Cardeal de La Rochelle-Saintes reza missa em comemoração da Assunção de Maria, na cidade de Lourdes PASCAL PAVANI / AFP

PARIS - A França comemora hoje o dia da Assunção de Maria, e os católicos convocaram seus fiéis a rezarem pela família tradicional e pelas crianças. Uma mensagem clara da Igreja ao governo socialista de François Hollande: ela não aceita a proposta do Palácio do Eliseu para autorizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e permitir a adoção de crianças por casais gays - propostas que devem ser votadas no ano que vem.

As missas devem evocar o amor de Adão e Eva e a Virgem Maria para que as crianças "deixem de ser objetos de desejos e conflitos entre adultos e possam se beneficiar plenamente do amor de um pai e uma mãe", segundo o texto lido por muitas igrejas nesta quarta-feira. Segundo o jornal "Le Monde", no entanto, algumas paróquias teriam decidido escolher um evangelho diferente para a leitura desta quarta-feira, a fim de evitar a polêmica com a comunidade gay, como aconteceu com uma igreja do bairro do Marais, em Paris.

A posição católica lançou luz sobre o debate em torno do casamento gay, algo raro na França - um país laico em que a Igreja Católica raramente tem voz sobre assuntos políticos. De acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto IFOP entre os dias 9 e 13 de agosto, 65% dos franceses são a favor da união entre pessoas do mesmo sexo, e 53% concordam com a adoção de crianças por casais homossexuais. Entre os católicos praticantes, a proporção é de 45% e 36%, respectivamente.

O assunto também divide a direita do país. Enquanto todos os partidos de esquerda são a favor da união homossexual, os conservadores não têm uma opinião homogênea. O Partido Radical - o mais antigo do país - é totalmente a favor da reforma, mas o Novo Centro é em grande maioria contrário, assim como a UMP, legenda do ex-presidente Nicolas Sarkozy.

Mas a controversa oração não é a única iniciativa contra os planos de Hollande. No último mês de maio, o Instituto Civitas, formado por católicos tradicionais, convocou uma manifestação contra as "propostas blasfemas" do presidente.