades de variação
morfológica; assim, um verbo varia em pessoa (isto é, pertence a um paradigma cujos membros diferem quanto à pessoa); um adjetivo varia em gênero, um pronome pessoal em caso. Esse tipo de classificação é tradicional, e provavelmente conveniente em muitos casos. Mas não é isento de problemas: na verdade, creio que se pode mostrar que em certos casos uma classificação puramente morfológica é, estritamente falando, impossível. Como conseqüência, a classificação de base sintática tem um caráter fundamental.
Tomemos o caso dos adjetivos: podemos defini-los como a classe das palavras que variam em gênero, número e "grau" (normal X superlativo). Branco é então um adjetivo porque existem branco, branca, branquíssimo, brancos etc. Brancura e branqueamos não são adjetivos, pois não variam da mesma forma. Isso parece evidente e difícil de contestar, mas só será sustentável se conseguirmos responder à seguinte pergunta: Por que consideramos branco, branca, branquíssimo e brancos como pertencentes a um paradigma ("o adjetivo branco"), branqueamos e branqueio a outro ("o verbo branquear"), e ainda brancura, brancuras a um terceiro ("o substantivo brancura")? Não vejo possibilidade de responder a essa pergunta em termos morfológicos sem cair em circularidade. E uma resposta baseada na semântica incorreria nas dificuldades usuais desse tipo de definição: poderíamos dizer que branco, branquíssimo etc. "exprimem qualidade", e que por isso devem ficar juntos em um paradigma. Mas que dizer de "os topázios brilham muito", em que brilham exprime uma qualidade? Por aqui, é fácil ver, não há saída visível.
Se quisermos salvar a caracterização morfológica dos adjetivos, então, teremos de justificar a inclusão de branca, branco, brancos e branquíssimo em um paradigma único. Obviamente, isso deve ser feito sem mencionar o relacionamento morfológico como critério: ou seja, sem chegar a uma justificativa do tipo "essas formas pertencem ao mesmo paradigma porque são variantes morfológicas da mesma palavra", o que é tautológico. Será preciso procurar outros critérios para capturar a noção tradicional de "paradigma". Como se trata de uma noção útil em gramática, vale a pena determo-nos um pouco tentando conceituá-la com, alguma clareza.
Para chegar a essa conceituação, partamos da condição seguinte: todos os membros de um paradigma devem ter pelo menos um morfema em comum. Acho que essa condição captura uma parte da noção tradicional; ficam assim excluídos casos como o de casa e sempre, que decididamente não podem pertencer ao mesmo paradigma.
A primeira condição estipulada, embora necessária, não é suficiente. Se nos limitarmos a ela, teremos de colocar no mesmo paradigma formas como correm e corrida, ou ainda falei e comprei, pois em ambos os casos há morfemas em comum: no primeiro caso, o radical corr-; no segundo, o sufixo de modo-tempo-pessoa -ei. Logo, necessitamos de mais alguma condição para refinar a definição de "paradigma".
Os exemplos citados no parágrafo precedente sugerem a introdução de uma condição nos seguintes termos: todos os membros de um paradigma devem pertencer à mesma classe de palavras. Desse modo poderemos, pelo menos, separar correm de corrida em paradigmas distintos. Aqui, novamente, há o perigo da tautologia: será necessário definir as classes de palavras em termos não-morfológicos, já que qualquer definição morfológica depende da noção de "paradigma", que estamos tentando elucidar. As classes de palavras, como veremos detalhadamente mais tarde, serão definidas segundo critérios sintáticos: pertencem a uma mesma classe palavras que ocorrem no mesmo conjunto característico de ambientes sintáticos. Por exemplo, branco, branca e branquíssima pertencem à mesma classe por ocorrerem nos mesmos ambientes sintáticos. Um desses ambientes pode ser expresso assim: ocorrência logo após uma seqüência de artigo + substantivo, formando (os três) um sintagma nominal:
(17) comprei um cachorro branco/a galinha branca/ uma camisa branquíssima
Já brancura ou branqueia não têm essa propriedade sintática, e portanto não se colocam na mesma classe de branco.
Como veremos, a condição de que os membros de um paradigma pertençam à mesma classe de palavras ainda nos poderá trazer problemas, se quisermos realmente respeitar a distribuição tradicional das palavras em paradigmas. Por ora, vamos adotá-la e ver quais são as conseqüências imediatas.
Agora já podemos incluir em um paradigma único formas como correm, corremos, corria, correrei (que recebem tradicionalmente o nome coletivo de "verbo correr", isto é, o paradigma de correr); ficam excluídas desse paradigma formas corno corrida ou corridinha, que por sua vez integram um outro paradigma. A justificação é que, além de terem um morfema em comum, correm, corremos etc. pertencem à mesma classe ("verbos"); o mesmo se passa com corrida, corridinha, que são "substantivos".
No entanto, a definição ainda não se pode considerar completa, porque nada nos impede de colocar falei e comprei em um mesmo paradigma. A tradição não autorizaria dizer que falei e comprei são formas da mesma palavra; vamos aceitar como correta essa posição, pelo menos para efeitos da presente discussão. Assim, concluiremos que ainda falta alguma coisa na definição de "paradigma".
Talvez seja indicado incluir a condição de que os membros de um paradigma só possam diferir quanto a seus morfemas flexionais; os morfemas não-flexionais (radicais e morfemas derivacionais) são comuns a todos os membros de um paradigma. Isso nos possibilita separar falei e comprei em paradigmas distintos (pois diferem quanto ao radical); faremos o mesmo com fazer, refazer e desfazer (pois diferem quanto a morfemas derivacionais). Dessa maneira, para capturar as distribuições tradicionalmente feitas, definiremos "paradigma" do seguinte modo (conforme veremos, a definição ainda terá de ser melhorada):
(18) Paradigma é um conjunto de palavras que pertencem à mesma classe e que diferem apenas quanto a morfemas flexionais.
Essa definição, é claro, depende de podermos distinguir claramente morfemas flexionais de morfemas não-flexionais (em especial, de morfemas derivacionais), o que pode não ser muito fácil. Aronoff comenta que a distinção entre fenômenos derivacionais e flexionais
"é delicada, e às vezes fugidia, mas não obstante importante'. (ARONOFF, 1976, p. 2.)
Não conheço definição inteiramente satisfatória de derivação e flexão (ver proposta de NIDA, 1949, com crítica, no trecho citado de Aronoff). Mas é possível, desde já, atingir uma conceituação aproximada que poderá ser útil. Vou discutir brevemente este ponto, importante para nós, porque dele depende uma noção clara de "paradigma".
Aronoff parece considerar como uma característica básica da flexão, frente à derivação, a regularidade de ocorrência das diversas formas comparáveis. Assim, parece-me, ele chamaria de flexional uma variação como correm, corro, corremos, correndo, correr porque para praticamente todas as formas que terminam com o morfema -r 'infinitivo' existem outras formas com os morfemas (ou seqüências de morfemas, pouco importa) -m, -o, -mos,-ndo. Podemos acrescentar que a esse paralelismo formal corresponde um paralelismo semântico bem claro. Já no caso de fazer e desfazer não encontramos essa regularidade; existe atar e desatar, montar e desmontar, mas não existe forma com des- para riscar (o antônimo é apagar), acender (usa-se novamente apagar), abrir (fechar) etc. É a regularidade básica da flexão que nos autoriza a falar de "supletivismo" nos raros casos excepcionais, como ser, fui, considerado paralelo a cantar, cantei, apesar da diferença entre as duas formas. Admitimos, a priori, que todo verbo precisa ter um pretérito perfeito, mas nem todo verbo precisa ter uma forma antônima em des-; daí não dizermos que apagar é forma supletiva do antônimo de acender (substituindo um inexistente desacender).
Esse critério de distinção entre flexão e derivação não é tão nítido quanto desejaríamos, e parece mais uma questão de grau: depende, em última análise, da quantidade de exceções em cada caso. Mas é o que temos à mão no momento, e o que vou adotar (não lançarei sobre Aronoff a responsabilidade da interpretação acima, que não está explícita em seu trabalho). O critério basta para decidir a maior parte dos casos, e vou, portanto, mantê-lo como o que melhor exprime o uso implícito dessa noção por parte dos autores.
Podemos agora retomar a definição (18), para tentar aperfeiçoá-la. Conforme nos lembramos, (18) estabelece duas condições para que duas ou mais palavras integrem um mesmo paradigma: pertencerem à mesma classe e serem idênticas no que diz respeito aos morfemas não-flexionais (mesmo radical, mesmos morfemas derivacionais). Ou seja, ficam definidas quatro possibilidades de relação entre as palavras, a saber:
A: mesma classe, identidade de morfemas não-flexionais;
B: classes diferentes, diferença de morfemas não-flexionais;
C: mesma classe, diferença de morfemas não-flexionais;
D: classes diferentes, identidade de morfemas não flexionais.
Para cada uma dessas possibilidades, examinaremos um exemplo, a fim de apurar como funciona o agrupa mento tradicional, e verificar se essas duas condições são suficientes, e se são ambas necessárias para caracterizar a noção de "paradigma", tal como utilizada implicitamente na GT.
A possibilidade A é exemplificada, por exemplo, pelas palavras branco e branca: ambas são adjetivos, e sua única diferença reside nos morfemas flexionais -o/-a. Sabemos que a GT coloca essas duas palavras no mesmo paradigma (ou, o que sabemos ser equivalente, considera-as duas formas da mesma palavra). A possibilidade B se verifica com o par branco/brancura: pertencem a classes diferentes, e além disso diferem quanto ao morfema derivacional -ur(a). A solução tradicional é colocar as palavras em paradigmas diferentes: brancura não é chamada de uma outra forma da palavra branco. Observamos a possibilidade C no par fazer/desfazer: pertencem ambas à classe dos verbos, mas diferem quanto ao morfema derivacional des-. A GT os separa em paradigmas distintos.
Até agora, portanto, parece que a exigência é de que duas palavras precisam satisfazer ambas as condições especificadas em (18) para que possam ser colocadas no mesmo paradigma. Mas a possibilidade D desmente isso. Na verdade, é difícil encontrar pares de palavras que sejam idênticas quanto a seus morfemas não-flexionais (isto é, que só tenham diferenças flexionais) e que não pertençam à mesma classe. Mas esses casos existem, e, quando ocorrem, a GT coloca as palavras em questão no mesmo paradigma, ao contrário do que seria de esperar.
É o caso das formas "nominais" do verbo, como os infinitivos, por exemplo. Essas formas se relacionam de maneira regular com os verbos; para cada corro existe um correr etc. Entretanto, há muitas razões para se acreditar que os infinitivos não são, sintaticamente, da classe dos verbos. Seu comportamento gramatical é predominantemente nominal, o que é aliás geralmente reconhecido na GT. Celso Cunha, que define, como vimos, o verbo como incluindo "representação no tempo", afirma do infinitivo (e das outras formas nominais) que:
"identificam-se pelo fato de não poderem exprimir por si nem o tempo nem o modo". (CUNHA, 1975, p. 456.)
Dessa maneira, é provável que os infinitivos não devam ser colocados na classe dos "verbos", que inclui as formas não-nominais. Mas a regularidade de sua relação com essas formas faz com que a diferença deva ser considerada como de flexão, e não de derivação. Em conseqüência, temos aqui a situação descrita em D: corro e correr são idênticos quanto aos morfemas não-flexionais, mas pertencem a classes diferentes. E nesse caso, conforme sabemos, a GT os coloca no mesmo paradigma: corro e correr são considerados formas da mesma palavra. Esse critério, se aplicado consistentemente, significa que a explicitação do uso tradicional da noção de "paradigma" não deve conter a condição de que as palavras interessadas pertençam à mesma classe. A definição se reduz a:
(19) Paradigma é um conjunto de palavras que diferem apenas quanto a morfemas flexionais.
Sabemos que a distinção entre morfemas flexionais e não-flexionais depende da regularidade da associação dos afixos com os radicais. Temos aqui um ponto que deverá ser mais cuidadosamente investigado: Como definiremos essa regularidade? Como trataremos casos como ser/fui, onde a correspondência morfológica é regular, mas a representação fonológica não é? Muitas questões importantes como essa terão de ficar à espera de investigação futura.
Resta um ponto a esclarecer. A nomenclatura tradicional, como vimos, não costuma falar de paradigmas, mas de palavras; isto é, corro, correr e corríamos não são chamados membros de um paradigma único, mas "formas da mesma palavra". A razão por que não adoto essa nomenclatura, preferindo referir-me a corro e correr como duas palavras distintas, é que, se definirmos como "uma palavra" uma entidade como o "verbo correr" da GT, essa entidade será sintaticamente incoerente. Seremos obrigados a dizer que uma palavra pode ter comportamento sintático diverso (e, conseqüentemente, pertencer a mais de uma classe) segundo a sua flexão: um infinitivo não se pode classificar da mesma forma que um presente do indicativo. Isso ocorre porque a noção de "paradigma" é morfológica, e não sintática. Acho que essa posição leva a situações con fusas, e, portanto, opto por utilizar o termo "palavra" no sentido restrito que considera corro uma palavra e correr outra palavra distinta.
Por último, pode-se perguntar qual é, exatamente, a utilidade da noção de "paradigma" na descrição gramatical. Essa noção, antes de mais nada, permite a formulação de definições morfológicas como a de que o verbo é a palavra que "varia em pessoa, tempo" etc. — ou seja, o verbo é a palavra que pertence a um paradigma cujos membros diferem quanto a essas categorias. Já mencionei acima a conveniência de tais definições. Por outro lado, os paradigmas possibilitam a apresentação compacta de grupos de palavras flexionalmente relacionadas, como por exemplo os paradigmas verbais, o que é vantajoso do ponto de vista didático. Finalmente, parece-me que os paradigmas terão importância quando da descrição da estrutura semântica da língua, pois o relacionamento semântico entre os membros de um paradigma é sistemático.
Classes e funções
Passemos agora ao terceiro dos três problemas básicos a serem discutidos, o da distinção entre "classe" e "função".
A GT faz uso de certo número de noções, nunca explicitadas; conseqüentemente, faz muitas vezes um uso incoerente dessas noções, ou deixa de aproveitar as vantagens práticas e teóricas de sua existência. É esse o caso, acredito, das duas importantes noções de "classe" e "função". Embora ambas façam parte da parafernália teórica da GT, a distinção entre elas é pouco satisfatória.
A noção de "classe" encontra-se reconhecida, ainda que não bem definida, nas gramáticas, mas seu uso é pouco sistemático. Admite-se sempre a necessidade de classificar as palavras, e a doutrina fornece nomes para essas classes ("verbos", "advérbios", "pronomes" etc.). Além dessas classes, existem outras, que não são explicitamente reconhecidas como tais, mas que também recebem nomes: termos como "oração", "frase", "oração subordinada" se referem na verdade a classes de formas, ou a suas sub- classes. E, como quaisquer outras classes, podem ser definidas pela sua distribuição sintática, sua estrutura interna, ou (com as limitações que conhecemos) suas propriedades semânticas.
No entanto, nem todas as classes são explicitadas. Vejamos o caso de uma classe extremamente freqüente e importante, mas que não é em geral reconhecida pela GT (salvo raras exceções): a dos sintagmas nominais. Por que seria importante incluir explicitamente essa classe na gramática?
Formas como as exemplificadas abaixo:
(20) Carminha
a Carminha
aquela moça do terceiro andar
uma funcionária da Universidade que eu conhecia
apesar de suas grandes diferenças estruturais, têm em comum traços sintáticos muito importantes: por exemplo, todas elas podem ser sujeito de uma oração; todas podem ser objeto direto; todas podem vir precedidas de preposição, em funções tais como adjunto adnominal ou objeto indireto. Por outro lado, nenhuma dessas formas pode ser o núcleo de um predicado verbal, nem aparecer coordenada com a conjunção e mais um adjetivo. Em outras palavras, as quatro formas de (20) têm comportamento sintático semelhante. Ora, uma das funções essenciais das classes de formas (por exemplo, das classes de palavras) é justamente permitir a descrição compacta do comportamento sintático das formas. As quatro formas de (20) deveriam, pois, ser colocadas em uma classe, o que a GT não faz; não existe sequer um termo tradicional para essa classe. Aqui utilizaremos "sintagma nominal", designação consagrada em Lingüística.
A inexistência de um termo para designar comodamente o sintagma nominal (ou melhor, a inexistência de uma noção clara de sintagma nominal) obriga as gramáticas a descreverem o comportamento sintático dessa classe de maneira desnecessariamente complicada e sem unidade em outras palavras, de maneira não-sistemática. Assim, Cunha (1975) diz que um sujeito pode ter como núcleo: um pronome pessoal; um substantivo; um pronome demonstrativo; um pronome relativo; um pronome interrogativo; um pronome indefinido; um numeral; uma palavra ou expressão substantivada; uma oração substantiva; mais de um substantivo; mais de um pronome; mais de um numeral; mais de uma palavra ou expressão substantivada; mais de uma oração substantiva; ou "outras combinações" — ao todo, quinze possibilidades de sujeitos claros (Ou mais, já que algumas possibilidades estão abreviadas). Essa forma de descrever os fatos, além de seu caráter obviamente pouco compacto, apresenta dois defeitos graves: primeiro, deixa de explicitar a estrutura propriamente dita dos sujeitos, dando apenas a lista dos possíveis núcleos do sujeito. Assim, Carminha, a Carminha ou aquela moça do 3.° andar caem no mesmo caso, pois em todos os exemplos o núcleo é um substantivo.
O segundo defeito, mais grave, desse tipo de descrição é que ele nos obrigará a repetir a mesma lista de quinze possibilidades quando formos explicitar quais são os possíveis núcleos de um objeto direto, ou de um objeto indireto, ou de um adjunto adnominal. Como se vê, estamos deixando escapar uma generalização importante da língua; estamos tratando como simples coincidência um fato estrutural de importância, a saber, o de que a mesma classe de formas (o sintagma nominal) pode aparecer em todas essas funções sintáticas.
Estabelecendo o sintagma nominal como uma classe de formas, poderemos solucionar essas deficiências de modo bastante simples. A estrutura interna do sintagma nominal será definida uma só vez na gramática: o sintagma nominal se compõe de um substantivo, ou de artigo seguido de substantivo, ou de pronome pessoal etc. (a composição do sintagma nominal é bem complexa). A partir daí, diremos que o sujeito é sempre composto de um sintagma nominal; o mesmo afirmaremos do objeto direto; o objeto indireto se compõe de preposição mais sintagma nominal (excetuados os casos de clíticos como lhe, que precisarão ser tratados à parte, dado seu comportamento sintático peculiar). Trata-se, simplesmente, de estender sistematicamente às seqüências de palavras o tratamento que se dá às palavras individuais. Não costumamos dizer que as palavras correr, dizer, mandar, ir e mais outras milhares variam em pessoa, mas antes que o verbo varia em pessoa; igualmente, diremos que um sintagma nominal pode ser sujeito — e não que um substantivo, uma seqüência de artigo mais substantivo, um pronome pessoal etc. podem ser sujeitos. E também com isso capturaremos na gramática o fato de que as formas que podem desempenhar a função de sujeito são as mesmas que podem desempenhar a de objeto direto.
Esse exemplo pode ser útil para deixar clara a distinção entre "função" e "classe". "Sujeito" é uma função, isto é, um dos aspectos da organização formal da oração. Uma função sintática se define através de relações sintagmáticas entre os diversos termos da oração: ordem das palavras, concordância, regência etc. Assim, a função de sujeito se caracteriza por certas posições na oração, e por estar em relação de concordância de pessoa e número com o verbo.
A partir da função de sujeito poderíamos definir uma classe de formas: pertenceriam a essa classe todas as formas que pudessem ter a função de sujeito. Mas imediatamente se apresenta outro fato importante: a classe das formas que podem ser sujeitos é idêntica à das formas que podem ser objetos diretos; precedidas de preposição, essas mesmas formas podem ser adjuntos adnominais etc. Ou seja, a classe não se identifica com a função, nem tem uma vinculação biunívoca com ela: uma classe se define pela relação paradigmática entre as diversas formas que podem desempenhar uma (ou várias) funções. Diremos, então, que existe a classe dos "sintagmas nominais", e que um sintagma nominal pode desempenhar várias funções sintáticas.
É necessário distinguir "classe" de "função" não apenas para possibilitar uma descrição clara do fato de que várias funções podem ser desempenhadas por uma só classe, mas também porque essas duas noções são distintas em princípio, e exprimem aspectos muito diferentes do fenômeno lingüístico. Uma classe é um conjunto (não necessariamente finito) de formas lingüísticas; uma função é um princípio organizacional da linguagem. Assim, quando digo que uma forma qualquer é um sujeito, não a estou colocando em uma classe (ainda que sua classe possa ser inferida do fato de ela ser sujeito), mas estou antes afirmando que, naquela sentença, a forma preenche um dos lugares que devem ser preenchidos para que se tenha uma sentença gramatical da língua.
Colocadas as coisas dessa maneira, verifica-se que a nomenclatura tradicional é especialmente deficiente no que diz respeito a nomes de classes; correspondentemente, muitas classes não são devidamente reconhecidas na gramática. A única preocupação consistente que encontramos na GT é a de classificar as palavras, de modo que nenhuma fique isolada (ainda que seja posta entre as "de difícil classificação"...). Mas essa preocupação não se estende às seqüências de duas ou mais palavras. Isso faz com que se percam generalizações como as que vimos acima para o caso do sintagma nominal.
Pode-se multiplicar a exemplificação de casos de classes importantes gramaticalmente, mas não reconhecidas na GT; por falta de espaço, não poderemos prosseguir no exame de tais casos, além do já visto do sintagma nominal. Mas certamente isso terá de ser feito quando da elaboração da nova gramática portuguesa. Aqui nos limitaremos a algumas considerações finais.
Ao se considerar uma dada estrutura, é necessário não apenas perguntar qual é a função de cada constituinte, mas ainda a que classe pertence cada constituinte. Não é o bastante saber, por exemplo, que as orações em português podem ter sujeito; é preciso saber também que essa função é ocupada por uma classe particular de formas (sintagmas nominais), e que essa mesma classe pode ocupar outras funções (objeto direto etc.). A classificação das palavras é apenas um caso particular da classificação das formas sintáticas, e desprezar esse fato equivale a deixar de exprimir muitas generalizações importantes sobre a estrutura da língua.

4 As bases da nova gramática

Problemas da descrição semântica

Até o momento, a ênfase da discussão tem incidido sobre uma crítica às posições tradicionais e sobre a tentativa de explicitar alguns de seus pressupostos. Vamos agora passar a considerar algumas questões (relacionadas ou não com as questões já discutidas) na perspectiva da construção da nova gramática Tentarei dar, nas seções que se seguem, em uma série de "quadros", uma proposta para uma gramática mais adequada do português. Se a imagem aqui mostrada parecer muito preliminar e fragmentária, isso significa apenas que há muito o que fazer neste campo. Uma estagnação de várias décadas não se vence em pouco tempo, nem com pouco esforço; aqui vou tentar, no máxi mo, definir alguns problemas e apontar caminhos. A seleção de temas é algo arbitrária: escolhi aqueles nos quais já me detive, e sobre os quais tenho mais a dizer. Restam grandes áreas a investigar, mesmo no que concerne aos fundamentos da nova linguagem gramatical; fica aqui, novamente, o convite à pesquisa.
Já dei anteriormente minha opinião sobre o papel da descrição semântica em uma gramática. Na ocasião, afirmei que a descrição semântica é importante e altamente interessante, mas apresenta uma série de dificuldades, oriundas em última análise da ignorância relativa em que nos encontramos dos fenômenos semânticos em geral (digo "ignorância relativa" considerando a comparação com a sintaxe, a fonologia etc.). No que se segue, entrarei em alguns pormenores, a fim de esclarecer melhor a natureza e as dimensões do problema.
Semântica e pragmática
Um dos problemas que se colocam para qualquer estudo que leve em conta o significado das formas lingüísticas é que não é claro se essas formas realmente possuem um significado independente do contexto situacional em que são utilizadas.
Em muitos casos esse problema não é imediatamente evidente. Tomemos uma configuração formal determinada: as sentenças que se caracterizam, na escrita, pela presença de um ponto de interrogação e pela ausência de palavra interrogativa como quem, onde, quando etc. Chamarei a essas sentenças "interrogativas sim/não", para distingui-las das "interrogativas Q", que se iniciam por palavra interrogativa. Tenhamos em mente sempre que o termo "interrogativa" designa uma configuração formal, e não um tipo de interpretação semântica; ou seja, é um termo exclusivamente sintático.
Em muitos casos a interrogativa sim/não se interpreta inequivocamente como contendo o ingrediente semântico "solicitação de valor de verdade". Um exemplo é a frase:
(21) você sabe falar javanês?
Essa frase é (praticamente) sempre entendida como equivalente a "Diga-me se a afirmação 'você sabe falar javanês' é verdadeira ou falsa"; por isso disse eu acima que (21) contém o ingrediente "solicitação de valor de verdade" (abreviadamente, SVV) em sua interpretação semântica. Somos tentados, então, a afirmar que a configuração formal exemplificada em (21), isto é, a interrogativa sim/não, só pode ser interpretada como SVV. Essa crença se encontra em geral nas gramáticas. (Ver, por exemplo, QUIRK et al., 1972, p. 387; CUNHA, 1975, p. 178-9.)
No entanto, no caso das interrogativas sim/não, como em muitos outros, a relação entre forma e significado é complexa. Vejamos outra frase, à primeira vista idêntica a (21) no que nos interessa:
(22) você sabe onde fica a Praça 7?
Poderíamos analisar (22) de maneira semelhante a (21), e chegaríamos à conclusão de que (22) é também uma SVV: o falante pede ao interlocutor que lhe diga se sabe ou não onde é a Praça 7. Nesse caso, uma boa resposta para (22) seria sim, que aliás é uma boa resposta para (21). Mas isso obscurece um fato importante, aplicável a (22) mas não a (21) — ou, pelo menos, muito mais dificilmente aplicável a (21) — a sentença (22), pode ser utilizada, sem nenhuma modificação formal, para solicitar de alguém que nos diga onde é a Praça 7. Nessa acepção, que é provavelmente a mais natural para (22), a interpretação semântica não contém o ingrediente SVV; conseqüentemente, uma resposta sim já não bastaria. Uma boa resposta poderia ser, por exemplo: "Siga em frente mais dois quarteirões".
Parece, pois, que temos duas "camadas" de significado: o significado "literal" (segundo o qual (21) e (22) são paralelas, tendo ambas a acepção SVV), que não de pende da situação concreta em que a frase é enunciada; e o significado "final", que depende, para sua depreensão, não apenas da análise da expressão lingüística, mas ainda de se levarem em conta fatores extralingüísticos, tais como a situação de comunicação. Por exemplo, a frase (22), dita por uma pessoa que aborda um estranho na rua, dificilmente seria interpretada como SVV. Mas se fosse dita por alguém que está mandando um empregado ir à cidade fazer um serviço qualquer, já poderia ser interpretada como SVV, e respondida de acordo.
O problema está em que não é claro se realmente há significados literais independentes do contexto. Há duas maneiras de encarar a relação entre o significado literal e o significado final de uma sentença: (a) podemos admitir que o significado literal é básico, e que o significado final é computado a partir do literal, mais certos traços do contexto extralingüístico. Ou então: (b) podemos negar a existência de significados literais em oposição a finais, isto é, negar que uma expressão lingüística possa ter significado próprio independentemente do contexto. Segundo esta última posição, toda e qualquer interpretação de uma sentença teria necessariamente de levar em conta o contexto extralingüístico; e, além do mais, o processo de interpretação não incluiria um estágio intermediário que consistiria em computar o significado literal a partir da expressão lingüística "pura".
Para os defensores desta segunda teoria, uma frase como (22), dita na situação em que se solicita informação sobre onde fica a Praça 7, não tem, em nível nenhum de análise, um significado literal diferente do significado final observado; em nenhum nível de análise a interpretação de (22), enunciada naquela situação, teria um ingrediente SVV. Já os defensores da teoria (a) sustentariam que, mesmo enunciada na situação descrita, (22) teria um significado básico de SVV; este seria modificado pela ação de traços do contexto, de maneira a tornar-se um pedido de informação sobre a localização da praça.
Muito embora essa seja uma questão extremamente controversa, não existindo (em minha opinião) uma solução satisfatória, teremos de nos definir por uma das posições, ainda que provisoriamente, meramente como uma hipótese de trabalho: temos uma tarefa a executar, e infelizmente não podemos ir resolvendo todos os grandes problemas teóricos que se apresentam em nosso caminho. Vou optar pela teoria (a), ou seja, admitirei a existência de significados literais, que podem diferir dos significados finais das sentenças. Isso não implica, é claro, negar a relevância do contexto para descrever a interpretação final das expressões lingüísticas; mas autoriza-nos a falar de significado (em certo nível) independentemente do contexto extralingüístico. Essa posição, creio, facilita o trabalho, considerando-se o nível de detalhamento a que precisa chegar uma gramática pedagógica. E, como veremos abaixo, existe alguma motivação adicional para essa decisão, embora seja apenas circunstancial, e não conclusiva.
O estudo do significado literal é geralmente chamado "semântica"; o estudo dos fatores que modificam esse significado literal (para aqueles que colocam assim a questão) é colocado na "pragmática". Desse modo, o dilema que vimos acima, de escolha entre a teoria (a) e a (b), é usualmente formulado em termos de existência ou não de distinção teórica entre a semântica e a pragmática.
Não existe critério universalmente aceito para distinguir pragmática de semântica; e nenhum dos critérios correntes é realmente preciso. Na necessidade de basear-me em alguma coisa, vou ater-me a uma definição que corresponde aproximadamente à idéia implícita que muitos lingüistas têm dessa distinção (pelo menos quando não estão tentando explicitá-la). Segundo essa definição, a semântica seria o estudo do significado das formas lingüísticas "maximamente descontextualizadas", e a pragmática, o estudo do significado das formas lingüísticas "quando enunciadas em classes particulares de contextos" (citações de LYONS,1977, p. 591).
Essa definição tem seus inconvenientes, O mais sério é o fato de lançar mão da noção de forma lingüística "maximamente descontextualizada". Conforme aponta o próprio Lyons,
"não se pode passar das sentenças às proposições expressas por elas (. .) sem levar em conta certos traços contextuais". ( ibid.)
Isto é, a descontextualização total não é possível,, daí sermos obrigados a falar em descontextualização máxima (o que implica graus de descontextualização).
Já vimos que há dúvidas sobre se se pode realmente ter acesso a uma forma lingüística descontextualizada; por definição, toda forma lingüística é enunciada em um contexto. Assim, é melhor encarar a descontextualização não como uma situação absoluta em que se possam encontrar as expressões, mas antes como um eixo cujas extremidades podem ser aproximadas, nunca atingidas. Para esclarecer melhor o que quero dizer, vejamos uma sentença apresentada por escrito, sem contexto lingüístico precedente:
(23) a porta está aberta
Nessa situação, a sentença será interpretada como uma asserção sobre o estado da porta. Compare-se a enunciação da mesma sentença dirigida a alguém que aparece na porta do meu gabinete, parando ali como que hesitando se deve entrar. Nesse contexto, (23) será certa mente interpretada como um convite a entrar, e não como asserção quanto ao estado da porta. Diríamos, então, que (23) está menos contextualizada no primeiro caso do que no segundo.
Podem-se formular perguntas muito embaraçosas quanto a esse método intuitivo de apurar o sentido descontextualizado (literal) das formas lingüísticas. Como sabemos que o primeiro contexto (apresentação por escrito) é verdadeiramente menos contextualizado do que o segundo? Não vejo modo de resolver satisfatoriamente esse problema; no máximo, posso dar alguma evidência (como disse, circunstancial) de que a posição adotada aqui é correta: talvez os falantes tenham algum acesso intuitivo ao significado literal das formas lingüísticas. A própria existência do termo tradicional "sentido figurado" pode ser tomada como evidência disso. Freqüentemente as pessoas concordam quanto ao status figurado ou não de determinada forma em determinado contexto; não devemos afastar a priori a possibilidade de que tenham algum meio de acesso à acepção literal dessas formas. Por outro lado, não é impossível que interfira aí a instrução gramatical escolar, o que de certo modo viciaria o argumento. Entre tanto, na falta de coisa melhor, podemos admitir que há uma possibilidade limitada de se aferir intuitivamente o grau de contextualização — e, daí, o sentido literal — das formas lingüísticas.
Outra se pensar em um tratamento separado da semântica e da pragmática é a existência de traços de significado que independem do contexto extralingüístico para sua depreensão segura. Por exemplo, as afirmações abaixo são válidas em virtude exclusivamente das formas lingüísticas mencionadas, sem consideração da situação:
(a) O objeto direto nunca se refere ao agente de uma ação.
(b) O adjetivo modifica o significado do substantivo que se constrói com ele no mesmo sintagma.
(c) Os sintagmas nominais, e só os sintagmas nomi nais, podem ser utilizados para denotar entidades específicas do mundo real.
(d) Um sintagma nominal que seja sujeito de um verbo no futuro do pretérito pode ser interpretado como não se referindo a uma entidade real, mas apenas a uma entidade hipotética cuja existência não é pressuposta. Assim, em:
(24) uma pitanga doce me surpreenderia não há pressuposição nenhuma de que pitangas doces realmente existam. Mas, se o verbo estiver no pretérito perfeito, esse tipo de interpretação torna-se impossível:
(25) uma pitanga doce me surpreendeu
Esta frase engloba necessariamente o pressuposto de que pitangas doces existem no mundo real.
Como essas, há muitas outras afirmações relativas ao significado que não dependem do contexto. Evidentemente, esse fato não é suficiente em si para autorizar uma sepa ração teórica entre semântica e pragmática. Essa separação depende de ser ou não possível distinguir um nível em que as sentenças completas possam ser interpretadas sem referência ao contexto; e nos exemplos acima só lidamos com traços isolados de significado. Mas, pelo menos, já não se pode dizer que não seja possível em absoluto atacar o problema do significado com referência exclusiva às formas lingUísticas.
A questão não fica resolvida com isso; nem há, que eu saiba, argumentos conclusivos em favor de uma das opiniões em conflito. Como já dei a entender anteriormente, a separação entre pragmática e semântica simplifica o trabalho de elaboração da gramática, pois dispensa a con sideração do contexto extralingüístico (com toda a sua complexidade, ainda não capturada em nenhuma teoria) na descrição do significado. Isso significa, claro, que parte do significado final das formas lingüísticas ficará sem ser descrita, ou só será descrita informal e incompletamente — preço que pagaremos, já que é forçoso assumir uma posição, e não há à vista alternativa mais atraente. Teremos, pelo menos, a vantagem, sobre os estudos tradicionais, de estarmos cônscios da fragilidade dos fundamentos da nossa posição.
A descrição do significado na gramática
Partindo, pois, da definição de semântica como o estudo do significado das expressões lingüísticas maximamente descontextualizadas, e da pragmática como o estudo do seu significado em contexto, a primeira pergunta a ser feita é: Até que ponto poderemos prescindir de informação pragmática na redação da gramática?
A resposta dependerá da seleção que fizermos dos temas a serem descritos. Seria possível selecionar um conjunto de temas tal que mesmo a semântica stricto sensu acabasse sendo excluída da gramática. Mas isso não seria indicado, por mais de uma razão. Primeiro, seria desejável cobrir, na medida do possível, o mesmo conjunto de assuntos tradicionalmente abordado pelas gramáticas tradicionais; essa decisão é, quando nada, boa política, pois facilita a comparação entre a GT e a nova proposta. Depois, o estudo do significado é em si suficientemente importante e interessante para merecer atenção, ainda que à custa de incertezas e falta de precisão. Assim, sou de opinião que se deve incluir, de alguma forma, o estudo do significado em uma gramática pedagógica.
Antes, porém, de tratar da seleção dos tópicos a serem incluídos (o que não é objetivo do presente texto), pode ser interessante fazer um levantamento sumário dos tipos de informação referentes ao significado que aparecem usualmente nas gramáticas. Com esse inventário, apuraremos até que ponto problemas de ordem pragmática são tradicionalmente incluídos nas gramáticas.
Examinando algumas gramáticas, verifica-se que as afirmações relativas ao significado são de muitos tipos diferentes. Assim, encontramos os seguintes tipos de afirmações:
(a) Denotação
(Isto é, afirmações acerca do sentido ou da referência de elementos gramaticais ou léxicos.) Por exemplo:
"Substantivos nomeiam seres."
"O sujeito indeterminado não se refere a uma pessoa determinada, por se desconhecer quem executa a ação ou por não se querer nomeá-lo."
"Verbos denotam ações."
Esse tipo de afirmação, por descrever fenômenos in dependentes do contexto, é geralmente incluído na semântica.
(b) Funções temáticas (segundo a terminologia de Gruber, 1965, e Jackendoff, 1972).
(Trata-se de afirmações referentes às relações semânticas entre os diversos constituintes da sentença ou do sintagma.) Exemplos:
"O sujeito pode ser agente, paciente. .
"O adjetivo qualifica o substantivo."
Aqui, novamente, temos afirmações independentes do contexto, pelo que se incluem na semântica.
(c) Dêixis
Exemplos:
"Este indica aquele que está perto de quem fala."
"Os pronomes se referem às pessoas do discurso."
"O presente do indicativo enuncia um fato que ocorre no momento em que se fala."
Aqui já temos que considerar fenômenos pragmáticos, segundo nossa definição. Com efeito, o significado (mais precisamente, a referência) de um elemento dêitico não pode ser depreendido ou estudado independentemente do contexto em que ocorre. Eu se refere a Maria ou a João, segundo quem fale no momento.
(d) Força ilocucionária
(Ou seja, afirmações que distinguem perguntas, declarações, ordens, exclamações etc.) Exemplos:
"O vocativo serve para invocar, chamar."
"As interrogativas se usam para expressar falta de informação sobre um assunto específico, e para pedir ao ouvinte que forneça verbalmente essa informação."
Nada obstaria, em princípio, a que a força ilocucionária fosse considerada um traço semântico das formas lingüísticas, associado a essas formas sem dependência do contexto. Por exemplo, se a segunda afirmação acima fosse verdadeira, isto é, se toda e qualquer sentença interroga tiva (terminada em "?") tivesse a força ilocucionária de "pedido de informação verbal", poderíamos dizer que esse é um traço de significado inerente àquela estrutura, independentemente do contexto em que possa ocorrer. O caso da força ilocucionária é, como se vê, diferente do da dêixis, que, por sua própria natureza, não pode ser interpretada sem o contexto.
No entanto, observa-se que a força ilocucionária é mais freqüentemente depreendida a partir da forma lingüística mais o contexto do que a partir da forma lingüística pura. Em outras palavras, na maioria dos casos o papel do contexto é crucial para que se perceba a força ilocucionária de um enunciado.
Assim, uma frase como:
(26) você gosta de caramelo?
será interpretada como um pedido de informação sobre os gostos do interlocutor, ou então como uma oferta de caramelos, conforme o contexto em que apareça.
Assim, para nossos objetivos, é melhor estabelecer que, embora a força ilocucionária seja talvez um traço basicamente semântico, não é possível estudá-lo na prática sem considerações de ordem pragmática.
(e) Tratamento
(É o caso de formas cujo uso adequado depende do reconhecimento de relações sociais entre os interlocutores.)
Exemplo:
"Você é forma de intimidade; o senhor é forma de respeito e cortesia."
A referência desses pronomes, propriamente dita, é sem dúvida um problema de pragmática (dêixis): podemos repetir o que dissemos acima sobre o pronome eu: você será Maria ou João, dependendo de quem é o ouvinte. Mas que dizer do fato de que você seja familiar, o senhor, formal? Essa informação está codificada nas próprias formas lingüísticas em questão; creio que se pode considerar um tipo de denotação, a ser classificado como fenômeno semântico.2
(f) Status funcional
(Trataremos desses casos, com vagar, mais adiante; por ora, basta notar que um dos status funcionais é o de tópico de uma sentença, ou seja, o elemento sobre o qual se faz uma declaração.) Exemplo:
"Sujeito é o termo sobre o qual se faz uma declaração."
Creio que aqui não temos nem estritamente semântica nem estritamente pragmática. Trata-se do componente a que Chafe (1976) chamou "embalagem" (packaging), e os lingüistas da escola de Praga, perspectiva funcional.
Até onde pude verificar, essas seis categorias cobrem todas as afirmações referentes ao significado encontradas na GT. Como se vê, é um grupo bastante heterogêneo, mas as afirmações semânticas predominam. Se nos limitarmos à seleção tradicional de tópicos, poderemos restringir a consideração do contexto ao caso da dêixis (onde o papel do contexto é relativamente claro e delimitado) e ao da força ilocucionária que, ainda assim, parece admitir um tratamento parcial em bases semânticas. Quanto ao status funcional, creio que vale a pena incluí-lo na descrição; para maiores detalhes, ver a subseção seguinte.
Que se pode concluir dessas observações? Pelo menos alguns pontos estão razoavelmente claros. A descrição dos aspectos ligados ao significado a ser incluída na gramática poderá ser discriminada em três categorias: (a) os aspectos semânticos stricto sensu serão descritos em termos de propriedades semânticas de estruturas lingüísticas. (b) Os aspectos pragmáticos serão descritos em termos de interpretações semânticas, mais traços do contexto situacional, e se restringirão a certas áreas, notadamente a dêixis e a força ilocucionária. (c) Finalmente, os aspectos ligados ao status funcional serão descritos em termos de análise do discurso. O resultado final, é claro, será um tanto heterogêneo em grau de precisão, exaustividade e mesmo clareza. Não ve necessariamente um problema: uma gramática moderna não pode deixar de refletir o estado da lingüística moderna.
Traços discursivos na descrição gramatical
Vamos examinar nesta subseção o problema da inclusão de traços da análise do discurso na descrição gramatical (entendendo-se por "análise do discurso" qualquer estudo da organização da expressão lingüística além do nível do período).
A GT geralmente não pretende considerar fenômenos ligados à organização do discurso, estabelecendo o período como domínio máximo da análise. Essa é sem dúvida uma opção prudente, dado o estado incipiente dos estudos da organização do discurso. Embora haja trabalhos de importância nessa área, o progresso tem sido difícil porque, ao contrário do que se dá com a sintaxe, ainda não se chegou a uma teoria coerente que possa guiar a investigação em análise do discurso. Desse modo, os resultados, ainda que muitas vezes interessantes, não chegam a estruturar-se em uma visão geral do fenômeno.
Não obstante, a gramática talvez não possa escapar totalmente de levar em conta certos aspectos da análise do discurso, importantes para a descrição de alguns processos tradicionalmente considerados gramaticais, tais como: o emprego do artigo definido frente ao indefinido; as condições de uso dos pronomes anafóricos; ou a determinação do "elemento sobre o qual se faz uma declaração". Ao considerar esses pontos, a GT se afasta de sua decisão tácita de limitar-se ao período, fazendo incursões breves e informais no domínio do discurso.
Os pontos mencionados acima se relacionam com o chamado "aspecto funcional" da linguagem; começarei, portanto, por conceituar brevemente essa noção.
Assim como a gramática se ocupa (na sintaxe) dos status formais dos sintagmas, tais como o de sujeito ou o de objeto direto, ela também deverá ocupar-se (em outro componente, separado da sintaxe e talvez da semântica) dos status funcionais como o de "tópico" ou o de "foco de contraste", que dizem respeito não propriamente à forma ou ao conteúdo da mensagem, mas à maneira pela qual o conteúdo é apresentado no discurso. Por exemplo, podemos ter duas sentenças com a mesma análise sintática (no que diz respeito às funções dos termos) e a mesma interpretação semântica stricto sensu, mas que ainda assim apresentam diferenças que podemos levar em conta em uma gramática:
(27) chove muito em Belo Horizonte
(28) em Belo Horizonte chove muito
A função sintática e a interpretação semântica de em Belo Horizonte são as mesmas em (27) e em (28). Mas certamente a posição desse sintagma nas duas sentenças, além de merecer atenção por si mesma, correlaciona-se com uma diferença de forma de apresentação da informação. Dizemos que em Belo Horizonte, na sentença (28), tem o status funcional de "tópico"; o restante da sentença se denomina habitualmente "comentário" .
Que significa exatamente dizer que determinado ele mento é o tópico de uma sentença? Tradicionalmente se empregam termos como "ênfase", "relevo", "realce", que requerem, eles próprios, uma explicação. Sem ter a pre tensão de chegar já a uma conceituação satisfatória, vou deter-me um pouco no problema da definição de "tópico".
Examinamos, na seção 1, uma definição tradicional de sujeito que, como vimos, é inadequada:
(1) "O sujeito é o termo sobre o qual se faz uma declaração."
Embora a definição (1) não seja satisfatória para caracterizar -o habitualmente considerado na prática da analise, ela capta um aspecto real da interpretação das sentenças. É fato, em muitos casos, que a sentença veicula informação primariamente sobre um de seus termos. Assim, creio que se pode dizer que a diferença entre (27) e (28) é que em (28) a informação se apresenta basicamente sob a forma de uma afirmação acerca de Belo Horizonte, ao passo que (27) é mais neutra quanto a isso. Vejam-se tambem os exemplos seguintes
(29) Carmelita beliscou o paroco
(30) o paroco, Carmelita beliscou
(31) o sapato não está debaixo da cama
(32) debaixo da cama, o sapato não esta
Tarnbém se encontram as designações tema (="tópico") e rema (="comentário")
Nesses exemplos, a maioria das pessoas concordaria que as sentenças (30) e (32) apresentam informação pri mariamente "sobre" o pároco e "sobre" debaixo da cama; por outro lado, é claro que também há informação sobre Carmelita em (30) e sobre o sapato em (32), mas isso parece ficar um pouco na sombra. Em (30), por exemplo, é como se o falante avisasse, através da colocação de o pároco no início, que pretende falar do pároco mais do que de qualquer outra personagem.
Já nos exemplos (29) e (31) não me parece que haja um elemento tão nitidamente privilegiado; assim, (29) não é tão claramente uma afirmação "sobre" Carmelita quanto (30) é uma afirmação "sobre" o pároco. Othon Garcia parece ter intuição semelhante, quando diz
"Se, pela ordem direta, o objeto direto, o objeto indireto e o predicativo se pospõem ao verbo, basta antepô-los para que eles, por ocuparem uma posição insólita, ganhem maior relevo." (GARCIA, 1975, p. 248.)
Se chamarmos de "tópicos" os sintagmas o pároco em
(30) e debaixo da cama em (32), poderemos modificar (1) como se segue:
(33) O tópico é o termo sobre o qual se faz uma declaração.
Essa pode ser considerada uma primeira aproximação à definição de "tópico" em termos funcionais, isto é, em termos da contribuição que ele dá ao andamento do discurso.
Além da definição funcional, será preciso também procurar uma definição formal de "tópico": uma enumeração dos recursos sintáticos de que dispõe a língua para marcar determinado termo como tópico. Vimos, pelos exemplos dados, que um desses recursos é o de colocar o termo topicalizado no início da frase; isso pode ser conseguido através de uma simples transposição de ordem, como nos exemplos vistos, ou através de outros processos da língua, como a passivização. Por outro lado, sabemos que o tópico é mais nítido em (30) e (32) do que em (29) e (31). Assim, se quisermos caracterizar formalmente o tópico pela sua posição no início da sentença, teremos de admitir que seu valor funcional varia em força, sendo mais forte no caso do objeto direto do que no do sujeito, por exemplo. A passagem citada, de Garcia (1975), parece sugerir, antes, uma caracterização não em termos da posição sintática apenas, mas também em termos de desvio a partir de uma posição "normal", que corresponderia à chamada "ordem direta". Esses problemas são interessantes, mas não será possível abordá-los no presente texto.
Voltemos à definição funcional de "tópico". Em (33) temos, como vimos, uma primeira aproximação, ainda bastante vaga. A seguinte passagem deve contribuir para deixar a questão um pouco mais clara:
"O que os tópicos parecem fazer é limitar a aplicabilidade da predicação principal a um certo domínio restrito. (...) o tópicb'—estahelece uma moldura espacial, temporal ou individual dentro da qual a predicação principal é válida."
(CHAFE, 1976, p. 50.)
Um ingrediente que aparece com freqüência associado ao tópico é a contrastividade. Assim, em
(32) debaixo da cama, o sapato não está
entende-se, em geral, que debaixo da cama se opõe a outros lugares onde o sapato possa estar. No entanto, o tópico não é sempre necessariamente um foco de contraste. Por exemplo, em Belo Horizonte, em
(28) em Belo Horizonte chove muito
ainda que seja claramente tópico, não é contrastivo. Desse modo, os status de "tópico" e "foco de contraste" devem ser mantidos distintos.
A literatura lingüística distingue um bom número de status funcionais, e nem sempre oferece definições rigorosas que permitam a sua manipulação segura. Além da oposição tópico/comentário que acabamos de examinar, têm importância especial os três status seguintes:
(a) foco de contraste: o elemento mencionado dentre vários possíveis candidatos que podem estar na mente do interlocutor:
(34) foi o cachorro que sujou o tapete e não, digamos, o canário ou o gato.
(b) Definido (versus indefinido): status atribuído aos elementos que o falante supõe que possam ser identificados sem ambigüidade pelo ouvinte. Esse status é um dos fatores presentes na determinação do uso do artigo definido em oposição ao indefinido.
(c) Dado (versus novo): elemento que o falante presume que esteja ativado, no momento, na memória do interlocutor (e não simplesmente conhecido pelo interlocutor). Somente elementos dados poderiam ser retomados através de pronomes pessoais. Assim, uma frase como:
(35) ele acabou de me telefonar
só é compreensível se o ouvinte estiver com o referente de ele ativado, presente em uma espécie de "linha de frente" na sua memória; por exemplo, se (35) for dita imediatamente depois de:
(36) você se lembra do Ronaldão?
Esses diversos status não são mutuamente exclusivos; devem ser encarados, antes, como traços que em princípio podem superpor-se livremente, de tal maneira que um sintagma possa ser ao mesmo tempo tópico, foco de contraste, dado e definido, por exemplo. Há, é verdade, certas restrições às possibilidades de associação dos diversos status, mas não são suficientemente conhecidas no atual estágio da investigação.
Para uma discussão de todos esses status e de várias questões relacionadas, no contexto do português, recomendo a leitura de Liberato (1980); certos aspectos da dicotomia dado/novo e sua representação formal são desenvolvidos por Fulgêncio (1983). Evidentemente, há ainda muito o que fazer antes de atingirmos uma concepção toleravelmente clara dos status funcionais e de seu papel no andamento do discurso. É inegável, contudo, que se trata de um aspecto importante da linguagem, certamente merecedor da atenção do estudioso.
A elipse e os constituintes vazios
Deixemos agora a discussão dos fenômenos semânticos e funcionais para nos voltarmos para a questão da descrição sintática. Um dos primeiros problemas que se apresentam quando se procura planejar uma descrição coerente da sintaxe da língua é o de se se deve ou não admitir a postulação de elementos elípticos ("subentendidos") válidos para a análise gramatical.
Consideremos o período seguinte:
(37) Serafim toca flautim, e Ivone trombone
Serafim toca flautim é, evidentemente, uma oração; mas como classificar Ivone trombone? Qual é a função de Ivone? E a de trombone? Uma solução tradicional é a de "subentender" um verbo entre Ivone e trombone: uma cópia do verbo da primeira oração, toca. Desse modo, a seqüência Ivone trombone se analisa como uma oração, Ivone como sujeito e trombone como objeto direto. Essa posição tem vantagens e também perigos, conforme veremos a seguir.
Há vantagens evidentes em se considerar a seqüência Ivone trombone uma oração (ainda que "reduzida"). Vere mos essas vantagens mais adiante, mas algumas já podem ser mencionadas: (a) Essa seqüência se encontra, em (37), coordenada por meio de e a uma oração; ora, sabemos que e sempre coordena elementos (itens léxicos, sintagmas) pertencentes à mesma classe. (b) Essa seqüência recebe uma interpretação semântica típica de oração (paralela à de Serafim toca flautim). (c) Além disso, se não for uma oração, o que é que vai ser?
Mas para classificarmos essa seqüência como uma oração também teremos de enfrentar certos problemas. Se não quisermos introduzir um elemento subentendido, será preciso admitir que uma oração pode ser composta de dois sintagmas nominais justapostos, o que vai complicar a gramática. Basta dizer que será preciso estabelecer em que circunstâncias uma seqüência de dois sintagmas nominais pode ser uma oração, o que não será nada fácil.
Introduzir elementos subentendidos válidos para a análise, como o verbo toca na segunda oração de (37), só se pode fazer tomando precauções contra certas possibilidades perigosas. É preciso evitar a introdução desenfreada de elementos, ainda que estes sejam inegavelmente subentendidos. Para tomar um caso concreto, não podemos introduzir Zé morreu na análise sintática da sentença:
(38) o jegue matou Zé
Não há dúvida de que (38) deixa entendido que Zé morreu. No entanto, levar em conta essa informação para uma análise sintática (isto é, formal) nos levará ao caos.
A saída adotada por Jackendoff (1972) e pelos gerativistas atuais é permitir essa introdução em circunstâncias cuidadosamente controladas. Vamos postular que uma seqüência como (37) apresenta uma lacuna (representada aqui por "Ø") no lugar que corresponderia ao verbo da segunda oração:
(39) Serafim toca flautim, e Ivone 0 trombone
Em algum lugar da gramática haverá uma regra (ou um princípio mais geral) estabelecendo algum tipo de identidade semântica entre a lacuna e um elemento presente no restante do período e estritamente definido pela mesma regra. No caso de (37), a relação se faz entre a lacuna e o verbo da primeira oração, toca. Assim, restitui-se o significado 'toca' na segunda metade de (37), ficando expresso na gramática o fato de que Ivone trombone se interpreta de maneira paralela à de Serafim toca flautim, em (37).
A questão se coloca, então, da seguinte forma: Em que circunstâncias será permitida a introdução de elementos vazios tais como o 0 de (39)?
Observe-se que a introdução de um elemento vazio não pode ser contemplada apenas a nível do significado; será preciso a presença de tais elementos a nível da sintaxe. Se só admitirmos a restituição de um significado (toca), sem a introdução de um nódulo sintático, nem todos os problemas ficarão resolvidos. Continuaremos, por exemplo, a ter a estrutura sintática composta de dois sintagmas nominais seguidos, comportando-se como uma oração. A saída é postular, a nível sintático, a presença de nódulos vazios, isto é, substantivos, verbos etc., não
Não será possível aqui discutir que tipo, exatamente, de identidade semântica é necessário. Não se trata de correferência pura e simples, pelo menos por causa de frases como:
mandei vir uma Correinha e ela também pediu uma 0 onde claramente se trata de duas Correinhas, não uma só; mas aí também necessitamos de uma regra que relacione a lacuna final com Correrinha da primeira oração.
preenchidos lexicamente. Assim, (37) acabaria sendo re presentada, ainda a nível da sintaxe, da seguinte maneira :
(40) Serafim toca flautim, e Ivone trombone
O nódulo vazio em (40) é um verbo, conforme indica o rótulo "V"; é um verbo tal como toca, com a diferença de que não está preenchido lexicamente; não tem realização fonológica, em suma. Assim, as duas metades de (40) são sintaticamente paralelas, o que explica o seu paralelismo semântico e seu comportamento sintático.
Ao adotarmos em nossa análise esse recurso, estamos, pela primeira vez, lançando mão de entidades que se po dem classificar de "abstratas". Isto é, estamos admitindo a existência de constituintes válidos para a análise, mas que não têm realização fonológica; vale dizer, que não são diretamente observáveis. Antes de passar adiante, é importante justificar o uso de tais recursos. Só utilizaremos entidades abstratas se isso nos trouxer vantagens bem claras para a descrição gramatical; e, não é demais repetir, será também necessário encontrar critérios de controle estrito da introdução de tais elementos abstratos, para evi tar situações análogas à que vimos em conexão com o exemplo (38).
Vejamos primeiro a questão de justificar o emprego de elementos vazios. Que vantagens nos traz a adoção de tais análises abstratas?
Observarei, antes, que uma análise como a ilustrada em (40) só é novidade à primeira vista. A análise tradi cional afirma que trombone, em (37), é um objeto direto; e que não é o objeto direto do verbo da primeira oração (isto é, toca da primeira oração só tem um objeto, flautim). Logo, deve ser objeto direto de algum outro verbo; não
O 'V', 'N' etc. subscritos são usados para indicar a classe a que pertence o nódulo.
Havendo outro verbo explícito em (37), forçosamente te mos de concluir que a análise tradicional também postula a presença de um "verbo" abstrato na segunda oração. A diferença está em que isso não é suficientemente explicitado na GT.
Agora passemos às vantagens que nos traz a análise ilustrada em (40). Algumas já foram mencionadas, e começarei por recapitulá-las:
(a) Interpretação semântica: a presença de um verbo (lexicamente vazio) na segunda metade de (40) pode servir de base para a operação das regras de interpretação semântica, que deverão dar à segunda metade da seqüência uma acepção paralela à da primeira metade. Como já apontei, aqui deveremos ter uma regra (ou princípio geral) que relacione o nódulo vazio com o constituinte correspondente na primeira metade da seqüência, interpretando ambos como semanticamente idênticos. Ora, essa regra ou princípio, ao introduzir o verbo vazio na segunda metade de (40), torna possível o processamento paralelo das duas metades (qu estruturalmente semelhantes). Já se não tivéssemos o verbo vazio, seria preciso formular uma regra diferente para interpretar a segunda metade, de modo que, apesar de seus resultados semanticamente semelhantes, as duas metades seriam interpretadas por mecanis mos distintos. Como se vê, a presença do elemento abstra to possibilita a formulação de um componente semântico mais consistente e econômico (e também, parece-me, mais satisfatório intuitivamente).
(b) Coordenação a estruturas paralelas: a análise de (40) nos permite classificar a segunda metade da estrutura como "oração", tal como a primeira. Isso faz com que o fato de elas estarem coordenadas através de e deixe de ser estranho: aqui, como em geral acontece, a conjunção e está coordenando itens pertencentes à mesma classe.
(c) Enquadramento em uma estrutura típica da língua: com a análise de (40) já não é preciso especificar a existência de uma estrutura composta de dois sintagmas nominais seguidos e que não é, ela mesma, um sintagma nominal. Agora, Ivone trombone é a manifestação super ficial de uma oração, estruturada como toda e qualquer oração, com a diferença única de que contém um verbo vazio.
Como:
Além desses argumentos, podem ser aduzidos outros,
(d) Presença de sujeitos e objetos: acontece que uma seqüência como Ivone trombone em (37) funciona como uma oração de mais de uma maneira. Por exemplo, o primeiro sintagma nominal tem as características de um sujeito, e o segundo as características de um objeto. Para ver isso, tome-se a frase:
(41) Totó beijou Lassie, e Maria Pedrinho
Se substituirmos o nome Maria por um pronome pessoal, veremos que a forma reta (nominativa) é exigida:
(42) Totó beijou Lassie, e eu Pedrinho
Mas se fizermos o mesmo com Pedrinho, será preciso colocar uma forma oblíqua (objetiva):
(43) Totó beijou Lassie, e Maria a mim
Esses fatos decorrem automaticamente da teoria de que os dois sintagmas nominais são o sujeito e o objeto de uma oração cujo verbo é lexicamente vazio. Já se não postulássemos a existência desse verbo, teríamos de des crever e explicar separadamente o comportamento dos pro nomes em (42) e (43).
6 Aqui não pode ocorrer a forma me, que só aparece ao lado de um verbo explícito (por ser um clítico).
(e) Reposição de itens elípticos: pelo menos em certos casos, é possível recolocar no lugar do nódulo vazio uma cópia do seu antecedente, sem que se observe mudança sensível na interpretação semântica ou no compor tamento sintático da seqüência. Assim, ao lado de (37), podemos ter:
(44) Serafim toca flautim, e Ivone toca trombone
Esse fato seria misterioso se Ivone trombone fosse analisado corno uma estrutura independente, não-oracional; mas decorre naturalmente da análise dessa seqüência como uma oração.
É possível encontrar mais outros argumentos em favor do tipo de análise que estamos examinando; mas os cinco argumentos dados acima deverão ser suficientes para nos convencer da conveniência da introdução de nódulos vazios em certos casos.
Nos exemplos acima, os casos vistos são todos para lelos a (37), onde se suprime o verbo de uma de duas orações coordenarlas. Mas a análise deverá generalizar-se para outros casos; talvez precisemos de substantivos vazios:
(45) comprei uma vaca amarela e uma 0 malhada
(46) Juca dorme com a dentadura e Manuel dorme sem 0
(Neste último exemplo, é interessante introduzir um nome
— ou um sintagma nominal, aqui não importa muito — logo depois da preposição sem; isso nos ajudará a simplificar a gramática, porque evitaremos ter de admitir casos excepcionais de preposições não seguidas de nome. Pode remos dizer que preposições são sempre seguidas de sin tagma nominal, oracional ou não, sem exceção.)
É claro que as análises poderão ser muito diferentes de caso para caso, pois as lacunas estão longe de terem as mesmas propriedades. Mas terão em comum o fato de que algum tipo de nódulo vazio se faz necessário.
Esses exemplos foram dados para ilustrar como se pode utilizar a análise com nódulos vazios a fim de des crever com propriedade certos fatos da língua. Creio que a argumentação é suficiente para justificar a decisão de incluir esse tipo de recurso na descrição gramatical. Agora passemos ao problema do controle da introdução de nódu los vazios.
A necessidade de postular a presença de nódulos vazios (constituintes não-realizados fonologicamente), em favor da qual argumentei acima, coloca o problema de decidir quando é lícito recorrer a eles. Pelas razões que veremos, as condições de introdução de nódulos vazios precisam ser estritamente controladas.
Suponhamos, para começar, que não haja controle nenhum, de modo que possamos introduzir elementos irrestritamente. Nesse caso, será permitido colocar nódulos va zios de qualquer classe em qualquer posição na oração. Ora, isso tornaria impossível uma análise coerente, pois a teoria possibilitaria a construção de um número ilimitado de alternativas a qualquer análise que viesse a ser proposta. Dessa maneira nunca seria possível decidir se uma análise é melhor do que outra, já que todas estariam de acordo com a teoria, não havendo verdadeiro compromisso com os fatos da língua.
Mas, evidentemente, ninguém nunca defendeu a introdução irrestrita de nódulos vazios. Explícita ou implicitamente, sempre se colocam restrições. Por exemplo, poderíamos estipular que o material introduzido deveria obriga toriamente ter correlação com a interpretação semântica da sentença; ou seja, só introduziríamos material "subentendido", à maneira tradicional; e a única restrição seria essa. Em muitas passagens, a GT parece seguir esse princípio, que já pode ser considerado relativamente severo, pois impõe restrições bem definidas à postulação de elementos vazios; mas ainda assim o princípio é insuficientemente severo, conforme veremos. Ele permite a introdução de um nódulo vazio, classificado como "verbo", na segunda metade de (37), de modo que temos:
(40) Serafim toca flautim, e Ivone Ø trombone
A introdução do verbo vazio se justificaria simples mente pelo fato de que a interpretação semântica da sen tença contém um segundo "toca", não representado por nenhum item explícito.
No entanto, se nos limitarmos à restrição de só introduzir material semanticamente subentendido, poderemos também introduzir Zé morreu como parte da estrutura de:
(38) o jegue matou Zé
Seria, então, o caso de analisar Zé como sujeito (de morreu), o que pode talvez fazer sentido em termos da interpretação semântica, mas certamente seria inaceitável dentro de urna sintaxe compreensível da língua. Não obstante, é inegável que 'Zé morreu' é parte da interpretação semântica de (38).
Para tomar outro exemplo (dentre uma multidão), o princípio da introdução de elementos vazios sempre que isso se justificar semanticamente impede a distinção entre predicativos e adjuntos adnominais. Isso porque um sintagma como:
(47) a mula manca
onde manca é um adjunto adnominal, poderia ser analisado como sendo:
(48) a mula que é manca
onde manca é predicativo, pois (47) e (48) são semanticamente semelhantes.
A GT parece, às vezes, partir desse princípio. Isso não se encontra em todos os autores, nem sistematicamente em nenhum deles; mas está subjacente a análises como a seguinte. Muitas vezes se argumenta que o sujeito de:
(49) vende-se este pardieiro
é este pardieiro, porque (49) "corresponde" a:
(50) este pardieiro é vendido
onde este pardieiro é sujeito. Sem discutir qual é o sujeito de (49), nem a questionável sinonímia entre (49) e (50), vejamos a estrutura do argumento. Primeiro, não é muito claro o que significa dizer que uma estrutura "corresponde" a outra; mas suponhamos que se trate de uma seme lhança semântica de alguma espécie, como aquela que utilizamos acima para restringir a introdução de elementos vazios. Assim, uma estrutura "corresponde" a outra quando elas são sinônimas (em alguma medida, a ser explicitada). Nesse caso, o argumento subjacente à análise de (49) segue o seguinte raciocínio: quando uma sentença A tem uma interpretação semântica suficientemente semelhante à de outra sentença B, então a análise sintática de B vale também para A. Logo, se (49) é semanticamente semelhante a (50), o fato de este pardieiro ser o sujeito de (50) é razão suficiente para se concluir que este pardieiro é também o sujeito de (49).
Se quisermos aplicar estritamente esse critério, acaba remos indo muito mais longe do que desejamos. Só se explica a sua presença (subjacente) na análise tradicional pela informalidade com que os recursos de análise são utilizados, sem que haja muita consciência de suas implicações. O fato é que, se minha interpretação está correta, a análise de (49) com base em (50) pressupõe princípios que nos permitem analisar este pardieiro como o sujeito de (51):
(51) estão vendendo este pardieiro
ou, conversamente, analisar este pardieiro como objeto di reto de (49) ou mesmo de (50), já que ambas "correspondem" a (51). É fácil ver que esse caminho não nos levará a uma análise coerente.
Já que a restrição (semântica) vista acima é insufi cientemente estrita, permanece o problema de delimitar os casos em que se pode permitir a introdução de nódulos vazios válidos para a análise sintática. Como chegar a uma restrição formulada de tal modo que favoreça uma análise sintática tão simples e sistemática quanto possível; que possibilite regras de interpretação semântica gerais e não ad hoc; e que seja, a própria restrição, simples, coerente e bem motivada? Essa é uma questão muito atual em Lingüística, o que significa que não há respostas verdadeiramente satisfatórias a ponto de serem aceitas pela maioria dos pesquisadores. Aqui não será possível chegar a uma formu1ação sequer aproximada, dessa restrição (provavelmente um princípio, ou um conjunto de princípios gerais da organização da língua). Teremos de nos conten tar, por ora, com o reconhecimento da natureza do problema; consolemo-nos com o pensamento de que localizar um problema já é um grande passo para sua solução.3
A explicitação detalhada das condições que devem governar a introdução de nódulos vazios tem sido objeto da atenção intensiva de muitos lingüistas. Apesar de não haver, como apontei acima, uma resposta universalmente aceita, já existem algumas propostas muito específicas. Uma das primeiras tarefas a serem empreendidas quando da elaboração da nova gramática será a seleção criteriosa de uma dessas propostas e sua adaptação às necessidades imediatas da descrição do português.
Classes de palavras
Concentremo-nos agora no problema da classificação das palavras — mas tendo em mente que a noção de classificação se estende a unidades maiores (e menores) do que a palavra.
Antes de enfrentar alguns dos muitos problemas liga dos à classificação das palavras, é interessante discutir previamente a conveniência de se considerar a palavra como unidade básica da análise, inclusive porque tal conveniência tem sido contestada por alguns lingüistas.
Martinet, seguindo um uso freqüente entre os estruturalistas, não concede à palavra nenhum status especial na gramática, preferindo ater-se com exclusividade aos morfemas (que ele denomina monèmes). Diz ele:
"não se trata de limitar-se às 'palavras', isto é, aos segmen tos do enunciado facilmente isoláveis, tratando em bloco aquilo que é, formalmente, difícil de analisar. Não há ne nhuma razão válida para tratar diferentemente as relações do 'artigo definido' com o 'substantivo' e as do 'futuro' com o 'verbo', com o pretexto de que 'artigo' e 'substantivo' são separáveis (...) enquanto que 'futuro' e 'verbo' não o são" (MARTINET, 1 p. 10.)
Martinet considera a palavra uma unidade clandestina, estabelecida sobre bases arbitrárias e teoricamente injustificáveis. Neste trabalho preferirei adotar posição oposta, admitindo (juntamente com a GT) a necessidade de se distinguir a palavra como unidade de análise; com isso se estabelece também uma distinção nítida entre sintaxe e morfologia.
Como justificar essa posição? Em fonologia parece inevitável a aceitação da palavra como unidade. Lembrarei apenas fenômenos bastante bem conhecidos como o posicionamento do acento tônico, a redução e ensurdecimento das vogais e a ocorrência de vogais tônicas orais diante de consoante nasal (compare-se a pronúncia de cano torto com a de cá no Torto), todos os quais dependem dos limites de palavra para serem descritos. Assim, ainda que se pudesse prescindir da unidade "palavra" em sintaxe, ela ainda seria crucial dentro da gramática, pela necessidade de descrever tais fatos fonológicos.
No trecho citado acima, Martinet insinua que a postulação da palavra como unidade vem do fato de que a análise da distribuição dos morfemas dentro da palavra é especialmente difícil (". . . tratando em bloco aquilo que é, formalmente, difícil de analisar"). A meu ver, já existe aqui um embrião de argumento em favor da palavra como unidade de análise: não seria o caso de haver uma dife rença qualitativa entre os princípios que regem a distri buição dos elementos a nível da frase ("sintaxe") e os que regem a sua distribuição a nível de palavra ("morfologia")? E não seria justamente essa diferença a responsável pela maior dificuldade que encontramos ao analisar a palavra, frente à frase? Os morfemas de uma palavra não se con como as palavras de uma frase: há diferenças radicais no que se refere à sua liberdade de ocorrência e movimentação. Dentro de uma palavra não se encontra nada de análogo às várias posições possíveis de um advérbio, como nos exemplos:
(52) Carlos chegou hoje
(53) Carlos hoje chegou
(54) hoje Carlos chegou
Ao contrário, a posição dos morfemas dentro da pa lavra é estabelecida com grande rigidez; se podemos ter, digamos,
(55) re-constru-çõe-s
nenhuma inversão é permitida entre os diversos morfemas; e essa situação é típica dentro da palavra.
Outro argumento em favor de se distinguir os dois níveis (palavra e frase) é a grande ocorrência de irregu laridades que se verifica na morfologia da palavra. Refiro-me a fenômenos como:
(a) Os verbos se dividem em classes segundo a vogal que precede os sufixos modo-temporais: am-a-r, tem-e-r, part-i-r. Essa divisão não se correlaciona com nada mais no comportamento gramatical dessas palavras.
(b) Vento muda o t do radical somente diante de
-aval: vendaval.
(c) -aval, que funciona como sufixo em vendaval, tem uma distribuição extremamente restrita, não podendo ser generalizado para nenhuma outra palavra; assim, não há chuvaval, nem nevaval etc.
(d) Dentre as formas que se podem incluir no para digma de ir, algumas apresentam o radical i-, outras fo-, outras va-, outras v- (a esse fenômeno se denomina "supletivismo").
Ora, nada de comparável se encontra no campo da sintaxe propriamente dita, onde as irregularidades são menores e de outra natureza. Creio que qualquer pessoa que tenha estudado a estrutura de uma língua como o português concordará comigo neste particular. Desse modo, uma tentativa de estabelecer uma "sintaxe" que vá, sem níveis intermediários, da sentença ao morfema nos forçará a lançar mão de dois conjuntos de regras muito diferentes, conforme estejamos descrevendo os fenômenos tradicionalmente chamados "sintáticos" ou os chamados "morfológicos". É melhor, sem dúvida, reconhecer logo essa dis tinção, incorporando-a à teoria.
Passemos agora a considerar a classificação formal das palavras: seu agrupamento em classes (sem levar em
A análise morfológica é a de Pontes (1973).
8 Ver uma discussão interessante do assunto em Camara, 1964,
p. 87 e segs.
conta seus traços semânticos). Sem negar a importância de uma classificação semântica, insisto na necessidade de separar os dois tipos de classificação, pelo menos como hipótese inicial de trabalho — para que não se tome como postulado algo que precisa ser investigado empiricamente, a saber, o grau de correspondência entre o aspecto formal e o semântico das expressões lingüísticas. A classificação formal das palavras (ou dos morfemas, ou dos sintagmas em geral) deve ser feita com base no seu comportamento sintático.
Antes de mais nada, para que classificar as palavras? Sabemos que o objetivo da separação das palavras em classes é permitir a descrição econômica e coerente de seu comportamento gramatical. Assim, não se coloca em uma gramática a afirmação de que a palavra gato, individual mente considerada, pode ser núcleo de um sintagma nominal; que a palavra trinco também pode ser núcleo de um sintagma nominal; e assim por diante, até enumerarmos todas as palavras que possuem essa propriedade. Em vez disso, estabelecemos, de uma vez por todas, que gato, trinco etc. são "substantivos"; e na gramática dizemos sim plesmente que os substantivos podem ser núcleos de sintagmas nominais. Agrupamos essas palavras em uma classe porque elas têm comportamento sintático semelhante.
Ora, daí decorre que o estabelecimento das classes de palavras deve ser feito (dentro da sintaxe) com base no estudo do comportamento sintático das palavras, e somente nele: duas palavras serão incluídas na mesma classe se e somente se tiverem comportamento sintático semelhante. Por "comportamento sintático" entende-se o conjunto das relações que a palavra pode ter com as demais formas dentro da sentença. Por exemplo, são parte do comportamento sintático da palavra casa as seguintes propriedades:
(a) pode ocorrer como núcleo de um sintagma nominal .
(b) Pertence a um paradigma cujos membros se opõem quanto ao número.
(c) Não concorda em gênero com o núcleo de seu sintagma.
(d) Pode ocorrer logo após um artigo, formando a seqüência um sintagma nominal.
É esse tipo de propriedade que devemos investigar ao discutirmos a que classe atribuir a palavra casa. Outras propriedades dessa palavra, ainda que corretamente expressas, podem ser inteiramente inúteis para nossos obje tivos. Desse modo, não interessa saber que casa nomeia um objeto físico, em oposição a tristeza, porque casa e tristeza se comportam, sintaticamente, de maneira semelhante (evidentemente, as posições se invertem se nosso objetivo for descrever a semântica da língua).
Digamos que queremos investigar se se deve colocar na mesma classe as palavras branco, casa, ele, corremos e sem. Começaremos por selecionar um critério formal (uma propriedade sintática ou morfológica), que servirá para iniciar o trabalho. Pode ser o seguinte:
(56) A propriedade de poder ser núcleo de um sin tagma nominal.
(Uma propriedade assim expressa pode ser chamada um traço.)
Agora tomemos as palavras em questão e verifiquemos se elas podem ou não ser núcleos de sintagmas nominais. Não é difícil ver que branco, casa e ele podem, corremos e sem não podem:
(57) o branco combina com qualquer cor
9 questão de como determinar o núcleo de um sintagma não é trivial. Ver a nota seguinte.
(58) esta casa está para cair
(59) ele me telegrafou domingo
Essas frases são todas perfeitamente aceitáveis. Mas não é possível encontrar frases onde corremos ou sem sejam núcleos de sintagmas nominais. Concluímos que branco, casa e ele são marcados positivamente quanto à propriedade (ou traço) (56). Já corremos e sem são marca dos negativamente quanto a esse mesmo traço. Isso pode ser indicado graficamente da seguinte forma:
(60) traço branco casa ele corremos sem
(56) + + +
Aí temos apenas o início da investigação da classificação dessas palavras. O início, parece-me, é bastante simples; não faltam complicações quando se começa a con siderar casos concretos em detalhe. A seguir, vou apresentar brevemente algumas dessas complicações, para ilustrar como se pode discutir, dentro de uma perspectiva formal, a classificação das palavras.
A partir do momento em que se admite que a definição das classes de palavras precisa ser feita de acordo com seu comportamento sintático, surge o problema das classificações contraditórias, isto é, das palavras que fica riam em uma classe segundo um critério, mas em outra segundo outro critério. Um exemplo é o dos adjetivos frente aos substantivos: deveremos colocar branco e casa na mesma classe, por poderem ambos ocorrer após um artigo, formando (com o artigo) um sintagma nominal? Ou deveremos separá-los em classes diferentes, já que só branco, e não casa, concorda em gênero com o núcleo do sintagma a que pertence?
Esse tipo de problema é tão generalizado, como sabem os que já se ocuparam criticamente de gramática, que talvez valha a pena rever fundamentalmente nossa idéia de classe de palavras. Vou desenvolver essa questão adiante, propondo uma solução em linhas comuns em Lingüística, ainda que desconhecidas da GT.
Peguemos como exemplos as três palavras seguintes:
casa, ele e branco. Examinaremos seu comportamento de acordo com três critérios sintáticos, suficientes, como se verá, para distingui-las umas das outras. O primeiro crité rio (ou traço) é o dado acima, em (56): a propriedade de poder ser núcleo de um sintagma nominal. Já sabemos que as três palavras em questão são marcadas positivamente quanto a esse traço: ou seja, todas as três podem ser núcleos de sintagmas nominais (ver os exemplos de (57) a (59)). Assim, poderemos começar a representar a classificação dessas palavras da seguinte forma:
(61) traço casa ele branco
(56) (= "poder ser núcleo de um sintagma nominal")
Por enquanto, pois, as três palavras examinadas se comportam de maneira idêntica (em oposição a sem ou corremos, que devem ser marcadas "—" para esse traço). Parece, por conseguinte, que deveremos colocá-las na mesma classe. Mas as coisas mudam, assim que acrescen tamos um segundo traço, digamos:
(62) A propriedade de ocorrer após um artigo, for mando a seqüência um sintagma nominal.
Verificaremos facilmente que casa e branco devem ser marcados positivamente quanto a (62), mas ele precisa ser marcado negativamente, pois não pode ocorrer após artigo.
À primeira vista não parece haver problema. Pode ríamos descrever esses fatos de maneira mais ou menos tradicional, assim: Há uma classe de palavras definida pela sua propriedade de poder ser núcleo de sintagmas nominais; essa classe inclui casa, ele e branco. Essa classe se subdivide em duas subclasses, segundo o critério de po der ou não ocorrer após artigo. Casa e branco ficam em uma subclasse, ele fica na outra.
Mas os fatos não são simples assim. Ao considerarmos outros traços, veremos que as classes, longe de se deixarem dividir e subdividir nitidamente e sem sobreposições, ten dem a misturar-se, de tal modo que as subclassificações se cruzam. Para ilustrar isso, passemos ao terceiro traço:
(64) A propriedade de concordar em gênero com o núcleo do sintagma a que pertence .
Casa e ele serão marcados negativamente (pois não concordam); branco será marcado positivamente.
Uma solução que ocorre é ver aí três classes, dando-se um nome a cada uma, ainda mais que tais nomes estão disponíveis na nomenclatura tradicional: "substantivo", "pronome pessoal", "adjetivo". Isso equivale a definir cada uma dessas classes de maneira complexa, através de um conjunto de vários traços, e não de um só traço. A conveniência dessa solução depende de os "cruzamentos" de traços não serem muito extensos na língua. Explico-me melhor; a questão a ser formulada é a seguinte: Pode-se dizer que muitos traços, ou os traços mais importantes, coincidem quanto ao corte que impõem ao conjunto dos itens léxicos? Em que medida diferentes traços, ao serem utilizados como base para a divisão do léxico em grupos, nos fornecem agrupamentos semelhantes de palavras? Se acontecer que haja muita coincidência entre as classificações impostas por muitos traços diferentes, então fará sentido falar em "classes" mais ou menos à maneira tradicional. Nesse caso, termos como "substantivo" ou "verbo" serão usados como abreviaturas para matrizes típicas de traços. E, conversamente, a definição de cada uma dessas classes será uma matriz de traços do tipo do exemplificado em (65), embora, certamente, mais complexa.
Se, ao contrário, encontrarmos que não há grandes linhas de coincidência entre os cortes definidos na massa dos itens léxicos pelos diferentes traços, então termos como "substantivo" etc, perderão significatividade para a análise. Por isso, é importante averiguar se os fatos da língua reve lam ou não tais coincidências entre os traços. Essa é uma das muitas direções de pesquisa suscitadas por este novo ponto de vista quanto à classificação das palavras.
Além do problema da coincidência entre os traços quanto aos cortes impostos ao conjunto das palavras, men cionarei outro, também relevante. Referi-me acima aos tra ços "mais importantes", cuja coincidência seria mais signi ficativa para o estabelecimento das classes. Mas que crité rios temos para avaliar a importância relativa de um traço? Esse é outro problema que terá de ser atacado: o da hierarquização dos traços segundo sua importância para a análise.
A importância da hierarquização dos traços vem de que dela depende o estabelecimento adequado das classes de palavras. Assim, é possível classificar as palavras de tal modo que as classes não tenham quase utilidade ne nhuma — justamente porque os traços escolhidos como critérios de classificação são gramaticalmente pouco signi ficativos. Por exemplo, digamos que vamos fazer o primeiro grande corte no léxico do português, iniciando a divisão das palavras em classes; e digamos que escolhemos como critério o traço (56), "poder ser núcleo de um sintagma nominal". Observaremos, em primeiro lugar, que esse traço divide o léxico português em dois grandes grupos, de tamanhos comparáveis. De um lado, marcadas positivamente, estarão palavras como casa, branco, ele, e muitas outras. De outro, marcadas negativamente, estarão corremos, pois, de, rapidamente etc. O que faz dessa divisão um fato importante da língua é que o traço (56) tem cor relação com outros traços. Por exemplo, as palavras mar cadas positivamente quanto a esse traço não somente podem ser núcleos de sintagmas nominais, mas também são as únicas palavras que podem reger algum tipo de concordância: encontramos na língua casos em que um termo concorda com casa, ou com branco, ou com ele; mas nunca encontraremos um termo concordando com uma palavra do segundo grupo (corremos, pois, de, rapidamente etc.).
Comparemos agora o caso do traço (56) com o de um outro traço, assim definido:
(66) A propriedade de ocorrer obrigatoriamente precedido de artigo definido, quando dentro de um sintagma nominal ".
Esse traço divide os itens léxicos da língua em dois grupos muito desiguais em tamanho. De um lado, marca das negativamente, ou seja, não exigindo artigo, fica a imensa maioria das palavras da língua. Do outro lado, marcados positivamente, fica uma dúzia de nomes pró prios como o Cairo, o Rio, o Leblon, a Barroca, a Penha, todos nomes de lugares. É fácil ver como o traço (66) tem pouca importância no conjunto da gramática, não só por interessar a poucos itens, mas principalmente porque não há outras afirmações gramaticais que se refiram às classes que ele define: palavras como Cairo e Barroca, à parte o fato de exigirem o artigo definido, não têm nada de característico, gramaticalmente falando.
Dessas observações, podemos concluir com segurança que vale a pena considerar o traço (56) mais importante do que o traço (66); conseqüentemente, (56) deverá de sempenhar um papel de primazia na definição das classes de palavras, enquanto (66) poderá ser ignorado ou, quan do muito, relegado à descrição de simples detalhes.
Uma vez estabelecidas com certa segurança as principais classes de palavras, a grande maioria dos itens deve encaixar-se sem problemas maiores em uma ou outra classe.
Mas certamente restará um resíduo de palavras que não se colocam com facilidade em nenhuma das classes estabelecidas. Veremos que esse problema, insolúvel dentro do sistema tradicional de classificação, pode ser tratado sem dificuldade no sistema de traços, dada a maior flexibilidade (e complexidade) deste último. Neste caso, aliás, a complexidade não é um mal, pois os fatos parecem ser complexos: complexos demais para a simplicidade da abordagem tradicional.
Consideremos o caso de alto em oposição a bom. De certo ponto de vista, essas duas palavras são muito semelhantes, isto é, compartilham muitos traços. Por exemplo, ambas são marcadas positivamente para (56) (ou seja, podem ser núcleos de sintagmas nominais); positiva mente para (62) (podem ocorrer após artigo); positiva mente para (64) (concordam em gênero); negativamente para a concordância em pessoa etc. Por isso, acabaram sendo colocadas na mesma classe pela GT: são "adjetivos". É vantajoso para a análise conservar o essencial dessa intuição, certamente correta. Mas isso não significa que as duas palavras sejam sintaticamente idênticas. A palavra alto pode ocorrer em certos ambientes dos quais bom está excluído, como em
(67) ela fala muito alto
(68) ela fala muito bom (Este exemplo não é gramatical).
Esse ambiente não é exclusivo de alto; existe todo um grupo de palavras que ocorrem nas mesmas circuns tâncias, e que não obstante se diferenciam de alto por outros traços: palavras como seriamente, cuidadosamente, bem etc. O traço que essas palavras têm em comum com alto pode ser formulado assim:
(69) A propriedade de ocorrer em um sintagma com um verbo não de ligação, sem concordar com nenhum termo 12.
Alto, portanto, se classifica juntamente com bom, segundo a maioria dos critérios; mas, segundo um critério, se classifica junto com seriamente. Em termos da GT, essa é uma situação insolúvel, O máximo que se faz é introduzir afirmações do tipo "o adjetivo x funciona aqui como advérbio", afirmações que, se levadas a sério, acabarão destruindo a própria noção de classe de palavras. Sabemos que (pelo menos segundo a DGImp.) as classes se definem em função de seu comportamento gramatical; assim, um adjetivo é uma palavra que se comporta (ou "funciona") como adjetivo — como quer que isso se defina. Nesse contexto, dizer de um adjetivo que funciona como advér bio é simplesmente uma contradição em termos.
A presente proposta, por outro lado, permite enumerar independentemente os traços de cada uma das palavras, como mostra a matriz abaixo:
Não há dúvida de que a introdução de matrizes como no (70) para caracterizar plenamente as propriedades sintáticas dos itens léxicos representa uma complicação face ao sistema tradicional de classes. Entretanto, como fiz notar, isso não é objeção válida ao sistema de traços, visto que o sistema tradicional não dá conta dos fatos da língua. O sistema de classificação por traços permite o tratamento de casos que, em um sistema de classes mutuamente exclusivas, não poderiam ser analisados convenientemente. A maior parte dos problemas estão por resolver; mas acre dito que as colocações aqui feitas contribuirão para dar uma direção à pesquisa. As grandes tarefas iniciais se resumem em (a) definir os traços classificatórios; (b) estabelecer entre eles uma hierarquia de importância gramatical; e (c) apurar o grau de coincidência dos cortes impostos ao conjunto dos itens léxicos pelos traços mais importantes (e, daí, apurar até que ponto valerá a pena continuar falando de "classes de palavras", já agora definidas como uma maneira abreviada de se referir a certas matrizes típicas de traços). A partir daí é que poderemos criar uma classificação realmente funcional das palavras do português, fazendo justiça a toda a sua complicação e riqueza.

5 Os dados da análise
Vamos ficar por aqui. A tarefa de lançar as bases da nova gramática é necessariamente longa, e ultrapassa largamente os limites do presente texto. Espero ter abordado alguns dos temas mais importantes; e se a leitura deste livro vier a incentivar pesquisas no sentido de criar uma nova linguagem para a gramática pedagógica, ele terá cumprido sua finalidade.
Antes de encerrar, vou considerar brevemente um último ponto, não diretamente ligado à doutrina gramatical propriamente dita, mas relevante por ser um pré-requisito a qualquer descrição do português padrão: o problema da seleção dos dados a serem descritos.
Trata-se, naturalmente, de descrever o português-padrão do Brasil; mas onde encontramos textos vazados nessa variedade da língua? Examinemos uma revista noticiosa semanal; um grande jornal diário; um compêndio de Física; o texto de uma lei qualquer; um romance de Guimarães Rosa; poemas de Mário de Andrade; e a partes dialogadas de um romance de Jorge Amado. Todos são exemplos do português escrito e são, por definição, amostras de português-padrão. Mas certamente há muitas diferenças gramaticais (e léxicas) entre eles. Por exemplo, em Jorge Amado encontraremos grande número de formas gramaticais típicas da variedade coloquial do português; em Mário de Andrade também, mas talvez com algumas diferenças de ordem regional; o texto jurídico, por outro lado, apresentará possivelmente construções de sabor arcaico; Guimarães Rosa inclui formas e construções sui generis, proposital mente criadas para obter efeitos estéticos.
Se quisermos considerar todos esses textos como exemplos da variedade-padrão da língua, poderemos ver-nos frente a dilemas difíceis de solucionar: a construção vou lá não deve ser acolhida como padrão? (Jorge Amado a emprega com freqüência.) Que dizer do tratamento você com o possessivo vosso? (É encontrado em Mário de Andrade.) E se decidirmos excluir essas construções, como o justificaremos? Se argumentarmos que vou lá não é coloquial, em que definição de "coloquial" nos apoiamos? Pois, afinal, "coloquial" é, por definição, a forma que ocorre na linguagem falada espontânea, e vou lá não aparece no texto de um romance. O exemplo de Mário de Andrade é ainda mais difícil de excluir. Deveríamos talvez lançar mão de um critério estatístico, deixando de fora o uso de você com vosso por sua raridade?
Acredito que a solução está em outra parte. Deixemos de lado, por ora, os textos literários e voltemo-nos para o outro tipo de textos: a linguagem técnica e jornalística, encontrada, por exemplo, nas revistas semanais, nos jornais, nos livros didáticos e científicos. Ora, examinando esses textos, encontraremos uma grande uniformidade gramatical: não só as formas e construções encontradas nos jornais e revistas são as mesmas dos compêndios e livros científicos, mas também não se percebem variações regionais marcadas: um jornal de Recife usa sensivelmente a mesma língua de um jornal de Porto Alegre ou de Cuiabá. Isto é, existe um português-padrão altamente uniforme do País; e podemos contar encontrá-lo nos textos jornalísticos e técnicos 13.
É claro que também encontramos obras literárias escritas estritamente segundo esse padrão; mas não podemos contar com isso a priori: muitas obras literárias fogem a ele, utilizando variedades coloquiais ou mesmo pessoais. Sou de opinião de que os dados que fundamentarão a gramática devem ser retirados desse padrão técnico-—jornalístico.
A primeira razão é que tais textos oferecem uma uniformidade de estrutura que nos permite elaborar a descrição com maior coerência. Torna-se possível excluir construções como vou lá não, ou então o meu/teu corpo-fruto (Ronald Cláver), pois não ocorrem no corpus que selecionamos.
A segunda razão é que a própria linguagem literária pode ser (e na prática costuma ser) estudada em termos de desvio a partir de um padrão básico. O autor utiliza construções coloquiais para criar um efeito específico, ou viola intencionalmente as regras gramaticais também com objetivo estético. Ora, tudo isso pode ser estudado em relação com o padrão básico; logo, se selecionamos esse padrão como a fonte de nossos dados, estaremos ao mesmo tempo lançando uma base para o estudo gramatical dos textos literários.
Finalmente, há uma terceira razão, talvez a mais importante. Argumenta-se que uma das finalidades do en sino gramatical é conscientizar o estudante de sua língua, da língua que ele deve aprender a manejar, seja lendo, seja escrevendo. Mas certamente muito poucos estudantes
13 Não se veja aqui contradição com o que foi dito no Prefácio, que o português do Brasil não é "uma entidade simples e homogênea". A heterogeneidade se manifesta amplamente nas variedades coloquiais (regionais e sociais), assim como na linguagem literária. Auniformidade de que falo se refere a textos escritos não-literários (com exceções especiais, como a de alguns textos jurídicos).
Chegarão a produzir textos literários; digo mais: poucos chegarão a adquirir o hábito de ler textos literários. Mas é certamente necessário (embora ainda estejamos terrívelmente longe de consegui-lo) que eles cheguem a manejar a linguagem técnica e jornalística, pelo menos como leitores. Uma exigência que a civilização faz do homem moderno é que seja capaz de adquirir conhecimentos técnicos a partir de textos escritos (mesmo que seja apenas como montar uma estante); e que seja capaz de obter informações cruciais para sua participação na vida política de sua comunidade e do País — informações que lhe chegam, principalmente, através de material escrito: jornais, revistas, comunicados, manifestos.
Não pretendo com essas considerações diminuir a importância do estudo da literatura, ou do domínio da linguagem literária. Mas acho que, em um sistema educacional que tão freqüentemente deixa de alcançar o mínimo, é importante colocar objetivos mais realistas para o ensino da língua.
Por razões como essas que gostaria de sugerir que a gramática seja (pelo menos em um primeiro momento) uma descrição do português-padrão tal como se manifesta na literatura técnica e jornalística.

6 Vocabulário crítico
Apesar da preocupação que tive de utilizar uma terminologia tanto quanto possível conhecida do eventual leitor destas páginas, não me foi possível evitar de todo o uso de termos técnicos menos familiares. Alguns destes se en contram definidos no próprio texto; quanto aos restantes, listei-os abaixo, com as respectivas definições (que se deve entender como muito sumárias, dirigidas apenas às neces sidades imediatas da compreensão deste livro). Acrescentei a lista das abreviaturas introduzidas no texto, para facilidade de referência.
Dêixis (adj. dêitico): chamam-se dêiticos os elementos lingüísticos cuja referência só se pode determinar com base no contexto extralingüístico. Por exemplo, a pala vra eu, ou a palavra isso em: isso é muito caro para mim.
DGEx.: Doutrina Gramatical Explícita.
DGImp.: Doutrina Gramatical Implícita.
Gramática: conjunto de regras que definem as combinações possíveis dos elementos léxicos de uma língua, assim como sua interpretação semântica e sua pronúncia.
GT: Gramática Tradicional.
Léxico: lista de todas as palavras (ou de todos os mor femas) de uma língua, juntamente com as características próprias, idiossincráticas, de cada uma.
Nódulo vazio: elemento abstrato correspondente a um constituinte (por exemplo, a uma palavra) e que não tem realização fonológica.
Referência: relação que existe entre uma expressão lingüística e o objeto (concreto ou abstrato) que essa ex pressão nomeia. Assim, diz-se que a referência da expressão lingüística Carlinhos é a relação entre essa palavra e a pessoa chamada "Carlinhos"; e a referência de meu pé na frase meu pé está inchado é a relação entre esse sintagma e o pé de quem enunciou a frase. Nem todas as expressões lingüísticas são referenciais; algumas apenas descrevem um possível objeto, inclusive sem compromisso quanto à sua existência. Assim, em encontrei um charuto de 16 cm, o sintagma um charuto de 16 cm é referencial: nomeia um objeto determinado, tomado como existente. Já em eu gostaria de encontrar um charuto del6 cm, o mesmo sintagma é não-referen cial; o falante est apenas descrevendo os atributos de um objeto sem o tomar como existente.
Sintagma nominal: qualquer seqüência de elementos da língua que possa desempenhar certas funções sintáticas, como a de sujeito, a de objeto direto, a de regime de uma preposição etc.
SVV: Solicitação de Valor de Verdade.
Traço (sintático): propriedade sintática de uma palavra ou de um sintagma. Por exemplo, a propriedade de poder ser o núcleo de um sujeito; ou a de pertencer a um paradigma, cujos membros se opõem quanto à pessoa, tempo e número.

Bib1iografia comentada
ARONOFF, Mark (1976). Word formation in generative grammar. Cambridge, Mass., MIT Press. Princípios de morfologia, segundo a teoria gerativa.
BECHARA, Evanildo (1968). Moderna gramática portuguesa. S. Paulo, Nacional. Texto bem realizado, mas dentro dos limites da gramática tradicional brasileira.
CAMARA, J. Mattoso (1964). Princípios de Lingüística
geral. Rio de Janeiro, Acadêmica. A velha obra de Mattoso Camara (a 1.a edição é de 1942) ainda merece ser consultada, especialmente os capítulos de fonética, fonologia e morfologia.
CHAFE, Wallace L. (1976). Givenness, contrastiveness, definiteness, subjects, topics, and point of view. In: Li, Charles N. ed., Sub ject and topic. N. York, Academic Press. Artigo básico sobre o problema dos status funcionais.
* As obras assinaladas são de leitura difícil, exigindo certo conhecimento prévio de teorias lingüísticas.
CUNHA, Celso (1975). Gramática da língua portuguesa. Rio de Janeiro, MEC-Fename. A mais conhecida, e talvez a melhor, das gramáticas portuguesas atuais.
FULGÉNCIO, Lúcia (1983). O problema da interpretação dos elementos anafóricos. Dissertação de Mestrado, UFMG. Discussão das condições de uso dos elementos anafóricos. Há um resumo em Ensaios de Lingüística 9 (revista do Departamento de Lingüística e Teoria Literária da
UFMG, 1983).
GARCIA, Othon M. (1975). Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas. Trabalho interessante, não só por demonstrar independência frente a certos dogmas tradicionais, mas também por estudar assuntos geralmente negligenciados, como o discurso.
GRUBER, Jeffrey S. (1965). Studies in lexical relations.
Dissertação de Doutorado, MIT. Trabalho pioneiro no campo das relações temáticas ("agente", "paciente" etc.).
HAUY, Amini B. (1983). Da necessidade de uma gramática-
padrão da língua portuguesa. S. Paulo, Ática. Crítica lúcida e bastante severa da lógica subjacente à gramática tradicional.
* JACKENDOFF, Ray S. (1972). Semantic interpretation in generative grammar. Cambridge, Mass., MIT Press. Obra básica de semântica da sentença, seguindo a perspectiva gerativista.
JESPERSEN, Otto (1924). The philosophy of grammar. London, Allen & Unwin. Livro antigo e um pouco difuso, mas cheio de intuições interessantes sobre a gramática.
* LEMLE, Minam (1982). Análise sintática. S. Paulo, Ática. Trabalho importante de aplicação da teoria gerativa à análise do português.
LIBERATO, Yara O. (1980). Sobre a oposição dado/novo. Dissertação de Mestrado, UFMG. Apanhado útil do problema dos status funcionais. Amplia e em parte revisa Chafe (1976).
LYONS, John (1977). Semantics, Cambridge, England, Cambridge University Press. Boa introdução geral à semântica. Há tradução portuguesa (São Paulo, Martins Fontes, 1980).
* MARTINET, André (1979). Grammaire fonctionnelle du français. Crédif — Didier. Tentativa de análise do francês segundo uma teoria estruturalista (a variedade "funcionalista" defendida pelo Autor).
* NIDA, Eugene (1949). Morphology; the descriptive analysis of words. Ann Arbor, University of Michigan.
Obra típica da morfologia estruturalista.
* PONTES, Eunice (1973). Estrutura do verbo no português coloquial. Petrópolis, Vozes. Importante análise da morfologia verbal portuguesa. Também de interesse é o capítulo sobre fonologia.
QUIRK, Randolph; GREENBAUM, Sidney; LEECH, Geoffrey; SVARTVIK, Jan (1972). A grammar of contemporary English. London, Longman. Tentativa de atualização da gramática inglesa. Contém informações de interesse, e é de leitura mais fácil do que o trabalho de Martinet.
SAPIR, Edward (1921). Language; an introduction to the study of speech. N. York, Harcourt Brace Jovanovich. Um clássico. Leitura recomendada para qualquer interessado em linguagem. Há tradução portuguesa (Rio de Janeiro, Acadêmica, 1971).


"SOBRE A DIGITALIZAÇÃO DESTA OBRA

Esta obra foi digitalizada para proporcionar, de maneira totalmente gratuita, o benefício de sua leitura àqueles que não podem comprá-la ou àqueles que necessitam de meios eletrônicos para ler. Dessa forma, a venda deste e-book ou mesmo a sua troca por qualquer contraprestação é totalmente condenável em qualquer circunstância. A generosidade é a marca da distribuição, portanto:
Distribua este livro livremente!
Se você tirar algum proveito desta obra, considere seriamente a possibilidade de adquirir o original.
Incentive o autor e a publicação de novas obras!"


1 Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source com a intenção de facilitar o acesso ao conhecimento a quem não pode pagar e também proporcionar aos Deficientes Visuais a oportunidade de conhecerem novas obras.
Se quiser outros títulos nos procure http://groups.google.com/group/Viciados_em_Livros, será um prazer recebê-lo em nosso grupo.
2 Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source com a intenção de facilitar o acesso ao conhecimento a quem não pode pagar e também proporcionar aos Deficientes Visuais a oportunidade de conhecerem novas obras.
Se quiser outros títulos nos procure http://groups.google.com/group/Viciados_em_Livros, será um prazer recebê-lo em nosso grupo.
3 Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source com a intenção de facilitar o acesso ao conhecimento a quem não pode pagar e também proporcionar aos Deficientes Visuais a oportunidade de conhecerem novas obras.
Se quiser outros títulos nos procure http://groups.google.com/group/Viciados_em_Livros, será um prazer recebê-lo em nosso grupo.

PEQUENA GRAMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA

pAPELARIA PORTO



Execuç8o GrBlice
LITOVISAO - MAIA - PORTUGAL
D. L. N = 9399/85 - 30.000 Ex.- Agosto de 1985


ÍNDICE



Comunicação.Linguagem verbal Linguagem não verbal

O texto. O parágrafo. A frase
A frase aceitável e a frase não aceitável Sinais de pontuação
Tipos de frase Formas de frase

O nome ou substantivo

O verbo
O grupo nominal e o grupo verbal Relação do GN com o GV Funções do GN e do GV

O nome: comum e próprio
colectivo
o género o número
o grau
Determinante do nome: o artigo Modificador do nome: o adjectivo
Os graus do adjectivo Os pronomes: pessoais
possessivos
demonstrativos
relativos
Overbo:variação em pessoa e número
variação em tempo
O pretérito imperfeito e o pretérito perfeito O verbo: as três conjugações
O modo indicativo e o modo conjuntivo 0 3o grupo da frase: o grupo móvel
Frase simples e frase composta

Ligação entre frases simples, por coordenação Ligação entre frases simples, por subordinação Da palavra à sílaba
Divisão silábica (mudança de linha) A sílaba tónica. As sílabas átonas
Palavras agudas, graves e esdrúxulas Principais regras de acentuação gráfica Sinais gráficos: alfabeto e sinais auxiliares O uso do dicionário Famílias de palavras Verbos irregulares

Relembrando... Classes de palavras.



Comunicação. Tipos de linguagem


Comunicação. Linguagem verbal
Estes meninos estão a falar.

Esta menina está a escrever.
Falar e escrever
é comunicar com os outros.

Observa as gravuras e completa as frases :


Quando falamos, usamos a linguagem falada. Quando escrevemos, usamos a linguagem escrita.
EMISSOR RECEPTOR
Comunicação. Linguagem não verbal
As pessoas podem comunicar, também, por meio de :
gestos
coros
Observa e completa :

1. O sinaleiro regula o trânsito através dos
2. As pessoas podem atravessar a rua descansadas, quando o sinal tem a cor,
3. O automobilista... para evitar qualquer desastre.

Lê aprende :

Quando transmitimos ou recebemos informações, estamos a comunicar.
Podemos usar diferentes tipos de linguagem :
- linguagem verbal: falada ou escrita ;
- linguagem não verbal: gestos, cores, sons..



Texto escrito. O parágrafo. A frase
Lê o texto:

Estamos no Outono
Acabaram as férias. A5 pessoas regressaram ao trabalho. Para nós começaram as aulas#,#
Nesta época, as fblhas de algumas árvores ficam amareladas e caem ao chão. As andorinhas partem para, os países quentes. ##
Observa e completa :
O texto acima tem três parágrafos.
O 11 parágrafo vai de Estamos até Outono.
O 21 parágrafo vai de Acabaram até
O 31 parágrafo vai de j até quentes.

No mesmo texto há 6 frases. i

O 11 parágrafo tem 1 frase. O 21 parágrafo tem 3 frases:

a 10 vai de Acabaram até férias.
a 20 vai de até trabalho. a 30 a vai de Para nós até
O 31 parágrafo tem 2 frases : a 1 # vai de Nesta época até a2#vaide


até

Completa e fixa:
Texto é tudo o que lemos, escrevemos ou dizemos.
Um texto é formado por um ou vários
o parágrafo é formado por uma ou várias , #- que tratam do mesmo assunto.

Observa e completa:

A frase. A não frase
a. As andorinhas são aves de arribacão. É uma frase.
b. As andorinhas aves são arribacão de. É não frase.
c. São arribacão aves de as andorinhas.
d. Elas voltarão, na Primavera
e. Na Primavera, elas voltarão
f. Elas Primavera na voltarão
g. Primavera elas voltarão na
h. Elas, na Primavera, voltarão.

E não frase. E não frase.

Observa e fixa.
Os conjuntos a. d. e. h. são frases.

Uma frase é um conjunto de palavras devidamente ordenadas e com sentido. Os conjuntos b. c. f. g. i. j. são não frases.

A frase simples: frase aceitável e inaceitável
Lê estes conjuntos de palavras. Liga-os, de acordo com os números:

Esta casa está a rir.

A menina fabrica o mel
o gato tem muitas janelas.
A abelha mia muito.
Responde sim ou não:
I
I- As frases formadas têm as palavras ordenadas?Sim
I- Começam por letra maiúscula
I- Terminam num sinal de pontuação
- Formam sentido? #
Conclusão:
Estas frases são correctas gramaticalmente, mas inaceitáveis quanto ao sentido.
Liga, agora, os mesmos conjuntos de palavras, também de acordo com os números:
Esta casa está a rir. <
2 A menina fabrica o mel
3 o gato tem muitas janelas.
4 A abelha mia muito.

Responde sim ou não:
- As frases agora formadas têm as palavras ordenadas?
- Começam por letra maiúscula ?
- Terminam num sinal de pontuação? #
- Formam sentido?

Então, são frases correctas gramaticalmente e aceitáveis quanto ao sentido.

Exercicios de aplicação
1. Completa estas duas frases, usando as palavras ao lado :

Uma frase é um conjunto de palavras e com sentido.

Uma frase deve começar por letra e terminar por um

ordenadas
sinal de pontuação maiúscula
2. Assinala com (C) as frases correctas gramaticalmente e com a# as frases aceitáveis quanto ao sentido :

Frase correcta Frase aceitável
Os patos nadam no tanque.
O tanque tem água.
o tanque está a cantar. Os patos não têm asas.
3. Faz a legenda destas quatro gravuras, escrevendo frases correctas e aceitáveis.

Sinais de pontuação

Observa e procura compreender:

O ponto final # marca o fim duma frase.

A vírgula # indica uma pequena pausa.

O travessão serve para indicar a@ mudança de interlocutor nos diálogos.
Os dois pontos # empregam-se antes duma citação
ou fala e duma enumeração.
O ponto de interrogação ndica que se faz uma
pergunta.

O ponto de exclamação emprega-se para indicar
espanto, admiração.
As reticências#indicam que a frase está inacabada.




Além dos sinais acima indicados, há ainda os seguintes:


'a '#' sPonto e vírgula


Separa palavras

( 1 0 atum tp###e r'#u#t# apreciadol
que contêm in- esca-se t#a ca##'## d#x #lg##e Parêntese formações úteis. p


Indicam o início
e o fim de ci- KQuerer # #t#adery# diz o povo. Aspas tacões.


Exercícios de aplicação
1. Faz a correspondência:

Ponto final Dois pontos
Vírgula @
Ponto de interrogação Ponto de exclamação
Ponto e vírgula
Aspas
2. Coloca os sinais de pontuação nos # do texto seguinte :
O Luis plantou uma macieira no quintal C#
Essa macieira #é dá maçãs L#1 São tão docinhas as maçãs que ela dá L#l
Tu ## plantaste alguma árvore L#

O Luis come muita fruta ##) maçãs ## peras 0 pêssegos L#I uvas f# melões # laran#ás 0
3. Coloca virgulas e pontos finais nos 0 das seguintes frases:

L uís C# anda cá C#

Ana C#7 a melhor aluna da turma 0 recebeu um prémio # Eu 0 hoje de manhã # estive em tua casa L7

Ontem ## quando saíste L# chegou o meu irmão C1
Lê o texto:
O Luís entrou na loja de brinquedos. Vendo uma linda bola, perguntou:
- Quanto custa esta bola, senhor
António?
- Custa apenas mil escudos.
- É muito cara.
Que pena! Se me fizesse um bom desconto.
No sábado, fuí ao cinema; no domingo, fui ao circo; hoje, à noite, vejo televisão.

Tipos de frase
Observa e lê com a entoação devida:

a. o castanheiro dá castanhas.
b. As castanhas são tão boas!
c. Gostas de castanhas?
d. Ana, come estas castanhas.

Procura compreender e completa :

Em a., o Luís declarou alguma coisa - usou uma frase declarativa.
Em b., exprimiu admiração ou exclamação - usou uma frase
Em c., fez uma pergunta ou interrogação - usou uma frase @ Em d., deu uma ordem - usou uma frase imperativa.
Aprende:

Há quatro tipos de frases :

- frase DECLARATIVA, quando declaramos alguma coisa;
- frase EXCLAMATIVA, quando mostramos admiração ou exclamação;
- frase INTERROGATIVA, quando fazemos uma pergunta ou interrogação;
- frase IMPERATIVA, quando damos uma ordem, um conselho, ou fazemos um pedido.


Exercicios de aplicação
1. Identifica o tipo das frases seguintes :
a. A Ana fez pipocas
b. Que pipocas tão saborosas!
c. Já comeste pipocas ?
d. Ó Luís, toma lá pipocas

2. Completa as frases e coloca os sinais de pontuação :

Frase do tipo declarativo: O Luis ia sendo
Frase do tipo exclamativo : Que susto
Frase do tipo imperativo : Menir#os,Frase do tipo interrogativo : Tu costumas

3. Coloca os sirrais de pontuação.

Lê as frases com a entoação devida :
Achas que estes livros são bonitos Q

Sim, acho que são bonitos Q Como são bonitos estes livros (C) Meninos, leiam muitos livros 0

Tipo Tipo Tipo Tipo

Formas de frase

Observa as gravuras e lê as frases :
a. A Ana canta bem.
b. Ela gosta de cantar.
c. 0 Luís não canta tão bem. d. Elè não gosta muito de cantar.
Procura compreender e completa:
Em a. e b., afirmamos alguma coisa.

Estas frases estão na forma afirmativa. @ Em c. e d., negamos alguma coisa. @ Estas frases estão na forma
Estas frases estão na Tipo forma afirmativa :
Declarativo A Ana canta uma canção. Interrogativo A Ana canta uma canção? Imperativo Canta uma canção, Ana. Exc.lamativo A canção é tão bonita !
Escreve as mesmas frases
na forma negativa :

# cantes

# não é nada bonita !
Aprende:

Cada frase só pode pertencer a um tipo.
Cada tipo de frase pode ter uma das seguintes formas:

- forma afirmativa ;
- forma negativa.


Exercícios de aplica çã o

1. Estas três frases estão na forma afirmativa.
Escreve-as na forma negativa.
a) o Paulo caiu no recreio.a I
b) Feriu-se num joelho.
b 1
c) A ferida doeu-Ihe muito.c l
2. Indica o tipo e a forma destas frases:
tiPO FORMA
a) Fui pescar com o meu pai.
b) Vi tantos peixes no mar !
c) Que peixes aprecias mais?
d) Não deixes de comer peixe.
3. Identifica o tipo e a forma das frases seguintes : a) Os meninos jogam o pião.
Tipo ; forma

b) Como o pião gira ! Tipo ; forma
c) Tu não tens um pião?
Tipo ; forma

d) Não percas o teu pião.
Tipo ; forma
Completa e fixa :
Cada tipo pode ter a forma

ou
O nome ou substantivo
Observa e lê :

O Luis vê televisão.
O gato dorme ali.

Nestas duas frases há três nomes :
Luís - nome duma pessoa ; televisão - nome duma coisa ; gato - nome dum animal.
As palavras que nomeiam as pessoas, as coisas e os animais são nomes (ou substantivos).
Sublinha os nomes que se encontram nestas frases: @ o João tem um boi, uma vaca e um vitelo (ou bezerrol. I
@A Ana tem um cavalo, uma égua e um potro (ou poldrol.
@ A Luísa tem um cão, uma cadela e um cachorro. @
A Paula tem um porco, uma porca e um leitão. @
o Rui tem um carneiro, uma ovelha e um cordeiro. @
o Eduardo tem um bode, uma cabra e um cabrito. @
A Isabel tem um galo, uma galinha e um pinto.

Escreve outros nomes de..

Exercícios de aplicação
1. Lê o texto :

Era uma vez uma casa branca, nas dunas, voltada para o mar. Tinha uma porta, sete janelas e uma grande varanda de madeira. Junto da casa havia um jardim onde cresciam lindas flores.
Nessa casa morava um rapazinho, #a irmã e seus pais.
- Que faziam essas crianças?
- De manhã, iam à escola. Depois almoçavam, estudavam um pouco e iam brincar para a praia. Como elas eram felizes!
Adaptação
2. Completa:
Número de parágrafos deste texto o Número de frases do 1 o parágrafo #
3. Escreve os sinais de pontuação que aparecem no texto: vírgula
4. Faz a correspondência :

A 50 frase do texto é @ @ declarativa A 60 frase do texto é @ @ interrogativa A última frase do texto é @ @ exclamativa

5. Escreve os nomes (substantivos) que há no 21 parágrafo:

O verbo

Observa e lê:
A Ana lê um livro.
O Luís desenha um avião.
Completa:

A Ana pratica a acção de
o Luís pratica a acção de do verbo

Lê é uma forma do verbo ler. . Desenha é uma forma

As palavras que indicam acções chamam-se verbos.

Os verbos têm várias formas : Eu leio, eu lia, eu li, eu lerei...

Eu desenho, eu desenhava, eu desenhei, eu desenharei...

Mas há uma forma pela qual os verbos se identificam : é o infinitivo.

Exemplos : Eu leio.
Eu desenho. Eu trabalho. Eu brir#co. -Eu rio.

Infinitivo: ler.
Infinitivo : desenhar.
Infinitivo:
Infinitivo:
Infinitivo:
Exercicios de aplicação

1. Observa e lê :

O Rui nada na piscina. A Luisa escreve um postal. A Elsa ouve música.

o João come uma maçã.
Completa:
Nada é uma forma do verbo
Escreve é uma forma
Ouve é uma #

Come é

2. Liga as formas verbais ao seu infinitivo :
3. Completa com as formas verbais apropriadas :
o Sol nasceu. Já os passarinhos. Os meninos para a escola. Na sala de aula
muitos trabalhos. No recreio , e vários jogos.

Depois das aulas a casa.

cantar:. ir
tazer cirrer saltar Ít#9'ar
regressar

O grupo nominal e o grupo verbal

Observa e completa:
o rapaz corre.
Nesta frase podemos formar dois grupos distintos :
Quem corre? Que faz o rapaz?
o rapaz
Grupo 1 Grupo 2


Podemos substituir o grupo 1 e manter o grupo 2:
Obtemos, assim, frases correctas e aceitáveis.
Podemos, também, substituir o grupo 2 e manter o grupo 1:

# salta E-- brinca # lê

Obtemos, também, frases correctas e aceitáveis.

A menina -# o atleta o cavalo

Aprende: Uma frase é constituída por dois grupos distintos: Grupo 1 Grupo 2
GRUPO NOMINAL (do nome)

GRUPO VERBAL (do verbo)

Podemos representar u#a frase de duas maneiras:
1. - A reescrita:
2. - O esquema em árvore:

GN GV F o rapaz

GN
o rapaz
GV
corre.
Exercícios de aplicação :
1. Separa o GN do GV, usando cores diferentes :
2. Inventa um GV para cada um destes grupos nominais :

O Luis fez nove anos.
A mãe fez um bolo.
O menino convidou os amigos As crianças gostaram da festa.

3. Inventa os grupos que faltam nas frases seguintes:
4. Representa de duas maneiras a frase : O gato caçou o rato.
a) A reescrita:
b) 0 esquema em árvore:
Os bois #
o meu pai
A água
As flores
voam no ar #
GN GV
GN
GV
o comboio

: Relação do GN com o GV/
Observa a gravura.
Marca, a cores diferentes, o GN e o G V nas frases :
o menino brinca.
A mãe borda.


o pai lê o jornal.


Responde:
Nestas frases, o GN vem antes ou depois do GV?
Conclusão:
Em Português, geralmente, o GN antecede o GV. Mas há frases em que o GN vem depois do GV. Ex. : Chegou o Inverno. / o Inverno chegou.

Completa:
O menino brinca. Os meninos
A menina brinca. As
- GN e GV no singular
- GN e GV no
- GN e GV no singular brincam. #
- G N e G V n õ
Conclusão:

o GN e o GV concordam sempre um com o outro: se o GN varia em número (singular e plural) o GV varia também.
Exercicios de aplicação
Relação de posição :

1. Coloca na posição correcta o GN e o GV das frases b), c), d) e e):

a) O pai levanta a mesa. b) Lava a louça a mãe. c) Sacode a toalha o filho. d I varre o chão a fiha. e) Trabalham todos.
Completa com uma das palavras antes ou depois: Em Português, geralmente, o GN vem
Relação de concordância :

do GV.
Completa as frases da coluna da direita.
Sublinha, a cores diferentes, o GN e o GV das mesmas:
SINGULAR: PLURAL:
A galinha cacareja. As galinhas
o porco grunhe. Os porcos
o papagaio palra. palram.
o homem fala. fa/am.
Conclusão :
0 GN e o G I/ concordam


3. Estabelece a relação de concordância entre o GN e o GV das frases seguintes:
O pato grasna. A vaca muge.
A vitelinha dá berros. O cordeirinho dá balidos.

As funções do GN e do G I/

Observa a gravura, lê as frases e completa :
o menino estuda.
o cavalo pasta a erva. A laranjeira dá laranjas.
Pergunta
Quem estuda?
Que faz o menino?
É o predicado
o Pergunta: Quem dá laranjas? Que dá a laranjeira? Resposta : A laranjeira
É o É o predicado
Aprende:
o GN tem a função de sujeito.

o GV tem a função de predicado.
o sujeito é o ser acerca do qual se diz alguma coisa. 0 predicado é o que se diz do sujeito.
Nota:
Ao conjunto Sujeito + Predicado duma frase simples dá-se o nome de ORAÇÃO. A frase simples contém uma única oração - ORAÇÃO ABSOLUTA.
Pergunta : Quem pasta ? Que faz o cavalo ? Resposta : # pasta a erva
É o sujeito É o
Exercícios de aplicação

1. Lê as frases:
A galinha pôs um ovo.
Responde e completa:
Quem pôs o ovo? Que fez a galinha? GN GV

Função: sujeito Função:
Quem comeu o ovo ? Que fez a Ana ? GN GV
A Ana comeu o ovo. Função: Função:

2. Observa:
Sujeito Predicado
O pastor guarda o rebanho. -# O cão atacou o lobo.

O lobo matou uma ovelha. #

Completa :
GN GV
3. Faz corresponder com números :

Sujeito 1 0 bebé 2 A irmã
3 Ela (a irmã)
4. Faz o esquema em árvore da frase : GN GV

o bebé rirs
Sujeito predicado
GN GV
Função:

O nome. comum e próprio
rio
Douro
Tejo
Guadiana

Nota que:

o nome rio refere-se a todos os rios : é comum a todos eles.
Por isso, rio é um nome comum.
Douro indica o nome próprio desse rio (só dele) ; 0 nome #Tejo indica o nome próprio desse rio (só dele) ;

Guadiana indica o nome próprio desse rio (só delel. Por isso, Douro, Tejo, Guadiana são nomes próprios. Os nomes próprios escrevem-se com letra maiúscula.
Descobre, para cada nome próprio, o respectivo
nome comum:
a)A Luisaé uma pessoa
b) o Portoé uma
c)Portugal é um
d) o Mondegoé um
e) o Marão é uma
f)A Terra é um
g)A Primavera é uma
h)o rrTareco##é um
Neste niapa vemos os seguintes nomes ou substantivos:
São nomes próprios os nomes de:
@ pessoas
@ povoações
@ países
@ rios
@ serras
@ astros
@ estações do ano
# @ animais
Exercícios de aplicação
1. Classifica estes dois conjuntos de nomes:
2. Pensa e escreve nomes próprios de :
PAÍSES SERRAS # ASTROS
3. Lê o texto:
No Outono, naquela terra humedecida pela chuva de Novembro, encontraram-se duas sementes.
- Quando vamos ser árvores? - perguntou uma delas.
- Só daqui a alguns anos - respondeu a outra.
- Vamos ter flores e frutos?
- Sim, vamos.
- E ninhos, também ?
- Também, pois.
- E os pássaros vão cantar para nós?... Adaptação
Preenche os espaços com os nomes tirados do texto : NOMES PRÓPRIOS NOMES COMUNS
O nome ou substantivo colectivo
O pastor guarda um rebanho de ovelhas,.

A palavra rebanho significa um conjunto ou colecção de ovelhas. Por isso rebanho é um nome ou substantivo colectivo.

Alguns nomes ou substantivos colectivos:
alcateia - de lobos
mata - de árvores silvestres
bando - de aves
montado - de sobreiros
cáfila - de camelos #
olival - de oliveiras

cardume - de peixes
pinhal - de pinheiros
enxame - de abelhas
pomar - de árvores de fruto
manada - de bois, elefantes
souto - de castanheiros
matilha - de cães
chusma - de pessoas
vara - de porcos
equipa # - de jogadores
batatal - de batateiras
exército - de soldados
choupal - de choupos
esquadrilha - de aviões
Aprende:

Nomes ou substantivos colectivos são os que,mesmo no singular, indicam um conjunto de seres da mesma espécie.
Os nomes
homem,..Os nomes
mulher,
vaca, boi, :..
galinha.
indicam seres machos:
indicam seres fêmeas:
são do género masculino.
são do género feminino.
Completa e fixa:
Em gramática há dois géneros: e
o masculino indica seres
o feminino indica seres
Formação do feminino:

Observa e completa :

o menino - a menina o gato
o aluno - '' o coelhoo vizinho - o pombo
O género
Observa:
Os nomes terminados em o mudam o o em:
Observa:
o menino (só um)
O número
o gato (só um)
Os meninos (mais de um)
Os gatos
(mais de um)
A bola As bolas (só uma) ' (mais de uma)
Os nomes menino, gato, bola estão no Os nomes meninos, gatos, bolas estãosingular no plural.

Completa e fixa:
Em gramática os números são dois:
o singular indica
o plural indica


#e#
Formação do plural
Observa e completa:
Se o nome termina em vogal, acres- Se o nome termina em consoante,
centa-se um s : # acrescenta-se es :
mesa - mesas mar - mares
boné - mês -
javali cabaz -
livro - carácter faz caracteres
peru júnior faz juniores
# (cão grande) (cão pequeno)
Nota:
o diminutivo emprega-se muitas vezes para exprimir carinho ou afectividade.Ex.: Sou muito amigo da mãezinha.(Mãezinha não indica diminutivo, mas carinho).
Escreve ao lado os nomes (substantivos) que há nas frases seguintes:
@
Tenho um gatinho muito bonito.
@ o pêlo dele é macio.
@ Os seus olhos são meigos.
Como são fortes as suas patas !
@ Quando crescer será um gatarrão.
Observa:
cãozinho
cão pequeno # diminutivo
O grau
cão
tamanho normal
canzarrão
cão grande aumentativo
Completa e fixa:
o nome cão variou em grau: aumentativodiminutivo
# Exercícios de aplicação
1. Completa o quadro, servindo-te das palavras ao lado :

GRkU GRAU GRAU AUMENTATIVO NORMAL DIMINUTIVO
gato
casa
sala
porta
cadeira
2. Diz numa só palavra:
casarão casinha
cadeirinha cadeirão
gatarrão gatinho
salinha salão

portão portinha
Homem grande: homenzarrão; homem pequeno:
Mulher grande: mulheraça; mulher pequena
Rapaz grande: rapagão; rapaz pequeno
Cabeça grande: cabeçorra; cabeça pequena
Voz muito forte: ; voz muito fraca
3. Muda de grau os nomes escritos em itálico:
GRAU GRAU GRAU
AUMENTATIVO NORMAL DIMINUTIVO
O rato
roeu
a camisola
que estava
na gaveta.
Determinante do nome: o artigo
Observa e lê:
É o galo. É um galo.
São os galos. São uns galos.
Nas frases acima,
As palavras o, a, os, as um, uma, uns, umas
são artigos.
Observa e fixa: Completa : Os artigos estão antes o galodo nome. um galo

Os artigos são determinantes: o galo
ajudam a determinar a galinha o género e o número os galos dos nomes. as galinhas
É a galinha.
É uma galinha.
São as galinhas.
São umas galinhas. #
galinha galinha
GÉNERO NÚMERO

Masculino

Procura compreender e aprende:

Os determinantes artigos podeÍ ser:
DEFINIDOS INDEFINIDOS o, a, os, as. um, uma, uns, umas. Ex. . O galo pedrês cantou. Um galo cantou.

Sabemos que galo é. É um galo qualquer.
Exercícios de aplicação

1. Completa com
artigos definidos : artigos indefinidos :
pião cadeira
bonecas cadernos
postais mesas
bola relógio


2. Determina o género e o nÚmero dos nomes :
o pastor
as ovelhas
a lã
os cães
um carneiro umas folhas uns queijos uma camisola


3. Sublinha os artigos nas frases seguintes:
a) O cavalo é um animal muito elegante.
b) Os carneiros e as ovelhas dão-nos a lã.
c) A macieira é uma árvore frutífera.
d) Os pinheiros são umas árvores muito abundantes.
4. Escreve os determinantes artigos que faltam no texto :

O padrinho e madrinha foram visi-
tar afilhados. Levaram-Lhes umas
lembranças.
#ote5
- Queres saber quais foram as lembranças?
Foram: um livro e calculadora.
Modificador do nome : o adjectivo

Observa:
O gato cinzento come o carapau.

A palavra cinzento atribui uma qualidade ou caracteristica ao gato : diz que é cinzento.
Cinzento é um adjectivo.
Compara estas duas frases: Completa; responde: GN
GV o GN desta frase é
formado pelo # gato cinzento o pelo e pelo
artigo nome adjectivo É uma frase correcta
e aceitável?
GN
GVNo GN desta frase omitiu-se (apagou gato: oe carapau.-sel o adjectivo.
A frase é, também, correcta e aceitável?


artigo nome adjectivo
As frases acima escritas, são correctas e aceitáveis.
Conclusão: O adjectivo pode existir ou não no GN.
Não é um elemento obrigatório: é facultativo.

O adjectivo .# posição e concordância com o nome
Observa o GN e completa:

GN

As rosas lindas
nome adjectivo
GN
enfeitam a sala
Responde:


Nesta frase, o adjectivo está antes ou depois do nome?
Nesta frase, o adjectivo As lindas rosas enfeitam a sala. está antes ou depois
do nome?
Conclusão: O adjectivo pode anteceder ou seguir o nome, conforme os casos.
GN O nome e o adjectivo
O aluno estudioso faz os trabalhos.
estão
no género
nome adjectivo e no número
GN O nome e o adjectivo
A aluna estão
faz os trabalhos.
no género
e no número
GN O nome e o adjectivo
Os alunos estão
fazem os trabalhos.
no género
e no número
GN 0 nome e o adjectivo
As alunas estão
fazem os trabalhos.
no género
e no número

Conclusão: O adjectivo concorda com o nome em género e número.
Os graus do adjectivo
Observa:
O João é um rapaz alto.
O Luis, seu irmão, é mais alto. O pai é altíssimo.



Nestas frases emprega-se o adjectivo alto indicando vários graus de altura.



Isto mostra-nos que os adjectivos têm graus.



Os graus dos adjectivos são três: normal, comparativo e superlativo.


0 normal indica simplesmente a qualidade : alto.


0 comparativo estabelece uma comparação. Pode ser :





"

De superioridade, se compara para mais :
O Luís é mais alto que o João. De inferioridade, se compara para menos:



O João é menos alto que o Luis.


De igualdade, se diz que são iguais : O José é tão alto como o Rui.


42


0 superlativo indica#a qualidade no grau mais elevado. Pode ser: absoluto sintético : O pai é altíssimo. absoluto analítico : E/e é muito alto.



Superlativo
relativo de superioridade: O mais alto (de todos).

relativo de inferioridade : O menos alto (de todos@.




Exercicios de aplicação





,



0 comboio é rápido. E o automóvel ?


Indica os graus do adjectivo rápido nas frases seguintes :

@ 0 comboio é rápido.

@ 0 avião é mais rápido que o automóvel. @ 0 automóvel é menos rápido que o avião. @ 0 comboio é tão rápido como o automóvel.

@ 0 avião é rapidissimo. @ Ele é mesmo muito rápido.

@ 0 foguetão é o mais rápido de todos.

E o avião ? E o foguetão ?



GRAU : I











43

F# e..:::
s:::; #:. :


Exercícios de aplicação




" -
15500
450500 17550
i 1000500 17550

GRAUS DO ADJECTIVO CARO.

Observa as figuras e completa :

ü'.





@ O estojo é caro.
@ 0 caderno é tão caro como o lápis. @ 0 lápis é a borracha. @ 0 caderno é menos caro que
@ 0 á I b u m é caríssim o.
@ Sim, ele é muito caro.
@ 0 álbum é o mais caro de todos estes objectos.
@ O menos caro de todos eles é a borracha.

Grau normal.

Grau
Grau comparativo de superioridade. Grau comparativo de inferioridade. Grau Grau Grau Grau



Alguns adjectivos formam os graus por meio de palavras diferentes. Ex. :

NORMAL COMPARATIVOSUPERLATIVO
bom melhoróptimo
mau pior- péssimo
grande maiormáximo
pequeno menormínimo


Atenta no superlativo absoluto sintético destes adjectivos :

agradável - agradabilissimo veloz - velocíssimo são - sanissimo

fácil - facilimo
antigo - antiquissimo célebre - celebérrirr#o


" A s pessoas grama ticais


Observa e lê :

oc 1 a pessoa : EU (emissorl Q C
2a pessoa: TU (receptor)

z_

3a pessoa : ELE ou ELA
(nem emissor nem receptor)


1 a pessoa : NÓS (emissor) Q
2a pessoa : VÓS (receptor) 3a pessoa : ELES ou ELAS

(nem emissor nem receptor)



Completa e fixa :


As pessoas gramaticais são três :
Singular: Plural: eu


vós

ou ou


Completa :
oc Eu canto 1 a pessoaEu cantei1 a pessoa
Q
tu cantas cantaste 2a pessoa
e/e canta cantou 3a pessoa
ela canta ela 3a pessoa
nós cantamos 1 a pessoacantámos1 a pessoa
vós cantais cantastes2a pessoa
e/es cantam eles3a pessoa
e/as cantam cantaram3a pessoa
45


#u






Observa :


O menino come a uva.



E/e come a uva.




A uva está madura.


E/a está madura.



Como vês,

@ a palavra ele está em vez do nome menmo;



@


a palavra ela está em vez do nome uva. As palavras ele e ela sao pronomes.



E, porque designam as pessoas gramaticais, ele e ela são pronomes pessoais.

Os pronomes pessoais são os seguintes:






Nota :

comigo = com + migo ;contigo = com + tigo ; consigo = com + sigo ; connosco = com + nosco; convosco = com + vosco.

;'



46


Exercicios de aplicação

Sublinha os pronomes pessoais no texto.


EU me mim
comi#ó





TU te ti
contigo



ELE ELA o a Ihe



NÓS nos
#nosço


VÓS @ vos
'l VOSCO


Eu tenho bastantes livros.
A minha avó ofereceu-me a BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES.
Para mim é um lindo livro.
Queres vir ler comigo ?



Tu tens muitos brinquedos?
Deram-te algum no Natal ?
Qual é, para ti, o teu melhor brinquedo ? Posso ir brincar contigo ?



Luís: - Tenho um pião. Lanço-o no chão Ele dança, dança..
Rui : - Tenho uma bola, Dou-Ihe um chuto Ela salta, salta...




A mãe deu-nos três berlindes. Nós vamos jogar, antes do lanche. Quereis vir jogar connosco?


Sim : se vós ides jogar antes do lanche, podemos acompanhar-vos e jogar convosco.







E'LES
El.AS As meninas e os menirlos brincaram muito. Elas e eles jogaram o berlinde, a bola e o pião. No fim, a mãe preparou-Ihes o lanche.

#es



47


;r #i

Os pronomes possessivos


Observa :

0 Luís tem um pião e diz : Este pião pertence-me. É meu.


A palavra meu está em vez do nome pião.
Por isso, meu é um pronome.


E, como indica posse, meu é um pronome possessivo.





Completa com pronomes possessivos : @ Eu tenho um pião. 0 pião é meu.

@ Tu tens um livro. 0 livro é@ Ele tem um estojo. 0 estojo é seu, dele.



@

Ela tem uma régua. A régua é , dela.

@ Nós temos um cão. 0 cão é

@ Vós tendes um gato. 0 gato é

@ Eles têm uns cavalos. Os cavalos são

@ Elas têm umas vacas. As vacas são suas, delas.

, deles.


Os pronomes possessivos são :


Determinantes e pronomes possessivos


Observa e lê :


A minha boneca e a tua.



Está junto do nome: é um determinante possessivo.

Está em vez do nome: é u m pronome possessivo.



A tua boneca e a mtñha.



Está junto do nome: é u m determinan te possessivo.

Está em vez do nome: é um pronome possessi vo.


Como vês, a mesma palavra pode ser : @ determinante, se está junto do nome; @ pronome, se está em vez do nome.

Exercícios de aplicação


1. Sublinha com - os determinantes possessivos e com =os pronomes possessivos, nas frases:

0 meu lápis é grande; o teu é pequeno. Esta é a minha borracha; a tua está no teu estojo. Nós temos um dicionário. Ele é nosso.
As nossas réguas medem 30cm. E as vossas? A Elsa e o Rui têm doze lápis. Eles são seus.


2. Escreve duas frases curtas em que apliques determinantes e pronomes possessivos :




49 ,


G

f
Os pronomes demonstrativos





I ....,;#

Observa :


0 Luís aponta para os carros e diz :

Este é grande, esse é médio e aquele é pequeno.


As palavras este, esse e aquele estão em vez do nome carro.
Por isso, são pronomes.





Este m#st#'a um carro que está junto do emissor (o Luís).

Esse mc#s'Cra um carro que está junto do receptor (o Ruil.

Aquele mostra um carro que está longe dos dois.

Este, esse e aquele são pronomes demonstrativos, porque mostram ou indicam o lugar que o objecto ocupa em relação ao emissor e ao receptor.





50

Os pronomes demonstrativos são :


Determínantes e pronomes demonstrativos






Observa :

Esta casa é minha, essa é do João e aquela é do José. Está junto do nome casa : Estão em vez do rrdme easa : é um determinante demons- sao pronorries. d#mr#nstratrvos: trativo.



Exercicios de aplicação .#



1. Completa com determinantes e com pron##ee as frases : demonstrativos demanstrativos


Não queroeste caderno, quero aí.

Não quero borracha, quero aí. Não queroesse lápis, quero acolá.

Não quero folhas, quero # acolá.


2. Sublinha com - os determinantes demonstrativos e com = os pronomes demonstrativos, nas frases :


Não compro este caderno; prefiro o outro.
A Elsa e o Rui têm nove anos. Eles têm a mesma idade. Eis três polígonos diferentes :
Isto é um quadrado, isso é um
pentágono e aquilo é um hexágono.

51


f

Os pronomes relativos






Observa :
A Ana tem uma boneca. A boneca diz mamã. A Ana tem uma boneca que diz mamã.



A palavra que está em vez do nome boneca. Por isso, que é um pronome.


Mas

, por ser relativo a uma palavra que está antes (antecedente), que é um pronome relativo.


Formas do pronome relativo :





@I

Nota : Os pronomes relativos não são do Programa. Incluem-se para se compreenderem as orações subordinadas relativas, pág@ #2@

52


` Exercicios de aplicação


1. Circunda os pronomes relativos nas frases :

a) 0 homem que vês ali é lavrador. bl A mulher que vês ali é lavradeira. c) Quem trabalha, produz.
d) Dinheiro têm todo quanto precisam. e) Fruta têm toda quanta querem. f) Legumes têm todos quantos querem. g) Batatas têm todas quantas querem.

Observa atentamente as frases acima e nota que :


o qual que=#aqual

quem = aquele que

quanto = aquele que quanta - aquela que quantos = aqueles que quantas = aquelas que





2. Completa com o pronome relativo apropriado :

0 livro que me emprestaste é bonito.

0 livro o qua/ me emprestaste é bonito.

Os livros me emprestaste são bonitos. Comprei uma esferográfica que escreve bem.

Comprei uma esferográfica escreve bem.

Comprei umas esferográficas escrevem bem.


Lê e procura compreender:

As formas cujo, cuja, cujos, cujas só funcionam como determlnantes relatÌVOS.
Ex.: Ténho uma gata cujo pêJo é negro. Há patos cujas penas são brancas.

53

###i #iru #n##,#,### ...


I:




I #.

O verbo : variação em pessoa e número

#.*#;. ,











Observa :

Eu desenho uma casa, tu desenhas um carro, ele desenha um cavalo.


<<desenho##, <<desenhas>>, <<desenha>>... são formas do verbo desenhar.


Os verbos são as palavras que têm mais formas.

Com um só verbo podemos indicar:


a) As pessoas gramaticais : eu desenho --# 1 a pessoa tu desenhas -# 2a pessoa ele desenha # 3a pessoa


b) Os números gramaticais: eu desenho
tu desenhas número singular ele desenha
nós desenhamos
vós desenhais número plural eles desenham




Completa e fixa :





,:

Os verbos variam em pessoa gramatical : 1 a ,

e em número : e

e#




54


Exercicios de ap/;ca

@ çao





2
Revê o que se diz na pág. 22. Agora completa :



#u 4 u#i 1# # ##, #r' F #"## # ##fi#####" h#I#r##
ma# :, ##,
GN: Eu

GV:





#m



I.,
GN.:. GV#

Como vês, o GN e o GV estão sempre de acordo um com o

Sendo assim, outro. faz a correspondência:

3@ Lê as frases :
Eu gosto de ciclismo.Treino duas
vezes por semana.
0 Luís e o Rui apreciámatletis-
m o. Correm
0
um pouco, todos os
sábados.

Que desporto preferes tu ?
Jogas futebol muitas vezes? Marcas muitos golos ?

Completa este quadro com os verbos das frases que leste:











55





,

# @ Conjuga os verbos seguintes :


` O verbo : variação em tempo





Agora, Depois,
desenho um carro. desenharei um avião.


Esta accão refere-se Esta acção refere- Esta acção refere-se ao tempo passado -se ao tempo pre- ao tempo futuro.
ou pretérito. sente.

Com os verbos podemos indicar o tempo (o momento) em que a acção é praticada.



1. Completa e fixa :
Os tempos principais dos verbos são três: ou pretérito e


2. Completa : desenhei desenho desenharei pin tam pintarão pin taram

forma do verbo desenhar no tempo
" " " " " "" " " " " "


forma do verbo pintar no tempo




" " " " " "

" " " " " "



56

Observa e lê : A n tes, desenhei um barco


f



1. Faz corresponder :

Exercícios de aplicação





@ Presente @ \ / @ Eu estudo

@ Pretérito @ I I @ Eu estudarei

@ Futuro @ / \@ Eu estudei


2. Completa o quadro, como no exemplo :
VERBO PESSOA E NÚMERO TEMPO
PRESENTE PRETÉRITO FUTURO
cantar 1a pessoa do sing.eu cantoeu eu
brincar 2a pessoa do sing.tutu brincaste
ler 38 pessoa do sing. ele lêele
saber 1 a pessoa do pluralnósnós soubemos
partir 2a pessoa do pluralvós partisvós partistes
abrir 38 pessoa do pluraleleseles




3. Lê o texto :

0 dia amanhece. 0 Sol nasce. Todos os animais acordam. Os passarinhos cantam. As pessoas vão à sua vida.

Completa :
Este texto está escrito no tempo ' Escreve o mesmo texto no tempo pretérito ou no tempo futuro, à tua escolha :





57


O pretérito imperfeito e o pretérito perfeito





;





z

Observa e lê :

0 Luís estudava, quando o pai chegou. A forma verbal <<estudava># indica que a accão de estudar ainda estava incompleta ou imperfeita quando o pai chegou.


Estudava --# pretérito imperfeito

0 Luís já estudou.

A forma verbal <<estudou>> indica que a accão de estudar já está completamente #realizada ou perfeita.


Estudou --# pretérito perfeito





1. Completa :

0 tempo pretérito pode ser ;

e

estudavaforma do verbo estudar no pretérito
estudou""
comiafarma do verbo comer no pretérito
comeu
" " " " "
partiuforma do verbo partir no pretérito
partia
" " " " "


\ # `

P /


r


Exercicios de aplicação





Observa e lê :


0 Luís pintava e a Ana escrevia, quando o Rui entrou.

1. Completa :
Pintava é uma forma do verbo pintar no pretérito


2. Conjuga o verbo pintar no pretérito imperfeito :
eu tu ele
nós pintávamos
vós pintáveis

eles


no pretérito perfeito :


tu pintaste


nós pintámos vós pintastes eles

3. Completa :
Escrevia é uma forma do verbo escrever no pretérito


4. Conjuga o verbo escrever no pretérito imperfeito:
eu tu ele

nós escrevíamos
vós escrevíeis

eles


no pretérito perfeito :





59

Í #i




O verbo : as três conjugações





Observa, lê e completa :
0 Luís sa/ta. 0 João corre Salta é uma forma do verbo # corre é uma forma do verbo # parte é uma forma do verbo #

I
# #. #:.. .: ,: .#: :.# #. #.: : #. .. . . .#. #.:## -.
#d #
`### ### r## Se retirarmos o r ao infinitivo do verbo,0btemos o tema :
saltar --# sa/ta (r) ---# tema em a (1 a conjugação)
té a
correr -#-# corre(r) --#tema em ( conjugação)
tema
,...
partir --# parti (r) -#tema em ( conjugação)
t m

#1





O verbo
pôr e outros da mesma fami/ia #compor, dispor...l pertencem à 2a conjugação, porque eram de tema em e.

ponere ) pôr

t-vogal temática (2a conjugação)

60

0 Rui parte (vai emboral.


Exercícios de aplicação


1. Sublinha os verbos nesta lista de palavras:

andar cair ver mulher estar sentir lugar ouvir fazer pôr falar flor


2. Identifica a que conjugação pertencem estes verbos: 1 a conjugação .# ,
2a conjugação:

,

3a conjugação:

,

3. Lê o texto :
0 desastre espreita ! Tem cuidado :
- Sai da escola a passo.
- Segue sempre pelo passeio.
- Atravessa nas passadeiras, devagar.
- Na estrada caminha sempre pela berma esquerda : assim verás os carros de frente.

Completa:FORMA DO VERBO # CON# UGAÇÃO 2aQUE PERT3NCE:
espreitaespreitar X
tem
sai.
segue
atravessa
caminha
verás#


4. Completa e fixa :
De acordo com a vogal temática, há, em Português, tipos de conjugações : 1 a conjugação, a dos verbos de tema em
, 2a conjugação, a dos verbos de tema em
, 3a conjugação, a dos verbos de tema em

#61

I



Ì

f





I

0 modo indicativo e o modo conjuntivo
Lê as frases :
Ontem, Agora, Amanhã,
0 Luís desenhou 0 Luís desenha0 Luís desenhará
um bcrco. um carro. um avião.
Nota bem que:
0 Luís desenhou 0 Luís desenha0 Luís desenhará
de certeza. de certeza.com certeza

Os tempos do modo indicativo indicam certeza, realidade.



Que eu agora desenhe bem, e ganho um prémio.

Que eu ontem desenhasse bem, e ganhava um prémio. Se eu amanhã desenhar bem, ganharei um prémio.
\ #I



#i #.


; #.




0 Luís admite a possibilidade de ganhar um prémio, se desenhar bem. <<que eu desenhe##, <<que eu desenhasse>> e <<se eu desenhar>>
, são tempos do modo conjuntivo.



Os tempos do modo conjuntivo indicam possibilidade, dGvida.

São três os tempos do modo conjuntivo :
PRESENTE PRETÉRITOIMPERFEITOFUTURO
que eu desenhe que eu desenhassese eu desenhar
tu desenhes tu desenhassestu desenhares
etc. etc. etc.
Só o modo indicativo faz parte do Programa.
Além dos modos indicativo e conjuntivo, há ainda :
@ o modo condicional: eu desenharia se..
@ o modo imperativo : desenha tu, desenhai. vós..
@ o modo infinitivo: desenhar é agradável.
62






,


# a conjugação

l/erbo sa/tar


Completa e, depois, estuda :


T##pcr# MODO INDICATtVOMODO CONJUNTIVO
eu salto que eu salte
tu saltas tu saltes
ele ele
L
nós saltamos nós saltemos
vós vós salteis
eles saltam eles
eu saltava que eu saltasse
0
tu tu saltasses
0*r
ele ele
á nós saltávamos nós saltássemos
# E

' vós saltáveis vós saltásseis
eles eles
eu saltei
tu saltaste
ó o
'L *' ele
# a
nós saltámos
vós saltastes
eles
eu saltarei se eu saltar
tu saltarás tu saltares
ele ele
nós
nós saltarmos
vós saltareis vós saltardes
eles saltarão eles


63


2a conjugação

Verbo correr



Completa. Depois estuda :

MODO INDICATIVO # MODO CONJUNTIVO

eu corro que eu corra
tu corres tu
ele ele corra
nós corremos nós corramos
vós
vós corrais
eles eles
eu corria que eu corresse
tu corrias tu

ele ele
nós corríamosnós corrêssemos
vós corríeis vós corrêsseis
eles eles


eu corri
tu correste

ele

nós corremos vós correstes eles

eu correrei seeu correr
tu
tu
ele ele correr
nós correremos nós
vós
vós correrdes
eles correrão eles


conjc#gação






Depois estuda :


TempasMODO INDICATIVO MODO CONJUNTIVO
eu parto que eu parta
tu tu
ele ele
nós

nós partamos
vós partis vós partais
eles partem eles
eu partia que eu partisse
0tu tu
0*#
ele ele
`C
ánós partíamos nós partíssemos
vós partíeis vós partísseis
eles eles
eu parti
tu
ó o
ele
nós partimos
a-
vós partistes
eles
eu se eu partir
tu partirás
ele ele
nós nós partirmos
vós partireis vós partirdes
eles eles



O 3o
grupo da frase : o grupo móvel






0 Lufs ## ;, plantou uma macieira. GN GV






'

0 Luís plantou uma macieira.

---



GN GV (R) O Luis plantou uma macieira.

GN GV



:1






#.#'##


Pode estar: no fim da frase, como em # ;

Ij i

no meio da frase, como em #,





,..

ou no princípio da frase, como em #.






I:

0 grupo móvel está separado por meio de vírgulas. Pode ser retirado da frase: é facultativo, como em (R).


üÍ#i, ..,;....,,

66

0 Luís plantou uma macieira, no quintal. GN

GV


' Exercicios de aplicação


1. Acrescenta o 3o grupo às frases seguintes Escolhe-o nas etiquetas ao lado.


a) A Ana co/heu f/ores
bl O irmão pescou um barbo cl Os pais conversaram #





2. Escreve as mesmas frases, mudando a posição do 3o grupo :
a) b/ cÍ


3. Identifica o GN, o GV e o GM nas frases: GN

0 pai saiu



0 pai ### as 8 horas.



As crianças brrr###rn

no rio.


no campo. #


com os vizinhos.





Completa e fixa : 0 3o grupo pode mudar de lugar na frase : é





Completa e fixa : 0 3o grupo (GMl pode existir ou não na frase :

é

; ;






As cr#anças t#t'#r###rt# no jardim. 4. Representa em árvore a frase:

O ardina vende jornais pelas ruas.
F

GN GV 3o GRUPO


I II II

67


Frase simples e frase composta



Observa, completa e procura compreender:


O cão ladra. O gato mia. GN GV GN GV Frase simples. Frase composta. O cão ladra e o gato mia.
GN GV GN GV Frase composta.
Duas frases simples ligadas pela palavra e.




0 cão ladra. 0 cão uiva. GN GV GN GV

Frase Frase

O cão ladra e uiva. GN GV GV

Frase composta.#



O cão uiva. Olobo uiva. GN GV GN GV
Frase Frase O cão e o lobo uivam.



GN GV


É uma frase simples. #'#


Quando o GN de duas frases simples é o mesmo, pode desaparecer na 2a oração da frase composta.

Notar a formação da frase e a flexão verbal em número.
@68











1,....#



s


,w c#s@.






i R


Exercícios de aplicação



1. Descobre as frases simples e as frases compostas. Assinala-as com um #.

FRASE SIMPLES COMPOSTA


a) O Luís brinca. b) A irmã estuda.

c) 0 Luís brinca e a irmã estuda.


d) 0 João desenha.
e) O João pinta.
f) O João desenha e pinta.


g) A pega palra.
h) 0 papagaio palra.

i) A pega e o papagaio palram.


2. Completa com as palavras ao lado, de acordo com o exemplo :
a)0 Rui queria ir à escola. Ele está doente.
0 Rui queria ir à escola, mas ele está doente. mas
b)0 Rui não foi à escola. Ele tem febre.
porque
c)0 Rui está mais magro. Ele tem comido pouco.
portanto
d)0 Rui tem um cão.0 cão ladra muito. -
que


FIXA: FRASE SIMPLES -#um GN + um GV-uma só oração;
FRASE COMPOSTA #dois GN + dois GV lou maisl - duas ou mais oracões.

i

#u#ii





69


Ligação entre frases simples, por coordenação





Observa, lê e completa :

O cão ladrou. A Elsa acordou. Frase simples. Frase


O cão ladrou #e a E/sa acordou.


Frase


(Duas frases simples ligadas pela palavra l.





#I ;

O cão foi ferido. Ele não morreu. Frase Frase
O cão foi ferido, mas ele não morreu Frase



(Duas frases simples ligadas pela palavra


O cão geme. Ele tem dores. Frase Frase
O cão geme, portanto ele tem dores. Frase

(Duas frases simples ligadas pela palavra 70



e





mas
(porém, todavia)


).





portanto
, (por conseguinte)



I.



Exercicios de aplicação










1. Une as frases simples e forma frases compostas, usando
as palavras ao lado.
a)Os alunos deram um passeio.0 professor foi com
eles.
e
b) Os alunos estão sentados na relva.0 professor está
de pé.
mas
(porém, todavia)
c)São horas de lanchar. Eles vão comer.
portanto
(por conseguinte)



A
P As palavras e, mas, portanto... ligam frases simples, formando frases R compostas. São conjunções coordenativas.
E As frases, mesmo depois de ligadas, continuam independentes e N com sentido completo. São frases coordenadas (ligadas por conjunD cão coordenatival.
E


71

I


' Ligação entre frases simples, por subordinação

Observa, completa e procura compreender:


A jarra tem flores. Frase simples.


A jarra tem flores

Cheiram bem. Frase



que cheiram bem.



Frase

(Duas frases simples ligadas pela palavra I. que é um pronome relativo : que, as quais flores.







A Ana comeu o bolo. Estava no prato. Frase Frase


A Ana comeu o bolo que estava no prato.



Frase

(Duas frases simples ligadas pela palavra l. que é um pronome : que, o qua/










;
Repara bem nestas duas frases transformadas numa só :


A Ana comeu o bolo que estava no prato. A Ana comeu o bolo. Forma sentido, só por si.. que estava no prato. Não forma sentido, só por si.


Conclusão : A segunda frase só tem sentido se existir a primeira. A segunda frase depende da primeira.
A segunda frase está subordinada à primeira. Portanto, as duas frases estão ligadas por subordinação. 72


Observa, completa e procura compreender:


0 Luís toma banho. Ele tem calor. Frase Frase


0 Luís toma banho p#rque ele tem calor. Frase



(Duas frases simples ligadas pela palavra

porque indica causa ; é uma conjunção causal. A mãe fazia renda. O pai veio. Frase Frase



A mãe fazia renda. quando o pai veio.



Frase

(Duas frases simples ligadas pela palavra ).

quando exprime tempo; é uma conjunção temporal.



Atenta bem nestas duas frases transformadas numa só :


A mãe fazia renda quando o pai veio. A mãe fazia renda. Forma sentido, só por si ? quando o pai veio. Forma sentido, só por si ?



Conclusão: A segunda frase só faz sentido se existir a primeira. A segunda frase está subordinada à primeira.
Portanto, as duas frases estão ligadas por subordinação. As palavras porque e quando são conjunções subordii#ativas.

73

;


Da pala vra à silaba



Observa a gravura e lê a frase : A Elsa estuda gramática.





Esta frase tem 4 palavras.

As palavras dividem-se em sílabas. Assim :
A palavra # tem 1 sílaba : é monossilábica

" " EI sa tem 2 sílabas

" " tem 3 sílabassão polissilábicas. es tu da

" gra má ti ca # tem 4 sílabas




Exercicios de aplicação :






, , ...::..::,




2. Pensa e escreve palavras :



@

monossi/ábicas (ou monossi/abos) #---# -'@ po/issi/ábicas (ou po/issi/abosl, isto é, com 2, 3 ou mais sílabas :






,
,



9n.'@ 74





5


# 3i;


1. Completa o quadro abaixo :


@Divisão silábica (mudanca de linha#


Observa e procura compreender:

A divisão das palavras faz-se pela soletração, isto é, pelas si/abas.




As consoantes dobradas (rr, ss, cc, nnl separam-se.


Geralmente, só uma consoante passa
para a linha seguinte. Passam as duas óp-timo a-c/amar ,
ad miração a-fricano se a segunda for /, r ou h. fac-to u-nha
a-dap-tar cartu-cho


Os grupos gu e qu nunca se separam da vogal seguinte.



Nas palavras que tenham hifen (-) este repete-se na linha seguinte.



Exercícios de aplicação


co-mer dor mir es-tu-dar vo-os e-xa-me en-xa-me


car ro pas-so ac-ção con-nosco





á-gua fre-quen-te lon-gin-qua qua-se quais-Quer quan-do


disse- disse- riu-me -/he -se





1. Faz a divisão silábica das palavras seguintes:

adjectivo
ad/jec/ti/vo

atlético

a/tlé/ti/co

emblema suprimir


arrastar



doer

atravessar leccionar cooperar


barulho enquanto feriu-se


75


A silaba tónica. As si/abas átonas


Em cada palavra, há quase sempre uma sílaba que se pronuncia com mais força ou intensidade de voz. É a sílaba tónica`.
As outras, de intensidade mais fraca, são sílabas átonas.
Observa os exemplos :





lâmpada


sílaba tónica
sílabas átonas


colher



sílaba átona
sílaba tónicá



Exercícios de aplicação :



1. Observa a si/aba tónica das palavras : médico medico medicação fábrica fabrica fabricação


faca


sílaba tónica
sílaba átona






2. Sublinha a sílaba tónica das palavras:
cântaro gente coração escola caneta português pão gramática janela # Atlântico estudar automóvel órfão órgão àquela



lápis





àquilo




` Há palavras que não têm acentuação própria; pronunciam-se ligadas à palavra seguinte: a colher; os garfos; que lindos!
Noutros casos, a palavra sem acentuação própria pronuncia-se ligada à anterior: diz-me; disse-Ihe; feriu-se.

76


Pa'la vras agudas, gra ves e esdrúxulas


Observa a gravura e lê o texto :



A Ãngela e o avô foram ao circo.
Gostaram muito.
Os palhaços Mirita e Liró eram engraçados.
Os trapezistas deram saltos fantásticos.





Observa : # pa Iha


#rttepenúit#m# penúltima últ#rna silaba


Relê o texto e completa :
Nas palavras avô e a sílaba tónica é a ciltima. São palavras agudas. Nas palavras foram, circo, gostaram, ,





e sa/tos a sílaba tónica é a #

São palavras graves. Nas palavras Ãngela e São palavras



a sílaba tónica é a antepenGltima



A P R E N D E

Palavras agudas - a sílaba tónica é a última. Palavras 'graves - a sílaba tónica é a penúltima. Palavras esdrúxulas - a sílaba tónica é a antepenúltima.

i





77


Principais regras de acentuação gráfica



ANTEPE-
NÚLTIMA
SÍLABA
ár vo re
Cân di da
PENÚL-
TIMA
SÍLABA
Ì tú nel
pó len
a çú car
tó rax
lá pis
bó nus
ór fãlsl
tú neis
ór gão/s)
sa í da
'# zes
ra í
sa ú
de

Observa e procura fixar :


PALAVRAS ESDRlJXULAS São todas acentuadas.



PALAVRAS GRAVES Açentuam-se :

- as terminadas em I n r x;

- as terminadas em i, u,
vogal nasal, ditongo oral, ditongo nasal
(seguidos ou não de s) ;

- as que têm como tónicas as vogais i e u, quando precedidas de vogal que com elas não forma ditongo.



1. Responde:
Porque são acentuadas as palavras :
- pássaro e pêssego ?


- carácter e nencifar?



Ìp

à5## #
- órfão e órgão


- baia e faisca





F:.:

, 78





f.::xt...








"#" :. ,#,





v





t #: ,w


f

ÚLTIMA
SÍLABA
pá ( s)
ma ré(sl
i Ihó(sl
pa péis
fa róis
cha péu(s)
por tu guês
bi sa vô
al guém
ar ma zéns

PALAVRAS AGUDAS
Rcentuam-se :
a) com acenta agudv, as mt#rta###t#
sílabos terminados nas vocga#s aberC# at,




#r

e nos ditongvs ab#rtc#s # eu

(seguidos ou não de sl:.


bl com acento circunflexo,
os terminados ern e
o fechados
(seguidos ou não de sl.


Acentuam-se também os polissílabos terminados em em

e ens






1. Completa : A palavra...
- dás é acentuada porque



-jacaré é acentuada porque



- anzóis é acentuada porque



- supôs é acentuada porque



- ninguém é acentuada porque

o

o





I





79





# d


Sinais gráficos: alfabeto e sinais auxiliares

Observa e procura compreender


Quando escrevemos, usamos a guagem escrita.


A linguagem escrita é represen' através de sinais gráficos.
Chamam-se gráficos, porque sE crevem.


Lê, completa e aprende :

Os sinais gráficos são :
a. 0 alfabeto
É formado por 23 letras maiúsculas e 23 letras minúsculas.


MAIÚSCULAS A B C D E F G H I J L M N 0 P Q R S T U V )



o t n n i i i iii ii u u u # # , ,. . .




L,# #F, rlß ó ofo nô nn# i intn PIP PMB 8flC U t#C lluC CiiC C#ao #u u #u,


sr

k
k
#9; S .

As letras a, e, i, o, u são vogais; as restantes são consoantes.
No Português, há certa correspondência entre a letra e o som; no entanto,
que:
- o h não representa som nenhum : homem,,
- há letras que representam mais de um som.
9#
; Ex.: casa, cego,
,

fuga, fugir,,
3.
mesa, ensino,,
r
exame, xale, fixo, ,,
- o mesmo som pode ser representado por letras diferentes.
Ex.: já, fugia,
,
asa, azeite,,
80


b. Os sinais a#xiliares da escrita
@ Acentos :
agudo # : há, café, aí, grave # : à, às, àquele, circunflexo # : câmara, pêlo, @ Til # : irmã, irmão, mãe, @ Hífen # : couve-flor, disse-me, # @ Cedilha # : caça, poço, açúcar, # @ Apóstrofo # : Nun'Álvares Pereira,








vogais orais e nasais. Ditongos


Observa a palavra #rm #.

# - é uma vogal oral

# - é uma vogal nasal

Observa, agora, as palavras p ai p ão .
ai e ão são grupos de duas vogais que se pronunciam duma só vez - são ditongos.
ai - é formado por vogais orais - é um ditongo oral.

ão - contém uma vogal nasal /ã/ - é um ditongo nasal.


Exercícios de aplicação
1. Assinala e identifica os ditongos nas palavras seguintes:
jornais - ditongo oral peixe-
coisas - bacalhau -
mão - limões -
mãe - touros -
81


Sinónimos e antónimos






Observa as gravuras e lê as frases: 0 vestido da Ana é lindo. # 0 Luís é um ra paz alto. 0 da Luísa também é bonito. 0 Abel é um ra az baixo.


Nota que :


lindo e bonito são duas palavras de sig- alto e baixo são duas palavras de signi nificacão semelhante : ficação oposta : são si#nónimos são antónimos

ou palavras sinónimas. ou palavras antónimas.





#! L


Escreve três frases..

substituindo as palavras destacadas substituindo as palavras destacada por sinónimos : por antónimos : A Ana vai colher flores. 0 Luís é forte.



A Luísa vai auxiliá-la.

0 Abel é gordo.



As meninas estão alegres.



82

Estes rapazes são amigos.






n #.á, r






r


` Exercícios de aplicação



1. Completa as frases com sinónimos das palavras escritas em itálico :

a) 0 Luís habita numa casa nova.


b) Hoje o Luís despertou às sete horas.



2. Lê : Terminaram as aulas e Luís Terminaram-
regressou a casa. regressou -
Ele realizou bem os seus realizou -
trabalhos. Por isso está feliz. feliz-


3

Completa e fixa :
Palavras sinónimas são as que têm significado



4. Completa as frases c) e d) com antónimos vras destacadas em a) e b/:

al Este estojo está aberto.
b) Ele é grande e caro.

c) Este estojo está
d) Ele é e


5. 0 antónimo de :

- a ten to é

- ordem e

- agradável é

- possivel e


6. Completa e fixa :
Palavras antónimas são as que

das pala0 antónimo de :

- própriá é

- fácil é

- sacide é

- subir é





83

0 usó do dicionário
1. Responde:-
- a letra D vem depois da letra;
- a letra G vem depois da letra;
- a letra L vem depois da letra;
- a letra 0 vem depois da letra;
- a letra R vem antes da letra;
- a letra U vem antes da letra;

- a letra X vem antes da letra.
ì
2. Ordena por ordem alfabética as palavras:






'; ; ,..











y.,.



i

cozinha sala
quarto pátio jardim

garagem


1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6





,


3. Escreve por ordem alfabética as palavras : _folha feijão flor




fPii#n

[???????1]


dia data dórmir domingo






#t

" prosa p

rova problema pronome






f z : u #'@'"

II I


#1 ##S#

z z








n

r ,:i ; : ..

~#... : r# :::;,:.@:


barco

rio

nascente margem afluente foz



Exercícios de aplicação



Observa estas duas colc#nas de palavras, tiradas dum dicionário, com os respectivos significados :


Arca - s.f. Caixa que serve para guardar roupas; cofre para guardar dinheiro.
Arco-íris- s.m. Curva de sete cores que aparece no céu no fim de uma chuvada; arco-da-velha.
Ardente- adj. Que arde; que parece queimar.
Are-s.m. Unidade de medida agrária.

Área - s.f. Espaço compreendido entre os lados duma figura geométrica; superfície.
Aroma - s.m. Cheiro agradável; perfume; odor.
Aromático - adj. Que tem aroma. Aromatizar - v. Perfumar.
Arpão - s.m. Pau longo com um gancho na ponta.
Arpoar - v. Lançar o arpão.



1. Completa :

A palavra que vem antes de arco-íris é

A palavra que vem antes de aromatizar é

Depois de ardente vem

Depois de arpão vem

À frente de cada palavra há uma abreviatura :

s.m.---# substantivo masculino; s.f.-#substantivo feminino; adj. -# adjectivo ; v. # veráo. . .


2. Transcreve, daquelas duas colunas de palavras, todos os...


NOMES (substantivos) ADJECTIVOS VERBQS masculinos femininos





85


Familias de pala vras





Observa a gravura e lê a frase :

0 Luís e o pai vão à pesca, de barco.

Nota que :

da palavra pesca da palavra barco podemos formar: podemos formar:
pescar barqueiro pescado embarcar pescador. . . embarcação. . .





# i#

Tvdas estas palavras aãa da mesma famit#a. .



Família de palavras é um conjunto de palavras que têm a mesma origem.

Todas elas formam uma familia de palavras.





1. Escreve palavras da mesma familia de : mar terra livro papel

86





r # #z9R#
#k#"!# y x# S

!#
Ì#


9 # # .





5,:,i:'s#


Palav#as primitivas, compostas e derivadas

( Extraprograma )

Observa :



Gira + so) Girassol
PALAVRA COMPOSTA por AGLUTINAÇÃO

SOL

PALAVRA PRIMITIVA
(Não se formou a partir de outra)

G#c ###.




Guarda-sol
PALAVRA COMPOSTA por JUSTAPOSIÇÃO


Sufixo Ferr- + -eiro







Ferreiro
PALAVRA DERIVADA por SUFIXAÇÃO

Prefixo

in- + completo incompleto
PALAVRA DERIVADA por PREFIXAÇÃO


1. Completa :
a/ feliz é uma palavra primitiva.
b) infeliz é uma palavra derivada por c) felizmente é uma palavra derivada por

d.) pern(a) + alta : e) águ(a) + ardente : f) couve + flor:

g) saca + rolhas:


2. Completa com palavras da mesma família de:


+ ir + ir#ha flor
# + eira + ista

é composta por é composta por é composta por é composta por




+ ar : + aca : vidr(o)
+ aria : + eiro :

87


9


Os vei


Observa : tema canto 0 radical do verbo cantar c ár
cantei mantém-se em todas as formas. # radical#vogal temática cantarei Cantar é um verbo regular.


,EMPos TER SERESTAR HAVER
tenho sou estouhei
tens és estáshás
c tem é estáhá
temos somos estamoshavemos
L
tendes sois estaishaveis
têm são estãohão
tinha era estavahavia
ó
tinhas eras estavashavias
tinha era estavahavia
'L
a
tínhamos éramos estávamoshavíamos
tínheis éreis estáveishavíeis
tinham eram estavamhaviam
_ tive fui estivehouve
0 0
tiveste foste estivestehouveste
teve foi estevehouve
tivemos fomos estivemoshouvemos
L
tivestes fostes estivesteshouvestes
tiveram foram estiveramhouveram
terei serei estareihaverei

terás serás estaráshaverás
terá será estaráhaverá
teremos seremos estaremoshaveremos
tereis sereis estareishavereis
terão serão estarãohaverão






,





e..


".#,s





x., ..


ulares


Observa : tema ouço #-Aqui o radical do verbo ouvir oúvir ouvi sofreu alteração.
radical##vogal temática ouvirei Ouvir é um. verbo irregular.


zE###Nns TER SER ESTARHAVER
tenha seja esteja haja
tenhas sejas estejas hajas
c tenha seja esteja
haja
tenhamos sejamos estejamos hajamos
sejais stejais j
tenhais e ha ais
tenham sejam estejam hajam
0

tivesse fosse estivesse houvesse
tivesses fosses estivesses houvesses
tivesse fosse estivesse houvesse
Z
tivéssemos fôssemos estivéssemoshouvéssemos
tivésseis fôsseis estivésseis houvésseis
-# tivessem fossem estivessem houvessem
Z
0
U
0
0
tiver for estiver houver
tiveres fores estiveres houveres
tiver for estiver houver
tivermos formos estivermos houvermos
tiverdes fordes estiverdes houverdes
tiverem forem estiverem huverem
89






'z; :. .


Outros verbos irregulares


MODO INDICATIVO
Presente Pretérito Pretérito Futuro
imperfeito perfeito
dou dava dei darei
dás davas deste darás
dá dava deu dará
Q damos dávamos demos daremos
dais dáveis destes dareis
dão davam deram darão

caibo cabia coube caberei
cabes cabias coubeste caberás
w cabe cabia coube caberá
Q
cabemos cabíamos coubemos caberemos
U cabeis cabíeis coubestes cabereis
cabem cabiam couberam caberão
creio cria cri crerei
crês crias creste crerás
w
crê cria creu crerá
cremos críarnos cremos creremos
U
credes críeis crestes crereis
crêerr1 criam creram crerão
digo dizia disse direi
dizes dizia s disseste dirás
w diz dizia disse dirá
dizemos dizíamos dissemos diremos
# dizeis dizíeis dissestes direis
Ì: dizem diziam disseramdirão
faco fazia fiz farei
fazes fazias fizeste farás
w faz fazia fez fará
Q
fazemos fazíamos fizemos # faremos
" w fazeis fazíeis fizestesfareis
fazem faziam fizeram farão
' leio lia li lerei
lês lias leste lerás
o# lê lia leulerá
lemos líamos lemos leremos
ledes líeis lestes lereis

lêem liam leram lerão


90






7#
bt


I ##9 i# t 7 f

MODO INDIGATIVO
Presente Pretérito PretéritoFuturo
imperfeito perfeito
perco perdia perdi perderei
w
perdes perdias perdeste perderás
Q perde perdia perdeu perderá
w
perdemos perdíamos perdemos perderemos
perdeis perdíeis perdestes perdereis
perdem perdiam perderam perderão
posso podia pude poderei
podes podias pudeste poderás
pode podia pôde poderá
podemos podíamos pudemos poderemos
podeis pod(eis pudestes podereis
podem podiam puderam poderão
quero queria quis quererei
w
queres querias quiseste quererás
quer queria quis quererá
queremos queríamos quisemos quereremos

q
uereis queríeis quisestes querereis
querem queriam quiseram quererão
sei sabia soube saberei
sabes sabias soubeste saberás
sabe sabia soube saberá
Q
sabemos sabíamos soubemos saberemos
sabeis sabíeis soubestes sabereis
sabem sabiam souberam saberão
trago trazia trouxe trarei
trazes trazias trouxeste trarás
Ñ
traz trazia trouxe trará
Q trazemos trazíamos trouxemostraremos
trazeis trazíeis trouxestes trareis
trazem traziam trouxeram trarão
valho valia vali valerei
vales valias valeste valerás
vale valia valeu valerá
Q
valemos valíamos valemos valeremos
valeis valíeis valestes valereis
valem valiam valeram valerão
91

MODO INDICATIVO
Presente Pretérito PretéritoFuturo
imperfeito perfeito
vejo via vi verei
vês vias viste verás
vê via viu verá
vemos víamos vimos veremos

vedes víeis vistes vereis
vêem viam viram verão
durmo dormia dormi dormirei
_ dormes dormias dormiste dormirás
dorme dormia dormiu dormirá
dormimos dormíamos dormimosdormiremos
0
dormis dormíeis dormistes dormireis
dormem dormiam dormiram dormirão
firo feria feri ferirei
feres ferias feriste ferirás
fere feria feriu ferirá
w ferimos feríamos ferimos feriremos
feris feríeis feristes ferireis
ferem feriam feriram ferirão
fujo fugia fugi fugirei
foges fugias fugiste fugirás
foge fugia fugiu fugirá
fugimos fugíamos fugimos fugiremos
fugis fugíeis fugistes fugireis
fogem fugiam fugiram fugirão
vou ia fui irei
vais ias foste irás
vai ia foi irá
vamos íamos fomos iremos
ides íeis fostes ' ireis
vão iam foram irão
ouco ouvia ouvi ouvirei
ouves ouvias ouviste ouvirás
)
ouve ouvia ouviu ouvirá
ouvimos ouvíamos ouvimos ouviremos

ouvis ouvíeis ouvistes ouvireis
ouvem ouviam ouvìram ouvirão


92

MODO INDICATIVO
Presente Pretérito PretéritoFuturo
imperfeito perfeito
peço pedia pedipedirei
pedes pedias pedistepedirás
pede pedia pediupedirá
w pedimos pedíamos pedimospediremos
pedis pedíeis pedistespedireis
pedem pediam pedirampedirão
rio ria ririrei
ris rias risterirás
ri ria riurirá
õC rimos ríamos rimosriremos
rides ríeis ristesrireis
riem riam riramrirão
sinto sentia sentisentirei
o_c sentes sentias sentistesentirás
sente sentia sentiusentirá
w
sentimos sentíamos sentimossentiremos
sentis sentíeis sentistessentireis
sentem sentiam sentiramsentirão

sirvo servia serviservirei
oc serves servias servisteservirás
j serve servia serviuservirá
w
servimos servíamos servimosserviremos
servis servíeis servistesservireis
servem serviam serviramservirão
subo subia subisubirei
sobes subias subistesubirás
sobe subia subiusubirá
subimos subíamos subimossubiremos
subis subíeis subistessubireis -
sobem subiam subiramsubirão
venho vinha vimvirei
vens vinhas viestevirás
_ vem vinha veiovirá
vimos vínhamos viemosviremos
vindes vínheis viestesvireis
vêm vinham vieramvirão
93


REL EMBRA NDO.



Nas páginas desta GRAMÁTICA estudámos:

CLASSES DE
PALAVRAS:

Nomes própriosLu#s, Ana, Porto, Douro...
( pág.281
comunsmenino, cidade, rio...
colectivosturma, cardume, pomar...
Determinantes artigos definidoso, a,0s, as
(pág.38)
artigos indefinidosum, uma, uns, umas
Pronomes pessoaiseu, me, mim, comigo
(págs.46 a 53) tu, te, ti, cont'1c#o
ele, ela,0, a, Ihe...
possessivosmeu, minha, meus, minhas
teu, tua, teus, tuas
seu, sua, seus, suas...
demonstrativoseste, esta, estes, estas
esse, essa, esses, essas
aquele, aquela, aqueles, aquelas...
relativosqual, quais
cujo, cuja, cujos, cujas
quanto, quanta, quantos, quantas
que, quem..
Verbos Ver páginas 2Õ e 21; 54 a 65; 90 a 93
Car##urt# coordenatrvas cogul#ae, nem
( págs 7,# e# 'T31ttvas
Ct,#Ord#t1###Uc S adVersar1'ìa5,#JO#'#'1'#'#,'#1#!###,# #DntudO
t#vas
cc#ordenat#vas conclu.1ogo, pa##, p#rt# # #or conse#
Sl VaS#U mte
#.::..
SI.t#C1rdinattVç S CâU'#tSp0rC#Ue, V#Stß t##ß,##
subnrd#r#ati#ras ter#pt#c#uando, enquart'## r#P'##a que,
r###dopo1a que
94

OBRAS DO AUTOR :


@ Gosto dos Números -1 # ano de escolaridade @ Gosto dos Números - 2# ano de escolaridade @ Gosto dos Números - 3# ano de escolaridade @ Gosto dos Números - 4# ano de escolaridade @ Gosto das Letras - 2# ano de escolaridade @ Bem falar, bem escrever - Gramática
@ Quero merecer as férias - 3# ano de escolaridade
6
GRAMÁTICA: UMA PERSPECTIVA
SOCIOCOGNITIVA

Valeria C Coelho Chiavegatto

O ponto de vista cria o objeto Saussure, 1910.
A perspectiva de estudos sobre a linguagem que apresenta-
mos vem sendo desenvolvida no âmbito da Lingüística Cognitiva
por pesquisadores que trabalham com o pressuposto de que a lin-
guagem humana não é um fenômeno desvinculado dos demais pro-
cessos cognitivos.' Segundo Margarida Salomão (1999, p. 12), seria
mais apropriado denominarmos tal abordagem da Gramática de
sociocognitiva, pois as ratões para as construções lingüísticas se
apresentarem como são e funcionarem como funcionam podem ser
encontradas na cognição e na interação social.
Vistas sob esse prisma, as línguas naturais não são
tratadas como estruturas rígidas, mas flexíveis, que se amoldara
continuamente às necessidades localizadas de representação de
pensamentos
e de interação entre os membros das comunidades socioculturais
que delas se utilizam para comunicação. Tendo aspectos de suas
construções e funcionamento motivados por processos cognitivos
e sociointeracionais, integram-se à descrição lingüística aspectos:
( 1) dei processamento cognitivo para apreensão de experiên-cias
físicas psíquicas, sociais c culturais vivenciadas e compartilha das
entre os membros que constituem as diferentes comunidades;
Entre t ários ti abalhos desenv olvidos nessa perspectiva mo s os de F
illm ore (1986) Talmy (1986), Johnson (1980), Langacher ( (1991), Reddy (1993 apud
Lakott
1, '`7 r), Ortony (1913), c' 1a11, (1991), Lakoff (1981), 1987,
1993), Fauconnier (1
'+'+1,
1 +!77 l. ! urnner Sweetser (1990, Paivio e
Walsh Svorou (I'+'?;I , .
no Brasil, os trabalhos desenvolvidos pelo grupo de Gramática
Cogniç ão (1'1'11
I 'F RJ UERJ /UGF)
no qual, sol) a coordenaç o geral da Dr.ª Mar Salom ão,
participam corno pesquisadoras integradas Prol'. F )r.' Maria Lúcia Leitão de Almeida
(UI RJ), Prof. Dr.ª IÁlian Vieira Ferrari (UF RI), Prof.ª Dr.ª Neuza Salim Miranda
(UFJF), Profª. Dr.' Valeria Coelho Chiavegatto (L!{ RJ), além de
de iniciação cientifica nas diferentes universidades, d—de 19').1.


G ramátic a urna perspec 111a soc ioc ognitiva
2) das estratégias pragmáticas
cri pregadas po ir seus usuá-rios nas
variadas situações comunicativas das quais partis ipam.
O pressuposto básico que identifica a perspectiva de
análise da linguagem nesta abordagem é que, embora a constituição
biológica dos humanos os predisponha a adquirir uma forma de
língua (uma gramática de uma língua natural), tal faculdade só se
desenvolve se, desde a mais tenra infância, os indivíduos forem
expostos a seu uso pela comunidade à qual se integram.
Questionando a perspectiva teórica que apregoa a existên-
cia de um módulo lingüístico autônomo, totalmente independente
cios demais processos cognitivos - tal qual defendem Chomsky e
seus seguidores -, os estudiosos que trabalham nessa perspectiva
enfatizam que as construções que caracterizam as línguas naturais
são dinâmicas, capazes de se ajustarem às diferentes situações co-
municativas em que se atualizam. Assim, suas estruturas são
maleáveis de modo a se amoldarem às necessidades de seu uso,
integrando aspectos cognitivos e pragmáticos adquiridos a partir
das experiências vivenciadas pelos indivíduos nas interações em
suas comunidades.
L: inegável que os homens não desenvolvem sua capacidade
lingüística - aparato geneticamente transmitido para a aquisição e
desenvolvimento da linguagem - se não forem expostos à experiên-
cia comunicativa. Muitos pesquisadores contemporâneos retomam
a investigação sobre o papel das experiências na constituição da
Gramática, idéia que já permeava as discussões sobre as relações
entre línguas e culturas no texto pioneiro de Sapir (1921), A lingua-
gem, que constituiu o fundamento da Hipótese Sapir-Worf (Worf,
1956)` ou Teoria da Relatividade Lingüística (Lyons, 1981, p. 278).
Atualmente, tal teoria tem sido rediscutida pelos cognitivistas à luz
do progresso do conhecimento científico acerca das relações entre
cognição e linguagem.
Worf, B. L. -Language, Thought and Reality". In: CARROL, ). 13.
(org.). Cambridge/Nova Iorque: Mass MIT Press/Wiley, 1956.


Esse re pensar sobre as relações entre experiências
C .r co ,r,,
tituição ela:; línguas naturais não c revisitado ao acaso muitas têm sido as
evidências encontradas em diferentes línguas do mundo, coletadas ern
contextos reais de comunicação, elo que "processos cognitivos,
estratégias pragmáticas e estruturação gramatical se intercruzam na
construção dos enunciados lingüísticos em relação às interações
sociocomunicativas em que se atualizam".3
Corno fenômeno ao mesmo tempo cognitivo e sociocultural, a
Gramática compartilha da natureza dos processos mentais que per-
mitem aos humanos a apreensão de experiências e sua representação
em um sistema de signos. Como conseqüência dessa propriedade
(semioticamente integradora) da Gramática das línguas naturais, as
construções lingüísticas são manifestações mais ou menos evidentes
cios processos que as precedem na mente. 1: sobre as relações entre
cognição e construção dos sentidos gire trataremos neste capítulo.
Se, como alertamos ao iniciarmos este capítulo, "o ponto de
vista cria o objeto", necessário se faz, para o entendimento ele
iniciantes nessa abordagem, apresentarmos como os vários conceitos
que se integram à descrição das correlações entre cognição e
linguagem estão correlacionados aos diferentes aspectos das cons-
truções lingüísticas.
Interpretando pistas sobre a motivação
sociocognitiva da Gramática
Manifestações mais ou menos evidentes das correlações cure
se efetivam entre processos mentais e ;i codificação das construções
lingüísticas são observáveis por pistas que se apresentam (e podem ser
rastreadas) na superfície dos enunciados lingüísticos: são os conceptual
pegs na denominação de Paivio e WaIsh (1993). Tais pis-tas são formas
ou construções lingüísticas que nos permitem
perco-o ntre outros ti abalhos publicados na década de 1990, sugerimos a leitura de Swe etse r
990), From Etymology to Pragmatic : A Me taphoriac al and Cutural , Aspects of Semantic
Struc tu %: e d" Gumperz e Levinson (1996), Rethinking Linguístic Relativity.


1J4 Gramática uma
nitiva
" ber a atuação de aspectos da apreensão de experiências nas interações
reais e de processos cognitivos na constituição das formas das
línguas naturais. Vejamos um exemplo sobre a polissemia do verbo
dar:4
1.a) "O menino deu a bola a seu amigo". Neste caso, o verbo
dar tem, como sentido básico, a noção de transferência de posse (de
um objeto) de um. sujeito para outro;
Já em construções como
1.b) "A janela dá para o mar", o verbo dar é empregado no
sentido de "estar voltado para", uso em que a noção de transferência
de posse se rarefaz.
Já em enunciados do tipo
1.c) "A CPI do Judiciário não deu em nada ou (...] vai dar,
como de costume, em pizza", o que se observa é o desaparecimento da
idéia de transferência de posse para uma vaga idéia de "resultado".
Temos de admitir que o entendimento de construções como
1.6 e 1.c exige muito mais dos falantes da língua que o conhecimento
do significado básico do verbo dar ou, no nível gramatical, da
natureza da transitividade desse verbo. Tais construções são pistas
que nos informam que:
1) as palavras da língua não são portadoras de significados,
alas instrumentos de construção de sentidos, guias lingüísticos para
t> processamento de significados na mente de seus usuários;
2) processos cognitivos poderosos mapeiam o deslizamento
de significados mais básicos (e mais concretos) em itens lexicais
como o do verbo dar, para que possam expressar, nas correlações que
estabelecem com o contexto em que ocorrem, idéias como a de "estar
voltado para" (1.b) ou que "uma comissão de investigação possa ter,
como resultado de seus trabalhos, uma pizza" (1.c);





4 Estudo sobre a polissemia do verbo dar foi desenvolvido por Margarida Salomão, em
sua tese de doutoramento, em Berkeley, sob a perspectiva aqui apresentada. Embora
inédita, pode ser encontrada na Faculdade de Letras da UFJF.


Valeria Coelho G hiavegatto 1J5 Y
3) inegavelmente, há algo da experiência sociocultura dos
falantes da língua que se incorpora à estruturação das formas da
língua, de modo a permitir que os usuários do português do Brasa
possam distinguir um significado do outro e, o que é mais instigante
ainda, processem como uma sentença normal uma construção em
que uma CPI do Judiciário "possa dar" - resultar - em pizza.
Esta amoldabilidade da língua às necessidades de uso faz
com que qualquer teoria que trabalhe com a semântica de condições
de verdade ou que considere as estruturas lingüísticas impermeáveis
à interferência das experiências compartilhadas pelos membros do
grupo social esteja fadada a falhar, pois sempre nos deparamos com
inúmeras construções polissêmicas.
Sem a incorporação dos conhecimentos advindos das
experiências socioculturais compartilhadas pelos indivíduos e,
portanto, disponíveis para se integrarem ao significado das formas
lingüísticas, as formas da língua parecem seres desencarnados,
distantes dos enunciados que são efetivamente empregados em
contextos naturais de uso. Seria sempre "agramatical e, portanto,
inaceitável"5 uma sentença como "A CPI vai dar em pizza" se as
estruturas das línguas não fossem permeadas por informações
pragmáticas. Como informações pragmáticas se incorporam ao
processo de interpretação da sentença, os falantes do português do
Brasa não têm o menor problema para processarem a compreensão
de construções dessa natureza.
A maioria das construções e111 uso l1,1; línguas exige que
estabeleçamos correlações e processemos inferências muito '11e111 do
que 1"; itens lingüísticos isoladamente significam. Isto no; permite
constatar que a sintaxe (ou Gramática) das línguas naturais não c 11111
componente autônomo como reivindicam os gerativistas Co';, 111;1s
ú semanticalmente dependente e cognitivamente motivada Esta
constatação efetuada pela Lingüística Cognitiva representa uma
travessia crucial lia maneira corno, tradicionalmente, a Gramática
Sugerimos a atualização da leitura dos conceito; de gramaticalidade e agramaticalidad '
em 1 obato, 1986.


*|*




---------------------
Edgar Madruga
Salvador/BA





---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Mário Galvão

Obra muito antiga, dificilmente escaneada, infelizmente!
Por ora vai, e penso que talvez possa ser útil a muita gente, o que aqui
tenho.tor

-----Mensagem original-----
De: "Waldir"
olá pessoal boa noite!
estou a procura de um livro de gramática da lingua portuguêsa, o qual não se encontra em lugar nenhum.
e é o melhor livro de gramática que se tem notícia.
o nome do livro é: gramática metódica da lingua portuguêsa por Napoleão mendes de Almeida. se alguem souber onde posso baixá-lo por favor me digam.
obrigado.

--
Os moderadores não atendem pedidos em PVT.
 
Para entrar em contato com a moderação envie email para:
moderacao-CantinhoDaLeitura@googlegroups.com
 
Para postar neste grupo, envie um e-mail para
CantinhoDaLeitura@googlegroups.com
 
Para ver mais opções, visite este grupo em
http://groups.google.com.br/group/CantinhoDaLeitura
---
Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "CantinhoDaLeitura" dos Grupos do Google.
Para cancelar a inscrição neste grupo e parar de receber seus e-mails, envie um e-mail para cantinhodaleitura+unsubscribe@googlegroups.com.
Para obter mais opções, acesse https://groups.google.com/groups/opt_out.
 
 

No Response to " livro de gramática da lingua portuguêsa:"

Postar um comentário

Photo Gallery